Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí 22 a 26 de Outubro de 2013 Naviraí/MS - Brasil www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 1 A Jornada Científica da UEMS/Naviraí: Histórico e Perspectivas Bárbara E. Bagnara1, Sônia A. Lima, Alberto A. Cavalheiro2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Difusão científica, Ensino, Pesquisa, Extensão. INTRODUÇÃO A análise e o planejamento da informação em bibliotecas, bancos de dados, centros de documentação, sistemas de informação e sites, implementação, organização e a administração, entre outros deve ser sistematizada para que seu uso e disseminação dêem suporte para os serviços e produção acadêmica e profissional (DA SILVA, 2006). A popularização da ciência só é instrumento para ajudar a melhorar a vida das pessoas e promover o desenvolvimento econômico e social sustentável se tornar disponíveis os conhecimentos e tecnologias originais. Tais ações podem ter ainda um importante papel de apoio às atividades escolares, pois servem de contextualização dos conteúdos didáticos (DESTÁCIO, 2013). Enquanto a Disseminação Científica deve ser vista pelo seu caráter complementar ao ensino formal e tem significado próprio ao ser dirigida a um público interessado em aplicá-la, a Divulgação Científica tem sentido mais amplo e pode ser dirigida àqueles que já passaram (ou não) pelos bancos escolares. A Divulgação Científica pode ser usada como uma propaganda para atrair a atenção daqueles interessados em acessar o conteúdo da Disseminação Científica. As revistas de divulgação científica são conhecidas do público escolar ou dos amantes do saber científico, que as lêem a título de curiosidade, para trabalhos escolares ou para ganho de cultura. Por isso, suas edições são voltadas para o público não especializado, mas tem importância impar no desenvolvimento científico (CORACINI, 1991). As informações contidas nas revistas de divulgação têm pouco impacto no desenrolar da ciência em universidades e centros de pesquisas, servindo de vitrine ou satisfação para a sociedade dos recursos aplicados em Ciência e Tecnologia. Por outro lado, as revistas Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Bárbara E. Bagnara, Sônia A. Lima, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 1-4. 2 científicas têm pouca difusão para pessoas fora dos muros das instituições de ensino e pesquisa, mas dão sustentação para o próprio fazer científico, desde o renascimento no século XIV. Neste trabalho, abordou-se o histórico de um evento de encontro acadêmico pensado para gerar disseminação científica: a Jornada Científica da UEMS/Naviraí (JCN, 2013). MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado com base nos arquivos das duas primeiras edições da Jornada Científica da UEMS/Naviraí e consulta dos trabalhos submetidos a esta 3ª edição junto ao Comitê Científico da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí. O número de trabalhos, divididos por área acadêmica e campo de pesquisa foi compilado para mostrar o histórico do evento e como se dá a divulgação científica associada ao evento. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 observa-se a compilação dos dados das três edições da Jornada Científica da UEMS/Naviraí. No gráfico 1.a observa-se a evolução na proporção de trabalhos por área acadêmica e é nítida a predominância da área da pesquisa como geradora de conhecimento. Entretanto, é importante que as áreas de ensino e extensão estejam presentes no evento para dar identidade ao saber acadêmico como meio de suprir as necessidades da sociedade. No gráfico 1.b. observa-se a evolução na proporção de trabalhos por campo de pesquisa. Esta informação também mostra que há uma tendência de equilíbrio entre os campos de pesquisas, com destaque para a área de Tecnologia em Alimentos, iniciada em 2012, com formação da primeira turma do curso. Os livros de resumo fazem parte da atividade de disseminação científica, mas a divulgação associada a ela se faz de duas maneiras. A primeira delas é criação e disseminação de logotipo, como forma de estabelecer uma identidade com o evento e contribuir para tornar a Jornada Científica da UEMS/Naviraí tradicional (Figura 2). A segunda maneira é pela manutenção dos informes dos eventos, como cronograma de apresentação, premiação de trabalhos e imagens das apresentações compondo uma página na Internet (Figura 3), onde os resumos são acessados diretamente clicando sobre a foto da apresentação. Um trabalho em específico pode ser acessado também pela página do cronograma de apresentações ou em um conjunto, através livro de resumos disponibilizado para download. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Bárbara E. Bagnara, Sônia A. Lima, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 1-4. 3 a) b) Figura 1. Evolução na proporção de trabalhos por área acadêmica (a) e Evolução na proporção de trabalhos por campo de pesquisa (b). a) b) c) Figura 2. Seqüência de logotipos da Jornada Científica da UEMS/Naviraí de 2001 a 2013. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Bárbara E. Bagnara, Sônia A. Lima, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 1-4. 4 Figura 3. Captura de tela da página de fotos da 2ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí, criada para fazer associação por links com os arquivos PDF dos resumos. CONCLUSÕES As três primeiras edições da Jornada Científica da UEMS/Naviraí acumulam 90 trabalhos inéditos na forma de resumos, relacionados ao Ensino, Pesquisa e Extensão desenvolvidos não somente na Unidade de Naviraí, por alunos de graduação e pós-graduação. Como pensado e implementado, no ano de 2011, a Jornada Científica da UEMS/Naviraí exibe uma trajetória inicial dentro do esperado sob a óptica da infra-estrutura da Unidade e do corpo docente dos cursos de Química e Tecnologia em Alimentos. O contínuo crescimento do evento depende, em parte, de como serão estruturadas as próximas edições, com a abertura maior para outras unidades da UEMS e outras universidades do estado de MS. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Capes, pela bolsa PIBEX, a PROEC/UEMS, a Gerência da Unidade de Naviraí e ao Comitê Científico da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí. REFERÊNCIAS CORACINI, M. J. Um fazer persuasivo: o discurso subjetivo da ciência. São Paulo. EDUC. Campinas, SP. Pontes, 1991. 216 p. DA SILVA, H. C. Dezembro de 2006. Ciência e Ensino. O que é Divulgação Científica? v.1, n.1, p. 53-59. DESTÁCIO, M. C. Divulgação Científica e Comunicação: Pode Haver uma sem a Outra? Disponível em: http://www.leituraeescritura.com/revista/le_02b.htm. Acessado em 26/08/2013. JCN - Jornada Científica da UEMS/Naviraí – Disponível em: www.uems.br/navirai. Acessado em 18/10/2013. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 5 Assepsia e Higienização de Frutas e Subprodutos para Agroindustrialização Carlos H. K. Santos1, Michele M. Cruz, Luciana G. Santos, Ademir dos Anjos2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Fruticultura, Pequenos Agricultores, Higienização. INTRODUÇÃO A região sul do MS é muita promissora em potencial e em extensão para a produção de frutas, não somente para suprir o abastecimento Estadual, como também para auxiliar na demanda do País inteiro (RODRIGUES, 2008). Além das questões relativas ao aumento do plantio e de produtividade, isto seria possível se os problemas quanto ao manuseio das frutas e a sua derivação fossem reduzidos ou eliminados (SEBRAE, 1999; ABDI, 2008). Dessa forma, pretende-se no projeto repassar conhecimentos acerca de assepsia e higiene na manipulação e processamento de produtos frutíferos (o que inclui todos os equipamentos e materiais envolvidos) a pequenos agricultores familiares, os quais participam do projeto intitulado “Capacitação de Grupos de Produtores para o Cultivo e Agroindustrialização de Frutas (AFRUTER)”. Inserir a higienização na rotina dos pequenos produtores é de suma importância para uma boa produtividade, e poder agregar valor a matéria-prima em questão, além de evitar perda de material e tempo. (CENCI, 1997; CUNHA, 2012; KOPF, 2008). Para que o processo seja o mais eficiente possível, são necessários procedimentos adequados na colheita, seleção e manipulação das frutas, bem como assepsia das mãos e vestimentas, limpeza dos equipamentos utilizados no beneficiamento, entre outros. Recomenda-se a seleção manual das frutas, a fim de separar frutos verdes, amassados, em estado fitossanitário precário (ataques de fungos, etc.) ou mesmo qualquer outro tipo de defeito que torne as frutas inadequadas ao processamento (TOCCHINI, 1995). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Carlos H. K. Santos, Michele M. Cruz, Luciana G. Santos, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 5-8. 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Primeiramente, foram efetuados levantamentos acerca de assentamentos localizados na região sul do MS, com o cadastramento de grupos de agricultores para que posteriormente sejam realizados os treinamentos de qualificação. Também foi realizado o reconhecimento do fluxograma do laboratório de processamento de frutas, visando adequar os futuros procedimentos de higienização. Estes procedimentos foram obtidos via levantamentos bibliográficos da literatura e foram utilizados na elaboração de um manual geral simplificado contendo noções de assepsia e higienização sobre frutas e produtos derivados, o qual será empregado no treinamento aos agricultores. Os procedimentos de higienização e assepsia devem ser iniciados desde a colheita das frutas, passando pela limpeza adequada das mãos do agricultor, até uma seleção prévia das frutas, pois frutas ligeiramente deterioradas podem contaminar as demais, acelerando sua decomposição. Para que isto seja realizado, em uma reunião com os agricultores do assentamento Juncal (Figura 1), no município de Naviraí, foram repassadas algumas informações básicas acerca de procedimentos corretos de colheita, seleção e manipulação de frutas, correlacionando com os principais aspectos de higienização e assepsia. Figura 1. Palestra aos produtores do assentamento Juncal (Naviraí/MS). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Carlos H. K. Santos, Michele M. Cruz, Luciana G. Santos, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 5-8. 7 Após a colheita das frutas, cuidados também têm de ser tomados quanto ao transporte até a unidade onde ocorrerá o processamento, evitando-se choques demasiados que podem comprometer a integridade física dos produtos, o que leva a uma maior probabilidade de contaminação. Chegando a unidade de processamento, uma das primeiras etapas do processo de higienização, será a pré-lavagem em tanques (Figura 2a): primeiramente, uma lavagem mais bruta com água para retirar terra, detritos e outras sujidades mais grosseiras (frutas com cascas mais grossas, como o abacaxi, podem ser lavadas com detergente neutro e biodegradável e com água corrente); posteriormente, em outro tanque uma lavagem com aplicação de água clorada, com um teor de cloro livre da ordem de 5-10 ppm para desinfecção do material que vai ser processado. Essa operação é citada na literatura como sendo uma das mais importantes no processamento de frutas, como por exemplo, da polpa da goiaba, pois consegue-se reduzir a carga bacteriana em até 96% (TOCCHINI, 1995). Na etapa seguinte, após o descascamento das frutas, as mesmas serão encaminhadas para uma mesa de aspersão (Figura 2b), onde serão novamente lavadas com spray de água em um sistema de chuveiros. Deve se salientar que todos os utensílios e equipamentos utilizados no processamento são todos de aço inoxidável, para facilitar os constantes procedimentos de limpeza. Antes e após cada etapa é realizada uma limpeza detalhada em cada um desses utensílios e equipamentos. Posteriormente aos processos de seleção e lavagem, as frutas passam pelas etapas de descascamento, desintegração, despolpamento e conservação. Em todas estas etapas também são necessários cuidados rigorosos quanto a higienização. A conservação da polpa é comumente feita por um (ou mais) de quatro tipos de processos: enchimento a quente, por meio de conservantes químicos, assepticamente e por congelamento (TOCCHINI, 1995). a) b) Figura 2. (a) Sistema de tanques de pré-lavagem e lavagem com água clorada; (b) mesa de aspersão para lavagem complementar. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Carlos H. K. Santos, Michele M. Cruz, Luciana G. Santos, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 5-8. 8 CONCLUSÕES O processamento de frutas tem como objetivo a obtenção de produtos com melhor qualidade nutricional, sensorial e funcional. O processo consiste em submeter os produtos frutíferos a uma ou mais alterações físicas, visando basicamente estender a vida útil dos alimentos, o que depende de alguns fatores, como escolha da matéria-prima e cuidados de higiene. A questão da assepsia e higienização do local e da equipe de trabalho, além de evitar a proliferação de microorganismos, também agrega valor ao produto final. Dessa forma, neste trabalho foram repassados conhecimentos acerca de assepsia e higiene na manipulação e processamento de produtos frutíferos a pequenos agricultores familiares. AGRADECIMENTOS Agradecimentos a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC), Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (FUNDECT), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e aos colegas do curso de Tecnologia em Alimentos da UEMS/Naviraí. REFERÊNCIAS ABDI. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Frutas Processadas. Relatório de Acompanhamento Setorial. Campinas: ABDI/Unicamp, vol. 1, julho de 2008. CENCI, S. A; SOARES, A. G.; FREIRE JUNIOR, M. Manual de perdas pós-colheita em frutos e hortaliças. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CTAA, 29p. 1997. CUNHA, J. S.; CONCEIÇÃO, V. et al. Cadernos de Agroecologia. 