Cap. 3. Tensão 1. Existência das forças internas 2. Princípio das tensões de Euler e Cauchy 3. Vector das tensões no ponto P 3.1 Componentes cartesianas 3.2 Componentes intrínsecas 4. Tensor das tensões no ponto P 4.1 Valores necessários para determinar o estado das tensões 4.2 Componentes de tensão 4.3 Prova da simetria de componentes em 2D 5. Equações de equilíbrio 5.1 Prova em 2D 6. Cálculo das componentes do vector das tensões 7. Carácter tensorial das tensões 7.1 Prova da lei de transformação em 2D 8. Notas sobre 3D 9. Tensões principais 10. Estados de tensão 11. Outras designações 12. Outras representações 12.1 Elipse de Lamé 12.2 Quadricas de Cauchy Tensão é uma das repostas do MC ao carregamento 1. Existência das forças internas forças internas = sistema 3 A Forças externas = carregamento F sistema 1 sistema 2 A sistema 1 B F corte Conjunto (sistema 1 & sistema 2) está em equilíbrio sistema 2 B forças internas = - sistema 3 Conjunto (sistema 1 & sistema 3) está em equilíbrio sistema 2 e sistema 3 são equivalentes sistema 3 exprime o efeito da parte retirada B, carregada com o sistema 2 Conjunto (sistema 2 & (- sistema 3)) está em equilíbrio sistema 1 e – sistema 3 são equivalentes “- sistema 3” exprime o efeito da parte retirada A carregada com o sistema 1 2. Princípio das tensões de Euler e Cauchy Leonhard Euler (1707-1783) em vez de forças internas usa-se a densidade das forças internas Densidade das forças internas no ponto P, efeito de V n tP P n V n = normal exterior unitária n P V n tP Densidade das forças internas no ponto P, efeito de V V Augustin Cauchy (1789-1857) O vector da densidade das forças internas no ponto P chama-se A P B corte 3. Vector das tensões no ponto P Escolha-se um ponto P, que pertence à superfície de corte Define-se à volta do P um elemento infinitesimal de área A P que pertence à superfície de corte e que corresponde a duas facetas A faceta é sempre ligada ao resto do MC A faceta ligada a parte A com a normal exterior unitária A P n A F Força interna elementar Densidade das forças internas, ou seja o vector das tensões B F B P n A faceta ligada a parte B com a normal exterior unitária Força interna elementar n F tP lim A 0 A Unidade N/m2=Pa 106Pa=MPa n tP é indiferente do modo que ΔA tende para zero é indiferente da superfície de corte, desde que a normal no P é igual O vector das tensões no ponto P é unicamente definido para uma dada normal, o sentido é sempre relacionado com a faceta onde actua O sentido do vector das tensões relacionado às duas facetas no mesmo ponto com a normal da mesma direcção é sempre oposto y 3.1 Componentes cartesianas P n t y ,P A n tx ,P A n tP A n tx ,P A 0 n t y ,P 0 A x n t y ,P B n tP B tx, ty, tz: componentes cartesianas do vector das tensões 2 componentes em 2D, 3 em 3D Verifica-se que o sinal das componentes cartesianas é oposto n t x ,P B P n tx ,P B 0 n t y ,P 0 B 3.2 Componentes intrínsecas P n n tt ,P A n tn ,P A n tP A tn, tt: componentes intrínsecas do vector das tensões n tP B 2 componentes em 2D e em 3D tn: componente normal tt: componente tangencial ou de corte tn: com sentido da normal tn: contra sentido da normal n tt ,P B n n P tn ,P B tracção, positiva compressão, negativa Verifica-se que o sinal da componente intrínseca normal é igual nas duas facetas. Verifica-se que as intensidades de ambas componentes não dependem do referencial Pode-se atribuir o sinal à componente tangencial, mas apenas em 2D. Este sinal depende do referencial e segue as regras das facetas positivas e negativas (explicação mais tarde). Se o referencial for igual nas duas facetas, o sinal seria também igual. Nota: Pontos da circunferência Mohr = componentes intrínsecas das facetas 4. Tensor das tensões no ponto P 4.1 Valores necessários para determinar o estado das tensões Mantém-se o ponto P mas escolha-se uma faceta com normal diferente as componentes do vector das tensões serão diferentes Diz-se que se conhece o estado das tensões no ponto P, quando se conhecem as componentes do vector das tensões em qualquer faceta que nele passa É preciso determinar o número dos valores necessários para poder unicamente exprimir componentes do vector das tensões a qualquer faceta Pode-se provar, que para isso tem que se saber vector das tensões relacionado: - em 3D a 3 facetas diferentes, que também passam pelo ponto P - em 2D a 2 facetas diferentes, que também passam pelo