ATIVIDADE / TEXTO MARX, DURKHEIM E WEBER
Nome: ________________________________ / N°: ___ / Turma: ° ___
PARTE I – KARL MARX (1818-1883)
Sua obra
A obra de Marx é resultado de um contexto sociopolítico
específico, resposta aos problemas colocados pela
sociedade burguesa e, também, propõe a intervenção e
transformação dessa sociedade. Não podemos confundir a
obra de Marx com o Marxismo. Na verdade, não existe um
Marxismo, mas vários, ou seja, são várias as
interpretações dadas de suas teorias e essas variam em
função do interesse e do momento histórico em que se
quer aplicá-las. Marx desenvolveu uma teoria da história e
analisou a sociedade capitalista, de forma crítica, original e
estruturada, apresentado aspectos práticos para a transformação dessa realidade. A
sua obra fundou um modo original de pensar a sociedade burguesa e a sua dinâmica,
que incluía a revolução socialista.
Enquanto o positivismo se preocupava com a manutenção da ordem
capitalista, Marx vai realizar uma crítica profunda e radical da sociedade, ressaltando
suas
contradições
e
antagonismos.
A Sociologia traz no bojo de sua formação duas tradições diferentes: a conservadora,
que se identifica com os valores e os interesses da classe dominante, e a
revolucionária, que se compromete com a crítica e a transformação da sociedade.
Esse pensamento crítico surge na tradição da obra de Marx.
Condições históricas
Marx nasceu na Alemanha, filho de advogado em uma família abastada.
Inicialmente cursou Direito, mas optou por Filosofia, tornando-se doutor. Marx
abandonou a vida universitária, trabalhou em um jornal de tendência liberal, onde foi
editor. Depois se transferiu para Paris, onde conhece F. Engels, com o qual
desenvolveu intensa atividade política e teórica até o final da vida. Entrou em contato
com setores mais radicais do movimento operário e realizou um intenso trabalho
político e teórico, até ser expulso. Foi para Bruxelas, continuando sua atuação junto ao
movimento operário, sendo novamente expulso. Retornou a Paris e depois para
Alemanha, de onde foi expulso e, em 1949, aos 30 anos, seguiu para o seu último
exílio, a Inglaterra, onde morreria em 1883.
Seu pensamento
Marx articulou um modo radicalmente novo de pensar a sociedade, por meio de
crítica e reflexão rigorosa. Seu pensamento se desenvolveu ancorado na experiência,
permeadas de vitórias e derrotas, que o movimento operário e popular da época
acumulava, nas lutas sindicais e políticas do século XIX. Marx, sempre preocupado
com a teoria e a prática, elaborou um conjunto de ideias inovadoras:
o materialismo histórico, a teoria econômica e a proposta de transformação, o
socialismo científico. Para ele, a função da Sociologia não era solucionar os problemas
sociais e estabelecer a ordem, segundo os positivistas. Ao contrário, a Sociologia
deveria contribuir para a transformação da sociedade, ao proporcionar uma análise
crítica e desmistificadora da realidade capitalista. Marx foi extremamente original em
sua obra, tendo fundamentado seus estudos em Hegel, no pensamento socialista
francês e inglês e nos economistas clássicos Adam Smith e David Ricardo.
Seu método
1
O materialismo pressupõe, de modo geral, que a produção material de uma
sociedade constitui o fator determinante da organização social e política de uma
época. Assim, a base material (econômica) exerce influência direta nos outros níveis
da realidade: Estado, instituições jurídicas, políticas, religião, moral. Por meio da
dialética, Marx explicou as significativas transformações da história da humanidade
através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus
elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua
transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico.
Marx elaborou um esquema teórico sobre a história da humanidade,
desenvolvendo o método materialismo histórico. Segundo sua teoria da história, as
sociedades encontravam-se em constante transformação e o motor da história era os
conflitos e as posições entre as classes sociais. Assim, o movimento da história possui
uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda
esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes. Em outras
palavras, a estrutura de uma sociedade reflete a forma como os homens se organizam
para a produção social de bens.
Sua teoria
Segundo Marx, para conhecer a realidade era preciso compreender a relação
dos homens com o mundo material. Também, era preciso compreender como esse
mundo material e as ideias a ele relacionadas se transformavam e transformavam a
realidade. Para ele, a sociedade tem contradições e conflitos e, são essas
contradições e conflitos que garantem sua transformação. Cada época histórica tem
seus conflitos e contradições. Para entendermos uma sociedade é preciso
compreender seus conflitos e suas contradições.