2012. KOPF, C. Técnicas de processamento de frutas para agricultura familiar. Guarapuava, 2008. RODRIGUES, E. T. Recomendações para o Cultivo de Frutas Tropicais no Estado de Mato Grosso do Sul. Dourados: Editora UEMS, 122p. 2008. SEBRAE. SEBRAE-ES. Unidade Produtora de Polpa de Frutas. Série Perfil de Projetos. Vitória: SEBRAE. Dezembro de 1999. TOCCHINI, R. P.; NISIDA, A. L. A. C.; De MARTIN, Z. J. Manual: Industrialização de Polpas, Sucos e Néctares de Frutas. Campinas: Centro de Informação em Alimentos/ITAL, 85 p., 1995. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 9 Projeto Afruter: Aspectos Nutricionais e de Conservação das Frutas Utilizadas Luciana G. Santos1, Carlos H. K. Santos, Michele M. Cruz, Ademir dos Anjos2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Frutas e Derivados, Agricultura Familiar, Nutrição, Conservação. INTRODUÇÃO Nossa horticultura diversificada faz com que o Brasil seja líder na produção e exportação de frutas, sucos de frutas e outros produtos derivados de frutas e hortaliças. A valorização desse setor a nível internacional tem proporcionado à agroindústria de frutas e hortaliças uma busca interessante para a obtenção de produtos com melhor qualidade nutricional, sensorial e funcional (SEBRAE, 1999; ABDI, 2008, KOPF, 2008). Nos últimos anos, os consumidores estão mais preocupados quanto à escolha dos alimentos e como as frutas e hortaliças são fundamentais na dieta alimentar, o que fez com que o consumo desses tipos de gêneros alimentícios tenha sido incrementado. Após serem processados, os produtos frutíferos devem apresentar atributos de qualidade, mantendo o máximo de suas características nutritivas e sensoriais, como o frescor, aroma, cor e sabor. Neste contexto, quanto mais informações forem obtidas acerca da constituição nutricional das frutas e quais os critérios para sua adequada conservação, facilitam em muito a operacionalidade do processo, bem como o resultado final (CENCI, 1997; CUNHA, 2012). Dessa forma, a proposta visa a partir de uma ampla revisão da literatura sobre as características nutricionais das frutas e seus derivados, bem como dos principais aspectos de conservação que devem ser seguidos para esses produtos, ministrar cursos a pequenas comunidades rurais e assentamentos visando transferência de conhecimento. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Luciana G. Santos, Carlos H. K. Santos, Michele M. Cruz, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 9-12. 10 RESULTADOS E DISCUSSÃO Visando verificar quais os principais tipos de frutas que são cultivados por pequenos agricultores da região do cone-sul do Estado de Mato Grosso do Sul, foi feita uma visita ao assentamento Juncal do município de Naviraí/MS (Figura 1), aonde verificou-se que alguns produtores já fazem o plantio de goiaba e abacaxi pérola (Figura 2). Dessa forma, foi feita uma priorização na pesquisa envolvendo os aspectos nutricionais e de conservação destas frutas. Estes aspectos serão convenientemente discutidos na seqüência deste trabalho, sendo que já foram objeto de palestras para o assentamento Juncal. Posteriormente outras comunidades serão atendidas. Figura 1. Visita técnica da equipe do projeto geral Afruter ao assentamento Juncal (Naviraí/MS). Segundo Rodrigues (2008) o abacaxi pérola produz plantas eretas, com folhas longas e margeadas por espinhos com pêndulos longos. O fruto tem formato cônico com a casca amarelada, pesando entre 1 e 1,5 kg. A polpa é branca, pouco ácida, suculenta e saborosa. O abacaxi recém-colhido contém 80 a 85% de água, 12 a 15% de açúcares, 0,6% de ácidos, 0,4% de proteínas, 0,5% de cinzas, 0,1% de gordura, fibras e várias vitaminas, com destaque para a A e a C. A sacarose representa, em média, 66% dos açúcares, o que corresponde a teores de 5,9% a 12,0%, sendo muito mais importante que os açúcares redutores, glicose (1,0% a 3,2%) e frutose (0,6 a 2,3%). Ressalta-se, ainda, que o abacaxi tem alto teor de sacarose, mas conteúdo muito baixo de amido (SOUZA, 2007). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Luciana G. Santos, Carlos H. K. Santos, Michele M. Cruz, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 9-12. 11 a) b) Figura 2. Plantações no assentamento Juncal (Naviraí/MS): a) goiaba e b) abacaxi pérola Dentre as frutas tropicais, a goiaba é uma das mais apreciadas, devido ao seu sabor, aroma e elevado valor nutritivo (MATTIUZ, 2007). A fruta contém teores razoáveis de cálcio e fósforo e é rica nas vitaminas A, B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B6 (piridoxina) e C. Atualmente, a cultivar Paluma é a mais utilizada devido à dupla finalidade: mesa e indústria. O mercado externo prefere variedades com polpa branca enquanto o mercado interno prefere as variedades com polpa avermelhada (RODRIGUES, 2008). A conservação da polpa é comumente feita por um (ou mais) de quatro tipos de processos: enchimento a quente, por meio de conservantes químicos, assepticamente e por congelamento. A literatura internacional cita um tipo de conservação considerado misto, que conjuga conservante químico e resfriamento, principalmente para o caso da polpa congelada de goiaba (TOCCHINI, 1995). O uso de resfriamento é obrigatório porque, além de reduzir o crescimento microbiano diminui o metabolismo dos vegetais e as reações oxidativas decorrentes do processo, aumentando a vida útil dos produtos (MATTIUZ, 2007). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Luciana G. Santos, Carlos H. K. Santos, Michele M. Cruz, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 9-12. 12 CONCLUSÕES Através da realização de visitas técnicas a um assentamento, foram repassados conhecimentos acerca das características nutricionais das frutas e seus derivados (principalmente polpas de abacaxi e goiaba), bem como dos principais aspectos de conservação que devem ser seguidos para esses produtos.. AGRADECIMENTOS Agradecimentos a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC), Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (FUNDECT), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e aos colegas do curso de Tecnologia em Alimentos da UEMS/Naviraí. REFERÊNCIAS ABDI. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Frutas Processadas. Relatório de Acompanhamento Setorial. Campinas: ABDI/Unicamp, vol. 1, julho de 2008. CENCI, S. A; SOARES, A. G.; FREIRE JUNIOR, M. Manual de perdas pós-colheita em frutos e hortaliças. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CTAA, 29p. 1997. CUNHA, J. S.; CONCEIÇÃO, V. et al. Cadernos de Agroecologia. 2012. KOPF, C. Técnicas de processamento de frutas para agricultura familiar. Guarapuava, 2008. MATTIUZ, B-H.; DURIGAN, J. F. Capítulo 10 – Processamento Mínimo de Goiaba. In: Manual de Processamento Mínimo de Frutas e Hortaliças. MORETTI, C. L. (Editor). Brasília: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Embrapa Hortaliças/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, 527p. 2007. RODRIGUES, E. T. Recomendações para o Cultivo de Frutas Tropicais no Estado de Mato Grosso do Sul. Dourados: Editora UEMS, 122p. 2008. SEBRAE. SEBRAE-ES. Unidade Produtora de Polpa de Frutas. Série Perfil de Projetos. Vitória: SEBRAE. Dezembro de 1999. SOUZA, B. S.; DURIGAN, J. F. Capítulo 8 – Processamento Mínimo de Abacaxi. In: Manual de Processamento Mínimo de Frutas e Hortaliças. MORETTI, C. L. (Editor). Brasília: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Embrapa Hortaliças/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, 527p. 2007. TOCCHINI, R. P.; NISIDA, A. L. A. C.; De MARTIN, Z. J. Manual: Industrialização de Polpas, Sucos e Néctares de Frutas. Campinas: Centro de Informação em Alimentos/ITAL, 85 p., 1995. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 13 Automatização no Processamento de Frutas como Alternativa para a Agricultura Familiar Michele M. Cruz 1, Luciana G. Santos, Carlos H. K. Santos, Ademir dos Anjos2 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Processamento de Frutas, Agricultura Familiar, Aparelhagem. INTRODUÇÃO O cultivo de frutas é uma atividade com características diferenciadas, tais como a alta rentabilidade por unidade de área, a intensa variação estacional nos preços dos produtos, a exploração em áreas relativamente pequenas, entre outras. Estas características fazem da fruticultura uma excelente alternativa para ser adotada como atividade empresarial por pequenos agricultores sul-matogrossenses (KOPF, 2008; RODRIGUES, 2008). Apesar de ser um Estado com a economia voltada principalmente para o setor agropecuário, o Mato Grosso do Sul importa de outras unidades da Federação uma grande parte dos produtos hortifrutigranjeiros destinados ao abastecimento de sua população, encontrando-se entre os estados menos expressivos neste tipo de cultivo (CUNHA, 2012). A fruticultura produz bons rendimentos por unidade de área, sendo adequada para conferir sustentabilidade econômica em módulos rurais menores, desde que se adote um conjunto de práticas tecnológicas que resultem em produtos aceitáveis as exigências do mercado consumidor. Uma destas práticas é o processamento, o qual agrega valor e reduz o vetor da especificidade temporal dos frutos frescos que exige excelência em logística, o que é um enorme problema em MS para este tipo de atividade (ABDI, 2008; CENCI, 1997). A presente proposta objetiva qualificar pequenos produtores familiares na utilização de equipamentos empregados para o processamento de frutas, localizados no laboratório AFRUTER da Unidade Universitária de Naviraí/UEMS, promovendo troca de experiências entre os acadêmicos, que contribuem com o conhecimento técnico científico, e os agricultores, com o saber prático. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Michele M. Cruz, Luciana G. Santos, Carlos H. K. Santos, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 13-16. 14 RESULTADOS E DISCUSSÃO A primeira etapa do projeto foi auxiliar na reestruturação da montagem do fluxograma do laboratório, levando-se em consideração os novos equipamentos adquiridos (Figura 1). Nesse novo layout, o processamento consistirá em submeter os produtos frutíferos a uma ou mais alterações físicas, como lavagem, seleção, descascamento, desintegração (fatiamento ou trituramento), despolpamento, desaeração, fechamento das embalagens e, em alguns casos, a tratamentos químicos, tornando-os prontos para o consumo ou uso industrial. Após serem processados, os produtos devem apresentar atributos de qualidade, mantendo o máximo de suas características nutritivas e sensoriais, como o frescor, aroma, cor e sabor. O processo visa basicamente estender a vida útil dos alimentos, o que depende de uma série de fatores, como escolha da matéria-prima, cuidados de higiene e preparo final (ABDI, 2008). a) b) Figura 1. Equipamentos utilizados no processamento de frutas: (a) despolpadeira industrial, (b) embaladeira automática. Também foram elaborados manuais simplificados de utilização dos equipamentos, os quais estão sendo utilizados como guias rápido nos treinamentos dos produtores. Ao mesmo tempo foram efetuados levantamentos acerca de assentamentos localizados na região sul do MS, com o cadastramento de grupos de agricultores para que posteriormente sejam realizados os treinamentos nos equipamentos. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Michele M. Cruz, Luciana G. Santos, Carlos H. K. Santos, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 13-16. 15 Nesse contexto, foi realizada uma visita técnica ao um grupo de agricultores do assentamento Juncal do município de Naviraí/MS (Figura 2), visando expor os objetivos do projeto, bem como obter informações a respeito do plantio de frutas nesse assentamento, as quais poderão ser utilizadas no processamento futuro. Nesta visita, já foram repassados conhecimentos básicos acerca dos equipamentos que serão empregados no processamento das frutas, principalmente quanto a automatização dos mesmos, o que confere maior eficiência e qualidade. Figura 2. Visita da equipe Afruter com os agricultores participantes no assentamento Juncal (Naviraí/MS). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Michele M. Cruz, Luciana G. Santos, Carlos H. K. Santos, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 13-16. 16 CONCLUSÕES As atividades desenvolvidas no presente trabalho são de grande relevância no contexto da implantação de um projeto com vistas a tecnologia social aplicada a pequenos agricultores, capacitando-os no processamento de frutas através da compreensão do funcionamento de alguns equipamentos empregados para este fim. AGRADECIMENTOS Agradecimentos aos apoiadores do projeto: Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC), Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (FUNDECT), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e aos colegas do Curso de Licenciatura em Química da UEMS/Unidade de Naviraí. REFERÊNCIAS ABDI. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Frutas Processadas. Relatório de Acompanhamento Setorial. Campinas: ABDI/Unicamp, vol. 1, julho de 2008. CENCI, S. A; SOARES, A. G.; FREIRE JUNIOR, M. Manual de perdas pós-colheita em frutos e hortaliças. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CTAA, 29 p. 1997. CUNHA, J. S.; CONCEIÇÃO, V. et al. Cadernos de Agroecologia. 2012. KOPF, C. Técnicas de processamento de frutas para agricultura familiar. Guarapuava, 2008. RODRIGUES, E. T. Recomendações para o Cultivo de Frutas Tropicais no Estado de Mato Grosso do Sul. Dourados: Editora UEMS, 122p. 2008. