Projeto de Marketing TV Gazeta-ES | 2015 Economia Capixaba | Nº 01 O que é preciso - e possível - fazer para tornar o Espírito Santo mais competitivo? wEducação wTecnologia e Inovação wQualidade das Instituições / Governança wInfraestrutura e Logística wFinanciamento e Investimento Sumário Qualidade das Instituições/Governança 24 Melhorar as instituições para ser mais competitivo Editorial 05 Para um novo tempo, uma nova agenda Depoimentos 06 Participantes dos workshops avaliam o projeto ES Competitivo Artigo - Ouvindo empresários de outros 27 Estados e estrangeiros - Odilon Borges Júnior, Consultor Empresarial Artigo - Em busca da competitividade 31 perdida - Ana Paula Vescovi, Secretária Artigo - O tempo da competitividade de Estado da Fazenda 07 Paulo Hartung, Governador 10 12 Infraestrutura e Logística 32 Infraestrutura e logística são ES Competitivo desafios cruciais Cachoeiro de Itapemirim O começo de tudo ES Competitivo Colatina Como tornar o Espírito Santo mais competitivo? Educação 16 A educação que precisamos para a sociedade que queremos Entrevista - As escolas públicas 19 estão estagnadas - Aridelmo Teixeira, Cofundador da FUCAPE Artigo - Vencendo os gargalos da logística 35 Luiz Wagner Chieppe, Presidente do Espírito Santo em Ação Integração competitiva - José 37 Eduardo Faria de Azevedo, Secretário de Estado de Desenvolvimento Artigo - 08 14 ES Competitivo Linhares Tecnologia e Inovação 20 Um novo paradigma para o A Integração Competitiva e o Custo Espírito Santo em debate desenvolvimento 23 Artigo - Inovação efervescente Evandro Millet, Consultor Expediente 28 O Projeto Financiamento e Investimento Por um Espírito Santo mais competitivo Projeto de Marketing TV Gazeta-ES | Atrair capital privado pode ser um caminho 2015 | Nº 01 Diretor Geral: Carlos Lindenberg Neto • Diretora Desenvolvimento Institucional: Letícia Lindenberg Diretor Executivo de Televisão: Celso André Guerra Pinto • Diretor Regional Norte e Noroeste: Carlos Eduardo Pena Diretora Regional Sul: Maria Helena Vargas de Azevedo • Diretor Corporativo de Jornalismo: Abdo Chequer Bou-Habib Diretor de Mercado: Márcio Chagas do Nascimento • Gerente Comercial TV Gazeta: Felipe Huback Fernandes • Gerente de Marketing: Bruno Araújo Pereira • Analista de Comunicação: Deisy Pimentel Nespoli • Assistente de Marketing: Rafael dos Santos Pereira • Jornalistas Mediadores: Mário Augusto da Silva Bonella e Vinicius Baptista dos Anjos • Gerente de Relações Institucionais: Luciane Ventura • Editor Chefe Telejornalismo G1/GE: André Luiz de Faria Junqueira Editor Chefe Redação Integrada: André Hees de Carvalho • Editora Executivo: Fernanda de Queiroz Castro Mocelin Jornalista responsável: José Carlos Corrêa Textos, edição e revisão: Mile4 Assessoria de Comunicação - 3205-1004 Editoração e projeto gráfico: Comunicação Impressa - 3319-9062 4 Carlos Fernando Lindenberg Neto Diretor-Geral da Rede Gazeta Editorial Para um novo tempo, uma nova agenda O desenvolvimento, na década de 1960, diante do cenário de terra arrasada pós-erradicação dos cafezais. Foram muitos os projetos e campanhas abraçados pela Rede Gazeta desde então, entre os quais o “Escalada de Desenvolvimento” (1970), o “Espírito Santo Século 21” (1986) e o “Espírito Santo na Constituinte” (1988), só para citar os mais relevantes. Ao mesmo tempo, a Rede Gazeta sempre se manteve fiel ao seu propósito de bem informar o povo capixaba sobre todos os acontecimentos de seu interesse, mantendo uma linha editorial isenta e independente, tal como ocorreu no final do século XX e primeiros anos do século XXI na luta empreendida pela sociedade contra o crime organizado que desestabilizava os rumos do Estado. No atual cenário de crise econômica que faz o país retroceder, a Rede Gazeta assume Foto: Foto Sagrilo Espírito Santo já viveu muitos períodos de desenvolvimento e de crises. Desses, os que ocorreram nas últimas oito décadas contaram com o protagonismo da Rede Gazeta. De 1928, quando foi fundado, até 1976, quando passou a contar com a companhia da TV Gazeta, o jornal A GAZETA sempre esteve na primeira fila dos defensores dos interesses do Estado, seja nos ventos liberais da política de 1930, seja na busca por novos rumos de uma vez mais o seu protagonismo histórico para lançar o desafio de fortalecer a agenda de desenvolvimento da força competitiva do Espírito Santo. A intenção é unir as inteligências vivas do Estado na criação de propostas que, viabilizadas, poderão fazer o Espírito Santo sair na frente no fortalecimento do parque produtivo e na conquista de investimentos capazes de abrir novas oportunidades de trabalho, renda e ascensão social para os capixabas. Este é o propósito da TV Gazeta que lidera, junto com os demais veículos da Rede Gazeta, o projeto “ES Competitivo” que materializa, neste documento, as suas principais propostas. É a Rede Gazeta, uma vez mais, procurando cumprir com o seu papel de porta-voz dos anseios dos capixabas, tal como proclamou o seu fundador Thiers Vellozo em um dia da primavera de 1928. s “A intenção é unir as inteligências vivas do Estado na criação de propostas que, viabilizadas, poderão fazer o Espírito Santo sair na frente, no fortalecimento do parque produtivo e na conquista de investimentos capazes de abrir novas oportunidades de trabalho, renda e ascensão social para os capixabas”. 5 Depoimentos Participantes dos workshops avaliam o projeto ES Competitivo A Revista ES Competitivo ouviu lideranças das regiões onde promoveu os workshops para saber suas opiniões sobre a realização dos debates e expectativas em relação às estratégias e obstáculos apresentados pelos especialistas para o aumento da competitividade do Estado. Alair Giuriato Presidente da Associação para o Desenvolvimento de Linhares (ADEL) A iniciativa é de extrema importância, pois apresenta os gargalos existentes nas regiões para a sociedade. Quando esse assunto entra em pauta e é discutido entre sociedade e órgãos governamentais, aumentam as chances de resolver essas questões. Geraldo Magela Presidente da Federação das CDLs do Espírito Santo Os palestrantes foram bem selecionados e as abordagens pertinentes. Agora, devemos aprofundar os assuntos e buscar soluções para os gargalos que nos colocam numa velocidade lenta de desenvolvimento, quando temos necessidade de ir mais rápido. José Bessa Presidente do Movimento Empresarial Sul do Espírito Santo (MESSES) O projeto tem a importância de fomentar a estrutura logística para o desenvolvimento 6 sustentável da região Sul do Estado. Além disso, sensibiliza o empresariado local para a participação no associativismo e desperta o espírito público de todo cidadão. Liemar Pretti Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas & Logística no Estado do Espírito Santo (Transcares) O ES Competitivo foi de suma importância, principalmente, para mostrar ao empresariado a força do Espírito Santo. O evento mostrou para formadores de opinião, investidores e outros, que o Estado tem potencial para sair à frente na virada da economia, rumo ao crescimento. Luiz Rigoni Presidente da Móveis Rimo Toda iniciativa que busca o desenvolvimento é muito importante. O debate foi essencial para pensarmos, junto ao Governo, em projetos e ações de melhorias para o desenvolvimento das regiões. Nossa expectativa é termos mais acertos e resultados satisfatórios. Paulo J. do Nascimento Diretor para assuntos de desenvolvimento da indústria capixaba (Findes) Os debates foram fundamentais. Toda vez que entramos num cenário de busca por soluções, a região impactada tende a melhorar. É importante apoiar alternativas que vislumbrem um futuro mais positivo. O ES Competitivo veio para clarear ideias e buscar soluções para o Estado. Ricardo Coelho Secretário de Desenvolvimento de Cachoeiro de Itapemirim O ES Competitivo tem uma grande importância em suscitar as potencialidades da região e socializar a informação, fazendo com que isso gere oportunidades para a sociedade. Ricardo Marim Presidente da Associação Empresarial de Colatina e Região (ASSEDIC) O ES Competitivo tem expressiva relevância para nossa região e pode contar com nosso apoio, pois provoca uma discussão do empresário e da sociedade, e traz propostas que visam desenvolver os debates e promover mudanças de comportamento em todos. Paulo Hartung Governador Artigo O tempo da competitividade Hoje não se compete com o município ao lado, o Estado vizinho, ou o país fronteiriço. Todos competem com todos, fazendo dos diferenciais de produção com menos custos, mais qualidade, incremento tecnológico, customização às demandas de clientes e agilidade, entre outros, algo decisivo para o vigor empresarial e a prosperidade das nações. Em resumo, a competitividade é a capacidade que as organizações constituem para, no seu nicho, ter mais êxito que as concorrentes e ainda construir meios para aumentar rentabilidades que garantam investimen- tos constantes em inovação. Para garantir a competitividade, há o que ser feito tanto no âmbito governamental quanto no âmbito empresarial. Ou seja, a competitividade deve fazer parte da cultura das nações. Do ponto de vista dos governos, são centrais os investimentos em educação atualizada e eficaz, ciência e tecnologia. Além disso, são importantes a estabilidade e confiabilidade político-institucional, e marcos legais modernos e simplificados quanto à formalização e condução dos empreendimentos, incluindo relações trabalhistas, previdenciárias e tributárias. Quanto ao empresariado, é preciso que se invista em métodos modernos de gestão, capacitação e investimentos em qualificação de produção e atendimento às demandas mercadológicas. Tudo isso de modo ecologicamente sustentável e tecnologicamente atualizado. Mas há um ponto de encontro entre governo e setor privado em prol da nossa competitividade. Trata-se de parcerias público-privadas. E uma primeira agenda dessas parcerias são os nossos gravíssimos problemas de infraestrutura econômica (portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, energia, transmissão de dados e telecomunicações). Para enfrentar esse desafio, é urgente a instituição de um eficiente e transparente marco regulatório que permita a atração de capital privado para viabilizar as obras, algo que o poder público sozinho não tem condições de fazer no ritmo e na quantidade de que necessitamos. Enfim, nesse mundo-aldeia, porque globalmente integrado, temos de enfrentar eficazmente o desafio da competitividade. E isso não com o olhar de temor ou desânimo, mas com a crença em nossas potencialidade e nossas capacidades de nos reinventarmos, pois, se a competitividade é planetária, as oportunidades também o são. s “Para garantir a competitividade, há o que ser feito tanto no âmbito governamental quanto no âmbito empresarial. Ou seja, a competitividade deve fazer parte da cultura das nações”. 7 Foto: Renato Vicentini As tecnologias digitais de comunicação transformaram efetivamente a Terra numa “aldeia global”, como previu o filósofo Marshall McLuhan há mais de 50 anos. De alguma forma, as sociedades estão vinculadas a um mesmo movimento planetário de produção, colocando-se como um dos principais desafios desse novo tempo à competitividade em nível mundial. O Projeto Por um Espírito Santo mais competitivo Nem mesmo o gravíssimo quadro econômico e político nacional deve nos afastar do projeto de fazer deste Estado, suas empresas e seus cidadãos o melhor a que está destinado. S e deixada a pauta livre, são tantas e tão sobressaltantes as histórias que brotam diuturnamente da crônica policial, política e econômica que teríamos conteúdos fartos para publicação somente a partir desta lavra. Mas podemos e devemos impulsionar debates que elevem o Espírito Santo, Estado de colonização tardia, de uma economia dinâmica e dono de condições excepcionais para brilhar nos cenários nacional e internacional. Nem mesmo o gravíssimo quadro econômico e político nacional deve nos afastar do projeto de fazer deste Estado, suas empresas e seus cidadãos o melhor a que está destinado. E é com este espírito que acreditamos que trabalhar para o fortalecimento da agenda de competitividade pode, e muito, contribuir para abrir portas e perspectivas para todos, não só no curto mas principalmente no médio e longo prazo. Optamos por envolver as principais regiões do Estado em debates locais porque a lógica da interiorização do desenvolvimento já vem sendo foco de planos e ações de governo e seria também uma oportunidade importante para ouvir e absorver as contribuições 8 de lideranças de todo o Estado. Assim fizemos, trabalhando cinco eixos centrais de discussão: 1 A qualidade das instituições São as estruturas que organizam e determinam a qualidade do ambiente de negócios. Instituições fortes, ágeis e comprometidas com o melhor interesse da sociedade podem, e muito, contribuir para nossa competitividade. No sentido oposto, podem também fragilizar as relações econômicas e políticas. 