AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PACIENTE ONCOLÓGICO Maria Helena de Souza [email protected] CÂNCER • crescimento descontrolado e disseminação de células anormais • Pode ocorrer em vários sítios e requer diferentes métodos de controle • Pode cursar com perdas anormais de muco, proteína, minerais que colaboram com a caquexia REv. Bras Nutr Clin. 2006;21(3):211-8 Nutrition.2001;17(9):769-72 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE • O câncer atinge 11 milhões de pessoas a cada ano • mata 7 milhões • 2ª causa de morte nos países desenvolvidos • perde apenas para doenças cardiovasculares REv. Bras Cancerol. 2002;48(2):175-9 Word Healh Organizacion .Câncer, 2006 Câncer no Brasil • homens pele não melanoma, próstata, traquéia, laringe e pulmão • mulheres pele não melanoma, mama e colo de útero Instituto Nacional do Câncer, 2008 Estimativa de Novos Casos - 2008 REGIÃO homens mulheres TOTAL Norte 8.470 9.150 17.620 Nordeste 36.600 42.360 78.960 Centro Oeste 14.460 14.050 28.510 Sul 52.000 47.580 99.580 Sudeste 120.330 121.730 242.06 231.860 234.870 460.730 INCA, 2008 Formas de Câncer • Interação entre fatores endógenos e ambientais Rev. Nutr Campinas, 2004;17(4):491-505. PERPECTIVAS DO CRESCIMENTO DO CÂNCER • • • • Aumento da expectativa de vida Avanço da obesidade Tabagismo e alcoolismo 1 pessoa a cada 3 tem ou terá câncer • Aumento da sobrevida após diagnóstico cresce a cada década National Cancer Institute, 1998 Cancer survivorship United States, 1971-2001. MMWR53:526-529, 2004 Câncer • Dieta inadequada representa cerca de 35% dos diversos tipos de câncer • 1809 Willian Lambe publicou recomendações alimentares para prevenção do câncer Rev. Nutr Campinas, 2004;17(4):491-505. J Am Cancer Soc.,1995;30-38. Incidência de Desnutrição no Câncer 30 a 50% dos casos Dias, 2002 Waitzberg, 2000 Perda de peso utilizada como critério principal da avaliação nutricional 40-80%dos casos Shils & Shike, 2003 IBRANUTRI moderado grave leve • 4000 hospitalizados na rede pública • 20,1% portadores de câncer • 66,4% desnutridos • 45 % grau moderado • + 20 % grave • O câncer o risco de desnutrição em 8,1 vezes • Doença em TGI superior risco em 15,7 vezes Waitzberg, 2004. Waitzberg & Baxter, 2004. Câncer Infantil • 0,5 a 3% de todas as neoplasias malignas humanas • 200 mil casos anuais em todo mundo • Uganda, Croácia, Nova Zelândia ,USA e Canadá • Superior no sexo masculino Temas de Pediatria-Nestlé. 1992:;50:1-13 Cad Saúde Pública. 2002; 18(1):33-44 Câncer Infantil Incidência em % de câncer na infância Tipos de Câncer SN C Li nf N om eu ro as bl as to m a Sa rc om as T. W ilm s R Ó et ss in eo ob la st om as LE U 35 30 25 20 15 10 5 0 Cad Saúde Pública. 2002; 18(1):33-44 Prevalência da Desnutrição na Infância 6 a 50% • Diagnóstico e estágio da doença • heterogeneidade dos critérios utilizados para classificar a desnutrição Risco Nutricional associado a tumores sólidos, principalmente, em doenças avançadas com algum grau de desnutrição presente no início do tratamento Continuing Educ. 1986; 86(12):106-76 Desnutrição e Câncer Acompanhamento de crianças e adolescentes na fase de indução da remissão do tratamento oncológico. N: 145 pacientes 38% com Desnutrição Protéica Calórica risco para desnutrição durante o tratamento está associado a terapia com múltiplas drogas em altas doses e sua combinação com radioterapia Estado Nutricional da crianças e adolescentes com câncer. UNIFESP; 2000 Desnutrição e Câncer 20 