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 17 Os Recursos Lúdicos para o Despertar para o Aprendizado em Ciências em Escolas Públicas: Projeto PIBID/UEMS Camila F. Santos1, Fernanda J. Silva, André Molina2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Jugos, Ensino, Aprendizagem. INTRODUÇÃO A função dos recursos lúdicos na aprendizagem de ciências é um aspecto pouco abordado nas práticas pedagógicas. O desinteresse parte dos docentes, por entender que tal atividade infantiliza e retira a nobreza de seu campo de atuação. Os alunos emparedados pela incompreensão de termos iniciais nesta área podem se desconectar, ainda no início do processo de ensino-aprendizagem, perdendo a linha de raciocínio no estudo, crucial para o aprendizado das ciências exatas, em especial pela Química. Onde o problema de carência de recursos para execução de atividades experimentais não pode ser contornado, a relação entre teoria e prática pode ser exercida de maneira alternativa (DE JONG, 1998). Como a Química é uma ciência experimental, os alunos devem se acostumar a deixar de lado o rito normal de anotações e leituras intermináveis, para se dedicarem a atividades manuais, de observação e de explicação de fenômenos. A falta de laboratórios ou equipamentos para realização de aulas práticas nas escolas públicas pode ser uma etapa curta na vida acadêmica do aluno, mas a atividade lúdica não deixará que o ambiente experimental seja desconhecido do aluno enquanto a estrutura didático-pedagógica satisfatória não for possível. Assim, a cultura conteudista arraigada que atormenta as ciências experimentais pode ser quebrada, com a inserção das atividades experimentais. Como a intenção é promover o exercício da observação, formulação de hipóteses e construção do conhecimento, o registro das atividades deve ser cobrado com rigor, sem o qual fica a percepção de que a atividade é mero momento de lazer descompromissado (BORGES, 2002; SOARES, 2004). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Camila F. Santos, Fernanda J. Silva, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 17-20. 18 A Química deve ser vivenciada em sua rela natureza, sem forjar idéias, relações ou inventar conceitos que deturparão a construção do conhecimento. A utilização de Jogos insere dinamismo e vivacidade no ambiente de ensino, promove a interatividade e a criatividade, fazendo com que os alunos se interessem mais pelos estudos, seja solidário e tenha uma visão mais humanista da ciência Química, um aspecto importante no ensino de Química e exaustivamente abordado nos PCN’s (TRINDADE, 2010, DN Ciências, 2013). Os recursos lúdicos conectam o aluno com a realidade, o que é fundamental para o aprendizado das ciências exatas e da terra, fundamentalmente a Química, a mais experimental, interdisciplinar e nova das Ciências (AMARAL, 1996; DOMINGUEZ, 1975). Sem a experimentação, adormece o interesse no aluno pelo criar e produzir, pelo inovar e surpreender, pelo ainda por vir. Independente do seu nível escolar, qualquer um que vivencie a ciência Química desta maneira terá subtraído sua plenitude de pensar e sua capacidade de aprendizagem, por que o pensar abstrato parte sobremaneira, no mínimo que analogias com o ambiente concreto, senão com os fatos correntes, visíveis e tangíveis pela mente humana como possíveis de ser naturalmente ou induzido pela mão do homem enquanto ser que intercede na natureza e em seu curso (DOMINGOS, 2011). O objetivo deste trabalho foi promover a formação e treinamento de alunos do curso de licenciatura em química para atuar no ensino médio, como instrumentos de formação e divulgação da química como ciência experimental, incentivar os alunos para pesquisa e pensamento científico, expor formas de dinamização e facilitação já para compreensão das aulas teóricas de Química e utilizar formas alternativas para a execução de atividades lúdicas. MATERIAIS E MÉTODOS Dois temas foram abordados: Estudo da Tabela Periódica, com a montagem de uma tabela periódica feita de tampinhas de bebidas e; Familiarização dos elementos químicos, através do Jogo de Tabuleiro. Sob a óptica do aluno PIBID, a execução deste tipo de prática durante o ciclo de sua graduação, permite a utilização de formas alternativas na atividade docente do ensino médio, práticas necessárias para o exercício da profissão por vivenciar aspectos relacionadas às deficiências do processo de ensino-aprendizagem do ensino médio. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Camila F. Santos, Fernanda J. Silva, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 17-20. 19 RESULTADOS E DISCUSSÃO A prática foi abordada através da construção do conhecimento associado a práticas lúdicas, aplicando confecção de material e jogos em parceria com o professor da disciplina, conforme a matéria que os alunos estavam aprendendo em sala de aula. Na Figura 1 é exposta uma imagem de uma Tabela Periódica construída com tampinhas de garrafas pintadas e escritos os elementos químicos. A utilização de cores diferentes e o agrupamento são capazes de construir a idéia de propriedade periódica, com grupos de elementos parecidos entre si, nas suas linhas (períodos) ou nas suas colunas (famílias). O formato da tabela, com espaços vazios e encaixes, como uma fuga da geometria perfeita incomoda, mas revela que a posição se deve não fatores estéticos, mas sim a natureza de cada elementos e sua relação com os elementos vizinhos, classificados como metais, nãometais e gases nobres. O tema elementos foi trabalhado em um fogo de tabuleiro (Figura 2). Figura 1. Tabela periódica alternativa. Figura 2. Jogo de Tabuleiro dos Elementos. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Camila F. Santos, Fernanda J. Silva, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 17-20. 20 CONCLUSÕES Os jogos lúdicos no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de química fez com que os alunos obtivessem um maior interesse pelos estudos, consequentemente provocou um despertar pelo aprendizado, motivado pelo prazer da construção dos artefatos (jogos), incluindo o pensar o projeto, o executar e o aperfeiçoar. A concepção de funcionalidade e de estética como forma de atratividade para o conhecimento também foi verificado como parâmetro recorrente. O desempenho de vários alunos participantes do projeto dentro e fora da sala de aula foi mensurado através de acompanhamento na participação em sala de aula e nas notas bimestrais da disciplina, bem como no relato do docente da disciplina. Os alunos mostraram uma aderência de conteúdo superior aos demais, pois o exercício prático no decorrer das atividades, acentua a atenção e promove a fixação de informações relevantes. Cerca de 90% dos alunos participantes do projeto obtiveram resultados maiores do que os que não participaram em uma pesquisa feita após as avaliações bimestrais. AGRADECIMENTOS Ao programa PIBID/UEMS pela bolsa de iniciação a docência e a Escola Estadual Presidente Médici pela viabilização do projeto. REFERÊNCIAS AMARAL, Luciano do; Trabalhos práticos de química . São Paulo. Livraria Nobel, 1966; Volume 2. BORGES, A.T. Novos rumos para o laboratório escolar de Ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v.9, n.3, p. 291-313, 2002. DE JONG, O. Los experimentos que plantean problemas en las aulas de química: dilemas y soluciones. Enseñanza de las Ciencias, v.16, n.2, p. 305-314, 1998. DOMINGUEZ, Sérvulo Folgueras; As experiências em química . São Paulo, Edart, 1975. DOMINGOS, D. C. A.; PIRES, D. X.; 2011 Sequência didática investigativa em aulas experimentais no ensino médio de química para compreensão do termo extração e os fatores que ocorrem durante a destilação por arraste a vapor aplicando o padrão argumentativo de Toulmin. Dissertação em Ciências da UFMS, Campo Grande – MS. TRINDADE, D. F.; de OLIVEIRA, F. P.; BANUTH G. S.; BISPO, J. G. Química Básica Experimental, 4a Edição- Editora Cone, São Paulo, 2010. SOARES, M. H. F. B. O lúdico em química: jogos e atividades lúdicas aplicados ao ensino de química. 2004. 195 f. Tese (doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2004. DN CIÊNCIAS. 17/10/2013. www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=3321496. Acessado Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 em www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 21 Prática Docente através do Projeto PIBID/UEMS: A Experimentação Química para Melhoria da Qualidade do Ensino Médio em Escolas Públicas Fernanda J. Silva1, Camila F. Santos, André Molina2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Atividades experimentais; Motivação; Ensino médio. INTRODUÇÃO O desinteresse dos alunos pelo estudo das ciências exatas, em especial pela química, se deve a vários fatores. Um dos possíveis fatores é falta de atividades experimentais que possam relacionar a teoria e a prática, pois a química é uma ciência experimental. Os profissionais de ensino se vêem sem recursos para mudar esta realidade, pois há falta de laboratório ou de equipamentos que permitam a realização de aulas práticas nas escolas públicas. Por outro lado, é uma cultura já arraigada e conteudista, que segue a risca a ementa das disciplinas dentro de uma lógica de rotina que não abre espaço para as atividades experimentais (BORGES, 2002; DE JONG, 1998). Um aspecto importante no ensino de Química e exaustivamente abordado nos PCN’s envolve justamente a falta de experimentação, deixando que o ensino tradicional préconcebido, em sua praxis contínua, se sustente apenas nas aulas expositivas e teóricas. Tal conformismo contribui para a transmissão de uma imagem distorcida da Ciência e da Química, uma vez que o ensino de Química não se encontra restrito só a teoria, em sua essência histórica como ciência que emergia da alquimia. Os experimentos são a etapa necessária para a compreensão da ciência química e da realidade (TRINDADE, 2010). Com a evolução das ciências exatas e da terra, fundamentalmente a física e a matemática, a Química se valeu de seus modelos e teorias para generalizar e prever os fenômenos. A formulação de teorias e modelos explicativos lentamente passou a caminhar paralelamente as atividades práticas, e o aluno não mais foi introduzido aos mecanismos de construção do conhecimento, guardando-lhe apenas o lugar de mero repositório de fórmulas prontas e explicações memorizadas (AMARAL, 1996; DOMINGUEZ, 1975). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Fernanda J. Silva, Camila F. Santos, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 21-24. 22 Sem a experimentação, adormece o interesse no aluno pelo criar e produzir, pelo inovar e surpreender, pelo ainda por vir. Independente do seu nível escolar, qualquer um que vivencie a ciência Química desta maneira terá subtraído sua plenitude de pensar e sua capacidade de aprendizagem, por que o pensar abstrato parte sobremaneira, no mínimo que analogias com o ambiente concreto, senão com os fatos correntes, visíveis e tangíveis pela mente humana como possíveis de ser naturalmente ou induzido pela mão do homem enquanto ser que intercede na natureza e em seu curso (DOMINGOS, 2011). O objetivo deste trabalho foi promover a formação e treinamento de alunos do curso de licenciatura em química para atuar no ensino médio, como instrumentos de formação e divulgação da química como ciência experimental, incentivar os alunos para pesquisa e pensamento científico, expor formas de dinamização e facilitação já para compreensão das aulas teóricas de Química e utilizar formas alternativas para a execução das práticas experimentais. MATERIAIS E MÉTODOS Para promover a formação e o treinamento de alunos do curso de licenciatura em química para atuação no ensino médio, foram utilizados instrumentos de formação e divulgação da química como ciência experimental. Os alunos foram incentivados a fazer pesquisa e a praticar o pensamento científico, expondo formas de dinamização e facilitação para compreensão das aulas teóricas de Química. Sob a óptica do aluno PIBID, a execução deste tipo de prática durante o ciclo de sua graduação, permite a utilização de formas alternativas para a execução das práticas experimentais aplicadas a alunos de ensino médio. A Imagem 1. Apresenta alguns dos materiais alternativos usados como o repolho roxo, cebola roxa, beterraba e cenoura, que foram usados como indicadores de pH naturais. Figura 1. Tubos de ensaio contendo extratos de vegetais atuando como indicadores ácido-base. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Fernanda J. Silva, Camila F. Santos, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 21-24. 23 Estas práticas são necessárias e importantes para o exercício futuro da profissão docente, por permitir vivenciar os aspectos e dificuldades relacionadas às deficiências do processo de ensino-aprendizagem de alunos do ensino médio. Desenvolve também no aluno PIBID, um senso de co-responsabilidade, pois é o ambiente futuro que se apresenta passível de sofrer intercessão no presente. RESULTADOS E DISCUSSÃO As práticas experimentais foram realizadas na própria universidade, em decorrência da falta de laboratório na escola trabalhada, utilizando materiais totalmente alternativos. Os alunos foram auxiliados nas oficinas, como estratégia de experimentação, além de despertar um maior interesse pela disciplina, este procedimento contribui no processo de ensinoaprendizagem dos conceitos científicos relativos. Na tabela 1, é exposta a relação de experimentos abordados no desenvolver do projeto. Este conjunto de práticas se constitui como ferramentas em uma ordem crescente de envolvimento de conceitos e fórmulas. Parte-se inicialmente de práticas de familiarização dos materiais comuns de laboratório e suas utilidades (Prática 1). Em seguida, o aluno é levado à prática, manuseando os materiais e aprendendo a forma correta de manipulação e as consequências de erros de manuseio para a descoberta da verdade natural (Práticas 2 e 3). Em um nível mais elevado, mais ainda fácil, transpões a fenomenologia das medidas para o tratamento dos dados, constituindo-se em uma relação de causa e efeito, do porque e pra quê (Práticas de 4 a 7). Às práticas mais avançadas, no que tange a conceitos abstratos, são primeiramente conduzidas de maneira a vivenciar a observação, o relato correto das características visuais ou obtidas através de aparelhos, como temperatura, tempo, volume, massa e suas relações de grandezas. O conceber como dominável o experimento, o aluno é despertado a experimentar mais como que em busca natural de um limite de capacidade. Por isso, a seqüência de práticas não pode ser crescente exponencial em dificuldade e abstração, devendo apresentar ciclos de observações e retorno a fenômenos notoriamente naturais antes da entrada em um novo ciclo de experimentação que envolva novo crescente de conhecimentos e abstração. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Fernanda J. Silva, Camila F. Santos, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 21-24. 24 CONCLUSÕES A implementação de experimentos no conteúdo programático da escola participante do Projeto PIBID contribui de forma decisiva para a melhor formação dos alunos de ensino médio e dos bolsistas do curso de Licenciatura em Química da UEMS de Naviraí. A vivência da prática docente contribuiu claramente no aumento de interesse dos aluno bolsistas, enquanto agentes de indutor da construção do conhecimento, observando os alunos beneficiários das práticas envolvidas no projeto a se engajarem na absorção dos temas teóricos, quando eles são trabalhados primeiramente na prática. AGRADECIMENTOS Ao programa PIBID/UEMS pela bolsa de iniciação a docência e a Escola Estadual Antônio Fernandes pela viabilização do projeto. REFERÊNCIAS AMARAL, Luciano do; Trabalhos práticos de química . São Paulo. Livraria Nobel, 1966; Volume 2. BORGES, A.T. Novos rumos para o laboratório escolar de Ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v.9, n.3, p. 291-313, 2002. DE JONG, O. Los experimentos que plantean problemas en las aulas de química: dilemas y soluciones. Enseñanza de las Ciencias, v.16, n.2, p. 305-314, 1998. DOMINGUEZ, Sérvulo Folgueras; As experiências em química . São Paulo, Edart, 1975. DOMINGOS, D. C. A.; PIRES, D. X.; 2011 Sequência didática investigativa em aulas experimentais no ensino médio de química para compreensão do termo extração e os fatores que ocorrem durante a destilação por arraste a vapor aplicando o padrão argumentativo de Toulmin. Dissertação em Ciências da UFMS, Campo Grande – MS. TRINDADE, D. F.; de OLIVEIRA, F. P.; BANUTH G. S.; BISPO, J. G. Química Básica Experimental, 4a Edição- Editora Cone, São Paulo, 2010. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 25 Aulas Experimentais de Ciências como Ensino Alternativo: "Um Dia na Universidade" Manoel G. Oliveira1, Deluana M. Neto, Andresa B. Andrade, Viviane S. Marodin, Lucas W. R. Aragão, Viviane Mallmann, André Molina2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Aprendizado, Ensino Alternativo, Ciências Exatas. INTRODUÇÃO Na década de 60, as atividades experimentais ganharam destaque nos currículos de Ciências, devido a vários fatores, tanto políticos quanto educacionais (DE JONG, 1998). De Jong (1998) aponta como outro fator importante na mudança dos currículos de Ciências, a conscientização de que o seu ensino deveria englobar além dos conceitos e leis, a natureza da Ciência, caracterizada fortemente pela presença de atividades experimentais. Além disso, o autor aponta o fato de que tais atividades poderiam colaborar para diminuir a distância entre o ensino secundário e o universitário. O grande desinteresse dos alunos pelo estudo da química se deve, em geral, a falta de atividades experimentais que possam relacionar a teoria e a prática. Os profissionais de ensino, por sua vez, afirmam que este problema é devido à falta de laboratório ou de equipamentos que permitam a realização de aulas práticas (QUEIROZ, 2004). Um aspecto importante no ensino de Química e discutido nos PCN’s se deve à experimentação. De acordo com Schnetzler e Aragão (1995) “o ensino tradicional concebe que para ensinar basta saber um pouco de conteúdo específico e utilizar algumas técnicas pedagógicas”. Tal compreensão contribui para a transmissão de uma imagem distorcida da Ciência (GIL-PÉREZ, 2001). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Manoel G. Oliveira, Deluana M. Neto, Andresa B. Andrade, Viviane S. Marodin, Lucas W. R. Aragão, Viviane Mallmann, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 25-28. 26 Embora reconhecida como importante no ensino de Química, a experimentação é um recurso didático pouco explorado pelos professores. Segundo Borges (2002) as justificativas por não se utilizar esse espaço são sempre as mesmas: falta de tempo, número excessivo de alunos por sala, problemas de estrutura física, entre outros. O objetivo deste trabalho foi mostrar aos alunos o cotidiano da química, fazendo com que vislumbrem como a disciplina é interessante e que o fato de ser obrigatória seja o único motivo para o parendizado. MATERIAIS E MÉTODOS A escolha do método foi baseada na escolha do grupo analisado. Como a pesquisa será realizada com alunos de escolas públicas irá ser aplicada uma didática investigativa com alunos de todas as series do ensino médio e para isso o estudo de caso de observação é o mais indicado para este tipo de análise. O estudo de caso de observação é um dos métodos da pesquisa qualitativa que engloba uma organização particular, escola ou setores de organização. Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica com base na ementa do ensino médio para auxiliar na formulação das aulas práticas. Em seguida, as Escolas Estaduais da cidade de Naviraí/MS foram visitadas, estas possuem ensino fundamental e médio, os estudantes do ensino médio foram convidados a participar do projeto. Este projeto está sendo desenvolvido no laboratório da UEMS/Naviraí, onde os participantes são divididos em grupos, e passando pelos quatro laboratórios cada um com um tema diferente. Nestes laboratórios os alunos recebem os temas das práticas, explicação sobre o conteúdo, experimentos a serem realizados, materiais necessários e exercícios sobre as práticas feitas. As práticas tiveram duração de trinta minutos aproximadamente em cada laboratório o projeto foi dividido em duas partes: primeiro eles aprenderão na escola as teorias a serem tratadas nos experimentos, só então que eles vieram para a segunda parte no laboratório pondo em pratica seu conhecimento teórico, com uma curta revisão do assunto sobre o tema, então os alunos executaram as práticas após a realização dos experimentos eles respondem questões proposta e fazem um debate com a sala sobre a resposta de cada grupo e as duvidas são sanadas. Todas as práticas realizadas pelos alunos foram testadas previamente, tendo em vista a prevenção de possíveis acidentes. Buscando atividades de baixo custo, sempre valorizando a contextualização e a química do cotidiano, e para a realização de algumas práticas os próprios alunos trouxeram os materiais para execução do projeto. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Manoel G. Oliveira, Deluana M. Neto, Andresa B. Andrade, Viviane S. Marodin, Lucas W. R. Aragão, Viviane Mallmann, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 25-28. 27 RESULTADOS E DISCUSSÃO O projeto foi realizado com extremo sucesso e dentro do prazo previsto, sendo o mesmo realizado em duas semanas. Podemos perceber que os participantes estão desenvolvendo os experimentos com bastante interesse e após o término de cada aula as questões propostas estão sendo respondidas e debatidas com muito êxito. Através dessas observações notamos que os alunos estão tendo um aprimoramento no aprendizado da disciplina em questão que é a química, e que os conhecimentos adquiridos estão sendo levados para dentro de suas casas, pois surgem comentários sobre fenômenos que envolvem os conhecimentos adquiridos nas aulas que se desenrolam no dia a dia dos alunos. Como mostra o Gráfico 1 o numero de acerto no mesmo questionário após as aulas práticas que demonstrou um maior índice de acerto que o mesmo resultado apenas com aulas teóricas. O que mostra que a química assim como Beltran e Ciscato (1991) compartilha do ponto de vista ao afirmar “como ciência experimental que é, ela exige para seu estudo atividades experimentais. Não é aconselhável, em qualquer hipótese, que os alunos aprendam química sem passar, em algum momento por atividades práticas”, o que mostra que o uso de aulas experimentais para o ensino deixa o mais prazeroso e simples de se compreender. Também foi notado que o interesse em cursar uma faculdade de ciências exatas aumentou bastantes entre os alunos, sendo que alguns alunos demonstram interesse em cursar a licenciatura em química na UEMS. Aulas Experimentais Aulas Teoricas 1 2 3 4 5 6 7 Aulas Experimentais 89 76 87 41 66 67 94 Aulas Teoricas 57 62 58 17 30 21 89 Figura 1. Resultado do questionário aplicado aos alunos antes e depois das aulas experimentais. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Manoel G. Oliveira, Deluana M. Neto, Andresa B. Andrade, Viviane S. Marodin, Lucas W. R. Aragão, Viviane Mallmann, André Molina. Anais 3JCN (2013) pp 25-28. 28 CONCLUSÕES A observação da grande dificuldade dos alunos em compreender conteúdos das ciências exatas, principalmente a Química, pode ser superada ou minimizada através da utilização de experimentos, pois auxilia na compreensão dos temas abordados e em suas aplicações com base no cotidiano, proporcionando uma relação entre a teoria e a prática. Através dos resultados obtidos, constata-se que os estudantes são motivados no estudo de química, por melhorar a absorção dos conteúdos de química, o que leva a um aumento no desempenho e notas de provas, bem como o conhecimento adquirido pelos alunos passa a fazer parte de seu cotidiano escolar e social. Também contribui para a formação do executor, como educador, pois possibilita uma relação direta com a realidade de sala de aula, proporcionando reciprocidade maior entre informações e experiências para a melhoria no ensino de química. AGRADECIMENTOS Ao programa PIBID/UEMS pela bolsa de iniciação a docência, aos professores Dr. Sandro Minguzzi e Márcia Noscente do Nascimento e a Escola Estadual Presidente Médici pela viabilização do projeto. REFERÊNCIAS BORGES, A.T. Novos rumos para o laboratório escolar de Ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v.9, n.3, p. 291-313, 2002. DE JONG, O. Los experimentos que plantean problemas en las aulas de química: dilemas y soluciones. Enseñanza de las Ciencias, v.16, n.2, p. 305-314, 1998. DOMINGOS, D. C. A.; PIRES, D. X.; 2011 Sequência didática investigativa em aulas experimentais no ensino médio de química para compreensão do termo extração e os fatores que ocorrem durante a destilação por arraste a vapor aplicando o padrão argumentativo de Toulmin. Dissertação em Ciências da UFMS, Campo Grande – MS. GIL-PÉREZ, D. et al. Para uma imagem não deformada do trabalho científico. Ciência & Educação, v.7, n.2, p. 125-153, 2001. OLIVEIRA, R. C.; PIERSON, A. H. C.; Zuin, V. G. 2009 Química e cidadania: uma abordagem a partir do desenvolvimento de atividade experimentais investigativas. Dissertação em Educação da Universidade Federal de São Carlos São Paulo - São Paulo. QUEIROZ, S. L. Do fazer ao compreender ciências: reflexões sobre o aprendizado de alunos de iniciação científica em química. Ciência & Educação, Bauru, v. 10, n. 1, 2004. SCHNETZLER, R.P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de pesquisas para o ensino de Química. Revista Química Nova na Escola, n. 1, p.27-31, 1995. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 29 A História do Show da Química na UEMS/Naviraí: uma Abordagem para o Ensino Alternativo de Química Genilson S. Jesus1, Alberto A. Cavalheiro, Elida G. Nascimento2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Contextualização, Ensino de Química, Extensão Universitária, Divulgação. INTRODUÇÃO As dificuldades no processo de ensino-aprendizagem no Ensino de Química são visíveis no dia a dia do professor e do aluno e há um entendimento de que a metodologia tradicional e a aversão dos alunos aos conteúdos desta disciplina sejam as causa. A busca incessante por alternativas que possam reverter ou modificar essa realidade levam a diversos estudos e propostas pedagógicas em consonância com a constante mudança da sociedade. As mudanças na vida em sociedade devem então ser acompanhada pela evolução dos métodos de ensino, de modo que reduza a percepção comum de que o ensino de química no nível médio seja entediante, distante da realidade e difícil de ser compreendida (ANDAU,2000). No curso de Licenciatura em Química da UEMS de Naviraí é usada uma alternativa de metodologia que se enquadra como Extensão Universitária em apoio ao ensino de química no ensino básico. Esta metodologia se baseia no conceito da contextualização através de peças teatrais e o projeto foi cadastrado na Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEC-UEMS) pela primeira vez em 2006, intitulado como "Show da Química" e coordenado pelo docente da UEMS/Naviraí, o Professor Doutor Sandro Minguzzi. No projeto Show da Química coordenado pelo Professor Minguzzi, a teoria e a prática são unidas de forma descontraída e despretensiosa visando dotar o educador de diversas ferramentas para enfrentar as dificuldades em propagar o ensino de qualidade para seus alunos e combater o desestímulo à carreira docente (CUNHA, 1989). Por disponibilizar alternativas de metodologia e suprir a curiosidade e pré-disposição em aprender com base em atividades experimentais, o interesse dos alunos aumenta consideravelmente, como proposta por FREIRE (1987) para transpor as discrepâncias do ensino clássico. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Genilson S. Jesus, Alberto A. Cavalheiro, Elida G. Nascimento. Anais 3JCN (2013) pp 29-32. 