A chave para a compreensão da trama social é a organização do trabalho e as
relações estabelecidas entre os homens no mundo da produção. Ou seja, é na vida
material que tudo acontece. A política, a cultura, a justiça, a religião refletem esse
conflito.
Na produção social de sua vida, os homens contraem determinadas relações –
são as relações de produção. Essas relações são necessárias e independentes da
vontade humana. O conjunto das relações de produção forma a estrutura econômica
da sociedade, a base real, a base econômica de uma determinada sociedade. Sobre
essa base real se levanta a superestrutura jurídica, política e espiritual: “não é
consciência do homem que determina sua existência, pelo contrario, é sua existência
que determina sua consciência.”(Marx)
As relações de produção, marcadas pela existência de classes sociais com
posições e interesses antagônicos, desenvolvem relação de conflito e esse conflito é a
mola propulsora das transformações e mudanças históricas. Essa é a teoria da história
para Marx. Ele aplicou essa teoria e desvendou profundamente o modo de produção
capitalista. Segundo suas análises, no capitalismo as relações de produção são
fundamentadas na propriedade privada dos meios de produção e na venda da força de
trabalho assalariada: “as relações burguesas de produção são a última forma
antagônica do processo social de produção;... antagonismo que provém das condições
sociais de vida dos indivíduos.”
Segundo seu pensamento, as classes sociais são determinadas no processo
produtivo, sendo definidas pelo lugar que as pessoas ocupam no processo produtivo
em relação aos meios de produção: se detém ou não esses meios. Variando ao longo
da história: senhores da terra/servos, burguês/assalariado, entre outros. A relação
entre as classes sociais é marcada pela opressão de uma sobre a outra, pela
exploração de uma sobre a outra.
O modo de produção capitalista e sua superação
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O capitalismo é marcado por relações sociais de produção nas quais uns são
proprietários dos meios de produção e outros vendem sua força de trabalho como
mercadoria para garantiram a reprodução material de suas vidas. Os donos dos meios
de produção utilizam a força de trabalho para produzir mercadoria e é a força de
trabalho que gera valor à mercadoria.
A partir da inter-relação entre infraestrutura econômica se constrói toda uma
superestrutura (Estado, leis, religião, etc.) para garantir a ordem do sistema capitalista.
O capitalista paga o salário ao trabalhador, mas esse salário nunca
corresponde ao valor produzido pelo trabalhador. Este produz uma parte de trabalho
que é paga pelo salário, a outra parte trabalhada fica com o empresário – é a maisvalia, o que valoriza o capital. A resolução do conflito entre os proprietários dos meios
de produção e do proletariado, ou seja, da relação de exploração do capitalismo, só
pode ser conseguida com a luta de classes, em que seja superada a causa dos
conflitos: a propriedade privada dos meios de produção. Aí está formada a teoria do
socialismo científico, que constitui o processo de transição pelo qual a sociedade tem
que passar até a etapa final, o comunismo.
O Estado
Marx expõe uma nova concepção, segundo a qual o Estado surgiu junto com a
propriedade privada na história da humanidade. Em suas análises, rompeu com o
pensamento liberal que analisava o Estado como um arranjo contratual entre os
indivíduos a fim de garantir a ordem, a propriedade e os direitos civis, sendo o
representante de todos os setores a sociedade. Segundo Marx, o Estado é um
instrumento cujo objetivo fundamental é manter as relações sociais dominantes. Enfim,
o Estado é instrumento de manutenção da ordem dominante e representante dos
interesses dessa classe.
Para que essa dominação seja aceita pacificamente por toda sociedade, o
Estado age em nome do “interesse geral” e das “leis”. Assim, a maneira como as
classes dominantes justificam sua dominação se impõe também pelas ideias, não
apenas dentro do Estado, mas nos códigos de leis, nas igrejas, jornais, educação,
meios de comunicação, propagandas – a ideologia. Concluindo, Marx elaborou uma
crítica radical ao capitalismo, colocando em evidência os antagonismos e contradições
desse sistema. Para Marx, o estudo da sociedade deveria partir de sua base material
e estrutura econômica, que é o fundamento da história humana.
II PARTE – A SOCIOLOGIA FRANCESA: ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)
A Sociologia surge no momento de desagregação da sociedade feudal e
da consolidação da civilização capitalista. É resultado do trabalho de um
conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas
situações sociais, econômicas, políticas e culturais. As consequências da
rápida industrialização e urbanização levaram ao aumento da prostituição,
do alcoolismo, da criminalidade, epidemia, dos bolsões de miséria.
