FACULDADE REDENTOR DEPARTAMENTO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E ATUALIZAÇÃO A Importância da Consulta de Enfermagem na Assistência à Saúde Ocupacional Autores: Livanete Flauzina silva Prof.ª Msc Ivanete da Rosa Silva de Oliveira Volta Redonda, RJ 2012 FACULDADE REDENTOR DEPARTAMENTO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E ATUALIZAÇÃO A Importância da Consulta de Enfermagem na Assistência à Saúde Ocupacional Artigo apresentado ao Curso de Pós-graduação em Enfermagem do Trabalho como requisito à obtenção do título de especialista em Enfermeiro do Trabalho. Aluna: Livanete Flauzina Silva Orientadora: Prof. Msc. Ivanete da R. S. Oliveira Volta Redonda, RJ 2012 FOLHA DE APROVAÇÃO A Importância da Consulta de Enfermagem na Assistência à Saúde Ocupacional Aluna: Livanete Flauzina Silva Orientador: Profª Ivanete da Rosa Silva de Oliveira Banca Examinadora: Prof.ª- Msc. Ivanete da Rosa Silva de Oliveira Prof.ª Esp. Ana Lídia de Santana Rodrigues A Importância da Consulta de Enfermagem na Assistência à Saúde Ocupacional Livanete Flauzina Silva1 Prof.ª Msc. Ivanete da Rosa Silva de Oliveira2 RESUMO Estudo bibliográfico, descritivo, de abordagem qualitativa, com o objetivo de esclarecer à importância da consulta de enfermagem do trabalho na assistência à saúde ocupacional. Analisa a atuação do enfermeiro do trabalho e suas atribuições. O estudo considera importante a valorização do profissional enfermeiro do trabalho na assistência á saúde do trabalhador, resultando na disseminação do conhecimento entre a sociedade e o profissional da área de enfermagem a cerca dos seus direitos. O presente estudo teórico e prático serve a aquisição de competência na realização da consulta de enfermagem, buscando atendimento integral, visando resolução dos problemas de saúde dos trabalhadores. Unitermos: Consulta de Enfermagem; Ocupacional;Valorização Profissional. Enfermagem do Trabalho;Legislação;Saúde SUMMARY Bibliographic, descriptive, qualitative approach in order to clarify the importance of nursing consultation work in occupational health care. It analyzes the performance of nurses and their work assignments. The study considers the appreciation of the nurse's work in health care worker, resulting in the dissemination of know ledge between society and the nursing professional about their rights. This theoretical study and practical serves the acquisition of competence in conducting nursing consultations, seeking comprehensive care in order to solve the problems of health workers. Key Words: Nursing Consultation; Occupational Health Nursing; Legislation; Occupational Health; Professional Valuation. 1 Graduada em Enfermagem pela UBM- Universidade de Barra Mansa, Pós-graduanda em Enfermagem do Trabalho pela FACREDENTOR. 2 Doutoranda em Políticas Públicas (UERJ), Mestre (UGF), Especialista em Gerontologia e Docência Superior, Licenciada em Pedagogia (UNIRIO), Bacharel e Licenciada em Educação Física (UniFOA). Professora de Ensino Superior (UniFOA) e da Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro. 3. INTRODUÇÃO É crescente a preocupação dos profissionais quanto à saúde do trabalhador. Aos poucos essa temática foi conquistando o interesse dos profissionais da saúde e gerando nos trabalhadores os sentimentos de reivindicações por melhores atendimentos à saúde ocupacional. O presente trabalho apresenta o tema sobre a importância da consulta de enfermagem do trabalho na assistência à saúde ocupacional, sobre suas atribuições específicas conforme protocolos estabelecidos nos programas do Ministério da Saúde e disposições legais da profissão. Os problemas apontados referem-se sobre a discriminação e desvalorização que os enfermeiros do trabalho enfrentam no exercício da sua profissão, apesar de serem reconhecidos legalmente. Diante dessa problemática, o presente estudo aponta hipóteses de solução que passam por disseminar o conhecimento entre os próprios profissionais a cerca dos seus direitos de prestar consultas, enfatizando sobre a importância da divulgação dessa capacidade profissional para conscientização de toda sociedade e ainda demonstrando que é possível viabilizar o atendimento da classe trabalhadora, realizando consultas como enfermeiro do trabalho proporcionando atendimento de qualidade tanto ao trabalhador