UFPB-PRAC X Encontro de Extensão 3CCJDDPPEX01 A FUNÇÃO SOCIAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL NA PARAÍBA: NOVO PARADIGMA DE JUSTIÇA Juliana de Souza Guimarães (1); André Gomes de Sousa Alves (2); Bruna Borba (2); Illo Henrique (2); Rogério de Meneses Fialho Moreira (3). Centro de Ciências Jurídicas/Departamento de Direito Privado/PROBEX RESUMO O presente projeto de extensão universitária, insculpido sob o título “A Função Social do Juizado Especial Federal da Paraíba: novo paradigma de justiça” insere-se na ordem de objetivar uma melhor democratização do acesso à justiça às pessoas que, por causas outras, não têm informações mínimas de seus direitos. Neste sentido, desenvolvido junto ao JEF-PB e as comunidades de menor respaldo econômico-social com o auxílio de extensionistas cujas funções foram desde a atualização da cartilha à ministração de palestras. Pôde-se perceber que as atividades foram além do esperado; debates, entrevistas e acompanhamento de casos de natureza de previdência social permearam e alargaram o escopo do projeto. Por conseqüência, o aumento de litigantes que se observou nestes últimos tempos já preenche as respostas concernentes à satisfação obtida com o mesmo, o que, via de regra, implica um maior amadurecimento das populações menos favorecidas e dos estudantes envolvidos. Palavras-chave: Direitos Humanos; Acesso à justiça; Juizado Especial Federal da Paraíba. INTRODUÇÃO De mãos da experiência de anos de atividade jurisdicional, o projeto aqui em pauta inserese na percepção do Juiz Federal e Professor da UFPB, Rogério de Meneses Fialho Moreira, em relação a dois pontos principais. Primeiramente, a notória falta de conhecimento de pessoas que, embora necessitando de uma providência urgente no tocante à situação social em que se encontram, não sabem nem mesmo da existência de mecanismos constitucionais que possibilitam o apaziguamento desta. Outrossim, a necessidade de despertar no meio acadêmico discente o senso de auxílio ao exercício efetivo da cidadania pelas pessoas supramencionadas foi o outro objetivo premente. Destinado a dar um maior apoio aos meios de subsistência básicos do indivíduo mais necessitado, este projeto também assegurou a diminuição das desigualdades sociais, uma vez que, como mecanismo de proteção social contra a desinformação jurídica e o desrespeito à dignidade humana, possibilitou uma maior tranqüilidade de vida àqueles que não possam prover suas necessidades básicas e de seus familiares, por seus próprios meios. Neste norte, os extensionistas propuseram-se a tornar real, efetivo e eficaz o objetivo de criação do JEF-PB, qual seja a agilidade nos processos de menor complexidade ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ (1) Bolsista, (2) Voluntário/colaborador, (3) Orientador/Coordenador, (4) Prof. colaborador, (5) Técnico colaborador. UFPB-PRAC X Encontro de Extensão previdenciária, o que, por conseguinte, implica como público-alvo aqueles que tendem a procurar como benefícios ou serviços a aposentadoria por invalidez, idade, tempo de contribuição ou especial; salários maternidade e família; auxílios doença, reclusão e acidente; pensão por morte; e amparo social. Noutro compasso, resta-se imperioso afirmar que o projeto também contribuiu para fortalecer o juizado em apreço, haja vista que, com uma maior demanda de litigantes, agora até mesmo mais informados, conseguiu-se, através de questionários respondidos pela população que necessita do amparo da seguridade social, sugestões e críticas que, já postas em prática, viabilizaram um melhor funcionamento desta justiça. Não há dúvidas também que, se outrora havia por parte das pessoas um receio quanto a procurar a justiça, o trabalho vem atingindo tamanha satisfação que, notoriamente se percebe uma maior segurança daqueles que, a despeito de sua carência econômico-social, mostram-se muito mais sapientes no que tange ao pleno exercício dos seus direitos. Ademais, a cartilha elaborada no período anterior foi modificada, uma vez que os vícios de linguagem jurídica que nela existiam, tiveram de ser totalmente retirados, alcançando um diálogo textual mais acessível e popular. Como se observa, o projeto foi além de seus objetivos extensionistas, unindo-se ensino, pesquisa e extensão num único trabalho. Os alunos, por sua vez, puderam libertar-se da burocrática sala universitária, conseguindo, através do convívio social-profissional, um maior senso crítico e intelectual do sistema brasileiro de efetivação dos direitos humanos no que tange ao acesso à justiça! DESCRIÇÃO METODOLÓGICA O projeto desenvolve-se tendo como área de atuação o Juizado Especial Federal da Paraíba, além de comunidades de baixa renda da capital e do interior do Estado. Inicialmente, optamos por um estudo acerca do JEF-PB e dos problemas que enfrentavam as pessoas que se encaminhavam