Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Faculdade Integral Diferencial‐ FACID Programa de Mestrado Interinstitucional em Bioengenharia SAULO ARAÚJO DE CARVALHO ANÁLISE COMPARATIVA DA FORÇA GERADA PELOS MÚSCULOS VENTILATÓRIOS DE SUJEITOS SAUDÁVEIS E PORTADORES DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA POR MEIO DA MANOVACUOMETRIA E ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE São José dos Campos, SP 2011 Saulo Araújo de Carvalho ANÁLISE COMPARATIVA DA FORÇA GERADA PELOS MÚSCULOS VENTILATÓRIOS DE SUJEITOS SAUDÁVEIS E PORTADORES DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA POR MEIO DA MANOVACUOMETRIA E ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da Universidade Vale do Paraíba, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. Orientadora: Cláudia Barbosa Ladeira Campos Co-orientadora: Fernanda Pupio Silva Lima São José dos Campos, SP 2011 de C328a Carvalho, Saulo Araújo de Análise comparativa da força gerada pelos músculos ventilatórios de indivíduos saudáveis e portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica por meio da manovacuometria e eletromiografia de superfície / Saulo Araújo de Carvalho. Orientadoras Profas.Dras. Cláudia Barbosa Ladeira de Campos, Fernanda Pupio Silva Lima. 1 disco laser; color Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Bioengenharia do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, 2011. 1.Doença pulmonar obstrutiva crônica 2. Eletromiografia 3. Fisioterapia I. Campos, Cláudia Barbosa Ladeira de, Orient. 2. Lima, Fernanda Pupio Silva, Orient. III. Titulo CDU 615.6 Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos foto copiadores ou transmissão eletrônica, desde que citada a fonte. Assinatura do Aluno: Data: 04/10/2011 SAULO ARAUJO DE CARVALHO "ANÁLrsE coRpoRÀTrva DÀ FORÇAGERÀDÀPtrLos MÚscul-os VENTILATóRÌoS DEDOENÇAPULMONÂROBSTRUTIVÂ DXIÌ\DIVÍDUOSSÀIIDÁVEISE PORTADORXS DE tr ELETROMIOGRÀFIÀ CRôNICÀPORMEIODÀ MÀNOVACUOMETRIA SI]PDRTÍCIE'' Dissertaçãoaprcvada como rcqúsito paÍcial à obtençãodo grau de Mesfte em Engenharia em Bioengeúarìa.do lnsti to de Pesquisae Biomédica,do Programade Pós-Graduação Desenvolvimentoda Universidadedo Vale do Paraíba,Sãolosé dosCampos,SP,pela seguinte bancaexaminadora: Prof. Dra. R.ENATA AMADEI NICOLAU (ttNMP) Prof. Dra. FERNANDA PUPIO SILVA LIMA (ttNlVAP) (Ua* Prof. Dra. CLAUDIA BARBOSA LADEIRA DE CAMPOS(UNIFESD PTOf. DI. EUCÁRIO LEITE MONTEIRO ALYES fNOVAFAPD da Costa Prof. Dra. San&aMariaFonseca Dirctordo lP&D - Univap SãoJosédosCaÍnpos,29 dejulho de2011. AGRADECIMENTOS A Deus, fonte inesgotável de sabedoria e amor. À minha Família, pais, irmãos, tios que sempre acreditaram na minha capacidade de buscar o conhecimento com perseverança e paixão pela ciência. À Marle, por estar sempre do meu lado. À professora Cláudia Campos, pelas cobranças e pelos ensinamentos. À professora Fernanda Pupio por me aceitar, no decorrer da pesquisa, como minha orientadora. Ao professor Alderico, pelos excelentes conselhos e pelas análises estatísticas. Aos amigos Adeno e Neylon por ajudarem sobremaneira na análise estatística e por suas orientações sempre precisas. À minha grande amiga Janaína, sem você esse trabalho não sairia. Aos grandes alunos Amanda, Bhryan, Carolina e Karoline. Vocês são fantásticos. Ao meu “irmão” de jornada Éric da Silva, pelos anos de vivência juntos, pelas viagens, pelos ensinamentos e companhia nas situações mais críticas. A todos os alunos do Mestrado, em especial, meu amigo Wagner, símbolo de humildade. Aos funcionários da UNIVAP por sempre me tratarem com respeito e compreensão. À Direção da Faculdade NOVAFAPI e da Universidade Estadual do Piauí pela compreensão nas minhas ausências mensais, na disponibilidade dos recursos para desenvolvimento da pesquisa e por acreditarem e confiarem em minha conquista. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” (Cora Coralina). CARVALHO, S. A. de. Análise comparativa da força gerada pelos músculos ventilatórios de sujeitos saudáveis e portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica por meio da manovacuometria e eletromiografia de superfície. 2011, 73f. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia) Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, 2011. RESUMO A força desenvolvida por um músculo respiratório e, consequentemente, sua capacidade de gerar pressão, depende de seu comprimento de repouso antes da contração – relação comprimento/tensão, de sua contratilidade intrínseca – relação força/velocidade e sua vantagem mecânica. Para as medidas das pressões respiratórias máximas, somam-se a esses fatores a integridade da caixa torácica, o volume pulmonar, o controle ventilatório e a massa muscular, esta por sua vez relacionada à idade e o sexo. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória prevenível e tratável, com repercussões e comprometimento de órgãos e tecidos sistêmicos, que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível. A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo. O manovacuômetro é um instrumento utilizado para mensuração das pressões respiratórias máximas, que avalia a força dos músculos respiratórios por meio de PImáx (Pressão Inspiratória Máxima) e PEmáx (Pressão Expiratória Máxima). A eletromiografia é uma técnica não-invasiva de monitoramento da atividade elétrica das membranas excitáveis, representando a medida dos potenciais de ação do sarcolema, como efeito de voltagem em função do tempo. O objetivo do trabalho foi verificar se existe correlação entre os valores manovacuométricos de pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima com os valores de RMS obtidos por eletromiografia de superfície dos músculos escaleno e reto abdominal em sujeitos saudáveis e em portadores de DPOC. O estudo se caracteriza por ser do tipo transversal e analítico. Foram selecionados 35 sujeitos para compor a amostra, sendo 21 do grupo não DPOC e 14 do grupo DPOC. Estes foram submetidos à manovacuometria para avaliação da PImáx e da PEmáx e à eletromiografia de superfície para mensurar os valores de RMS pico dos músculos escaleno e reto abdominal. Utilizou-se na análise estatística o teste de Shapiro-Wilk para observar se as mesmas tinham distribuição normal, em seguida o teste p de Spearman para correlação das variáveis de distribuição não-normais e o teste r de Pearson para correlação das variáveis de distribuição normal Atribuiu-se para os testes estatísticos o nível de significância de 5%. Os resultados deste estudo, nas condições experimentais utilizadas, mostra que houve uma diferença significativa dos valores médios de PImáx entre os grupos não DPOC e DPOC (p<0,01); sugere uma correlação moderada entre os valores de PImáx e RMS pico de escaleno para o grupo DPOC (p<0,05), assim como uma correlação moderada entre PEmáx e RMS pico de reto abdominal no grupo não DPOC (p<0,05). Pode-se concluir que não existe correlação perfeita entre os valores de PImáx e PEmáx com os dados de RMS pico de músculos respiratórios, sendo assim, podemos inferir que a eletromiografia não deve ser utilizada para avaliar a força dos músculos respiratórios em sujeitos saudáveis ou em pacientes com DPOC em substituição à manovacuometria. Palavras-chave: DPOC, Manovacuometria, Eletromiografia. 16 CARVALHO, S. A. de. Comparative analysis of the force generated by the ventilatory muscles of healthy subjects and patients with chronic obstructive pulmonary disease by pressure manometry and surface electromyography. 2011, 73f. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia) Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, 2011. ABSTRACT The force developed by a respiratory muscle and, consequently, your capacity to generate pressure, depends on its resting length before to contraction - the relationship length / tension, its intrinsic contractility - relationship strength / speed and its mechanical advantage. For the measurements of maximal respiratory pressures, add to these factors the integrity of the chest, lung volume, ventilatory control and muscle mass, the related to age and gender. The chronic obstructive pulmonary disease (COPD) is a respiratory disease preventable and treatable, with repercussions and committal of systemic organs and tissues, characterized by the presence of chronic obstruction of the airflow, that is not fully reversible. The airflow obstruction is usually progressive and is associated with an abnormal inflammatory response of the lungs to inhalation of toxic gases or particles, caused primarily by smoking. The manometer is an instrument used for measurement of maximal respiratory pressures, which evaluates the strength of respiratory muscles through of MIP (Maximal Inspiratory Pressure) and MEP (Maximal Expiratory Pressure). Electromyography is a noninvasive technique for monitoring the electrical activity of excitable membranes, representing the extent of the action potentials of the sarcolemma, that is the effect of voltage versus time. The objective was to determine whether a correlation exists between the values manovacuometer of maximal inspiratory and expiratory pressure with the RMS values obtained by surface electromyography of the scalene muscles and rectus abdominis in healthy subjects and in patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease. The study is characterized as a cross-sectional and analytical. We selected 35 subjects for the study sample, 21 were of the group not COPD and 14 were of the group COPD. They were subjected to pressure manometry for evaluation of MIP and MEP and surface electromyography to measure the value of RMS peak of the scalene muscles and rectus abdominis. It was used in the statistical analysis the Shapiro-Wilk test to see if they had a normal distribution, then the test p for Spearman correlation the variables of nonnormal distribution and Pearson's test r for correlation of variables with normal distribution. Was attributed to the statistical significance level of 5%. The results of this study, under the experimental conditions used, shows that there was a significant difference between values of MIP and the values of the goups non COPD and COPD (p<0,01); suggests a moderate correlation between MIP and RMS peak of squalene to the COPD (p<0,05), and a moderate correlation between MEP and peak RMS rectus abdominis in the group non COPD (p<0,05). It can be concluded that there is no perfect correlation between MIP and MEP with the data of RMS peak respiratory muscles, so we infer that the EMG should not be used to assess respiratory muscle strength in healthy subjects or in COPD patients, replacing the manometer. Keywords: COPD, Manometer, Electromyography. 17 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1: Indicação para a mensuração das pressões respiratórias máximas................. 28 Figura 1: Manovacuômetro.............................................................................................. 39 Figura 2: Eletromiógrafo.................................................................................................. 40 Figura 3: Balança Antropométrica................................................................................... 41 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Fatores de risco para o desenvolvimento da DPOC......................................... 25 Tabela 2: Faixa de valores normais para as pressões respiratórias máximas, por sexo e grupo etário................................................................................................................................... 29 Tabela 3: Distribuição dos grupos por gênero.................................................................. 47 Tabela 4: Medidas de tendência central das variáveis do estudo..................................... 48 Tabela 5: Relação entre os grupos não DPOC e DPOC das variáveis: pressões inspiratórias e expiratórias máximas por manovacuometria e RMS pico de escaleno e reto abdominal por eletromiografia................................................................................... 48 Tabela 6: Correlação entre as pressões respiratórias máximas por manovacuometria e os valores de RMS por eletromiografia nos grupos de DPOC e não DPOC..................... 49 Tabela 7: Correlação entre as pressões respiratórias máximas por manovacuometria e a idade nos grupos DPOC e não DPOC............................................................................ 49 Tabela 8: Correlação entre as pressões respiratórias máximas por manovacuometria e o índice de massa corpórea nos grupos DPOC e não DPOC............................................. 50 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ALAT Associação Latino-Americana de Tórax CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética. CIS Centro Integrado de Saúde CPT Capacidade Pulmonar Total CRF Capacidade Residual Funcional CVF Capacidade Vital Forçada DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica EMG Eletromiografia EMGs Eletromiografia de Superfície ECM Músculo Esternocleidomastóideo FMED Frequência Média do Espectro Eletromiográfico GOLD Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease PAUM Potencial de Ação da Unidade Motora PEEP Positive End-Expiratory Pressure PEEPi Intrinsic Positive End-Expiratory Pressure PEmáx Pressão Expiratória Máxima pH Potencial Hidrogeniônico PImáx Pressão Inspiratória Máxima PRM Pressões Respiratórias Máximas Prs Pressão Resistiva do Sistema Respiratório NOVAFAPI Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí RMS Root Mean Square SENIAM Surface Electromiography for the Non-invasive Assessment of Muscle TI Tecnologia de Informação VC Volume Corrente VEF1 Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo VR Volume Residual LISTA DE SÍMBOLOS cmH2O Centímetros de Água mmHg Milímetros de Mercúrio PaCO2 Pressão Parcial de Dióxido de Carbono no Sangue Arterial PaO2 Pressão Parcial de Oxigênio nos Sangue Arterial SpO2 Saturação Periférica de Oxigênio SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 15 2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................... 17 3 OBJETIVOS DO ESTUDO......................................................................................... 18 3.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................... 