adolescentes portadores de osteossarcomas • 10% na prevalência de DEP através do IMC e Prega Cutânea do Tríceps (PCT) • 15% pela Circunferência Muscular do Braço (CMB) • Foi comparado o 1º e 3 º mês de tratamento significativa na média de adequação sobre peso ideal apesar da interveção dietética o uso de drogas prejudicam a ingestão alimentar e promovem perdas nutricionais importantes, toxidade renal e gastrointestinal - vômitos intensos Acta oncol Bras. 2002; 22(1): 233-7 Causas de Deterioração Nutricional Efeitos clínicos gerais Anorexia,mal estar fadiga, febre, prostração Aberrações bioquímicas Produção de citoquinas, hipermetabolismo, ciclos metabólicos futéis Transtornos gastrointestinais Disfagia, vômitos, dor abdominal, obstrução intestinal Perdas externas e internas Sangramento, ascite, edemas Anormalidades psicológicas Ansiedade, depressão Tipos de Câncer e Desnutrição Localização e Freqüência estômago pâncreas esôfago cabeça e pescoço pulmão Colo e reto Neoplasias urológicas ginecologia 65-85% 80-83% 60-80% 65-75% 45-60% 45-60% 10% 15% CÂNCER Efeitos do tratamento Anorexia + alterações físicas e psicológicas Redução de ingesta de nutrientes Efeitos do tumor Déficit energético + alterações de macronutrientes Distúrbios metabólicos CAQUEXIA NO CÂNCER Eur J Oncol Nutrs, 2005 (35) CAQUEXIA KAKOS = mau HEXIS = condição, estado “Estado debilitado de saúde” Support Care Cancer. 2003:11(2):73-8. CAQUEXIA Hipócrates já falava em “caquexia” há mais de 2400 anos “ A carne é consumida e transforma-se em água... O abdome se enche de água, os pés e as pernas incham; os ombros, clavículas, peito e coxas definham.. Essa doença é fatal”. Waitzberg DL. Dieta, nutrição e câncer. 2004.p.334-52. Síndrome da Anorexia-Caquexia • complicação frequente em paciente c/ neoplasia maligna em estado avançado • Consumo intenso de tecido muscular e adiposo • Perda involuntária de peso • Anemia, astenia, balanço nitrogenado negativo Alterações fisiológicas, metabólicas e imunológicas REv. Bras Cancerol. 2007;52(1):59-77 Distúrbios Metabólicos no Câncer Gordura Lipólise Anorexia Hipotálamo Fator Mobilizador de lipídeos do GE Fígado Tumor Insulina , cortisol e glucagon AAs Músculos Fator Indutor de Proteólise PTN da fase aguda Proteólise Eur J Oncol Nutrs, 2005 (35) Perfil Metabólico da Caquexia do Câncer da ingesta alimentar Anorexia, naúseas, vômitos, alteração de paladar e olfato Efeitos locais do tumor Odinofagia, disfagia , saciedade precoce, mal absorção Fatores psico-sociais Depressão, ansiedade, aversão alimentar Radioterapia Anorexia, náuseas vômitos, alteração de paladar e olfato, estomatite,mucosite e diarréia Cirurgia Alterações na mastigação deglutição Quimioterapia Odinofagia, disfagia, xerostomia, mucosite, fístulas CA Câncer J Clin. 1998 ;48(2):69-80 Avaliação Nutricional • Susceptibilidde a infeções • Resposta terapêutica • Prognóstico Parâmetros clínicos, físicos, dietéticos, subjetivos, antropométricos, laboratoriais e composição corporal REv. Bras Nutr Clin. 2002;17(1):1-8 Avaliação Nutricional A avaliação nutricional no paciente com câncer deverá ser realizada com freqüência, e a intervenção nutricional iniciada precoce quando os défices forem observados. Recomendação grau C - ESPEN, 2006 Avaliação Nutricional em Pacientes com Câncer • Não há método considerado padrão ouro • Todos os métodos apresentam limitações • Avaliação Subjetiva Global (ASG) pode ser interessante Cabral & Correia. Dieta, Nutrição e Câncer. 