2Infraestrutura e logística Temos claramente mapeado o que é necessário fazer. Mas a Celso Guerra Diretor-Executivo da TV Gazeta Conexo em alguma medida ao tópico anterior, porém muito mais amplo. Não há investimento sem financiamento e os cofres públicos, tradicionais fontes de investimento direto ou subsídio à iniciativa privada, dificilmente terão meios para seguir financiando o sistema. 4Educação É a base da construção do capital humano. Particularmente 5 Tecnologia e inovação A diferenciação, base da competição, se constrói a partir de P&D de materiais, produtos, métodos de trabalho e até mesmo novos modelos de negócios. Conectar as diversas pontas, principalmente academia, empresas e Estado na construção de uma agenda de alinhamento pode ser um grande passo para o futuro. Esperamos que o desdobramento destas discussões e sua disseminação contribuam de forma relevante para seu avanço. Para isto, a Rede Gazeta tem muito a somar e neste documento você poderá degustar o resultado dos seminários, entrevistas, opiniões e textos elaborados pelos colaboradores do projeto. s Foto: Chico Guedes 3 Financiamento dos investimentos necessários ao desenvolvimento do Estado: a formação técnica em todos os níveis para suportar as principais cadeias produtivas do Estado. Esta agenda está diretamente vinculada à capacidade das empresas melhorarem sua produtividade. Foto: Gabriel Lordêllo velocidade e dificuldades de articulação e financiamento para andamento dos projetos são grandes desafios ainda por vencer. 9 ES Competitivo Cachoeiro de Itapemirim O começo de tudo “P or que Cachoeiro? Cachoeiro de Itapemirim tem um significado especial para o Espírito Santo e também para a Rede Gazeta. Foi aqui que o Estado começou a se desenvolver e foi aqui que a Rede Gazeta iniciou a sua expansão para o interior do Espírito Santo. Nada melhor do que iniciar neste local um projeto que tem como objetivo contribuir para aumentar o grau de competitividade da nossa terra”. Com essa declaração o diretor da TV Gazeta, Celso Guerra, deu boas-vindas aos participantes do workshop de Cachoeiro de Itapemirim do Projeto ES Competitivo, no dia 9 de outubro, no auditório do Sest/Senat. O projeto, segundo Guerra, pretende, a partir das contribuições de especialistas, autoridades e lideranças empresariais e da sociedade civil organizada de todo o Estado, debater uma agenda que “torne o Espírito Santo um Estado ainda melhor para o cidadão capixaba viver”. O workshop contou com as presenças dos secretários estaduais Ana Paula Vescovi e José Eduardo Faria de Azevedo, do prefeito de Cachoeiro Carlos Castiglione, do presidente da Associação dos Municípios do 10 Espírito Santo, Dalton Perim, e de importantes lideranças da região. O jornalista Mário Bonella, que dirigiu os trabalhos, esclareceu que o Espírito Santo possui uma economia diversificada, um complexo portuário de grande dimensão, uma das ferrovias mais modernas do país e é cortado por importantes rodovias federais, além de ser o segundo maior produtor de petróleo e gás natural do país, e ter localização geográfica privilegiada próxima dos maiores centros consumidores. Contudo, este cenário não tem sido capaz de se transformar em vantagem competitiva para as empresas capixabas. “O setor produtivo local enfrenta obstáculos significativos que encarecem sua operação e colocam seus produtos em desvantagem com relação à concorrência”, afirmou. “O que é preciso – e possível – fazer para inverter esta equação e tornar o Espírito Santo mais competitivo?”, questionou ao explicar que este é o objetivo Fotos: Renato Vicentini O consultor empresarial Sérgio Costantini, o conselheiro do CNJ, Luiz Cláudio Allemand, e o presidente do Sindiex, Marcílio Machado, foram os palestrantes do evento. Marcílio Machado, presidente do Sindiex Luiz Cláudio Allemand, conselheiro do Conselho Nacional de Justiça Sérgio Costantini, consultor empresarial biente e das instituições de ensino do país. Por isso, vejo a pauta fantástica deste projeto como uma forma de melhorar o sentimento de descaminho, falta de condução e horizonte em que vivemos”, afirmou. A programação do evento teve, ainda, apresentações do consultor empresarial Sérgio Costantini, sobre alternativas de financiamento para novos investimentos; do conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, Luiz Cláudio Allemand, que tratou da qualidade das instituições; e do presidente do Sindiex (Sindicato do Comércio de Importação e Exportação do Espírito Santo), Marcílio Machado, sobre as ca- do projeto ES Competitivo. Representando o Governo do Estado no evento, a secretária da Fazenda, Ana Paula Vescovi, enfatizou que “é urgente estabelecer uma agenda como essa proposta pelo projeto”. “Estamos vivendo um dos cenários mais delicados, constrangedores, intensos e graves da economia, política, meio am- rências da infraestrutura logística do Estado. O consultor Sérgio Costantini considerou o momento atual como “ideal para a construção de alianças estratégicas” por parte das empresas. Luiz Cláudio Allemand defendeu “uma maior segurança jurídica” para incentivar novos investimentos. Marcílio Machado, por sua vez, sugeriu ações para reduzir a burocracia dos poderes públicos, dotar o Estado de melhor infraestrutura e modernizar a operação dos portos. Os workshops realizados em Cachoeiro, Colatina e Linhares forneceram subsídios para o Fórum de Vitória que marcou o encerramento do ES Competitivo. s ES Competitivo Cachoeiro de Itapemirim Data: 9 de outubro de 2015 Local: auditório do Sest/Senat Palestrantes:Consultor Sérgio Costantini, Conselheiro do CNJ, Luiz Cláudio Allemand, e Presidente do Sindiex, Marcílio Machado 11 ES Competitivo Colatina Como tornar o Espírito Santo mais competitivo? Autoridades e lideranças da Região Noroeste participaram do workshop e debateram uma agenda positiva para a questão da competitividade no Estado. O workshop de Colatina do projeto ES Competitivo contou com as presenças do governador Paulo Hartung, do prefeito da cidade, Leonardo Deptulsk, dos secretários de Estado Ana Paula Vescovi, José Eduardo Faria de Azevedo, Guerino Balestrassi e Suely Vidigal, do deputado Paulo Foleto e de inúmeras autoridades e lideranças da região. O evento foi realizado no auditório da Mitra Diocesana, em 6 de novembro, sob mediação do jornalista Mário Bonella. O prefeito Leonardo Deptulsk destacou que “o encontro promove um diálogo essencial 12 e desperta para a necessidade de se falar em competitividade em um cenário de dificuldades”. O diretor da TV Gazeta, Celso Guerra, deu as boas-vindas aos participantes, enfatizando que o projeto é uma forma de “construir uma agenda positiva para levar boas notícias aos quatro milhões de habitantes do Estado”. Já o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Guerino Balestrassi, comparou o encontro com a Teoria da Evolução. “Sobrevivem as espécies mais suscetíveis a adaptações. Assim é com as empresas, que precisam se ajustar ao novo cenário que atravessa o país, sendo a competitividade uma chave para isso”, destacou o secretário. “Podemos fazer do limão uma limonada” O governador Paulo Hartung traçou um panorama da economia e reforçou a importância do capixaba “sair da sua zona de conforto para enfrentar grandes desafios”. “Este é o momento de modernizarmos este país, introduzindo uma agenda de competitividade e tirando o Brasil dos desvios históricos onde ele transita. Podemos fazer deste limão uma limonada e transformar o nosso potencial em geração de emprego, renda, oportunidades”, destacou. Foto: Gildo Loyol Guerino Balestrassi, secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação Fotos: Renato Vicentini José Antônio Buffon, presidente da Fapes Hartung ressaltou, ainda, a necessidade de se investir em infraestrutura no país, com a reforma em portos, construção de aeroportos, rodovias e outros modais, e citou como desafios a serem vencidos a organização das contas públicas e da previdência pública e privada, a melhoria da formação dos jovens na educação básica e a atração do capital privado para as obras de infraestrutura. A secretária da Fazenda, Ana Paula Vescovi, fez uma contundente análise do momento econômico nacional e, principalmente, do Estado. Ela lembrou a história de Colatina “que se reergueu e se reconstruiu” das enchentes do Rio Doce, dos períodos de seca e da erradicação do café dos anos 1960, e defendeu “uma renovação dos modelos”, as parcerias público-privadas e a construção de “um bom ambiente para empresas que não busquem proteção”. Leonardo Deptulsk, prefeito de Colatina Aplaudida de pé ao final de sua apresentação, deixou uma lição importante para a continuidade do projeto. “Competitividade é a saída, contas equilibradas são o caminho. É assim que a gente vai chacoalhar o Espírito Santo”, finalizou. Ao final da sua participação, foram realizadas as palestras “Financiamento”, “Educação” e “Tecnologias e Inovação” com o consultor empresarial Sérgio Costantini, o reitor do Instituto Federal do ES (Ifes), Denio Rebello Arantes, e o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), José Antônio Buffon. Costantini analisou o atual contexto macroeconômico do país e do mundo e dos cenários de crédito, sugerindo aos empresários que construam “uma agenda positiva” em conjunto com os governos e busquem alternativas de financiamento “sem depender das fontes públicas” já que “os bons e melhores negócios são feitos em períodos de crise”. O reitor Denio Arantes sugeriu a criação de polos de inovação para aumentar a competitividade do segmento produtivo, como fez o Ifes com o setor de metalurgia. Já o presidente da Fapes, José Antônio Buffon, propôs a criação de “estruturas intermediárias” que possam promover “a desejada aproximação entre as empresas e a universidade” para viabilizar pesquisas aplicadas que gerem inovações. s ES Competitivo Colatina Data: 6/11/2015 Local: auditório da Mitra Diocesana Palestrantes: consultor Empresarial, Sérgio Costantini; reitor do Ifes, Instituto Federal do ES, Denio Rebello Arantes; e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), José Antônio Buffon 13 A Integração Competitiva e o Custo Espírito Santo em debate Fotos: Renato Vicentini ES Competitivo Linhares O debate teve participação de lideranças políticas, empresariais e da sociedade civil organizada, e pontuou gargalos ao desenvolvimento e caminhos para a economia. José Eugênio Vieira, diretorsuperintendente do Sebrae-ES O município de Linhares foi sede do terceiro workshop do projeto ES Competitivo. Realizado no dia 19 de novembro, no Days Inn Hotel, contou com as presenças de lideranças políticas, empresariais e da sociedade civil da região, além de representantes do poder público, como o governador Paulo Hartung, os secretários de Estado José Eduardo Faria de Azevedo, Regis Mattos Teixeira e Andréia Lopes, o prefeito de Linhares Nozinho Corrêa, a deputada Eliana Dadalto e o diretor do DER, Halpher Luiggi. Aberto pelo jornalista Vinícius Baptista, editor-chefe da 14 TV Gazeta Norte, o encontro teve participação também do diretor executivo da TV Gazeta, Celso Guerra, que recepcionou os participantes e afirmou que o projeto é mais uma ação inserida nos “compromissos da Rede Gazeta de protagonizar boas causas que contribuam para o desenvolvimento do Estado e criar uma agenda positiva a partir de um debate com a participação das forças vivas da sociedade capixaba”. O governador Paulo Hartung, antes do seu pronunciamento, reservou uma surpresa para os participantes do workshop: assinou a autorização