FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS FISIOLOGIA ANIMAL COMPARADA ESTUDO COMPARATIVO DO BENZO[A]PIRENO E SUA AÇÃO FOTODINÂMICA EM LINHAGENS CELULARES, UTILIZANDO AS RADIAÇÕES UVA OU VISÍVEL Daza de Moraes Vaz Batista Filgueira Tese defendida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas – Fisiologia Animal Comparada como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE em Fisiologia Animal Comparada Orientadora: Dra. Gilma Santos Trindade RIO GRANDE 2006 AGRADECIMENTOS Agradeço com todas as forças, a minha família. À minha mãe, pelo exemplo de vida, pela educação que me deu e pela força que dela herdei. Ao meu pai, pelo companheirismo, “corujism o” e por ter m e ensinado a sonh ar (por que não a voar?). Tia Dira, Tio Paulo, Fabinho e Franklin, à família Moraes Vaz pelo carinho, preocupação e torcida. Com toda intensidade agradeço a ti, Marcos, meu grande amor, pela amizade, cumplicidade, e incansável companheirismo. Agradeço pela família que conquistei junto a ti: D. Jane, S. Luiz, M arcelo, A dri, G abriel e M arina (“D ina”), m eus presentes de D eus. Aos meus amigos Karen Lose – minha mana (sofrendo à distância), Karen Bandeira (sofrendo pertinho), Diego e Patrícia, muito obrigada pelo apoio. Ao meu grande amigo, S. Roni, pelas horas de conversa e distração. À minha orientadora, Gilma, pela amizade, pelo exemplo de vida e principalmente por permitir que nós cresçamos não só como pesquisadoras, mas principalmente, como pessoas. Trabalhar contigo é uma honra. Agradeço profundamente a toda a tua família, pela paciência, compreensão e por compartilharem conosco a pessoa maravilhosa que tu és. A L aura e ao Z é, pelo carinho, e por a toda preocupação, m uito obrigada. “P erfecto”! Ao professor Luiz Eduardo, Carioca, pela confiança, dedicação e disposição. Meus mais sinceros agradecimentos aos mestres do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas, por todo auxílio na construção de meu conhecimento. Aos mais que colegas de laboratório, amigos, Ana Paula, Bia, Caren, Glauce, Kiti, Maikel, Márcio, Michele (chefinha), Thaís – essa sim é uma equipe nota 1000. Meu muito obrigada à Prof ª Adriana Vallochi, pela disposição e entusiasmo. Gostaria de agradecer aos meus colegas do DCF e aos meus colegas patrocinadores, valeu pela força. Crescer junto com vocês foi fundamental. 2 Aos técnicos, Fábio, Black, D. Jú, Rê, Loraine, Robaldo. As Marias que me acompanharam diariamente, Maria Olsen e especialmente a Maria da Graça, por toda a torcida, preocupação e dedicação. Ao meu professor de inglês, Tony, pela amizade, por todo esforço e dedicação. Agradeço a todos que me amam, pela paciência e por tentarem compreender a minha ausência. E o meu mais profundo agradecimento a Deus, pelas oportunidades e pessoas maravilhosas que colocou em minha vida. Obrigada senhor, pelo dom da VIDA. 3 Índice Lista de abreviaturas ............................................................................................................... 5 Resumo Geral ........................................................................................................................... 6 Introdução Geral ...................................................................................................................... 8 Objetivos ................................................................................................................................. 16 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 16 Objetivos Específicos ............................................................................................................ 16 Referências .............................................................................................................................. 17 C om m u n ication a ser su b m etid a à revista “T oxicology in V itro” ..................................... 23 A comparative study of Benzo[a]pyrene and its photodynamic action in MDR and nonMDR cell lines, under UVA or visible radiations ................................................................ 