Projeto de Marketing TV Gazeta-ES
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2015
Economia
Capixaba
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Nº 01
O que é preciso - e
possível - fazer para
tornar o Espírito Santo
mais competitivo?
wEducação
wTecnologia e Inovação
wQualidade das Instituições
/ Governança
wInfraestrutura e Logística
wFinanciamento e
Investimento
Sumário
Qualidade das Instituições/Governança
24 Melhorar as instituições para ser
mais competitivo
Editorial
05 Para um novo tempo,
uma nova agenda
Depoimentos
06 Participantes dos workshops avaliam
o projeto ES Competitivo
Artigo - Ouvindo empresários de outros
27 Estados e estrangeiros - Odilon Borges
Júnior, Consultor Empresarial
Artigo - Em busca da competitividade
31 perdida - Ana Paula Vescovi, Secretária
Artigo - O tempo da competitividade
de Estado da Fazenda
07 Paulo Hartung, Governador
10
12
Infraestrutura e Logística
32 Infraestrutura e logística são
ES Competitivo
desafios cruciais
Cachoeiro de Itapemirim
O começo de tudo
ES Competitivo Colatina
Como tornar o Espírito Santo
mais competitivo?
Educação
16 A educação que precisamos para
a sociedade que queremos
Entrevista - As escolas públicas
19 estão estagnadas - Aridelmo
Teixeira, Cofundador da FUCAPE
Artigo - Vencendo os gargalos da logística
35 Luiz Wagner Chieppe, Presidente do
Espírito Santo em Ação
Integração competitiva - José
37 Eduardo Faria de Azevedo, Secretário de
Estado de Desenvolvimento
Artigo -
08
14
ES Competitivo
Linhares
Tecnologia e Inovação
20 Um novo paradigma para o
A Integração
Competitiva e o
Custo Espírito
Santo em debate
desenvolvimento
23
Artigo - Inovação efervescente
Evandro Millet, Consultor
Expediente
28
O Projeto
Financiamento
e Investimento
Por um Espírito
Santo mais
competitivo
Projeto de Marketing TV Gazeta-ES
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Atrair capital
privado
pode ser um
caminho
2015
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Nº 01
Diretor Geral: Carlos Lindenberg Neto • Diretora Desenvolvimento Institucional: Letícia Lindenberg
Diretor Executivo de Televisão: Celso André Guerra Pinto • Diretor Regional Norte e Noroeste: Carlos Eduardo Pena
Diretora Regional Sul: Maria Helena Vargas de Azevedo • Diretor Corporativo de Jornalismo: Abdo Chequer Bou-Habib
Diretor de Mercado: Márcio Chagas do Nascimento • Gerente Comercial TV Gazeta: Felipe Huback Fernandes • Gerente
de Marketing: Bruno Araújo Pereira • Analista de Comunicação: Deisy Pimentel Nespoli • Assistente de Marketing:
Rafael dos Santos Pereira • Jornalistas Mediadores: Mário Augusto da Silva Bonella e Vinicius Baptista dos Anjos • Gerente
de Relações Institucionais: Luciane Ventura • Editor Chefe Telejornalismo G1/GE: André Luiz de Faria Junqueira
Editor Chefe Redação Integrada: André Hees de Carvalho • Editora Executivo: Fernanda de Queiroz Castro Mocelin
Jornalista responsável: José Carlos Corrêa
Textos, edição e revisão: Mile4 Assessoria de Comunicação - 3205-1004
Editoração e projeto gráfico: Comunicação Impressa - 3319-9062
4
Carlos Fernando Lindenberg Neto
Diretor-Geral da Rede Gazeta
Editorial
Para um novo tempo, uma
nova agenda
O
desenvolvimento, na década de
1960, diante do cenário de terra arrasada pós-erradicação dos
cafezais.
Foram muitos os projetos
e campanhas abraçados pela
Rede Gazeta desde então, entre
os quais o “Escalada de Desenvolvimento” (1970), o “Espírito Santo Século 21” (1986) e o
“Espírito Santo na Constituinte”
(1988), só para citar os mais
relevantes. Ao mesmo tempo, a
Rede Gazeta sempre se manteve fiel ao seu propósito de bem
informar o povo capixaba sobre
todos os acontecimentos de seu
interesse, mantendo uma linha
editorial isenta e independente,
tal como ocorreu no final do
século XX e primeiros anos do
século XXI na luta empreendida
pela sociedade contra o crime
organizado que desestabilizava
os rumos do Estado.
No atual cenário de crise
econômica que faz o país retroceder, a Rede Gazeta assume
Foto: Foto Sagrilo
Espírito Santo já viveu muitos períodos de
desenvolvimento e de
crises. Desses, os que ocorreram
nas últimas oito décadas contaram com o protagonismo da
Rede Gazeta. De 1928, quando
foi fundado, até 1976, quando
passou a contar com a companhia
da TV Gazeta, o jornal A GAZETA sempre esteve na primeira
fila dos defensores dos interesses do Estado, seja nos ventos
liberais da política de 1930, seja
na busca por novos rumos de
uma vez mais o seu protagonismo histórico para lançar o
desafio de fortalecer a agenda
de desenvolvimento da força
competitiva do Espírito Santo.
A intenção é unir as inteligências vivas do Estado na criação
de propostas que, viabilizadas,
poderão fazer o Espírito Santo
sair na frente no fortalecimento
do parque produtivo e na conquista de investimentos capazes
de abrir novas oportunidades de
trabalho, renda e ascensão social
para os capixabas.
Este é o propósito da TV
Gazeta que lidera, junto com os
demais veículos da Rede Gazeta,
o projeto “ES Competitivo” que
materializa, neste documento,
as suas principais propostas. É
a Rede Gazeta, uma vez mais,
procurando cumprir com o seu
papel de porta-voz dos anseios
dos capixabas, tal como proclamou o seu fundador Thiers
Vellozo em um dia da primavera
de 1928. s
“A intenção é unir as inteligências vivas do Estado na
criação de propostas que, viabilizadas, poderão fazer
o Espírito Santo sair na frente, no fortalecimento do
parque produtivo e na conquista de investimentos
capazes de abrir novas oportunidades de trabalho,
renda e ascensão social para os capixabas”.
5
Depoimentos
Participantes dos workshops
avaliam o projeto ES Competitivo
A Revista ES Competitivo ouviu lideranças das regiões onde
promoveu os workshops para saber suas opiniões sobre a
realização dos debates e expectativas em relação às estratégias
e obstáculos apresentados pelos especialistas para o aumento da
competitividade do Estado.
Alair Giuriato
Presidente da Associação
para o Desenvolvimento de
Linhares (ADEL)
A iniciativa é de extrema
importância, pois apresenta os
gargalos existentes nas regiões para a sociedade. Quando
esse assunto entra em pauta
e é discutido entre sociedade e órgãos governamentais,
aumentam as chances de resolver essas questões.
Geraldo Magela
Presidente da Federação das
CDLs do Espírito Santo
Os palestrantes foram
bem selecionados e as abordagens pertinentes. Agora,
devemos aprofundar os assuntos e buscar soluções para
os gargalos que nos colocam
numa velocidade lenta de desenvolvimento, quando temos
necessidade de ir mais rápido.
José Bessa
Presidente do Movimento
Empresarial Sul do Espírito
Santo (MESSES)
O projeto tem a importância de fomentar a estrutura logística para o desenvolvimento
6
sustentável da região Sul do
Estado. Além disso, sensibiliza
o empresariado local para a
participação no associativismo
e desperta o espírito público
de todo cidadão.
Liemar Pretti
Presidente do Sindicato das
Empresas de Transportes
de Cargas & Logística no
Estado do Espírito Santo
(Transcares)
O ES Competitivo foi de
suma importância, principalmente, para mostrar ao empresariado a força do Espírito
Santo. O evento mostrou para
formadores de opinião, investidores e outros, que o Estado tem potencial para sair à
frente na virada da economia,
rumo ao crescimento.
Luiz Rigoni
Presidente da Móveis Rimo
Toda iniciativa que busca
o desenvolvimento é muito
importante. O debate foi essencial para pensarmos, junto ao Governo, em projetos
e ações de melhorias para o
desenvolvimento das regiões.
Nossa expectativa é termos
mais acertos e resultados satisfatórios.
Paulo J. do Nascimento
Diretor para assuntos de
desenvolvimento da indústria
capixaba (Findes)
Os debates foram fundamentais. Toda vez que entramos num cenário de busca por
soluções, a região impactada
tende a melhorar. É importante apoiar alternativas que
vislumbrem um futuro mais
positivo. O ES Competitivo veio
para clarear ideias e buscar
soluções para o Estado.
Ricardo Coelho
Secretário de
Desenvolvimento de
Cachoeiro de Itapemirim
O ES Competitivo tem
uma grande importância em
suscitar as potencialidades
da região e socializar a informação, fazendo com que
isso gere oportunidades para
a sociedade.
Ricardo Marim
Presidente da Associação
Empresarial de Colatina e
Região (ASSEDIC)
O ES Competitivo tem expressiva relevância para nossa região e pode contar com
nosso apoio, pois provoca uma
discussão do empresário e da
sociedade, e traz propostas
que visam desenvolver os debates e promover mudanças
de comportamento em todos.
Paulo Hartung
Governador
Artigo
O tempo da competitividade
Hoje não se compete com o
município ao lado, o Estado
vizinho, ou o país fronteiriço.
Todos competem com todos,
fazendo dos diferenciais de
produção com menos custos,
mais qualidade, incremento
tecnológico, customização às
demandas de clientes e agilidade, entre outros, algo decisivo para o vigor empresarial
e a prosperidade das nações.
Em resumo, a competitividade é a capacidade que as
organizações constituem
para, no seu nicho, ter mais
êxito que as concorrentes e
ainda construir meios para
aumentar rentabilidades
que garantam investimen-
tos constantes em inovação.
Para garantir a competitividade, há o que ser feito tanto no
âmbito governamental quanto no âmbito empresarial. Ou
seja, a competitividade deve
fazer parte da cultura das nações.
Do ponto de vista dos governos, são centrais os investimentos em educação
atualizada e eficaz, ciência e
tecnologia. Além disso, são
importantes a estabilidade e
confiabilidade político-institucional, e marcos legais modernos e simplificados quanto à
formalização e condução dos
empreendimentos, incluindo
relações trabalhistas, previdenciárias e tributárias.
Quanto ao empresariado, é
preciso que se invista em métodos modernos de gestão,
capacitação e investimentos
em qualificação de produção
e atendimento às demandas
mercadológicas. Tudo isso de
modo ecologicamente sustentável e tecnologicamente
atualizado.
Mas há um ponto de encontro
entre governo e setor privado
em prol da nossa competitividade. Trata-se de parcerias
público-privadas. E uma primeira agenda dessas parcerias
são os nossos gravíssimos
problemas de infraestrutura
econômica (portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, energia, transmissão de dados e
telecomunicações).
Para enfrentar esse desafio,
é urgente a instituição de um
eficiente e transparente marco regulatório que permita a
atração de capital privado para
viabilizar as obras, algo que o
poder público sozinho não tem
condições de fazer no ritmo e
na quantidade de que necessitamos.
Enfim, nesse mundo-aldeia,
porque globalmente integrado, temos de enfrentar
eficazmente o desafio da
competitividade. E isso não
com o olhar de temor ou desânimo, mas com a crença
em nossas potencialidade e
nossas capacidades de nos
reinventarmos, pois, se a
competitividade é planetária, as oportunidades
também o são. s
“Para garantir a competitividade, há o que ser
feito tanto no âmbito governamental quanto no
âmbito empresarial. Ou seja, a competitividade
deve fazer parte da cultura das nações”.
7
Foto: Renato Vicentini
As tecnologias digitais
de comunicação transformaram efetivamente
a Terra numa “aldeia global”, como previu o filósofo Marshall McLuhan
há mais de 50 anos. De alguma forma, as sociedades
estão vinculadas a um mesmo
movimento planetário de produção, colocando-se como um
dos principais desafios desse
novo tempo à competitividade
em nível mundial.
O Projeto
Por um Espírito Santo
mais competitivo
Nem mesmo o gravíssimo quadro econômico e político nacional deve nos afastar do projeto
de fazer deste Estado, suas empresas e seus cidadãos o melhor a que está destinado.