30 Quando se utilizam métodos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com fatos ou fenômenos, torna-se possível uma mudança de conduta, em um mesmo propósito visualizado em outras práticas alternativas, como trabalho em grupo e individuais, envolvendo músicas, jogos, poesias, prosas, novelas, encenação e outras formas de arte. Mesmo as aulas experimentais demonstrativas, quando discutidas e com indução a proposição de explicações, ou estudos de casos e grupos de discussão, podem ser entendidos com metodologias alternativas no ensino de química (FERREIRA, 2013). Como o ensino de Química não deve ser abordado como uma ação de transferência de conhecimentos isolados, prontos e acabados, de acordo com as orientações contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s, uma contínua mudança de abordagem deve ser fomentada e incentivada. Assim, o objetivo deste trabalho é mostrar como o Projeto "Show da Química" vem sendo executado como Extensão Universitária desenvolvido pela Unidade de Naviraí desde 2006, se constituindo como ferramenta pedagógica de percepção de conhecimentos, desmistificação e veículo de identificação da Química pelos alunos. MATERIAIS E MÉTODOS Para o levantamento da história do Show da Química na UEMS de Naviraí, foi executada uma busca ampla para localizar os acervos fotográficos e as variantes de experimentos. Buscou-se verificar a existência de vídeos, seja de posse dos coordenadores anteriores do projeto, dos participantes, de colaboradores ou de qualquer pessoa que guardasse algum tipo de acervo relacionado ao show da Química. Em seguida, foi efetuada uma compilação do acervo para escolha das imagens mais representativas, incluindo logotipos. Um questionário contendo diversas questões foi aplicado aos atores e colaboradores que participaram do Show da Química em anos recentes, de modo a obter opinião dos próprios participantes e prospectar a importância da colaboração deles e dos resultados de suas ações extensionistas e para a própria formação acadêmica, buscando também evidenciar em que grau a participação no projeto influenciou ou ainda influencia em suas carreiras. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1, observa-se uma fotografia do primeiro grupo formado em 2006, coordenado pelo Professor Miguzzi (primeiro à direita). Grande parte dos alunos presentes nesta fotografia, hoje são professores atuantes no ensino médio ou estão finalizando Doutorado em Química em Universidades de renome, como UFMS e UNESP. Na Figura 2, Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Genilson S. Jesus, Alberto A. Cavalheiro, Elida G. Nascimento. Anais 3JCN (2013) pp 29-32. 31 observa-se a fotografia com o grupo formado em 2009 (Figura 2.a.) e o primeiro logotipo para o grupo (Figura 2.b.) criado pelo Prof. Dr. Alberto Adriano Cavalheiro, docente da UEMS/Naviraí. Vários destes ex-integrantes atuam no ensino e cursam mestrado em Química. Merece menção a premiação recebida pelo integrante Eduardo dos Santos Freitas Cardoso (primeiro à esquerda) em concurso de teatro da região de Naviraí. A fotografia do grupo atual formado em 2012 é apresentada na Figura 3.a. e o logotipo oficial do projeto, também criado pelo Professor Cavalheiro em 2010, na Figura 3.b. Merece menção, a presença da técnica Michela Silva Holsbach Nakazato (primeira à direita), primeira técnica a ingressar no projeto, atualmente coordenado interinamente pelo Professor Especialista André Molina Neto. Figura 1. Imagem com os atores participantes no ano de 2009 (a) e logotipo criado pelo professor Alberto Adriano Cavalheiro para divulgação do projeto/grupo (b). a) b) Figura 2. Imagem com os atores participantes no ano de 2009 (a) e logotipo criado pelo professor Alberto Adriano Cavalheiro para divulgação do projeto/grupo (b). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Genilson S. Jesus, Alberto A. Cavalheiro, Elida G. Nascimento. Anais 3JCN (2013) pp 29-32. a) 32 b) Figura 3. Imagem com os atores participantes no ano de 2012 (a) e logotipo do projeto Show da Química, criado pelo professor Alberto Adriano Cavalheiro para divulgação do projeto e da Unidade de Naviraí da UEMS (b). CONCLUSÕES A química não pode ser tratada como uma ciência abstrata, pois sua aplicação está presente em toda parte do universo, contribuindo de forma significativa para a existência da vida. O ensino de Química não pode e não deve ser desconectado da prática, segundo a expressão latina Mens et manus, que significa "Mente e mão", para reforçar o entendimento de que a Química é uma ciência fundamentalmente experimental. É possível utilizar metodologias alternativas capazes de levar o conhecimento desta área, como a desenvolvida no projeto "Show da Química" e ainda contribuir para a formação profissional e pessoal dos integrantes e atuar como ferramenta de divulgação das atividades da Universidade. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a PROEC/UEMS, a Gerência da Unidade de Naviraí e as Coordenações dos Cursos de Química e de Tecnologia em Alimentos. REFERÊNCIAS ANDAU, V. M. A didática em questão. Petrópolis: Ed. Vozes, 2000. CUNHA, M. I.O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 1989. FERREIRA, M. G.; OLIVEIRA, M. L. Química encantada: aplicação de uma metodologia alternativa no ensino de química. Disponível em: <www.uespi.br/prop/xsimposio/trabalhos/iniciacao>. Acessado em 27/072013. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 25. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987 Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 33 Estudo da Interação Entre Íons La(III) e Ligante Natural Bioativo Alice Gonçalves1, Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Tamires D. Oliveira, Natalia A. Cabeza, Ademir dos Anjos2 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Espectroscopia, Lantânio, Lapachol. INTRODUÇÃO O interesse em complexos metálicos está aumentando devido aos seus possíveis usos médicos, principalmente como agentes antitumorais. Adicionalmente, novos ligantes bioativos (alguns dos quais já utilizados em aplicações biomédicas) provenientes de produtos naturais, têm sido usados para a coordenação de íons metálicos, principalmente visando futuras funções como medicamentos [TOSHIMA, 1997; ANDERSON, 2006]. Elementos lantanóides são amplamente utilizados na indústria e medicina, por exemplo, elementos radioativos dessa classe podem ser usados no diagnóstico e tratamento do câncer [SU, 2009]. O lantânio é um representante dos lantanóides que é de considerável interesse nessa linha de pesquisa, principalmente por causa de seu forte efeito sobre o crescimento e morte celular [WANG, 2008; SU, 2009; KAPOOR, 2009]. A coordenação direta de ligantes orgânicos com os íons lantanóides pode sensibilizar eficazmente a energia dos centros metálicos pela transferência eletrônica do tipo ligantemetal. Tanto ligantes aniônicos como ligantes neutros têm sido utilizados com este propósito. Os ligantes aniônicos, tais como dicetonas e ácidos carboxílicos aromáticos, não só podem formar complexos estáveis com os íons de terras raras, mas também são capazes de receber e transferir energia de forma eficiente para esses íons [LIS, 2002]. O lapachol (2-hidroxi-3(3-metil-2-butenil)-1,4-naftoquinona) é um substância natural extraída do ipê (Tecoma heptaphylla (VeII) Mart) e de outras plantas tropicais, que apresenta interessantes propriedades antibióticas e antitumorais [MOLINA, 2007], mas estudos também têm demonstrado que o produto pode apresentar efeitos deletérios [SALUSTIANO, 2010]. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Alice Gonçalves, Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Tamires D. Oliveira, Natalia A. Cabeza, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 33-36. 34 O processo de complexação pode servir como estratégia para eliminar seus efeitos negativos, além de proporcionar uma melhora em atividades biológicas como a antioxidante. Dessa forma, este realizou o isolamento do lapachol do ipê roxo, e, a partir do mesmo a síntese de um novo complexo metálico com íons lantânio(III), sendo caracterizado por espectroscopia eletrônica UV-Vis. MATERIAIS E MÉTODOS O lapachol foi extraído do ipê roxo conforme procedimentos desenvolvidos em nosso grupo de pesquisa [CRUZ, 2011]. Os espectros eletrônicos nas regiões do ultravioleta visível (UV-Vis) foram obtidos em um espectrofotômetro Varian modelo Cary 50, no Laboratório de Pesquisa da Unidade de Naviraí/UEMS. Uma solução do cloreto de lantânio(III) (1,0 x 10-3 mol L-1) foi obtida pela dissolução da quantidade apropriada de La2O3 em ácido clorídrico concentrado. O excesso do ácido foi evaporado e o resíduo correspondente dissolvido em água destilada. Uma solução estoque (50 mL) do íon lantanídico foi adicionada em 100 mL de uma solução saturada quente do lapachol (1,0 x 10-3 mol L-1), e posteriormente diluída com água em uma razão 1:1 de CH3OH/H2O. A mistura reacional foi agitada e o pH ajustado entre 4-5 enquanto era aquecida até 60 °C por 1 h, sendo resfriada a temperatura ambiente e deixada por 24 horas para a precipitação do complexo. Após filtração e várias lavagens do precipitado com uma solução gelada CH3OH/H2O (1:1), este foi armazenado em frasco âmbar e caracterizado. RESULTADOS E DISCUSSÃO O espectro eletrônico do lapachol (Figura 1) apresenta bandas em 204, 250, 275 e 333 nm, além de um ombro em 377 nm. Dados da literatura [MOLINA, 2007; FARFÁN, 2012] mostram que as bandas em 250 e 333 nm correspondem às transições eletrônicas no anel aromático tipo π→π*. A banda em 275 nm refere-se às transições no anel do sistema quinonoídico e a banda em 377 nm é atribuída às transições n→π* das carbonilas da quinona. As bandas em 333 e 337 nm também podem ser relativas ao sistema de ressonância do composto quando passa de p-quinona para o-quinona, devido a tautomerização ceto-enólica. Para o complexo (Figura 1) o principal indicativo da complexação é verificado através dos ligeiros deslocamentos das bandas do ligante (204, 275 e 333 nm) para maior comprimento de onda no complexo (210, 278 e 335 nm), denominado deslocamento batocrômico. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Alice Gonçalves, Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Tamires D. Oliveira, Natalia A. Cabeza, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 33-36. 35 Essas alterações podem ser atribuídas às transições π→π* dos anéis aromáticos ou também a formação, após a coordenação, de um novo sistema ligantes π estendido. Posteriormente, é possível observar uma banda em 590 nm que pode ser atribuída a processos de transição π→π* ou a um processo de transferência de carga ligante-metal (LMCT) [MOLINA. 2007; FARFÁN, 2012]. Figura 1. Espectro eletrônico comparativo do lapachol versus complexo. CONCLUSÕES Os resultados obtidos neste trabalho indicaram através da técnica de UV-Vis que ocorreu a coordenação do lapachol ao íon metálico La(III), pois observou-se deslocamentos nas bandas do ligante após a complexação. Outras caracterizações estão em andamento, bem como investigação de suas atividades biológicas, partindo da importância que ambos, ligante e metal, desempenham em sistemas biológicos. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Alice Gonçalves, Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Tamires D. Oliveira, Natalia A. Cabeza, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 33-36. 36 AGRADECIMENTOS Ao PIBIC/UEMS pela bolsa concedida e a FUNDECT pelos recursos financeiros para realização da pesquisa, a UEMS, unidade de Naviraí pelo curso. REFERÊNCIAS ANDERSON, R. F.; SHINDE, S. S.; HAY, M. P. & DENNY, W. A. Potentiation of the cytotoxicity of the anticancer agent tirapazamine by benzotriazine N-oxides: the role of redox equilibria. Journal of the American Chemical Society, v. 128, n. 1, p. 245–249, 2006. CRUZ, N. A.; DOS ANJOS, A.; MINGUZZI, S. et al. Complexo Metálico Como Estratégia Para Potencializar Atividades Biológicas. Anais do 9o ENIC, v. 1, 2011. FARFÁN, R. A.; ESPÍNDOLA, J. A.; GOMEZ. M.I.; DE JIMÉNEZ, M. C. L.; MARTÍNEZ, M. A.; PIRO, O. E.; CASTELLANO, E. E. 2012. Structural and Spectroscopic Properties of Two New Isostructural Complexes of Lapacholate with Cobalt and Copper. International Journal of Inorganic Chemistry, v. 2012, p. 1-6. KAPOOR, S. Lanthanum and Its Rapidly Emerging Role as an Anti-Carcinogenic Agent. J. Cell. Biochem., v. 106, p. 193, 2009. LIS, S.; ELBANOWSKI, M.; MAKOWSKA, B.; HNATEJKO, Z. Energy transfer in solution of lanthanide complexes. J. Photochem. Photobiol. A. v. 150, p. 233–247, 2002. MOLINA, R. H.; KALININA, I.; ESPARZA, P.; SOKOLOV, M.; PLATAS, J. G.; BRAUN, A. E. & SACAU, E. P. 2007. Complexes of Co(II) and Ni(II) with lapachol. Polyhedron, v. 26, p. 4860-4864. SALUSTIANO, E. J. S.; NETTO, C. D.; FERNANDES, R. F.; da SILVA, A. J. M.; BACELAR, T. S.; CASTRO, C. P.; BUARQUE, C. D.; MAIA, R. C.; RUMJANEK, V. M. & COSTA, P. R. R. 2010. Comparison of the cytotoxic effect of lapachol, α-lapachone and pentacyclic 1,4-naphthoquinones on human leukemic cells. Investigation of New Drugs, v. 28, p. 139-144. SU, X.; ZHENG, X. & NI, J. Lanthanum citrate induces anoikis of Hela cells. Cancer Letters, v. 285, p. 200-209, 2009. TOSHIMA, K., OUCHI, H.; OKAZAKI, Y. et al. Artificial anthraquinone-carbohydrate hybrids: design, synthesis, DNA binding, and cytotoxicity, Angewandte Chemie, v. 36, n. 24, p. 2748–2752, 1997. WANG, X.; YUAN, L.; HUANG, J.; ZHANG, T. L.; WANG, K. Lanthanum enhances in vitro osteoblast differentiation via pertussis toxin-sensitive gi protein and ERK signaling pathway. J. Cell. Biochem. V. 105, p.1307–1315. 2008. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 37 Estudos de um Novo Complexo Mononuclear Utilizando Diferentes Ligantes Naturais Bioativos Débora F. Brotto1, Noeli A. Cruz, Alice Gonçalves, Tamires D. Oliveira, Lis R. V. Favarin, Ademir dos Anjos2 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Naftoquinonas, Flavonóides, Gálio. INTRODUÇÃO Compostos de coordenação envolvendo ligantes naturais se destacam na obtenção de novos metalofármacos, em função do amplo espectro de atividades dos mesmos. Estes modelos são comprovadamente mais ativos que os substratos in natura (DEHGHAN, 2012; PARRILHA, 2012; SIMÕES, 2013). O lapachol e a quercetina são metabólicos secundários com interessantes atividades como antitumoral, antimoluscicida, antioxidante, antibactericida, entre outras (MALEŠEV, 2007; PARRILHA, 2012). Frente a importância destes compostos naturais, este trabalho propõe a síntese, caracterização (IV, UV-Vis) e estudo da atividade antioxidante de um novo complexo quercetina-lapachol-Ga(III), sendo utilizado este íon em virtude de seu potencial antitumoral e importantes aspectos fisiológicos. MATERIAIS E MÉTODOS Os reagentes e solventes utilizados foram obtidos comercialmente, sem purificação prévia: o ligante quercetina (Sigma-Aldrich), o sal nitrato de gálio (Sigma-Aldrich) os solventes metanol P.A. e HPLC (Vetec), trietilamina P.A. (Vetec) e o radical livre DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) (Sigma-Aldrich). A extração do lapachol a partir de serragem de ipê roxo se baseou em nova metodologia encontrada na literatura (FARFÁN, 2012), com modificações baseadas na solubilidade do ligante em solventes orgânicos. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Alice Gonçalves, Tamires D. Oliveira, Lis R. V. Favarin, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 37-40. 38 A síntese do complexo foi realizada reagindo-se o os ligantes, quercetina e lapachol, com o sal nitrato de gálio(III) em uma mistura MeOH/EtOH/H2O e estequiometria 1:1:1, sob 4 h de refluxo. Na síntese obteve-se um precipitado amorfo marrom, que foi devidamente lavado, seco e posteriormente analisado por espectroscopias no UV-Vis e no IV, bem como o estudo da atividade antioxidante. O ensaio antioxidante quantitativo foi realizado de acordo a literatura (SIMÕES et al., 2013) monitorando-se o consumo do radical livre DPPH pelas amostras, através da medida do decréscimo da absorvância (515 nm) de soluções metanólicas em diferentes concentrações. Utilizou-se um espectrofotômetro Varian modelo Cary 50 e cubetas de quartzo com capacidade para 4,0 mL com caminho óptico de 1 cm. RESULTADOS E DISCUSSÃO O espectro de IV do complexo (Figura 1) evidencia claramente modificações nas bandas referentes aos principais grupos funcionais da quercetina e do lapachol isolados. Inicialmente, o principal indicativo da coordenação é o deslocamento das bandas de estiramento carbonílico ν(C=O) do lapachol e da quercetina situadas em 1638, 1654 e 1662 cm-1, respectivamente, sendo deslocadas para menor número de onda. 70 Complexo Quercetina/Lapachol/Ga(III) Transmitância 75 80 85 90 95 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 -1 cm Figura 1. Espectro no IV do complexo. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 500 Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Alice Gonçalves, Tamires D. Oliveira, Lis R. V. Favarin, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 37-40. 39 Em seguida, verifica-se uma banda fraca em 492 cm-1 que pode relacionar-se à ligação Ga-O, conforme registrado na literatura com outros ligantes (MOHAMMADI, 2005; SIMÕES, 2013). Estas alterações são semelhantes a de outros complexos lapacholato e flavonolato descritos na literatura (CRUZ, 2011; DEHGHAN, 2012; FARFÁN, 2012). O espectro eletrônico do complexo (Figura 2) apresenta ligeiros deslocamentos das principais bandas que referenciam os ligantes. Primeiramente, atribuísse às mudanças nas bandas em 250 nm (lapachol) e 255 nm (quercetina) dos ligantes, que passaram a assumir valores em 254 e 273 nm. A banda em 273 nm passou a absorver em maior comprimento de onda (deslocamento batocrômico), o que é associado a deslocalização eletrônica nos ligantes após a coordenação e/ou também às transições π→π*. Posteriormente, nota-se a principal alteração no espectro do complexo na banda em 442 nm, sendo possivelmente atribuída ao deslocamento das bandas em 377 (lapachol) e 370 nm (quercetina) através de processos de transferência de carga ligante-metal (LMCT), conforme são registrados dados na literatura para outros complexos com estes ligantes (MALEŠEV, 2007; CRUZ, 2011; SIMÕES, 2013). Essas modificações sumarizadas evidenciam a influência do centro metálico e a formação do complexo. O estudo antioxidante mostrou uma distinção nos índices de inibição de radicais entre o complexo (12,9 µg mL-1) e os ligantes quercetina (2,4 µg mL-1) e lapachol (79,6 µg mL-1), demonstrando a influência do centro metálico para o processo. 2,0 Quercetina Complexo lapachol Absorbância 1,5 1,0 0,5 0,0 200 300 400 500 600 700 800 λ (nm) Figura 2. Espectro eletrônico em metanol comparando a absorção máxima do complexo e dos ligantes a 0,5 x 10-4 mol L-1. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Alice Gonçalves, Tamires D. Oliveira, Lis R. V. Favarin, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 37-40. 40 CONCLUSÕES Os resultados alcançados indicaram que ocorreu a coordenação dos ligantes ao íon Ga(III). Os dados vibracionais e eletrônicos mostraram que possivelmente moléculas de quercetina e lapachol ligaram-se via oxigênios carbonílicos e fenólicos, indicando sucesso na síntese realizada. O estudo antioxidante apresentou bom resultado em relação à modificação do potencial de inibição de radicais DPPH, o que demonstra uma influência do centro metálico para o processo. Assim, os estudos descritos para o novo complexo mononuclear obtido, abrem perspectivas quanto a sua aplicabilidade farmacológica, desde que investigações mais aprofundadas sejam realizadas para melhor compreensão de suas atividades. AGRADECIMENTOS Ao CNPq e ao Fundect pelo auxílio financeiro. REFERÊNCIAS CRUZ, N. A.; DOS ANJOS, A.; MINGUZZI, S. et al. Complexo Metálico Como Estratégia Para Potencializar Atividades Biológicas. Anais do 9o ENIC, v. 1, 2011. DEHGHAN, G. KHOSHKAM, Z. Tin(II)–quercetin complex: Synthesis, spectral characterisation and antioxidant activity. Food Chem., 131, 422-426, 2012. FARFÁN, R. A.; ESPÍNDOLA, J. A.; GOMEZ. M.I. et al. Structural and Spectroscopic Properties of Two New Isostructural Complexes of Lapacholate with Cobalt and Copper. Int. J. Inorg. Chem., 2012, 1-6, 2012. MALEŠEV. D. KUNTIC, V. Review Investigation of metal–flavonoid chelates and the determination of flavonoids via metal–flavonoid complexing reactions. J. Serb. Chem. Soc., Belgrade, Serbia, 72, 10, 921–939, 2007. MOHAMMADI, K. THOMPSON, K. H. PATRICK, B. O. et al. Synthesis and characterization of dual function vanadyl, gallium and indium curcumin complexes for medicinal applications. J. Inorg. Biochem., 99, 2217–2225, 2005. PARRILHA, G. L.; VIEIRA, R. P.; CAMPOS, P. P. et al. Coordination of Lapachol to Bismuth(III) Improves its Anti-inflamatory and Anti-angiogenic Activities. Biometals, 25, 55-62, 2012. SIMÕES, V. N.; FAVARIN, L. R. V.; CABEZA, N. A. OLIVEIRA, T. D.; FIORUCCI, A. R.; STROPA, J. M.; RODRIGUES, M. D. C.; CAVALHEIRO, A. A.; dos ANJOS, A. Síntese, caracterização e estudo das propiedades de um novo complexo monuclear contendo quercetina e íon Ga(III). Quim. Nova, v. 36, n. 4, p. 495-501, 2013. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 41 Síntese e Caracterização de um Novo Complexo Metálico Utilizando a Quinona Natural Lapachol e o Íon Metálico Fe(II) Tamires D. Oliveira1, Natália A. Cabeza, Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Alice Gonçalves, Antônio R. Fiorucci, Ademir dos Anjos2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Lapachol, espectroscopia, eletroquímica. INTRODUÇÃO As quinonas são metabólitos secundários presentes em um grande número de plantas, liquens, fungos e bactérias, onde desempenham importantes funções como na respiração e fotossíntese, além de apresentar importantes propriedades tais como microbicidas, tripanossomicidas, viruscidas, antitumorais. Esta classe de compostos pode ser dividida em três diferentes grupos: benzoquinonas (anel benzênico), naftoquinonas (anel naftalênico) e antraquinonas (anel antracênico)) de acordo com o sistema aromático que sustenta o anel quinonoídico [AUCÉLIO, 2013, DA SILVA, 2003]. O lapachol (2-hidroxi-3(3-metil-2-butenil)-1,4-naftoquinona) pertence ao grupo das naftoquinonas, sendo talvez o principal representante desta classe (juntamente com a βlapachona), encontra-se presente em diferentes espécies do gênero Tabebuia, como por exemplo, o ipê roxo, do qual pode ser facilmente extraído. Esta naftoquinona vem sendo alvo de muitas pesquisas pelo fato de apresentar atividades significativas, como analgésica, antibiótica, antimalária, antimicrobiana contra bactérias e fungos, antiviral, anti-inflamatória e antitumoral, no entanto, assim como outras naftoquinonas, interfere no metabolismo do oxigênio celular impedindo a respiração das células (apoptose), podendo causar danos a alguns componentes celulares, tanto de células tumorais como de células normais [MOLINA, 2007; CARUSO, 2009; ARAÚJO, 2002; EPIFANO, 2013]. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Tamires D. Oliveira, Natália A. Cabeza, Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Alice Gonçalves, Antônio R. Fiorucci, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 41-44. 42 Os íons metálicos são de extrema importância nos sistemas vivos, pois desempenham papeis essenciais, que vão desde a respiração até sistemas mais complexos. O ferro é um metal de transição, conhecido devido a sua presença na hemoglobina, enzima que desempenha a função crucial de transportar as moléculas de oxigênio no sangue, sua presença no organismo é muito importante, pois sua carência causa doenças como anemia. Desta forma, este trabalho tem como objetivo sintetizar um novo complexo metálico partindo-se da quinona natural lapachol e do íon metálico Fe(II) e caracterizá-lo através de técnicas espectroscópicas (Infravermelho e UV-Vis) e eletroquímicas. MATERIAIS E MÉTODOS A extração da naftoquinona natural lapachol foi realizada partindo-se de 100g de serragem de ipê roxo em béquer contendo diclorometano (quantidade suficiente para cobrir serragem) mantendo-se em constante agitação e aquecimento por 30 minutos. Após o término da primeira etapa filtrou-se a serragem em sistema de vácuo, utilizando funil de büchner e evaporou-se a solução em evaporador rotativo. Recristalizou-se o extrato obtido em etanol repetidamente induzindo-se a sua precipitação com água destilada (FÁRFAN, 2012). A síntese do complexo foi realizada a partir da estequiometria 2:1 (lapachol/Fe(ClO4)2) em uma mistura CH3OH/H2O (pH 8,5), sob ultrassonificação por 30 minutos. Os espectros na região do infravermelho foram obtidos em um aparelho FT-IR JASCO modelo PS-4100, na região de 4000 a 400 cm-1. A amostra foi preparada por dispersão em KBr de grau espectroscópico e prensadas (∼10 toneladas), formando pastilhas com cerca de 1 cm de diâmetro e 0,5 mm de espessura. Estas pastilhas foram introduzidas diretamente no caminho óptico do equipamento para leitura do percentual de transmitância (%T). Foi utilizado como branco uma pastilha de KBr. A análise foi realizada no Laboratório de Óptica no Departamento de Química da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), sob a responsabilidade do Prof. Dr. Gleison Antonio Casagrande. Os espectros eletrônicos nas regiões do ultravioleta e visível foram obtidos em um espectrofotômetro Varian modelo Cary 50, no Laboratório de Pesquisa da Unidade de Naviraí/UEMS. As análises foram realizadas utilizando-se metanol, DMSO e acetonitrila (grau espectroscópico) e celas de quartzo com capacidade para 4,0 mL com 1 cm de caminho óptico. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Tamires D. Oliveira, Natália A. Cabeza, Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Alice Gonçalves, Antônio R. Fiorucci, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 41-44. 43 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise no infravermelho apresentou bandas distintas quando comparadas ao ligante não coordenado (Figura 2). As principais alterações observadas foram nas bandas referentes aos grupamentos carbonílicos que apresentaram deslocamentos (1639 e 1662 cm-1 para 1628 e 1578 cm-1) para menor número de onda, provavelmente devido à influência do centro metálico. Outro forte indicativo da coordenação é a banda em 3352 cm-1 no lapachol, não observada no espectro do complexo. Esta banda é atribuída ao grupamento O-H de fenol e sua ausência sugere uma coordenação ceto-enólica, pelos oxigênios fenólicos e carbonílicos. Os espectros eletrônicos do lapachol e do complexo (Figura 3) corroboram estas observações. 30 40 _______ Lapachol _______ Complexo Absorbância 50 60 70 80 90 100 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 λ (nm) Figura 2 – Espectro Infravermelho do lapachol (vermelho) e do complexo (preto). Distintas alterações podem ser observadas ao comparar os espectros eletrônicos do lapachol e do complexo (Figura 3). As bandas em 250 e 275 nm, são referentes ao sistema quinonoídico, e em 330 nm observa-se a banda referente ao sistema p-quinona o-quinona [DA SILVA, 2009; FARFÁN, 2012]. No complexo, há o deslocamento na banda em 330 nm e o surgimento de uma nova banda em 500 nm, atribuída a transferência de carga ligantemetal. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Tamires D. Oliveira, Natália A. Cabeza, Débora F. Brotto, Noeli A. Cruz, Alice Gonçalves, Antônio R. Fiorucci, Ademir dos Anjos. Anais 3JCN (2013) pp 41-44. 