18 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 18 4 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 19 4.1 MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS................................................................. 19 4.1.1 MÚSCULO ESCALENO .............................................................. 20 4.1.2 MÚSCULO RETO ABDOMINAL............................................... 22 4.2 DPOC.............................................................................................................. 23 4.2.1 DEFINIÇÃO.................................................................................... 23 4.2.2 EPIDEMIOLOGIA......................................................................... 23 4.2.3 DIAGNÓSTICO.............................................................................. 24 4.2.4 ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS DA DPOC......................... 26 4.3 MANOVACUOMETRIA.............................................................................. 27 4.3.1 PRESSÃO INSPIRATÓRIA MÁXIMA....................................... 31 4.3.2 PRESSÃO EXPIRATÓRIA MÁXIMA........................................ 32 4.4 ELETROMIOGRAFIA................................................................................. 33 5 METODOLOGIA......................................................................................................... 36 5.1 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................... 36 5.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA....................................................... 36 5.3 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA............................... 37 5.4 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS..................................................... 37 5.5 LOCAL E DATA DA REALIZAÇÃO DA PESQUISA............................ 38 5.6 RESPONSÁVEIS PELA COLETA DOS DADOS..................................... 38 5.7 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO......................................................... 38 5.7.1 MANOVACUÔMETRO............................................................... 39 5.7.2 ELETROMIÓGRAFO................................................................... 39 5.7.3 BALANÇA ANTROPOMÉTRICA.............................................. 40 5.7.4 DEMAIS MATERIAIS UTILIZADOS......................................... 41 5.8 PROTOCOLO DE PESQUISA.................................................................... 41 5.9 AQUISIÇÃO DOS VALORES MANOVACUOMÉTRICOS................... 43 5.10 AQUISIÇÃO DOS SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS.......................... 44 5.11 ANÁLISE DOS DADOS ELETROMIOGRÁFICOS............................. 45 5.12 ANÁLISE ESTATÍSTICA.......................................................................... 46 6 RESULTADOS............................................................................................................. 47 7 DISCUSSÃO................................................................................................................. 51 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 57 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 58 APÊNCIDE A: FICHAS DE AVALIAÇÃO................................................................. 64 APÊNDICE B DADOS ANTROPOMÉTRICOS DA PESQUISA............................ 66 APÊNDICE C: DADOS DA PESQUISA DE PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS POR MANOVACUOMETRIA E RMS POR ELETROMIOGRAFIA 67 ANEXOA : PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM 68 PESQUISA.............................. ANEXO B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO...... 69 16 15 1 INTRODUÇÃO A força gerada pelos músculos ventilatórios é fundamental para a movimentação da caixa torácica promovendo variações volumétricas e pressóricas intrapulmonares necessárias para a mobilização de ar entre o ambiente e os pulmões, evento este que caracteriza o ato ventilatório (MACHADO, 2008). A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) se caracteriza pela obstrução crônica ao fluxo aéreo, a qual não é totalmente reversível e pela redução da capacidade aeróbia dos músculos responsáveis pela ventilação pulmonar decorrente de alterações ocorridas na mecânica ventilatória. A retração elástica pulmonar, o aumento da complacência pulmonar e alteração na relação ventilação/perfusão ocorrem como consequência dessas modificações (GEORGIADOU et al., 2007; HODGE et al., 2007). Outras alterações observadas são o aumento da impedância do sistema respiratório, aumento do espaço morto fisiológico, hiperinsuflação dinâmica com retificação diafragmática, ineficiência da biomecânica respiratória produzindo aumento do gasto energético por parte da musculatura respiratória (JONES; DEAN; CHOW, 2003; ALBUQUERQUE et al., 2006). A força da musculatura respiratória pode ser mensurada através das pressões estáticas como a Pressão Inspiratória máxima – PImáx e a Pressão Expiratória máxima – PEmáx (NEDER et al., 1999). Em 1969, Black e Hyatt introduziram uma forma simples de mensuração das pressões respiratórias máximas através de um manovacuômetro em escala de cmH2O. Essa escala também pode ser em mmHg e através do uso de uma coluna d’água (COSTA et al., 1996; COSTA et al., 1997). A manovacuometria é considerada o exame mais simples e reprodutível para avaliar a força dos músculos respiratórios através da detecção de pressões respiratórias máximas inspiratórias (PImáx) e expiratórias (PEmáx). Portanto, é considerado um importante instrumento para a avaliação clínica de pacientes com distúrbios ventilatórios decorrentes de alterações musculares. No entanto, este método avalia somente a força dos músculos inspiratórios ou expiratórios em conjunto, mas não de cada músculo isoladamente. Além disso, verifica também as alterações da mecânica ventilatória, dos volumes pulmonares e da resistência de vias aéreas podendo interferir qualitativa e quantitativamente nos valores finais das Pressões Inspiratórias e Expiratórias Máximas mensuradas pelo equipamento (COSTA, 1999). A avaliação da atividade eletromiográfica de músculos respiratórios como o escaleno e o reto abdominal fornece informações quantitativas sobre a função específica de cada músculo, 16 podendo contribuir para uma análise mais precisa da atividade muscular tanto de sujeitos sem história de doença pulmonar como também em pacientes portadores de DPOC (BOTON et al., 2011). 17 2 JUSTIFICATIVA A avaliação funcional da musculatura respiratória é de extrema importância para o adequado manejo de pacientes com alterações do sistema respiratório. Sendo assim, é fundamental a exploração de técnicas que mensurem a força muscular respiratória, com menor agressividade e dependência da colaboração do paciente e na ampliação de suas indicações, como, por exemplo, relacionado à pacientes em ventilação mecânica domiciliar, em programas de reabilitação respiratória e para avaliação de pacientes com diagnóstico de DPOC (DE LA ROSA; RÍO, 2000). Pacientes com DPOC apresentam comprometimento de propriedades mecânicas como componente elástico do parênquima pulmonar e de caixa torácica, variância de volumes pulmonares e a condutância das vias aéreas, interferindo no resultado da manovacuometria. Considerando que as desordens dos músculos respiratórios também são observadas nesses pacientes, provavelmente a mensuração da força muscular respiratória através do método manovacuométrico apresentará falha. Portanto, outros métodos de avaliação necessitam ser utilizados juntamente com o manovacuômetro para que haja uma quantificação mais precisa da força muscular respiratória, principalmente de músculos específicos como o escaleno (músculo inspiratório) e o reto abdominal (músculo expiratório), já que estes músculos apresentam-se sobrecarregados em pacientes com DPOC e sua falência caracteriza-se como uma das principais causas de insuficiência respiratória no pneumopata. Neste contexto, pode ser utilizado a eletromiografia de superfície (EMGs), um exame não-invasivo que consegue analisar isoladamente a atividade de um determinado músculo, sem as interferências das propriedades elásticas do parênquima pulmonar ou da caixa torácica, fatores que não são excluídos no exame manovacuométrico, podendo garantir maior reprodutibilidade e, consequentemente, maior confiabilidade nos achados clínicos da função muscular respiratória. 18 3 OBJETIVOS DO ESTUDO 3.1 OBJETIVO GERAL Correlacionar os valores manovacuométricos de pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima com os valores de RMS obtidos por eletromiografia de superfície dos músculos escaleno e reto abdominal em sujeitos saudáveis e em portadores de DPOC. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Verificar a correlação do sinal eletromiográfico do músculo escaleno com a PImáx por manovacuometria em sujeitos saudáveis; - Verificar a correlação do sinal eletromiográfico do músculo reto abdominal com a PEmáx por manovacuometria em sujeitos saudáveis; - Correlacionar os valores de manovacuometria e eletromiografia de superfície para análise da musculatura inspiratória e expiratória de sujeitos com DPOC. - Verificar se a eletromiografia de superfície dos músculos respiratórios pode ser considerada um método efetivo de análise da atividade muscular respiratória em sujeitos hígidos e em pneumopatas com DPOC. 19 4 REVISÃO DE LITERATURA 4.1 MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS Os músculos respiratórios, do ponto de vista embriológico, morfológico e funcional, são considerados músculos esqueléticos, cuja principal função é deslocar ritmicamente a parede do tórax para possibilitar a ventilação pulmonar e manter os gases sanguíneos arteriais dentro dos limites normais, com ênfase para o oxigênio e o dióxido de carbono. Comparados com os músculos esqueléticos periféricos, os músculos respiratórios são caracterizados por maior resistência à fadiga, fluxo sanguíneo aumentado, maior capacidade oxidativa e densidade capilar mais elevada o que os tornam propícios para o desempenho das funções ventilatórias. Sua posição de repouso é determinada pelo equilíbrio entre as forças de recolhimento elástico dos pulmões e da parede torácica, sendo o controle de suas funções voluntário e automático (MACHADO, 2008). As impedâncias mecânicas oferecidas pelos pulmões e parede torácica, além da resistência à passagem do ar pelas vias aéreas durante a ventilação, são vencidas pelo trabalho desenvolvido pelos músculos inspiratórios. A energia potencial armazenada nas estruturas elásticas durante a inspiração é, normalmente, suficiente para superar a resistência ao fluxo aéreo durante a expiração, tornando-a um processo mecanicamente passivo. Só acontece trabalho mecânico expiratório adicional com ativação e recrutamento de músculos expiratórios quando as propriedades mecânicas do aparelho respiratório encontram-se alteradas por alguma doença, como nas doenças pulmonares obstrutivas, sendo a DPOC a de maior prevalência, necessitando, pois, da atuação dos músculos expiratórios, principalmente os da parede abdominal para que se possa realizar a expiração sem aprisionamento aéreo; em situações de expiração forçada como durante o ato tussígeno, além de situações fisiológicas de esforço como durante uma atividade aeróbica extenuante com grande aumento da frequência respiratória (MACHADO, 2008). Os músculos respiratórios apresentam diferentes tipos de fibras, que determinam as variações de respostas contráteis possíveis. As fibras tipo I permitem trabalho contrátil sustentado, de baixa intensidade. Inversamente, as fibras tipo II atuam em situações que necessitam de trabalho de alta intensidade, por curtos períodos de tempo, como no exercício e na tosse. A composição das fibras pode mudar com o tempo, em resposta a diversos fatores 20 constitucionais e externos. A idade, a desnutrição e o desuso resultam em atrofia, sendo que o treinamento e o aumento da carga respiratória resultam em adaptação celular, com melhora da capacidade oxidativa. Reduções da força e endurance dos músculos respiratórios podem ocorrer em resposta à atrofia das fibras tipo I e tipo II, respectivamente (AMERICAN THORACIC SOCIETY; EUROPEAN RESPIRATORY SOCIETY STATEEMENT, 2002). A força contrátil gerada pelos músculos depende do seu comprimento em repouso, da frequência de estimulação, da velocidade de contração, da massa muscular e vantagem mecânica. Quanto maior for o comprimento da fibra muscular em repouso, maior é sua capacidade de gerar torque. Tal situação faz com que a maioria dos autores que avaliam a força muscular respiratória utilize os volumes pulmonares máximos – Capacidade Pulmonar Total e mínimos – Volume Residual. A função contrátil pode ser dividida em força, a qual depende do número de unidades contráteis e endurance, que depende da densidade capilar e mitocondrial e da capacidade enzimática oxidativa. A força é aumentada pelo recrutamento adicional de unidades motoras ou por aumento da taxa de disparo de unidades individuais, promovidas por contração de baixa e alta intensidade, respectivamente (MACHADO, 2008). A relação comprimento-tensão dos músculos respiratórios e dos músculos esqueléticos dos membros é similar. O comprimento ótimo do diafragma depende do volume pulmonar e ocorre ligeiramente abaixo da CRF. O encurtamento do diafragma que ocorre na DPOC pode reduzir sua força, como também essas alterações da relação comprimento tensão devem interferir diretamente no funcionamento do músculo escaleno e do músculo reto abdominal (HUGHES et al., 1999). 4.1.1 MÚSCULO ESCALENO O músculo escaleno é dividido em três ventres e estende-se dos processos transversos das cinco últimas vértebras cervicais à superfície superior da primeira (escaleno anterior e medial) e segunda costelas (escaleno posterior). Sua inervação é feita pelos nervos C4 a C8. Alguns autores consideram que o escaleno é, na verdade, a associação três músculos distintos. Para nosso estudo, consideramos os trabalhos de Machado (2008), que considera o escaleno como um músculo único com três porções, a anterior, a média e a posterior. 