S
e deixada a pauta livre, são
tantas e tão sobressaltantes
as histórias que brotam diuturnamente da crônica policial,
política e econômica que teríamos
conteúdos fartos para publicação
somente a partir desta lavra. Mas
podemos e devemos impulsionar
debates que elevem o Espírito Santo, Estado de colonização tardia,
de uma economia dinâmica e dono
de condições excepcionais para
brilhar nos cenários nacional e
internacional.
Nem mesmo o gravíssimo
quadro econômico e político nacional deve nos afastar do projeto
de fazer deste Estado, suas empresas e seus cidadãos o melhor
a que está destinado. E é com
este espírito que acreditamos que
trabalhar para o fortalecimento da
agenda de competitividade pode, e
muito, contribuir para abrir portas
e perspectivas para todos, não só
no curto mas principalmente no
médio e longo prazo.
Optamos por envolver as
principais regiões do Estado em
debates locais porque a lógica da
interiorização do desenvolvimento
já vem sendo foco de planos e
ações de governo e seria também
uma oportunidade importante para
ouvir e absorver as contribuições
8
de lideranças de todo o Estado.
Assim fizemos, trabalhando cinco
eixos centrais de discussão:
1 A qualidade das
instituições
São as estruturas que organizam e determinam a qualidade do
ambiente de negócios. Instituições
fortes, ágeis e comprometidas com
o melhor interesse da sociedade
podem, e muito, contribuir para
nossa competitividade. No sentido
oposto, podem também fragilizar
as relações econômicas e políticas.
2Infraestrutura e
logística
Temos claramente mapeado
o que é necessário fazer. Mas a
Celso Guerra
Diretor-Executivo da TV Gazeta
Conexo em alguma medida ao
tópico anterior, porém muito mais
amplo. Não há investimento sem
financiamento e os cofres públicos,
tradicionais fontes de investimento direto ou subsídio à iniciativa
privada, dificilmente terão meios
para seguir financiando o sistema.
4Educação
É a base da construção do
capital humano. Particularmente
5 Tecnologia e inovação
A diferenciação, base da
competição, se constrói a partir
de P&D de materiais, produtos,
métodos de trabalho e até mesmo
novos modelos de negócios. Conectar as diversas pontas, principalmente academia, empresas
e Estado na construção de uma
agenda de alinhamento pode ser
um grande passo para o futuro.
Esperamos que o desdobramento destas discussões e
sua disseminação contribuam de
forma relevante para seu avanço.
Para isto, a Rede Gazeta tem
muito a somar e neste documento
você poderá degustar o resultado
dos seminários, entrevistas, opiniões e textos elaborados pelos
colaboradores do projeto. s
Foto: Chico Guedes
3 Financiamento dos investimentos necessários ao desenvolvimento do Estado:
a formação técnica em todos os
níveis para suportar as principais
cadeias produtivas do Estado.
Esta agenda está diretamente
vinculada à capacidade das empresas melhorarem sua produtividade.
Foto: Gabriel Lordêllo
velocidade e dificuldades de articulação e financiamento para andamento dos projetos são grandes
desafios ainda por vencer.
9
ES Competitivo Cachoeiro de Itapemirim
O começo de tudo
“P
or que Cachoeiro? Cachoeiro de Itapemirim
tem um significado
especial para o Espírito Santo e
também para a Rede Gazeta. Foi
aqui que o Estado começou a se
desenvolver e foi aqui que a Rede
Gazeta iniciou a sua expansão para
o interior do Espírito Santo. Nada
melhor do que iniciar neste local
um projeto que tem como objetivo
contribuir para aumentar o grau de
competitividade da nossa terra”.
Com essa declaração o diretor da TV Gazeta, Celso Guerra,
deu boas-vindas aos participantes
do workshop de Cachoeiro de
Itapemirim do Projeto ES Competitivo, no dia 9 de outubro, no
auditório do Sest/Senat. O projeto, segundo Guerra, pretende, a
partir das contribuições de especialistas, autoridades e lideranças
empresariais e da sociedade civil
organizada de todo o Estado, debater uma agenda que “torne o
Espírito Santo um Estado ainda
melhor para o cidadão capixaba
viver”.
O workshop contou com as
presenças dos secretários estaduais Ana Paula Vescovi e José
Eduardo Faria de Azevedo, do
prefeito de Cachoeiro Carlos
Castiglione, do presidente da
Associação dos Municípios do
10
Espírito Santo, Dalton Perim, e de
importantes lideranças da região.
O jornalista Mário Bonella,
que dirigiu os trabalhos, esclareceu que o Espírito Santo possui
uma economia diversificada, um
complexo portuário de grande dimensão, uma das ferrovias mais
modernas do país e é cortado por
importantes rodovias federais,
além de ser o segundo maior produtor de petróleo e gás natural do
país, e ter localização geográfica
privilegiada próxima dos maiores
centros consumidores. Contudo,
este cenário não tem sido capaz
de se transformar em vantagem
competitiva para as empresas capixabas. “O setor produtivo local
enfrenta obstáculos significativos
que encarecem sua operação e colocam seus produtos em desvantagem com relação à concorrência”,
afirmou. “O que é preciso – e
possível – fazer para inverter esta
equação e tornar o Espírito Santo
mais competitivo?”, questionou
ao explicar que este é o objetivo
Fotos: Renato Vicentini
O consultor empresarial Sérgio Costantini, o conselheiro do CNJ, Luiz Cláudio Allemand,
e o presidente do Sindiex, Marcílio Machado, foram os palestrantes do evento.
Marcílio Machado, presidente do Sindiex
Luiz Cláudio Allemand, conselheiro do
Conselho Nacional de Justiça
Sérgio Costantini, consultor empresarial
biente e das instituições de ensino
do país. Por isso, vejo a pauta
fantástica deste projeto como uma
forma de melhorar o sentimento
de descaminho, falta de condução
e horizonte em que vivemos”,
afirmou.
A programação do evento
teve, ainda, apresentações do
consultor empresarial Sérgio
Costantini, sobre alternativas de
financiamento para novos investimentos; do conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, Luiz
Cláudio Allemand, que tratou da
qualidade das instituições; e do
presidente do Sindiex (Sindicato do Comércio de Importação e
Exportação do Espírito Santo),
Marcílio Machado, sobre as ca-
do projeto ES Competitivo.
Representando o Governo do
Estado no evento, a secretária da
Fazenda, Ana Paula Vescovi, enfatizou que “é urgente estabelecer
uma agenda como essa proposta
pelo projeto”. “Estamos vivendo
um dos cenários mais delicados,
constrangedores, intensos e graves
da economia, política, meio am-
rências da infraestrutura logística
do Estado.
O consultor Sérgio Costantini considerou o momento atual
como “ideal para a construção de
alianças estratégicas” por parte das
empresas. Luiz Cláudio Allemand
defendeu “uma maior segurança
jurídica” para incentivar novos
investimentos. Marcílio Machado,
por sua vez, sugeriu ações para
reduzir a burocracia dos poderes
públicos, dotar o Estado de melhor infraestrutura e modernizar
a operação dos portos.
Os workshops realizados em
Cachoeiro, Colatina e Linhares
forneceram subsídios para o Fórum
de Vitória que marcou o encerramento do ES Competitivo. s
ES Competitivo Cachoeiro de Itapemirim
Data: 9 de outubro de 2015
Local: auditório do Sest/Senat
Palestrantes:Consultor Sérgio Costantini,
Conselheiro do CNJ, Luiz Cláudio Allemand, e
Presidente do Sindiex, Marcílio Machado
11
ES Competitivo Colatina
Como tornar o Espírito Santo mais
competitivo?
Autoridades e lideranças da Região Noroeste participaram do workshop e debateram
uma agenda positiva para a questão da competitividade no Estado.
O
workshop de Colatina
do projeto ES Competitivo contou com as
presenças do governador Paulo Hartung, do prefeito da cidade, Leonardo Deptulsk, dos
secretários de Estado Ana Paula
Vescovi, José Eduardo Faria de
Azevedo, Guerino Balestrassi e
Suely Vidigal, do deputado Paulo
Foleto e de inúmeras autoridades
e lideranças da região. O evento
foi realizado no auditório da Mitra Diocesana, em 6 de novembro,
sob mediação do jornalista Mário
Bonella.
O prefeito Leonardo Deptulsk destacou que “o encontro
promove um diálogo essencial
12
e desperta para a necessidade
de se falar em competitividade
em um cenário de dificuldades”.
O diretor da TV Gazeta, Celso
Guerra, deu as boas-vindas aos
participantes, enfatizando que o
projeto é uma forma de “construir
uma agenda positiva para levar
boas notícias aos quatro milhões
de habitantes do Estado”.
Já o secretário de Estado de
Ciência, Tecnologia e Inovação,
Guerino Balestrassi, comparou o
encontro com a Teoria da Evolução. “Sobrevivem as espécies
mais suscetíveis a adaptações.
Assim é com as empresas, que
precisam se ajustar ao novo cenário que atravessa o país, sendo
a competitividade uma chave para
isso”, destacou o secretário.
“Podemos fazer do limão
uma limonada”
O governador Paulo Hartung
traçou um panorama da economia
e reforçou a importância do capixaba “sair da sua zona de conforto
para enfrentar grandes desafios”.
“Este é o momento de modernizarmos este país, introduzindo
uma agenda de competitividade e
tirando o Brasil dos desvios históricos onde ele transita. Podemos
fazer deste limão uma limonada
e transformar o nosso potencial
em geração de emprego, renda,
oportunidades”, destacou.
Foto: Gildo Loyol
Guerino Balestrassi, secretário de Estado
de Ciência, Tecnologia e Inovação
Fotos: Renato Vicentini
José Antônio Buffon, presidente da Fapes
Hartung ressaltou, ainda, a
necessidade de se investir em
infraestrutura no país, com a
reforma em portos, construção
de aeroportos, rodovias e outros
modais, e citou como desafios a
serem vencidos a organização das
contas públicas e da previdência
pública e privada, a melhoria da
formação dos jovens na educação
básica e a atração do capital privado para as obras de infraestrutura.
A secretária da Fazenda, Ana
Paula Vescovi, fez uma contundente análise do momento econômico nacional e, principalmente,
do Estado. Ela lembrou a história
de Colatina “que se reergueu e
se reconstruiu” das enchentes do
Rio Doce, dos períodos de seca e
da erradicação do café dos anos
1960, e defendeu “uma renovação dos modelos”, as parcerias
público-privadas e a construção
de “um bom ambiente para empresas que não busquem proteção”.
Leonardo Deptulsk, prefeito de Colatina
Aplaudida de pé ao final de sua
apresentação, deixou uma lição
importante para a continuidade
do projeto. “Competitividade é
a saída, contas equilibradas são
o caminho. É assim que a gente
vai chacoalhar o Espírito Santo”,
finalizou.
Ao final da sua participação, foram realizadas as palestras
“Financiamento”, “Educação” e
“Tecnologias e Inovação” com
o consultor empresarial Sérgio
Costantini, o reitor do Instituto
Federal do ES (Ifes), Denio Rebello Arantes, e o presidente da
Fundação de Amparo à Pesquisa
e Inovação do Espírito Santo (Fapes), José Antônio Buffon.
Costantini analisou o atual
contexto macroeconômico do
país e do mundo e dos cenários
de crédito, sugerindo aos empresários que construam “uma agenda
positiva” em conjunto com os governos e busquem alternativas de
financiamento “sem depender das
fontes públicas” já que “os bons
e melhores negócios são feitos
em períodos de crise”. O reitor
Denio Arantes sugeriu a criação de
polos de inovação para aumentar
a competitividade do segmento
produtivo, como fez o Ifes com o
setor de metalurgia. Já o presidente
da Fapes, José Antônio Buffon,
propôs a criação de “estruturas
intermediárias” que possam promover “a desejada aproximação
entre as empresas e a universidade”
para viabilizar pesquisas aplicadas
que gerem inovações. s
ES Competitivo Colatina
Data: 6/11/2015
Local: auditório da Mitra Diocesana
Palestrantes: consultor Empresarial, Sérgio
Costantini; reitor do Ifes, Instituto Federal do
ES, Denio Rebello Arantes; e presidente da
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do
Espírito Santo (Fapes), José Antônio Buffon
13
A Integração
Competitiva e o
Custo Espírito Santo
em debate
Fotos: Renato Vicentini
ES Competitivo Linhares
O debate teve participação de lideranças políticas,
empresariais e da sociedade civil organizada, e pontuou
gargalos ao desenvolvimento e caminhos para a economia.