para abertura José Eduardo Faria de Azevedo, secretário Estadual de Desenvolvimento Aristóteles Passos Neto, presidente do Sinduscon de licitação da reforma do aeroporto de Linhares, que ganhará uma pista de 1,8 km de extensão e 45 metros de largura, permitindo o pouso de aeronaves de rotas comerciais. A obra custará R$ 38 milhões, deverá ser iniciada em 90 dias com término previsto para junho de 2017. Para aumentar a competitividade capixaba, Hartung pontuou a necessidade de “reorganização das contas públicas de maneira sustentável, reformulação da previdência pública e privada, modernização da educação básica com foco no ensino médio e atração do capital privado para investimentos em obras de infraestrutura com regras claras que protejam o investidor e o usuário”. Também defendeu a criação de “um fundo socioambiental de recuperação do Rio Doce e de proteção aos que vivem em redor do rio, como os pescadores”. Para ele, o Estado tem a oportunidade de “liderar um modelo de recuperação de bacia hidrográfica que servirá como referência para o país”. O secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo, falou sobre “Integração competitiva: caminho para o desenvolvimento”, afirmando que o Governo do Estado elegeu como “um dos seus projetos estruturantes o que visa à construção de um melhor ambiente de negócios”, que aumente a competitividade das empresas capixabas e atraia novos investimentos. ências de infraestrutura, a jurisprudência e o sistema tributário” como entraves ao aumento da competitividade e criticou os cortes anunciados pelo Governo Federal que retira recursos do Sistema S e dos programas de apoio às pequenas e médias empresas. O empresário Leonardo de Castro, vice-presidente do movimento empresarial Espírito Santo em Ação, apontou como exemplo a ser seguido o Conselho Gestor Municipal do Desenvolvimento Econômico (Cogedes), criado no município de Serra para atrair no- vos empreendimentos e promover o desenvolvimento sustentável. O workshop realizado em Linhares finalizou a série do projeto no interior, que incluiu também Cachoeiro de Itapemirim e Colatina. s Leonardo de Castro, vice-presidente do Espírito Santo em Ação ES Competitivo Linhares Data: 19/11/2015 Local: espaço de eventos do Days Inn Hotel Palestrantes: secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Faria de Azevedo Painelistas: presidente do Sinduscon, Aristóteles Passos Costa Neto; diretorsuperintendente do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira; e vice-presidente do ES em Ação, Leonardo de Castro O Custo ES No painel “Custo Espírito Santo”, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon), Aristóteles Passos Costa Neto, propôs “um pacto para superar os gargalos que dificultam a geração de negócios no Estado reunindo os atores envolvidos na viabilização de projetos”. O superintendente do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira, apontou “a burocracia, as defici15 Educação educação A que precisamos para a sociedade que queremos P Fotos: Renato Vicentini ara formar melhor as pessoas que vão ocupar os postos de trabalho no futuro, seja no Espírito Santo ou em qualquer lugar do mundo, é importante que a educação esteja sintonizada com as mudanças que acontecem nas relações de trabalho. A avaliação é de Denio Rebello Arantes, reitor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes): “Essas relações estão se transformando rapidamente, em função das novas tecnologias e das mudanças na sociedade. Espera-se que os profissionais saibam tomar decisões complexas, num tempo cada vez mais curto e que, não raro, tem impactos na vida de milhares de pessoas”, avaliou. “Espera-se que os profissionais saibam tomar decisões complexas, num tempo cada vez mais curto”. Denio Rebello Arantes, reitor do Ifes 16 O secretário de Estado de Educação, Haroldo Correa Rocha, considera que nas últimas décadas o país vem conseguindo avançar na alfabetização e na universalização do ensino formal, porém, ainda está longe de vencer a batalha da qualidade, sobretudo no ensino médio, que no Espírito Santo permanece estagnado na base do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O que acontece muitas vezes em decorrência da debilidade do ensino básico é que os jovens, mesmo tendo hoje uma maior condição de acesso ao ensino técnico e superior, encontram grande dificuldade de seguir adiante nestes estudos ou de encarar o desafio profissional posterior a eles, por conta do déficit de conhecimento trazido desde o segundo ciclo do ensino fundamental. Isso se torna um problema ainda maior quando, diante da economia crescente, a exigência por mão de obra qualificada ganha papel fundamental para a produtividade e competitividade no mundo contemporâneo. “Muitos remendos que em outros tempos surtiram algum efeito, já não surtem mais. Então a última alternativa que vejo é reorganizar Foto: Arquivo Sempre lembrada como fator essencial para melhorar o país, a educação capixaba enfrenta os desafios de se adequar ao século 21. “O Brasil possui uma legislação que impede os jovens de trabalhar, mas que não consegue mantê-los afastados da criminalidade e próximos da escola”. Angela Abdo, consultora a escola”, diz o secretário, citando o caso da Escola Viva, a grande aposta do Governo Estadual para reverter este quadro. Segundo Rocha, a Escola Viva trabalha com outro currículo, em que o projeto de vida elaborado pelos jovens faz parte da construção da escola. Dentro deste novo entendimento, Haroldo Rocha aponta que a escola deve se dedicar não só aos ensinamentos cognitivos como português, matemática e ciências, mas também à formação socioemocional do estudante. “Além disso, também há competências híbridas, como a criatividade, o pen- Foto: Gabriel Lordêllo produtivo, apesar dos gargalos existentes, geralmente associados aos investimentos necessários para montar a infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento de soluções nas empresas. “As parcerias permitem que possamos atuar atendendo a essa demanda, com o conheci“Muitos remendos que em outros tempos surtiram algum efeito, já não surtem mais. A última alternativa que vejo é reorganizar a escola”. Haroldo Correa Rocha, secretário Estadual de Educação Fotos: Nestor Muller samento crítico. Não basta manter o mesmo currículo e inserir em algum momento uma aula sobre empreendedorismo. O currículo deve incorporar ao ensino teórico a atividade prática de forma que se impulsione o jovem no campo da investigação, na busca de aprendizado, o que também fomenta sua vontade de empreender”, disse. De acordo com Denio Arantes, o foco da educação profissional e tecnológica dos Institutos Federais é uma formação de cidadãos preparados para o mundo que inclua a educação profissional, numa perspectiva que se opõe à simples formação para o mercado de trabalho, incorporando valores ético-políticos e conteúdos histórico-científicos que preparam os alunos para atuar e transformar sua realidade e a sociedade na qual estão inseridos. O reitor pontua a necessidade de aproximar a educação do setor 17 mento de nossos pesquisadores e a infraestrutura laboratorial que dispomos. Esse modelo tem alcançado sucesso nos últimos editais de pesquisa aplicada e soluções tecnológicas, da qual somos Polo de Inovação, que passou a funcionar recentemente e já tem projetos sendo desenvolvidos com as empresas”, explica. Entre os desafios para a educação capixaba, sobretudo no setor público, Roberto Garcia Simões, professor da Ufes e articulista de A Gazeta, cita cinco pontos importantes: redução progressiva do número de docentes em designação temporária (DT’s); formação e capacitação permanente de gestores escolares, com processo de escolha democrática e descentralização das decisões; planos educacionais baseados em avaliações, elaborando metas para cada escola; integração entre conteúdos locais e globais e entre formação profissional e Foto: Fabio Vicentini cidadania; e oferta de apoio complementar aos alunos em contexto de pobreza, visando reduzir as desigualdades de rendimento escolar dentro da mesma rede. Para a consultora Angela Abdo, “um dos quesitos para o Brasil formar melhores profissionais é investir no mínimo cinco vezes para obter uma base de mão de obra especializada que consiga concorrer com a mão de obra estrangeira”. E critica “o baixo investimento em ciência e tecnologia”: “o Brasil possui uma legislação que impede os jovens de trabalhar, mas que não consegue mantê-los afastados da criminalidade e próximos da escola, o que cria um grande apagão de mão de obra preparada”, diz. “O Brasil precisa inovar na educação, com trilhas de aprendizado diferenciado, permitindo o sucesso dos nossos jovens na vida estudantil e profissional”, conclui ela. s Educação e capacitação profissional Quais são os avanços e adequações necessários ao nosso sistema educacional público e privado, de forma a prover uma formação técnica consistente em todos os níveis? O fortalecimento do capital humano capixaba é condição básica para a sustentação da produtividade e qualidade das cadeias produtivas capixabas. O que pode – e deve – ser feito para aprimorar o sistema educacional e de capacitação profissional de forma a que ele amplie a sua contribuição na melhoria dos níveis de competitividade do Estado? Os participantes do projeto “Espírito Santo Competitivo” indicam as seguintes alternativas: w Formação escolar de qualidade em todos os níveis. wÊnfase na modernização da educação básica com foco no ensino médio e técnico. w Formação técnica para microempreendedores da comunidade. wTreinamento e reciclagem da mão de obra empregada. w Integração da formação e capacitação continuada de gestores escolares. wApoio complementar aos alunos (de dever de casa e elaboração de trabalhos) em contexto de pobreza visando 18 a reduzir as desigualdades de rendimento escolar no interior da mesma rede. w Ampliação da rede de escolas de tempo integral. wFomento de programas que visam aumentar o envolvimento da família do aluno com o ambiente escolar como o “Coordenadores de Pais”. wProfissionalização da gestão escolar com utilização de pessoas capacitadas para a tarefa, aprimoramento dos controles dos processos e dos resultados de aprendizagem. w Redução progressiva da quantidade de docentes temporários (DTs) e ampliação do quadro de efetivos, para reduzir a taxa de rotatividade docente nas escolas com valorização continuada da remuneração do professor para tornar a carreira atraente. wImplementação de currículos organizados por áreas de conhecimento. w Possibilitar aos alunos o acesso às novas tecnologias de comunicação e informação para que possam ser aplicadas ao processo educativo. Aridelmo Teixeira Professor, Doutor em Controladoria e Ciências Contábeis, Cofundador da FUCAPE Entrevista As escolas públicas estão estagnadas Há um abismo entre o ensino privado e o público no Brasil As escolas públicas estão preparadas para atender às demandas da sociedade e do mercado de trabalho por conhecimento e formação para o mundo contemporâneo? Se observarmos os últimos IDEBs – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, as escolas públicas estão praticamente estagnadas. Considerando que o conhecimento avança a uma velocidade nunca vista antes, a tendência é que fique cada vez mais distante se de fato uma revolução não for implementada. Não é uma melhoria pontual, e sim uma revolução que precisa ser feita. As inovações social, tecnológica e pedagógica são a chave para a evolução da educação? Na realidade, no estágio em que a nossa educação pública se encontra, eu diria que antes de pensar em inovar tecnologicamente, nós temos que fazer o básico, que é a gestão, com qualidade, dos recursos já disponibilizados às escolas. A maioria das escolas públicas não dispõe dos requisitos mínimos de gestão, no sentido moderno. Gestão amparada apenas na boa vontade e no esforço individual, sem formação de qualidade específica para gerir os recursos de forma eficiente e eficaz, é, literalmente, queimar dinheiro público. Ou seja, a primeira evolução que as escolas públicas precisam fazer é quanto ao emprego correto dos recursos já existentes. É necessário um plano de curto, médio e longo prazo, que passa primeiramente por organizar