quanto a empresa. Por conseguinte, o objetivo geral desse estudo é contribuir para um entendimento teórico-prático do tema a importância da consulta de enfermagem do trabalho na assistência a saúde ocupacional, tendo como objetivo específico analisar a atuação do enfermeiro do trabalho na assistência à saúde ocupacional; discutir os problemas e impasses que determinados fatores podem causar à atuação do enfermeiro na realização de consulta da enfermagem do trabalho e a sua valorização do profissional; propor possíveis alternativas para a superação dessas dificuldades. A justificativa que deu origem ao estudo está focalizada na desvalorização da prática do profissional da enfermagem do trabalho na consulta à assistência a saúde ocupacional, e principalmente sobre a participação dos órgãos da classe denominados como COREN – Conselho Regional de Enfermagem e COFEN – Conselho Federal de Enfermagem que tem o papel de fazer valer os direitos dos enfermeiros do trabalho. A respeito do tema tratado, cabe trazer as considerações de Santos3 (2008, p. 125) que diz “o profissional enfermeiro [...], tem atribuições específicas entre outras, realizar a Consulta de Enfermagem, solicitar exames complementares, prescrevendo e transcrevendo medicações”. A autora demonstra sua sensibilidade ao exercício da profissão de enfermeiro de uma forma abrangente e valorizadora. Espera-se que este estudo permita visualizar a importância da consulta de enfermagem do trabalho na assistência a saúde ocupacional, proporcionando um embasamento teórico-metodológico dos procedimentos adotados pelo enfermeiro do trabalho que promovam a saúde do trabalhador. 3 SANTOS, Sueli Maria dos Reis, Doutora em Comunicação. Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Minas Gerais, Brasil. 2. A ASSISTÊNCIA DO ENFERMEIRO DO TRABALHO O trabalho do enfermeiro ao longo dos tempos tem-se constituído em objeto de questionamentos e reflexões por parte dos profissionais e estudantes da área. Suas ações estão relacionadas com a prática da saúde, determinada pela totalidade social. A enfermagem antiga se respaldava na solidariedade humana, no misticismo, no senso comum e em crendices. Atualmente, essa profissão procura aprofundar seus aspectos científicos, tecnológicos e humanísticos, tendo como centro de suas atividades, cuidar da saúde do ser humano. É uma ciência com campo de conhecimento fundamentalis e práticas que abrangem do estado de saúde ao estado de doença. Para a Associação Americana de Enfermagem " Enfermagem é o diagnóstico e o tratamento das reações humanas a problemas reais ou potenciais de saúde” (YER, 1993)4. Segundo Daniel (1981)5, a enfermagem é um "Processo" ou "Sistema" no qual se utilizam método, normas e procedimentos específicos, organizados e fundamentados em uma filosofia e objetivos definidos, visando conhecer e atender as necessidades básicas afetadas da pessoa humana. Neste sentido, foi observando essas necessidades que se viu necessária a assistência do enfermeiro na saúde ocupacional. Assistência do enfermeiro na saúde ocupacional ou também denominada assistência do enfermeiro do trabalho caracteriza-se pelo conjunto de cuidados e medidas do enfermeiro do trabalho visando promover, proteger e recuperar a saúde do trabalhador. A aplicação do processo de enfermagem é composta pelo histórico (identificação, anamnese e exame físico) diagnóstico, prescrição, evolução e prognóstico. O enfermeiro do trabalho realiza análise dos problemas de saúde relacionando-os ao ambiente de trabalho. As ações assistenciais do enfermeiro do trabalho consistem em realizar consultas de enfermagem, prescrever os medicamentos estabelecidos nos 4 YER, P.W.; TAPTICH, B.J; BERNOCCHI-LOSEY, D. Teorias de Enfermagem. Trad. Regina M. Garcez. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. 325p. 5 DANIEL, L.F. A enfermagem planejada. 3 ed. São Paulo: E.P.U. 1981. 