21 Histoquimicamente, esse músculo é composto de 59% de fibras tipo I, 22% de fibras tipo IIa e 17% tipo IIb. A contração unilateral deste músculo determina inclinação e rotação da coluna para o lado da contração. A contração simétrica dos escalenos determina flexão da coluna cervical sobre a coluna dorsal e uma hiperlordose se o músculo longo do pescoço, músculo pré-vertebral, não estiver contraído. Com a retificação e rigidez da coluna cervical pelo músculo longo do pescoço, a contração simétrica desses músculos promove flexão da coluna cervical sobre a coluna dorsal quando toma apoio sobre as inserções das costelas. Agindo como músculo respiratório, o escaleno eleva as duas primeiras costelas quando toma apoio sobre suas inserções cervicais aumentando o diâmetro longitudinal da caixa torácica, bem como aumentando o diâmetro ântero-posterior do tórax. Essas ações reduzem a pressão intraalveolar por aumento volumétrico da caixa torácica, fazendo com que ocorra um gradiente de pressão negativa intrapulmonar promovendo a inspiração (WEST, 2002). Estudos recentes têm documentado a presença de atividade elétrica nos músculos escalenos durante inspiração basal, nas posições supina e ortostática. Esses achados suportam o conceito de que esses músculos são motores primários e não acessórios da inspiração, como se pensava. Esse fato é de extrema importância para analisar a atividade eletromiográfica do escaleno, uma vez que o mesmo sendo agonista inspiratório primário, suas repercussões funcionais interferem diretamente no ato respiratório (MACHADO, 2008). Em pacientes tetraplégicos, com comprometimento dos músculos escalenos, a ação do diafragma sobre a caixa torácica superior tem um efeito expiratório. O mesmo acontece em pessoas normais quando respiram utilizando seletivamente o diafragma. Essas observações sugerem que os músculos escalenos são importantes músculos inspiratórios e que sua contração contribui para a expansão da caixa torácica superior. A hiperinsuflação, na DPOC, aumenta a Capacidade Residual Funcional - CRF com consequente encurtamento do diafragma e de outros músculos respiratórios. O encurtamento afeta a relação comprimento-tensão do músculo, o que é determinante na contratilidade do mesmo, pois o músculo encurtado encontra-se em desvantagem mecânica Os músculos escalenos encurtam-se pouco quando o volume pulmonar torna-se aumentado, mantendo a efetividade mecânica, mesmo com volumes pulmonares relativamente altos. Isso sugere que os músculos escalenos desempenhem um papel importante na ventilação basal de sujeitos normais e, principalmente, em sujeitos com DPOC, onde a ação do diafragma estará amplamente comprometida (MACHADO, 2008). 22 4.1.2 MÚSCULO RETO ABDOMINAL O Músculo Reto Abdominal constitui juntamente com os músculos oblíquos do abdome e músculo transverso do abdome, o grupo de músculos abdominais. Tais músculos constituem a parede ventro-lateral do abdome e tem importante função respiratória. Apesar de a ação predominante desses músculos ser expiratória, em circunstâncias especiais eles têm ação inspiratória, quando descolam o diafragma dentro do tórax, aumentando o comprimento das fibras diafragmáticas em repouso, tornando-o mais eficiente como gerador de pressão e, consequentemente como bomba inspiratória (HUGHES et al., 1999). O músculo reto abdominal origina-se na crista ilíaca e sínfise púbica e insere-se sobre as cartilagens costais da quinta, sexta e sétima costelas e processo xifóide do esterno. É inervado pelos nervos torácicos T7 a T12 e pelo primeiro nervo espinhal lombar, sendo o músculo mais superficial da parede abdominal anterior, tem maior facilidade na captação do sinal eletromiográfico (MACHADO, 2008). O músculo reto abdominal, como músculo respiratório, tem ação predominantemente expiratória. Durante a contração desse músculo ocorre aumento da pressão abdominal causando deslocamento cranial do diafragma. Esse deslocamento resulta em aumento da pressão pleural e redução do volume pulmonar. Devido à inserção desse músculo sobre as costelas, ele tem ação também sobre a caixa torácica. A estimulação isolada do músculo reto abdominal produz importante deslocamento caudal do esterno e redução do diâmetro ânteroposterior do tórax. As reduções nos diâmetros torácicos supracitados aumentam a pressão intrapulmonar promovendo a saída do ar pelas vias aéreas (MACHADO, 2008). Estudos da função respiratória dos músculos abdominais em humanos, por razões técnicas, têm sido direcionados para o músculo reto abdominal. Consequentemente, a função dos músculos abdominais pode ser subestimada na ausência de atividade elétrica desse músculo da camada superficial, quando o transverso ou o obliquo são preferencialmente recrutados. Sendo assim, a análise isolada do músculo reto abdominal pode auxiliar no diagnóstico de distúrbios musculares do grupo expiratório abdominal, no entanto, não podemos inferir sobre a ação dos músculos oblíquos e transverso do abdome por análise eletromiográfica do reto abdominal (MACHADO, 2008). 23 4.2 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA 4.2.1 DEFINIÇÃO De acordo com Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (2008) a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória prevenível e tratável, com repercussões e comprometimento de órgãos e tecidos sistêmicos, que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível. A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo. Embora a DPOC comprometa os pulmões, ela também produz consequências sistêmicas significativas. O processo inflamatório crônico pode produzir alterações dos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). A predominância destas alterações é variável em cada indivíduo, tendo relação com os sintomas apresentados. 4.2.2 EPIDEMIOLOGIA Não se conhece a real prevalência da DPOC em nosso meio. Os dados de prevalência para o Brasil, obtidos até o momento, são de questionário de sintomas, que permitem estimar a DPOC em adultos maiores de 40 anos em 12% da população, ou seja, 5.500.000 sujeitos. Se considerarmos dados preliminares do Estudo PLATINO realizado pela ALAT (Associação Latino-Americana de Tórax), na cidade de São Paulo, a prevalência da DPOC varia de 6 a 15,8% da população com idade igual ou superior a 40 anos, equivalente a 2.800.000 a 6.900.000 sujeitos com DPOC. A prevalência menor é encontrada quando se utiliza a relação VEF1/CVF inferior a 0,70 e o VEF1 inferior a 80% do previsto como critérios de diagnóstico e maior quando se utiliza somente a relação VEF1/CVF inferior a 0,70 (MENEZES et al., 2005). 24 Morbidade: A DPOC, segundo informações do DATASUS (2003), foi a quinta maior causa de internação no sistema público de saúde do Brasil, em maiores de 40 anos, com 196.698 internações e gasto aproximado de 72 milhões de reais. Mortalidade: No Brasil vem ocorrendo um aumento do número de óbitos por DPOC nos últimos 20 anos, em ambos os sexos, tendo a taxa de mortalidade passado de 7,88 em cada 100.000 habitantes na década de 1980, para 19,04 em cada 100.000 habitantes na década de 1990, com um crescimento de 340%. A DPOC nos últimos anos vem ocupando da 4ª à 7ª posição entre as principais causas de morte no Brasil ficando atrás apenas das doenças cérebro-vasculares, cardíacas e neoplásicas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2004). 4.2.3 DIAGNÓSTICO A tosse é o sintoma mais encontrado, pode ser diária ou intermitente e pode preceder a dispnéia ou aparecer simultaneamente a ela. O aparecimento da tosse no fumante é tão frequente que muitos pacientes não a percebem como sintoma da doença, considerando-a como o “pigarro do fumante”. A tosse produtiva ocorre em aproximadamente 50% dos fumantes (HODGE et al., 2007). A dispnéia é o principal sintoma associado à incapacidade, redução da qualidade de vida e pior prognóstico. É geralmente progressiva com a evolução da doença. Muitos pacientes só referem à dispnéia numa fase mais avançada da doença, pois atribuem parte da incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico. A presença de sintomas respiratórios crônicos no paciente com hábito tabágico (cigarro, cigarrilha, cachimbo, charuto) deve levar à suspeita clínica de DPOC. Quanto maior a intensidade do tabagismo, maior a tendência ao comprometimento da função pulmonar, embora a relação não seja obrigatória. Aproximadamente 15% dos fumantes desenvolvem DPOC. A exposição à fumaça de combustão de lenha, a poeiras e à fumaça ocupacional deve ser pesquisada e pode ser encontrada no paciente com DPOC (MOREIRA et al., 2008). AVALIAÇÃO ESPIROMÉTRICA: A espirometria com obtenção da curva expiratória volume-tempo é obrigatória na suspeita clínica de DPOC, devendo ser realizada antes e após administração de broncodilatador, de preferência em fase estável da doença. A espirometria permite a avaliação de uma multiplicidade de parâmetros, porém os mais importantes do 25 ponto de vista de aplicação clínica são a CVF (capacidade vital forçada), o VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo), e a relação VEF1/CVF, pois mostram menor variabilidade inter e intra-individual. A existência de limitação do fluxo aéreo é definida pela presença da relação VEF1/CVF abaixo de 0,70 pós-broncodilatador (MOREIRA et al., 2008). Tabela 1: Fatores de risco para o desenvolvimento da DPOC Fatores externos Fatores individuais Tabagismo Deficiência de glutationa transferase Irritantes químicos Alfa-1 antiquimotripsina Fumaça de lenha Hiper-responsividade brônquica Infecções respiratórias graves na infância Desnutrição Condição socioeconômica Prematuridade Fonte: Jornal Brasileiro de Pneumologia (2004). AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA: Na DPOC deve-se solicitar, rotineiramente, uma radiografia simples de tórax nas posições póstero-anterior e perfil, não para definição da doença, mas para afastar outras doenças pulmonares, principalmente a neoplasia pulmonar. A radiografia de tórax pode ainda identificar bolhas, com possível indicação cirúrgica. A tomografia computadorizada de tórax está indicada na DPOC somente em casos especiais, como suspeita da presença de bronquiectasias ou bolhas, indicação de correção cirúrgica destas ou programação de cirurgia redutora de volume (AMERICAN THORACIC SOCIETY; EUROPEAN RESPIRATORY SOCIETY STATEMENT, 2003). AVALIAÇÃO GASOMÉTRICA E DO pH: A avaliação da oxigenação pode ser feita, inicialmente, de maneira não-invasiva pela oximetria de pulso. Se for identificada uma saturação periférica de oxigênio (SpO2) igual ou inferior a 90%, está indicada a realização de gasometria arterial para avaliação da PaO2 e da PaCO2. A oximetria deve ser repetida periodicamente e sempre que houver exacerbação. 26 4.2.4 ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS DA DPOC A DPOC se caracteriza pela obstrução crônica ao fluxo aéreo e pela redução da capacidade aeróbia da musculatura periférica, promovida pelas alterações ocorridas na mecânica ventilatória, resultando em diminuição da retração elástica pulmonar, aumento da complacência pulmonar e alteração na relação ventilação/perfusão (GEORGIADOU et al., 2007; HODGE et al., 2007). Em decorrência dessas alterações, ocorre aumento do espaço morto fisiológico, hiperinsuflação dinâmica com retificação diafragmática e ineficiência da biomecânica respiratória, produzindo aumento do gasto energético (JONES; DEAN; CHOW et al., 2003; ALBUQUERQUE et al., 2006). A hiperinsuflação dinâmica é a principal causa da limitação ao exercício nos portadores de DPOC, o que resulta em aumento do trabalho muscular inspiratório necessário para gerar uma pressão capaz de ultrapassar o limiar da intrinsic positive end-expiratory pressure (PEEPi, pressão expiratória final positiva intrínseca). Além disso, os músculos inspiratórios são sobrecarregados para vencer o aumento da resistência de vias aéreas devido ao padrão bronco-obstrutivo da doença e estão em desvantagem mecânica com redução do comprimento da fibra muscular em repouso, em virtude da hiperinsuflação pulmonar dinâmica, diminuindo consequentemente a capacidade do músculo de gerar força (YAN; KAMINSKI; SLIWINSKI, 1997). O aumento do trabalho ocorre pela maior ativação do músculo escaleno e pelo recrutamento dos músculos acessórios da respiração, como o esternocleidomastóideo (ECM). Tais músculos são responsáveis pelo deslocamento cranial do esterno e da caixa torácica durante a inspiração; porém, suas ativações ocorrem em momentos distintos, ou seja, o escaleno é ativado durante a fase inspiratória, até mesmo durante o repouso; daí considerarmos o músculo escaleno como um agonista primário da inspiração; o ECM é recrutado apenas depois de atingido cerca de 70% do volume corrente (VC), quando a capacidade inspiratória é aumentada pela hipercapnia ou pela hiperpnéia, ou ainda quando é atingida cerca de 35% da PImáx durante um esforço inspiratório a partir da capacidade residual funcional em sujeitos hígidos (HUDSON; GANDEVIA; BUTLER, 2007; YOKOBA et al., 2003). 