a esta instituição. A partir daí, percebemos que em grande parte são pessoas de origem rural e humilde, desamparadas, sem informação e por vezes, mal orientadas. Tais dados nos levaram a agir no sentido de promover o conhecimento de seus direitos e prestar um atendimento jurídico, em busca de alcançar a justiça e igualdade social. Decorrentes deste trabalho são realizadas estatísticas relacionadas ao número de atendimentos realizados no Juizado, os principais motivos de indeferimento, os benefícios mais pedidos e conciliações efetivadas através de um levantamento de dados a fim de conhecer o perfil daqueles que recorrem ao JEF para podermos melhor direcionar as nossas atividades e quais as mudanças que se fazem necessárias. UFPB-PRAC X Encontro de Extensão Foram elaborados questionários para facilitar o recolhimento das informações em relação ao acompanhamento de casos e ao impacto virtual, bem como a realização de entrevistas para substanciar as informações recolhidas ao longo do projeto. RESULTADOS O projeto caminha contribuindo com grande êxito para a transmissão de informações sólidas acerca dos direitos à população. Além de contribuir para a melhoria significativa do funcionamento, agilidade e organização do Juizado Especial Federal da Paraíba. É nessa instituição que os extensionistas presenciam o início dos processos, assistem as audiências de conciliação, instrução e julgamento, prestando atendimento às pessoas carentes e acompanhando os casos. Essa tarefa dos extensionistas em conjunto com o Juizado, facilita o acesso da população a tal órgão, e ainda colabora para seu aperfeiçoamento e eficiência. Entende-se necessário analisar o trabalho do Juizado Especial Federal na Paraíba e verificar se seus requisitos essenciais, tais como celeridade e eficiência, estão sendo cumpridos, bem como a contribuição da virtualização em todo esse processo. Durante a vigência deste projeto, os extensionistas tiveram a oportunidade de aprender muito sobre o Juizado Especial Federal e, sobretudo, de transformar esse conhecimento em prática, a fim de ajudar a justiça de alguma forma, seja em sua estrutura física ou fora dela. Não se diferenciando dos demais projetos de extensão, o presente projeto foi desenvolvido, de maneira geral, em duas etapas: pesquisa e prática de ações junto ao JEF e à comunidade. Na parte intelectual do trabalho, referente ao conhecimento e apreensão da matéria, coube aos alunos o dever de estudar e pesquisar sobre os benefícios previdenciários e, a partir daí, discutir um por um, detalhadamente, com suas propriedades e características, debatendo sua função no âmbito da esfera jurídica e social para a elaboração da nova cartilha educativa sobre os benefícios da previdência social e sobre o trabalho do JEF/PB. Dentre essas pesquisas sobre o Direito Previdenciário, coube também estudar e conhecer a fundo a Legislação Previdenciária (Lei nº 8.213, de 1991 e Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999), que fundamentou toda a parte doutrinária. O estudo da legislação trouxe mais embasamento por ocasião das explanações acerca dos benefícios. Em seguida foram realizadas entrevistas com os profissionais que atuam no Juizado, muito contribuindo para a compreensão dos extensionistas sobre o funcionamento da instituição. A parte prática do projeto foi desenvolvida nas instalações do Juizado Especial Federal, através da prestação de auxílio às pessoas que se dirigiam ao mesmo no intuito de UFPB-PRAC X Encontro de Extensão ajuizar ações previdenciárias e acompanhar processos já instaurados. Dentro do Juizado, vivenciou-se a real função do projeto, analisando o funcionamento e a organização do JEF/PB. Ao mesmo tempo em que foi realizado um trabalho de apoio ao Juizado, realizaram-se visitas a Sindicatos de Trabalhadores Rurais e Agências do INSS da Capital. Nas ocasiões das visitas, os alunos colheram informações importantes, como número de atendimentos, principais motivos de indeferimentos administrativos e benefícios mais requeridos. Paralelamente, os extensionistas analisaram as condições de atendimento e relacionamento dos funcionários da autarquia com a população demandante. A Cartilha elaborada pelo grupo também foi uma grande conquista, atualizada e ampliada, e com linguagem cada vez mais simples, facilitou ao grupo repassar as informações às comunidades acerca dos benefícios previdenciários, aumentando ainda mais o alcance do projeto. A cartilha inicia-se com a explanação sobre conceitos básicos da previdência social e como se deve proceder para obtenção dos benefícios previdenciários. Posteriormente, a cartilha trata dos benefícios referentes ao amparo social, pensão por morte,salário-família, salário-maternidade, auxílio-acidente, auxílio-reclusão, auxílio-doença, aposentadoria por idade e aposentadoria por invalidez. O público-alvo é orientado