José Eugênio Vieira, diretorsuperintendente do Sebrae-ES
O
município de Linhares foi sede do terceiro
workshop do projeto ES
Competitivo. Realizado no dia 19
de novembro, no Days Inn Hotel, contou com as presenças de
lideranças políticas, empresariais
e da sociedade civil da região,
além de representantes do poder público, como o governador
Paulo Hartung, os secretários de
Estado José Eduardo Faria de
Azevedo, Regis Mattos Teixeira
e Andréia Lopes, o prefeito de
Linhares Nozinho Corrêa, a deputada Eliana Dadalto e o diretor
do DER, Halpher Luiggi.
Aberto pelo jornalista Vinícius Baptista, editor-chefe da
14
TV Gazeta Norte, o encontro
teve participação também do diretor executivo da TV Gazeta,
Celso Guerra, que recepcionou
os participantes e afirmou que o
projeto é mais uma ação inserida
nos “compromissos da Rede Gazeta de protagonizar boas causas
que contribuam para o desenvolvimento do Estado e criar uma
agenda positiva a partir de um
debate com a participação das
forças vivas da sociedade capixaba”.
O governador Paulo Hartung, antes do seu pronunciamento, reservou uma surpresa para os
participantes do workshop: assinou a autorização para abertura
José Eduardo Faria de Azevedo,
secretário Estadual de Desenvolvimento
Aristóteles Passos Neto, presidente do
Sinduscon
de licitação da reforma do aeroporto de Linhares, que ganhará
uma pista de 1,8 km de extensão e
45 metros de largura, permitindo
o pouso de aeronaves de rotas
comerciais. A obra custará R$
38 milhões, deverá ser iniciada
em 90 dias com término previsto
para junho de 2017.
Para aumentar a competitividade capixaba, Hartung pontuou
a necessidade de “reorganização
das contas públicas de maneira sustentável, reformulação da
previdência pública e privada,
modernização da educação básica com foco no ensino médio
e atração do capital privado para
investimentos em obras de infraestrutura com regras claras
que protejam o investidor e o
usuário”.
Também defendeu a criação
de “um fundo socioambiental de
recuperação do Rio Doce e de
proteção aos que vivem em redor
do rio, como os pescadores”. Para
ele, o Estado tem a oportunidade
de “liderar um modelo de recuperação de bacia hidrográfica que
servirá como referência para o
país”.
O secretário de Estado de
Desenvolvimento, José Eduardo
Azevedo, falou sobre “Integração
competitiva: caminho para o desenvolvimento”, afirmando que o
Governo do Estado elegeu como
“um dos seus projetos estruturantes o que visa à construção de um
melhor ambiente de negócios”,
que aumente a competitividade
das empresas capixabas e atraia
novos investimentos.
ências de infraestrutura, a jurisprudência e o sistema tributário”
como entraves ao aumento da
competitividade e criticou os
cortes anunciados pelo Governo Federal que retira recursos
do Sistema S e dos programas
de apoio às pequenas e médias
empresas.
O empresário Leonardo de
Castro, vice-presidente do movimento empresarial Espírito Santo
em Ação, apontou como exemplo
a ser seguido o Conselho Gestor
Municipal do Desenvolvimento
Econômico (Cogedes), criado no
município de Serra para atrair no-
vos empreendimentos e promover
o desenvolvimento sustentável.
O workshop realizado em
Linhares finalizou a série do
projeto no interior, que incluiu
também Cachoeiro de Itapemirim
e Colatina. s
Leonardo de Castro, vice-presidente do
Espírito Santo em Ação
ES Competitivo Linhares
Data: 19/11/2015
Local: espaço de eventos do Days Inn Hotel
Palestrantes: secretário de Estado de
Desenvolvimento, José Eduardo Faria de
Azevedo
Painelistas: presidente do Sinduscon,
Aristóteles Passos Costa Neto; diretorsuperintendente do Sebrae-ES, José Eugênio
Vieira; e vice-presidente do ES em Ação,
Leonardo de Castro
O Custo ES
No painel “Custo Espírito
Santo”, o presidente do Sindicato
da Indústria da Construção (Sinduscon), Aristóteles Passos Costa
Neto, propôs “um pacto para superar os gargalos que dificultam
a geração de negócios no Estado
reunindo os atores envolvidos na
viabilização de projetos”.
O superintendente do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira,
apontou “a burocracia, as defici15
Educação
educação
A
que precisamos
para a sociedade que queremos
P
Fotos: Renato Vicentini
ara formar melhor as pessoas que vão ocupar os postos
de trabalho no futuro, seja
no Espírito Santo ou em qualquer
lugar do mundo, é importante que
a educação esteja sintonizada com
as mudanças que acontecem nas
relações de trabalho. A avaliação
é de Denio Rebello Arantes, reitor
do Instituto Federal do Espírito
Santo (Ifes): “Essas relações estão
se transformando rapidamente, em
função das novas tecnologias e das
mudanças na sociedade. Espera-se
que os profissionais saibam tomar
decisões complexas, num tempo
cada vez mais curto e que, não raro,
tem impactos na vida de milhares
de pessoas”, avaliou.
“Espera-se que os
profissionais saibam tomar
decisões complexas, num
tempo cada vez mais curto”.
Denio Rebello Arantes, reitor do Ifes
16
O secretário de Estado de
Educação, Haroldo Correa Rocha, considera que nas últimas
décadas o país vem conseguindo avançar na alfabetização e na
universalização do ensino formal,
porém, ainda está longe de vencer
a batalha da qualidade, sobretudo
no ensino médio, que no Espírito
Santo permanece estagnado na
base do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
O que acontece muitas vezes em decorrência da debilidade
do ensino básico é que os jovens,
mesmo tendo hoje uma maior condição de acesso ao ensino técnico
e superior, encontram grande dificuldade de seguir adiante nestes
estudos ou de encarar o desafio
profissional posterior a eles, por
conta do déficit de conhecimento
trazido desde o segundo ciclo do
ensino fundamental. Isso se torna
um problema ainda maior quando,
diante da economia crescente, a
exigência por mão de obra qualificada ganha papel fundamental para
a produtividade e competitividade
no mundo contemporâneo.
“Muitos remendos que em outros tempos surtiram algum efeito,
já não surtem mais. Então a última
alternativa que vejo é reorganizar
Foto: Arquivo
Sempre lembrada como fator essencial para melhorar o país, a educação capixaba
enfrenta os desafios de se adequar ao século 21.
“O Brasil possui uma
legislação que impede os
jovens de trabalhar, mas
que não consegue mantê-los
afastados da criminalidade e
próximos da escola”.
Angela Abdo, consultora
a escola”, diz o secretário, citando
o caso da Escola Viva, a grande
aposta do Governo Estadual para
reverter este quadro. Segundo Rocha, a Escola Viva trabalha com
outro currículo, em que o projeto
de vida elaborado pelos jovens faz
parte da construção da escola.
Dentro deste novo entendimento, Haroldo Rocha aponta que
a escola deve se dedicar não só aos
ensinamentos cognitivos como
português, matemática e ciências,
mas também à formação socioemocional do estudante. “Além disso,
também há competências híbridas, como a criatividade, o pen-
Foto: Gabriel Lordêllo
produtivo, apesar dos gargalos
existentes, geralmente associados
aos investimentos necessários para
montar a infraestrutura de pesquisa
e desenvolvimento de soluções nas
empresas. “As parcerias permitem
que possamos atuar atendendo a
essa demanda, com o conheci“Muitos remendos que em
outros tempos surtiram algum
efeito, já não surtem mais. A
última alternativa que vejo é
reorganizar a escola”.
Haroldo Correa Rocha, secretário
Estadual de Educação
Fotos: Nestor Muller
samento crítico. Não basta manter
o mesmo currículo e inserir em
algum momento uma aula sobre
empreendedorismo. O currículo
deve incorporar ao ensino teórico
a atividade prática de forma que se
impulsione o jovem no campo da
investigação, na busca de aprendizado, o que também fomenta sua
vontade de empreender”, disse.
De acordo com Denio Arantes, o foco da educação profissional
e tecnológica dos Institutos Federais é uma formação de cidadãos
preparados para o mundo que
inclua a educação profissional,
numa perspectiva que se opõe à
simples formação para o mercado
de trabalho, incorporando valores
ético-políticos e conteúdos histórico-científicos que preparam os
alunos para atuar e transformar
sua realidade e a sociedade na qual
estão inseridos.
O reitor pontua a necessidade
de aproximar a educação do setor
17
mento de nossos pesquisadores e
a infraestrutura laboratorial que
dispomos. Esse modelo tem alcançado sucesso nos últimos editais
de pesquisa aplicada e soluções
tecnológicas, da qual somos Polo
de Inovação, que passou a funcionar recentemente e já tem projetos
sendo desenvolvidos com as empresas”, explica.
Entre os desafios para a educação capixaba, sobretudo no setor
público, Roberto Garcia Simões,
professor da Ufes e articulista de
A Gazeta, cita cinco pontos importantes: redução progressiva do
número de docentes em designação
temporária (DT’s); formação e capacitação permanente de gestores
escolares, com processo de escolha
democrática e descentralização das
decisões; planos educacionais baseados em avaliações, elaborando
metas para cada escola; integração
entre conteúdos locais e globais
e entre formação profissional e
Foto: Fabio Vicentini
cidadania; e oferta de apoio complementar aos alunos em contexto
de pobreza, visando reduzir as desigualdades de rendimento escolar
dentro da mesma rede.
Para a consultora Angela
Abdo, “um dos quesitos para o
Brasil formar melhores profissionais é investir no mínimo cinco
vezes para obter uma base de mão
de obra especializada que consiga concorrer com a mão de obra
estrangeira”. E critica “o baixo
investimento em ciência e tecnologia”: “o Brasil possui uma
legislação que impede os jovens
de trabalhar, mas que não consegue
mantê-los afastados da criminalidade e próximos da escola, o que
cria um grande apagão de mão de
obra preparada”, diz. “O Brasil
precisa inovar na educação, com
trilhas de aprendizado diferenciado, permitindo o sucesso dos
nossos jovens na vida estudantil
e profissional”, conclui ela. s
Educação e capacitação profissional
Quais são os avanços e adequações necessários ao nosso sistema educacional público e privado,
de forma a prover uma formação técnica consistente em todos os níveis? O fortalecimento do
capital humano capixaba é condição básica para a sustentação da produtividade e qualidade
das cadeias produtivas capixabas. O que pode – e deve – ser feito para aprimorar o sistema
educacional e de capacitação profissional de forma a que ele amplie a sua contribuição na
melhoria dos níveis de competitividade do Estado? Os participantes do projeto “Espírito Santo
Competitivo” indicam as seguintes alternativas:
w Formação escolar de qualidade
em todos os níveis.
wÊnfase na modernização da
educação básica com foco no
ensino médio e técnico.
w Formação técnica para microempreendedores da comunidade.
wTreinamento e reciclagem da
mão de obra empregada.
w Integração da formação e capacitação continuada de gestores
escolares.
wApoio complementar aos
alunos (de dever de casa e
elaboração de trabalhos) em
contexto de pobreza visando
18
a reduzir as desigualdades de
rendimento escolar no interior
da mesma rede.
w Ampliação da rede de escolas
de tempo integral.
wFomento de programas que
visam aumentar o envolvimento da família do aluno com o
ambiente escolar como o “Coordenadores de Pais”.
wProfissionalização da gestão
escolar com utilização de pessoas capacitadas para a tarefa,
aprimoramento dos controles
dos processos e dos resultados
de aprendizagem.
w Redução progressiva da quantidade de docentes temporários
(DTs) e ampliação do quadro de
efetivos, para reduzir a taxa de
rotatividade docente nas escolas com valorização continuada
da remuneração do professor
para tornar a carreira atraente.
wImplementação de currículos
organizados por áreas de conhecimento.
w Possibilitar aos alunos o acesso
às novas tecnologias de comunicação e informação para
que possam ser aplicadas ao
processo educativo.
Aridelmo Teixeira
Professor, Doutor em Controladoria e
Ciências Contábeis, Cofundador da FUCAPE
Entrevista
As escolas públicas estão estagnadas
Há um abismo entre o ensino privado e o público no Brasil
As escolas públicas estão preparadas para
atender às demandas da sociedade e do
mercado de trabalho por conhecimento e
formação para o mundo contemporâneo?