135p. programas de saúde e em rotina aprovada pelo Serviço de Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, elaborar e executar planos assistenciais relativos às ações de saúde na prevenção primária, secundária e terciária, participar na identificação, controle e avaliação dos fatores nocivos à saúde, identificar os trabalhadores de alto risco ocupacional, organizar o programa de imunização da empresa, normalizar os procedimentos técnicos a serem utilizados, elaborar e executar os programas preventivos para doenças mentais,crônicas, degenerativas, para gestantes, etc. 2.1 Definições da Saúde Ocupacional Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal finalidade dos Serviços de Saúde Ocupacional consiste na promoção de condições laborais que garantam o mais elevado grau de qualidade de vida no trabalho, protegendo a saúde dos trabalhadores, promovendo o bem-estar físico, mental e social, prevenindo e controlando os acidentes e as doenças através da redução das condições de risco. A saúde ocupacional não se limita apenas a cuidar das condições físicas do trabalhador, já que também trata da questão psicológica. Para os empregadores, a saúde ocupacional supõe um apoio ao aperfeiçoamento do funcionário e à conservação da sua capacidade de trabalho. Sendo assim, consideramos que saúde ocupacional está relacionada à promoção e proteção do bem estar geral do trabalhador, garantindo a saúde e a segurança do mesmo, proporcionando qualidade de vida no ambiente de trabalho. 2.2 Atribuições do Enfermeiro do Trabalho O enfermeiro do trabalho encontra-se na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) sob o registro 2235-30. Este tem como suas atribuições, segundo a ANENT (Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho)6: estudar as condições de segurança e periculosidade da empresa; elaborar e executar planos e programas de promoção e proteção à saúde dos empregados; executar e avaliar programas de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e não ANENT. Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho. Disponível em: http://www.anent.org.br) acesso em 15/09/201. 6 profissionais; prestar primeiros socorros no local de trabalho; elaborar, executar e avaliar as atividades de assistência de enfermagem aos trabalhadores; organizar e administrar o setor de enfermagem da empresa; treinar trabalhadores, instruindo-os sobre o uso de roupas e material adequado ao tipo de trabalho; planejar e executar programas de educação sanitária, divulgando conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios; registrar dados estatísticos de acidentes e doenças profissionais, mantendo cadastros atualizados. 2.3 Legalidade da prestação de Consulta da Enfermagem do Trabalho x Desvalorização do Profissional pela sociedade O enfermeiro tem legalidade para atuar na prestação de consulta, conforme considerações de Bais7 O papel do enfermeiro na Política Nacional de Atenção Básica em Saúde, conforme estabelecido na Portaria GM 648/2006, do Ministério da Saúde, abrange ações de enfermagem que, dirigidas a indivíduos, família e sociedade, tem por finalidade a garantia da assistência integral de saúde na promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde, nos diferentes espaços sociais e em todas as fases do ciclo vital. As ações de enfermagem aqui referidas incluem a consulta de enfermagem, a solicitação de exames complementares e a prescrição de medicamentos, conforme protocolos estabelecidos pelos gestores de saúde; bem como o planejamento, o gerenciamento, a coordenação e a avaliação das ações desenvolvidas pelos agentes comunitários de saúde. Além disso, o enfermeiro tem a previsão legal de participação efetiva na educação permanente da equipe de saúde e no gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da USF. Diante desse dispositivo legal, observamos que o enfermeiro tem um potencial de atuação bem abrangente quando se refere aos “diferentes espaços sociais”, e um desses é o nosso objeto de estudo, a saúde ocupacional. Atualmente o enfermeiro é considerado como um tipo de auxiliar de médico neste sentido, Landmann (1983)8, descreve um estudo realizado em hospitais públicos e particulares dos Estados Unidos, mostrando que Persiste entre os profissionais da saúde a dominação médica e que a enfermagem, como outras profissões da área continua reverenciando o doutor e se subordinando a seus ditames, que sempre prevaleceram na área hospitalar. Para Silva (1986)9, 7 BAIS, Dulce.Presidente do Conselho Federal de Enfermagem. São Paulo, ago. 2007. Seção Entrevista. Disponível em:http://www.nursing.com.br/article.php?a=48. Acesso em 16 set.2011. 8 LANDMANN, J. Medicina não é saúde; as verdadeiras causas da doença e da morte. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 112p. As enfermeiras que freqüentemente possuem a mesma origem de classe social dos médicos e um nível de escolaridade semelhante encontram-se não obstante, numa posição subordinada em relação àqueles. Demonstra que alguns aspectos podem explicar esta situação, dentre eles: o retardamento do processo de profissionalização e do processo de cientifização da enfermagem. Analisando esse aspecto do retardamento do processo de profissionalização nos trás o entendimento que existe uma super valorização dos médicos há décadas, e desprezo aos profissional enfermeiro por ter emergido um anos mais tarde. Nota de Aurélio (2005)10 a profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde no decorrer dos períodos históricos, era exercida de forma empírica e se respaldava no misticismo, atividade antes exercida por pessoas que não tinham o devido preparo técnico, associadas ao trabalho feminino, a prática domiciliar de partos e desenvolvidas por mulheres de classe social elevada dividindo essas atividades com os sacerdotes. De acordo com Meyer (1993, p.48)11, a enfermagem foi estruturada para não disputar espaço e poder com o médico, figura hegemônica na área da saúde (MEYER, 1993). O status histórico garantido ao médico não admite a perda do poder sobre o doente. Raramente o enfermeiro poderá ocupar o mesmo degrau da hierarquia, restando-lhe o "direito" de ser um auxiliar. Apesar do enfermeiro ser um profissional autônomo, a atuação subsidiária é a mais prevalente. Neste contexto, nota-se certa discriminação e desvalorização do enfermeiro, pois o mesmo como já referido é um profissional autônomo que carece do reconhecimento social da profissão, sendo devido a ele um determinado valor colocando-o como elemento importante e requerendo valorização. Logo, existe uma opinião errada por grande parte do público em geral que o enfermeiro é somente aquele que está "próximo ao paciente", podendo ser o técnico ou o auxiliar, não havendo distinção entre as diferentes categorias profissionais dentro da enfermagem, e isso não é verdade, haja vista que o enfermeiro graduado tem um “plus” a mais que os de nível técnico e auxiliar, podendo ainda administrar a enfermagem ficando explicitado o conhecimento de que na enfermagem existem níveis profissionais diferentes e que o enfermeiro lidera os demais. O enfermeiro é um profissional graduado, portanto, segundo Silva(1986) Um dos aspectos que pode justificar o baixo percentual dos conteúdos desta representação, pode ser o fato da enfermagem brasileira com 9 SILVA, G. B. da. Desenvolvimento da Enfermagem - correlação dos problemas da profissão e da mulher na sociedade. In: CBEn. 31, Fortaleza.Anais. Fortaleza, 1979. 10 AURÉLIO, GT.Historia da Enfermagem Versões e Interpretações.2° edição.São Paulo.Revinter.2005.p 03,26-27; 31; 34; 158-161; 166. 11 MEYER, D.E.E. "... Por que só mulheres?" - gênero da enfermagem e suas implicações. Rev. Gaúcha de Enf., Porto Alegre, v. 14, n. l, p. 45-52. jan. 1993. formação em nível superior ser recente, pois sua passagem de fato ao 3° grau, ocorreu em 1962 e somente a partir de 1972 constituíram-se os primeiros cursos de pós graduação na área. Por outro lado, o tipo de trabalho desenvolvido pela enfermagem em geral, especialmente os que envolvem habilidade técnica podem parecer não exigir preparo específico inerente à formação universitária do enfermeiro. A valorização do enfermeiro perante sua equipe, pacientes, profissionais de outras áreas e administradores das instituições de saúde depende de sua atuação, chamando para si aquilo que lhe é devido, segundo a Lei, pois ele é o profissional com competência para liderar, dar cuidados a pacientes graves, realizar procedimentos de maior complexidade e supervisionar de perto sua equipe, dentre tantas outras atribuições. Nesse cenário, importante é que haja uma disseminação entre a categoria sobre o conhecimento dos seus direitos12, tais como: Do Enfermeiro: I - realizar assistência integral aos indivíduos e famílias na Unidade de Saúde da Família e, quando indicado ou necessário, no domicilio e/ou nos demais espaços comunitários. II - realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares e prescrever medicações, observadas as disposições legais da profissão e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, gestores