27 4.3 MANOVACUOMETRIA O manovacuômetro é um instrumento utilizado para mensuração das pressões respiratórias máximas, que avalia a força dos músculos respiratórios por meio de PImáx (Pressão Inspiratória Máxima) e PEmáx (Pressão Expiratória Máxima) (NOBRE et al., 2007). Os valores da PImáx e PEmáx são dependentes não apenas da força dos músculos respiratórios, mas também do volume pulmonar em que são realizadas as medidas, do correspondente valor da pressão de retração elástica do sistema respiratório e da impedância do sistema respiratório. Tais fatores interferem na mensuração direta da força dos músculos respiratórios, sejam inspiratórios ou expiratórios, uma vez que variáveis mecânicas – complacência pulmonar, complacência torácica, resistência de vias aéreas e volume pulmonar interferem diretamente nos valores absolutos das pressões respiratórias máximas mensuradas pela manovacuometria (PARREIRA et al., 2007). A avaliação das PRM (Pressões Respiratórias Máximas) geralmente é realizada com uma peça bucal rígida achatada, que será acoplada entre os lábios do paciente e conectada ao manovacuômetro através de um tubo intermediário. Para o sucesso da realização da técnica, a cooperação e o desempenho do paciente é fundamental, interferindo diretamente nos valores das medidas. Além do bucal, há outro meio de acoplamento entre o manovacuômetro e o paciente avaliado, a máscara facial. O uso da máscara facial pode ser útil para reduzir o escape de ar durante a avaliação e para melhor êxito na aplicação da técnica, no entanto, na prática clínica atual, a grande maioria dos centros de pneumologia do Brasil utiliza a peça bucal como sistema de acoplamento entre o paciente e o aparelho (JUNIOR et al., 2004). A avaliação funcional dos músculos envolvidos na ventilação pode ser acompanhada através da medida das pressões respiratórias máximas (CAMELO; TERRA FILHO; MANÇO, 1985). A mensuração dessas pressões representa um procedimento de grande utilidade para a avaliação funcional dos músculos respiratórios em pacientes com doenças respiratórias como a DPOC uma vez que disfunções musculares respiratórias comprometem seriamente a independência funcional ventilatória de pneumopatas (BLACK; HYATT, 1969; KARVONEN; SAARELAINEN; NIEMINEN, 1994; SYABBALO, 1998). Vários estudos procuraram padronizar o método de medida das pressões inspiratória e expiratória máximas; elas podem ser realizadas a partir do volume residual e capacidade pulmonar total, respectivamente, onde são obtidos os maiores valores, no entanto, as variáveis mecânicas do sistema respiratório interferem diretamente no resultado bruto da PImáx e 28 PEmáx. Com isso, alguns estudos mostram que, para avaliar a força dos músculos respiratórios, minimizando ao máximo as influências das propriedades mecânicas do sistema respiratório, o ponto de mensuração tanto da PImáx como da PEmáx deve ser a Capacidade Residual Funcional – CRF, considerada o ponto de equilíbrio estático entre as propriedades elásticas do pulmão e da parede torácica (ROVINA et al., 1996). O manovacuômetro (manômetro aneróide capaz de medir pressões negativas e positivas) é o instrumento clássico para medir, a partir da boca, as pressões respiratórias estáticas máximas - pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima (PEmáx). Os instrumentos utilizados para as provas funcionais pulmonares devem permitir mensurações na faixa de ± 300 cmH2O (SOUZA, 2002). Para tanto, encaixa-se uma peça bucal na extremidade proximal do manovacuômetro e solicita-se ao indivíduo que realize esforços expiratórios ou inspiratórios máximos (NEDER et al., 1999; SOUZA, 2002). Quadro 1: Indicações para a mensuração das pressões respiratórias máximas. A - Diagnóstico diferencial de dispnéia ou de distúrbio restritivo sem causa aparente. B - Avaliação de resposta à fisioterapia e à reabilitação respiratória. C - Confirmação da disfunção dos músculos ventilatórios em determinados estados mórbidos: - Miopatias, distrofias musculares, esclerose múltipla, etc. - Paralisia diafragmática (lesão do nervo frênico, infecções intratorácicas, de causa ignorada, entre outras). - Doenças que cursam com atrofia cerebelar; entre muitas outras doenças. D - Avaliação pré-operatória da função dos músculos respiratórios - Doenças respiratórias que afetam a função pulmonar. - Obesidade acentuada. - Deformidades torácicas. - Doenças endócrinas (hipotireoidismo e hipertireoidismo); corticoterapia entre outras doenças. E - Avaliação da possibilidade de desmame da ventilação mecânica. Adaptado de: Souza (2002, p.163). 29 O exame pode ser realizado a qualquer hora do dia ou da noite. Segundo Fiz et al. (1992), considerando-se sujeitos saudáveis, pode-se medir primeiro a PImáx e depois a PEmáx, ou vice-versa: a ordem em que são feitas as mensurações não altera os resultados. Em adultos, valores normais para este parâmetro podem ser encontrados nas publicações de Black e Hyatt (1969) e Harik-Khan, Wise e Fozard (1998). Entretanto, o estudo de Neder et al. (1999) é mais especifico, ao trazer resultados extraídos da população brasileira, conforme tabela apresentada abaixo. Tabela 02. Faixa de valores normais para as pressões respiratórias máximas, por sexo e grupo etário. Grupos etários (anos) Pressão Sexo 20 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 – 74 Homens 124±44 103±32 103±32 103±32 103±32 Mulheres 87±32 77±26 73±26 70±26 65±26 Homens 233±84 218±74 209±74 197±74 185±74 Mulheres 152±54 145±40 140±40 135±40 128±40 PImáxVR* PEmáxCPT * Para a PImáx, as faixas estão expressas em valores absolutos. Fonte: (NEDER et al., 1999). A postura adotada para a realização dos testes pode influenciar nos resultados, logo se recomenda que mensurações, seriadas num dado indivíduo, sejam feitas sempre na mesma posição (KOULOURIS et al., 1988). Além disso, o nariz deve ser ocluído por um clipe nasal (NEDER et al., 1999; BLACK; HYATT, 1969; KOULOURIS et al., 1988; FIZ et al., 1992; FIZ et al., 1990). De acordo com Neder et al. (1999) a fórmula de Black para previsão de valores de PImáx e PEmáx: • Masculino: - PImáx = 143 - 0,55 x idade - PEmáx = 268 - 1,03 x idade • Feminino - PImáx = 104 - 0,51 x idade - PEmáx = 170 - 1,03 x idade 30 As mensurações das pressões respiratórias máximas são testes volitivos, isto é, dependem da compreensão e da colaboração dos sujeitos para a sua realização. É fundamental que o avaliador utilize estímulos verbais e visuais para que o avaliado possa colaborar corretamente com a técnica que é esforço-dependente (SOUZA, 2002). Os sujeitos aprendem melhor quando instruídos a realizarem seus esforços iniciais com vigor suficiente para deslocar a agulha do manovacuômetro. O técnico deve ensinar e demonstrar os procedimentos do exame aos sujeitos a serem testados e observar cuidadosamente a ocorrência de vazamentos. O avaliador também tem papel importante no incentivo verbal, para que o paciente reproduza esforços realmente máximos, do contrário, os dados não terão reprodutibilidade (SOUZA, 2002). Depois de asseguradas a compreensão das manobras e a colaboração do indivíduo, os valores de PImáx e de PEmáx dependem não apenas da força dos músculos respiratórios, mas também do volume pulmonar em que foram feitas as mensurações e do correspondente valor da pressão de retração elástica do sistema respiratório (Prs), que resulta da soma algébrica das pressões de retração elástica dos pulmões e da caixa torácica (SOUZA, 2002; WEST, 2002). Como o teste é cansativo, geralmente proporciona-se ao indivíduo, entre cada duas manobras, um intervalo de repouso que varia de 30 segundos até vários minutos (ROCHESTER; BRAUN, 1985). A maioria dos autores utiliza intervalos em torno de um minuto, para sujeitos sadios (NEDER et al., 1999; KOULOURIS et al., 1988; FIZ et al., 1992). Quando o volume de ar contido nos pulmões é a capacidade residual funcional (CRF), a Prs é nula, ou seja, o sistema respiratório se encontra em posição de equilíbrio, não tendendo nem a expandir-se, nem a retrair-se. Para volumes pulmonares acima da CRF (como é o caso da CPT), a Prs é positiva, ou seja, o sistema tende a retrair-se, produzindo expiração. Para volumes pulmonares abaixo da CRF (como é o caso do volume residual - VR), a Prs é negativa, isto é, o sistema tende a expandir-se, produzindo inspiração (SOUZA, 2002). Assim, quando se mede a PEmáx, o valor obtido é, na verdade, a soma da pressão dos músculos expiratórios com a Prs, sendo ambas positivas; da mesma forma, quando se mede a PImáx, o valor obtido é a soma da pressão dos músculos inspiratórios com a Prs, sendo ambas negativas (SOUZA, 2002; WEST, 2002). Nos esforços expiratórios máximos, a insuflação passiva das bochechas amortece a pressão produzida pelos músculos expiratórios e, portanto, tende a diminuir o valor medido de PEmáx. Por outro lado, quando as bochechas insufladas se contraem vigorosamente, geram uma pressão expiratória elevada, que superestima o valor da pressão produzida pelos 31 músculos expiratórios do tórax e abdome (SOUZA, 2002). A presença de um pequeno orifício no instrumento de mensuração serve para compensar as possíveis pressões geradas por ação da musculatura da face e da orofaringe, sem afetar significativamente as pressões produzidas pelos músculos da caixa torácica com a glote aberta, pois a magnitude da fuga não é suficiente para alterar, durante o curto período em que as medições são realizadas, o volume da caixa torácica ou a configuração de seus músculos (SUPINSKI, 1999). Alguns estudos sugerem que orifícios de fuga muito pequenos podem exercer sobre os valores das pressões respiratórias máximas o mesmo efeito que a ausência de orifício; e que, ao serem comparados estudos nos quais foram feitas medidas de PEmáx e de PImáx, deverão ser levadas em conta as possíveis diferenças de dimensões entre os orifícios de fuga (SUPINSKI, 1999; SOUZA, 2002). 4.3.1 PRESSÃO INSPIRATÓRIA MÁXIMA A PImáx costuma ser medida a partir da posição de expiração máxima, quando o volume de gás contido nos pulmões é o volume residual (VR), contudo, pode ser medida a partir do final de uma expiração calma, quando o volume de gás contido nos pulmões é a capacidade residual funcional (SOUZA, 2002). Para aferir tal medida, primeiramente solicita-se ao indivíduo expirar até alcançar seu volume residual. Imediatamente após, pede-se que ele realize um esforço inspiratório máximo contra a via aérea ocluída (manobra de Müller) através de um bucal. A posição alcançada ao fim do esforço inspiratório máximo deve ser mantida durante um breve momento que, segundo diferentes autores, deve durar pelo menos dois segundos (BLACK; HYATT, 1969; FIZ et al., 1992). A maioria dos autores define como PImáx a pressão absoluta mais elevada (mais negativa) gerada em qualquer momento de cada manobra, lendo-se diretamente no visor do manômetro e que o paciente consiga mantê-la por, pelo menos, 02 segundos (BLACK; HYATT, 1969; NEDER et al., 1999). Hoje, sabe-se que o aprendizado exerce um efeito nítido sobre os resultados alcançados (SOUZA, 2002), assim, atualmente, a tendência é recomendar que: a) seja de nove o número máximo de manobras; 32 b) sejam obtidas três manobras aceitáveis (sem vazamentos e com duração de pelo menos dois segundos); c) de cada manobra, seja anotada a pressão mais elevada (mais negativa) alcançada após 02 segundos de sustentação; e d) haja, entre as manobras aceitáveis, pelo menos duas manobras reprodutíveis (com valores que não difiram entre si por mais de 10% do valor mais elevado (HARIK-KHAN; WISE; FOZARD, 1998). O valor da PImáx é habitualmente expresso em centímetros de água (cmH2O), sendo precedido de sinal negativo. 4.3.2 PRESSÃO EXPIRATÓRIA MÁXIMA A PEmáx é geralmente medida a partir da posição de inspiração máxima, quando o volume de gás contido nos pulmões é a capacidade pulmonar total (CPT), mas também pode ser medida a partir do final de uma inspiração calma (SOUZA, 2002). Aplicam-se as observações feitas para a mensuração da PImáx. A única diferença é que, para a mensuração da PEmáx, o indivíduo primeiramente inspira até alcançar sua capacidade pulmonar total e, em seguida, efetua um esforço expiratório máximo contra a via aérea ocluída (manobra de Valsalva) (SOUZA, 2002). As mensurações de PImáx e de PEmáx são testes rápidos e não-invasivos da função dos músculos ventilatórios, podendo inclusive ser realizadas à beira do leito, com dispositivos portáteis. A medida da PImáx ainda é o teste mais utilizado para avaliar a força dos músculos inspiratórios, e a medida da PEmáx é o único teste amplamente disponível para a avaliação da força dos músculos expiratórios (SYABBALO, 1998). Diversos autores mediram as pressões respiratórias máximas em pessoas saudáveis pertencentes a diferentes faixas etárias e publicaram seus achados sob forma de tabelas ou equações de regressão para o cálculo dos valores de referência, tais como Neder et al. (1999), Black e Hyatt (1969) e Harik-Khan, Wise e Fozard (1998). Black e Hyatt (1969) são os valores de referência mais citados. Estes autores mediram a PImáx e PEmáx em 60 homens com idades entre 20 e 80 anos, e em 60 mulheres com idades entre 20 e 86 anos (10 em cada faixa de 10 anos). Os testes eram realizados na posição 33 sentada, com o nariz ocluído por um clipe nasal. Os esforços respiratórios máximos eram sustentados durante pelo menos 02 segundos, anotando-se o valor mais elevado. 4.4 ELETROMIOGRAFIA A eletromiografia é uma técnica não-invasiva de monitoramento da atividade elétrica das membranas excitáveis, representando a medida dos potenciais de ação do sarcolema, como efeito de voltagem em função do tempo. O sinal eletromiográfico (EMG) é a somação algébrica de todos os sinais detectados em certa área, podendo ser afetado por propriedades musculares, anatômicas e fisiológicas, assim como pelo controle do sistema nervoso periférico e a instrumentação utilizada para a aquisição dos sinais como disposição e características dos eletrodos, assepsia da pele, características técnicas do aparelho, dentre outros (ENOKA, 2000). A eletromiografia tem como objetivo analisar a atividade muscular através da averiguação do sinal elétrico que emana do músculo. Esse método permite o registro do potencial de ação da unidade motora, podendo ser empregado como um método diagnóstico para patologias neuromusculares, traumatismos e como instrumento cinesiológico, visando descrever o papel de diversos músculos em atividades específicas, como durante a respiração profunda em medidas de Pressões respiratórias máximas (BASMAJIAN; DE LUCA, 1985). O axônio simples conduz um impulso para todas as fibras musculares, fazendo com que sofram despolarização de modo relativamente simultâneo. A despolarização produz atividade elétrica, que se manifesta como potencial de ação da unidade motora (PAUM), e que é graficamente registrada como o eletromiograma onde se analisa as respostas musculares em forma de gráficos e valores numéricos absolutos (PORTNEY; ROY, 1996). Na análise do movimento humano, esse registro acontece por meio da monitorização do sinal mioelétrico captado por eletrodos, que podem ser intramusculares ou de superfície, este último considerado o mais adequado para os estudos cinesiológicos, principalmente durante a realização de um determinado movimento porque além de não ser invasivo, não compromete a morfologia do tecido muscular com a inserção de agulhas no ventre do músculo (DE LUCA, 1997). A técnica da eletromiografia está baseada no fenômeno do acoplamento eletromecânico do músculo. Sinais elétricos gerados no músculo eventualmente conduzem ao fenômeno da 34 contração muscular. O registro dos padrões de potenciais de ação é denominado eletromiograma. A eletromiografia registra um fenômeno elétrico relacionado com a contração