Se observarmos os últimos IDEBs – Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica, as escolas
públicas estão praticamente estagnadas. Considerando que o conhecimento avança a uma velocidade
nunca vista antes, a tendência é que fique cada
vez mais distante se de fato uma revolução não
for implementada. Não é uma melhoria pontual, e
sim uma revolução que precisa ser feita.
As inovações social, tecnológica e pedagógica são a chave para a evolução da
educação?
Na realidade, no estágio em que a nossa educação pública se encontra, eu diria que antes de pensar
em inovar tecnologicamente, nós temos que fazer o
básico, que é a gestão, com qualidade, dos recursos
já disponibilizados às escolas. A maioria das escolas
públicas não dispõe dos requisitos mínimos de gestão,
no sentido moderno. Gestão amparada apenas na
boa vontade e no esforço individual, sem formação de
qualidade específica para gerir os recursos de forma
eficiente e eficaz, é, literalmente, queimar dinheiro
público. Ou seja, a primeira evolução que as escolas
públicas precisam fazer é quanto ao emprego correto
dos recursos já existentes. É necessário um plano de
curto, médio e longo prazo, que passa primeiramente
por organizar o ambiente escolar para que ele esteja
apto a efetivamente receber tecnologias.
Essas habilidades, assim como currículo
ajustado ao perfil do aluno e competências socioemocionais, estão incluídas nas
orientações pedagógicas das escolas públicas e privadas?
Considerando os dados do IDEB, na média, as
escolas privadas estão muito mais aptas do que as
públicas. Existe um abismo entre o ensino privado
e o público no Brasil. O currículo, neste caso, nada
mais é do que um meio de se atingir o fim esperado. E, essa ferramenta sozinha não faz sentido.
Somente fará quanto estiver conectada com o
objetivo estabelecido para toda a rede escolar.
Como capacitar os educadores para fazerem parte das mudanças necessárias para
assegurar às crianças e jovens, educação
de qualidade?
A revolução deve começar primeiro nos cursos
de pedagogia. A maioria deles é, hoje, na realidade,
curso de ideologia político-partidária, e, ainda por
cima, de qualidade, no mínimo, questionável. Ou seja,
com determinados vínculos a ideologias partidárias
e não à formação de indivíduos com liberdade de
pensamento, condição necessária para conduzi-los
ao desenvolvimento da habilidade de inovar. Portanto,
mister se faz a reformulação na forma de educar.
Eliminar a metodologia da imposição de pensamentos
e doutrinas e promover as possibilidades de escolha
entre alunos e suas respectivas famílias.
Essas mudanças estruturais significativas estão tendo eco junto ao governo,
educadores e alunos?
Sim. Já é notável que prefeitos e governadores,
empresários e a sociedade civil organizada, com
destaque para pais e alunos, aqui no Estado, estão
pensando de forma diferente, montando escolas de
padrão diferente, onde o principal elemento
a receber 100% das atenções é o aluno,
o estudante. Conquistas na educação
somente podem ser assim denominadas
aquelas que são voltadas exclusivamente
para a razão de ser das escolas públicas,
ou seja, o cidadão aluno. s
“antes de pensar em inovar tecnologicamente, temos
que fazer o básico, que é a gestão, com qualidade, dos
recursos já disponibilizados às escolas”.
19
Tecnologia e Inovação
Um novo paradigma para o
desenvolvimento
Promoção de cooperação entre instituições para articular e desenvolver ciência, tecnologia
e inovação é uma estratégia para alavancar a competitividade.
N
a sociedade do conhecimento, o desenvolvimento e a competitividade respondem cada vez mais
à tríade Ciência, Tecnologia e
Inovação (C,T&I). José Eugênio
Vieira, diretor-superintendente
do Sebrae-ES, lembra que momentos de economia em retração
como o que vivemos também são
propícios para aflorar a criatividade e inovação na busca de
alternativas para melhorar as
empresas.
“A geração e o uso do conhecimento na prática são fatores que dão competitividade,
reduzem custos de produção,
geram empregos mais qualificados e, fundamentalmente,
melhoram a qualidade de vida
das pessoas”, garante Wanderley Stuhr, diretor-presidente do
Instituto Capixaba de Pesquisa,
Assistência Técnica e Extensão
Rural (Incaper).
A articulação destes, longe
de ser um processo simples, exige um grande esforço conjunto
entre o poder público, o setor
produtivo privado e os centros
de produção de saber científico. “O espaço preferencial da
ciência é a universidade, da
20
tecnologia é o instituto, e da
inovação é a empresa. Para fazer
ciência é preciso ter pesquisa,
para produzir tecnologia tem que
ter desenvolvimento e para ter
inovação precisa de engenharia”, resume José Antônio Bof
Buffon, diretor-presidente do
Fundo de Amparo à Pesquisa
e Inovação do Espírito Santo
(Fapes).
Um tema muito discutido
neste sentido é a relação entre
a academia e o setor produtivo.
Buffon problematiza o fato de
que universidade e empresas
possuem tempos, linguagens e
propósitos próprios, diferentes
um do outro. Para ele, a melhoria
desse tripé demanda justamente
da criação de outras instituições
que possam fazer o diálogo com
ambas - academia e empresas -,
tais como fundações, institutos,
incubadoras, aceleradoras e órgãos como a Fapes e o Sebrae.
No Espírito Santo, este ambiente de cooperação interinstitucional ainda é incipiente, mas
vem se consolidando nos últimos
anos. Para Buffon, os espaços
interinstitucionais precisam ser
horizontais e de cooperação,
como destaca o Conselho Temático de Política Industrial e
“As competências
institucionais devem estar
associadas às demandas
e expertises do setor
produtivo”.
Foto: Edson Chagas
Wanderley Stuhr,
diretor-presidente do Incaper
Inovação Tecnológica (Conptec), impulsionado pela Federação das Indústrias do Estado
do Espírito Santo (Findes), mas
com participação de diversas
entidades relacionadas com o
setor.
“As competências institucionais devem estar associadas às demandas e expertises
do setor produtivo para que as
respostas, os resultados práticos,
ganhem em velocidade e estejam
em sintonia com a realidade do
setor”, afirma Wanderley Stuhr.
Buffon analisa a economia
capixaba entre dois pilares. Um
deles, formado pelos grandes
projetos industriais, que aglutina
diversos fornecedores locais, parece com tendência a se estabilizar. No outro há uma infinidade
de iniciativas de menor porte,
com destaque ao agronegócio
e alguns arranjos produtivos regionais bastante fortes, como
é o caso da indústria têxtil em
21
Colatina, moveleira em Linhares e do mármore e granito em
Cachoeiro de Itapemirim.
“Então são esses dois pilares que nós temos fortes: o que
deriva dos grandes projetos e o
que emerge do local. Entre esses
dois mundos há certo abismo
porque são poucos os casos de
integração entre as duas, baseado em fatores intangíveis,
num processo de inovação, pesquisa e ideias. Esse é o modelo
do Vale do Silício e da Coreia,
por exemplo”, destaca o diretor-presidente da Fapes.
Importante lembrar também que a inovação não vem
apenas da indústria. “Aliás, o
Brasil é um dos países mais inovadores do mundo no setor do
agronegócio”, aponta Buffon.
No Espírito Santo, destacam-se
as pesquisas e projetos desenvolvidos pelo Incaper. O presidente do Instituto, Wanderley
Stuhr, afirma que hoje, no campo capixaba, é possível produzir
muito mais para cada hectare de
terra cultivado. “Atualmente,
nosso país, aí incluído o Espírito
Santo, é temido no mundo pela
força e pujança do agronegócio,
que há décadas se pautou na
ciência para obter uma forte
evolução de seus indicadores”,
disse.
Ele lembra que, quando
foram geradas as primeiras variedades clonais de café Conilon
pelo Incaper, em 1993, a produtividade média estadual era de 9
sacas por hectare e a produção
anual de 2,4 milhões de sacas.
Hoje a área cultivada é apenas
“O espaço preferencial da
ciência é a universidade, da
tecnologia é no instituto, e da
inovação é na empresa”.
José Antonio Bof Buffon,
diretor-presidente da Fapes
7% maior do que aquela da época, mas a produção e a produtividade foram multiplicadas por
quatro, o que considera uma
“revolução de tecnológica sem
precedentes em qualquer outra
região cafeeira do mundo”, com
conhecimento gerado e aplicado
em terras capixabas.
“A CT&I contribui para o
alcance de benefícios e impactos
econômicos, como ganhos de
produtividade, e também para
ganhos sociais e ambientais”,
acredita Stuhr, lembrando que
serviços de metereologia e agri-
cultura de precisão são tecnologias fundamentais para permitir
que o produtor não fique refém
das adversidades climáticas.
Para seguir avançando no
âmbito de CT&I no Espírito Santo, o governo estadual possui
uma série de estratégias. Em
2016, a Fapes pretende lançar
uma série de editais no setor, um
deles para ampliar e consolidar a
capacidade de incubação. “Hoje
temos capacidade de encubar de
15 a 20 projetos, mas precisamos
chegar a uns 200 a 300”, projeta
Buffon.
Outros pontos são o fomento
de visitas técnicas empresariais,
em que produtores capixabas
possam conhecer experiências
e o know how em outros países,
apoio à certificação de qualidade, promoção de trainees nas
empresas, chamadas para apoio
a empresas de software.
Além disso, uma grande
aposta é na realização de um
processo amplo de chamada no
modelo do Sinapse, criado em
Santa Catarina, que busca convocar e selecionar ideias inovadoras e apoiar as melhores
delas oferecendo diversos tipos
de apoio desde a elaboração do
plano de negócio até a disponibilização de recursos para que as
boas ideias se tornem realidade.
Há um longo caminho por
percorrer. Mas é importante saber
que o Espírito Santo já está dando
os primeiros passos com academia, poder público e iniciativa
privada de mãos dadas. s
Tecnologia e Inovação
Um dos pilares centrais que fazem avançar a competitividade das empresas é sua capacidade de
gerar e absorver novas tecnologias que proporcionem ganhos de produtividade e diferenciação
de produtos através da inovação. O que pode e deve ser feito para tornar a estrutura produtiva
capixaba capaz de gerar, absorver e internalizar novas tecnologias e inovação ganhando, em
consequência, mais eficiência e maior produtividade? Os participantes do projeto “Espírito Santo
Competitivo” indicam as seguintes alternativas:
wCriação de polos de inovação
nas escolas de ensino profissionalizante como forma de
viabilizar as demandas das empresas no desenvolvimento de
pesquisas e tecnologia.
wCriação de grupos de melhoria conjunta nos vários setores
produtivos e cadeias produtivas
(ou seja, criação de estruturas
intermediárias) para promover
a necessária aproximação entre
as universidades e as empresas
privadas na área de pesquisa
aplicada.
w Instalação de polos tecnológicos
que atendam cadeias produtivas consideradas relevantes
22
e com alto potencial de crescimento, desenvolvimento e
integração internacional.
wDesoneração dos gastos das
empresas em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
wFacilitar a interlocução entre
os diversos entes do Sistema
Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação (estímulo governamental à cooperação e pesquisa
compartilhada).
wFormação de consórcios de
pesquisas público-privadas.
wFormulação de uma política
estadual de incubação.
wFormação de redes de intercâmbio técnico-científico.
w Adoção de política de incentivo
às incubadoras e aceleradoras.
wApoio técnico às micro e pequenas empresas.
wCriação de bolsa de apoio à
integração e inserção de profissionais de alta qualificação
no setor produtivo para levar
o profissional pesquisador
com especialização, mestrado
ou doutorado para dentro das
empresas, ou para dentro dos
negócios.
w Criação de escola de empreendedorismo e inovação de natureza pública e privada para
transformar jovens talentos em
empresários modernos.
Evandro Milet
Consultor e Palestrante
Artigo
Inovação efervescente
A TV Gazeta lançou o programa Es
C o m pet i t i v o , c o b r i nd o as á r eas
de educação, inovação, logística,
instituições e financiamento, para
que se propusessem ações concretas
para o desenvolvimento do Estado.
Acontece, neste momento, um movimento
ainda subterrâneo, embora crescente em
força, onde diversos fundos de capital de risco
avaliam e fecham negócios de participação em
empresas capixabas de tecnologia. O apoio
à inovação, que durante muitos anos teve
o envolvimento quase isolado e heróico da
TecVitória, incorporou atores na figura de novas
incubadoras, aceleradoras e ambientes de
co-working.