4.0 44 ____ Lapachol ____Complexo 3.5 Absorbância 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 200 300 400 500 600 700 800 λ (nm) Figura 3 – Espectro eletrônico do lapachol (preto) e do complexo (vermelho). CONCLUSÕES Através dos resultados obtidos pode-se sugerir que houve a coordenação da quinona natural lapachol ao íon metálico Fe(II) de maneira bibentada, através dos oxigênios fenólico e carbonílico (como observado por infravermelho). Estudos biológicos serão realizados, com o intuito de investigar a influência do centro metálico nas propriedades do ligante bioativo. AGRADECIMENTOS CAPES, FUNDECT e UEMS. REFERÊNCIAS ARAÚJO, E. L.; ALENCAR, J. R. B.; NETO, P. J. R.Lapachol: Segurança e Eficácia na terapêutica. Rev. Bras. Farmacogn., v. 12, supl., p. 57-59, 2002. AUCÉLIO, R. Q.; CORDOVÉS, A. I. P.; LIMA, J. L. X.; FERREIRA, A. B. B.; GUAS, A. M. E.; SILVA, A. R. Determination of Lapachol in the Presence of Other Naphthoquinones Using 3MPA-CdTe Quantum Dots Fluorescent Probe. Spectrochim. Acta A, v. 100, 155–160, 2013. CARUSO, F.; MARTINEZ, M. A.; ROSSI, M.; GOLDBERG, A.; VILLALBA, M. E. C.; AYMONINO, P. J. Crystal and Molecular Structure of Manganese(II) Lapacholate, a Novel Polymeric Species Undergoing Temperature-Reversible Metal to Ligand Electron Transfer. Inorg. Chem., v. 48, p. 3529-3534, 2009. EPIFANO, F.; GENOVESE, S.; FIORITO, S.; MATHIEU, V.; KISS, R. Lapachol and its Congeners as Anticancer Agents: a Review. Phytochem. Rev., 2013. FARFÁN, R. A.; ESPÍNDOLA, J. A.; GOMEZ. M.I.; DE JIMÉNEZ, M. C. L.; MARTÍNEZ, M. A.; PIRO, O. E.; CASTELLANO, E. E. Structural and Spectroscopic Properties of Two New Isostructural Complexes of Lapacholate with Cobalt and Copper. Int. J. of Inorg. Chem., V. 2012, p. 1-6, 2012. MOLINA, R. H.; KALININA, I.; ESPARZA, P.; SOKOLOV, M.; PLATAS, J. G.; BRAUN, A. E. & SACAU, E. P. Complexes of Co(II) and Ni(II) with lapachol. Polyhedron, v. 26, p. 4860-4864, 2007. SILVA, M. N.; FERREIRA, V. F.; SOUZA, M. C. B. V. Um Panorama Atual da Química e da Farmacologia de Naftoquinonas, com Ênfase na β-Lapachona e derivados. Quim. Nova, v. 26, p. 407-416, 2003. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 45 Estudo Espectroscópico de um Composto de Coordenação Lapacholato-Ag(I) Natália A. Cabeza1, Tamires D. Oliveira, Débora F. Brotto, Alice Gonçalves, Noeli A. Cruz, Ademir dos Anjos, Alberto A. Cavalheiro2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Lapachol, Prata, Infravermelho, UV-Vis. INTRODUÇÃO Estudos que abordam o isolamento, caracterização e aplicações de compostos orgânicos extraídos de plantas nativas do cerrado vêm ganhando espaço a cada dia. A aplicação destes compostos pode ser variada, sendo que a maioria dos trabalhos desenvolvidos os utiliza como ligantes em sínteses de compostos de coordenação. O lapachol é uma substância facilmente extraída do Ipê roxo (Tabebuia avellandedae), e apresenta diversas atividades, dentre as quais a de maior destaque é atividade antitumoral. A interação desta quinona com íons metálicos tem sido amplamente estudada, pois se acredita que a coordenação deste composto resulte em avanços significativos em suas atividades (MOLINA, 2007; CARUSO, 2009). Íons metálicos são de grande importância em papéis biológicos, tecnológicos e ambientais. A prata é um metal nobre com inúmeras aplicações, sendo utilizada desde objetos de decoração, indústria fotográfica, pilhas de longa duração e painéis solares. As atividades mais conhecidas deste metal são as antibactericidas, por ela ser altamente tóxica para os microorganismos, e as condutoras, por ser considerada o melhor condutor elétrico e térmico entre os metais. No entanto, devido ao seu alto custo são pouco exploradas (PERCIVAL, 2005). Desta forma, com o intuito de melhorar as atividades biológicas do lapachol natural, sintetizou-se um composto de coordenação utilizando o íon Ag(I), o qual foi caracterizado por técnicas espectroscópicas nas regiões do Infravermelho e UV-Vis. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Natália A. Cabeza, Tamires D. Oliveira, Débora F. Brotto, Alice Gonçalves, Noeli A. Cruz, Ademir dos Anjos, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 45-48. 46 MATERIAIS E MÉTODOS A extração da naftoquinona natural lapachol foi realizada partindo-se de 100g de serragem de ipê roxo em béquer contendo diclorometano (quantidade suficiente para cobrir serragem) mantendo-se em constante agitação e aquecimento por 30 minutos. Após o término da primeira etapa filtrou-se a serragem em sistema de vácuo, utilizando funil de Büchner e evaporou-se a solução em evaporador rotativo. Recristalizou-se o extrato obtido em etanol repetidamente induzindo-se a sua precipitação com água destilada (FÁRFAN, 2012). A síntese do complexo foi realizada a partir da estequiometria 1:1 partindo-se do sal nitrato de prata. O lapachol foi solubilizado em NH4OH e levado para agitação e aquecimento, em outro béquer a prata foi solubilizada em água e em seguida adicionada sobre o lapachol. A solução foi mantida em aquecimento até total liberação da NH3. O precipitado resultante da reação foi filtrado, lavado e posteriormente caracterizado. Os espectros eletrônicos nas regiões do ultravioleta e visível foram obtidos em um espectrofotômetro Varian modelo Cary 50, no Laboratório de Pesquisa da Unidade de Naviraí/UEMS. As análises foram realizadas utilizando-se diclorometano (grau espectroscópico) e celas de quartzo com capacidade para 4,0 mL com 1 cm de caminho óptico. Os espectros no infravermelho foram obtidos em um espectrofotômetro FTIR-2000, Perkin Elmer, na região de 4000 a 450 cm-1, com acessório de detecção por fotoacústica obtido no Grupo de Espectroscopia Óptica e Fototérmica do Centro Integrado de Análise e Monitoramento Ambiental-CInAM da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. RESULTADOS E DISCUSSÃO O espectro eletrônico mostrou-se uma ferramenta importante para caracterização do composto. A análise apresentou espectros visivelmente distintos (Figura 1), onde se podem observar deslocamentos batocrômicos (para menor energia) nas bandas características do lapachol após a interação com o íon metálico. Outro forte indicativo da complexação é o surgimento da banda na região de 500 nm, que pode ser atribuída à transferência de carga ligante metal. Os espectros na região do Infravermelho mostraram alterações significativas quando relacionadas ao ligante in natura (Figura 2). O principal indicativo para a complexação baseando-se do FT-IR foi o desaparecimento da banda em 3352 cm-1 que é atribuída ao grupamento O-H de fenol presente no lapachol. Além deste forte fator, outros também foram observados, como os deslocamentos dos grupos carbonílicos para menor número de onda. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Natália A. Cabeza, Tamires D. Oliveira, Débora F. Brotto, Alice Gonçalves, Noeli A. Cruz, Ademir dos Anjos, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 45-48. 47 5 Lapachol Complexo Absorbância 4 3 2 1 0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de onda (nm) Figura 1 – Espectro eletrônico do ligante (preto) e complexo (vermelho). 300 Complexo Lapachol Intensidade (u.a) 250 200 150 100 50 0 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de onda (cm ) Figura 2 – Espectro no infravermelho do ligante (vermelho) e complexo (preto). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Natália A. Cabeza, Tamires D. Oliveira, Débora F. Brotto, Alice Gonçalves, Noeli A. Cruz, Ademir dos Anjos, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 45-48. 48 CONCLUSÕES Os resultados obtidos através das análises espectroscópicas sugerem que há formação do composto de coordenação lapacholato-Ag(I). O complexo foi obtido com sucesso utilizando rota de síntese em meio aquoso, pela ação da amônia como base de Bronsted, que deprotona o grupo hidroxila do lapachol, e como base de Lewis, que atua como complexante do íon prata em meio aquoso. A evaporação controlada da amônia promove a liberação dos íons Ag(I) e leva a precipitação do complexo lapacholato-Ag(I). Pretende-se aplicar o composto obtido na fabricação de um sensor que será utilizado para detecção da naftoquinona natural lapachol. AGRADECIMENTOS CAPES, FUNDECT e UEMS. REFERÊNCIAS CARUSO, F.; MARTINEZ, M. A.; ROSSI, M.; GOLDBERG, A.; VILLALBA, M. E. C.; AYMONINO, P. J. 2009. Crystal and Molecular Structure of Manganese(II) Lapacholate, a Novel Polymeric Species Undergoing Temperature-Reversible Metal to Ligand Electron Transfer. Inorganic Chemistry, v. 48, p. 3529-3534. FARFÁN, R. A.; ESPÍNDOLA, J. A.; GOMEZ. M.I.; DE JIMÉNEZ, M. C. L.; MARTÍNEZ, M. A.; PIRO, O. E.; CASTELLANO, E. E. 2012. Structural and Spectroscopic Properties of Two New Isostructural Complexes of Lapacholate with Cobalt and Copper. International Journal of Inorganic Chemistry, V. 2012, p. 1-6. MOLINA, R. H.; KALININA, I.; ESPARZA, P.; SOKOLOV, M.; PLATAS, J. G.; BRAUN, A. E. & SACAU, E. P. 2007. Complexes of Co(II) and Ni(II) with lapachol. Polyhedron, v. 26, p. 48604864. PERCIVAL, S.L.; BOWLER, P.G.; RUSSELL, D. Bacterial resistance to silver in wound care. Journal of Hospital Infection, v. 60, p.1-7, 2005. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 49 Performance Fotocatalítica do Semicondutor Dióxido de Titânio Modificado com Escândio e Prata Douglas W. Silva1, Maycon Santos, Eliane F. Souza, Natali A. Cruz, Daniela C. M. Rodrigues, Leinig A. Perazolli, Alberto A. Cavalheiro2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Fotocatálise; semicondutor; dióxido de titânio. INTRODUÇÃO Com uma possível escassez de água potável devido a diversos fatores, principalmente a poluição por micropoluentes orgânicos, vem se estudando sistemas de tratamentos avançados, como a fotocatálise heterogênea. O dióxido de titânio (TiO2) é um semicondutor, no qual a morfologia e a estrutura cristalina influenciam nas suas propriedades ópticas e fotônicas. O TiO2 é utilizado em vários setores industriais e tecnológicos, mas vem ganhando cada vez mais destaque para aplicações em fotocatálise heterogênea para despoluição de águas residuais, por apresentar grande eficiência na degradação de uma imensa classe de micropoluentes orgânicos em águas [1, 2]. Em fotocatálise heterogênea, a interface entre o material e meio reacional é um fator decisivo, pois a degradação dos micro-poluentes orgânicos tem início na superfície do material, com a geração de potencial de carga através da excitação por radiação luminosa de alta energia, como a luz ultravioleta. Este potencial é então transferido para o meio reacional, convertendo água e oxigênio dissolvido em radicais hidroxila e superóxido, respectivamente, que são as espécies que efetivamente oxidarão os compostos orgânicos em solução [3]. Para se obter o material na forma de pós com boa área superficial é necessário um controle da morfologia e cristalinidade do material, observando fatores como a temperatura de calcinação e a inserção de modificadores [4]. A síntese do dióxido de titânio modificado com escândio e prata pelo Método dos Precursores Poliméricos e caracterizando-o quanto a formação de fases cristalina e morfologia obtida é o objetivo deste trabalho. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Douglas W. Silva, Maycon Santos, Eliane F. Souza, Natali A. Cruz, Daniela C. M. Rodrigues, Leinig A. Perazolli, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 49-52. 50 MATERIAIS E MÉTODOS O teste de fotocatálise é realizado nos laboratórios do Instituto de Química de Araraquara, UNESP. Para o teste de performance fotocatalítica, 5,0 mg do material catalisador são adicionados a uma solução de corante Rodamina B em uma concentração de 20 mg/L, de modo a obter uma suspensão. Esta suspensão é então colocada em um frasco de vidro pirex e alocado dentro do foto-reator fotocatalítico. O foto-reator se situa em uma caixa escura de proteção, ficando instalada dentro desta caixa uma lâmpada de bulbo de mercúrio emitindo radiação ultravioleta. Cobrindo a lâmpada, é colocada uma folha de papel alumínio para aumentar o aproveitamento da luz por reflexão interna do sistema e sob o frasco de vidro são colocados dois agitadores magnéticos para promover a constante agitação do meio reacional. Depois de um tempo de pré-adsorção, a qual é retirada uma alíquota para o tempo zero, a irradiação é iniciada e alíquotas são retiradas de tempos em tempos para análise por espectroscopia UV-Vis. Os seguintes intervalos de tempo reacional foram escolhidos para um melhor monitoramento da degradação: 5min,10min,15min,30min, 1h, 2h, 3h e 4h. Figura 1. Fluxograma do Procedimento de Síntese dos pós de dióxido de titânio pelo Método dos Precursores Poliméricos. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Douglas W. Silva, Maycon Santos, Eliane F. Souza, Natali A. Cruz, Daniela C. M. Rodrigues, Leinig A. Perazolli, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 49-52. 51 RESULTADOS E DISCUSSÃO Observam-se os Difratogramas de raios X (Figura 2) das amostras de pós de dióxido de titânio modificados com escândio e prata, calcinadas de 550 a 620°C. A transição de fase Anatase (An) - Rutilo (Ru) ocorre normalmente entre 580 e 620°C par sua composição não modificada. Entretanto, é possível observar nestes difratogramas que mesmo a amostra calcinada em 550°C apresenta fase Rutilo. A inserção dos modificadores prata e escândio pode mudar a temperatura de transição de fase em alguns graus de temperatura, mas não justifica a presença de fase rutilo a 550°C. A degradação completa do corante Rodamina B pode ser vista na Figura 3, relativa ass espectros UV-Vis ao longo do tempo de degradação para a amostra calcinada a 600°C. Figura 2. DRX dos pós de dióxido de titânio modificados com escândio e prata. Figura 3. Espectros UV-Vis durante o processo de descoloração por fotocatálise. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Douglas W. Silva, Maycon Santos, Eliane F. Souza, Natali A. Cruz, Daniela C. M. Rodrigues, Leinig A. Perazolli, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 49-52. 