muscular. Esta técnica possibilita o registro e a análise da atividade muscular durante o movimento o que possibilita uma avaliação, em tempo real, da condução, do recrutamento e do desempenho muscular. Com isso, o uso da eletromiografia para analisar a função de músculos em determinadas atividades como na geração de força muscular de sujeitos saudáveis e portadores de doenças respiratórias vem crescendo no meio científico do diagnóstico com base em exames complementares minimamente invasivos e com boa reprodutibilidade (STARKEY, 2001). A análise por eletromiografia de superfície vem apresentando crescente participação nos diversos estudos de função muscular, como os que enfocam resistência muscular, limiar aeróbico, biomecânica, aprendizado motor, relaxamento muscular, velocidade ótima de exercícios, lesões e doenças musculares, ativação motora e fadiga muscular. Tal fato elucida a utilização da eletromiografia como instrumento adicional na avaliação muscular de pacientes com doenças respiratórias que comprometem a função muscular como a DPOC (MORITANI; YOSHITAKE, 1998). A origem do sinal eletromiográfico é o potencial de ação, que é disparado por cada unidade motora ativada durante a contração muscular. É a soma da atividade de todas as unidades motoras que constitui o sinal eletromiográfico (CAMARGOS, 2006), que poderá ser captado por eletrodos superficiais colocados na pele (CARVALHO et al., 2001). É uma técnica segura, sensível e não invasiva (BASSANI et al., 2008) que tem como objetivo avaliar a atividade muscular durante determinado movimento, a sincronização dos músculos ativados, a intensidade e duração da contração muscular e a atividade de sinergistas e/ou antagonistas (PRUDENTE, 2007). Após a coleta, o sinal necessita ser processado para ser interpretado. Eletrodos de superfície ativos, com pré-amplificação, possuem a vantagem de diminuir os artefatos do sinal eletromiográfico. Para eliminar ainda mais estes artefatos, um eletrodo de referência (terra) deve ser utilizado em alguma superfície óssea. Um bom ponto de referência é o epicôndilo lateral do úmero. Em geral, os dados brutos passam por um processo de retificação, filtragem, e quantificação (CAMARGOS, 2006). A retificação é o processo em que os dados são transformados em números positivos, enquanto que a filtragem determina os pontos de corte alto e baixo para a frequência do sinal. Já a quantificação eletromiográfica descreve a quantidade de energia muscular gasta para a 35 realização de uma ação como um movimento de inspiração ou expiração (PRUDENTE, 2007). Após o processamento, para que haja validade dos dados registrados, os sinais eletromiográficos devem ser normalizados segundo um valor de referência para permitir a comparação entre músculos de diferentes lados, sujeitos, dias, características fisiológicas e fisiopatológicas e também para que possamos utilizar os sinais eletromiográficos para comparação entre determinados tipos de estudos. Além disso, o tamanho e o tipo do eletrodo, a preparação do local dos registros, a distância entre os eletrodos e a localização padronizada dos mesmos são fatores que podem ser controlados para aumentar a confiabilidade das medidas obtidas por meio da EMG de superfície (PRUDENTE, 2007). Dentre os parâmetros eletromiográficos, a raiz quadrada do valor médio quadrático (RMS – do inglês Root Mean Square) e frequência média do espectro (FMED) são comumente usadas na avaliação do sinal de EMG. São utilizados para inferir sobre os comandos fisiológicos do SNC ao músculo e sobre a relação entre o nível de ativação muscular e o desenvolvimento de fadiga (BURRIDGE, 2005; HU et al., 2009). A contração muscular respiratória depende da ativação elétrica dos músculos influenciados tanto por aferências involuntárias quanto voluntárias, os potenciais são originados nos neurônios do tronco cerebral, carregados por neurônios motores e transmitidos às junções neuromusculares e propagados pelas membranas musculares. Falha em qualquer desses mecanismos pode resultar em incoordenação e fraqueza muscular reversível ou não. O objetivo dos testes eletrofisiológicos é avaliar a integridade do aparato neuromotor de qualquer sistema orgânico, inclusive do sistema respiratório (ALDRICH et al., 2002). A eletromiografia pode ser utilizada para avaliar simultaneamente a atividade de diferentes músculos respiratórios durante repouso e contra cargas resistivas, sendo útil para verificar o impacto de diferentes programas de intervenção terapêutica com intuito de fortalecimento muscular (DUIVERMAN et al., 2004). Dentre os estudos para avaliação da atividade de músculos respiratórios, destacam-se o de Nobre et al. (2007) e Amorim et al. (2006) em sujeitos com DPOC, e os trabalhos de Chokroverty et al. (1995) em pacientes com doenças neuromusculares, como síndrome de Guillain-Barré e amiotrofia neuropática. 36 5 METODOLOGIA 5.1 Aspectos Éticos Todos os sujeitos inseridos na amostra participaram de forma voluntária e foram orientados sobre o experimento, seus objetivos, procedimentos e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A), de acordo com os critérios estabelecidos pela resolução nº.196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (ANEXO) da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Estado do Piauí – Faculdade NOVAFAPI, no dia 21 de agosto de 2010, com número de processo 0285.0.043.000-10 do CAAE – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética. 5.2 Caracterização da Pesquisa O estudo se caracteriza por ser do tipo transversal e analítico. Foi realizado com as variáveis numéricas o teste de Shapiro-Wilk para observar se as mesmas tinham distribuição normal. O nível de significância adotado para determinar a normalidade foi de 0,05. Entre os dados de distribuição normal, foi utilizado o teste r de Pearson, teste paramétrico de correlação linear onde os valores das variáveis são mensurados a nível intervalar ou de razões. Essa análise por correlação proporciona um meio de se verificar o grau de associação entre duas ou mais variáveis. Para demonstrar a magnitude e o grau de relacionamento entre as variáveis e para avaliar a diferença significativa entre as médias de duas condições o teste t de student. Na análise bivariada dos dados de distribuição não-normais foram utilizados testes não-paramétricos. Neste caso os testes estatísticos mais apropriados foram o teste de MannWhitney e o p de Spearman. 37 5.3 Seleção dos Participantes da Pesquisa – Amostragem A seleção dos participantes da pesquisa foi aleatória simples. Para seleção do grupo não DPOC – funcionários da Faculdade NOVAFAPI com idade entre 40 (quarenta) e 60 (sessenta) anos foi solicitado junto ao setor de TI – Tecnologia da Informação, uma lista com todos os funcionários dentro da faixa etária supracitada. Posteriormente fez-se a seleção utilizando a ferramenta do Excel – Sistema de Sorteio em Excel versão 2010.11, sendo selecionados aleatoriamente 60 sujeitos dentre os 226 funcionários passíveis de serem selecionados. Com a amostra selecionada, apenas os 30 primeiros selecionados foram convidados a participar da pesquisa e, caso não aceitassem ou entrassem nos critérios de exclusão para o grupo, selecionávamos os indivíduos por ordem de surgimento no sorteio. Após a exclusão de 09 (nove) sujeitos, por relatarem no preenchimento da ficha de coleta de dados que foram ou são tabagistas ativos (APÊNDICE B), o grupo estudado na pesquisa contou com 21 sujeitos. Para seleção do grupo DPOC – sujeitos com diagnóstico de DPOC, foi utilizado a mesma ferramenta de sorteio do Excel – versão 2010.11, para composição da amostra, sendo a mesma utilizada em todos os pacientes do Hospital Getúlio Vargas – HGV, em Teresina, Piauí, com diagnóstico confirmado de DPOC que foram atendidos no ambulatório do HGV ou na Clínica Pneumológica deste Hospital entre 01 de janeiro de 2010 e maio de 2011. 5.4 Caracterização dos Sujeitos Para a realização do estudo foram selecionados 60 (sessenta) sujeitos os quais inicialmente assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A) para que, em conformidade com tal termo, pudessem efetivamente participar da pesquisa. O recrutamento dos participantes da pesquisa foi feito por convite pessoal. Os sujeitos foram divididos em dois grupos de 30 (trinta) sujeitos, sendo que, para serem incluídos no grupo não DPOC (sujeitos sem diagnóstico de DPOC) todos os sujeitos da pesquisa deveriam ser funcionários da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI, além de serem sujeitos saudáveis, sem história de doenças respiratórias, cardíacas ou apresentarem sintomas cardiovasculares e respiratórios nos últimos 38 trinta (30) dias; não apresentar instabilidade hemodinâmica, não ser fumante ou ex-fumante e ter idade entre 40 e 60 anos. O grupo DPOC (sujeitos com diagnóstico de DPOC) foi formado por sujeitos com diagnóstico confirmado de DPOC, com base nos dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e do Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease – GOLD para diagnóstico da DPOC, com faixa etária entre 20 e 74 anos e que não apresentavam outras co-morbidades não relacionadas à DPOC, além de terem sido pacientes no ambulatório ou na Clínica de Pneumologia do Hospital Getúlio Vargas em Teresina, Piauí entre 01 de janeiro de 2010 e maio de 2011. 5.5 Local e data da realização da Pesquisa O estudo foi realizado no Laboratório de Eletromiografia e Eletrodiagnóstico da Clínica escola de Fisioterapia do Centro Integrado de Saúde (CIS) da Faculdade NOVAFAPI, localizada à Rua Vitorino Orthiges Fernandes, nº 6123, Bairro do Uruguai, na cidade de Teresina, Estado do Piauí, entre os meses de janeiro e maio de 2011. 5.6 Responsáveis pela coleta dos dados Os procedimentos de coleta dos dados foram precedidos de um teste de confiabilidade inter e intra-examinadores realizados no Laboratório de Eletromiografia e Eletrodiagnóstico da clínica escola de Fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI durante três dias consecutivos que precederam o início da coleta de dados para o trabalho. 5.7 Instrumentos de Avaliação Todos os equipamentos utilizados na pesquisa como o manovacuômetro, o eletromiógrafo e a balança antropométrica, estavam devidamente calibrados. 39 5.7.1 Manovacuômetro A avaliação das pressões inspiratórias e expiratórias máximas foi realizada de acordo com o método proposto por Caruso e colaboradores, 2005. As medidas foram realizadas por meio de um manovacuômetro analógico (Gerar®, 0 a –300 cmH2O) adaptado a uma válvula, associado a um tubo intermediário entre o bocal e o aparelho de 10 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro interno com um orifício de 2 mm (Figura 1). Figura 1: Manovacuômetro. Fonte: Arquivo pessoal. 5.7.2 Eletromiógrafo Para a coleta do sinal eletromiográfico foi utilizado o eletromiógrafo (Figura 2), com as seguintes especificações técnicas: - Marca EMG System do Brasil LTDA; - Modelo EMG 410C; - 06 canais - Placa de conversão Analógico / Digital de 16 bits de resolução; - Amplificador: ganho de 2000 vezes; 40 - Filtro passa-banda de 20 a 500 Hz; - Eletrodos: Marca SKINTACT com diâmetro de 41x36mm de espuma. Auto-adesivo, Referência: F-RG1. - Software de coleta e análise de sinais, plataforma Windows. - Computador - Nobreak Figura 2: Eletromiógrafo. Fonte: arquivo pessoal 5.7.3 Balança Antropométrica Para mensuração da massa corporal e da estatura dos participantes da pesquisa utilizamos uma balança antropométrica devidamente calibrada, com manutenção periódica para uma maior confiabilidade dos dados, sendo da marca Cauduro Ltda ® modelo BB, número de série 312 8, ano de fabricação 2002, com carga máxima de 150 Kg e carga mínima de 2,5 Kg, e=d=100 gramas (Figura 3). 41 Figura 3: Balança Antropométrica. Fonte: Arquivo pessoal 5.7.4 Demais Materiais Utilizados Foi utilizado álcool a 70% e algodão para a assepsia do bocal do manovacuômetro após o mesmo já ter passado pela assepsia feita na sala de esterilização com gluteraldeído, bem como para fazer a limpeza da pele nos locais de fixação dos eletrodos – região cervical, região abdominal e de cotovelo, todos do lado esquerdo. Utilizamos lâminas descartáveis da marca Probak II ® para a tricotomia das áreas de fixação dos eletrodos; lixa d'água para remoção de células mortas, fita métrica para demarcação precisa do local de fixação dos eletrodos e clipe nasal para evitar a fuga aérea pelo nariz durante as manobras respiratórias. 5.8 Protocolo de Pesquisa Os participantes foram submetidos a uma avaliação inicial composta de identificação com nome, sexo, idade, além de responderem um questionário sintomatológico, (APÊNDICE B) para que pudessem ser enquadrados no grupo não DPOC – sujeitos saudáveis ou no grupo DPOC – sujeitos com diagnóstico de DPOC ou fossem excluídos da pesquisa. Posteriormente 42 coletamos os dados antropométricos - massa corpórea e estatura em balança antropométrica, mensurando posteriormente o índice de massa corpórea (IMC). Tais dados foram coletados por serem determinantes dos valores de PImáx e PEmáx. Na sequência foi realizada uma assepsia dos locais de fixação dos eletrodos – região cervical, região abdominal e de cotovelo, todos no dimídio esquerdo. A definição do dimídio esquerdo do voluntário para a fixação dos eletrodos para captação do sinal eletromiográfico foi feita devido a um prévio estudo piloto realizado em janeiro de 2011 com os mesmos instrumentos de coleta e no mesmo local da pesquisa, o qual demonstrou que nesse lado consegue-se maior sinal eletromiográfico. Trabalhos anteriores também sugerem a colocação dos eletrodos para captação do sinal eletromiográfico de músculo escaleno e músculo reto abdominal em dimídio esquerdo (PEREIRA, 2009). Após a assepsia dos locais supracitados foi feita uma tricotomia com lâminas de barbeadores descartáveis da marca Probak II ® nos sujeitos que apresentavam pêlos nos locais de fixação dos eletrodos. Novamente limpava-se a região com álcool e algodão para depois removermos as células mortas com a fricção rítmica e suave no local de forma sempre descendente com lixa d´água e, finalmente, nova assepsia. Em seguida fixávamos os eletrodos no músculo escaleno, depois no músculo reto abdominal e, por fim, no membro superior esquerdo. Os critérios de colocação dos eletrodos seguiram o protocolo SENIAM (Surface Electromyography for the Non-invasive Assessment of Muscle), partindo-se de referências anatômicas com a mesma medida para cada voluntário e posicionando os eletrodos paralelos às fibras musculares. Para o músculo escaleno um dos eletrodos foi acoplado logo acima do 1/3 proximal da clavícula e o outro 3 cm acima. No músculo reto abdominal os eletrodos foram posicionados no ventre muscular há aproximadamente 3 cm ao lado esquerdo da cicatriz umbilical e 3 cm acima deste eletrodo. O eletrodo de referência foi acoplado no epicôndilo lateral do úmero esquerdo. Depois da fixação dos eletrodos, acoplavam-se os canais do eletromiógrafo aos referidos eletrodos. Protocolamos o canal 03 do eletromiógrafo para captação do sinal elétrico do músculo escaleno e o canal 04 para captação do sinal elétrico do músculo reto abdominal. Os sujeitos ficavam em posição ortostática ao lado do eletromiógrafo para a realização dos testes manovacuométricos. A escolha da posição ortostática em detrimento da posição sentada deve-se pelo fato de melhor captação de sinal do músculo reto abdominal quando o indivíduo se encontra em pé, além de não afetar a coleta do sinal eletromiográfico do músculo escaleno que, tanto em posição sentada como ortostática, se manteve parecido, dado analisado no piloto realizado em janeiro com o mesmo equipamento e no mesmo local da coleta. 