O engajamento do Sebrae, da CDV e da Fapes
foi fundamental, acompanhado, agora, pelo
Bandes, trazendo e apoiando esses fundos
de risco.
O Ifes e, depois, a Ufes, se envolvem firmemente
no processo de inovação, que tem uma vertente
não digital na formação do Fórum Capixaba
de Petróleo e Gás, com forte liderança da
Petrobras e participação da Secretaria do
Desenvolvimento, da Findes, Sebrae, Onip e
outras instituições. Reconhecido como o melhor
programa estadual para o desenvolvimento de
equipamentos para a indústria do petróleo, o
Fórum lança projetos que começaram a chegar
ao mercado, após incubados na TecVitória.
Apesar da crise, o programa de exploração e
produção da Petrobras continua bilionário.
Existem imensas oportunidades de
fornecimento, tanto no mar como em terra,
além da possibilidade de exportação, pois
as tecnologias usadas são semelhantes em
todo o mundo. Algumas empresas capixabas já
estão neste caminho, vendendo diretamente ou
tentando joint-ventures no Canadá, Colômbia,
Noruega, Inglaterra e países árabes.
Ainda faltam algumas pernas para compor
um ecossistema de inovação. O investimento
inicial em start ups, feitos usualmente por
investidores-anjos em todo o mundo, é quase
nulo no Estado. Investidores individuais ainda
preferem investir em imóveis, não estando
familiarizados com essas novas oportunidades.
Um apoio do governo estadual para fundos locais
de investidores-anjos daria um empurrão na
base da inovação e ajudaria a divulgar essa forma
de investimento. Outros apoios fundamentais se
dariam na implementação do sonhado
Parque Tecnológico de Vitória e
na manutenção da TecVitória,
que passa por dificuldades
para se sustentar, apesar
dos resultados reconhecidos
por toda a comunidade
envolvidade no ecossistema
de inovação. Podemos estar
tocando violino no convés do
Titanic. O ecossistema avança,
mas seria lamentável
se uma sustentação
histórica afundasse. s
“Ainda faltam algumas pernas para compor um
ecossistema de inovação. O investimento inicial
em start ups é quase nulo no Estado”.
23
Qualidade das Instituições/Governança
Melhorar as instituições para ser
mais competitivo
Inúmeros são os desafios para uma governança mais leve e moderna, que permita
maior segurança para empreender.
U
m bom ambiente institucional é chave para uma
economia sólida e sustentável em longo prazo. A corrupção,
a burocracia excessiva, a instabilidade jurídica com mudanças de
regras constantes, as legislações
defasadas em relação aos tempos
em que vivemos são fatores que
prejudicam o investimento e o
desenvolvimento das economias,
representando entraves que interferem na competitividade.
Nesse aspecto, o economista
Orlando Caliman é enfático. “Há
um espaço enorme para avançarmos no campo da desburocratização e melhoria na prestação de
serviços por parte do setor público. O excesso de burocracia e um
complexo sistema de leis e regras
acabam inibindo e dificultando o
dia a dia das empresas”, afirmou.
Para o vice-presidente institucional do Espírito Santo em Ação,
Leonardo de Castro, o principal
ativo para o setor empreendedor
“As empresas precisam ter
um batalhão competente de
advogados e contadores para não
serem surpreendidas com multas
e outras complicações legais”.
José Armando Campos, conselheiro da
ArcelorMittal Brasil
é o tempo e assim também deve
ser na esfera pública. “Nada é mais
valioso que o tempo. Em nossas
empresas buscamos intensamente
a produtividade. E é isso que esperamos do setor público, que ele
também busque a produtividade”,
enfatizou.
A importância e a urgência de
uma governança mais adequada aos
tempos atuais também foram destacadas por José Armando Campos,
conselheiro da ArcelorMittal Brasil.
“O investimento privado depende,
fundamentalmente, da confiança
dos agentes econômicos nas instituições do país. Se as instituições
estiverem corroídas por vícios ou
não forem estruturalmente fortes
para desempenharem seus papéis,
sobram incertezas e aumentam-se
os riscos que, quantificados, inviabilizam investimentos e consequentemente, o pleno desenvolvimento
econômico”, sintetizou.
Uma queixa constante relacionada à burocracia institucional é a
questão tributária brasileira, uma
das mais complexas do mundo, o
que acarreta muito investimento
de tempo e dinheiro apenas para
o cumprimento legal das obrigações. Campos destaca que a complexidade do sistema tributário
brasileiro vem de muito tempo e
inclui impostos “completamente
ultrapassados”, como entende que
sejam o IPI e o ICMS, este sujeito
aos efeitos da chamada “guerra fiscal” entre os Estados da federação.
“As empresas precisam ter em seus
quadros um batalhão competente
de advogados e contadores para
não serem surpreendidas com multas e outras complicações legais”,
disse.
Uma melhor governança e
racionalização dos processos po-
“O excesso de burocracia e um complexo sistema de leis e regras
acabam inibindo e dificultando o dia a dia das empresas”.
Orlando Caliman, economista
24
deria abrir caminho para soluções
práticas, como aponta o empresário
Leonardo de Castro. “O raciocínio
deve ser de simplificação. Dentro
das entidades representativas do
setor industrial, entendemos que
temos uma carga tributária enorme.
Há, ainda, legislações municipais,
estaduais e federais, cada uma com
seu arcabouço de regras que têm
uma dinâmica de mudança intensa.
Nosso pleito é pela simplificação.
O imposto único é nosso grande
sonho”, avaliou.
Outra queixa dos empreendedores se refere à burocracia legal
para abrir e manter em funcionamento uma empresa, incluindo licenças, alvarás, permissões, muitas
delas obtidas em nível municipal,
que demandam um alto custo para
operacionalização. Para os empresários, são necessárias ações em todas
as esferas - municipais, estaduais e
federais - para reverter esse cenário.
“Quando falamos em enfrentar a burocracia, o setor empresarial não solicita nenhum afrouxamento das regras. Pelo contrário,
queremos processos bem mapeados para entender como começa
e termina um licenciamento, por
exemplo. O tempo que leva para
ser analisado e a clareza da resposta. O não também é uma resposta,
mas precisamos de uma resposta”,
diz Leonardo de Castro.
Por falar em licenciamentos, a questão ambiental também
deve ser vista com muita atenção, na avaliação dos executivos.
O conselheiro da ArcelorMittal
Brasil, José Armando Campos,
lembra que toda ação humana gera
impacto ambiental e que alguns
empreendimentos pressupõem
grandes riscos que, em sua opinião,
deveriam trazer uma cobertura
“Gasta-se muito tempo
analisando estudos enormes
e pouco tempo fiscalizando a
implantação e operação dos
controles ambientais”.
Claudio Denicoli dos Santos,
engenheiro civil e especialista em
Engenharia Sanitária e Ambiental
depois de uma análise judiciosa do ponto de vista técnico. “O
grande problema do licenciamento
ambiental não é a falta de quadro
legal e regulatório, mas o fato de
não nos estruturamos para efetuar
a fiscalização decorrente dele. E
além de tudo, a demora na sua
definição contribui enormemente
para a elevação dos custos e para
o afastamento dos investimentos.
A não-resposta dentro de prazos
razoáveis impõe dificuldades às
empresas e ao desenvolvimento
de maneira geral”, explicou.
Essa percepção é compartilhada pelo engenheiro civil e especialista em Engenharia Sanitária
e Ambiental, Claudio Denicoli dos
Santos, que considera que o foco
da análise está no licenciamento,
ou seja, no papel, e não no controle ambiental. “Gasta-se muito
tempo analisando estudos enormes
e pouco tempo fiscalizando a implantação e operação dos controles
ambientais”, disse.
Na avaliação da promotora
Isabella Cordeiro é importante,
25
ainda, que se pense em soluções
alternativas que passem pelo
fomento e pela indução de uma
convenção em torno do desenvolvimento. “A concepção atual
de desenvolvimento vai além do
chamado crescimento econômico, pressupondo a valorização do
capital social e do capital natural
que compõem o Estado brasileiro. A atividade econômica, nesse
sentido, serve assim à dignidade
da pessoa humana. Esse é o motivo pelo qual paulatinamente os
tradicionais indicadores de resultado de um Estado, baseado no seu
Produto Interno Bruto, vêm sendo
substituídos pelo Índice de Desenvolvimento Sustentável, a exemplo
do que propõe atualmente o Banco
Mundial. Isso guarda reflexos, ao
menos, em dois aspectos principais
localmente verificáveis: o primeiro refere-se a uma concepção de
meio ambiente ecologicamente
equilibrado, e o segundo supõe
a observância ao mandamento
constitucional de realização da
democracia participativa”.
A atual legislação trabalhista
“Os tradicionais indicadores
de resultado de um Estado
vêm sendo substituídos pelo
Índice de Desenvolvimento
Sustentável”.
Isabella Cordeiro, promotora
também tem sido considerada um
entrave ao desenvolvimento e um
agravante do alto-custo Brasil na
opinião dos empreendedores. “O
custo de contratar e pior, de distratar pessoas no Brasil é altíssimo.
A legislação - anacrônica e ruim parece partir do pressuposto de que
todo empregado é deficiente para
negociar o que lhe interessa e que,
por isso, precisa de um Estado-tutor que o proteja dos exploradores
e escravocratas modernos que são
os que empreendem no Brasil”,
avaliou José Armando Campos.
Sobre a corrupção, um problema histórico do Brasil, o conselheiro
sintetiza o combate a ela em dois
pontos centrais: educação e punição. “Sem educação não saberemos
distinguir os que buscam nossos
votos. E com impunidade, estaremos
“Em nossas empresas
buscamos intensamente a
produtividade. E é isso que
esperamos do setor público,
que ele também busque a
produtividade”.
Leonardo de Castro, vice-presidente
institucional do Espírito Santo em Ação
sinalizando que o risco é baixo e que
vale a pena tentar”, alertou.
Resolver todos esses problemas demanda trabalho e visão
de longos prazos, reforça o empresário Leonardo de Castro. “O
governante tem um período de
mandato curto, mas precisa estar
ali desempenhando um projeto de
Estado, não um projeto para ser
alterado a cada quatro anos. Isso
tem que funcionar em todos os po-
deres: executivo, legislativo e judiciário”, afirmou o vice-presidente
do movimento Espírito Santo em
Ação. “Estamos trabalhando para
implementar no Estado o conceito
de pactos pelo desenvolvimento,
para que a sociedade como um
todo determine suas prioridades,
começando pela esfera municipal,
que é onde ela convive diretamente. Seria um grande avanço para o
Espírito Santo”, avaliou. s
Qualidade das Instituições
Instituições públicas e privadas exercem um papel fundamental no protagonismo do desenvolvimento já que formam o sistema que regula, fiscaliza e arbitra os processos sobre os quais
se forma o ambiente de negócios. De sua ação e interação com o sistema produtivo decorrem,
em grande medida, a viabilidade dos empreendimentos, a fluidez do sistema e a segurança
fundamental nas decisões de investimento.
Um sistema equilibrado,
ágil e produtivo, com papéis
bem definidos e alinhado com
as necessidades da sociedade
pode contribuir, e muito, com
o nível de competitividade de
nossa economia. O que pode ser
feito para aprimorar o desempenho de nossas instituições para
que atuem em favor da melhoria
dos níveis de competitividade
do Estado? Os participantes do
projeto “ES Competitivo” indicam
as seguintes alternativas para a
construção de um bom ambiente
de negócios:
wBusca, como objetivo fundamental, da segurança jurídica e
respeito aos contratos firmados.
w Cumprimento efetivo do papel
constitucional e sistêmico das
instituições buscando sempre
clareza de responsabilidades,
de valor social e transparência
no exercício de suas atividades.
w Redução da burocracia oficial e
seu peso sobre as contas gover26
namentais e custos da iniciativa
privada.
w Aprimoramento e estabilidade
das regras.
w Modernização dos sistemas de
governança em instituições públicas e privadas.
wPromoção de articulações visando à criação de instâncias
– como fóruns, comitês e câmaras, reunindo atores públicos e
privados envolvidos na análise
e liberação de empreendimentos – que possam construir alinhamentos buscando superar
os gargalos que dificultam os
novos investimentos.
w Organização das contas públicas de forma sustentável com
recuperação da capacidade de
investimento próprio.
wFomentar os arranjos produtivos de forma a adensar as
cadeias já existentes (preenchendo os elos faltantes), promovendo a sinergia e integração
entre elas e abrindo oportunida-
des para novos investimentos
de maior valor agregado.
wModernização e simplificação
da legislação em nível estadual
e municipal (ambiental, fiscal e
tributária).
w Simplificação dos processos de
registros para abertura e instalação de empresas.
w Diplomacia ativa na atração de
novos investimentos.
w Criação de conselhos gestores, a
exemplo do Cogedes, Conselho
Gestor Municipal do Desenvolvimento Econômico, do município de Serra, para atrair novos
empreendimentos e promover
o desenvolvimento sustentável.
wCriação de uma plataforma
de soluções, reunindo, em um
mesmo local, Junta Comercial,
Secretaria da Fazenda e outros
órgãos encarregados do registro
de novas empresas para agilizar a criação de empresas e a
viabilização de novos empreendimentos.