2004. p 329-33. Limitações na Avaliação Nutricional de Doentes com Câncer AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA Prejudicada no Edema e Ascite Dificulta a detecção da perda de massa muscular e gordurosa Melhor utilizada no acompanhamento nutricional do paciente que no diagnóstico do estado nutricional Cabral & Correia. Dieta, Nutrição e Câncer. 2004. p 329-33. Limitações na Avaliação Nutricional de Doentes com Câncer Avaliação do Consumo Alimentar Detectar se a alteração do hábito alimentar e de causa primária ou secundária a doença Dificudade na ingestão de alimentos Tipo de câncer e doença avançada que alteram o gasto energético e levam a quadros de caquexia Paciente com déficit cognitivo, delírios, depressão ou astenia Necessária a presença do cuidador responsável pelo paciente Cabral & Correia. Dieta, Nutrição e Câncer. 2004. p 329-33. O câncer influencia o estado nutricional? Sim. O baixo peso é freqüentemente o primeiro sintoma que ocorre com o paciente com câncer. Dependendo do tipo do tumor, o baixo peso pode ocorrer de 30 a + 80% dos pacientes, com perdas de +10 a 15% com relação ao peso inicial. ESPEN, 2006. Avaliação da Prevalência de Desnutrição em Doentes com Câncer Avançado 30 hospitais ligados ao Sistema Nacional de Saúde da Espanha N= 781 pacientes Método de usado: Avaliação Subjetiva Global 52% desnutridos 70,4% reportaram peso menor que o usual 48% perda de peso no último mês 37 % nas duas últimas semanas antes do estudo 22% dos pacientes estudados perderam 5% do PC IMC 18,5kg/m² em 6,5% dos pacientes 21,2 % disseram ter ganho peso no mês anterior Clin Nutr. 2005 Oct(5):801-14. Avaliação da Prevalência de Desnutrição em Doentes com Câncer Avançado • 48 % relataram comer < que o usual - 42% comiam < por falta de apetite • 95,3% eram capazes de alimenta-se sozinhos • 14,6% recebiam Terapia Nutricional (NE, NP e suplementos VO) • 16,3% acetato de megestrol, 31,75% corticóide e 12,3% psicotrópicos • 67,5% dos doentes atribuíram grande e muito grande importância a alimentação Clin Nutr. 2005 Oct(5):801-14 Avaliação da Prevalência de Desnutrição em Doentes com Câncer Avançado Conclusão dos autores •Avaliação nutricional é vital para detecção dos pacientes em riso de desnutrir-se ou c\ desnutrição atual. •A identificação dessas condições o mais cedo possível é essencial para implementação de Terapia Nutricional para auxiliar no tratamento do câncer e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Clin Nutr. 2005 Oct(5):801-14 Avaliação Nutricional em Pacientes com Câncer Ganho de peso POUCO FREQUENTE Drogas usadas no tratamento •Aumentam o apetite • Provocam retenção hídrica • Podem provocar aumento do peso corporal Rev. Latinoam Enfermagem. 2002;10(3):321-33 Impacto do tratamento quimioterápico no EM e no comportamento alimentar de pacientes com CA de mama e suas conseqüências na qualidade de vida N: 25 pacientes Idade: 46-49 anos (pré e pós menopausa) Submetidas a cirurgia e tratamento quimioterápico coadjuvante Avaliação nutricional: peso ,IMC e Composição Corporal Avaliação da ingestão alimentar com 3 recordatórios de 24 horas Avaliação de aversão alimentar e avaliação da qualidade de vida Verde, 2007 Faculdade de Saúde Pública de São Paulo Impacto do tratamento quimioterápico no EM e no comportamento alimentar de pacientes com CA de mama e suas conseqüências na qualidade de vida de peso(2,2kg) e IMC(1,0kg/m²) - obesas:4% % de água, gordura e massa magra inalterados e redução do