43 Embora o laboratório estivesse condicionado a uma temperatura de 20 graus Celsius, desligava-se o ar condicionado, bem como o nobreak da fonte elétrica, no momento da coleta, com intuito de reduzir ao máximo as interferências de sinais elétricos por ventura captados pelo eletromiógrafo e que não fossem da atividade muscular dos músculos escaleno ou reto abdominal. Em seguida os sujeitos recebiam o treinamento para a realização das manobras de manovacuometria para mensuração da PImáx e da PEmáx. Antes da realização das medidas verificava se o aparelho estava devidamente calibrado por meio da observação do manômetro, que deveria estar com o ponteiro exatamente sobre o número zero. Após este procedimento, o manovacuômetro esterilizado era conectado à cavidade oral do indivíduo por um conector tipo bocal, com o aparelho voltado para o voluntário para que o mesmo visualizasse o deslocamento da agulha durante o esforço, na ideia de dar mais um feedback visual, além dos estímulos verbais dados pelo pesquisador durante a coleta. Acoplava-se em seguida o clipe nasal para evitar fuga aérea pelo nariz durante o teste. 5.9 Aquisição dos valores manovacuométricos Inicialmente foram avaliadas a força da musculatura inspiratória por meio da pressão inspiratória máxima (PImáx) com um mínimo de três testes (medidas) e intervalo de 1 (um) minuto entre eles. Nesse momento, apenas o canal 03 do eletromiógrafo estava em funcionamento. As pressões inspiratórias foram medidas a partir do volume residual (VR) solicitando ao participante da pesquisa que expirasse todo o ar que o mesmo tinha nos pulmões para posterior inspiração com força máxima contra a via aérea ocluída, pelo examinador, no bocal que se encontrava acoplado ao manovacuômetro. A posição alcançada ao fim do esforço inspiratório máximo deveria ser mantida durante um breve momento (no mínimo 02 segundos). Desprezamos as pressões observadas durante o primeiro segundo, visto que elas podem traduzir apenas as variações pressóricas fugazes que ocorrem no início da manobra. Quando o sujeito realizava o teste de maneira incorreta, explicava-se novamente o procedimento com tempo suficiente para que o mesmo se sentisse disposto à nova realização, visto que o procedimento é cansativo. Finalizado as coletas de PImáx, mudava-se no eletromiógrafo o canal de funcionamento, desligando o canal 03 e acionando o canal 04 para avaliar as respostas do músculo reto abdominal durante a manobra da PEmáx. 44 Para análise da PEmáx o participante era instruído a realizar uma inspiração máxima para alcançar a Capacidade Pulmonar Total (CPT) para posteriormente realizar a expiração forçada contra a via aérea ocluída, pelo examinador, no bocal do manovacuômetro. A pressão expiratória máxima alcançada deveria ser mantida por, no mínimo, dois segundos, sendo que períodos mais longos foram evitados, pois a elevada pressão intratorácica poderia reduzir o débito cardíaco e causar síncope. Também realizamos um mínimo de três medidas com intervalo de 01 minuto entre elas para que o voluntário pudesse descansar entre as medidas não interferindo nos resultados por fadiga provocada pelo exame. As mensurações das pressões respiratórias seguiram alguns critérios para que pudessem ser validadas: número máximo de nove manobras executadas para a PImáx e nove manobras para a PEmáx por voluntário; só utilizamos as três manobras aceitáveis, ou seja, que não tiveram vazamentos de ar e com duração no pico de pressão de pelo menos dois segundos; se o voluntário conseguisse realizar as três manobras iniciais de PImáx e as três manobras iniciais de PEmáx de forma reprodutível, encerrávamos a coleta com o pesquisado; caso o voluntário não conseguisse reproduzir os testes, o mesmo era ensinado novamente pela equipe de coleta dos dados sendo que, se o mesmo não conseguisse ter três coletas de PImáx e três de PEmáx reprodutíveis em nove mensurações para cada variável, era excluído da pesquisa. 5.10 Aquisição dos sinais eletromiográficos Para aquisição dos sinais de elétricos gerados pelos músculos em contração através da eletromiografia (EMG) foram observadas rigorosamente todas as normas pertinentes ao registro adequado de sinais EMG recomendados pela Sociedade Internacional de Eletrofisiologia e Cinesiologia (ISEK). Inicialmente coletamos os dados do músculo escaleno durante as manobras de PImáx por manovacuometria e, posteriormente os dados coletados foram as respostas eletromiográficas do músculo reto abdominal durante a manobra de PEmáx pela manovacuometria. O registro da EMG superficial foi captado com uma frequência de amostragem de 2000 Hz e ganho de 2000 vezes, gravando-se 10 segundos do sinal, obtido durante as manobras de PImáx e PEmáx para análise do músculo escaleno e do músculo reto abdominal, respectivamente. Com tipo de coleta simples, com duração de 10 segundos e janela de visualização também de 10 segundos com identificador no módulo 02. Foram tomadas as 45 precauções necessárias para que não se utilizassem filtros para obtermos um melhor sinal. Para isso, utilizamos um nobreak, o qual era removido da rede elétrica durante a coleta dos dados eletromiográficos; embora o ambiente estivesse condicionado a 20 graus Celsius, durante a coleta, o ar condicionado era desligado; todos os materiais de uso pessoal como pulseiras, anéis, brincos, relógios, celulares, notebooks, cintos, cordões, dentre outros, eram removidos do voluntário e dos pesquisadores, para evitar qualquer interferência do sinal. Todos os instrumentos e aparelhos que pudessem promover interferências durante a captação do sinal eletromiográfico foram removidos do local durante a pesquisa. 5.11 Análise dos dados eletromiográficos O sinal EMG foi processado nos domínios do tempo e da frequência. Para a análise no domínio do tempo, foi calculado o valor root mean square (RMS) em janelas fixas de um segundo (1.000 pontos). Para a análise no domínio da frequência, foi calculada a mediana da frequência (MF) em janelas de um segundo (janelamento Hamming), a partir da transformada rápida de Fourier (FFT). O sinal EMG será normalizado em relação à maior frequência obtida durante o protocolo. Para processamento dos sinais captados pelo eletromiógrafo, foi utilizado o programa EMGworks 3.1. tendo como instrumento básico de avaliação o EMGworks Analysis. Os dados eram importados para o programa através da tecla tools, em padrão de texto sem formatação com a descrição do arquivo referente ao nome do paciente e valores de PImáx ou PEmáx. Em seguida, plotava-se o canal 02 (padrão) para visualização do sinal eletromiográfico, onde se fazia a seleção no domínio do tempo, do período que houve atividade elétrica do músculo estudado. A partir desse ponto, calculava-se o RMS médio, valor dado pelo programa referente ao período de atividade muscular durante a prova de PImáx ou PEmáx no intervalo selecionado pelo pesquisador. Em seguida, calculava-se o RMS pico, sendo que, para isso, selecionava dos três valores de PImáx e PEmáx, o de maior valor para calcular o RMS pico, maior valor de RMS, dado uniforme temporalmente com o maior valor de pressão inspiratória ou expiratória visualizado por um dos pesquisadores através do ponto máximo alcançado pela agulha do manovacuômetro e sustentado por um período igual ou superior a dois segundos. 46 5.12 Análise Estatística Os dados foram digitados e tabulados no programa Excel 2010 e analisados com a utilização do aplicativo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0. Foi realizado com as variáveis numéricas o teste de Shapiro-Wilk para observar se as mesmas tinham distribuição normal. As variáveis de distribuição normal foram o IMC e a PEmáx de maior valor. O nível de significância adotado para determinar a normalidade foi de 0,05. Entre os dados de distribuição normal, foi utilizado o teste r de Pearson para mostrar a magnitude e o grau de relacionamento entre as variáveis e para avaliar a diferença significativa entre as médias de duas condições o teste t de student. Na análise bivariada dos dados de distribuição não-normais foram utilizados testes nãoparamétricos. Neste caso os testes estatísticos mais apropriados foram o teste de MannWhitney e o p de Spearman. O intervalo de confiança adotado para o estudo foi de 95% e a hipótese de nulidade foi aceita sempre que o valor de p fosse superior a 0,05. 47 6 RESULTADOS Participaram do referido estudo trinta e cinco (35) sujeitos, sendo 26 (74, 3%) do sexo feminino e 09 (25,7%) do sexo masculino. Os mesmos foram divididos em dois grupos, sendo 21 sujeitos saudáveis, ou seja, sem diagnóstico de DPOC ou quaisquer outras disfunções cardíacas e respiratórias. Esses sujeitos se agruparam no conjunto caracterizado como grupo não DPOC com 18 (85,7%) do sexo feminino e 03 (14,3%) do sexo masculino. No grupo caracterizado como DPOC, composto por sujeitos com diagnóstico confirmado da doença, continha 14 sujeitos com 08 (57,1%) do sexo feminino e 06 (42,9%) do sexo masculino. A distribuição por gênero nos grupos encontra-se na (Tabela 3) disponibilizada abaixo. Tabela 3: Distribuição dos grupos por gênero. Grupo DPOC não DPOC Total n (%) n (%) n (%) Feminino 08(57,1) 18(85,7) 26(74,3) Masculino 06(42,9) 03(14,3) 09(25,7) Total 14(100,0) 21(100,0) Gênero 35(100,0) A (Tabela 4) apresenta as medidas de tendência central das principais variáveis do estudo como os dados antropométricos, os valores de pressões respiratórias máximas e os valores de RMS pico, mensurados pela eletromiografia de superfície dos músculos escaleno e reto abdominal. 48 Tabela 4: Medidas de tendência central das variáveis do estudo. Grupo DPOC não DPOC (±) (±) Idade 52,2(14,4) 47,1(5,7) Massa Corpórea 67,8(19,2) 65,7(12,8) Estatura 1,58(0,1) 1,59(0,06) IMC 26,6(5,2) 25,7(4,2) PImáx -96,4(38,7) -172,8(66,5) PEmáx 112,8(36,4) 123,3(28,5) RMS pico escaleno 0,23(0,1) 0,23(0,1) RMS pico reto abdominal 0,02(0,01) 0,06(0,1) A (Tabela 5) que traz as associações ou correlações entre os valores das pressões respiratórias máximas (PImáx e PEmáx) por manovacuometria e os valores de RMS pico por eletromiografia de superfície dos músculos escaleno e reto abdominal evidencia uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos não DPOC e DPOC quando a variável estudada é a PImáx. As demais variáveis não apresentam níveis significativos de diferença. Tabela 5: Relação entre os grupos não DPOC e DPOC das variáveis: pressões inspiratórias e expiratórias máximas por manovacuometria e RMS pico de escaleno e reto abdominal por eletromiografia. PI máx Grupo não DPOC DPOC p valor PE máx <0,01* -150 -95 123,3 112,8 RMS p valor pico Escaleno p valor 0,37** 0,82* 0,24 0,17 RMS pico Reto Abdominal p valor 0,11* 0,03 0,02 Nota: O valor destacado em negrito é a mediana que teve diferença estatisticamente significativa. *p valor encontrado do teste de Mann-Whitney; ** p valor encontrado do teste t de student, adotando-se p<0,05 para rejeição da hipótese nula. 49 A (Tabela 6) apresentada a seguir demonstra que houve uma correlação moderada (r=0,48) entre os valores de RMS de músculo escaleno com a PImáx para o grupo DPOC, bem como uma correlação moderada (r=0,42) entre os valores de RMS de músculo reto abdominal com a PEmáx para o grupo não DPOC com valores de p < 0,05. Tabela 6. Correlação entre as pressões respiratórias máximas por manovacuometria e os valores de RMS por eletromiografia nos grupos de DPOC e não DPOC não DPOC DPOC Variáveis Coeficiente de correlação PImáx e RMS pico de escaleno Coeficiente p valor de p valor correlação 0,48 0,04 0,14 0,27 0,30 0,14 0,42 0,03 PEmáx e RMS pico de Reto abdominal Nota: p valor encontrado do teste p de Spearman. Significância estatística p valor <0,05 A (Tabela 7) nos mostra que não existe correlação entre as variáveis idade e pressões respiratórias máximas (PImáx e PEmáx) nos grupos estudados. Tabela 7: Correlação entre as pressões respiratórias máximas por manovacuometria e a idade nos grupos DPOC e não DPOC. DPOC não DPOC Variáveis Coeficiente de correlação p valor Coeficiente de correlação p valor PImáx e Idade 0,08 0,38 0,22 0,17 PEmáx e Idade 0,12 0,35 0,10 0,32 Nota: p valor encontrado do teste p de Spearman. Significância estatística p valor <0,05. 50 A (Tabela 8) descrita abaixo nos mostra uma forte correlação entre os valores de PEmáx e Índice de Massa Corpórea (r=0,7) no grupo DPOC assim como uma correlação moderada (0,4) entre as mesmas variáveis no grupo não DPOC com valores de p<0,05. Tabela 8: Correlação entre as pressões respiratórias máximas por manovacuometria e o índice de massa corpórea nos grupos DPOC e não DPOC. DPOC Variáveis Coeficiente de correlação PImáx e IMC 0,26 PEmáx e IMC 0,7 não DPOC p valor 0,18* <0,01** Coeficiente de correlação p valor 0,02 0,46 0,4 0,04 Nota: *p valor encontrado do teste p de Spearman. **p valor encontrado r de Pearson Significância estatística p valor <0,05. É importante relatar que essa pesquisa apresentou 04 valores atípicos, chamados de outliers na variável idade, todos pertencentes ao grupo DPOC. Tal fato explica o grande desvio padrão dessa amostra nessa variável estudada. Entende-se por outliers como uma observação que é numericamente distante dos dados de uma amostra, sendo também caracterizada como um caso isolado. Na amostra total de 35 sujeitos o estudo também evidenciou 03 valores atípicos (outliers) na variável RMS pico de músculo reto abdominal, 01 valor atípico na variável RMS pico de músculo escaleno e 01 valor atípico na PImáx. 