o ambiente escolar para que ele esteja apto a efetivamente receber tecnologias. Essas habilidades, assim como currículo ajustado ao perfil do aluno e competências socioemocionais, estão incluídas nas orientações pedagógicas das escolas públicas e privadas? Considerando os dados do IDEB, na média, as escolas privadas estão muito mais aptas do que as públicas. Existe um abismo entre o ensino privado e o público no Brasil. O currículo, neste caso, nada mais é do que um meio de se atingir o fim esperado. E, essa ferramenta sozinha não faz sentido. Somente fará quanto estiver conectada com o objetivo estabelecido para toda a rede escolar. Como capacitar os educadores para fazerem parte das mudanças necessárias para assegurar às crianças e jovens, educação de qualidade? A revolução deve começar primeiro nos cursos de pedagogia. A maioria deles é, hoje, na realidade, curso de ideologia político-partidária, e, ainda por cima, de qualidade, no mínimo, questionável. Ou seja, com determinados vínculos a ideologias partidárias e não à formação de indivíduos com liberdade de pensamento, condição necessária para conduzi-los ao desenvolvimento da habilidade de inovar. Portanto, mister se faz a reformulação na forma de educar. Eliminar a metodologia da imposição de pensamentos e doutrinas e promover as possibilidades de escolha entre alunos e suas respectivas famílias. Essas mudanças estruturais significativas estão tendo eco junto ao governo, educadores e alunos? Sim. Já é notável que prefeitos e governadores, empresários e a sociedade civil organizada, com destaque para pais e alunos, aqui no Estado, estão pensando de forma diferente, montando escolas de padrão diferente, onde o principal elemento a receber 100% das atenções é o aluno, o estudante. Conquistas na educação somente podem ser assim denominadas aquelas que são voltadas exclusivamente para a razão de ser das escolas públicas, ou seja, o cidadão aluno. s “antes de pensar em inovar tecnologicamente, temos que fazer o básico, que é a gestão, com qualidade, dos recursos já disponibilizados às escolas”. 19 Tecnologia e Inovação Um novo paradigma para o desenvolvimento Promoção de cooperação entre instituições para articular e desenvolver ciência, tecnologia e inovação é uma estratégia para alavancar a competitividade. N a sociedade do conhecimento, o desenvolvimento e a competitividade respondem cada vez mais à tríade Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I). José Eugênio Vieira, diretor-superintendente do Sebrae-ES, lembra que momentos de economia em retração como o que vivemos também são propícios para aflorar a criatividade e inovação na busca de alternativas para melhorar as empresas. “A geração e o uso do conhecimento na prática são fatores que dão competitividade, reduzem custos de produção, geram empregos mais qualificados e, fundamentalmente, melhoram a qualidade de vida das pessoas”, garante Wanderley Stuhr, diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). A articulação destes, longe de ser um processo simples, exige um grande esforço conjunto entre o poder público, o setor produtivo privado e os centros de produção de saber científico. “O espaço preferencial da ciência é a universidade, da 20 tecnologia é o instituto, e da inovação é a empresa. Para fazer ciência é preciso ter pesquisa, para produzir tecnologia tem que ter desenvolvimento e para ter inovação precisa de engenharia”, resume José Antônio Bof Buffon, diretor-presidente do Fundo de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). Um tema muito discutido neste sentido é a relação entre a academia e o setor produtivo. Buffon problematiza o fato de que universidade e empresas possuem tempos, linguagens e propósitos próprios, diferentes um do outro. Para ele, a melhoria desse tripé demanda justamente da criação de outras instituições que possam fazer o diálogo com ambas - academia e empresas -, tais como fundações, institutos, incubadoras, aceleradoras e órgãos como a Fapes e o Sebrae. No Espírito Santo, este ambiente de cooperação interinstitucional ainda é incipiente, mas vem se consolidando nos últimos anos. Para Buffon, os espaços interinstitucionais precisam ser horizontais e de cooperação, como destaca o Conselho Temático de Política Industrial e “As competências institucionais devem estar associadas às demandas e expertises do setor produtivo”. Foto: Edson Chagas Wanderley Stuhr, diretor-presidente do Incaper Inovação Tecnológica (Conptec), impulsionado pela Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), mas com participação de diversas entidades relacionadas com o setor. “As competências institucionais devem estar associadas às demandas e expertises do setor produtivo para que as respostas, os resultados práticos, ganhem em velocidade e estejam em sintonia com a realidade do setor”, afirma Wanderley Stuhr. Buffon analisa a economia capixaba entre dois pilares. Um deles, formado pelos grandes projetos industriais, que aglutina diversos fornecedores locais, parece com tendência a se estabilizar. No outro há uma infinidade de iniciativas de menor porte, com destaque ao agronegócio e alguns arranjos produtivos regionais bastante fortes, como é o caso da indústria têxtil em 21 Colatina, moveleira em Linhares e do mármore e granito em Cachoeiro de Itapemirim. “Então são esses dois pilares que nós temos fortes: o que deriva dos grandes projetos e o que emerge do local. Entre esses dois mundos há certo abismo porque são poucos os casos de integração entre as duas, baseado em fatores intangíveis, num processo de inovação, pesquisa e ideias. Esse é o modelo do Vale do Silício e da Coreia, por exemplo”, destaca o diretor-presidente da Fapes. Importante lembrar também que a inovação não vem apenas da indústria. “Aliás, o Brasil é um dos países mais inovadores do mundo no setor do agronegócio”, aponta Buffon. No Espírito Santo, destacam-se as pesquisas e projetos desenvolvidos pelo Incaper. O presidente do Instituto, Wanderley Stuhr, afirma que hoje, no campo capixaba, é possível produzir muito mais para cada hectare de terra cultivado. “Atualmente, nosso país, aí incluído o Espírito Santo, é temido no mundo pela força e pujança do agronegócio, que há décadas se pautou na ciência para obter uma forte evolução de seus indicadores”, disse. Ele lembra que, quando foram geradas as primeiras variedades clonais de café Conilon pelo Incaper, em 1993, a produtividade média estadual era de 9 sacas por hectare e a produção anual de 2,4 milhões de sacas. Hoje a área cultivada é apenas “O espaço preferencial da ciência é a universidade, da tecnologia é no instituto, e da inovação é na empresa”. José Antonio Bof Buffon, diretor-presidente da Fapes 7% maior do que aquela da época, mas a produção e a produtividade foram multiplicadas por quatro, o que considera uma “revolução de tecnológica sem precedentes em qualquer outra região cafeeira do mundo”, com conhecimento gerado e aplicado em terras capixabas. “A CT&I contribui para o alcance de benefícios e impactos econômicos, como ganhos de produtividade, e também para ganhos sociais e ambientais”, acredita Stuhr, lembrando que serviços de metereologia e agri- cultura de precisão são tecnologias fundamentais para permitir que o produtor não fique refém das adversidades climáticas. Para seguir avançando no âmbito de CT&I no Espírito Santo, o governo estadual possui uma série de estratégias. Em 2016, a Fapes pretende lançar uma série de editais no setor, um deles para ampliar e consolidar a capacidade de incubação. “Hoje temos capacidade de encubar de 15 a 20 projetos, mas precisamos chegar a uns 200 a 300”, projeta Buffon. Outros pontos são o fomento de visitas técnicas empresariais, em que produtores capixabas possam conhecer experiências e o know how em outros países, apoio à certificação de qualidade, promoção de trainees nas empresas, chamadas para apoio a empresas de software. Além disso, uma grande aposta é na realização de um processo amplo de chamada no modelo do Sinapse, criado em Santa Catarina, que busca convocar e selecionar ideias inovadoras e apoiar as melhores delas oferecendo diversos tipos de apoio desde a elaboração do plano de negócio até a disponibilização de recursos para que as boas ideias se tornem realidade. Há um longo caminho por percorrer. Mas é importante saber que o Espírito Santo já está dando os primeiros passos com academia, poder público e iniciativa privada de mãos dadas. s Tecnologia e Inovação Um dos pilares centrais que fazem avançar a competitividade das empresas é sua capacidade de gerar e absorver novas tecnologias que proporcionem ganhos de produtividade e diferenciação de produtos através da inovação. O que pode e deve ser feito para tornar a estrutura produtiva capixaba capaz de gerar, absorver e internalizar novas tecnologias e inovação ganhando, em consequência, mais eficiência e maior produtividade? Os participantes do projeto “Espírito Santo Competitivo” indicam as seguintes alternativas: wCriação de polos de inovação nas escolas de ensino profissionalizante como forma de viabilizar as demandas das empresas no desenvolvimento de pesquisas e tecnologia. wCriação de grupos de melhoria conjunta nos vários setores produtivos e cadeias produtivas (ou seja, criação de estruturas intermediárias) para promover a necessária aproximação entre as universidades e as empresas privadas na área de pesquisa aplicada. w Instalação de polos tecnológicos que atendam cadeias produtivas consideradas relevantes 22 e com alto potencial de crescimento, desenvolvimento e integração internacional. wDesoneração dos gastos das empresas em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. wFacilitar a interlocução entre os diversos entes do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (estímulo governamental à cooperação e pesquisa compartilhada). wFormação de consórcios de pesquisas público-privadas. wFormulação de uma política estadual de incubação. wFormação de redes de intercâmbio técnico-científico. w Adoção de política de incentivo às incubadoras e aceleradoras. wApoio técnico às micro e pequenas empresas. wCriação de bolsa de apoio à integração e inserção de profissionais de alta qualificação no setor produtivo para levar o profissional pesquisador com especialização, mestrado ou doutorado para dentro das empresas, ou para dentro dos negócios. w Criação de escola de empreendedorismo e inovação de natureza pública e privada para transformar jovens talentos em empresários modernos. Evandro Milet Consultor e Palestrante Artigo Inovação efervescente A TV Gazeta lançou o programa Es C o m pet i t i v o , c o b r i nd o as á r eas de educação, inovação, logística, instituições e financiamento, para que se propusessem ações concretas para o desenvolvimento do Estado. Acontece, neste momento, um movimento ainda subterrâneo, embora crescente em força, onde diversos fundos de capital de risco avaliam e fecham negócios de participação em empresas capixabas de tecnologia. O apoio à inovação, que durante muitos anos teve o envolvimento quase isolado e heróico da TecVitória, incorporou atores na figura de novas incubadoras, aceleradoras e ambientes de co-working. O engajamento do Sebrae, da CDV e da Fapes foi fundamental, acompanhado, agora, pelo Bandes, trazendo e apoiando esses fundos de risco. O Ifes e, depois, a Ufes, se envolvem firmemente no processo de inovação, que tem uma vertente não digital na formação do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás, com forte liderança da Petrobras e participação da Secretaria do Desenvolvimento, da Findes, Sebrae, Onip e outras instituições. Reconhecido como o melhor programa estadual para o desenvolvimento de equipamentos para a indústria do petróleo, o Fórum lança projetos que começaram a chegar ao mercado, após incubados na TecVitória. Apesar da crise, o programa de exploração e produção da Petrobras continua bilionário. Existem imensas oportunidades de fornecimento, tanto no mar como em terra, além da possibilidade de exportação, pois as tecnologias usadas são semelhantes em todo o mundo. Algumas empresas capixabas já estão neste caminho, vendendo diretamente ou tentando joint-ventures no Canadá, Colômbia, Noruega, Inglaterra e países árabes. Ainda faltam algumas pernas para compor um ecossistema de inovação. O investimento inicial em start ups, feitos usualmente por investidores-anjos em todo o mundo, é quase nulo no Estado. Investidores individuais ainda preferem investir em imóveis, não estando familiarizados com essas novas oportunidades. Um apoio do governo estadual para fundos locais de investidores-anjos daria um empurrão na base da inovação e ajudaria a divulgar essa forma de investimento. Outros apoios fundamentais se dariam na implementação do sonhado Parque Tecnológico de Vitória e na manutenção da TecVitória, que passa por dificuldades para se sustentar, apesar dos resultados reconhecidos por toda a comunidade envolvidade no ecossistema de inovação. Podemos estar tocando violino no convés do Titanic. O ecossistema avança, mas seria lamentável se uma sustentação histórica afundasse. s “Ainda faltam algumas pernas para compor um ecossistema de inovação. O investimento inicial em start ups é quase nulo no Estado”. 