Ética - Questões de Vestibulares 1. (Uel 2013) Leia o texto a seguir. A questão não está mais em se um homem é honesto, mas se é inteligente. Não perguntamos se um livro é proveitoso, mas se está bem escrito. As recompensas são prodigalizadas ao engenho e ficam sem glórias as virtudes. Há mil prêmios para os belos discursos, nenhum para as belas ações. (ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes. 3.ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p.348. Coleção Os Pensadores.) O texto apresenta um dos argumentos de Rousseau à questão colocada em 1749, pela Academia de Dijon, sobre o seguinte problema: O restabelecimento das Ciências e das Artes terá contribuído para aprimorar os costumes? Com base nas críticas de Rousseau à sociedade, assinale a alternativa correta. a) As artes e as ciências geralmente floresceram em sociedades que se encontravam em pleno vigor moral, em que a honra era a principal preocupação dos cidadãos. b) A emancipação advém da posse e do consumo exclusivo e diferenciado de bens de primeira linha, uma vez que o luxo concede prestígio para quem o possui. c) Os envolvidos com as ciências e as artes adquirem, com maior grau de eficiência, conhecimentos que lhes permitem perceber a igualdade entre todos. d) O amor-próprio é um sentimento positivo por meio do qual o indivíduo é levado a agir moralmente e a reconhecer a liberdade e o valor dos demais. e) O objetivo das investigações era atingir celebridade, pois os indivíduos estavam obcecados em exibir-se, esquecendo-se do amor à verdade. 2. (Ufsj 2013) “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s) a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são os instrumentos eficientes para a compreensão e o norteamento da humanidade. b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a sexualidade, ao materialismo, à abordagem psicológica de artistas e pensadores, bem como ao antigermanismo. c) compositores do século XIX, como, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodiada no título. d) conceitos de razão e moralidade preponderantes nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâneos Kant, Hegel e Schopenhauer. 3. (Ueg 2013) As histórias, resultado da ação e do discurso, revelam um agente, mas este agente não é autor nem produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito, na dupla acepção da palavra, mas ninguém é seu autor. ARENDT, Hannah. A condição humana. Apud SÁTIRO, A.; WUENSCH, A. M. Pensando melhor – iniciação ao filosofar. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 24. A filósofa alemã Hannah Arendt foi uma das mais refinadas pensadoras contemporâneas, refletindo sobre eventos como a ascensão do nazismo, o Holocausto, o papel histórico das massas etc. No trecho citado, ela reflete sobre a importância da ação e do discurso como fomentadores do que chama de “negócios humanos”. Nesse sentido, Arendt defende o seguinte ponto de vista: a) a condição humana atual não está condicionada por ações anteriores, já que cada um é autor de sua existência. b) a necessidade do ser humano de ser autor e produtor de ações históricas lhe tira a responsabilidade sobre elas. c) o agente de uma nova ação sempre age sob a influência de teias preexistentes de ações anteriores. d) o produtor de novos discursos sempre precisa levar em conta discursos anteriores para criar o seu. 4. (Ufsj 2013) Para David Hume, “os homens são, em grande medida, governados pelo interesse” e isso é perfeitamente visível, já que a) “tradicionalmente o interesse tem sido visto de dentro para fora, como algo que observamos em nós mesmos, mais do que alguma coisa que outros possam exibir”. b) “mesmo quando estendem suas preocupações para além de si mesmos, não as levam muito longe; na vida corrente não é muito comum olhar para além dos amigos mais próximos e dos conhecidos”. c) “vão traduzindo a necessidade que eles têm de se relacionar a partir de um interesse particular, e isso vem somar-se à sua capacidade para a socialização para o seu próprio bem-estar”. d) “as suas atitudes morais traduzem as suas condutas solipsistas votadas aos mais distintos interesses materiais e espirituais”. 5. (Ufsj 2013) Ao declarar que “a moral e a religião pertencem inteiramente à psicologia do erro”, Nietzsche pretendeu a) destruir os caminhos que “a psicologia utiliza para negar ou afirmar a moral e a religião”. b) criticar essa necessidade humana de se vincular a valores e instituições herdados, já que “o Homem é forjado para um fim e como tal deve existir”. c) denunciar o erro que tanto a moral quanto a religião cometem ao confundir “causa com efeito, ou a verdade com o efeito do que se considera como verdade”. d) comprovar que “a moral e a religião estão no imaginário coletivo, mas para se instalarem enquanto verdade elas precisam ser avalizadas por uma ciência institucionalizada”. 6. (Upe 2013) A filosofia, no que tem de realidade, concentra-se na vida humana e deve ser referida sempre a esta para ser plenamente compreendida, pois somente nela e em função dela adquire seu ser efetivo. VITA, Luís Washington. Introdução à Filosofia, 1964, p. 20. Sobre esse aspecto do conhecimento filosófico, é CORRETO afirmar que a) a consciência filosófica impossibilita o distanciamento para avaliar os fundamentos dos atos humanos e dos fins aos quais eles se destinam. b) um dos pontos fundamentais da filosofia é o desejo de conhecer as raízes da realidade, investigando-lhe o sentido, o valor e a finalidade. c) a filosofia é o estudo parcial de tudo aquilo que é objeto do conhecimento particular. d) o conhecimento filosófico é trabalho intelectual, de caráter assistemático, pois se contenta com as respostas para as questões colocadas. e) a filosofia é a consciência intuitiva sensível que busca a compreensão da realidade por meio de certos princípios estabelecidos pela razão. 