51 7 DISCUSSÃO A força desenvolvida por um músculo respiratório e, consequentemente, sua capacidade de gerar pressão, depende de seu comprimento de repouso antes da contração – relação comprimento/tensão, de sua contratilidade intrínseca – relação força/velocidade, do adequado acoplamento com a caixa torácica e sua vantagem mecânica. Para as medidas das pressões respiratórias máximas, acrescentam-se a esses fatores a integridade da caixa torácica, o volume pulmonar, o controle ventilatório e a massa muscular, esta por sua vez relacionada à idade e o sexo. Então, foi considerado para os músculos que atuam no sistema respiratório, o volume pulmonar como índice de comprimento desses músculos e a pressão mensurada na cavidade oral como a tensão que os mesmos são capazes de gerar (MACHADO, 2008). Como índice de força dos músculos respiratórios foi considerada a maior pressão capaz de ser gerada por um indivíduo durante esforços de inspiração ou expiração (pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima, respectivamente), contra uma via aérea completamente ocluída. Embora a mensuração da PImáx seja mais significativa e importante na prática clínica atual do que a PEmáx, por avaliar a capacidade ventilatória, ela também determina o volume corrente, e é considerado um importante instrumento de avaliação para o diagnóstico da insuficiência respiratória. A mensuração da PEmáx também tem significância por detectar possíveis desordens neuromusculares e, além disso, se os valores estiverem diminuídos, pode ocorrer um aumento do volume residual e uma redução do pico de fluxo expiratório, fatores que podem ser interpretados erroneamente como obstrução de vias aéreas. A análise da PEmáx é fundamental para avaliarmos a eficiência da tosse e, consequentemente a capacidade de eliminar secreções do trato respiratório, uma condição importante para o paciente com DPOC, visto que o mesmo é hiperssecretivo (WIJKSTRA, 1995). Infelizmente, até o momento, não existe uma padronização da avaliação das pressões inspiratórias e expiratórias máximas considerando diversos trabalhos publicados. Tal fato dificulta a comparação entre os estudos (MONTEIRO, 2003). A força desenvolvida por um músculo varia em função do comprimento da fibra muscular. Quanto mais alongada estiver a fibra muscular, maior será sua capacidade de gerar pressão. A força necessária é então desenvolvida quando o músculo está na sua posição de repouso, ou seja, quando não há estiramento ativo. Esta força pode ser ainda maior quando o músculo for alongado acima de seu comprimento de repouso. O comprimento dos músculos 52 respiratórios e consequentemente sua força de contração variam com o volume pulmonar. Sendo assim, a força contrátil será máxima para os músculos expiratórios quanto atingir o volume da CPT, enquanto que para os músculos inspiratórios ela será máxima a partir do VR. Por esse motivo, em nossa metodologia foram utilizados os volumes pulmonares de VR e CPT para avaliar a PImáx e PEmáx, respectivamente, tanto no grupo não DPOC como no grupo DPOC. No entanto, é importante ressaltar que, a partir destes volumes pulmonares existem outras variáveis que interferem nas medidas das pressões respiratórias máximas como o recuo elástico do pulmão e da caixa torácica que superestimam os valores de PEmáx e PImáx, respectivamente. Esse fato faz com que alguns autores verifiquem as pressões respiratórias no volume de Capacidade Residual Funcional, considerado o ponto de equilíbrio entre as propriedades elásticas da caixa torácica e do parênquima pulmonar (MACHADO, 2008; SOUZA, 2002). Alguns autores recomendam a posição sentada para as medidas de PImáx e PEmáx, apesar de muitos pacientes serem avaliados em posição supina (decúbito dorsal), como os pacientes em pós-operatório de cirurgia torácica e abdominal. Koulouris et al. (1988) examinaram o efeito da postura na geração das pressões respiratórias nas posições sentada, semi-supina e supina, e concluíram que a postura em decúbito supino reduz significativamente as pressões respiratórias mensuradas na cavidade oral em relação à posição sentada. Estes autores atribuíram esse fato ao melhor recrutamento, ativação e coordenação de diferentes grupos musculares na posição sentada, sendo submáximas na posição de supino. Neste estudo, utilizamos a posição ortostática por não haver diferença significativa entre essa postura e a posição sentada nos valores de pressões respiratórias máximas. No entanto, os sinais eletromiográficos eram prejudicados em sua captação na posição sentada quando se avaliava as respostas elétricas do músculo reto abdominal durante as medidas de PEmáx no teste manovacuométrico, conforme piloto do estudo realizado previamente à coleta dos dados da pesquisa. Acreditamos que, na posição sentada devido o aumento da protuberância abdominal, haja uma desvantagem mecânica para as ações contráteis do músculo reto abdominal além de uma distribuição não homogênea dos eletrodos prejudicando a captação do sinal eletromiográfico, pois na maioria das vezes, quando o sujeito ficava sentado, perdiase a sincronia de localização do eletrodo, saindo do mesmo plano de posicionamento. Por esse motivo, utilizamos a posição ortostática para avaliar as pressões respiratórias e o sinal eletromiográfico dos músculos respiratórios nas manobras manovacuométricas. Vários autores mediram as pressões respiratórias máximas em pessoas saudáveis pertencentes a diferentes faixas etárias e publicaram seus achados sob forma de tabelas ou 53 equações de regressão para o cálculo dos valores de referência. Existe, entretanto, grande discrepância entre essas tabelas e equações. Tal fato pode ser atribuído aos distintos procedimentos utilizados para seleção das amostras, ao pequeno tamanho de algumas amostras e às diferenças técnicas e de equipamentos (NEDER et al., 1999). A maioria dos autores relaciona as pressões respiratórias máximas com o sexo e a idade. Pelo fato do nosso trabalho ter diferenças de idade entre os grupos estudados, sendo o grupo DPOC, o grupo com idade média mais alta, a mesma pode ser considerada um fator decisivo para os valores médios de PImáx serem menores nessa população, já que, segundo Neder et al. (1999), quanto maior a idade, menor os valores preditos de PImáx e PEmáx. No entanto, vale ressaltar que a média de idade no grupo DPOC foi de 52,2 anos com desvio padrão de 14,4 e no grupo não DPOC a média foi de 47,1 com desvio padrão de 5,7 e que de acordo com o teste p de Spearman para analisar as correlações entre as variáveis pressões respiratórias máximas com a idade, o mesmo não mostrou correlação positiva. É possível que este fato possa ser explicado pelo tamanho da amostra. Os valores de referência mais frequentemente citados na literatura para a PImáx e PEmáx são os de Black e Hyatt (1969). Esses autores estudaram 120 adultos saudáveis com homens e mulheres entre 20 e 86 anos de idade. Excluíram toda e qualquer forma de doença respiratória e disfunções neuromusculares ou anormalidades torácicas avaliadas através do exame físico. Através deste estudo não foi observado regressão da PImáx nem da PEmáx em pacientes com idade inferior a 55 anos. Por outro lado, a PEmáx no grupo masculino e a PImáx no grupo feminino diminuíram com a idade. A DPOC é uma síndrome obstrutiva que leva à hiperinsuflação pulmonar. Esse aumento de volume pulmonar desloca o diafragma caudalmente, reduzindo seu comprimento de repouso e consequentemente sua capacidade de gerar pressão. Além disso, a hiperinsuflação pulmonar acarreta encurtamento de todos os músculos respiratórios, inclusive o escaleno. Essas alterações biomecânicas da caixa torácica que comprometem a relação comprimento/tensão do músculo por aumento do volume pulmonar provavelmente são responsáveis pela média de PImáx inferior no grupo DPOC quando comparado com o grupo não DPOC em nossa pesquisa. Pacientes com DPOC classificados como moderado a grave mostram uma força da musculatura inspiratória (PImáx) menor que os sujeitos sem alterações respiratórias, entretanto sem diferenças significativas, assim como foi descrito por Laghi e Tobin (2003). Neste estudo, essa diferença foi significativa. Sabe-se que a hiperinsuflação, observada nos pacientes com DPOC, provoca uma desvantagem mecânica no desempenho da musculatura 54 respiratória, pois leva à retificação e encurtamento do diafragma, além de causar alterações celulares e moleculares que serão responsáveis por mudanças no comprimento de suas fibras, consequentemente reduzindo sua força de produção. Portanto, a caquexia pulmonar gerada pela fraqueza muscular, bem como pela perda da capacidade oxidativa dos músculos, é responsável pela menor capacidade energética e mais estresse oxidativo, o que pode cursar com perda de massa muscular podendo interferir nos resultados de RMS para os músculos respiratórios, inclusive o escaleno. Estudos de Nishimura et al. (1995) demonstraram que a funcionalidade, a massa muscular e a espessura do diafragma em pacientes estáveis com DPOC sem alteração de peso corporal, são similares quando comparados a sujeitos normais com o mesmo volume pulmonar. O mesmo estudo também encontrou que, a partir dos 40 anos, o indivíduo apresenta uma redução fisiológica da força e da resistência da musculatura respiratória, independentemente se o mesmo apresenta ou não doenças pulmonares. Conforme os dados obtidos na presente pesquisa, tanto a PImáx como a PEmáx do grupo DPOC foi menor quando comparado com o grupo não DPOC, no entanto, somente as diferenças da PImáx entre os grupos tiveram significância estatística. Segundo Yan, Kaminski e Sliwinski (1997), a hiperinsuflação dinâmica é a principal causa da limitação ao exercício nos portadores de DPOC, o que resulta em aumento do trabalho muscular inspiratório necessário para gerar uma pressão capaz de ultrapassar o limiar da intrinsic positive end-expiratory pressure (PEEPi, pressão expiratória final positiva intrínseca). De acordo com Hudson, Gandevia e Butler (2007), o aumento do trabalho ocorre pela maior ativação do músculo escaleno e pelo recrutamento dos músculos acessórios da respiração, como, por exemplo, o esternocleidomastoideo (ECM). Estes músculos são responsáveis pelo deslocamento cranial do esterno e da caixa torácica durante a inspiração; porém, suas ativações ocorrem em momentos distintos, sendo que o escaleno é ativado durante a fase inspiratória, até mesmo durante o repouso, fato este que, segundo Machado (2008), torna o escaleno um músculo inspiratório agonista primário e não mais um músculo acessório como se pensava anteriormente. A EMG tem sido utilizada para avaliação dos músculos respiratórios, pois o registro eletromiográfico segundo Sieck, Mazar e Belman (1985) é uma técnica confiável para ambas, tanto na quantificação global da atividade elétrica (RMS), bem como para análise da força muscular do espectro de potência para estes músculos. 55 Através da EMGs consegue-se uma avaliação do desempenho dos diferentes grupos musculares envolvidos no processo de respiração. Ratnovsky et al. (2003) avaliaram o desempenho de músculos inspiratórios (esternocleidomastóideo e intercostais externos) e expiratórios (reto abdominal e obliquo externo) durante diferentes manobras em sujeitos saudáveis, e puderam concluir que a EMGs pode ser utilizada para a avaliação da fadiga e da fraqueza muscular, follow-up de doenças ou no monitoramento da melhora da função muscular durante programas de tratamento como a reabilitação pulmonar com técnicas manuais e mecânicas que impõe resistência à entrada de ar com consequente fortalecimento dos músculos inspiratórios. Duiverman et al. (2004) avaliaram a reprodutibilidade e a sensibilidade da EMGs dos músculos respiratórios (diafragma, intercostal externo e esternocleidomastóideo) em pacientes com DPOC, em repouso e em diferentes cargas inspiratórias. Como os pacientes com DPOC possuem um desequilíbrio entre o aumento da carga imposta a estes músculos e o prejuízo em sua capacidade, estes autores puderam verificar que a EMGs é reproduzível e sensível para a pesquisa das mudanças na atividade muscular respiratória, bem como no padrão muscular respiratório de sujeitos saudáveis ou com DPOC tanto no repouso como durante a utilização de cargas inspiratórias impostas. Silva em estudo realizado no ano de 2007 utilizou a Eletromiografia de superfície para avaliar a fadiga de músculos respiratórios em determinadas situações clínicas. Outros autores como Hausswirth et al. (2000) e Sodeberg e Knutson (2000), mostraram que existe correlação entre fadiga muscular com diminuição dos valores da frequência mediana, bem como com um aumento no valor de RMS verificado por meio da amplitude do sinal eletromiográfico. Bijker, Groot e Hollander (2002) afirmaram que a eletromiografia é um dos poucos métodos de avaliação direta e não-invasiva da fadiga muscular utilizando para análise as alterações de amplitude e do espectro da atividade elétrica dos músculos superficiais, os quais se caracterizam por um aumento progressivo da amplitude do eletromiograma e diminuição das frequências do espectro. Pelo fato da eletromiografia avaliar a função muscular de forma específica e isolada para um determinado músculo e, diferentemente da manovacuometria, não necessitar da colaboração do paciente para realização do teste, o seu uso em Unidades de Terapia Intensiva traria grandes vantagens na determinação precoce e eficiente dos distúrbios da função muscular que prejudicam o adequado funcionamento do sistema respiratório. 