24 Abstract ................................................................................. Error! Bookmark not defined. 1. Introduction ....................................................................... Error! Bookmark not defined. 2. Materials and methods ...................................................... Error! Bookmark not defined. 2.1. Cells and culture conditions ........................................ Error! Bookmark not defined. 2.2. Treatment of cells ........................................................ Error! Bookmark not defined. 2.2.1 Benzo[a]pyrene exposure ....................................... Error! Bookmark not defined. 2.2.2 UVA or PAR exposure ............................................ Error! Bookmark not defined. 2.3. GC/MS analyses of BaP exposure solutions ............... Error! Bookmark not defined. 2.4 Assessment of the sensitivity of the two cell lines to BaP ............ Error! Bookmark not defined. 2.5. Statistical analysis ....................................................... Error! Bookmark not defined. 3. Results ............................................................................... Error! Bookmark not defined. 4. Discussion ......................................................................... Error! Bookmark not defined. 5. References ......................................................................... Error! Bookmark not defined. A rtigo a ser su b m etid o à revista “T oxicology in V itro” ..................................................... 25 Photodynamic action of Benzo[a]pyrene in K562 cells ....................................................... 26 Abstract ................................................................................. Error! Bookmark not defined. 1. Introduction ....................................................................... Error! Bookmark not defined. 2. Materials and methods ...................................................... Error! Bookmark not defined. 2.1. Cell line and culture conditions .................................. Error! Bookmark not defined. 2.2. GC/MS analysis ........................................................... Error! Bookmark not defined. 2.3. Treatment of cells ........................................................ Error! Bookmark not defined. 2.3.1 Benzo[a]pyrene exposure ....................................... Error! Bookmark not defined. 2.3.2 UVA exposure ......................................................... Error! Bookmark not defined. 2.4. Kinetics of BaP by K562 cells ..................................... Error! Bookmark not defined. 2.5 Assessment of the sensitivity of the K562 cell line to BaP .......... Error! Bookmark not defined. 2.6. Oxidative effects of benzo[a]pyrene ............................ Error! Bookmark not defined. 2.6.1 Assessment of intracellular ROS formation ........... Error! Bookmark not defined. 2.6.2 Determination of lipid peroxidation (LPO)............ Error! Bookmark not defined. 2.6.3 DNA-protein cross-link .......................................... Error! Bookmark not defined. 2.6.4 Single cell electrophoresis (Comet) assay.............. Error! Bookmark not defined. 2.7. Statistical analysis ....................................................... Error! Bookmark not defined. 3. Results ............................................................................... Error! Bookmark not defined. 4. Discussion ......................................................................... Error! Bookmark not defined. 5. References ......................................................................... Error! Bookmark not defined. Conclusões Gerais .................................................................................................................. 