Questionamento:

Se pudéssemos fazer uma divisão
equalitária da riqueza no Brasil isto
resolveria os problemas? Em outras
palavras, cada um que tem mais tiraria do
seu e distribuiria com os que têm menos ou
que nada tem, se isso fosse possível. O
problema
das
desigualdades
estaria
definitivamente solucionado?

Se você responder sim ou não, justifique
sua resposta com argumentos defensáveis.
As desigualdades sociais no
Brasil
 Analisando
historicamente a questão
das desigualdades sociais no Brasil,
percebe-se que, com a chegada dos
portugueses, elas se instalaram e aqui
ficaram. Inicialmente, os povos
indígenas que habitavam o continente
foram vistos pelos europeus como
seres exóticos, não dotados de alma.
 Posteriormente,
houve a introdução
do trabalho escravo negro. Até hoje
seus descendentes sofrem
discriminação e preconceito pelo fato
de serem negros.
 Dos meados do século XIX, quando já
se previa o fim do trabalho escravo,
até o início do século XX, incentivouse a vinda de imigrantes europeus,
sobretudo para o trabalho na lavoura
de café.
À
medida que a sociedade brasileira
se industrializou e se urbanizou,
novos contingentes populacionais
foram absorvidos pelo mercado de
trabalho nas cidades. Esse processo
iniciou-se nos primeiros anos do
século XX, acelerando-se na década
de 1950, quando se desenvolveu no
país um grande esforço de
industrialização, trazendo junto a
urbanização.
 Com
as transformações ocorridas,
houve um crescimento vertiginoso
das
grandes
cidades
e
um
esvaziamento progressivo da zona
rural. Pela não colocação de toda a
força de trabalho atraída para as
cidades, foi-se constituindo uma
grande massa de desempregados,
que viviam à margem do sistema
produtivo capitalista.
 As
estatísticas
sobre
as
desigualdades sociais no Brasil
estão nos jornais e nas revistas, e
demonstram que a gravidade do
problema é tal que, se há alguma
coisa que caracteriza o Brasil nos
últimos anos, é sua condição
como um dos países mais
desiguais do mundo.
 Isso
não se traduz só em fome e miséria,
mas também em condições precárias de
saúde, de habitação, de educação, enfim,
em
uma
situação
desumana,
particularmente quando se sabe que a
produção agrícola e industrial e o setor de
comércio e serviços têm crescido de
maneira expressiva em nosso país,
demonstrando que a sociedade produz
bens e serviços e riqueza, mas eles não são
distribuídos de modo que atinjam todos
os brasileiros.
As desigualdades analisada no
Brasil

Conforme a cientista social brasileira Márcia
Anita Sprandel, em seu livro A pobreza no
paraíso tropical, a primeira tentativa de
explicar a pobreza no Brasil, a partir do final
do século XIX, consistiu em relacioná-la à
influência do clima e à riqueza das matas e
do solo. Afirmava-se que o brasileiro era
preguiçoso, indolente, supersticioso e
ignorante porque a natureza tudo lhe dava:
frutos, plantas, solo fértil, etc.
 Uma
segunda explicação estava
vinculada à questão racial e à
mestiçagem. Vários autores foram
críticos ferrenhos da mestiçagem e
consideravam que os mestiços
demonstravam a “degeneração e
falência da nação” ou que eram
“decaídos, sem a energia física dos
ascendentes selvagens, sem a
altitude intelectual dos ancestrais
superiores.”
A
maioria dos cientistas, políticos, juristas
e intelectuais desenvolveram teorias
racistas e deterministas para explicar os
destinos da nação brasileira, segundo a
cientista social Lilian Shwarcz, a pobreza
seria sempre um dos elementos essenciais
dessa explicação, e uma decorrência da
escravidão ou da mestiçagem. As
chamadas “classes baixas” constituíam-se
de pessoas que normalmente, nas cidades,
eram consideradas perigosas e, no interior,
apáticas, doentes e tristes.
Fome e coronelismo