56 Quando os resultados das correlações entre os valores de RMS pico do músculo escaleno e os valores de PImáx foram analisados, foi observado que houve uma correlação moderada entre essas variáveis no grupo de pacientes com DPOC, assim como também houve uma correlação moderada entre os valores de RMS pico de músculo reto abdominal com a PEmáx no grupo não DPOC utilizando nível de significância de 5%. Tais achados encontrados em nosso estudo são insuficientes para caracterizarmos a eletromiografia de superfície como método efetivo para avaliação da atividade muscular respiratória, seja em sujeitos saudáveis ou em pacientes portadores de DPOC, uma vez que a correlação é moderada e houve para a PImáx e o RMS pico apenas no grupo DPOC, bem como para a PEmáx e o RMS pico apenas no grupo não DPOC. Uma importante correlação entre as variáveis de distribuição normal (PEmáx e IMC) no grupo DPOC foi vista, ou seja, as variações de PEmáx são explicadas pelas variações do Índice de Massa Corpórea, de acordo com o teste de correlação r de Pearson. No grupo não DPOC também foi observada correlação entre as variáveis supracitadas, no entanto, esta correlação foi moderada. Embora a maioria dos estudos citados anteriormente mostre que as pressões respiratórias máximas têm correlação com o sexo e a idade, é provável que os índices antropométricos – massa corpórea e estatura, os quais determinam o IMC, possam ser caracterizados como fatores determinantes das pressões respiratórias máximas, principalmente da PEmáx. 57 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos resultados obtidos no presente estudo, em consonância com os métodos avaliativos empregados e com a metodologia estatística utilizada, foi demonstrado que houve correlação moderada entre os valores eletromiográficos de RMS pico de músculo escaleno com os valores manovacuométricos de PImáx em sujeitos com DPOC em estudo, assim como uma correlação moderada entre os valores de RMS pico de músculo reto abdominal com a PEmáx de sujeitos saudáveis. A eletromiografia de superfície embora seja um exame de grande utilização na prática clínica moderna para avaliação da função muscular, de acordo com nosso estudo, ainda não deve ser utilizada como método mais efetivo para avaliação da atividade muscular de músculos respiratórios, tanto em sujeitos saudáveis como em pacientes com DPOC. Tal afirmativa corrobora para que a manovacuometria continue sendo utilizada como principal instrumento para avaliação da força muscular respiratória, mesmo com suas limitações técnicas. 58 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, A. L., et al. Inspiratory fraction and exercise impairment in COPD patients GOLD stages II-III. Eur Respir J, v.28, n.5, p.939-44, 2006. ALDRICH, T. K. et al. Electrophysiologic Techniques for the assessment of respiratory muscle function. In: ATS/ERS Statement on respiratory muscle testing. Am J Respir Crit Care Med, v.166, p.518-624, 2002. 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Neurobiol., v.137, p.51-60, 2003. 64 APÊNDICE A – FICHA DE COLETA DE DADOS TÍTULO DA PESQUISA: “Análise comparativa da força gerada pelos músculos ventilatórios de sujeitos saudáveis e portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica por meio da manovacuometria e eletromiografia de superfície” INVESTIGADORES: Orientado: Mestrando Saulo Araújo de Carvalho Orientadora: Doutora Cláudia Barbosa Ladeira de Campos FICHA DE AVALIAÇÃO IDENTIFICAÇÃO NOME: IDADE (Anos): SEXO: MASSA CORPÓREA (Kg): ESTATURA (m): DIAGNÓSTICO CONFIRMADO DE DPOC: ( ) SIM ( ) NÃO QUESTIONÁRIO SINTOMATOLÓGICO: TABAGISTA ATIVO: ( ) SIM ( ) NÃO. SE SIM, HÁ QUANTO TEMPO: JÁ FUMOU ANTES: ( ) SIM ( ) NÃO. SE SIM, POR QUANTO TEMPO: APRESENTOU SINTOMAS RESPIRATÓRIOS OU CARDIOVASCULARES NOS ÚLTIMOS TRINTA DIAS: ( ) SIM ( ) NÃO SE A RESPOSTA FOR AFIRMATIVA, QUAIS: APRESENTA ALGUMA DOENÇA RESPIRATÓRIA: ( ) SIM ( ) NÃO SE A RESPOSTA FOR AFIRMATIVA, QUAL(IS): APRESENTA DOENÇA CARDÍACA OU INSTABILIDADE HEMODINÂMICA: ( ) SIM ( ) NÃO SE A RESPOSTA FOR AFIRMATIVA, QUAL(IS): MANOVACUOMETRIA PImáx (cmH2O): 1ª Medida: 2ª Medida: 3ª Medida: 65 PEmáx (cmH2O): 1ª Medida: 2ª Medida: 3ª Medida: ELETROMIOGRAFIA ESCALENO (RMS): 1ª Medida: 2ª Medida: 3ª Medida: 2ª Medida: 3ª Medida: RETO ABDOMINAL (RMS): 1ª Medida: 66 APÊNDICE B – DADOS ANTROPOMÉTRICOS DA PESQUISA IDENTIFICAÇÃO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 GRUPO NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC NÃO DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC DPOC IDADE GÊNERO (em anos) F F F F F F F F F F F F F F F F F F M M M M M M F F F M F F F F F M M 42 43 46 50 43 45 40 45 59 45 58 41 43 46 43 51 44 49 45 58 54 41 49 44 50 49 40 54 54 52 60 20 72 74 72 MASSA CORPÓREA (Kg) ESTATURA(m) IMC(Kg/m2) 48 75,5 75 61 73,5 61 78,5 70,5 78,5 65 53 49,5 60,5 73 43,5 57 91 51,5 69 60 86 92,5 82 83 62 60,5 54 108 49,5 63,5 56 36,5 51 72,5 79 LEGENDA: F: FEMININO. M: MASCULINO. IMC: ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA. 1,54 1,57 1,62 1,63 1,52 1,65 1,63 1,65 1,60 1,58 1,54 1,48 1,63 1,59 1,52 1,48 1,67 1,62 1,65 1,65 1,68 1,70 1,76 1,75 1,56 1,53 1,47 1,70 1,54 1,59 1,43 1,54 1,45 1,59 1,56 20,24 30,63 28,58 22,96 31,81 22,41 29,54 25,89 30,66 26,04 22,35 22,60 22,77 28,87 18,83 26,02 32,63 19,62 25,34 22,09 30,47 32,01 26,47 27,10 25,48 25,84 24,99 37,37 20,87 25,12 27,38 15,39 24,26 28,68 32,46 67 APÊNDICE C– DADOS DA PESQUISA DE PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS POR MANOVACUOMETRIA E RMS POR ELETROMIOGRAFIA IDENTIFICAÇÃO GRUPO PImáx (maior valor) PEmáx (maior valor) RMS pico escaleno RMS pico reto abdominal 01 NÃO DPOC -160 100 0,31 0,05 02 NÃO DPOC -120 110 0,30 0,02 03 NÃO DPOC -90 80 0,30 0,01 04 NÃO DPOC -110 130 0,26 0,04 05 NÃO DPOC -300 160 0,34 0,03 06 NÃO DPOC -140 110 0,15 0,05 07 NÃO DPOC -160 140 0,63 0,03 08 NÃO DPOC -260 160 0,25 0,01 09 NÃO DPOC -220 100 0,18 0,03 10 NÃO DPOC -100 100 0,06 0,03 11 NÃO DPOC -110 80 0,23 0,02 12 NÃO DPOC -220 140 0,16 0,05 13 NÃO DPOC -100 80 0,04 0,01 14 NÃO DPOC -260 160 0,13 0,03 15 NÃO DPOC -260 110 0,27 0,04 16 NÃO DPOC -120 130 0,24 0,02 17 NÃO DPOC -200 160 0,06 0,03 18 NÃO DPOC -270 100 0,19 0,01 19 NÃO DPOC -150 140 0,42 0,42 20 NÃO DPOC -140 160 0,10 0,29 21 22 NÃO DPOC DPOC -140 -110 140 140 0,30 0,34 0,05 0,02 23 DPOC -220 180 0,54 0,07 24 DPOC -120 150 0,12 0,02 25 DPOC -60 120 0,07 0,03 26 DPOC -50 80 0,09 0,01 27 DPOC -70 120 0,11 0,08 28 DPOC -100 160 0,24 0,03 29 DPOC -50 70 0,07 0,02 30 DPOC -90 100 0,18 0,02 31 DPOC -140 110 0,15 0,01 32 DPOC -80 50 0,28 0,04 33 DPOC -140 80 0,17 0,01 34 DPOC -100 120 0,38 0,02 35 DPOC -60 100 0,46 0,03 PImáx e PEmáx em cmH2O. RMS pico de Escaleno e Reto Abdominal em mV. 68 ANEXO: PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 69 Anexo B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA – UNIVAP INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO - IPD PROGRAMA DE MESTRADO EM BIOENGENHARIA CONSENTIMENTO FORMAL DE PARTICIPAÇÃO EM TRABALHO DE MESTRADO. Dados de identificação Título do Projeto: Análise comparativa da força gerada pelos músculos ventilatórios de sujeitos saudáveis e portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica por meio da manovacuometria e eletromiografia de superfície. Pesquisadores Responsáveis: Orientado: Mestrando Saulo Araújo de Carvalho Orientadora: Doutora Cláudia Barbosa Ladeira de Campos Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP Telefones para contato: (86) 8826-7417 - (86) 9990-8806 Nome do voluntário:____________________________________________________________ Idade: _____________ anos R.G. _______________________________ Responsável legal (quando for o caso): _____________________________________________ R.G. Responsável legal: _________________________________________________________ Endereço:_____________________________________________________________________ Cidade:____________________________Estado:_____CEP:__________Telefone:__________ O Sr. (ª) está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa “Análise comparativa da força gerada pelos músculos ventilatórios de sujeitos saudáveis e portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica por meio da manovacuometria e eletromiografia de superfície”, de responsabilidade da pesquisadora Cláudia Barbosa Ladeira de Campos. 70 Objetivo do estudo: Avaliar a força dos músculos que participam da respiração, tanto os músculos inspiratórios como os expiratórios, pela manovacuometria e eletromiografia de superfície em sujeitos saudáveis e pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e correlacionar esses dados para gerar informações sobre a melhor forma de avaliar a força dos músculos que participam da respiração, favorecendo assim, um diagnóstico mais preciso dos distúrbios respiratórios de origem muscular. Procedimentos Local de realização do procedimento O experimento será realizado na clínica-escola de fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI, no Centro Integrado de Saúde – CIS, sendo os dados coletados pelo orientado Saulo Araújo de Carvalho, fisioterapeuta, ou por discente do curso de fisioterapia da faculdade NOVAFAPI e da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, devidamente treinado e capacitado para coleta dos dados. Explicação dos procedimentos O experimento será dividido em duas etapas sendo a primeira realizada com o manovacuômetro e a segunda com o eletromiógrafo e o manovacuômetro conjuntamente. O voluntário será avaliado quanto à força gerada pelos músculos da respiração utilizando o manovacuômetro acoplado à cavidade oral sendo solicitado que realize as manobras de inspiração profunda e expiração profunda respectivamente para analisarmos a força dos músculos inspiratórios e expiratórios. Posteriormente o voluntário será submetido à análise da atividade elétrica dos músculos da respiração através de eletrodos fixados à pele do paciente na técnica de eletromiografia de superfície sem introdução de agulhas, nos músculos avaliados, os quais serão: o músculo escaleno e, posteriormente, o reto abdominal. Possíveis Benefícios Contribuição na análise do método mais sensível para diagnóstico de distúrbios musculares da musculatura envolvida na respiração, em sujeitos saudáveis e pacientes com DPOC. Das informações e riscos associados Os sujeitos não serão submetidos a riscos durante os procedimentos de manovacuometria e eletromiografia de superfície, sendo necessário apenas a realização de manobras respiratórias de inspiração e expiração forçada com o acoplamento do aparelho de manovacuometria na cavidade oral por intermédio de uma peça bucal esterilizada. Posteriormente serão colocados eletrodos percutâneos no músculo escaleno e no músculo reto abdominal para coleta do sinal eletromiográfico. Tais procedimentos não causam desconforto nem são dolorosos. O voluntário tem a garantia que receberá respostas a qualquer pergunta ou esclarecimento quanto aos procedimentos, riscos e benefícios da pesquisa. Em qualquer fase do estudo o voluntário pode retirar o termo de consentimento e com isso deixar de fazer parte do estudo, sem que isto leve a qualquer penalidade. 71 Os procedimentos desta pesquisa estão de acordo com as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos atendendo à Resolução número 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, Brasília-DF. Os pesquisadores asseguram a privacidade dos sujeitos quanto a sua identidade e dados apresentados no estudo. Os dados obtidos neste estudo serão divulgados exclusivamente para fins acadêmicos. Os pesquisadores asseguram o custo com o transporte necessário para a coleta dos dados da pesquisa, sendo assim, o voluntário não terá nem um custo financeiro adicional com a pesquisa. Na eventualidade de qualquer dano, os pesquisadores asseguram o tratamento integral do voluntário sem nenhum custo adicional ao mesmo. Uma cópia do projeto “Análise comparativa da força gerada pelos músculos ventilatórios de sujeitos saudáveis e portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica por meio da manovacuometria e eletromiografia de superfície” ficará à disposição dos sujeitos na clínica-escola de fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI para dúvidas ou esclarecimentos quanto aos objetivos da pesquisa. Eu___________________________________________________________________________ R.G.___________________________________CPF__________________________________ Abaixo assinado, concordo em participar do estudo “Análise comparativa da força gerada pelos músculos ventilatórios de sujeitos saudáveis e portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica por meio da manovacuometria e eletromiografia de superfície” proposto pela Dra. Cláudia Barbosa Ladeira de Campos e pelo aluno Saulo Araújo de Carvalho. Tenho pleno conhecimento da justificativa, objetivos e benefícios esperados e dos procedimentos a serem executados, bem como da possibilidade de receber esclarecimentos sempre que considerar necessário. Será mantido sigilo quanto à identificação de minha pessoa e zelo de minha privacidade. Ao mesmo tempo assumo o compromisso de retornar no período que for necessário e solicitado para seguir as recomendações estabelecidas pelos pesquisadores. Também concordo que os dados obtidos ou quaisquer informações permaneçam como propriedade exclusiva dos pesquisadores. Dou pleno direito da utilização desses dados e informações para uso no ensino, pesquisa e divulgação em periódicos científicos. Eu li e entendi todas as informações contidas neste documento, assim como as da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Aluno responsável: Saulo Araújo de Carvalho – Mestrando em Bioengenharia Contato: [email protected] Telefones: (86) 8826-7417; (86) 9990-8806 Orientadora: Dra. Cláudia Barbosa Ladeira de Campos Eu,_______________________________________________,RG nº _____________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito. 72 Ou Eu, ______________________________________________, RG nº ____________, responsável legal por ____________________________________, RG nº ________ declaro ter sido informado e concordo com a sua participação, como voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito. Teresina, _____ de ____________ de _______ _______________________________________________________________________ Nome e assinatura do paciente ou seu responsável legal ______________________________________________________________________ Nome e assinatura do responsável por obter o consentimento