27 4 Lista de abreviaturas 8-OHdG – 8-hidroxi-2’deoxiguanosina A431 – Carcinoma epidérmico humano AhR – Receptor para hidrocarbonetos aromáticos BaP – Benzo[a]pireno BaP+PAR – Ação fotodinâmica do Benzo[a]pireno associado com luz visível BaP+UVA – Ação fotodinâmica do Benzo[a]pireno associado com radiação UVA BaP-7,8-DHD – BaP-trans-7,8-dihidrodiol BaP-PDA- Ação fotodinâmica do Benzo[a]pireno BPDE – 7,8-diol-9,10-epóxido-benzo[a]pireno BPQs – Benzo[a]pireno-quinonas CHP – Cumeno hidroperóxido DL50 – Dose letal para 50 % de células DMSO – Dimetilsulfóxido DNAPC - DNA-proteína crosslink EGF – Fator de crescimento epidérmico EROs/ROS – Espécies reativas de oxigênio FU – Unidade de fluorescência GC/MS – Cromatografia gasosa/Espectrofotômetro de massa GPx – Glutationa peroxidase GSH – Glutationa H2DCF-DA - 2´,7´-diclorofluoresceína diacetato Hepa1c1c7 – Hepatoma de rato HMEC – Célula mamária humana normal LPO – Lipídeos peroxidados/ lipid peroxidation MCF-10A – Célula carcinoma epidérmico humano MCF-7 – Célula carcinoma mamário humano MDR – Resistência a múltiplas drogas PAH – Hidrocarboneto aromático policíclico PAR – Luz visível PBS – Tampão fosfato salino PDA – Ação fotodinâmica Pgp – Glicoproteína P SOD – Superóxido dismutase US EPA – Agência Norte Americana de Proteção Ambiental UV – Radiação ultravioleta UVA – Radiação ultravioleta A UVB – Radiação ultravioleta B UVC – Radiação ultravioleta C VCR – Vincristina α -GST – Glutationa-S-transferase α 5 Resumo Geral O benzo[a]pireno (BaP) é um hidrocarboneto aromático policíclico (PAH) amplamente diststribuído no ambiente e é considerado o mais fototóxico entre os PAHs. Por outro lado, a ação fotodinâmica é a fotooxidação de moléculas biológicas na presença de oxigênio e um fotossensibilizador. Tendo em vista que os PAHs podem agir como fotossensibilizadores, o objetivo deste trabalho foi avaliar a ação fotodinâmica do BaP associado as radiações UVA ou visível (PAR) nas linhagens celulares K562 (células tumorais quimiosensíveis ditas nãoMDR) e Lucena (células tumorais quimioresistentes , ditas MDR) através da análise do número de células viáveis e viabilidade celular. Para isso, três tratamentos foram realizados. O primeiro deles, apenas com BaP em diferentes concentrações (1,08; 2,17; 4,34 ou 8,68 µg/mL) sem receber irradiação. E os outros dois, onde as células além do BaP foram irradiadas com 1J/cm² de UVA ou de PAR. Além disso, para a linhagem K562, foi demonstrada a cinética de entrada do BaP e foram realizados testes para verificar a geração de EROs, produção de lipídeos peroxidados (LPO), dano de DNA (DNA-proteína cross-link e quebras no DNA). Para estes testes as células foram incubadas por 18 horas com 2,17µg/mL BaP e irradiadas ou não com 1J/cm² UVA. O número de células viáveis e viabilidade celular foi avaliado pelo método de exclusão por azul de trypan. Os tratamentos com BaP (sem irradiação) não alteraram o número de células viáveis nem a viabilidade para ambas as linhagens celulares (p<0,05). Entretanto, ambos o número de células viáveis e a viabilidade celular foram alterados pelo tratamento BaP+UVA (p>0,05), já para o tratamento de BaP+PAR somente o número de células viáveis diminuiu (p>0,05), o que sugere a ocorrência de inibição de proliferação. Para a linhagem K562, com 18 horas de incubação, houve o maior acúmulo de BaP e ainda para esta linhagem depois da exposição ao BaP+UVA, houve um aumento na peroxidação lípidica (controle 14,343,19; BaP+UVA 54,0811,17 nmol CHP/mg pellet). Quanto a análise de danos de DNA, houve diferença significativa na 6 porcentagem de DNA-proteína cross-link após os tratamentos com BaP, UVA e BaP+UVA quando comparados ao controle (p>0,05) e um aumento nas quebras no DNA nas células tratadas com BaP+UVA (controle: 7,27±2,72; BaP+UVA: 58,61±11,47 score). Sendo assim, sugerimos que os efeitos da associação BaP+UVA foram obtidos pelos dois principais mecanismos da ação fotodinâmica: através do mecanismo tipo II (capaz de produzir oxigênio singlete e danificar preferencialmente DNA) e do mecanismo tipo I (envolvendo outras espécies reativas de oxigênio). 