Prevenção de Acidentes Hospitalares Profª Emanuelle Ferreira de Souza A SAÚDE DO TRABALHADOR DE SAÚDE Existem nos estabelecimentos de saúde riscos constantes de doenças e acidentes que afetam médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, dentistas, laboratoristas, técnicos e auxiliares de diversas áreas, e outros trabalhadores da área da saúde e até os pacientes. SÃO RISCOS: ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS FÍSICOS QUÍMICOS DE ACIDENTES BIOLÓGICOS MECÂNICOS Fontes de contágio de doenças infecciosas no ambiente hospitalar – Sangue humano – Secreções corporais – Materiais pérfurocortantes contaminados Risco de aquisição de infecções após exposição a materiais biológicos • HIV: Risco de soroconversão: –exposição percutânea - 0,3% –exposição de pele e mucosas, menor que 0,09% • HEPATITE B: Risco de transmissão de 1 a 37% • HEPATITE C: Risco de transmissão de 0 a 7% Fatores de risco para exposição a materiais biológicos • Setores de risco – – • Procedimentos de risco – – • Unidades de terapia intensiva Serviços de urgência Procedimentos invasivos Cirurgias de grande porte Profissional X Risco – Susceptível à infecção – Fonte de infecção Medidas de Biossegurança • Profilaxia pré-exposição • Precauções na assistência • Profilaxia pós-exposição Precauções na assistência • Precauções Padrão – Assistência a todos os pacientes – Não relacionadas ao diagnóstico do paciente – Lavagem das mãos: Antes e após contato com qualquer paciente ou qualquer material biológico Precauções na assistência • Precauções Padrão – Uso de luvas: Risco de contato com sangue, secreções mucosas ou pele não integra - Uso de capotes, máscaras, gorros e óculos para realização de procedimentos Prevenção de acidentes com materiais pérfuro-cortantes Máxima atenção durante realização de procedimentos • Nunca reencapar agulhas • Desprezar corretamente os materiais após o uso. Condutas após-exposição ocupacional a materiais biológicos Cuidados locais imediatos • Exames do paciente – fonte e do acidentado • Medidas de quimioprofilaxia: HIV, Hepatites • Acompanhamento sorológico: HIV e Hepatites Cuidados locais imediatos após exposição a materiais biológicos • Pele Lavar com água e sabão durante 5 minutos, secar e aplicar álcool a 70% • Mucosas Lavar abundantemente com água ou soro fisiológico durante 5 minutos • Lesão pérfuro-cortante Deixar sangrar alguns segundos Lavar com água e sabão por 5 minutos Fatores de risco associados à aquisição de HIV após exposição acidental Estudo caso-controle, retrospectivo Fatores de risco – sangue visível na agulha – agulha retirada diretamente de veia ou artéria – lesão profunda – paciente terminal: carga viral elevada – ausência de profilaxia com AZT (proteção ≈ 81%) Exames laboratoriais após exposição a materiais biológicos • Sorologias : Paciente – fonte – anti-HIV Elisa e Teste rápido, HbsAg, anti-HVC • Sorologias : Acidentado – anti-HIV Elisa, anti-HBs, – Se anti-HBs negativo: HBsAg, antiHBc, anti-HCV Quimioprofilaxia após exposição ocupacional ao HIV • 1as recomendações: junho/1996 – Uso de AZT, 3TC e/ou IDV MMWR 1996:45:468472 • Questões polêmicas: – Fonte com sorologia anti-HIV desconhecida – Paciente com HIV resistente – Drogas novas – Grávidas (Efavirenz contra-indicado) • Novas recomendações: junho/2001 e 2004 – Considera exposição X Status para HIV Quimioprofilaxia após exposição ocupacional ao HIV • Início: precoce - até 2 horas Redução soroconversão em 80% • Duração relacionada ao paciente fonte: –HIV negativo: Suspender medicação –HIV positivo: 4 semanas –Fonte com estado viral desconhecido e de risco: 4 semanas Hepatite B Recomendações CDC-2001 e MS-2004 Vacinação – Ideal: Prevenção pré-exposição – Vacinação completa Nenhuma medida adicional – Não vacinado Iniciar vacinação e medidas específicas – Esquema incompleto de vacinação Completar esquema e medidas específicas Hepatite B Funcionári o exposto Não vacinado Vacinado com resposta Vacinado sem resposta Fonte HBsAg+ Fonte HBsAg- Fonte desconhecida ou não testada HBIG e iniciar vacinação Iniciar vacinação Iniciar