ODILON BORGES JúNiOR
Consultor Empresarial e Advogado
Artigo
Ouvindo empresários de
outros Estados e estrangeiros
Minha intenção no relato sequencial diz respeito às críticas que tenho ouvido - e ouvido com com certa insistência - por parte de empresários brasileiros, especialmente paulistas, goianos, brasilienses e alguns estrangeiros.
Apresento-as :
(i) Constituição de sociedades empresárias no Espírito Santo, em especial sociedades
por ações. As críticas compreendem : (i) no relacionamento com os responsáveis
pelos procedimentos destinados àquela finalidade; (ii) os prazos para a formalização do ato constitutivo que, no Espírito Santo levariam, no mínimo, 15 dias úteis.
Diferentemente de alguns outros Estados, quando este prazo não excede a 3 dias
úteis;
(ii) As inscrições nos sistemas indispensáveis ao início de suas operações que demandam
45 dias úteis, quando conseguem obtê-las em prazos que não excedem a 5 dias
úteis. Reclamam da forma burocrática como são tratados, uma relação burocrata
versus contribuinte, no lugar de prestador de serviços públicos versus cliente. Ou,
então, fazem uma consulta a alguma repartição e recebem retorno tempos depois.
Quando recebem. Foi apresentado um caso que parece uma brincadeira. Mas, uma
indústria que queria abrir escritório em um município do Estado, escritório normal,
e lhe foi exigido licença ambiental, além dos demais documentos;
(iii) Estrangeiros, multinacionais, reclamam de exigências e que não sabem como atendê-las. Como um exemplo: uma multinacional norte-americana, cujos sócios, em seu
país, são pessoas jurídicas, foram-lhe exigidos o CNPJ-MF e a declaração do IR,
juntamente com a dos seus sócios majoritários, pessoas físicas;
(iv) Em um ambiente voltado à inovação tecnológica no setor industrial, reclamações no sentido de que o Espírito Santo, com tantos órgãos, acha-se
fragmentado em sua atuação: cada um trabalhando em um projeto e
sem relacionamento com o setor industrial. Além do que insistiram
na timidez capixaba que impede a exponenciação de intercâmbios
com outros países, seus centros de pesquisas etc. s
“Reclamam da relação burocrata versus
contribuinte, no lugar de prestador de
serviços públicos versus cliente”.
27
Financiamento e Investimento
capital privado
Atrair
pode ser um caminho
A
crise que afeta o país
também chegou com
força ao Espírito Santo. Ajuste fiscal, otimização
dos gastos, corte de despesas,
redução dos investimentos são
temas que vêm sendo repercutidos ultimamente por representantes do poder público em todas
as esferas: federal, estadual e
municipal. O fato é que não se
pode esperar do Estado a mesma
pujança de investimentos que se
via num passado recente.
A secretária Estadual da
Fazenda, Ana Paula Vescovi,
considera que o ajuste fiscal não
é um fim em si mesmo, pois seu
sentido é recuperar a confiança
no Brasil para atrair mais investimentos. “Se trata mais de
um problema de confiança no
ambiente de negócios do que
de falta de recursos em todas as
esferas. E não vamos conseguir
recuperar a confiança no mer-
cado brasileiro sem fazer um
ajuste que realmente mexa nas
estruturas do gasto público no
país”, disse.
Um maior esforço do Estado
para tornar a máquina pública
mais eficiente contribuiria para
reduzir o chamado custo Brasil,
de acordo com Sérgio Costantini,
consultor em Finanças e Estratégia para Negócios. “Isto ajudaria
a atrair mais capital de risco e
encurtaria o tempo necessário
para que os projetos comecem a
gerar os resultados esperados”,
afirmou.
Considerando as dificuldades do momento, torna-se fundamental investir em questões
que contribuam para o aumento
da competitividade. Costantini
lembra que nos últimos anos
o Estado brasileiro tem sido a
principal fonte de financiamento
local, sobretudo por meio do
BNDES, Caixa e alguns bancos
regionais. Para ele, o cenário macroeconômico atual leva a uma
ruptura deste modelo e obrigará
as empresas a buscar fontes al-
Foto: Ricardo Medeiro
Crise político-econômica afeta capacidade de investimento do Estado, o que pode gerar
oportunidades para a iniciativa privada financiar setores estratégicos à competitividade.
ternativas de financiamento no
setor privado. Ana Paula Vescovi
pontua que os créditos subsidiados pelos governos dificultam
ao mercado de crédito privado
se desenvolver em longo prazo,
de modo que a atual escassez de
recursos pode ser uma oportunidade para alavancar este setor.
José Eduardo Faria de
Azevedo, secretário Estadual
de Desenvolvimento, acrescenta
“Não vamos conseguir recuperar a confiança no mercado
brasileiro sem fazer um ajuste que realmente mexa nas estruturas
do gasto público no país”.
Ana Paula Vescovi, secretária Estadual da Fazenda
28
“Mais investimentos do
Estado ajudariam a atrair
capital de risco, o que encurta
o tempo necessário para que
os projetos comecem a gerar
resultados”.
Sérgio Costantini, consultor em
Finanças e Estratégia para Negócios
que vivemos num momento de
restrição de crédito, com juros
altos, valorização do dólar, redução das avaliações do Brasil
pelas agências de risco. Mas,
mesmo com essas limitações,
há uma janela de oportunidades
para atrair o capital estrangeiro a
ser sócio das empresas nacionais
e criar projetos que gerem emprego e renda. “Temos que saber
explorar bem o momento porque
ele abre possibilidade para novos
investimentos”, explicou.
Diante disso, é preciso buscar possíveis soluções por conta
da escassez do crédito subsidiado. “Talvez a primeira alternativa das companhias deva ser o
reinvestimento do lucro gerado
anualmente, mas nem sempre o
autofinanciamento é suficiente para cobrir as necessidades
financeiras. Outra opção seria
acessar o mercado de capitais
por meio da emissão de títulos de dívida ou mesmo ações.
Apesar de fonte interessante de
recursos, entretanto, o mercado
de capitais somente constituirá
alternativa às empresas que têm
projetos atrativos e estejam melhor estruturadas operacional,
estratégica e financeiramente”,
analisa Costantini.
Na opinião do economista
Orlando Caliman, os mecanismos tradicionais de financiamento, baseados sobretudo no
crédito, não atendem totalmente
às exigências de competitividade. “É preciso desenvolver a
cultura do financiamento pela
via dos ‘equities funds’, ou
seja, de participação nos riscos
e compartilhamento de resultados, fundamental, por exemplo,
“Temos que saber explorar bem o momento porque ele abre
possibilidade para novos investimentos”.
José Eduardo Faria de Azevedo, secretário Estadual de Desenvolvimento
29
para projetos de alta incidência e
participação de capitais intangíveis. Ajudam principalmente nos
projetos de start-ups”, revelou.
Para superar o cenário de
dificuldades na economia, Ana
Paula Vescovi aponta para a necessidade de se alcançar uma
verdadeira “concertação” nacional que melhore o ambiente
de negócios, inclua um sistema
tributário mais justo e simplificado, e um modelo de regulação
voltado às necessidades do país
em infraestrutura e na atração da
iniciativa privada.
As parcerias público-privadas (PPP’s) podem ser uma
alternativa para alavancar investimentos diante da debilidade
das contas do poder público, de
acordo com Costantini. “Elas
são uma forma de se utilizar das
competências gerenciais e do
acesso ao capital privado para
financiamento, execução e operação de projetos, geralmente
de infraestrutura. São estruturas
onde o Estado compartilha riscos
com a iniciativa privada”, explicou. É o que se vem fazendo no
Espírito Santo no setor de esgoto
e saneamento básico, como ressalta José Eduardo Faria de Azevedo, falando também dos planos
de realizar um chamado ao setor
privado para avaliar concessões
ou PPP’s na área rodoviária para
melhorar as estradas estaduais.
Costantini pontua o que
considera algumas vantagens
na utilização de uma estrutura de PPP: a transferência de
inovação e conhecimento para
as entidades públicas, a otimização de orçamento, o aumento
de vida útil dos empreendimentos, o compartilhamento de custos operacionais e a divisão de
responsabilidades entre setores
público e privado.
A secretária Ana Paula Vescovi considera que, nos casos
“É preciso desenvolver a
cultura do financiamento
pela via dos ‘equities funds’,
ou seja, de participação nos
riscos e compartilhamento de
resultados”.
Orlando Caliman, economista
em que ações não são de competência exclusiva do Estado,
este deve exercer um protagonismo por meio de uma agenda
regulatória que permita fazer a
interlocução com outros atores
interessados, como o investidor
privado.
“No que cabe ao governo,
ele está empreendendo um con-
junto de ações para melhorar o
ambiente de negócios no Estado, tais como desburocratização,
licenciamentos, requerimentos
legais, normas como a do ICMS,
aceleração do processo de abertura e fechamento de empresas, a
digitalização de procedimentos,
entre outras estratégias”, afirmou. s
>Índice de Liberdade Econômica 2015
Esse índice apurado pela Heritage Foundation, organização norte-americana com sede em Washington, DC,
avalia o grau de liberdade econômica de 178 países. O estudo relaciona a forte conexão entre a prosperidade
e a liberdade econômica, com dados que envolvem dez categorias de liberdade econômica na pesquisa: nos
negócios; no comércio; liberdade fiscal; de intervenção do governo; monetária; de investimentos; financeira; de
corrupção; do trabalho; e direitos de propriedade.
País
País
Classificação
mundial
Pontuação
89,6
1º
Hong Kong
País
Classificação
mundial
Pontuação
56,6
118º
Brasil
Classificação
mundial
Pontuação
1,3
178º
Coreia do
Norte
Viabilização de recursos para financiamento dos investimentos
O Espírito Santo é um Estado jovem e com uma grande demanda a atender por serviços e infraestrutura de qualidade. Além de representarem uma oportunidade em si, estas estruturas e
serviços em muito contribuiriam para o impulsionamento do mercado local e de nossa competitividade como base de produção para atendimento dos mercados nacionais e internacionais.
Contudo, o esgotamento
das fontes públicas de financiamento torna necessário repensar
os papéis e modelo dos setores
público e privado na articulação
de forma e fundos para realização destes investimentos. O
que pode ser feito para viabilizar estes recursos, necessários
para tornar Espírito Santo mais
competitivo? Os participantes
do projeto “ES Competitivo” indicam as seguintes alternativas:
wConstrução de alternativas de
30
financiamento que viabilizem os
investimentos necessários ao
desenvolvimento do Estado e de
seu sistema produtivo, inclusive
com atração do capital privado
para constituição de parcerias
público-privadas ou concessões de serviços, privatização
de atividades econômicas não
prioritárias de governo etc.
wBuscar como valor a concorrência de mercado em oposição
à proteção indiscriminada; ao
invés de subsídios, regras está-
veis e articulação competitiva.
w Mobilização do capital privado
no investimento de novos empreendimentos.
wAmpliação dos programas de
microcrédito.
w Instituição de política de apoio
ao desenvolvimento e financiamento de start ups.
wBusca de fontes de financiamento internacionais e nacionais à exportação.
w Adoção de política de incentivos tributários à produção.