7 Introdução Geral Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH) são lançados no ambiente através de fontes naturais, como vulcões ou, na maioria das vezes, pela ação antropogênica. Isto ocorre durante o processo de refinamento ou queima incompleta de combustíveis fósseis, por exemplo, queima de carvão, petróleo, fumaça de cigarro, incineração de plantas, tráfego de automóveis (Cerniglia et al., 1979; Lyons et al., 2002; Yan et al., 2004). Existem mais de 100 diferentes PAHs conhecidos, porém apenas 16 são considerados como poluentes prioritários pela United States Environmental Protection Agency (US EPA); entre eles, o benzo[a]pireno (BaP) é considerado o mais fototóxico (Schirmer et al., 1998). Por si só, o BaP é relativamente não tóxico, porém quando metabolicamente ativado, torna-se carcinogênico (Liu et al., 1998). BaP é formado por 5 anéis benzênicos e tem peso molecular de 252,31. Os efeitos carcinogênicos do BaP têm sido discutidos para o homem e para os outros animais bem como para os sistemas celulares de mamíferos (Tokiwa et al., 1993). É sabido também que o BaP modula a expressão de mais de 12 genes, entre eles os membros do citocromo p450, bcl-2, e p53 (Hsing et al., 2000; Nebert & Gonzalez, 1987). Ko e colaboradores (2004), observaram em Hepa1c1c7 (hepatoma de rato) que células tratadas com BaP apresentam uma diminuição na expressão de Bcl-2 e uma fosforilação de p53, demonstrando que BaP induz a apoptose neste tipo celular. Além disso, foi demonstrado para o BaP a capacidade de elevar os níveis de Ca 2+ em células HMECs (célula mamária humana normal) e MCF-10A (carcinoma epidérmico humano) através do aumento da atividade da via de sinalização do Fator de Crescimento Epidérmico (EGF) (Tannheimer et al.,1997; Davis et al., 2000). Como acontece então a metabolização do BaP? 8 O BaP liga-se aos receptores para hidrocarbonetos aromáticos (AhR), ativando-os; uma vez ativados, induzem a transcrição de um número de genes envolvidos no próprio processo de metabolização deste PAHs, inclusive CYP1A1. CYP1A1 ativa BaP em BaP-7,8oxide o qual, através de reação de hidrólise envolvendo a enzima epóxido hidrolase, é metabolizado em (±)-BaP-trans-7,8-dihidrodiol (BaP-7,8-DHD). BaP-7,8-DHD pode então servir como substrato para uma segunda reação de oxidação CYP-dependente, gerando o último metabólito carcinogênico 7,8-diol-9,10-epoxido-benzo[a]pireno (BPDE). Estes dióisepóxidos podem resultar em vários tetróis, mas são parcialmente protegidos de hidrólises por epóxido hidrolase, o que permite que eles atinjam o núcleo. No núcleo, podem se ligar covalentemente ao DNA, formando principalmente deoxiguanosina-adutos de DNA, levando a problemas na replicação e mutagênese (Conney, 1982; Shields et al., 1993). O BPDE pode ser conjugado com a GSH através da -GST e assim ser excretado da célula como conjugado solúvel em água (Jernström et al.,1996; Robertson & Jernström, 1986). No entanto, caso a quantidade de BPDE torne-se predominante, ou a célula não realize o processo de conjugação, poderá ocorrer reação deste metabólito com o DNA produzindo adutos em vários tipos celulares (Lutz & Schlatter, 1979; Melendez-Colon et al., 1999). Além disso, o próprio processo de metabolização do BaP via CYP1A1 pode produzir espécies reativas de oxigênio (EROs), as quais podem também reagir com o DNA formando adutos (Kim & Lee, 1997; Whitlock, 1999). Benzo[a]pireno-quinonas (BPQs) são outros metabólitos do BaP, que podem ser produzidos biologicamente por peroxidases e por isoenzimas CYP em combinação com dihidrodiol dehidrogenases, bem como ambientalmente através da radiação ultravioleta (UV) (Reed et al., 2003). BPQs são compostos quimicamente ativos que passam por ciclos redox com seus radicais semiquinonas resultando na formação de anion superóxido, peróxido de hidrogênio e radical hidroxila. Existe a hipótese de que alguns efeitos do BaP reflitam na 9 formação de BPQs e a subseqüente geração de EROs. As quinonas, assim como BPDE, também podem formar conjugados com a glutationa (Agarwal et al, 1991). Como dito acima, o BaP está amplamente difundido no meio ambiente e portanto, torna-se exposto a radiação solar. Cabe esclarecer que ao fazer-se referência ao ultravioleta (UV) solar estamos tratando das faixas de UVA e UVB, uma vez que a radiação UVC não chega a atmosfera (Chapman et al., 1995). Por que é