sobre os requisitos exigidos para obtenção dos benefícios, sobre quem poderia requerê-los e quais os documentos exigidos em cada hipótese. Procuramos ainda ampliar a divulgação do projeto e, para tanto, pedimos ajuda a um professor da área de comunicação. A intenção foi de elaborarmos um vídeo e também um programa de rádio. A idéia do vídeo e do programa de rádio foi facilitar a difusão e entendimento dos assuntos abordados pela população – visto que grande parte do público não sabe ler. Apesar da grande abrangência deste trabalho, os custos referentes à sua viabilização são de pequenas proporções. As despesas basicamente se restringem ao material utilizado para a coleta de dados e elaboração de relatórios, a serem fornecidos pela UFPB. No que se refere ao transporte do grupo de trabalho a comunidades de baixa renda e cidades interioranas, para divulgação do JEF/PB, conta-se com o apoio da própria Universidade Federal da Paraíba, bem como da Justiça Federal. O número de pessoas beneficiadas com o projeto em seus poucos anos de existência já ultrapassou a faixa de 20. 000 (vinte mil) pessoas, seja direta ou indiretamente, bem como beneficiando com o aperfeiçoamento dos trabalhos no Juizado Especial Federal. CONCLUSÃO Nosso projeto, a partir do trabalho realizado junto ao Juizado Especial Federal da Paraíba e à Universidade Federal da Paraíba, vem conseguindo paulatinamente promover a cidadania e a coesão social. Com o intuito de formar uma sociedade mais justa e melhorar a UFPB-PRAC X Encontro de Extensão qualidade do nosso sistema jurídico, os alunos extensionistas se empenham para resolver os problemas jurídicos que surgem e prestar informações adequadas. As atividades desenvolvidas pelo Projeto funcionaram como via de acesso das classes necessitadas à efetiva prestação jurisdicional, possibilitando uma concretização dos ideais de justiça na sociedade, a partir da garantia do livre acesso ao Poder Judiciário de inúmeras pessoas. Desenvolveu-se, portanto, estudo aprofundado da Instituição, verificando seu funcionamento e organização, a fim de se constatar os possíveis erros e prestar alguma contribuição no sentido de agilizar o atendimento ao público e conferir maior eficiência à tutela jurisdicional. O campo de pesquisa foi Juizado Especial Federal na Paraíba, no qual acompanharam-se atendimentos, conciliações e sentenças realizadas no Juizado, bem como se participou das atividades dos próprios funcionários, verificando, desta forma, o trabalho realizado pelo Juizado e contribuindo com o seu aperfeiçoamento. A pesquisa realizada pelos extensionistas, seja doutrinária ou legal, em torno do Juizado Especial Federal e dos benefícios previdenciários, com respaldo em todas as demais atividades realizadas, foram sintetizadas em uma Cartilha, agora com uma linguagem mais acessível, esclarecedora do funcionamento do Juizado Especial, sobre como e quando a ele recorrer para a efetivação de direitos previdenciários não respeitados e sobre benefícios previdenciários, no que refere-se às hipóteses em que a eles se tem direito e como se deve proceder para pleiteá-los. A cartilha contém informações importantes para aqueles titulares de direitos no âmbito do direito previdenciário, numa linguagem acessível às pessoas que mais necessitam de suas informações, pessoas de baixa renda e pouca instrução, público este, amplamente assistido pelo Projeto. No âmbito do Poder Judiciário, o Juizado Especial Federal/PB revelou-se um exemplo de instrumento hábil à concretização dos ideais de justiça na sociedade, de modo que a nossa participação no efetivo exercício da sua função social representou uma experiência de frutos duradouros na nossa formação acadêmica e cidadã. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n.º 10.259, de 12 de julho de 2001. Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal. Presidência da República, Brasília, DF. BRASIL. Lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, DF. BRASIL. Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, DF. UFPB-PRAC X Encontro de Extensão CARREIRA ALVIM, J. E. Juizados Especiais Federais. Informativo Incijur, Joinville, SC, ano 1, nº08, 2000. CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e Prática dos Juizados Especiais Cíveis. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. _______. Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. _______. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. JUNIOR, Francisco Luiz Macedo e ANDRADE, Antônio Marcelo Rogoski. Manual de Conciliação. Aspectos jurídicos e aspectos psicológicos. Curitiba: Juruá, 2001. KERTZMAN, Ivan. Curso prático de Direito Previdenciário. Salvador: PODIVM, 2007. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. Tomo II. Previdência Social. São Paulo: Editora LTR, 1998. MENDES, G. F. 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