1 Sobre Papéis roteiro de curta-metragem de ficção por Pedro Paulo de Andrade 1 2 1. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. SALA. DIA. Vemos, de muito perto, a ponta de uma caneta azul batendo incessantemente contra a superfície de uma folha de papel branca pautada. As batidas são alternadas com movimentos circulares incertos, indicando ansiedade e dúvida. 2. INT. SALA DA Dra. HAYDEE. DIA. Vemos, também de muito perto, os mesmos movimentos inquietos contra a superfície de uma folha de papel. Dessa vez, a caneta é preta e vemos algumas palavras que preenchem os espaços da folha conforme a ponta da caneta passeia freneticamente pelo papel. A dona das anotações, Dra. HAYDEE, 54 anos, observa seu paciente, pensativa. Sentado numa poltrona a sua frente, VÍTOR, 26 anos, lhe devolve um olhar carregado de cumplicidade. 3. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. SALA. DIA. VÍTOR larga a caneta que usara há pouco para imitar os trejeitos peculiares de sua terapeuta e leva as mãos ao rosto soltando um pesado suspiro. Dra. HAYDEE (em off, sotaque argentino) Muito bom. Bom mesmo. 4. INT. SALA DA Dra. HAYDEE. DIA. Acreditando que a sessão está encerrada, VÍTOR ameaça levantar da poltrona. Dra. HAYDEE Espera, espera. VÍTOR volta a acomodar-se na poltrona. Dra. HAYDEE Tenho uma lição de casa. 2 3 VÍTOR Lição de casa? Dra. HAYDEE Pois é, falamos tanto de escola que fiquei inspirada. Dra. HAYDEE sorri. VÍTOR não acompanha e parece imerso num tipo de curiosidade que beira a preocupação. A Dra. HAYDEE percebe. Dra. HAYDEE Nada demais. Uma carta. 5. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. SALA. DIA. VÍTOR está diante da folha em branco. Escreve uma frase. Hesita. Arranca a folha do bloco e a amassa, criando uma pequena bola de papel. Arremessa a bola no cesto de lixo. Vemos a bolinha de papel voando em direção ao cesto. 6. INT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. SALA DE AULA. TARDE. Uma bolinha discretas. de papel cai no chão. Ouvimos risadas A PROFESSORA VERA, de costas para a classe, resolve um problema de física relacionado à massa e ao peso de uma maçã. Ela tem um caderno em mãos e vai explicando a resolução do problema conforme avança. Sentado na primeira fileira está VÍTOR, aos 17 anos. Uma bolinha de papel bate contra a sua cabeça, por trás. VÍTOR parece carregar o peso do mundo em suas costas, mas nem sequer se defende. Mais uma bolinha o acerta, dessa vez nas costas. VÍTOR segue sempre parado, tentando ignorar os colegas. Outra bolinha. Suspiro. Mais uma. A Profa. VERA continua de costas, escrevendo lentamente. Continuamos ouvindo risadas e bolinhas. 3 4 PROFESSORA (virando-se para a classe) Alguém ficou com alguma dúvida? Onde costumava estar VÍTOR, vemos agora centenas de bolinhas de papel formando uma pirâmide sob a qual encontra-se o adolescente, literalmente soterrado. Projetando o braço direito para fora da pirâmide, VÍTOR levanta a mão. ENTRA TÍTULO DO FILME “SOBRE PAPÉIS” 7. EXT. APARTAMENTO DE VÍTOR. QUARTO. NOITE. VÍTOR e MARIANA (25 anos, estilosa, moderna), estão conversando e bebendo vinho. Ela, deitada na cama. Ele, sentado no chão. MARI Uma carta? VÍTOR Uma carta. MARI Pra quem?! VÍTOR Pra mim mesmo. MARI (de boca cheia) Pra você mesmo?! 