importante considerarmos a capacidade de interação da radiação ultravioleta com os organismos? Toda a célula, seja procariótica ou eucariótica, possui cromóforos endógenos para a UV e por esta razão, esta radiação é conhecida por causar danos em diferentes alvos celulares. UVA tem como alvo preferencial a membrana celular, enquanto que UVB e UVC têm como principal alvo, o DNA celular (Godar et al., 1993). A radiação UV pode produzir danos nas moléculas de DNA por mecanismos direto e indireto. O mecanismo direto ocorre quando a radiação incide diretamente sobre o DNA nuclear (UVC e UVB). Já o mecanismo indireto (UVA) é aquele em que, moléculas intermediárias, preferencialmente a água, são irradiadas e, como conseqüência, EROs são produzidas. Estas espécies ativas, por sua vez, atingem moléculas celulares críticas, como DNA, enzimas anti-oxidantes e lipídeos estruturais da membrana celular (Darr & Fridovich, 1994). Para a radiação UVA, o principal dano no DNA, é a formação da 8-hidroxi2’deoxiguanosina (8 -OHdG) (Steenken and Jovanovic, 1997). Como já foi dito anteriormente, a capacidade tóxica do BaP é altamente significativa quando este é metabolicamente ativo (Liu et al., 1998) e, tendo em vista que o BaP é o mais fototóxico (Schirmer et al., 1998) entre os PAHs e considerando-se que determinadas faixas de comprimento de onda interagem com o BaP, torna-se interessante estudar o seu processo de ação fotodinâmica. 10 A ação fotodinâmica é a fotooxidação de moléculas biológicas na presença de oxigênio e de uma substância sensibilizante, o fotossensibilizador (Blum, 1941; Trindade et al., 2000). Existem dois principais caminhos que levam a morte celular pelo processo de fotooxidação conhecidos como mecanismos do tipo I e tipo II. No mecanismo tipo I a substância fotossensibilizante ativada pela luz interage com alvos biológicos e em combinação com o O2 do meio, gera radicais como o radical ânion superóxido (O2-) e radical hidroxila (∙OH). No mecanismo do tipo II ocorre transferência de energia do fotossensibilizante ativado pela radiação para o O 2 no estado triplete (3O2), gerando uma espécie extremamente reativa, o oxigênio singlete (1O2), que, por sua vez, irá atuar nos alvos biológicos. O mecanismo do tipo II destrói muitos compostos fora e dentro da célula enquanto que o tipo I necessita da penetração do fotossensibilizador no invólucro celular (Foote, 1991; Henderson e Dougherty, 1992). Sabendo-se que os PAHs e seus derivados, podem agir como fotossensibilizadores (Zhang et al., 2004), torna-se pertinente estudar o mecanismo capaz de produzir os efeitos da ação fotodinâmica do BaP. A razão pela qual os PAHs podem ser considerados fotossensibilizadores está relacionada ao fato de sua composição molecular apresentar o sistema múltiplo de anéis aromáticos que, por sua vez, têm a capacidade de absorver a energia na faixa do UVA e da luz visível (Dabestani and Ivanovi, 1999). Este processo ocorre quando o fotossensibilizador absorve a energia luminosa, eleva-se para um estado excitado e ao retornar ao estado inicial transfere esta energia de excitação para o oxigênio, produzindo assim EROs (Newsted and Giesy, 1987). As EROs incluem radicais livres como o ânion superóxido (O2-.), o radical hidroxila (OH.) e o oxigênio singlete (1O2), assim como intermediários não-radicais, como o peróxido de hidrogênio (H2O2). A maioria das EROs são produzidas através da utilização do oxigênio molecular por carreadores de elétrons mitocondriais e enzimas durante o metabolismo normal 11 da fosforilação oxidativa de células aeróbicas de mamíferos. Quando as EROs alcançam uma concentração crítica, se sobrepondo às defesas antioxidantes, poderão ocorrer danos de macromoléculas, tais como, DNA, proteínas e lipídeos, caracterizando o processo conhecido como estresse oxidativo (Meewes et al., 2001). Por outro lado, segundo Darr e Fridovich (1994) para proteção contra o estresse oxidativo, as células aeróbicas possuem um complexo sistema de defesas antioxidantes, incluindo antioxidantes não-enzimáticos, como as vitaminas E e C, ácido úrico