estaduais, municipais ou do Distrito Federal. [...] A lei reafirma a importância do trabalho em equipe para garantir a assistência integral a população, e que a mesma sirva a viabilizar ao atendimento de qualidade, contribuindo para a melhoria e qualidade no atendimento ao público diante da precariedade da política de saúde do país, fazendo com que os médicos não sejam sobrecarregados em números de consultas. Cabe ressaltar, que o enfermeiro é o que mais realiza trabalhos, pois o mesmo "não tem papel definido", no sentido que simboliza um não reconhecimento da função deste profissional, atribuindo-lhes um pouco das funções de outros profissionais, pois exerce função de paramédico, farmacêutico, assistente social, é “pau para toda obra”. Na prática evidenciamos essa indefinição, principalmente em serviços privados onde o enfermeiro concentra atividades de vários profissionais, seja substituindo-os ou mesmo facilitando em suas tarefas. O "por quê" desse comportamento é algo que vem sendo estudado, tendo algumas variáveis assumindo relevância, tais como: é o profissional de formação superior que permanece mais tempo junto ao paciente, representa um elo entre a equipe e o 12 Nova redação consensual ao anexo I, item 2, da Portaria GM 648/2006.Acesso em 17-10-2011. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/GM-648.htm. cliente, indefinição do perfil profissional pelos órgãos formadores, exigências dos empregadores, características controladoras "inerentes" à mulher, dentre outras. Uma forma de valorização da consulta do enfermeiro além da participação do COREN e COFEN para garantir os direitos da categoria, seria essa conscientização sobre seu grau de capacidade profissional. Isso pode servir a expandir o número de enfermeiros nas instituições, abrir caminhos para maiores conquistas, proporcionar a estes mais satisfação no trabalho por estar mais próximo dos doentes, pôr em prática seus conhecimentos através da SAE (SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM) e ser reconhecido e compreendido pelo seu saber. Além disso,vai estar pondo em prática aquilo que a Lei do Exercício Profissional preconiza. 4. A CONSULTA DE ENFERMAGEM 4.1. O Papel do Enfermeiro Dentro da Consulta A entrevista clínica é uma das facetas mais importantes da relação enfermeiropaciente. É por este processo que é estabelecida a qualidade de vida e obtenção de informações importantes para avaliação completa de saúde do trabalhador. Segundo Brunner (2006, p. 67) 13 o papel do enfermeiro na provisão do atendimento está continuamente se modificando. O alcance da prática de enfermagem inclui não só aquelas funções para as quais o enfermeiro é tradicionalmente preparado, como também muitas atividades anteriormente reservadas aos médicos. O conjunto de dados obtido pelo enfermeiro é idealmente um complemento daquele obtido por outros membros da equipe de saúde, embora focalize as preocupações da enfermagem relativas ao trabalhador. De acordo com Brunner (2006, p. 67) toda a avaliação de saúde e particularmente na história, o interesse se volta para os padrões psicossociais e culturais do paciente. São explorados em profundidade seu ambiente interpessoal e físico, bem com estilo de vida e as atividades da vida cotidiana e ocupacional. Nas considerações sobre a coleta de dados sempre que forem obtidas informações de uma pessoa, esta tem o direito de saber por que as informações estão sendo solicitadas e como elas serão usadas. Por esta razão, o enfermeiro não só identifica o seu papel durante a consulta como também explica com clareza a série de perguntas que o examinador irá fazer. Brunner (2006, p. 68) concluída a entrevista e registrados os dados na ficha ocupacional o no prontuário do trabalhador deve ser mantido em um lugar seguro, só sendo colocado á disposição daqueles profissionais de saúde diretamente envolvidos no atendimento ao trabalhador. Este é outro método de assegurar o caráter confidencial e manter um padrão elevado de atendimento de enfermagem e da conduta profissional. 13 BRUNNER, Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 7ª. Ed., ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2000. 