ponto P Devido a simetria do tensor das tensões (provada mais tarde) as componentes destes vectores das tensões devem finalizar 3 dados não contraditórios em 2D e 6 dados não contraditórios em 3D Prova em 2D Marque-se uma vizinhança infinitesimal em torno do ponto P Lados da vizinhança são infinitesimais, por isso a distribuição das componentes do vector das tensões pode ser considerada uniforme Sabendo componentes cartesianas nas facetas (x) e (y) é possível determinar as componentes cartesianas na faceta inclinada t yx x tx t yn t xn y s P y x s sin t xn t xx cos t xy sin t yy x t yx y t yn s 0 x t yy t xy x t xx y t xn s 0 tx y s cos t yn t yx cos t yy sin Nota: as condições de equilíbrio escrevem-se para forças e momentos, nunca para componentes de tensão As forças de volume não foram consideradas, porque contribuem com o termo de ordem maior (área versus aresta) 4.2 Componentes de tensão Representação geométrica das componentes de tensão em 2D no rectângulo elementar Comprovando, que o conhecimento de vector das tensões nas duas facetas é suficiente para determinar o vector das tensões a qualquer faceta, ou seja é suficiente para definir o estado das tensões no ponto P, costumam-se escolher facetas do referencial original e em vez de componentes cartesianas marcam-se nelas componentes intrínsecas. Mais ainda, cada faceta representa-se nas suas duas formas e assim de facto recorta-se um rectângulo elementar do MC. Convenciona-se Quando o sentido da normal coincide com o sentido do eixo coordenado Faceta positiva : o sentido da componente positiva coincide com o sentido do eixo coordenado Quando o sentido da normal é oposto ao sentido do eixo coordenado Faceta negativa : o sentido da componente positiva é oposto ao sentido do eixo coordenado Neste caso as componentes intrínsecas do vector das tensões chamam-se componentes do tensor das tensões y Componente normal y x yx x xy x Facetas positivas xy Facetas negativas yx y Componente tangencial ou componente de corte o 1 índice da componente tangencial corresponde à normal, o 2 à direcção Neste caso as direcções das componentes cartesianas e intrínsecas do vector das tensões em cada faceta coincidem, contudo o sentido positivo satisfaz as regras definidas no slide anterior Representação das componentes na forma matricial x yx xy y 4.3 Prova da simetria de componentes em 2D y Escolha-se vizinhança elementar rectangular em torno do ponto P, mergulhada no MC e escreve-se x o equilíbrio dos binários y y x xy xy x y x y x y As forças de volume e as variações de tensão não foram consideradas, porque contribuem com o termo de ordem maior x Equilíbrio dos binários xy yx yx xy 0 força força momento momento xy yx Representação das componentes na forma matricial x xy xy y 5. Equações de equilíbrio Augustin Cauchy (1789-1857) Interior 5.1 Prova em 2D Vizinhança elementar rectangular em torno do ponto P, mergulhada no MC y y y y xy xy y y x Nota: o equilíbrio dos momentos dava a relação de simetria, agora com a prova mais rigorosa do que no slide anterior xy fy f x y x xy y xy xy x x x x x x xy x x y x x y xy x xy y x f x xy 0 x y x xy fx 0 x y xy x y y fy 0 2 equações de equilíbrio não são suficientes para resolver 3 incógnitas Fronteira p 0, y x xy y s xy y s cos x s sin n cos, sin T x y p 0, x x y xy x p0,x s 0 p0,x x cos xy sin Carga cartesiana distribuída na superfície, valores dados Vizinhança elementar triangular do ponto de superfície P p0,x x n x xy n y p0,y xy n x y n y p0 n Condições de fronteira 6. Cálculo das componentes do vector das tensões Componentes cartesianas de analogia: P: ponto interior, a normal {n} tem que ser exterior e unitária t n 2D n cos, sin T 3D n cos, cos, cos T Componentes intrínsecas n t Componente normal e tangencial calculam-se como escalares n n tn t tt P t n n n n n t n cos A componente normal é positiva quando o sentido dela coincide com o sentido da normal: tracção tt T Tensão normal na direcção {n} n 2 t t nn n n 2 Tensão tangencial na faceta {n} O sentido da componente tangencial não está definido pela esta expressão n cos, sin T Alternativamente, em 2D apenas!!! t tn s t n P t nn s sin , cosT n tt t s n T 7. Carácter tensorial das tensões Equações de equilíbrio em 2D 7.1 A prova da lei de transformação em 2D y x xy x xy y sin xy cos x x s 0 x x s x xy y x s sin y s cos x cos xy sin y x x cos2 y sin 2 2xy sin cos x y x sin xy cos y cos xy sin