23 Qualidade das Instituições/Governança Melhorar as instituições para ser mais competitivo Inúmeros são os desafios para uma governança mais leve e moderna, que permita maior segurança para empreender. U m bom ambiente institucional é chave para uma economia sólida e sustentável em longo prazo. A corrupção, a burocracia excessiva, a instabilidade jurídica com mudanças de regras constantes, as legislações defasadas em relação aos tempos em que vivemos são fatores que prejudicam o investimento e o desenvolvimento das economias, representando entraves que interferem na competitividade. Nesse aspecto, o economista Orlando Caliman é enfático. “Há um espaço enorme para avançarmos no campo da desburocratização e melhoria na prestação de serviços por parte do setor público. O excesso de burocracia e um complexo sistema de leis e regras acabam inibindo e dificultando o dia a dia das empresas”, afirmou. Para o vice-presidente institucional do Espírito Santo em Ação, Leonardo de Castro, o principal ativo para o setor empreendedor “As empresas precisam ter um batalhão competente de advogados e contadores para não serem surpreendidas com multas e outras complicações legais”. José Armando Campos, conselheiro da ArcelorMittal Brasil é o tempo e assim também deve ser na esfera pública. “Nada é mais valioso que o tempo. Em nossas empresas buscamos intensamente a produtividade. E é isso que esperamos do setor público, que ele também busque a produtividade”, enfatizou. A importância e a urgência de uma governança mais adequada aos tempos atuais também foram destacadas por José Armando Campos, conselheiro da ArcelorMittal Brasil. “O investimento privado depende, fundamentalmente, da confiança dos agentes econômicos nas instituições do país. Se as instituições estiverem corroídas por vícios ou não forem estruturalmente fortes para desempenharem seus papéis, sobram incertezas e aumentam-se os riscos que, quantificados, inviabilizam investimentos e consequentemente, o pleno desenvolvimento econômico”, sintetizou. Uma queixa constante relacionada à burocracia institucional é a questão tributária brasileira, uma das mais complexas do mundo, o que acarreta muito investimento de tempo e dinheiro apenas para o cumprimento legal das obrigações. Campos destaca que a complexidade do sistema tributário brasileiro vem de muito tempo e inclui impostos “completamente ultrapassados”, como entende que sejam o IPI e o ICMS, este sujeito aos efeitos da chamada “guerra fiscal” entre os Estados da federação. “As empresas precisam ter em seus quadros um batalhão competente de advogados e contadores para não serem surpreendidas com multas e outras complicações legais”, disse. Uma melhor governança e racionalização dos processos po- “O excesso de burocracia e um complexo sistema de leis e regras acabam inibindo e dificultando o dia a dia das empresas”. Orlando Caliman, economista 24 deria abrir caminho para soluções práticas, como aponta o empresário Leonardo de Castro. “O raciocínio deve ser de simplificação. Dentro das entidades representativas do setor industrial, entendemos que temos uma carga tributária enorme. Há, ainda, legislações municipais, estaduais e federais, cada uma com seu arcabouço de regras que têm uma dinâmica de mudança intensa. Nosso pleito é pela simplificação. O imposto único é nosso grande sonho”, avaliou. Outra queixa dos empreendedores se refere à burocracia legal para abrir e manter em funcionamento uma empresa, incluindo licenças, alvarás, permissões, muitas delas obtidas em nível municipal, que demandam um alto custo para operacionalização. Para os empresários, são necessárias ações em todas as esferas - municipais, estaduais e federais - para reverter esse cenário. “Quando falamos em enfrentar a burocracia, o setor empresarial não solicita nenhum afrouxamento das regras. Pelo contrário, queremos processos bem mapeados para entender como começa e termina um licenciamento, por exemplo. O tempo que leva para ser analisado e a clareza da resposta. O não também é uma resposta, mas precisamos de uma resposta”, diz Leonardo de Castro. Por falar em licenciamentos, a questão ambiental também deve ser vista com muita atenção, na avaliação dos executivos. O conselheiro da ArcelorMittal Brasil, José Armando Campos, lembra que toda ação humana gera impacto ambiental e que alguns empreendimentos pressupõem grandes riscos que, em sua opinião, deveriam trazer uma cobertura “Gasta-se muito tempo analisando estudos enormes e pouco tempo fiscalizando a implantação e operação dos controles ambientais”. Claudio Denicoli dos Santos, engenheiro civil e especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental depois de uma análise judiciosa do ponto de vista técnico. “O grande problema do licenciamento ambiental não é a falta de quadro legal e regulatório, mas o fato de não nos estruturamos para efetuar a fiscalização decorrente dele. E além de tudo, a demora na sua definição contribui enormemente para a elevação dos custos e para o afastamento dos investimentos. A não-resposta dentro de prazos razoáveis impõe dificuldades às empresas e ao desenvolvimento de maneira geral”, explicou. Essa percepção é compartilhada pelo engenheiro civil e especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental, Claudio Denicoli dos Santos, que considera que o foco da análise está no licenciamento, ou seja, no papel, e não no controle ambiental. “Gasta-se muito tempo analisando estudos enormes e pouco tempo fiscalizando a implantação e operação dos controles ambientais”, disse. Na avaliação da promotora Isabella Cordeiro é importante, 25 ainda, que se pense em soluções alternativas que passem pelo fomento e pela indução de uma convenção em torno do desenvolvimento. “A concepção atual de desenvolvimento vai além do chamado crescimento econômico, pressupondo a valorização do capital social e do capital natural que compõem o Estado brasileiro. A atividade econômica, nesse sentido, serve assim à dignidade da pessoa humana. Esse é o motivo pelo qual paulatinamente os tradicionais indicadores de resultado de um Estado, baseado no seu Produto Interno Bruto, vêm sendo substituídos pelo Índice de Desenvolvimento Sustentável, a exemplo do que propõe atualmente o Banco Mundial. Isso guarda reflexos, ao menos, em dois aspectos principais localmente verificáveis: o primeiro refere-se a uma concepção de meio ambiente ecologicamente equilibrado, e o segundo supõe a observância ao mandamento constitucional de realização da democracia participativa”. A atual legislação trabalhista “Os tradicionais indicadores de resultado de um Estado vêm sendo substituídos pelo Índice de Desenvolvimento Sustentável”. Isabella Cordeiro, promotora também tem sido considerada um entrave ao desenvolvimento e um agravante do alto-custo Brasil na opinião dos empreendedores. “O custo de contratar e pior, de distratar pessoas no Brasil é altíssimo. A legislação - anacrônica e ruim parece partir do pressuposto de que todo empregado é deficiente para negociar o que lhe interessa e que, por isso, precisa de um Estado-tutor que o proteja dos exploradores e escravocratas modernos que são os que empreendem no Brasil”, avaliou José Armando Campos. Sobre a corrupção, um problema histórico do Brasil, o conselheiro sintetiza o combate a ela em dois pontos centrais: educação e punição. “Sem educação não saberemos distinguir os que buscam nossos votos. E com impunidade, estaremos “Em nossas empresas buscamos intensamente a produtividade. E é isso que esperamos do setor público, que ele também busque a produtividade”. Leonardo de Castro, vice-presidente institucional do Espírito Santo em Ação sinalizando que o risco é baixo e que vale a pena tentar”, alertou. Resolver todos esses problemas demanda trabalho e visão de longos prazos, reforça o empresário Leonardo de Castro. “O governante tem um período de mandato curto, mas precisa estar ali desempenhando um projeto de Estado, não um projeto para ser alterado a cada quatro anos. Isso tem que funcionar em todos os po- deres: executivo, legislativo e judiciário”, afirmou o vice-presidente do movimento Espírito Santo em Ação. “Estamos trabalhando para implementar no Estado o conceito de pactos pelo desenvolvimento, para que a sociedade como um todo determine suas prioridades, começando pela esfera municipal, que é onde ela convive diretamente. Seria um grande avanço para o Espírito Santo”, avaliou. s Qualidade das Instituições Instituições públicas e privadas exercem um papel fundamental no protagonismo do desenvolvimento já que formam o sistema que regula, fiscaliza e arbitra os processos sobre os quais se forma o ambiente de negócios. De sua ação e interação com o sistema produtivo decorrem, em grande medida, a viabilidade dos empreendimentos, a fluidez do sistema e a segurança fundamental nas decisões de investimento. Um sistema equilibrado, ágil e produtivo, com papéis bem definidos e alinhado com as necessidades da sociedade pode contribuir, e muito, com o nível de competitividade de nossa economia. O que pode ser feito para aprimorar o desempenho de nossas instituições para que atuem em favor da melhoria dos níveis de competitividade do Estado? Os participantes do projeto “ES Competitivo” indicam as seguintes alternativas para a construção de um bom ambiente de negócios: wBusca, como objetivo fundamental, da segurança jurídica e respeito aos contratos firmados. w Cumprimento efetivo do papel constitucional e sistêmico das instituições buscando sempre clareza de responsabilidades, de valor social e transparência no exercício de suas atividades. w Redução da burocracia oficial e seu peso sobre as contas gover26 namentais e custos da iniciativa privada. w Aprimoramento e estabilidade das regras. w Modernização dos sistemas de governança em instituições públicas e privadas. wPromoção de articulações visando à criação de instâncias – como fóruns, comitês e câmaras, reunindo atores públicos e privados envolvidos na análise e liberação de empreendimentos – que possam construir alinhamentos buscando superar os gargalos que dificultam os novos investimentos. w Organização das contas públicas de forma sustentável com recuperação da capacidade de investimento próprio. wFomentar os arranjos produtivos de forma a adensar as cadeias já existentes (preenchendo os elos faltantes), promovendo a sinergia e integração entre elas e abrindo oportunida- des para novos investimentos de maior valor agregado. wModernização e simplificação da legislação em nível estadual e municipal (ambiental, fiscal e tributária). w Simplificação dos processos de registros para abertura e instalação de empresas. w Diplomacia ativa na atração de novos investimentos. w Criação de conselhos gestores, a exemplo do Cogedes, Conselho Gestor Municipal do Desenvolvimento Econômico, do município de Serra, para atrair novos empreendimentos e promover o desenvolvimento sustentável. wCriação de uma plataforma de soluções, reunindo, em um mesmo local, Junta Comercial, Secretaria da Fazenda e outros órgãos encarregados do registro de novas empresas para agilizar a criação de empresas e a viabilização de novos empreendimentos. ODILON BORGES JúNiOR Consultor Empresarial e Advogado Artigo Ouvindo