e glutationa e antioxidantes enzimáticos, como a superóxido dismutase (SOD), catalase e glutationa peroxidase (GPx). Como já foi visto acima, após exposição à radiação UVA, a guanina é a base de DNA mais facilmente oxidada por ter o menor potencial de oxidação entre as quatro bases (Steenken & Jovanovic, 1997). A 8-OHdG é uma forma oxidada da guanina formada pela reação com EROs. O acúmulo desta guanina oxidada reduz a integridade do DNA. Além disso, a radiação ultravioleta também pode aumentar ligações covalentes de PAHs no DNA (Sinha & Chignell, 1983). Tem sido mostrado que a exposição concomitante de PAHs e luz podem causar quebras simples no DNA, oxidação de bases e formação de adutos no DNA (Liu et al., 1998; Yu, 2002). No artigo de Zhang e colaboradores (2004) eles verificaram em células KB (carcinoma epidérmico humano) um aumento de 2,9 vezes na produção de EROs no tratamento destas células com UVA mais BaP e de 1,3 vezes no tratamento destas células com UVB mais BaP e que existe uma correlação entre a quantidade de EROs e a quantidade de 8-OHdG nas células onde o BaP foi irradiado com UVA, levando a um aumento no número de danos de DNA. Testando a linhagem A431 (carcinoma epidérmico humano) e DNA extraído de timo de carneiro, Liu e colaboradores (1998) constataram que, na presença de UVA mais BaP, existe um aumento, em 20 vezes, no número de danos oxidativos de DNA quando comparado 12 com as células tratadas sem BaP. Para o tratamento com UVB esta diferença não foi tão marcante. Mais uma vez, evidenciando o caráter oxidativo da radiação UVA. Um outro exemplo desta interação foi demonstrado por Shyong e colaboradores (2003). Estes autores verificaram que, para a linhagem celular A431 existe aumento de H 2O2 pela exposição das células ao BaP e ao UVA. Resultado similar foi encontrado por estes pesquisadores para culturas primárias de queratinócitos. Ibuki e Goto (2002), mostraram que a co-exposição de BaP e UVA induziram a letalidade em células Jurkat (linfoblasto). Estes autores verificaram que a morte celular ocorreu por apoptose, e mostraram que houve ativação das caspases, condensação de cromatina e translocação de fosfatidilserina para fora da membrana celular. Além disso, os autores sugerem que a indução da apoptose ocorreu pela produção de oxigênio singlete. Gao e colaboradores (2005) demonstraram que metabólitos microssomais de BaP, também são potencialmente sinergizados quando associados com UVA e induzem a formação de 8-OHdG em DNA de mamíferos. Além da participação do oxigênio singlete, estes autores observaram também, a participação do ânion superóxido. Utilizando captadores específicos para esta EROs, houve uma inibição de 20% na formação de 8-OHdG. Os comprimentos de onda da radiação solar que atingem a superfície terreste, UVA e UVB, por si só, podem causar efeitos deletérios nos organismos e, como foi visto acima, em associação com algumas substâncias, podem ter seus efeitos sinergizados. Entretanto, a luz visível que é conhecida por seus benefícios, entre eles a fotossíntese, muitas vezes é deixada de lado. Qual será o efeito da associação do BaP com a luz visível? Até o momento, o número de trabalhos envolvendo a interação do BaP com a radiação UVA é muito superior àqueles envolvendo a interação do BaP com a faixa do espectro visível. Mauthe e colaboradores (1995) ao demonstrarem que a exposição de células MCF-7 (carcinoma mamário humano) e embriões de hamster quando submetidos a tratamento com 13 BaP e luz visível respondem com aumento de 8-OHdG estimulam a continuidade destes estudos. A partir da idéia de que a ação fotodinâmica exerce seus efeitos num processo que envolve estresse oxidativo, ter um modelo biológico que expresse diferenças quanto ao sistema de defesa celular, por exemplo, uma célula sensível a quimioterápicos e uma célula resistente a estas drogas, podem contribuir para a compreensão das vias celulares envolvidas no processo de toxicidade da ação fotodinâmica. Rumjanek e colaboradores (1994, 2001) estabeleceram um modelo in vitro utilizando o quimioterápico vincristina