vacinação Sem terapia Sem terapia Sem terapia HBIG e reiniciar vacinação Reiniciar vacinação Testar para antiHBs: Resposta Se adequada, sem desconhe terapia; cida Se inadequada, HBIG e vacina Se alto risco, tratar como HBsAg+ Testar para Testar para antianti-HBs: HBs: Se adequada, Se adequada, sem sem terapia; terapia; Se Se inadequada e inadequada, alto risco, HBIG e vacina vacina Hepatite B • Profissionais – Não vacinados – Vacinação incompleta – Não responsivos à vacina Virus – Hepatite B Hepatite C • Não existe intervenção específica para prevenção da transmissão do vírus da Hepatite C • A única medida eficaz é a prevenção da • ocorrência do • acidente Virus – Hepatite C Acompanhamento após exposição ocupacional a materiais biológicos • Sorológico – Fonte com exames positivos – Imediato, após 6 e 12 semanas e após 6 meses • Prevenção da transmissão secundária – Sexo seguro até 6 meses após acidente e para sempre! • Psicológico Desafios na abordagem à exposição ocupacional a Material Biológico –Reconhecer a importância dos acidentes com exposição a fluidos biológicos –Reduzir subnotificação dos acidentes –Desburocratizar atendimento –Racionalizar profilaxia –Realizar trabalhos em prevenção • Descarte adequado de materias pérfurocortantes • Programas de prevenção • Estabelecimento de parcerias Equipamento de Proteção Individual Área da Saúde: • Os profissionais devem evitar contato direto com matéria orgânica. • O uso de barreiras protetoras é extremamente eficiente na redução do contato com sangue e secreções orgânicas. • Dessa forma, a utilização do equipamento de proteção individual torna-se obrigatória em determinados atendimentos. Área da Saúde: Luvas: Devem ser usadas para prevenir contato da pele das mãos com sangue, secreções ou mucosas, durante a prestação de cuidados; Para manipular instrumentos e superfícies. 1 par de luvas exclusivo para cada paciente, descartando-as após o atendimento. O mercado dispõe de diversos tipos de luvas para cada paciente, segundo as finalidades de uso: Luvas Luvas descartáveis de vinil ou látex para procedimentos: – As de vinil não oferecem boa adaptação, e servem para a realização de procedimentos como exame clínico, remoção de sutura; e como sobre luva; as de látex oferecem boa adaptação, e são usadas em procedimentos clínicos. Luvas cirúrgicas estéreis descartáveis: –Confeccionadas com látex de melhor qualidade, oferecem melhor adaptabilidade; seu uso é indicado em procedimentos cirúrgicos. Luvas Luvas para limpeza geral: •São de borracha grossa, utilizadas para serviços de limpeza e descontaminação de instrumentos, equipamentos e superfícies; •São reutilizáveis, se não estiverem furadas ou rasgadas; •Devem ser descontaminadas após o uso. Máscaras A máscara deve ser escolhida de modo a permitir proteção adequada. Portanto, use apenas máscara de tripla proteção. E quando de atendimento de pacientes com infecção ativa, particularmente tuberculose, use máscaras especiais. Protetores Oculares • Têm por finalidade proteger a mucosa ocular de contaminações e acidente ocupacional. • Os protetores oculares mais indicados possuem vedação periférica e melhor adaptação ao rosto. Os óculos comuns não oferecem proteção adequada. Protetores Oculares • Após o uso, os protetores oculares devem ser descontaminados. • Se possível, os protetores oculares também devem ser fornecidos aos pacientes, pois alguns procedimentos constitui riscos de contaminação. • Na falta de protetores, uma alternativa é recomendar que o paciente permaneça com seus olhos fechados. Avental • O avental deve ser usado sempre. A roupa branca (uniforme) não o substitui. • Não use as roupas comuns durante o atendimento, pois elas ficarão contaminadas, tornando-se fontes de infecção para o profissional, sua equipe e seus familiares. • O avental deve ter colarinho alto e mangas longas, podendo ser de pano ou descartável. Gorro • Proporciona uma barreira efetiva para o profissional, sua equipe e paciente. • Protege contra gotículas de saliva, aerossóis e sangue contaminados. Curiosidades sobre a re-utilização