empresários de outros Estados e estrangeiros Minha intenção no relato sequencial diz respeito às críticas que tenho ouvido - e ouvido com com certa insistência - por parte de empresários brasileiros, especialmente paulistas, goianos, brasilienses e alguns estrangeiros. Apresento-as : (i) Constituição de sociedades empresárias no Espírito Santo, em especial sociedades por ações. As críticas compreendem : (i) no relacionamento com os responsáveis pelos procedimentos destinados àquela finalidade; (ii) os prazos para a formalização do ato constitutivo que, no Espírito Santo levariam, no mínimo, 15 dias úteis. Diferentemente de alguns outros Estados, quando este prazo não excede a 3 dias úteis; (ii) As inscrições nos sistemas indispensáveis ao início de suas operações que demandam 45 dias úteis, quando conseguem obtê-las em prazos que não excedem a 5 dias úteis. Reclamam da forma burocrática como são tratados, uma relação burocrata versus contribuinte, no lugar de prestador de serviços públicos versus cliente. Ou, então, fazem uma consulta a alguma repartição e recebem retorno tempos depois. Quando recebem. Foi apresentado um caso que parece uma brincadeira. Mas, uma indústria que queria abrir escritório em um município do Estado, escritório normal, e lhe foi exigido licença ambiental, além dos demais documentos; (iii) Estrangeiros, multinacionais, reclamam de exigências e que não sabem como atendê-las. Como um exemplo: uma multinacional norte-americana, cujos sócios, em seu país, são pessoas jurídicas, foram-lhe exigidos o CNPJ-MF e a declaração do IR, juntamente com a dos seus sócios majoritários, pessoas físicas; (iv) Em um ambiente voltado à inovação tecnológica no setor industrial, reclamações no sentido de que o Espírito Santo, com tantos órgãos, acha-se fragmentado em sua atuação: cada um trabalhando em um projeto e sem relacionamento com o setor industrial. Além do que insistiram na timidez capixaba que impede a exponenciação de intercâmbios com outros países, seus centros de pesquisas etc. s “Reclamam da relação burocrata versus contribuinte, no lugar de prestador de serviços públicos versus cliente”. 27 Financiamento e Investimento capital privado Atrair pode ser um caminho A crise que afeta o país também chegou com força ao Espírito Santo. Ajuste fiscal, otimização dos gastos, corte de despesas, redução dos investimentos são temas que vêm sendo repercutidos ultimamente por representantes do poder público em todas as esferas: federal, estadual e municipal. O fato é que não se pode esperar do Estado a mesma pujança de investimentos que se via num passado recente. A secretária Estadual da Fazenda, Ana Paula Vescovi, considera que o ajuste fiscal não é um fim em si mesmo, pois seu sentido é recuperar a confiança no Brasil para atrair mais investimentos. “Se trata mais de um problema de confiança no ambiente de negócios do que de falta de recursos em todas as esferas. E não vamos conseguir recuperar a confiança no mer- cado brasileiro sem fazer um ajuste que realmente mexa nas estruturas do gasto público no país”, disse. Um maior esforço do Estado para tornar a máquina pública mais eficiente contribuiria para reduzir o chamado custo Brasil, de acordo com Sérgio Costantini, consultor em Finanças e Estratégia para Negócios. “Isto ajudaria a atrair mais capital de risco e encurtaria o tempo necessário para que os projetos comecem a gerar os resultados esperados”, afirmou. Considerando as dificuldades do momento, torna-se fundamental investir em questões que contribuam para o aumento da competitividade. Costantini lembra que nos últimos anos o Estado brasileiro tem sido a principal fonte de financiamento local, sobretudo por meio do BNDES, Caixa e alguns bancos regionais. Para ele, o cenário macroeconômico atual leva a uma ruptura deste modelo e obrigará as empresas a buscar fontes al- Foto: Ricardo Medeiro Crise político-econômica afeta capacidade de investimento do Estado, o que pode gerar oportunidades para a iniciativa privada financiar setores estratégicos à competitividade. ternativas de financiamento no setor privado. Ana Paula Vescovi pontua que os créditos subsidiados pelos governos dificultam ao mercado de crédito privado se desenvolver em longo prazo, de modo que a atual escassez de recursos pode ser uma oportunidade para alavancar este setor. José Eduardo Faria de Azevedo, secretário Estadual de Desenvolvimento, acrescenta “Não vamos conseguir recuperar a confiança no mercado brasileiro sem fazer um ajuste que realmente mexa nas estruturas do gasto público no país”. Ana Paula Vescovi, secretária Estadual da Fazenda 28 “Mais investimentos do Estado ajudariam a atrair capital de risco, o que encurta o tempo necessário para que os projetos comecem a gerar resultados”. Sérgio Costantini, consultor em Finanças e Estratégia para Negócios que vivemos num momento de restrição de crédito, com juros altos, valorização do dólar, redução das avaliações do Brasil pelas agências de risco. Mas, mesmo com essas limitações, há uma janela de oportunidades para atrair o capital estrangeiro a ser sócio das empresas nacionais e criar projetos que gerem emprego e renda. “Temos que saber explorar bem o momento porque ele abre possibilidade para novos investimentos”, explicou. Diante disso, é preciso buscar possíveis soluções por conta da escassez do crédito subsidiado. “Talvez a primeira alternativa das companhias deva ser o reinvestimento do lucro gerado anualmente, mas nem sempre o autofinanciamento é suficiente para cobrir as necessidades financeiras. Outra opção seria acessar o mercado de capitais por meio da emissão de títulos de dívida ou mesmo ações. Apesar de fonte interessante de recursos, entretanto, o mercado de capitais somente constituirá alternativa às empresas que têm projetos atrativos e estejam melhor estruturadas operacional, estratégica e financeiramente”, analisa Costantini. Na opinião do economista Orlando Caliman, os mecanismos tradicionais de financiamento, baseados sobretudo no crédito, não atendem totalmente às exigências de competitividade. “É preciso desenvolver a cultura do financiamento pela via dos ‘equities funds’, ou seja, de participação nos riscos e compartilhamento de resultados, fundamental, por exemplo, “Temos que saber explorar bem o momento porque ele abre possibilidade para novos investimentos”. José Eduardo Faria de Azevedo, secretário Estadual de Desenvolvimento 29 para projetos de alta incidência e participação de capitais intangíveis. Ajudam principalmente nos projetos de start-ups”, revelou. Para superar o cenário de dificuldades na economia, Ana Paula Vescovi aponta para a necessidade de se alcançar uma verdadeira “concertação” nacional que melhore o ambiente de negócios, inclua um sistema tributário mais justo e simplificado, e um modelo de regulação voltado às necessidades do país em infraestrutura e na atração da iniciativa privada. As parcerias público-privadas (PPP’s) podem ser uma alternativa para alavancar investimentos diante da debilidade das contas do poder público, de acordo com Costantini. “Elas são uma forma de se utilizar das competências gerenciais e do acesso ao capital privado para financiamento, execução e operação de projetos, geralmente de infraestrutura. São estruturas onde o Estado compartilha riscos com a iniciativa privada”, explicou. É o que se vem fazendo no Espírito Santo no setor de esgoto e saneamento básico, como ressalta José Eduardo Faria de Azevedo, falando também dos planos de realizar um chamado ao setor privado para avaliar concessões ou PPP’s na área rodoviária para melhorar as estradas estaduais. Costantini pontua o que considera algumas vantagens na utilização de uma estrutura de PPP: a transferência de inovação e conhecimento para as entidades públicas, a otimização de orçamento, o aumento de vida útil dos empreendimentos, o compartilhamento de custos operacionais e a divisão de responsabilidades entre setores público e privado. A secretária Ana Paula Vescovi considera que, nos casos “É preciso desenvolver a cultura do financiamento pela via dos ‘equities funds’, ou seja, de participação nos riscos e compartilhamento de resultados”. Orlando Caliman, economista em que ações não são de competência exclusiva do Estado, este deve exercer um protagonismo por meio de uma agenda regulatória que permita fazer a interlocução com outros atores interessados, como o investidor privado. “No que cabe ao governo, ele está empreendendo um con- junto de ações para melhorar o ambiente de negócios no Estado, tais como desburocratização, licenciamentos, requerimentos legais, normas como a do ICMS, aceleração do processo de abertura e fechamento de empresas, a digitalização de procedimentos, entre outras estratégias”, afirmou. s >Índice de Liberdade Econômica 2015 Esse índice apurado pela Heritage Foundation, organização norte-americana com sede em Washington, DC, avalia o grau de liberdade econômica de 178 países. O estudo relaciona a forte conexão entre a prosperidade e a liberdade econômica, com dados que envolvem dez categorias de liberdade econômica na pesquisa: nos negócios; no comércio; liberdade fiscal; de intervenção do governo; monetária; de investimentos; financeira; de corrupção; do trabalho; e direitos de propriedade. País País Classificação mundial Pontuação 89,6 1º Hong Kong País Classificação mundial Pontuação 56,6 118º Brasil Classificação mundial Pontuação 1,3 178º Coreia do Norte Viabilização de recursos para financiamento dos investimentos O Espírito Santo é um Estado jovem e com uma grande demanda a atender por serviços e infraestrutura de qualidade. Além de representarem uma oportunidade em si, estas estruturas e serviços em muito contribuiriam para o impulsionamento do mercado local e de nossa competitividade como base de produção para atendimento dos mercados nacionais e internacionais. Contudo, o esgotamento das fontes públicas de financiamento torna necessário repensar os papéis e modelo dos setores público e privado na articulação de forma e fundos para realização destes investimentos. O que pode ser feito para viabilizar estes recursos, necessários para tornar Espírito Santo mais competitivo? Os participantes do projeto “ES Competitivo” indicam as seguintes alternativas: wConstrução de alternativas de 30 financiamento que viabilizem os investimentos necessários ao desenvolvimento do Estado e de seu sistema produtivo, inclusive com atração do capital privado para constituição de parcerias público-privadas ou concessões de serviços, privatização de atividades econômicas não prioritárias de governo etc. wBuscar como valor a concorrência de mercado em oposição à proteção indiscriminada; ao invés de subsídios, regras está- veis e articulação competitiva. w Mobilização do capital privado no investimento de novos empreendimentos. wAmpliação dos programas de microcrédito. w Instituição de política de apoio ao desenvolvimento e financiamento de start ups. wBusca de fontes de financiamento internacionais e nacionais à exportação. w Adoção de política de incentivos tributários à produção. Ana Paula Vescovi Secretária de Estado da Fazenda Artigo Em busca da competitividade perdida Há quatro anos o Brasil vem perdendo espaço na economia mundial. O Índice de Competitividade Mundial 2014, divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral, aponta que o Brasil caiu três posições em relação a 2013, ocupando o 54º lugar no ranking geral composto por 60 países. O Brasil encontra-se à frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela – a última colocada. Não seria exagero afirmar que, com o cenário vivenciado em 2015, essa posição tende ainda a se deteriorar. O país abandonou a agenda da competitividade com na crise de 2008/2009, substituída pela desoneração de impostos, em especial na indústria, e pela concessão de subsídios creditícios e financeiros ao setor produtivo. A consequência desse desajuste, associado à mudança dos pilares da política macroeconômica, empurraram o Brasil para uma depressão que ameaça retirar 10% de renda média dos brasileiros em pouco mais de 2 anos. A agenda de saída da crise não é trivial. Dependerá de mudanças estruturais no gasto público e de convergência política. Mas assegurar o caminho de volta à prosperidade dependerá da busca da competitividade perdida nos últimos anos. A pergunta que a agenda “ES Competitivo” procura responder é como o Espírito Santo, Estado que responde por pouco mais de 2% da economia brasileira, poderá promover sua própria agenda de competitividade, minimizando a dependência da pauta nacional. O Espírito Santo possui boa localização e um desenho logístico favorecedor do comércio local e internacional. Vem diversificando sua economia e agregando novos arranjos produtivos à sua estrutura econômica. Por isso, a qualificação dos serviços logísticos e a melhoria da infraestrutura são fortes candidatos a impulsionar o setor privado e a geração de empregos e renda. 