A sociedade passou a ser um problema, um objeto que precisava ser
investigado e modificado.
Émile Durkheim
Uma das três matrizes do pensamento científico da Sociologia, a obra de Émile
Durkheim exerceu grande influência nas Ciências Sociais. Apesar de ser posterior a
Marx, é considerado o pai da Sociologia, pois é ele que vai estruturar, de fato, a
ciência sociológica na França, tendo dedicado toda sua carreira ao desenvolvimento
dessa ciência, metódica e rigorosamente objetiva. Nasceu na região francesa da
Alsácia, em 1858. Descendente de judeus franceses e rabinos, frequentou grandes
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escolas e formou-se em Filosofia. Tornou-se professor e mais tarde foi estudar
Ciências Sociais na Alemanha 1885, onde esses estudos estavam mais avançados.
Ministrou o primeiro curso de Sociologia criado em uma universidade francesa.
Durante estes estudos, teve contatos com as obras de Augusto Comte e Herbert
Spencer que o influenciaram significativamente na tentativa de buscar a cientificidade
no estudo das humanidades.
As condições históricas em que viveu
Emile Durkheim viveu a segunda metade do século XIX ao final da Primeira
Grande Guerra (1914-1918). Na França, o momento era marcado pela instabilidade
política e social. É o momento de reorganização política do estado, rompimento das
tradições: separação Igreja/Estado, conflitos sociais grandes massa da população em
péssimas condições de vida. Por outro lado, havia certo otimismo em virtude do
progresso tecnológico e científico. É o momento de expansão do industrialismo,
aumento da produção e melhorias em outras áreas, como a educação. Havia forte
crença no racionalismo. Surgem mudanças na forma de pensar e conhecer a natureza
e a sociedade, marcados pelo rompimento com o pensamento dominante anterior da
Igreja: fé cristã. Surge grande interesse pelo homem e sua história.
Pensamento e teoria em E. Durkheim
Para esse pensador “Não existe moralidade fora do contexto social e a
moralidade é a grande força coesiva da sociedade. A função básica da sociedade é
justamente transmitir valores morais.” Durkheim se propôs a construir a Sociologia
como uma ciência autônoma, que deveria analisar a sociedade cientificamente, com
racionalidade. Ao mesmo tempo, procurou conhecer cientificamente a sociedade, para
que a partir desse conhecimento da ciência pudesse compreender a sociedade e fazer
as intervenções necessárias na realidade social, a fim de ordená-la. Tinha uma visão
otimista da sociedade industrial.
Seguindo aos princípios do Positivismo de A. Comte, Durkheim considerava
que a ciência poderia, por meio dos conhecimentos e pesquisas, encontrar soluções
no sentido de por ordem na sociedade. Durkheim parte dos valores morais como
elementos capazes de atenuar os conflitos sociais, adotando uma posição
conservadora em relação à crise social de seu tempo. Acreditava que os conflitos
seriam resolvidos pela recuperação dos valores morais, por meio da formação de
instituições públicas, tais como a educação e o direito, capazes de se impor aos
membros da sociedade e estabelecer a ordem. Discordava das ideias socialistas e da
ênfase dada aos fatos econômicos nas crises da época. Em suas análises não
utilizava conceito de classe social e não considerava importantes os fatores
econômicos na compreensão dos fatos humanos.
Sua explicação buscou os elementos morais, os valores, as regras para
conservação da ordem estabelecida – os chamados aspectos superestruturais. Estava
preocupado com a integração social, ressaltando que grande parte de pessoas
passava a maior parte da vida no meio industrial e comercial e esse meio estava
desprovido de valores morais. Segundo esse pensador, para restabelecer a saúde da
sociedade era necessário criar novos hábitos e comportamentos, baseados em
valores morais que garantissem a integração social. A função da Sociologia seria
detectar e buscar soluções aos problemas sociais e restaurar a normalidade social,
para manutenção e preservação da ordem.
Metodologia: positivismo e objetividade
Durkheim segue a postura metodológica de A.Comte, salientando a importância em
definir a Sociologia como uma ciência autônoma, com objeto de estudo definido,
seguindo o mesmo método das ciências naturais. O objetivo principal do método
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sociológico é estabelecer como devem ser estudados os fatos sociais. Em As regras
do Método Sociológico define o objeto de estudo, estabelece as regras do método
para a investigação sociológica que garantissem à Sociologia o caráter rigoroso e
objetivo. Os fatos sociais seriam trados do mesmo modo objetivo dado aos fenômenos
físicos, segundo a abordagem metodológica racionalista e positivista:




A sociedade é regulada por leis naturais.