para induzir uma linhagem eritroleucêmica resistente e, com isso, permitir um estudo experimental de células resistentes a múltiplas drogas (MDR). A esta linhagem MDR foi dado o nome K562-Lucena1 (Lucena) para distinguir de sua linhagem parental K562, não resistente. Mas é importante ainda esclarecermos o que caracteriza uma célula MDR. A MDR é um fenômeno pelo qual, células tumorais que inicialmente respondiam a determinados quimioterápicos, adquirem resistência não apenas às drogas utilizadas no tratamento, mas também a um número de outras drogas que não apresentam uma estrutura comum as primeiras, nem mesmo possuem um mesmo alvo intracelular. Este fenômeno possui características que ainda não se encontram bem definidas e tem sido sugerido como uma das principais causas de falta de êxito na quimioterapia de diversos tipos de câncer (Gottesman & Pastan, 1993). São vários os fatores que podem levar ao fenótipo MDR, porém a superexpressão da glicoproteína P (Pgp) é o mecanismo melhor estudado (Ford & Hait, 1990). Esta proteína é responsável por um mecanismo de efluxo, dependente de energia, capaz de bombear agentes quimioterápicos para fora da célula (Uchiumi et al., 1993). As células Lucena superexpressam Pgp. 14 Em geral, tem-se mostrado que células MDR apresentam menor peroxidação lipídica que suas células parentais. No entanto, apesar de ser um fenômeno comum à maioria das células MDR estudadas, a razão dessa resistência varia consideravelmente entre as linhagens celulares, podendo estar relacionada a um aumento da expressão de enzimas antioxidantes (Benchekroun et al., 1990; Trindade et al., 1999), a um aumento da quantidade de alfatocoferol na membrana celular (Mazzanti et al., 1995), ou a outras razões ainda não compreendidas. Desta forma, é possível que linhagens MDR possam apresentar uma menor sensibilidade quando expostas a agentes oxidantes. Trindade e colaboradores (1999) estudaram a sensibilidade das células eritroleucêmicas K562 e Lucena à radiação UVA, UVB e UVC e verificaram que as células, sem distinção, morrem quando expostas à radiação UVB e UVC. Entretanto quando as células são expostas à radiação UVA, a linhagem MDR, foi resistente. Considerando que um dos principais produtos da radiação UVA é o peróxido de hidrogênio, também foi testada a sensibilidade a este agente oxidante e novamente a linhagem MDR mostrou-se resistente. Assim, considerando os efeitos da ação fotodinâmica do BaP e tendo as linhagens celulares K562 (não MDR) e Lucena (MDR), como modelos biológicos, estudamos os efeitos da ação fotodinâmica do BaP, utilizando as radiações UVA ou visível, nessas linhagens celulares através da análise de viabilidade celular. E para a linhagem K562 estudamos a cinética de entrada do BaP e para a associação BaP+UVA analisamos a geração de EROs, peroxidação lipídica e dano de DNA (quebras e DNA-proteína cross-link). 15 Objetivos Objetivo Geral Avaliar os efeitos da ação fotodinâmica com UVA ou luz visível utilizando o Benzo[a]pireno como substância fotossensibilizadora, em duas linhagens tumorais. Objetivos Específicos - Determinar a viabilidade das linhagens celulares, K562 e Lucena, a diferentes concentrações de BaP. - Determinar e comparar a viabilidade das linhagens celulares, K562 e Lucena, à ação fotodinâmica da radiação UVA ou visível para as diferentes concentrações de BaP. - Analisar a cinética de acumulação do BaP na linhagem K562. - Verificar a produção de espécies reativas de oxigênio na linhagem K562 tratada com BaP, irradiada com UVA, bem como na associação do BaP + UVA. - Verificar peroxidação lipídica, na linhagem K562 tratada com BaP, irradiada com UVA, bem como na associação do BaP + UVA. - Verificar a capacidade do BaP, do UVA e da associação BaP + UVA em gerar danos de DNA (quebras e DNA-proteína crosslink). 16 Referências Agarwal, R., Medrano, E.E., Khan, I.U., 1991. Metabolism of benzo[a]pyrene by human melanocytes in culture. Carcinogenesis 12, 1963–1966. Benchekroun, M.N., Catroux, P., Montaudon, D., Robert, J., 1990. 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