de materiais descartáveis RE-PROCESSAMENTO DE PRODUTOS DE USO ÚNICO PORTARIA Nº 04, DE 07 DE FEVEREIRO DE 1986 PORTARIA Nº 04, DE 07 DE FEVEREIRO DE 1986 A DIRETORA DA DIVISÃO NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE MEDICAMENTOS que os procedimentos utilizados DIMED, no uso de suas atribuições legais, considerando: para reprocessamento de que a reutilização de produtos médicos-hospitalares descartáveis tem sido uma prática descartáveis não estão largamente encontrada nos serviços de saúde do país e do exterior, com implicações tanto de ordem técnica quanto de ordem ética, legal e econômica; que os procedimentos utilizados normalizados nem adequadamente para reprocessamento de descartáveis não estão normalizados nem adequadamente avaliados quanto à segurança e, a avaliados quanto à segurança e, a par disso, apresentam riscos ocupacionais sérios; .......... par disso, apresentam riscos Entende-se por riscos reais ou potenciais à saúde do usuário aqueles que decorrem de: a) transmissão de agentes infecciosos; ocupacionais sérios; .... b) toxicidade decorrente de resíduos de produto ou substância empregados nos usos antecedentes ou no reprocessamento, e de alterações físico-químicas do material com que é fabricado o correlato, em decorrência ou dos usos prévios ou do reprocessamento; c) alterações das características físicas, químicas e biológicas originais do produto ou de sua funcionalidade em decorrência da fadiga, dos usos prévios ou de reprocessamento, com implicações para o uso seguro e satisfatório para o qual o produto foi fabricado, resolve: II - Enquadrar na definição de artigo médico-hospitalar de uso único os seguintes correlatos: II - USO ÚNICO •agulhas comcom componentes plásticos (inclusive cânulas para fístula); •agulhas componentes plásticos (inclusive cânulas para fístula); •escalpes; •escalpes; •bisturis descartáveis e lâminas; •bisturis descartáveis e lâminas; •cateteres para punção venosa; •cateteres para punção venosa; •equipos para administração de soluções endovenosas, sangue, •equipos para administração de soluções endovenosas, e, sangue, plasma e nutrição parenteral, bolsas de sangue; plasma e nutrição parenteral, bolsas de sangue; •seringas plásticas; •seringas plásticas; •sondas uretrais simples, de aspiração e gástricas; •sondas uretrais simples, de aspiração e gástricas; •coletores de urina de drenagem aberta; III - Proibir que os artigos médico-hospitalares de uso único, relacionados no item anterior, sejam reprocessados em todo território nacional, em qualquer circunstância e em qualquer tipo de serviço de saúde, público ou privado. •coletores de urina drenagem aberta; •dreno de Penrose e de de Kehr; •dreno de de diálise Penrose e de Kehr; •cateteres peritoneal. III -•cateteres Proibir quede osdiálise artigosperitoneal. médico-hospitalares de uso único, relacionados no item anterior, sejam reprocessados em todo território nacional, em qualquer circunstância e em qualquer tipo de serviço de saúde, público ou privado. IV - É obrigatório o registro na DIMED de todos os artigos médicos-hospitalares de uso único. V - Todo artigo médico-hospitalar de uso único deve conter em rótulo, além do disposto no Decreto nº 79.094/77, em destaque, a expressão "artigo médico-hospitalar de uso unico". PORTARIA DIMED N° 08, DE 8 DE JULHO DE 1988 RESOLVE: I - Autorizar a execução, por empresas privadas submetidas regime de vigilância sanitária instituído pela Lei N° 6.360/76, de serviços de reesterilização e reprocessamento de artigos médicohospitalares descartáveis, com exceção daqueles de uso único cujo reprocessamento é vedado. II - Os artigos médico-hospitalares de uso único, quando ainda não utilizados, poderão ser submetidos à reesterilização nos seguintes casos: a) Vencimento do prazo de validade da esterilização inicial: b) Outras situações nas quais não haja segurança quanto ao processo ou resultado da esterilização; III - É vedada, as empresas a que se refere o item I desta portaria a comercialização dos artigos médico-hospitalares reprocessados ou re-esterilizados.