31 Na construção desta agenda é impossível também passar ao largo do ajuste das contas públicas, de políticas sociais efetivas – saúde, educação e segurança em especial –, da promoção da inovação, da melhoria no ambiente de negócios, e dos avanços na infraestrutura. Mas como financiar tais avanços na atual conjuntura de perda de confiança e escassez de capitais? Aqui, as parcerias público-privadas podem ser uma resposta não apenas para a atração de recursos, mas também para o compartilhamento da gestão onde as amarras do estado são apertadas demais. Um importante tema para a construção de um Espírito Santo competitivo passa pela busca de fontes privadas de financiamento capazes de complementar e de alavancar as fontes públicas existentes e, atualmente, muito escassas. Nos próximos anos, a recuperação da capacidade de investir com recursos próprios deverá estar casada com a atração de fontes privadas, remuneradas no longo prazo, para assim dar conta de atender ao maior número possível de projetos. Além da complementação de fontes públicas, será necessário buscar um bom desenho de contratações – seguro do ponto de vista jurídico e atrativo do ponto de vista financeiro – de obras, concessões e serviços, e um banco de projetos estruturado para seleção de prioridades segundo as taxas de retorno obtidas. A direção para avançarmos mais rápido na infraestrutura, portanto, é a atração de recursos privados, por meio da disponibilidade de bons projetos, capacidade de selecionar e atrair investidores com segurança na contratação e, quando for o caso, permitir a complementação do financiamento privado com recursos públicos. E assim, ainda liberar recursos públicos para investimentos nas funções precípuas do Estado. s Foto: Gabriel Lordêllo Infraestrutura e Logística Infraestrutura e logística são desafios cruciais O Espírito Santo precisa de investimentos em todos os modais para que possa potencializar seu perfil como centro logístico do comércio nacional e internacional. O Espírito Santo ocupa um local privilegiado no cenário geoeconômico brasileiro. Está situado entre grandes Estados do Sudeste, com fronteira para o Nordeste e possui um amplo litoral para conectar o centro do país com o Oceano Atlântico. Porém, essas vantagens por si só não significam transformar a potencialidade em realidade e os especialistas garantem: o Espírito Santo pode mais. Os problemas já são conhecidos, assim como muitas das soluções apontadas para resolvê-las. Para Marcílio Machado, presidente do Sindicato do Comércio de Importação e Exportação do Espírito Santo (Sindiex), o Espírito Santo apresenta gargalos em todos os modais: rodoviário, portuário, ferroviário e aeroportuário. “Infelizmente não há muitos caminhos para resolver as barreiras logísticas do Espírito Santo. Dependemos de boa vontade política e de recursos para a efetivação dos projetos de expansão”, considera Machado, lembrando que, de 2000 a 2013, o Estado caiu da sétima para a nona posição entre os maiores importadores das unidades da federação. Marcos Guerra, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), questiona que o dinheiro que o capixaba envia aos cofres federais não retorna em forma de investimento. O dirigente acredita que o Estado teria condições, não só de ser mais eficiente, como de transportar produção de Minas Gerais e da “É necessário expandir, investir e dar mais competitividade ao comércio exterior do Espírito Santo”. Marcílio Machado, presidente do Sindiex 32 Região Centro-Oeste, se tivesse portos públicos. “O ES é muito eficiente no transporte de minério, por exemplo. Mas quando se trata de cargas públicas, nós precisamos avançar”, avaliou. Em relação aos novos portos privados, tanto Guerra como Machado reclamam a necessidade de mais um para movimentação de contêineres e cargas gerais, já que há dificuldade e morosidade nas operações de comércio exterior. O presidente do Sindiex lembra que os portos especializados são privados e têm como prioridade atender sua produção, seja de minério, de aço ou de celulose, recebendo investimentos constantes para operacionalizar o negócio da indústria. “Para cargas gerais, principalmente contêineres, não há muita alternativa no Espírito Santo. Sem investimentos, não há linhas disponíveis, fazendo com que as operações sejam efetuadas por outros portos brasileiros. Mais da metade das exportações de café e rochas ornamentais, por exemplo, já são realizadas por outros terminais, como do Rio de Janeiro e de Santos. É necessário expandir, investir e dar mais competitividade ao comércio exterior do Espírito Santo”, afirma Marcílio Machado. A dragagem do Porto de Vitória, prevista para ser concluída em 2016, além da construção do Porto “O ES é muito eficiente no transporte de minério, por exemplo. Mas quando se trata de cargas públicas, nós precisamos avançar”. Marcos Guerra, presidente da Findes Central em Presidente Kennedy, são lembrados como obras de suma importância para melhorar a competitividade dos portos capixabas. Outro investimento considerado essencial para a logística capixaba é a construção da Ferrovia Centro-Atlântica (EF-118), anunciada em 2015 para conectar o Espírito Santo ao Rio de Janeiro pela via férrea, com investimento previsto de R$ 7,6 bilhões. Na questão rodoviária, a duplicação da BR-101 e da BR-262, de responsabilidade do governo federal, parece estar sendo encaminhada, porém a passos lentos. Enquanto isso, o governo estadual anunciou que pretende buscar recursos privados para melhoria de cerca de 800 quilômetros de estradas capixabas. “Devemos realizar um chamado ao setor privado para que ele avalie uma concessão ou parceria público-privada na área rodoviária para ampliação, duplicação e melhoria das rodovias estaduais, melhorando nossa plataforma logística e avançando em nosso desafio pela competitividade”, disse o secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Faria de Azevedo. A expansão do aeroporto de Vitória é um caso emblemático de atraso das obras que se estende ao longo do tempo, fazendo com que o Estado perca a oportunidade de uma inserção mais competitiva no mercado nacional e internacional. “É claro que a demora em finalizar o projeto acarreta em prejuízo ao setor e ao empresariado. Ficamos de mãos atadas”, diz Marcílio Machado, do Sindiex. No âmbito estadual, a novidade é o anúncio recente das obras de ampliação do Aeroporto de Linhares, que faz parte do plano de ampliar a plataforma logística nos polos de desenvolvimento no interior. “Por sua importância e características, o aeroporto acaba transcendendo o município de Linhares e impacta positivamente nas cidades vizinhas. É mais uma importante conquista em nossa infraestrutura, com um equipamento regional que dará mais competitividade para essa importante e potencial região de nosso Estado”, disse o governador Paulo Hartung. >Portos Secos (EADI) Localização geográfica privilegiada Empresa com Know-how Cadeia especializada de serviços de suporte ao comércio exterior coimex 750.000 m2 terca 530.000 m2 silotec 300.000 m2 Área retroportuária - mais de 1.500.000 m2 33 Ele considera que a iniciativa privada não deve ficar esperando que esses entraves sejam resolvidos pelo setor público. “Os empresários de sucesso em grande parte do mundo interagem para buscar soluções dos seus problemas por meio da trocas de ideias, informação e conhecimento”, disse. Para ele, o papel do setor público deve ser de garantir um ambiente com redução de burocracia e exigências exageradas no qual o empreendedorismo possa florescer. “Se a iniciativa privada puder vislumbrar um ambiente de negócios favorável para o setor, as soluções irão aparecer e serão implementadas”, afirmou. Outro tema importante que tem a ver com o bom funcionamento e competitividade das empresas capixabas é a disponibilidade de acesso a recursos como água e energia elétrica. A escassez de “Se a iniciativa privada puder vislumbrar um ambiente de negócios favorável para o setor, as soluções irão aparecer e serão implementadas”. Paulo Hartung, governador água é uma realidade em certas regiões, especialmente no Norte do Estado, situação que se agrava no momento com o desastre socioambiental que afeta fortemente o já combalido Rio Doce. O custo da energia elétrica tem sido outra preocupação do empresariado. “Em alguns Estados, o custo da energia nos últimos 11 meses do ano teve aumento de cerca de 93% a 94%. Isso inviabiliza totalmen- te o curso de alguns produtos no mercado nacional e internacional”, observa Guerra, da Findes. Para ele, é importante que os recursos investidos no Espírito Santo nesse sentido, estejam sintonizados com as novas tendências mundiais, que incluem energias renováveis como fontes de energia solar e eólica, ainda muito pouco desenvolvidas no Estado. Marcos Guerra reafirma a importância dos investimentos privados para impulsionar os investimentos, tendo em vista as dificuldades do poder público em investir de forma mais robusta. Porém, lamenta que nem sempre há condições adequadas. “O setor privado precisa ter segurança jurídica. Se na apresentação de um projeto, o empresário não tiver clareza e segurança, ou mesmo se não enxergar resultados para ter retorno do capital investido, ele simplesmente não vai arriscar de entrar”, diz , citando, ainda, as dificuldades burocráticas em torno da concessão de licenciamentos, por exemplo, que por vezes atrasam o início das obras. s “Devemos realizar um chamado ao setor privado para que ele avalie uma concessão ou parceria público-privada na área rodoviária”. José Eduardo Faria de Azevedo, secretário de Estado de Desenvolvimento Infraestrutura e logística Considerando que a infraestrutura e logística são fatores essenciais para o desenvolvimento e inserção do Estado nos mercados nacional e internacional e integração das regiões capixabas de forma equilibrada e sustentável, o que é preciso – e possível – fazer nesta área para tornar Espírito Santo mais competitivo? Os participantes do projeto “Espírito Santo Competitivo” indicam as seguintes alternativas: w Atração do capital privado para investimentos em obras de infraestrutura com regras claras que protejam o investidor e o usuário. wMelhoria das condições das rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, inclusive os regionais. wModernização dos planos diretores municipais e planos 34 viários e de saneamento básico. w Melhoria das redes de energia elétrica e telecomunicações e dados. w Aprimoramento dos sistemas de transportes de passageiros públicos e privados. wMelhoria das condições de transporte de cargas nas rodovias e nos perímetros urbanos. wFortalecimento das cadeias produtivas. wImplementação de plataformas logísticas (centros integrados de transporte e distribuição). w Redução dos custos logísticos. w Viabilização de porto para operação de contêineres. w Buscar alternativas de enfrentamento da crise hídrica. Luiz Wagner Chieppe Presidente do Espírito Santo em Ação Artigo Vencendo os gargalos da logística Para quem depende de logística no Espírito Santo e no Brasil, são fundamentais dois pré-requisitos: otimismo e determinação. No conturbado momento do país, otimismo é fundamental, especialmente pela expectativa (e necessidade absoluta) de um desfecho nesta crise política que atravanca a economia. Como disse o governador Paulo Hartung em recente entrevista, o país não pode ficar paralisado em função de briga política. E precisamos ainda mais de determinação, para continuar cobrando soluções imprescindíveis no campo da logística. Até porque