Jornal Valor --- Página 3 da edição "26/03/2014 1a CAD F" ---- Impressa por edazevedo às 25/03/2014@15:34:25 Jornal Valor Econômico - CAD F - ESPECIAIS - 26/3/2014 (15:34) - Página 3- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Enxerto Quarta-feira, 26 de março de 2014 | Valor | F3 Especial | Imposto de Renda LEONARDO RODRIGUES/VALOR Assinatura digital Emissões devem aumentar 45% entre março e abril Certificadoras dão desconto para crescer mais este ano Carmen Nery Para o Valor, do Rio Com descontos de até 30%, as principais empresas que emitem certificados digitais - as Autoridades Certificadoras (ACs) - estão promovendo uma agressiva campanha para aproveitar o boom de vendas esperado para o período que antecede o prazo final para declaração do Imposto de Renda. Isso porque, este ano, a Receita Federal criou mais uma facilidade para quem dispõe de assinatura digital: a possibilidade de receber a declaração pré-preenchida. Até então, o certificado digital era obrigatório para pessoas jurídicas e pessoas físicas com rendimento superior a R$ 10 milhões. No ano passado, pouco mais de 1 milhão de contribuintes fizeram uso de assinatura digital, o equivalente a 4% dos 26 milhões de pessoas que declaram imposto de renda. Para 2014, é esperada uma expansão devido à nova facilidade. Segundo Márcio Nunes, presidente da Valid - terceira maior AC do país -, 80% dos certificados digitais são emitidos para pessoas jurídicas e 20% para pessoas físicas. Ele conta que, historicamente, nos meses de março e abril, há um crescimento de 35% na emissão de certificados e o setor tem crescimento orgânico anual de 8%. “Esperamos um crescimento de 45% de março a abril deste ano”, diz Nunes. A Valid emite, mensalmente, de 17 mil a 18 mil certificados e obteve um faturamento de R$ 40 milhões em 2013. Em 2014, está oferecendo um desconto de 25% a 30% para os certificados, que têm preços a partir de R$ 133. A Valid, a Serasa Experian e a Certisign, líderes do setor, estão promovendo uma campanha para demonstrar os benefícios dos certificados digitais. Eles permitem que o contribuinte acompanhe a análise de sua declaração e da malha fina. Para Julio Cosentino, vice-presidente da Certisign, a assinatura digital é essencial na relação contribuinte/fisco por causa da certeza da identidade e da garantia do sigilo fiscal. Com a declaração pré- Julio Cosentino: assinatura digital é essencial na relação contribuinte/fisco preenchida a partir das informações da DIRF (Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte, feita pelas fontes pagadoras), já se evitam 99% dos casos de malha fina. A Certisign é a maior AC do país, com 40% de participação e faturamento de R$ 250 milhões em 2013. A Serasa Experian está oferecendo o certificado em cartão e leitora com desconto de 30%, reduzindo o preço de R$ 252 para R$ R$ 187,50; em Token ou em cartão mais leitora, o preço é de R$ 303. Segundo Mariana Pinheiro, presidente da unidade de identidade digital, em 2013 a Serasa Experian teve crescimento de 30% na busca pelo e-CPF entre fevereiro e abril. “Para este ano, a expectativa é de um aumento de mais de 50%. Controle rigoroso requer trabalho de especialistas Helo Reinert Para o Valor, de São Paulo Contadores, advogados e até parentes com algum conhecimento no tema concordam que nos últimos dez anos houve uma mudança no comportamento do contribuinte. O cruzamento de informações e o aumento da fiscalização da Receita Federal elevaram o risco de cair na malha fina e de multas. Muitas vezes a solução está em contratar especialistas para executar o trabalho, que pode custar de R$ 99,00 a R$ 50 mil, dependendo do número de horas e da complexidade envolvida. Os trabalhos começam, geralmente, logo após o Carnaval. Nesta época, o escritório de advocacia Choaib, Paiva e Justo realiza uma atividade extra. Por falta de familiaridade e de segurança sobre um assunto específico que poder trazer dor de cabeça e perdas financeiras, empresários e executivos revelam seu patrimônio pessoal e movimentação financeira aos encarregados de preparar uma incontestável declaração de imposto de renda. É o momento de os clientes revelarem se são disciplinados, bagunçados ou impulsivos. Os disciplinados chegam com os documentos e comprovantes classificados em pastas com etiqueta. Os bagunçados podem trazer uma caixa revirada cheia de documentos pertinentes. E os impulsivos, envelopes com comprovantes que muitas vezes nem podem ser utilizados nas decla- rações. “Criamos uma certa fidelidade com o cliente que não quer expor o seu patrimônio”, diz Samir Choaib. A ascensão da classe C também ofereceu um novo público para empresas especializadas na declaração imposto de renda. A H&R Block atende, em geral, quem nunca teve um contador, não está familiarizado com o preenchimento do formulário da Receita e receia cair na malha fina. Entre os clientes que também entram em contato com a empresa estão os motivados por dúvidas sobre como proceder nos casos de espólio com formalização da partilha de bens e por comunicar a saída definitiva do país, que também exigem um acerto de contas com a Receita e declarações específicas. “A Receita está cada vez mais exigente e o contribuinte responde a isso ficando cada vez mais cuidadoso”, diz Eliana Lopes, coordenadora de IR da empresa. A H&R Block tem ampliado sua cartela de clientes fazendo parcerias com empresas. Os preços de tabela começam em R$ 99,00, para uma declaração simples que envolve uma fonte de rendimento. As mais complexas partem de R$ 175,00 acrescidas de um valor a ser calculado a partir do uso do carnê leão, cálculo de ganho de capital ou renda variável. A empresa de auditoria e consultoria Mazars tem ampliado sua atuação em um nicho específico: os expatriados. Na sua maioria são empregados de empresas multinacionais que vieram trabalhar no Brasil e desenvolvem atividades relacionadas a eventos mundiais, entre eles a Copa e as Olimpíadas. Patrícia Rosa, gerente de consultoria tributária que atua na unidade do Rio de Janeiro, comenta que esse público tem uma particularidade. Parte dele recebe no exterior e no Brasil, mas os ganhos de capital precisam ser declarados no local de domicílio tributário. Embora pequeno - no ano passado foram 80 declarações nas cidades do Rio e São Paulo - o mercado dos expatriados tem crescido muito de cinco anos para cá. Os clientes da Crowe Horwath são em geral pequenas e médias empresas que faturam até R$ 240 milhões. Entre eles, a divisão de contabilidade acaba prospectando clientes pessoa física, especial- mente os sócios. Daniel Nogueira, gerente especialista em imposto de renda, comenta que a novidade do ano foi a certificação digital. Dos seus clientes, 90% obtiveram essa autorização. A facilidade, no entanto, não reduz o trabalho dos profissionais envolvidos com a declaração. É necessário checar as informações que constam da base pré-preenchida e, se necessário, fazer retificações. Renato Mendes, da RSM Fontes, diz que a parte do escritório que cuida do imposto de renda de sócios das empresas responde por 10% da clientela. O maior volume de trabalho está relacionado às declarações das pessoas jurídicas que os profissionais da RSM Fontes atendem, em geral empresas de grande e médio porte.