ângulo de fase Ingestão de nutrientes s/ alteração após tratamento Aversão ao grupo das bebidas e 52% das pacientes relataram aversão a 1 alimento ou grupo de alimentos Qualidade de vida: redução do bem estar físico de peso associado a do ângulo de fase + alteração no consumo alimentar e na qualidade de vida reduzida agravam o prognóstico clínico e social da população estudada Verde, 2007 Faculdade de Saúde Pública de São Paulo Avaliação do EM de pacientes com câncer de cabeça e pescoço em acompanhamento ambulatorial N: 81 pacientes 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 22% 15,00% 78% 10,00% 5,00% homens mulheres * Radio e radio + quimio 0,00% laringe rinofaringe c. oral outas tipos de cancer • Avaliação Nutricional (peso habitual, perda e ganho de peso recente, fatores limitantes para ingestão alimentar, altura, IMC) •Intervenção Nutricional :48 pacientes (59,2%) TNE (10% PC) •Avaliação da composição corporal REv. Bras Nutr Clin. 2006;21(1):23-7 Avaliação do EM de pacientes com câncer de cabeça e pescoço em acompanhamento ambulatorial Média de perda de peso = 2,8 kg (3,6%) – pré e pós tratamento Redução significante do IMC, sem alteração da condição nutricional, grupos c/ sobrepeso em eutróficos permaneceram nestas condições Redução da gordura corporal, elevação da massa magra, manutenção da água corporal e do ângulo de fase Esses achados podem traduzir menor grau de hipercatabolismo na população, refletindo a importância da precocidade da Terapia Nutricional REv. Bras Nutr Clin. 2006;21(1):23-7 Hábitos Dietéticos de Pacientes com Câncer Colorretal em Fase pós-operatória N= 70 pacientes - H 28 M 42 Idade Média: 58,3 anos Atividade Física: 71,43% (30‘/ 1x sem.) Tabagistas: 8,6% e ex 24,3% Uso de bebida alcoólica 11,4% 18% 46% . 36% eutrofia sobrepeso obesidade REv. Bras Cancerol. 2007;53(3):277-289 Hábitos Dietéticos de Pacientes com Câncer Colorretal em Fase pós-operatória • 87,1% - 5 a 9 porções/dia cereais, raízes, pães, tubérculos • 15,7% - 3 porções de leite e derivados • 61,4% -1 a 2 porções carne e ovos • 31,4% - 1 a 2 porções doces e açucares • 70% - 2 x. de café/dia • 72,9% usavam gordura vegetal REv. Bras Cancerol. 2007;53(3):277-289 Hábitos Dietéticos de Pacientes com Câncer Colorretal em Fase pós-operatória • • • • • 7,1% - 3 a 5 porções de frutas 2,9% - 4 a 5 porções de hortaliças 28,6% - 1 porção de leguminosas 8,6% - da recomendação de fibras 11,4% - 2 litros de água REv. Bras Cancerol. 2007;53(3):277-289 Hábitos Dietéticos de Pacientes com Câncer Colorretal em Fase PósOperatória Foi observada ingestão dietética precária da maioria dos fatores protetores contra o câncer colorretal . Os resultados sugerem necessidade da realização de programas educacionais multidisciplinares com o intuito de orientar os pacientes à melhoria da qualidade de vida com reforço dos hábitos de vida saudáveis. REv. Bras Cancerol. 2007;53(3):277-289 Influência do EN no Prognóstico do Câncer EN deficiente está associado a: • redução da qualidade de vida • diminuição dos níveis de atividades • aumento das reações adversas relacionados ao tratamento • redução da resposta do tumor ao tratamento • sobrevivência reduzida ESPEN, 2006 CONCLUSÃO • A avaliação nutricional é indispensável ao paciente com câncer • Não há método considerado padrão ouro • Instituir Investigação + completa possível dos indicadores nutricionais • O tipo de câncer e seu estágio podem interferir nos resultados da avaliação nutricional OBRIGADO!