Os métodos de conhecer a sociedade são os mesmos das ciências da
natureza.
O observador deve limitar-se à análise e observação dos fenômenos sociais,
de forma neutra, objetiva, livre de julgamentos de valor e pré-noções.
Os fatos sociais devem ser tratados como coisas, por meio do método de
observação e experimentação.
Temas e conceitos fundamentais da Sociologia de Durkheim
1. O fato social
É o objeto da Sociologia. Os fatos sociais “são maneiras de agir, pensar e sentir
exteriores ao indivíduo, e dotadas de poder coercitivo”, e que exercem influências
sobre o indivíduo.
Os fatos sociais possuem três características:
A exterioridade: os fatos sociais existem antes do nascimento do indivíduo e atuam
sobre ele independente de sua vontade.
A coercitividade: os fatos sociais exercem força social e força sobe os indivíduos,
levando-os a agirem de acordo com as regras estabelecidas pela sociedade. Ex.: a
língua.
A generalidade: os fatos sociais são tomados coletivamente, pelo conjunto da
sociedade. As crenças, os costumes, os valores.
É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o
indivíduo uma coerção exterior ou, ainda, que é geral em uma determinada sociedade,
apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais.
Os fatos sociais existem fora dos indivíduos, mas são interiorizados e passam a existir
em suas consciências. São externos porque foram transmitidos socialmente aos
indivíduos.
2. O normal e o patológico – o conceito de anomia
Durkheim caracterizou o fenômeno social de normal ou patológico. Para ele, o
fenômeno pode ser considerado normal se for encontrado na sociedade de forma
generalizada, não coloque em risco a integração social e esteja dentro de um
determinado nível. O crime é um fenômeno normal, pois é encontrado em todas as
sociedades de todos os tipos, é geral, e, ao mesmo tempo em que, ao se impor a
punição, serve para lembrar e fortalecer os valores de toda sociedade.
Fato social normal é geral, recorrente e que favorece a integração social.
Fato social patológico é excepcional, transitório e põe em risco a integração social.
Para ele, o suicídio também é normal, pois existe em todas as sociedades. Torna-se
anormal se houver o aumento das taxas.
III PARTE – A SOCIOLOGIA ALEMÃ: MAX WEBER (1864-1920)
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Max Weber nasceu na Alemanha, em 1864, em uma família da alta
classe média. Filho de um renomado advogado, foi criado em uma
atmosfera intelectualmente estimulante, voltado para os
ensinamentos humanistas. Weber recebeu excelente educação em
línguas, história e literatura clássica. Em 1882, começou os estudos
superiores em Berlim, onde se dedicou ao estudo de economia,
história, filosofia e direito. Tornou-se professor na Universidade de
Berlim e foi livre-docente, ao mesmo tempo em que servia como
assessor do governo. Sua obra é extensa e influente. Sua
formação intelectual acompanha o período em que as primeiras
disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa.
Sofreu perturbações nervosas que o levaram a deixar os trabalhos docentes, só
voltando à atividade mais tarde. Com tendências depressivas e saúde frágil, morreu
em 1920. Viveu na Alemanha no final do sec. XIX e começo do XX. Sua obra coincide
com momento de intensa industrialização na Alemanha.
Seu pensamento
O pensamento de Max Weber é uma inesgotável fonte de reflexão para os
problemas do mundo contemporâneo. De um lado, Weber questionava a confiança no
modelo positivista em se formular leis sociais. Para ele, não é possível produzir leis
sobre os fenômenos sociais, pois a relação existente entre os homens e entre estes e
as instituições sociais é desordenado, imprevisível e caótico, não existindo
continuidade na história humana. O conhecimento da história é importante, no entanto
isso não tornava possível a elaboração de leis e generalizações dos fenômenos
sociais. Não existem leis sociais que possam ser antecipadas e controladas e que
passe a prever e controlar a realidade social (do positivismo). Por outro lado, Weber
considerava a economia e as formas de produção importantes, mas não acreditava
que os fatores econômicos explicavam as condições históricas em sua totalidade, ou
seja, não acreditava que a economia tivesse papel preponderante sobre as demais
esferas da realidade social (do marxismo). Weber sempre se preocupou em conferir o
caráter científico à Sociologia. Considerava que o cientista deveria assumir uma
posição neutra, não podendo ter preferências políticas e ideológicas a partir de sua
profissão. Fazia a distinção entre o cientista e o político - o homem de ação. Na
verdade, ele isolou a Sociologia dos movimentos revolucionários: A ciência deve
oferecer a compreensão da conduta, das motivações e consequências dos atos do
homem. A Sociologia deveria ser um conjunto de técnicas neutras para a
compreensão da realidade social.