4.1.1. Conteúdo da entrevista Quando o trabalhador é visto pelo enfermeiro pela 1ª vez, exceto em situações de emergência, o primeiro requisito é a obtenção de um conjunto de dados. O enfermeiro pode ser responsável por todos os dados ou partes desses dados contendo os seguintes componentes: dados pessoais; o informante; queixa principal; histéoria da doença atual; história patológica pregressa; história familiar e revisão dos sistemas “perfil do trabalhador”. 4.1.2. Dados Pessoais As informações pessoais ou de identificação introdutórias ajudam a colocar um contexto grande, que deve incluir: nome, idade, sexo, raça, local de nascimento, estado civil, profissão e religião. 4.1.3. O informante O trabalhador sempre vai dar as informações para o entrevistador obedecendo à ordem das perguntas feitas, sendo que o enfermeiro entrevistador avalia a fidedignidade das informações. É razoável que o entrevistador tire as conclusões e incorpora-se ao prontuário. 4.1.4. Queixa Principal De acordo com Brunner (2006, p 70) a queixa principal é o problema que fez o trabalhador procurar ajuda. Perguntas como “O que o traz procurar o ambulatório ou o centro de saúde hoje?’’ ou pode ser um check-up como nos exames de rotina como admissional, periódico, mudança de função ou demissional. Com freqüência o trabalhador tem mais de um problema e, portanto, mais de uma queixa principal. Estas são relacionadas em termos das prioridades e exploradas com entidades separadas, quando constituem problemas distintos ou problemas adquiridos dentro da empresa na área de saúde ocupacional. 4.1.5. História da doença atual A exploração dos fatos relacionados a uma doença atual requer freqüentemente um conhecimento substancial de fisiopatologia e da história natural da doença. A história de qualquer doença é o fator individual mais importante para ajudar o profissional de saúde para fechar um histórico de doença ocupacional. De acordo com Brunner (2006, p. 70) “o exame físico é útil, mas revela geralmente manifestações que são conseqüências esperadas da historia obtida. Ocasionalmente as informações laboratoriais e radiológicas podem ser úteis”. Em certas situações cabe ao enfermeiro, na área de saúde ocupacional, estar solicitando estes itens extras como os exames de imagem e sangue para validar e junto com o médico do trabalho fechar o diagnóstico da história de doença atual. Segundo Bates (2005, p. 3) 14 a historia da doença atual trata-se de um relato com narrativa cronológica e clara dos problemas que levam o trabalhador a procurar o serviço de saúde. Ainda deve incluir no problema, as circunstancias de sua instalação, suas manifestações clinicas e tratamento. Os sintomas devem ser descritos em termos como: localização, qualidade, quantidade, tempo, circunstancias em que ocorre fatores agravantes e manifestações associadas. Os dados relevantes obtidos do prontuário, tais como laudos, exames laboratoriais, também pertencem ao histórico de doença atual. No ato da entrevista ocorrem informações e preocupações subjacentes que a induziram a procurar a atenção profissional. Manifestações associadas são sintomas que ocorrem simultaneamente a queixa principal, a presença ou ausência de sintomas associados pode esclarecer a origem ou a extensão do problema, bem como o diagnóstico. 4.1.6. História patológica pregressa O estado geral de saúde da maneira geral é percebido pelo trabalhador e examinador como conseqüência das doenças na infância, tais como sarampo, rubéola, caxumba, coqueluche, varíola, febre reumática, poliomielite em seguida vem às etapas do histórico da vida adulta como as doenças crônicas: hipertensão, 14 BATES, Barbara M. D. Propedêutica Médica. 8º Ed. . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. diabetes, câncer. Dar valor também nas doenças psiquiátrica, acidentes, traumatismos, cirurgias, uso de álcool ou drogas e hospitalizações. De acordo com Brunner (2006, p. 70) solicita-se ao trabalhador informações, caso ele tenha conhecimento, sobre o ultimo exame físico, raios-X de tórax, eletrocardiograma, exame oftálmico, exame auditivo, exame odontológico, preventivo e mama (sexo feminino). O paciente é então entrevistado a respeito das doenças anteriores mesmo que a resposta seja negativa ou positiva. 