4 5 VÍTOR Ela quer que eu escreva uma carta pro “Bítor” de 17 anos de idade. 8. INT. SALA DA Dra. HAYDEE. DIA. Dra HAYDEE Bítor... Vítor, esse era o papel de outras pessoas. Mas ninguém assumiu... Esse papel agora é seu. O que você precisava escutar aos 17 anos? VÍTOR inicia terapeuta. uma frase e é logo interrompido pela Dra HAYDEE Não, Vítor, “escribe”. “Escribe”. 9. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. QUARTO. NOITE. VÍTOR (imita sotaque argentino de sua terapeuta) Escribe. Só escribe. MARI ri de boca cheia. Engole. MARI Não sabia que isso ainda era uma questão pra você. VÍTOR Eu também não. MARI Não sei pra quê ficar futucando essas coisas... a terapia não era pra falar do seu pai? 5 6 VÍTOR Uma coisa levou a outra... Ela acha importante. MARI (de boca cheia) E você? VÍTOR Não sei. Acho que sim, sei lá. Eu me dei conta de uma coisa. MARI Do quê? VÍTOR Eu nunca tinha falado sobre isso com ninguém. MARI (contando nos dedos) Comigo... Com o André... VÍTOR Eu sei, mas não desse jeito, coisa por coisa... Sempre era por cima, dando risada. Até porque, bom... dá vergonha falar sério sobre isso. Até hoje dá vergonha. MARI (de forma afetada) Ouço todo mundo falar sobre a adolescência: “é uma época de ouro, melhores anos da vida”. Mas a verdade é que adolescência é foda. VÍTOR Acho que depois que acabou o colegial, eu nunca dei muita bola. Tava tudo no passado, como se fosse um segredo patético. Mas aí conforme eu fui falando na terapia, eu fui sentindo o peso de cada frase. O peso de cada coisa. 6 7 MARI Me lembro até hoje daquela história que você contou do último dia de aula. Que você entrou no banheiro, trocou de roupa e saiu da escola de calça jeans. VÍTOR (sorri diante da memória) Eu só queria sair daquele uniforme. MARI (de boca cheia) Você já sabe o que vai escrever? VÍTOR Não. Só sei que quanto mais eu penso... mais me sinto com 17 anos de novo. 10. INT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. SALA DE AULA. TARDE. A PROFESSORA VERA escreve produzindo um som agudo. a data na lousa com giz, Vemos, em detalhe, um pincel de corretivo escolar branco desenhar a letra “G” sobre o bolso frontal da mochila de VÍTOR. Ouvimos risos abafados. 11. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. SALA. TARDE. A caneta esferográfica rompe por dentro. Quando VÍTOR se dá conta disso, já tem a mão manchada pela tinta. 12. INT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. BANHEIRO. TARDE. Ofegante, VÍTOR (17 anos) esfrega a mão cheia de água e sabão contra o bolso frontal de sua mochila. Lemos a palavra “GAY”, escrita em corretivo branco. 13. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. SALA. TARDE. VÍTOR olha-se no espelho durante um momento. Recupera a calma e respira profundamente. 7 8 14. EXT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. ENTRADA. MANHÃ. VÍTOR (25 anos) se aproxima da entrada de seu antigo colégio. Tudo parece exatamente igual. Ele entra, com cautela. 