Seu objeto
Weber considerava o individuo e a sua ação como ponto chave da investigação. Era
preciso compreender as intenções e as motivações dos indivíduos que vivenciam as
situações sociais.
Seu método
Naquele momento, surge nas ciências sociais uma tendência que distingue
explicação e compreensão da realidade. O modo explicativo seria característico das
ciências naturais, que procuram o relacionamento causal entre os fenômenos. A
compreensão seria o modo típico de proceder das ciências humanas, que não
estudam fatos que possam ser explicados propriamente, mas sim buscam os
processos vivos da experiência humana, extraindo deles seu sentido. Os fenômenos
sociais só tem significado se conhecermos a motivação e o sentido mais profundo que
existem por trás desses fenômenos. Weber analisa o papel das pessoas e as suas
ações individuais. A sociedade deve ser entendida a partir das interações sociais.
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A ação social dá sentido à ação individual. A ação social é orientada pelo
comportamento e valores dos indivíduos e dos grupos, sendo fundamental para a
organização
da
sociedade
humana.
A conduta adquire o sentido social quando se orienta pelo comportamento de outras
pessoas. As teorias sociológicas desenvolvidas ao longo do século XIX privilegiavam
os fenômenos sociais coletivos. Para Emile Durkheim o importante era o fenômeno
coletivo e não o comportamento individual, pois a sociedade está acima do individuo.
Karl Marx, por sua vez, trata da relação dos agrupamentos sociais, e não do indivíduo.
Para colocar o homem no centro das preocupações sociológicas, Weber teve
que reformular o método científico: a tarefa do sociólogo é captar o sentido das
condutas humanas.
O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido
que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas
mesmas ações.
Conceitos
Para realizar a análise compreensiva, Weber formula o conceito “tipo ideal”, que
representa o primeiro nível de generalização de conceitos abstrato. O tipo ideal é um
ponto de partida, contendo parâmetros estabelecidos de comportamento, de ação, de
dominação. O tipo ideal fornece o recurso essencial para a compreensão dos
comportamentos sociais, permitindo analisar as formas de ação social.
1. Tipos de ação social
Os tipos de ação social jamais são encontrados na realidade em toda a sua pureza, e,
na maior parte dos casos, os quatro tipos de ação encontram-se misturados. Ação é
social quando um determinado comportamento implica uma relação de sentido para
quem age. Nem todo comportamento humano é social. É preciso que tenha sentido
para o individuo que age. A ação social orienta-se pelo comportamento de outros. Os
“outros” podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicidade de desconhecidos.
Weber definiu quatro tipos de ação social:
a. Ação tradicional: tradições, costume. Ex.: dar presente de Natal.
b. Ação afetiva: baseada em sentimentos e afetividade, não racional. Ex.: torcer por
um time.
c. Ação racional orientada para valores: racional, a ação é importante e não os fins.
Ex.: trabalho voluntário ou de um político, onde o retorno não é o dinheiro ou prestígio
final, mas a missão. (em crise)
d. Ação racional orientada pra fins: racional, o importante é o resultado. Ex.: empresa
capitalista.
2. Tipos de dominação/autoridade
Existem três tipos puros de dominação:
a. Tradicional: respeita aos costumes e regras. É o tipo em que o indivíduo ocupa
posição de autoridade independentemente do controle de um corpo administrativo. A
autoridade e as prerrogativas pessoais são mais extensas. Ex.: coronéis, soberanos e
patriarcas antigos ou medievais.
b. Carismática: capacidade de liderança e comando, em que se almeja estabelecer
uma nova ordem.
c. Racional-legal: assentada na noção de direito que se liga aos aspectos racionais e
técnicos da administração. Racionalidade e justiça se fundem. Ex: sociedades
modernas. Atua baseado nas leis e regulamentos e precisa de formação técnica.
Temas
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Weber abrangeu vários temas em sua produção acadêmica: religião, direito,
arte, economia, política, burocracia.