4.1.7. História familiar A idade e o estado de saúde, ou a idade e causa de morte, de parentes em primeiro grau (pais, irmão, cônjuge, filhos) e em segundo grau como (avos, tios, primos) são obtidos para identificar as doenças que podem ser hereditárias, transmissíveis ou ambientais. Segundo Bates (2005, p.4) a ocorrência dentro da família, de qualquer uma das seguintes condições: diabetes, tuberculose, cardiopatia, hipertensão, acidente vascular, neuropatia, câncer, artrite, anemia, epilepsia, ou sintomas semelhantes podem ajudar no fechamento do histórico familiar. 4.1.8. Revisão dos sistemas “Perfil do trabalhador” O perfil do trabalhador começa por uma breve história de vida, com perguntas sobre o local onde trabalha situações de higiene pessoal e hábitos diários junto a família, situação econômica e formação educacional. Outro fator importante é a condição de trabalho que a empresa oferece e o grau de satisfação do trabalhador. De acordo com Brunner (2006, p.73) o ambiente físico do indivíduo e seus riscos potenciais, sua consciência espiritual e sua formação cultural, relações interpessoais e sistema de apoio são incluídos no conceito ambiente, podendo incluir o tipo de moradia, informações de segurança, conforto no lar e na empresa na qual onde ele trabalha. Em detalhe também incluiu nesse perfil influências culturais, relações familiares e amigos, elas são expressas pela linguagem, pela maneira de se vestirse, pelas escolhas alimentares e pelo comportamento pessoal, nas noções de saúde e doença. Já a seção do estilo de vida do perfil do trabalhador dá ao enfermeiro a oportunidade de obter informações sobre os comportamentos relacionados a saúde. Esses comportamentos incluem padrão do sono, exercícios, sexualidade, nutrição, vícios como fumar, beber ou até o uso de drogas. 5. CONCLUSÃO A saúde dos trabalhadores deve ser tratada com qualidade e para que isso aconteça se faz necessária a assistência de um profissional capacitado a atuar junto à empresa na elaboração e execução de programas e projetos que contribuem com a qualidade de vida, segurança e saúde do trabalhador, e este mesmo é denominado Enfermeiro do Trabalho. Verificou-se que a atuação do enfermeiro do trabalho é respaldada legalmente e que suas atribuições são de suma importância na saúde ocupacional, pois é através da realização de consulta que o enfermeiro obtém informações que demonstram problemas, identifica a necessidade de cada trabalhador e planeja ações de melhoria. Examinou-se que o problema suscitado neste trabalho a cerca da discriminação e desvalorização do enfermeiro do trabalho no exercício da profissão tem uma presunção de solução, pois o profissional deve ter um melhor reconhecimento social da profissão, sendo devido a ele um determinado valor. Verificou-se ao contrário do que as sociedades trabalhadoras pensam, existem procedimentos que não precisam ser realizados somente por médicos, mas também por enfermeiros dentro de suas atribuições legais obviamente, como exemplo prescrever medicações e com isso viabilizar com qualidade a prestação de serviço assistencial à saúde do paciente/trabalhador. Neste trabalho apurou ser importante a disseminação entre os próprios profissionais a cerca dos seus direitos, com a valorização da consulta do enfermeiro do trabalho, contando com a participação intensa do COREN e COFEN de forma a garantir os direitos da categoria. Contudo, o estudo sobre a importância da consulta da enfermagem do trabalho na assistência a saúde ocupacional, serviu como um “grito” a soar aos “ouvidos” das empresas e dos pacientes/trabalhadores a fim de demonstrar sua valorização e grau de importância profissional na área da saúde laboral, vindo a ilustrar a realidade vivida no cotidiano de trabalho do enfermeiro do trabalho - salvo melhor posicionamento – e esclarecer a necessidade de contratação da prestação assistencial do enfermeiro do trabalho, servindo a influenciar a abertura de caminhos para maiores conquistas. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANENT. Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho. Disponível em: http://www.anent.org.br) acesso em 15/09/201. AURELIO, G.T., Historia da Enfermagem Versões e Interpretações. 2ª edição. São Paulo, 2005. BAIS, Dulce. Presidente do Conselho Federal de Enfermagem. São Paulo, ago. 2007. Seção Entrevista. Disponível em:http://www.nursing.com.br/article.php?a=48. Acesso em 16 set.2011. 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