x xy s 0 xy x y sin cos xy cos2 sin 2 2 2 sin cos 2xy sin cos Analogamente: y x y Tensão é tensor da 2ª ordem 8. Notas sobre 3D Representação geométrica das componentes no paralelepípedo elementar (facetas positivas) z zx xz x z zy xy x y y Representação das componentes na forma matricial x sim xy y xz y z z x xy xz fx 0 x y z xy y z y x x Equações de equilíbrio (de Cauchy) no interior y y yz z fy 0 xz yz z fz 0 x y z 3 equações de equilíbrio não são suficientes para resolver 6 incógnitas Condições de fronteira Tensão é tensor simétrico 6 componentes em 3D p0 n 9. Tensões principais Para o ângulo de rotação θp, que satisfaz 2xy tg 2p x y a tensão de corte anula-se e as tensões normais atingem os seus máximos e mínimos; estas componentes normais chamam-se tensões principais 1 m R 2 m R onde max m R min m R 1 , 2 x y x y R 2xy m 2 2 2 qualquer componente normal 2 xy 0 1 1 p 1 2 1 0 0 2 2 Tensão de corte máxima: max 2 1 2 R 2 1 acompanhada de m m max max m Notas sobre a circunferência de Mohr Os pontos da circunferência correspondem às componentes intrínsecas do vector das tensões nas facetas correspondentes As facetas positivas e negativas diferem de 180º, o que representa a rotação de 360º na circunferência, por isso as componentes são iguais, como era de esperar x y y x y x x y xy 0 xy 0 xy 0 Orientação das componentes de corte determina a posição do ponto na circunferência de Mohr indiferentemente do referencial xy 0 acima abaixo 10. Estados de tensão Homogéneo ou uniforme: as componentes do tensor das tensões não variam com a posição p 2 1 1 2 Compressão pura Tracção pura p p p Pressão hidrostática 2 xy xy xy 1 xy xy xy Estado tangencial puro 2 xy 1 xy m 0 max 0 m max C0 Isostáticas xy Tangentes às direcções principais 1 xy 1 xy Estado tangencial puro Tracção pura p analogamente 2 2 Compressão pura xy p p p Pressão hidrostática Qualquer direcção é principal, isostáticas não fazem sentido 11. Outras designações Tensor esférico e tensor desviador de tensão importante para a energia de deformação I ' onde σ m consequentemente m é a tensão média I1 0 1 2 3 x y z I1 m 3 3 3 Tensão octaédrica são as componentes intrínsecas do vector tensão T no plano cuja normal é n 1/ 3,1/ 3,1/ 3 importante para teoria oc I1 / 3 m de plasticidade 2 2 oc I1 3I 2 3 Tensão de von Mises vM 3I2 Importante para teoria de plasticidade vM 12 1 2 22 2m 3R 2 vM 2D 1 1 2 2 1 3 2 2 3 2 3D 2 Richard von Mises (1883-1953) 12. Outras representações 12.1 Elipse de Lamé em 2D 2 2 ~ ~ x y 1 max min Elipsóide de Lamé em 3D 2 2 2 ~ ~ ~ x y z 1 1 2 3 Assume-se, que Gabriel Lamé (1795-1870) correspondem às componentes do vector das tensões ~ ~ ~ x , y, z numa faceta com a normal {n} de componentes nx, ny, nz no referencial principal ~ x 1n x , ~ y 2n y , ~ z 3n z ~ ~ ~z x y nx , ny, nz 1 2 3 2 2 2 ~ ~ ~ x y z n 2x n 2y n 2z 1 1 2 3 min Em 2D n min n t max max max min 12.2 Quádricas de Cauchy Quádrica = superfície que se pode representar por uma equação algébrica do segundo grau Quádrica de Cauchy = coeficientes desta equação coincidem com as componentes do tensor das tensões em 2D x x , y xy xy x y 1 ~ y y y min x x 2xy xy y y 1 2 2 A curva não depende do referencial, porque o determinante de [σ] é invariante Quando det 0 x 1 / min d x ou seja quando os valores próprios têm o mesmo sinal, a curva corresponde a elipse 2 2 ~ ~ x y max~ x 2 min~ y2 1 1 / max 1 / min x ~ x max x 1 / max 1 d x 2 Positivo para v.p. positivos Negativo para v.p. negativos max 0 min max 0 min max 0 min 0 max min max min 0 a b a b b b b a a a Real para +1 Imag. para -1 a b Real para +1 Imag. para -1 Real para -1 Imag. para +1 Real para +1 Imag. para -1 1 max 1 min Real para -1 Imag. para +1 Hipérboles Assimptotas com declives max b m min a Real para -1 Imag. para +1 No referencial principal em 3D xT x xT x 1 como em 2D x Vamos analisar superfícies reais Todos v.p. positivos e +1 no lado direito Todos v.p. negativos e -1 no lado direito 2 valores positivos 1 negativo 1 d x 2 Elipsóide 2 Hiperbolóides assimptóticos à mesma superfície cónica De uma folha, real para +1 De duas folhas, real para -1 1 valor positivo 2 negativos 2 Hiperbolóides assimptóticos à mesma superfície cónica De uma folha, real para -1 De duas folhas, real para +1 As rotações são apenas consequências da ordenação dos valores próprios, no slide anterior o “eixo” foi formado pelo (3), neste slide o “eixo” coincide com (1)