Ana Paula Vescovi
Secretária de Estado da Fazenda
Artigo
Em busca da
competitividade perdida
Há quatro anos o Brasil vem perdendo
espaço na economia mundial. O Índice
de Competitividade Mundial 2014, divulgado
pelo International Institute for Management
Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral,
aponta que o Brasil caiu três posições em relação
a 2013, ocupando o 54º lugar no ranking geral
composto por 60 países. O Brasil encontra-se
à frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia,
Argentina, Croácia e Venezuela – a última
colocada. Não seria exagero afirmar que, com
o cenário vivenciado em 2015, essa posição
tende ainda a se deteriorar.
O país abandonou a agenda da competitividade
com na crise de 2008/2009, substituída
pela desoneração de impostos, em especial
na indústria, e pela concessão de subsídios
creditícios e financeiros ao setor produtivo. A
consequência desse desajuste, associado à
mudança dos pilares da política macroeconômica,
empurraram o Brasil para uma depressão
que ameaça retirar 10% de renda média dos
brasileiros em pouco mais de 2 anos.
A agenda de saída da crise não é trivial. Dependerá
de mudanças estruturais no gasto público e de
convergência política. Mas assegurar o caminho
de volta à prosperidade dependerá da busca
da competitividade perdida nos últimos anos.
A pergunta que a agenda “ES Competitivo”
procura responder é como o Espírito Santo,
Estado que responde por pouco mais de 2%
da economia brasileira, poderá promover sua
própria agenda de competitividade, minimizando
a dependência da pauta nacional.
O Espírito Santo possui boa localização e um
desenho logístico favorecedor do comércio local
e internacional. Vem diversificando sua economia
e agregando novos arranjos produtivos à sua
estrutura econômica. Por isso, a qualificação dos
serviços logísticos e a melhoria da infraestrutura
são fortes candidatos a impulsionar o setor
privado e a geração de empregos e renda.
31
Na construção desta agenda é impossível
também passar ao largo do ajuste das contas
públicas, de políticas sociais efetivas – saúde,
educação e segurança em especial –, da
promoção da inovação, da melhoria no ambiente
de negócios, e dos avanços na infraestrutura.
Mas como financiar tais avanços na atual
conjuntura de perda de confiança e escassez
de capitais? Aqui, as parcerias público-privadas
podem ser uma resposta não apenas para
a atração de recursos, mas também para o
compartilhamento da gestão onde as amarras
do estado são apertadas demais.
Um importante tema para a construção de
um Espírito Santo competitivo passa pela
busca de fontes privadas de financiamento
capazes de complementar e de alavancar as
fontes públicas existentes e, atualmente, muito
escassas. Nos próximos anos, a recuperação da
capacidade de investir com recursos próprios
deverá estar casada com a atração de fontes
privadas, remuneradas no longo prazo, para
assim dar conta de atender ao maior número
possível de projetos. Além da complementação
de fontes públicas, será necessário buscar
um bom desenho de contratações – seguro
do ponto de vista jurídico e atrativo do ponto
de vista financeiro – de obras, concessões e
serviços, e um banco de projetos estruturado
para seleção de prioridades segundo as taxas
de retorno obtidas.
A direção para avançarmos mais rápido
na infraestrutura, portanto, é a atração
de recursos privados, por meio da
disponibilidade de bons projetos,
capacidade de selecionar e atrair
investidores com segurança na
contratação e, quando for o caso,
permitir a complementação do
financiamento privado com recursos
públicos. E assim, ainda liberar
recursos públicos para investimentos
nas funções precípuas do Estado. s
Foto: Gabriel Lordêllo
Infraestrutura e Logística
Infraestrutura e logística são
desafios cruciais
O Espírito Santo precisa de investimentos em todos os modais para que possa
potencializar seu perfil como centro logístico do comércio nacional e internacional.
O
Espírito Santo ocupa um
local privilegiado no cenário geoeconômico brasileiro. Está situado entre grandes
Estados do Sudeste, com fronteira
para o Nordeste e possui um amplo litoral para conectar o centro
do país com o Oceano Atlântico.
Porém, essas vantagens por si
só não significam transformar a
potencialidade em realidade e os
especialistas garantem: o Espírito
Santo pode mais.
Os problemas já são conhecidos, assim como muitas das soluções apontadas para resolvê-las.
Para Marcílio Machado, presidente
do Sindicato do Comércio de Importação e Exportação do Espírito
Santo (Sindiex), o Espírito Santo
apresenta gargalos em todos os
modais: rodoviário, portuário,
ferroviário e aeroportuário. “Infelizmente não há muitos caminhos
para resolver as barreiras logísticas
do Espírito Santo. Dependemos de
boa vontade política e de recursos
para a efetivação dos projetos de
expansão”, considera Machado,
lembrando que, de 2000 a 2013, o
Estado caiu da sétima para a nona
posição entre os maiores importadores das unidades da federação.
Marcos Guerra, presidente
da Federação das Indústrias do
Espírito Santo (Findes), questiona que o dinheiro que o capixaba
envia aos cofres federais não retorna em forma de investimento.
O dirigente acredita que o Estado teria condições, não só de ser
mais eficiente, como de transportar
produção de Minas Gerais e da
“É necessário expandir, investir e dar mais competitividade ao
comércio exterior do Espírito Santo”.
Marcílio Machado, presidente do Sindiex
32
Região Centro-Oeste, se tivesse
portos públicos. “O ES é muito
eficiente no transporte de minério,
por exemplo. Mas quando se trata
de cargas públicas, nós precisamos
avançar”, avaliou.
Em relação aos novos portos
privados, tanto Guerra como Machado reclamam a necessidade de
mais um para movimentação de
contêineres e cargas gerais, já que
há dificuldade e morosidade nas
operações de comércio exterior.
O presidente do Sindiex lembra
que os portos especializados são
privados e têm como prioridade
atender sua produção, seja de minério, de aço ou de celulose, recebendo investimentos constantes
para operacionalizar o negócio
da indústria. “Para cargas gerais,
principalmente contêineres, não
há muita alternativa no Espírito
Santo. Sem investimentos, não há
linhas disponíveis, fazendo com
que as operações sejam efetuadas
por outros portos brasileiros. Mais
da metade das exportações de café
e rochas ornamentais, por exemplo, já são realizadas por outros
terminais, como do Rio de Janeiro
e de Santos. É necessário expandir,
investir e dar mais competitividade
ao comércio exterior do Espírito
Santo”, afirma Marcílio Machado.
A dragagem do Porto de Vitória, prevista para ser concluída em
2016, além da construção do Porto
“O ES é muito eficiente no
transporte de minério, por
exemplo. Mas quando se
trata de cargas públicas, nós
precisamos avançar”.
Marcos Guerra, presidente da Findes
Central em Presidente Kennedy,
são lembrados como obras de suma
importância para melhorar a competitividade dos portos capixabas.
Outro investimento considerado essencial para a logística
capixaba é a construção da Ferrovia Centro-Atlântica (EF-118),
anunciada em 2015 para conectar
o Espírito Santo ao Rio de Janeiro
pela via férrea, com investimento
previsto de R$ 7,6 bilhões.
Na questão rodoviária, a duplicação da BR-101 e da BR-262,
de responsabilidade do governo
federal, parece estar sendo encaminhada, porém a passos lentos.
Enquanto isso, o governo estadual anunciou que pretende buscar
recursos privados para melhoria
de cerca de 800 quilômetros de
estradas capixabas. “Devemos realizar um chamado ao setor privado
para que ele avalie uma concessão
ou parceria público-privada na
área rodoviária para ampliação,
duplicação e melhoria das rodovias estaduais, melhorando nossa
plataforma logística e avançando
em nosso desafio pela competitividade”, disse o secretário de
Estado de Desenvolvimento, José
Eduardo Faria de Azevedo.
A expansão do aeroporto de
Vitória é um caso emblemático de
atraso das obras que se estende ao
longo do tempo, fazendo com que
o Estado perca a oportunidade de
uma inserção mais competitiva no
mercado nacional e internacional.
“É claro que a demora em finalizar o projeto acarreta em prejuízo
ao setor e ao empresariado. Ficamos de mãos atadas”, diz Marcílio
Machado, do Sindiex. No âmbito
estadual, a novidade é o anúncio
recente das obras de ampliação
do Aeroporto de Linhares, que
faz parte do plano de ampliar a
plataforma logística nos polos de
desenvolvimento no interior. “Por
sua importância e características,
o aeroporto acaba transcendendo
o município de Linhares e impacta positivamente nas cidades
vizinhas. É mais uma importante
conquista em nossa infraestrutura, com um equipamento regional
que dará mais competitividade
para essa importante e potencial
região de nosso Estado”, disse o
governador Paulo Hartung.
>Portos Secos (EADI)
Localização
geográfica
privilegiada
Empresa com
Know-how
Cadeia especializada
de serviços de suporte
ao comércio exterior
coimex
750.000 m2
terca
530.000 m2
silotec
300.000 m2
Área retroportuária - mais de
1.500.000 m2
33
Ele considera que a iniciativa
privada não deve ficar esperando
que esses entraves sejam resolvidos
pelo setor público. “Os empresários de sucesso em grande parte
do mundo interagem para buscar
soluções dos seus problemas por
meio da trocas de ideias, informação
e conhecimento”, disse. Para ele, o
papel do setor público deve ser de
garantir um ambiente com redução
de burocracia e exigências exageradas no qual o empreendedorismo
possa florescer. “Se a iniciativa
privada puder vislumbrar um ambiente de negócios favorável para
o setor, as soluções irão aparecer e
serão implementadas”, afirmou.
Outro tema importante que
tem a ver com o bom funcionamento e competitividade das empresas
capixabas é a disponibilidade de
acesso a recursos como água e
energia elétrica. A escassez de
“Se a iniciativa privada puder
vislumbrar um ambiente
de negócios favorável
para o setor, as soluções
irão aparecer e serão
implementadas”.
Paulo Hartung, governador
água é uma realidade em certas
regiões, especialmente no Norte
do Estado, situação que se agrava
no momento com o desastre socioambiental que afeta fortemente o
já combalido Rio Doce.
O custo da energia elétrica tem
sido outra preocupação do empresariado. “Em alguns Estados, o custo
da energia nos últimos 11 meses do
ano teve aumento de cerca de 93%
a 94%. Isso inviabiliza totalmen-
te o curso de alguns produtos no
mercado nacional e internacional”,
observa Guerra, da Findes. Para
ele, é importante que os recursos
investidos no Espírito Santo nesse
sentido, estejam sintonizados com
as novas tendências mundiais, que
incluem energias renováveis como
fontes de energia solar e eólica,
ainda muito pouco desenvolvidas
no Estado.
Marcos Guerra reafirma a importância dos investimentos privados para impulsionar os investimentos, tendo em vista as dificuldades
do poder público em investir de
forma mais robusta. Porém, lamenta
que nem sempre há condições adequadas. “O setor privado precisa ter
segurança jurídica. Se na apresentação de um projeto, o empresário
não tiver clareza e segurança, ou
mesmo se não enxergar resultados
para ter retorno do capital investido,
ele simplesmente não vai arriscar
de entrar”, diz , citando, ainda, as
dificuldades burocráticas em torno
da concessão de licenciamentos, por
exemplo, que por vezes atrasam o
início das obras. s
“Devemos realizar um chamado ao setor privado para que ele avalie
uma concessão ou parceria público-privada na área rodoviária”.
José Eduardo Faria de Azevedo, secretário de Estado de Desenvolvimento
Infraestrutura e logística
Considerando que a infraestrutura e logística são fatores essenciais para o desenvolvimento e
inserção do Estado nos mercados nacional e internacional e integração das regiões capixabas
de forma equilibrada e sustentável, o que é preciso – e possível – fazer nesta área para tornar
Espírito Santo mais competitivo? Os participantes do projeto “Espírito Santo Competitivo” indicam as seguintes alternativas:
w Atração do capital privado para
investimentos em obras de infraestrutura com regras claras
que protejam o investidor e o
usuário.
wMelhoria das condições das
rodovias, ferrovias, portos e
aeroportos, inclusive os regionais.
wModernização dos planos diretores municipais e planos
34
viários e de saneamento básico.
w Melhoria das redes de energia
elétrica e telecomunicações e
dados.
w Aprimoramento dos sistemas
de transportes de passageiros
públicos e privados.
wMelhoria das condições de
transporte de cargas nas rodovias e nos perímetros urbanos.
wFortalecimento das cadeias
produtivas.
wImplementação de plataformas logísticas (centros
integrados de transporte e
distribuição).
w Redução dos custos logísticos.
w Viabilização de porto para operação de contêineres.
w Buscar alternativas de enfrentamento da crise hídrica.