1. A religião
Em “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber buscou examinar as
implicações das orientações religiosas na conduta econômica do indivíduo,
considerando as contribuições dos valores éticos protestantes na formação do
moderno capitalismo. A acumulação de capital foi um fator importante para o
capitalismo, mas surge também uma nova mentalidade guiada por princípios
religiosos. Essas convicções religiosas no indivíduo, a partir de uma vida pessoal
rígida e disciplinada, levaram o indivíduo a valorizar o trabalho e a considerar o
sucesso econômico como bênção de Deus. Havia uma doutrina pessoal austera, que
permitiu a acumulação de riqueza e novos investimentos – que foi a base do
capitalismo.
2. O Capitalismo
Por que o capitalismo se desenvolveu somente na sociedade Ocidental,
especialmente na Europa a partir do século XVI? Como historiador, Weber possuía
grande conhecimento das civilizações orientais que chegaram a ter forte economia
monetária, avanço tecnológico e uso intensivo. No entanto, não desenvolveram o
capitalismo. Considerava que as instituições capitalistas – as grandes empresas –
eram fruto de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro e um
padrão de precisão e eficiência. O capitalismo se caracterizava pela busca contínua de
rentabilidade por meio de empreendimentos científicos e racionais, sendo uma
expressão da modernização e racionalidade. Weber conclui que ética protestante,
juntamente com outros fatores políticos, tecnológicos e econômicos, contribuiu para o
surgimento do capitalismo. Nos países ocidentais se fortaleceu uma forma de ação
social especial a partir da religiosidade protestante: ascetismo e valorização do
trabalho, que então passou a ser considerado uma virtude. Estabeleceu-se um ideal
de vida baseado no trabalho assentadas nas seguintes posturas: disciplina,
parcimônia, discrição e poupança. Esses novos valores defendidos pelas seitas
protestantes alteraram a conduta de diversos grupos dirigentes e elites econômicas.
Na ordem feudal, a nobreza considerava o trabalho indigno e o ócio era virtude
e privilégio. Nesse processo, foi surgindo uma nova mentalidade que recusava o
desperdício, o luxo e o ócio e valorizava o trabalho, a poupança, a pontualidade e a
racionalidade. Na sociedade moderna, consolidou-se um estilo de vida que tinha
significado religioso (fé no trabalho) e efeito econômico (acumulação e investimento).
Sem a ética protestante o capitalismo teria evoluído diferente, pois para ser capitalista
não basta ter dinheiro. É preciso outras qualidades: conduta racional, metódica e
científica. Com o tempo, a noção protestante de que o trabalho enobrece e o ócio e a
preguiça são pecados se expande por outras culturas e religiões, passando a fazer
parte de diversas classes sociais e culturas.
3. A burocracia
Weber considerava que a sociedade moderna atravessava um processo de
racionalização, em que todas as áreas adquiriam o caráter racional e científico. O
fenômeno social que representa essa racionalização é a burocracia moderna, o
governo de repartições.
Ao analisar a instituição burocrática, Weber percebeu que essa ação racional
orientada para os fins passou a fazer parte da vida moderna e a penetrar em todas as
atividades. A burocracia existiu em outros sistemas, mas nas sociedades modernas
ela assume três características essenciais:
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a. Sistemas regulados por normas formais, o que torna o comportamento dos
funcionários previsível e controlado;
b. Impessoalidade, cargos e não pessoas tomam as decisões, valores e preferências
não devem intervir;
c. O burocrata tem uma especialidade técnica.
Weber esclareceu que a burocracia é um sistema social que se aproxima dos
ideais democráticos, pois promove a igualdade de oportunidades e premia o mérito
pessoal. No entanto, apesar dos processos administrativos mais transparentes da
burocracia, o intenso crescimento da racionalidade penetra em todas as áreas e gera
uma excessiva especialização, construindo um mundo cada vez mais intelectual e
artificial, sem criatividade e originalidade, guiado por normas e regulamentações.
No mundo contemporâneo, todas as instituições se tornam empresas, com
padrões sofisticados e previsíveis, com planejamento e metas. Há um preço a ser
pago: a perda da autonomia e a criatividade dos indivíduos.
Concluindo, Weber prioriza o papel dos atores e as suas ações individuais. A
sociedade deve ser entendida a partir desse conjunto de interações sociais.
Fontes:
Bibliográfica:
COSTA, Cristina. Introdução à ciência da Sociologia. São Paulo: Moderna, 2013;
Outras fontes:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx>. Acesso: 02/03/2013.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Durkheim>. Acesso: 02/03/2013.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber>. Acesso: 02/03/2013
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