7. (Unesp 2013) Leia. Em um documento rubricado pela Rede Global de Academias de Ciência (IAP), um grupo de pensadores da comunidade científica com sede em Trieste (Itália) que engloba 105 academias de todo o mundo alerta pela primeira vez sobre os riscos do consumo nos países do Primeiro Mundo e a falta de controle demográfico, principalmente nas nações em desenvolvimento. Na declaração da comunidade científica se indica que as pautas de consumo exacerbado do Primeiro Mundo estão se deslocando perigosamente para os países em desenvolvimento: os milhões de telefones celulares e toneladas de “junk food” que invadem os lares pobres são claros indicadores dessa problemática. A ausência nos países pobres de políticas de planejamento familiar ou de prevenção de gravidezes precoces acaba de configurar um sombrio cenário de superpopulação. “Trata-se de dois problemas convergentes que pela primeira vez analisamos de forma conjunta”, afirma García Novo. (Francho Barón. El País, 16.06.2012. Adaptado.) Um dos problemas relatados no texto está relacionado com a) a supremacia de tendências estatais de controle sobre a economia liberal. b) o aumento do nível de pobreza nos países subdesenvolvidos. c) a hegemonia do planejamento familiar nos países do Terceiro Mundo. d) o declínio dos valores morais e religiosos na era contemporânea. e) o irracionalismo das relações de consumo no mundo atual. 8. (Ufsm 2013) Leonardo Boff define sustentabilidade do seguinte modo: Uma ação é sustentável se, e somente se, ela é destinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando à sua continuidade e ainda atender as necessidades da geração presente e das futuras, de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução e coevolução. Considere as seguintes afirmações: I. Atender as necessidades da geração presente é condição necessária, mas não suficiente, para haver sustentabilidade. II. Atender as necessidades da geração futura é condição suficiente, mas não necessária, para haver sustentabilidade. III. Manter o capital natural é condição necessária e suficiente para haver sustentabilidade. Está(ão) correta(s) a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. d) apenas I e II. e) apenas II e III. 9. (Ueg 2013) Analise a imagem. Augusto de Prima Porta, esculpida por volta de 19 a.C., é uma típica escultura da Roma antiga. A diferença dessa escultura em relação às gregas do período clássico está a) na monocromia, indicando maior austeridade dos costumes romanos em comparação com os dos gregos. b) na postura ereta e estática, demonstrando que as esculturas gregas retratavam o movimento dos corpos. c) no caráter político, já que as esculturas gregas priorizavam temas da mitologia religiosa. d) no uso da indumentária militar na composição da obra, uma vez que as esculturas gregas valorizavam o corpo humano. 10. (Ufsm seguinte: 2013) O filósofo André Comte-Sponville escreveu Quanto às empresas, elas tendem antes de mais nada ao lucro. Não as critico por isso: é a função delas, e desse lucro todos nós necessitamos. Mas quem pode acreditar que o lucro baste para fazer que uma sociedade seja humana? A economia produz riquezas, e riquezas são necessárias, e nunca serão demais. Mas também precisamos de justiça, de liberdade, de segurança, de paz, de fraternidade, de projetos, de ideais... Não há mercado que os forneça. É por isso que é preciso fazer política: porque a moral não basta, porque a economia não basta e, portanto, porque seria moralmente condenável e economicamente desastroso pretender contentar-se com uma e outra. Considere as seguintes afirmações: o I. A liberdade de ação pode ser incompatível com a justiça. II. A intervenção na economia é própria de um estado liberal. III. Comte-Sponville prescreve que a política deva ser um complemento indispensável à moral e à economia. Está(ão) correta(s) a) apenas I e II. b) apenas III. c) apenas I e III. d) apenas II e III. e) I, II e III. 11. (Ufu 2012) Leia o excerto abaixo e assinale a alternativa que relaciona corretamente duas das principais máximas do existencialismo de Jean-Paul Sartre, a saber: i. “a existência precede a essência” ii. “estamos condenados a ser livres” Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. [...] Estamos condenados a ser livres. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz. SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 3ª. ed. S. Paulo: Nova Cultural, 1987. a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade, então jamais o homem pode ser, em sua existência, condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma contradição. b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da natureza humana que, concebida por Deus, precede necessariamente a sua existência. c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicional, à qual o homem, como existência já lançada no mundo, está condenado, e pela qual projeta o seu ser ou a sua essência. d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo, porque a existência do homem depende da essência de sua natureza humana, que a precede e que é a liberdade. 12. (Ufsj 2012) Sobre a ética na Antiguidade, é CORRETO afirmar que a) o ideal ético perseguido pelo estoicismo era um estado de plena serenidade para lidar com os sobressaltos da existência. b) os sofistas afirmavam a normatização e verdades universalmente válidas. c) Platão, na direção socrática, defendeu a necessidade de purificação da alma para se alcançar a ideia de bem. d) Sócrates repercutiu a ideia de uma ética intimista voltada para o bem individual, que, ao ser exercida, se espargiria por todos os homens.