Luiz Wagner Chieppe
Presidente do Espírito Santo em Ação
Artigo
Vencendo os gargalos da logística
Para quem depende de logística no Espírito Santo e no Brasil, são fundamentais dois pré-requisitos: otimismo e
determinação. No conturbado momento do
país, otimismo é fundamental, especialmente
pela expectativa (e necessidade absoluta) de
um desfecho nesta crise política que atravanca
a economia. Como disse o governador Paulo
Hartung em recente entrevista, o país não pode
ficar paralisado em função de briga política.
E precisamos ainda mais de determinação, para
continuar cobrando soluções imprescindíveis no
campo da logística. Até porque as pequenas,
médias e grandes empresas, todas igualmente
prejudicadas pela precariedade das condições de
nossas estradas, ferrovias, portos e aeroportos,
não podem se limitar a reclamações e críticas,
e muito menos ficar de braços cruzados.
Mesmo neste cenário político atual, não temos
outra alternativa a não ser acreditar na transformação e insistir no estudo e na implementação
de medidas que são imprescindíveis ao combate
dos inúmeros gargalos. Precisamos ter foco para
avançar e buscar soluções.
preferencialmente, próximos a um aeroporto;
e terem conectividade rodoviária e ferroviária,
fazendo interligação para dentro e para fora
do Estado.
Nesse sentido, é importante dizer que, sem
essa conectividade sistêmica, um mesmo empreendimento, que a princípio tem tudo para ser
catalizador de desenvolvimento, se transforma
numa ferramenta de perda de capacidade de
atração de negócios, de diversificação econômica
e de competitividade.
E independentemente da quantidade de portos
que venham a ser instalados no Espírito Santo,
em médio e longo prazos, todos devem seguir
o mesmo conceito, ou seja, de ser uma solução
regional, e não apenas local.
Os gargalos na infraestrutura capixaba estão
entre os assuntos mais recorrentes e debatidos
entre as áreas pública e privada nas últimas
décadas. Mas a boa notícia é que esses entraves,
que tanto brecam o desenvolvimento do Estado,
aos poucos caminham para um bom desfecho.
Não há dúvidas de que temos necessidade urgente de investimentos em todos os modais,
além de projetos modernos que visem à melhoria
da mobilidade urbana nas grandes cidades.
A concessão da BR 101 à iniciativa privada,
que chegou a ser criticada por alguns grupos,
mostra resultados inquestionáveis. Colaborou
muito com a logística, reduzindo o tempo e o
custo de viagem dos caminhões, por exemplo.
Um dos pilares do desenvolvimento deve ser os
nossos portos, que têm forte poder de atração
de fluxos de mercadorias e negócios, com alta
geração de empregos e renda, capazes de direcionar e qualificar o desenvolvimento de regiões.
E melhor: já gerou cerca de 1.000 empregos e
deve gerar outros 1.000 com o início das obras
de duplicação da rodovia. Melhor ainda: reduziu
em nada menos que 40% o número de mortes
na BR 101.
Porém, para que cumpram seu papel de maneira eficaz, eles precisam seguir o exemplo do
bem adotado modelo de Verona: devem estar
integrados a um centro logístico, a um parque
fabril e a um centro de abastecimento; estar,
A situação da BR 262, outro gargalo histórico
dos capixabas, precisa igualmente de solução.
Mas não nos falta otimismo para acreditar que
os entraves serão superados e que, a exemplo
da BR 101, em breve veremos uma estrada
35
melhor, que contribua com o modal rodoviário
e, principalmente, fique mais segura para os
seus usuários e gere empregos em todo o seu
processo de melhoria, ampliação e duplicação.
Animadora é a perspectiva do Governo do Estado de implementar a concessão de trechos
rodoviários na região de Cachoeiro, Colatina
e Aracruz. Esta é uma decisão adequada em
razão da necessidade absoluta de melhoria de
nossa infraestrutura.
Outros dois “entraves” velhos conhecidos dos
capixabas, o porto e o aeroporto, também estão
vivendo na esperança de dias melhores. O Porto
de Vitória está recebendo investimentos que,
sem a menor dúvida, ampliarão sua produtividade e, consequentemente, sua eficiência.
Temos também bons e importantes projetos
para as regiões o Sul e Norte, bem consolidados. Estes grandes empreendimentos serão
de fundamental importância para o Espírito
Santo, com alta capacidade de geração de
renda e de oportunidades de trabalho, e com
grande potencial para viabilizarem ainda um
outro projeto, importantíssimo, a ferrovia F118,
que liga Vitória ao Rio.
E o Aeroporto Eurico Salles ganhou outro cronograma, assim como o de Linhares. Juntas,
essas notícias mostram que a já famosa agenda
velha do Espírito Santo começa a destravar. Se
olharmos para trás, não teremos dúvidas de que
conseguimos evoluir. Mas diante das perdas que
tivemos em função do ostracismo logístico que
vivemos ao longo de décadas, é inconcebível
pensar que esse jogo está ganho.
Muito pelo contrário! Agora é a hora de
focar em planejamento, fazer acontecer
os projetos que estão em curso e garantir
nosso desenvolvimento sustentável em
curto, médio e longo prazos.
Felizmente, vivemos hoje no Estado um momento que nos permite planejar, analisar e
realizar. Bem diferente de passado já distante,
quando não tínhamos uma direção que nos
indicasse para onde ir. Aliás, foi diante dessa
necessidade que nasceu o Plano Estratégico ES
2025, desenvolvido pelo Governo do Estado,
em parceria com a iniciativa privada e participação da sociedade, que depois foi revisado e
se transformou em ES 2030.
Em linhas gerais, esse plano estratégico possibilita o direcionamento dos investimentos
de forma integrada, preconiza a descentralização e o direcionamento do desenvolvimento
capixaba.
Além disso, foi a partir do ES 2025 que chegou-se ao Peltes, nosso Plano Estratégico de
Logística e Transportes do Espírito Santo, que
também trouxe indicadores de crescimento e
apontou soluções para sanar os entraves que
retardam nossos avanços.
O Peltes, a exemplo do 2025 e do 2030, contou
com o empenho e participação efetiva em todas
as fases do Espírito Santo em Ação, organização
criada em 2003 exatamente com o intuito de
contribuir para o desenvolvimento do Estado.
Existe, hoje, um cenário positivo que nos faz ter
boas perspectivas quanto às grandes demandas
logísticas do Estado. Depois de muito apontar
os problemas, as ações – ao que tudo indica
– passam a fazer parte do dia a dia do Estado.
E esse movimento, por si só, é uma conquista.
Porém, ainda há muito mais o que fazer.
Nossa grande missão é deixar para as gerações
futuras um legado melhor do que recebemos e
que nos deixou estagnados por tanto tempo,
mesmo diante de todas as potencialidades
históricas que possuímos. s
“Os portos devem estar integrados a um centro logístico,
a um parque fabril e a um centro de abastecimento, estar
preferencialmente próximo a um aeroporto e terem
conectividade rodoviária e ferroviária”.
36
José Eduardo Azevedo
Secretário de Estado de Desenvolvimento
Artigo
Integração competitiva: chave para
um desenvolvimento equilibrado
O desenvolvimento econômico de uma
região, seja município, estado ou país,
depende, dentre outros fatores, dos
recursos ali existentes e da possibilidade de criação de novos.
Estes recursos devem ser capazes de permitir o
desenvolvimento das atividades já exploradas,
mas também de ampliar e atrair novos projetos
que gerem mais emprego e renda para a economia local.
Nesse contexto, os investidores e empreendedores tendem a aplicar seu capital em localidades
que apresentem melhor e mais confiável ambiente econômico e político além, obviamente, de
outros recursos necessários ao desenvolvimento
dos negócios.
Por um lado, há recursos que são facilmente
mensuráveis: localização geográfica; infraestrutura logística, como rodovias, ferrovias, aeroportos e portos entre outros equipamentos; sistemas de comunicação; energia; água; instituições
e capital humano de qualidade, entre outros. No
entanto, há aqueles recursos que não são tão
37
facilmente mensuráveis, como o dinamismo
ou potencialidade da economia local, imagem
da região, qualidade da administração pública
e sua disposição para geração de um ambiente
de negócios favorável, qualidade das entidades
privadas e das instituições científicas, etc.
O desenvolvimento econômico corresponde ao
resultado do conjunto de todas as ações realizadas pelos seus mais evidentes agentes, incluindo
o setor produtivo e o Estado constituído, bem
como outros com funções específicas, como
qualificação, crédito, promoção, entre outros,
que buscam, cada um à sua forma, aumentar
o grau da competitividade da economia local.
Com efeito, todos estes recursos, mais ou menos mensuráveis, são produzidos ou geridos
por instituições públicas ou privadas, direta
ou indiretamente, e, de fato, constituem um
conjunto integrado por fatores e atores cuja
atuação determina a capacidade competitiva
da economia local ou regional.
Assim, os esforços empreendidos para aumentar
a competitividade da economia local não podem
prescindir de uma atuação sistêmica. Ou seja, a
competitividade da economia local é verdadeiramente sistêmica na medida em que resulta da
interação e integração de todos os seus fatores
e atores e onde o resultado final é sempre maior
que a soma das partes. Isto vale, obviamente,
para o bom e para o mau resultado.
Em termos locais, resulta compreender que não
basta que tenhamos uma localização geográfica privilegiada e equipamentos adequados de
infraestrutura logística por exemplo, se outros
fatores não estiverem também adequados. Mas
também não basta ter todos os fatores e todos
os atores adequados, em qualidade e quantidade,
se os atores não estiverem integrados entre si.
Bons fatores de desenvolvimento e atores qualificados por si só não são suficientes para tornar
uma economia local mais competitiva no mundo
moderno, global e cada vez mais competitivo. A
qualidade das relações funcionais entre atores
e fatores é determinante para a obtenção do
resultado final esperado, que neste caso é tornar
a economia capixaba competitiva promovendo,
consequentemente, a sua inserção nos mercados
nacional e internacional.
Cabe, no entanto, destacar que tal integração
e interação permanentes não ocorrem sem
uma governança estruturada, que seja capaz
de colocar esses atores do desenvolvimento
econômico do Estado em torno de uma mesma
“mesa”, para:
•Pactuar a integração das ações de cada um
entre todos os demais;
•Alinhar a atuação de cada ator com foco nos
objetivos e metas estabelecidos para a economia estadual (resultado do sistema);
•Acompanhar e avaliar a evolução de indicadores
previamente estabelecidos para corrigir rumos
e eventualmente posturas dos agentes;
•E, por fim, solucionar problemas de relações
funcionais existentes entre os agentes e adotar
medidas inovadoras para superação de obstáculos novos que venham a se apresentar.
Tal proposta encontra respaldo no próprio planejamento estratégico do Espírito Santo que apresenta como uma de suas sugestões o fomento
do ”uso de estratégias de governança como
fóruns, comitês, câmaras, grupos de trabalho
ou mesmo acordos de cooperação e parceria”.
Não obstante, temos que ter em mente que
quando falamos do Espírito Santo devemos
lembrar que nosso Estado possui grande vocação
para o desenvolvimento e para a competitividade, tendo em vista os fatores e atores aqui
presentes, e é reconhecido no cenário nacional
como uma ótima oportunidade de investimento
para empresas de diversos segmentos. As razões
para isso são várias: vão desde a localização
privilegiada, passando por um histórico de estabilidade política e fiscal, até a adoção de uma
política que preza pelo crescimento equilibrado,
sustentável.
Com esta visão o Governo do Estado destacou,
entre seus projetos estruturantes, a melhoria no
ambiente de negócios, visando atrair cada vez
mais empreendimentos que criam oportunidades
para nossa economia. Uma gestão organizada
permite um crescimento equilibrado e melhor
desempenho tanto para o serviço público como
para as empresas em questão.
A integração competitiva,
numa perspectiva sistêmica,
é certamente um caminho
mais seguro que poderá levar
“o Espírito Santo a ser cada
vez mais uma referência de
competitividade, organização, desenvolvimento e qualidade
de vida para seus
cidadãos”. s
“A qualidade das relações funcionais entre
atores e fatores é determinante para tornar a
economia capixaba competitiva e inseri-la nos
mercados nacional e internacional”.
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