A partir da década de 1940 a questão das
desigualdades sociais aparecia sob novo olhar,
que passava ainda pela presença do latifúndio,
da
monocultura
e
também
do
subdesenvolvimento. Josué de Castro, em seu
livro Geografia política da fome, publicado em
1951, analisa a questão da desnutrição e da
fome explicando-as com base no processo de
subdesenvolvimento,
o
qual
gerava
desigualdades econômicas e sociais entre os
povos que, no passado, tinham sido alvo da
exploração colonial no mundo capitalista.
Defendia a educação e a reforma agrária como
elementos essenciais para resolver o problema
da fome no Brasil.
 Outro
autor, Victor Nunes Leal, em
seu livro Coronelismo, enxada e voto: o
município e o regime representativo no
Brasil, publicada em 1948,
apresentava o coronel vinculado à
grande propriedade rural como a
base de sustentação de uma estrutura
agrária que mantinha os
trabalhadores rurais em uma situação
de penúria, de abandono e de
ausência de educação.
Raça e classes
A
relação
entre
as
desigualdades e as questões
raciais voltou a ser analisada
na década de 1950, numa
perspectiva que envolvia a
situação dos negros na
estrutura social brasileira.
 Ainda
na década de 1960, alguns
trabalhos podem ser tomados como
exemplos
da
continuidade
dessa
discussão. Florestan Fernandes, Octávio
Ianni e Fernando Henrique Cardoso
analisaram a situação dos negros no
Sudeste e no Sul do Brasil. Com seus
trabalhos demonstraram que os exescravos foram integrados de forma
precária, criando-se uma desigualdade
constitutiva da situação que seus
descendentes vivem até hoje.
Formação das classes sociais
A
partir da década de 1960, outras
temáticas que envolviam as
desigualdades sociais foram abordadas,
com ênfase na análise das classes sociais
existentes no Brasil. Assim se
desenvolveram trabalhos que
procuravam entender como ocorreu a
formação do empresariado nacional, das
classes médias, do operariado industrial
e do proletariado rural.
Nas
décadas seguintes (1970 e
1980), a preocupação situouse muito mais na análise das
novas formas de participação,
principalmente dos novos
movimentos sociais e do novo
sindicalismo.
Mercado de trabalho e
condições de vida
 No
mesmo período e entrando na
década de 1990, adicionou-se um
novo componente na análise das
desigualdades sociais: o foco
sobre as questões relacionadas ao
emprego e às condições de vida
dos trabalhadores e pobres da
cidade.
Assim,
passaram a ter
primazia nas análises dos
temas: emprego e desemprego,
mercado formal e informal de
trabalho, estratégias de
sobrevivência das famílias de
baixa renda, mensuração da
pobreza e linha de pobreza.
A
questão racial continuou presente
e a questão das classes sociais
permaneceu no foco, constatando-se
a crescente subordinação do trabalho
ao capital, tanto na cidade como no
campo. A questão de gênero ganhou
espaço, destacando principalmente a
situação desigual das mulheres em
relação à dos homens.
Índices de desigualdade

Já na década de 1990, organismos nacionais
e internacionais criaram índices sobre as
desigualdades e a pobreza que revelam
dados muito interessantes. No Brasil
dispomos, por exemplo, da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD), desenvolvida pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e
o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), que a ONU publica por meio do
Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
O
fundamental é quantificar os pobres,
os ricos, os setores médios e os
remediados na sociedade brasileira e
como vivem, pois o objetivo central é
descrever a realidade em números e
gráficos para orientar políticas públicas e
investimentos nesta ou naquela área. Foi
assim que nasceram vários programas
governamentais – o Fome Zero, o Bolsa
Família, o Bolsa Gás e outros tantos.

Embora a situação da classe trabalhadora
seja
uma
constante
nos
estudos
desenvolvidos nos últimos cinqüenta anos,
percebe-se que a interpretação com base na
análise marxista das classes, que tinha por
foco a questão da exploração, foi pouco a
pouco perdendo espaço para análises de
índices demonstrativos de diversos aspectos
das desigualdades sociais, nos vários
segmentos e setores da sociedade, sem a
preocupação de explicá-los, trazendo com
isso algumas controvérsias acerca do real
entendimento
sobre
a
questão
das
desigualdades no Brasil.
Organizando o conhecimento:
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um pequeno texto
relacionando esta charge ao
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