as pequenas, médias e grandes empresas, todas igualmente prejudicadas pela precariedade das condições de nossas estradas, ferrovias, portos e aeroportos, não podem se limitar a reclamações e críticas, e muito menos ficar de braços cruzados. Mesmo neste cenário político atual, não temos outra alternativa a não ser acreditar na transformação e insistir no estudo e na implementação de medidas que são imprescindíveis ao combate dos inúmeros gargalos. Precisamos ter foco para avançar e buscar soluções. preferencialmente, próximos a um aeroporto; e terem conectividade rodoviária e ferroviária, fazendo interligação para dentro e para fora do Estado. Nesse sentido, é importante dizer que, sem essa conectividade sistêmica, um mesmo empreendimento, que a princípio tem tudo para ser catalizador de desenvolvimento, se transforma numa ferramenta de perda de capacidade de atração de negócios, de diversificação econômica e de competitividade. E independentemente da quantidade de portos que venham a ser instalados no Espírito Santo, em médio e longo prazos, todos devem seguir o mesmo conceito, ou seja, de ser uma solução regional, e não apenas local. Os gargalos na infraestrutura capixaba estão entre os assuntos mais recorrentes e debatidos entre as áreas pública e privada nas últimas décadas. Mas a boa notícia é que esses entraves, que tanto brecam o desenvolvimento do Estado, aos poucos caminham para um bom desfecho. Não há dúvidas de que temos necessidade urgente de investimentos em todos os modais, além de projetos modernos que visem à melhoria da mobilidade urbana nas grandes cidades. A concessão da BR 101 à iniciativa privada, que chegou a ser criticada por alguns grupos, mostra resultados inquestionáveis. Colaborou muito com a logística, reduzindo o tempo e o custo de viagem dos caminhões, por exemplo. Um dos pilares do desenvolvimento deve ser os nossos portos, que têm forte poder de atração de fluxos de mercadorias e negócios, com alta geração de empregos e renda, capazes de direcionar e qualificar o desenvolvimento de regiões. E melhor: já gerou cerca de 1.000 empregos e deve gerar outros 1.000 com o início das obras de duplicação da rodovia. Melhor ainda: reduziu em nada menos que 40% o número de mortes na BR 101. Porém, para que cumpram seu papel de maneira eficaz, eles precisam seguir o exemplo do bem adotado modelo de Verona: devem estar integrados a um centro logístico, a um parque fabril e a um centro de abastecimento; estar, A situação da BR 262, outro gargalo histórico dos capixabas, precisa igualmente de solução. Mas não nos falta otimismo para acreditar que os entraves serão superados e que, a exemplo da BR 101, em breve veremos uma estrada 35 melhor, que contribua com o modal rodoviário e, principalmente, fique mais segura para os seus usuários e gere empregos em todo o seu processo de melhoria, ampliação e duplicação. Animadora é a perspectiva do Governo do Estado de implementar a concessão de trechos rodoviários na região de Cachoeiro, Colatina e Aracruz. Esta é uma decisão adequada em razão da necessidade absoluta de melhoria de nossa infraestrutura. Outros dois “entraves” velhos conhecidos dos capixabas, o porto e o aeroporto, também estão vivendo na esperança de dias melhores. O Porto de Vitória está recebendo investimentos que, sem a menor dúvida, ampliarão sua produtividade e, consequentemente, sua eficiência. Temos também bons e importantes projetos para as regiões o Sul e Norte, bem consolidados. Estes grandes empreendimentos serão de fundamental importância para o Espírito Santo, com alta capacidade de geração de renda e de oportunidades de trabalho, e com grande potencial para viabilizarem ainda um outro projeto, importantíssimo, a ferrovia F118, que liga Vitória ao Rio. E o Aeroporto Eurico Salles ganhou outro cronograma, assim como o de Linhares. Juntas, essas notícias mostram que a já famosa agenda velha do Espírito Santo começa a destravar. Se olharmos para trás, não teremos dúvidas de que conseguimos evoluir. Mas diante das perdas que tivemos em função do ostracismo logístico que vivemos ao longo de décadas, é inconcebível pensar que esse jogo está ganho. Muito pelo contrário! Agora é a hora de focar em planejamento, fazer acontecer os projetos que estão em curso e garantir nosso desenvolvimento sustentável em curto, médio e longo prazos. Felizmente, vivemos hoje no Estado um momento que nos permite planejar, analisar e realizar. Bem diferente de passado já distante, quando não tínhamos uma direção que nos indicasse para onde ir. Aliás, foi diante dessa necessidade que nasceu o Plano Estratégico ES 2025, desenvolvido pelo Governo do Estado, em parceria com a iniciativa privada e participação da sociedade, que depois foi revisado e se transformou em ES 2030. Em linhas gerais, esse plano estratégico possibilita o direcionamento dos investimentos de forma integrada, preconiza a descentralização e o direcionamento do desenvolvimento capixaba. Além disso, foi a partir do ES 2025 que chegou-se ao Peltes, nosso Plano Estratégico de Logística e Transportes do Espírito Santo, que também trouxe indicadores de crescimento e apontou soluções para sanar os entraves que retardam nossos avanços. O Peltes, a exemplo do 2025 e do 2030, contou com o empenho e participação efetiva em todas as fases do Espírito Santo em Ação, organização criada em 2003 exatamente com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do Estado. Existe, hoje, um cenário positivo que nos faz ter boas perspectivas quanto às grandes demandas logísticas do Estado. Depois de muito apontar os problemas, as ações – ao que tudo indica – passam a fazer parte do dia a dia do Estado. E esse movimento, por si só, é uma conquista. Porém, ainda há muito mais o que fazer. Nossa grande missão é deixar para as gerações futuras um legado melhor do que recebemos e que nos deixou estagnados por tanto tempo, mesmo diante de todas as potencialidades históricas que possuímos. s “Os portos devem estar integrados a um centro logístico, a um parque fabril e a um centro de abastecimento, estar preferencialmente próximo a um aeroporto e terem conectividade rodoviária e ferroviária”. 36 José Eduardo Azevedo Secretário de Estado de Desenvolvimento Artigo Integração competitiva: chave para um desenvolvimento equilibrado O desenvolvimento econômico de uma região, seja município, estado ou país, depende, dentre outros fatores, dos recursos ali existentes e da possibilidade de criação de novos. Estes recursos devem ser capazes de permitir o desenvolvimento das atividades já exploradas, mas também de ampliar e atrair novos projetos que gerem mais emprego e renda para a economia local. Nesse contexto, os investidores e empreendedores tendem a aplicar seu capital em localidades que apresentem melhor e mais confiável ambiente econômico e político além, obviamente, de outros recursos necessários ao desenvolvimento dos negócios. Por um lado, há recursos que são facilmente mensuráveis: localização geográfica; infraestrutura logística, como rodovias, ferrovias, aeroportos e portos entre outros equipamentos; sistemas de comunicação; energia; água; instituições e capital humano de qualidade, entre outros. No entanto, há aqueles recursos que não são tão 37 facilmente mensuráveis, como o dinamismo ou potencialidade da economia local, imagem da região, qualidade da administração pública e sua disposição para geração de um ambiente de negócios favorável, qualidade das entidades privadas e das instituições científicas, etc. O desenvolvimento econômico corresponde ao resultado do conjunto de todas as ações realizadas pelos seus mais evidentes agentes, incluindo o setor produtivo e o Estado constituído, bem como outros com funções específicas, como qualificação, crédito, promoção, entre outros, que buscam, cada um à sua forma, aumentar o grau da competitividade da economia local. Com efeito, todos estes recursos, mais ou menos mensuráveis, são produzidos ou geridos por instituições públicas ou privadas, direta ou indiretamente, e, de fato, constituem um conjunto integrado por fatores e atores cuja atuação determina a capacidade competitiva da economia local ou regional. Assim, os esforços empreendidos para aumentar a competitividade da economia local não podem prescindir de uma atuação sistêmica. Ou seja, a competitividade da economia local é verdadeiramente sistêmica na medida em que resulta da interação e integração de todos os seus fatores e atores e onde o resultado final é sempre maior que a soma das partes. Isto vale, obviamente, para o bom e para o mau resultado. Em termos locais, resulta compreender que não basta que tenhamos uma localização geográfica privilegiada e equipamentos adequados de infraestrutura logística por exemplo, se outros fatores não estiverem também adequados. Mas também não basta ter todos os fatores e todos os atores adequados, em qualidade e quantidade, se os atores não estiverem integrados entre si. Bons fatores de desenvolvimento e atores qualificados por si só não são suficientes para tornar uma economia local mais competitiva no mundo moderno, global e cada vez mais competitivo. A qualidade das relações funcionais entre atores e fatores é determinante para a obtenção do resultado final esperado, que neste caso é tornar a economia capixaba competitiva promovendo, consequentemente, a sua inserção nos mercados nacional e internacional. Cabe, no entanto, destacar que tal integração e interação permanentes não ocorrem sem uma governança estruturada, que seja capaz de colocar esses atores do desenvolvimento econômico do Estado em torno de uma mesma “mesa”, para: •Pactuar a integração das ações de cada um entre todos os demais; •Alinhar a atuação de cada ator com foco nos objetivos e metas estabelecidos para a economia estadual (resultado do sistema); •Acompanhar e avaliar a evolução de indicadores previamente estabelecidos para corrigir rumos e eventualmente posturas dos agentes; •E, por fim, solucionar problemas de relações funcionais existentes entre os agentes e adotar medidas inovadoras para superação de obstáculos novos que venham a se apresentar. Tal proposta encontra respaldo no próprio planejamento estratégico do Espírito Santo que apresenta como uma de suas sugestões o fomento do ”uso de estratégias de governança como fóruns, comitês, câmaras, grupos de trabalho ou mesmo acordos de cooperação e parceria”. Não obstante, temos que ter em mente que quando falamos do Espírito Santo devemos lembrar que nosso Estado possui grande vocação para o desenvolvimento e para a competitividade, tendo em vista os fatores e atores aqui presentes, e é reconhecido no cenário nacional como uma ótima oportunidade de investimento para empresas de diversos segmentos. As razões para isso são várias: vão desde a localização privilegiada, passando por um histórico de estabilidade política e fiscal, até a adoção de uma política que preza pelo crescimento equilibrado, sustentável. Com esta visão o Governo do Estado destacou, entre seus projetos estruturantes, a melhoria no ambiente de negócios, visando atrair cada vez mais empreendimentos que criam oportunidades para nossa economia. Uma gestão organizada permite um crescimento equilibrado e melhor desempenho tanto para o serviço público como para as empresas em questão. A integração competitiva, numa perspectiva sistêmica, é certamente um caminho mais seguro que poderá levar “o Espírito Santo a ser cada vez mais uma referência de competitividade, organização, desenvolvimento e qualidade de vida para seus cidadãos”. s “A qualidade das relações funcionais entre atores e fatores é determinante para tornar a economia capixaba competitiva e inseri-la nos mercados nacional e internacional”. 38 REVISTAS DIGITAIS DE A GAZETA Você bem informado todos os 365 dias do ano. Com as revistas digitais de A Gazeta, você fica bem informado a qualquer hora e em qualquer lugar. Com conteúdos diversificados, atualizados e fáceis de ler, elas estão ainda mais interativas, com vídeos, mapas, entrevistas e muito mais. Tudo isso disponível gratuitamente para você no maior portal de conteúdo do Espírito Santo: o Gazeta Online. Acesse e aproveite. gazetaonline.com.br/especiais Conteúdos disponíveis onde e como você quiser.