15. INT. CASA DA FAMÍLIA PINHEIRO. SALA DE ESTAR. FIM DE TARDE. A porta bate. VÍTOR (17 anos) chega em casa. Seu PAI (44 anos) e seu IRMÃO (19 anos) estão na frente da TV, assistindo um jogo de futebol. Sua MÃE (42 anos), ao vêlo, levanta da mesa e vem em sua direção. MÃE (notando a mancha na mochila) Vítor, que nojeira, você sujou sua mochila de novo? VÍTOR Foi o giz, na lousa... MÃE (tirando a mochila das costas do filho) Jesus, que mochila pesada! VÍTOR senta perto do PAI e do IRMÃO. Ambos estão com os olhos vidrados na tela. PAI (olhos na TV) E aí Vitão, e aquela prova lá? VÍTOR Recebi. Adivinha quanto... Um GOL do time adversário no jogo de futebol gera uma gritaria de palavrões que logo interrompe VÍTOR. O PAI e o IRMÃO de VÍTOR estão de pé, alvoraçados pelo gol marcado contra o time deles. Ambos xingam o goleiro e o jogador responsável. Sua MÃE está ao lado, distraída, folheando uma revista. 8 9 PAI Viado filho da puta, sai do meu time! IRMÃO Comemora, seu “bambi”. Três a um ainda. Ponto de vista de VÍTOR. Vemos cada um dos integrantes da família de VÍTOR levantar uma bolinha de papel. Seu PAI e seu IRMÃO olham fixamente para a TV. Sua MÃE olha para a revista. Os três jogam as bolinhas de papel em direção a VÍTOR. 15. INT. QUARTO ADOLESCENTE DE VÍTOR. NOITE. VÍTOR tira da mochila uma prova de inglês avaliada com nota 10. Lê-se “Congratulations!”. Lentamente, VÍTOR amassa a prova, transformando-a em uma pequena bolinha de papel. Ele olha para seu reflexo no espelho da porta do armário. 16. INT. CORREDOR DO COLEGIO PAOLO SEGNERI. TARDE. VÍTOR caminha no corredor de sua antiga escola. Chega na porta de sua antiga sala de aula. Vemos, pelo vidro, as mesas e cadeiras vazias da sala refletidas no rosto de VíTOR. 17. INT. CASA DA FAMÍLIA PINHEIRO. SALA DE ESTAR. NOITE. VÍTOR está deitado no sofá, com a cabeça no colo da AVÓ, que se coloca a passar a mão por seus cabelos. VÍTOR sorri. Parece confortável. AVÓ O Sr. não tem que acordar cedo pra aula amanhã? VÍTOR Não quero nem pensar nisso. 9 10 AVÓ Ué... logo você que adora estudar? VÍTOR Eu gosto de estudar. Só não gosto de ir pra escola. VÍTOR vai zapeando os canais da TV. Ouvimos o conteúdo dos canais de TV: uma briga de novela, tiroteio num filme de guerra, notícias sobre um vazamento numa usina nuclear e uma luta de MMA. Ao final, em um dos canais, uma ÂNCORA DE JORNAL fala sobre protestos a favor da legalização do casamento gay. Sua AVÓ faz o sinal da cruz. AVÓ Isso é coisa do capeta. Ainda acomodado, VÍTOR gira a cabeça e encara a sua AVÓ. Ela balança uma bolinha de papel na mão direita com um sorriso meigo estampado no rosto. Com muita calma, ela abre a boca do neto, insere a bolinha de papel inteira em seu interior e a fecha novamente, deixando-o estarrecido e de boca cheia. 18. INT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. SALA DE AULA. TARDE. VÍTOR (adulto) entra na sala de aula e observa as cadeiras e mesas vazias. Ele senta-se em seu antigo lugar e fica ali, em silêncio, olhando para a lousa em branco. 19. INT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. SALA DE AULA. TARDE. Uma bolinha de papel acerta a cabeça de VÍTOR (adolescente), que parece menos paciente do que de costume. A PROFESSORA SÔNIA, de costas para a classe, passa para a lousa a correção de uma prova de química orgânica. Uma multidão de letras “C” e traços formando cadeias de carbono povoam a lousa. Mais uma bolinha de papel acerta a cabeça de VÍTOR. 10 11 VÍTOR (gritando, virando-se para trás) Caralho! Para! A PROFESSORA SÔNIA se vira, claramente aborrecida. PROFESSORA SÔNIA (severa) Quem falou isso? Vários dedos indicativos apontam para VÍTOR, que parece querer começar a se explicar, quando: PROFESSORA SÔNIA Vítor Pinheiro, eu não esperava isso de você. Inaceitável. A classe explode em risadas. A PROFESSORA repreende os outros alunos e, depois de jogar um olhar de reprovação a VÍTOR, volta a virar as costas para a classe. VÍTOR está ofegante, contendo sua raiva. Um papel dobrado é jogado na sua mesa. VÍTOR abre o papel e encontra uma caricatura pornográfica sua. Vemos a reação amarga e silenciosa de VÍTOR. Acima de VÍTOR, já se encontra a PROFESSORA visivelmente aborrecida com as mãos na cintura. SÔNIA, PROFESSORA SÔNIA (tirando o papel da mão de VÍTOR) O que é isso?! Passando bilhete agora? Ela joga o bilhete no lixo, sem ver o desenho. VÍTOR mal tem tempo de se defender. PROFESSORA SÔNIA Diretoria. Já! 11 12 20. INT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. SALA DA DIRETORA. TARDE. A DIRETORA OLGA, uma senhora de óculos fundo-de-garrafa que comunica severidade em todo gesto e vestimenta, olha para VÍTOR de maneira ameaçadora. Aos poucos, levanta o braço direito, revelando interior de sua mão uma bola de papel gigante. no 21. EXT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. ESCADA. DIA. De cima da escada, VÍTOR (17 anos) olha para o chão, quatro andares abaixo. O VÍTOR de 25 anos se aproxima com cautela de sua versão adolescente e coloca-se ao seu lado. Vemos os dois VÍTORS, um ao lado do outro, cotovelos sobre o corrimão, olhares perdidos na distância até o chão. VÍTOR (25 anos) Você não vai fazer isso. VÍTOR (17 anos) Como cê sabe? VÍTOR (25 anos) Eu tô vivo. Se eu tô vivo é porque você não pulou. VÍTOR (17 anos) Valeu a pena? VÍTOR (25 anos) O quê? VÍTOR (17 anos) Não ter... 12 13 VÍTOR (25 anos) Muito. VÍTOR (17 anos) Por quê? VÍTOR (25 anos) (buscando a resposta) Bom... por que depois que o colegial acabou, você entrou na faculdade, as coisas mudaram... VÍTOR (17 anos) (exagerando o susto) Eu passei no vestibular então?! VÍTOR (25 anos) (fingindo ser um insulto, espirituoso) Claro que passou, você é inteligente pra caramba. VÍTOR (17 anos) (fingindo modéstia, espirituoso) Ah, para com isso. Ambos riem da mesma maneira, com as mesmas nuances. VÍTOR (17 anos) Eu consegui contar pra mamãe? VÍTOR (25 anos) Você contou pra todo mundo. VÍTOR (17 anos) (legitimamente surpreso) Até pro papai?! 13 14 VÍTOR (25 anos) Até pro papai. VÍTOR (17 anos) (impressionadíssimo) Mentira! VÍTOR (25 anos) Juro. VÍTOR (17 anos) Como foi? VÍTOR (25 anos) A mamãe reagiu bem. O papai... demorou, mas aceitou. Outro dia mesmo ele te deu um abraço e disse que tem muito orgulho de você. VÍTOR (17 anos) E o meu irmão? VÍTOR (25 anos) Disse que sempre soube. Ambos riem, novamente de maneira idêntica. VÍTOR (17 anos) Eu tenho um namorado? VÍTOR (25 anos) Tem. 14 15 VÍTOR (17 anos) Ele me ama? VÍTOR (25 anos) Se não ama, eu não sei de onde vem tanto ciúme. O VÍTOR de 17 anos parece hipnotizado por imaginar um futuro tão diferente de seu presente. VÍTOR (25 anos) Você dá conta e tem uma vida muito boa. Não mora mais em casa... E nem lembra mais como se sentia usando esse uniforme aí. VÍTOR (25 anos) coloca a mão no ombro de VÍTOR (17 anos). Eles se olham nos olhos, diretamente, pela primeira vez na conversa. VÍTOR (25 anos) Tá tudo certo, Vítor. Tá tudo bem. 22. EXT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. ENTRADA. DIA. VÍTOR sai pelo portão principal. Ele avança alguns passos e se retém. Parece estar passando mal. Apóia-se na parede com o braço direito e curva-se. 23. INT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. SALA DE AULA. DIA. Na lousa, lê-se “BOAS FÉRIAS!” VÍTOR (17 anos) está diante de uma prova de física terminada. A maior parte de seus colegas ainda está fazendo a prova. Vemos de perto o olhar ansioso de VÍTOR, que fita o relógio na parede. Faltam 3 minutos para as 17h00. Da janela, uma aluna vê VÍTOR vomitando bolinhas de papel. 15 ADULTO, na calçada, 16 45. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. QUARTO. TARDE. VÍTOR senta-se ao lado marejados. Ele olha para adormecido. da cama. Seus olhos o namorado, ANDRÉ, 26 estão anos, VÍTOR tem os olhos marejados. ANDRÉ acorda. ANDRÉ Tá triste? VÍTOR Feliz. ANDRÉ Feliz? VÍTOR É. Acabei de me dar conta. ANDRÉ De quê? VÍTOR Disso... de que eu tô feliz. ANDRÉ Eu tô confuso. Você não sabia que era feliz? VÍTOR Sabia... Mas eu não sabia que seria. ANDRÉ Você tá me confundindo! Não me confunde de manhã! 16 17 VÍTOR (entrando embaixo das cobertas) De manhã?! Já é meio-dia ser cara-de-pau! VÍTOR coloca o namorado em seus braços e respira fundo. VÍTOR É confuso mesmo. É bem confuso mesmo. 45. INT/EXT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. DIA. Vemos a entrada, os corredores e salas do colégio, completamente vazios. SEQUÊNCIA FINAL. ENTRA MÚSICA ORIGINAL “Bem no Teu Jeans” 46. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. SALA. DIA. VÍTOR revira o lixo e recupera algumas das folhas que amassara. Ele abre as bolinhas de papel uma por uma e vai coletando frases esparsas. VÍTOR começa a escrever a carta numa folha em branco. Algumas frases estão na letra da música original “Bem no Teu Jeans”, que escutamos ao longo da sequência. 47. INT. COLÉGIO PAOLO SEGNERI. BANHEIRO. FIM DE TARDE. VÍTOR (17 anos) tira o uniforme em movimentos rápidos. Ele coloca a calça jeans e a camiseta que trouxera dentro da mochila. Vemos o leão do uniforme no cesto de lixo. 48. EXT. AVENIDA PAULISTA. FIM DE TARDE. VÍTOR (25 anos), ANDRÉ, MARI e mais dois AMIGOS divertem, caminhando, conversando e rindo bastante. se 49. EXT. AVENIDA PAULISTA. FIM DE TARDE. VÍTOR (17 anos), vestido nas roupas que trouxera de casa, dobra uma esquina e entra na Avenida Paulista a passos seguros com um sorriso tranquilo no rosto. 17 18 50. DIVERSOS. VÍTOR (25 anos) se diverte com ANDRÉ, MARI e mais AMIGOS em situações diversas. 51. INT. APARTAMENTO DE VÍTOR. SALA. DIA. VÍTOR termina a carta. Ele dobra cuidadosamente a folha sulfite. Vemos seu dedo indicador com um curativo percorrendo a dobra da folha, fazendo pressão para firmá-la. 52. EXT. AVENIDA PAULISTA. FIM DE TARDE. Em meio à diversão com seu namorado e seus amigos, VÍTOR vê passar um ADOLESCENTE com o uniforme de seu colégio e uma mochila cheia. O ADOLESCENTE segue andando. VÍTOR sorri. Ponto de vista de VÍTOR. O ADOLESCENTE segue caminhando entre a multidão da cidade. Em determinado momento, ele para. E olha para trás. FIM 18