52 Como observado nos espectros UV-Vis para a fotocatálise, a degradação do corante significativamente mesmo após 5 minutos de irradiação e a redução na absorção do corante mostra que não há um período de retardamento inicial. A degradação se acelera depois de 15 minutos e a completa mineralização ocorre depois de 3 horas de fotocatálise. CONCLUSÕES O Método dos Precursores Poliméricos se mostrou hábil para síntese de dióxido de titânio modificado com escândio e prata, resultando em soluções estáveis para todas as composições estudadas. Isso permitiu a obtenção de pós com morfologia adequada e boa cristalinidade. A degradação do corante rodamina B ocorre imediatamente após o início da irradiação e se acelera após 15 minutos de processo. Com 3 horas de degradação, o corante presente na solução é completamente degradado, demonstrando que o material obtido tem alta performance para despoluição de águas contaminadas com micro-poluentes orgânicos. AGRADECIMENTOS A FINEP pela Ação Estruturante, CNPq e CAPES pelo apoio fianceiro, UFMS e UNESP pelo apoio na caracterização das amostras, UEMS (PROPP e Gerência da Unidade de Naviraí) pelo Apoio institucional e infra-estrutura de pesquisa. REFERÊNCIAS [1] PLANETA ORGÂNICO. Disponibilidade da Água na Terra. www.planetaorganico.com.br/site. Último acesso em 30 de Agosto de 2013. Disponível em: [4] SILVÉRIO, E. M. P.; SOARES, V. F.; SANSIVIERO, M. T. C.; MOHALLEM, N. D. S. Evolução das propriedades texturais, estruturais e morfológicas do TiO2 com a temperatura. In: Anais da 29a REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA Sociedade Brasileira de Química, 29, Águas de Lindóia, 2006. São Paulo SBQ, 2006, p.1 . Disponível em: http://sec.sbq.org.br/cd29ra/resumos/T1843-1.pdf acesso em: 21 de agosto 2010. [3] CAVALHEIRO, A. A.; BRUNO, J. C.; SAEKI, M. J.; VALENTE, J. P. S., FLORENTINO, A. O. Photocatalytic Decomposition of Diclofenac Potassium Using Silver-Modified TiO2 Thin Films. Thin solids Films. v. 516, n. 18, p. 6240-6244. 2007. [4] VERLIEFDE, A.; CORNELISSEN, E.; AMY, G.; VAN Der BRUGGEN, B.; Van DIJK, H. Priority Organic Micropollutants in Water Sources in Flanders and the Netherlands and Assessment of Removal Possibilities with Nanofiltration. Environmental Pollution. v.146, p.281-289, 2007. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 53 Efeito da Modificação com Manganês durante o Processo de Síntese do Dióxido de Titânio pelo Método dos Precursores Poliméricos Eduardo F. de Carli1, Eliane F. Souza, Natali A. Cruz, Maycon dos Santos, Douglas W. Silva, Alberto A. Cavalheiro2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Mundo Novo Rodovia BR 163, Km 20,2 – Mundo Novo/MS. CEP 79.980-000. Fone: (67) 3923-3181. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Precursores Poliméricos, filmes finos, Manganês. INTRODUÇÃO A água é uma substância química importante para a indústria de alimentos e sua qualidade é essencial para a segurança alimentar (TAMINI, 2008). O TiO2 é um semicondutor aplicado como fotocatalisador para degradação de micropoluentes orgânicos, visando a despoluição de águas destinadas a consumo humano. O material pode ser preparado na forma de pós-ultrafinos, que tem a vantagem de possuir grande área especifica e degradar os micropoluentes em poucas horas. Porém, as enormes dificuldades de ultrafiltração tornam o processo inviável em grande escala ou fluxo continuo, mas, existem vários estudos na imobilização deste material sobre substratos transparentes de vidro comum, constituindo-o como um filme fino capaz de degradar os mesmos poluentes com uma eficiência menor, mas com a mesma eficácia dos pós-ultrafinos (SILVA, 2008). O Método dos Precursores Poliméricos se destaca na obtenção de materiais com tamanho de partículas controlado, alta pureza e homogeneidade química, alem de apresentar baixo custo e não necessitar de aparelhagem sofisticada para sua preparação. É baseado na complexação de elementos precursores na forma de citrato e posterior esterificação com poliol. De acordo com Cavalheiro (2008) e Nogueira (1997), um rigoroso controle de limpeza e tratamento do substrato, aliado ao ajuste das condições de deposição e a pré-calcinação dos filmes úmidos leva a obtenção de filmes finos de TiO2 de ótima qualidade. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eduardo F. de Carli, Eliane F. Souza, Natali A. Cruz, Maycon dos Santos, Douglas W. Silva, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 53-56. 54 O objetivo deste trabalho foi preparar soluções precursoras de TiO2 modificadas com manganês pelo Método dos Precursores Poliméricos sendo que a função do manganês é tornar o material ativo à luz solar, já que o óxido de manganês absorve dentro do espectro visível, o que aumentará a aplicabilidade do material. MATERIAIS E MÉTODOS O fluxograma do procedimento de síntese do citrato de titânio pode ser visualizado na Figura 1. As soluções foram preparadas com a proporção de modificação de 0, 1, 2 e 5mol% de manganês. A inserção de manganês é feita após preparo da solução de citrato de manganês, suspendendo-se o óxido de manganês MnO2 em solução de citrato de amônio e hidróxido de amônio e promovendo ataque com ácido nítrico concentrado HNO3. Os substratos utilizados foram placas de vidro borosilicato e o preparo foi feito por imersão em solução detergente neutro com aquecimento e posterior enxágue com água deionizada também sob aquecimento. Para a obtenção dos filmes úmidos a solução poliéster foi depositada nos substratos utilizando um dip-coater automatizado. Figura 1: Fluxograma do procedimento de síntese dos pós e filmes finos de TiO2 modificados ou não com Mn. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eduardo F. de Carli, Eliane F. Souza, Natali A. Cruz, Maycon dos Santos, Douglas W. Silva, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 53-56. 55 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 2 observam-se as imagens dos filmes finos calcinados a 350°C por 2 horas. Nota-se que o filme com 5mol%Mn tem a sua fluidez afetada durante a deposição, levando ao escoamento durante a secagem. Com pré-tratamento a 350°C, a matéria orgânica residual é menor e não ocorre combustão significativa. Com isso, a temperatura local da amostra não ultrapassa a temperatura do forno e mesmo com temperatura final de calcinação em 600°C, há pouca quantidade de fase rutilo, quando comparada as amostra pré-tratadas a 300°C. Para a obtenção de partículas, o precursor polimérico contendo manganês apresenta maior dificuldade de eliminação de matéria orgânica quando pré-tratadas a 300°C, havendo liberação de calor extra no material devido a combustão desta matéria orgânica residual e, mesmo a baixas temperaturas de calcinação final (500°C), há formação de rutilo. Figura 2. Solução estável de citrato de titânio dopada com 1 mol% de Mn obtida pelo Método dos Precursores Poliméricos (a) e Imagens dos filmes finos de dióxido de titânio dopados com 1, 2 e 5 mol% de manganês e calcinados a 450°C por 2 horas. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eduardo F. de Carli, Eliane F. Souza, Natali A. Cruz, Maycon dos Santos, Douglas W. Silva, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 53-56. a) 56 b) Figura 3: DRX dos pós de TiO2 dopado com 2mol% Mn, obtidos pelo Método dos Precursores Poliméricos com pré-tratamento a 300/350°C por 4 horas. CONCLUSÕES A obtenção de filmes finos e pós de TiO2 e sua modificação com manganês permitiu obter conhecimento de processo, desde da dissolução do precursor até a obtenção dos filmes finos. Foi entendido como o manganês afeta a formação da resina poliéster e sua decomposição para formação da fase óxido através de espectroscopia na região do UV-Vis e do infravermelho. Para conclusão deste projeto, foi executada a caracterização por difratometria de raios X para averiguar a efetividade da eliminação da matéria orgânica e formação de filmes homogêneos e cristalinos. AGRADECIMENTOS Ao FINEP, CNPq e CAPES pelo auxílio financeiro e bolsas PIBIC, PIBITI e Mestrado. A UFMS e UNESP, pela colaboração na caracterização dos materiais. REFERÊNCIAS ALVAREZ, M. L.; SERRA J.; CARLOS, A.; GONZALEZ, P. Marine-Based Carbon and Silicon Carbide Scaffolds with Patterned Surface for Tissue Engineering Applications. Capítulo 19: "Advances in Ceramics - Electric and Magnetic Ceramics, Bioceramics, Ceramics and Environment", Ed. Costas Sikalidis, 2012. CAVALHEIRO, A, BRUNO, J, SAEKI, M, VALENTE, J, FLORENTINO, A. Effect of Scandium on the Strutural and Photocatalytic Properties of Titanium Dioxide Thin Films. Journal of Materials Science. v. 43, p. 602-608, 2008. NOGUEIRA, R. F. P.; JARDIM, W. F. A Fotocatálise Heterogênea e sua Aplicação Ambiental. Química Nova. v. 21, n. 1, p. 69-72, 1997. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 57 Efeito da Dopagem de Dióxido de Titânio com 1 mol% de Vanádio, obtido pelo Método dos Precursores Poliméricos Maycon dos Santos1, Natali A. Cruz, Eliane F. Souza, Douglas W. Silva, Alberto A. Cavalheiro2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: TiO2, Ferro, Precursores Poliméricos, Fotocatálise. INTRODUÇÃO A água é considerada um componente alimentício fundamental para a manutenção da vida no planeta. Através da industrialização, esse bem natural tem sido prejudicado, pois a atividade industrial gera grande quantidade de resíduos, contaminando os mananciais hídricos e influenciando na qualidade de vida da população [1]. Para determinados tipos de poluentes gerados pela indústria, ou mesmo nas atividades agropecuárias, há métodos avançados de tratamento, denominados de Processos Oxidativos Avançados (POAs), que são baseados na formação de radicais altamente oxidantes. A fotocatálise heterogênea é o POA que mais vantagens acumula sobre os outros processos, por utilizar um material cerâmico semicondutor como fotocatalisador, especificamente, o dióxido de titânio TiO2 [2]. O mecanismo fotocatalítico envolve a irradiação do semicondutor com luz de alta energia na região do ultravioleta, promovendo elétrons da banda de valência (localizados na ligação química) para a banda de condução (elétrons livres no material). O elétron livre (e-) pode ser capturado pelo oxigênio molecular e dar origem ao radical superóxido •O2-, enquanto a carga pontual positiva deixada pela promoção do elétron, denominada buraco (h+), captura o elétron do íon hidroxila, proveniente da autoprotólise da água, gerando o radical hidroxila •OH. Estes radicais altamente oxidantes provocam reações de oxidação no meio aquoso [3]. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Maycon dos Santos, Natali A. Cruz, Eliane F. Souza, Douglas W. Silva, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 57-60. 58 Dentre as fases possíveis para o dióxido de titânio, a anatase destaca-se devido ao ordenamento de sua estrutura cristalina que possibilita maior capacidade de adsorção, dificulta a recombinação elétron-buraco e por ser fotoativa. Já a fase rutilo, apesar de possuir maior área superficial, é inativa fotocataliticamente, o que não é interessante em fotocatálise. O TiO2 apresenta uma transição de fases irreversível em torno de 600 ºC, mas essa temperatura pode ser alterada com a adição de dopantes no material. O processo de cristalização e as transições de fases ocorrem em função do tratamento térmico, podendo haver pré-tratamentos para facilitar a eliminação da matéria orgânica antes de iniciar o processo de cristalização [3]. O método dos precursores poliméricos tem se destacado na obtenção desses materiais por permitir o controle do tamanho das partículas, alta pureza, homogeneidade química e não precisar de aparelhagem sofisticada. Quanto a morfologia, pode ser sintetizado de duas formas: nanoparticulado e na forma de filmes finos. Os filmes finos possuem menor área superficial, mas permitem a fotocatálise em processo contínuo, pois sua superfície pode ser regenerada sem grandes problemas após a aplicação. O pós (nanoparticulados) possuem maior área superficial, mas necessitam de ultrafitração para sua retirada do meio aquoso, o que gera custos elevados. MATERIAIS E MÉTODOS O Método dos Precursores Poliméricos (MPP) foi utilizado para obtenção das amostras de dióxido de titânio e o estudo da modificação com ferro (III). Para obtenção das soluções precursoras, dissolveu-se o ácido cítrico em álcool isopropílico sob agitação e aquecimento moderado e adicionou-se em seguida, o isopropóxido de titânio para formação do citrato de titânio. Para a inserção do modificador Vanádio (V+5), foi necessário preparar uma solução de citrato de vanádio (V2O3), dissolvendo o ácido cítrico (C6H8O7) em água destilada. Após totalmente dissolvido, adiciona-se o metavanadato de amônio (NH4VO3) à solução, deixando-a sob agitação e aquecimento brando para total dissolução. Após mistura de ambas as soluções, adicionou-se o etileno glicol promovu-se a poliesterificação e a evaporação dos solventes entre 90-120°C. A razão molar de titânio: ácido cítrico: etileno glicol foi de 1:3:5 respectivamente e a proporção de vanádio foi de 1, 2 e 5mol%. A solução precursora foi então pré-calcinada em forno a 350°C por 4 horas e triturada antes da calcinação final entre 550ºC por 1 hora. e caracterizadas por espectroscopia na região do infravermelho e Difratograma de Raio-X. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Maycon dos Santos, Natali A. Cruz, Eliane F. Souza, Douglas W. Silva, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 57-60. 59 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos espetros de infravermelho (número de onda de 4000 a 400 cm-1) referentes aos pós não modificados calcinados a 550 ºC, observa-se a predominância de bandas relacionadas aos grupos funcionais da hidroxila (O-H), situadas em torno de 2800 a 3500 cm-1, da carbonila (C=O) oriunda do dióxido de carbono (CO2), situada em 2350 cm-1 e da vibração de rede do sólido, associada a fase de óxido formada, de 400 e 1200 cm-1. Já para os pós modificados a 1 mol% de vanádio, em torno de 1000 e 3000 cm-1, é observada a presença de bandas relacionadas a presença de matéria orgânica residual, demonstrando alterações na estrutura devido a presença do vanádio, conforme demonstrado na figura 1. Em comparação das duas amostras antes e após a inserção do modificador, com as mesmas temperaturas de cristalização, a quantidade de fase rutilo é maior nas amostras com adição do modificador vanádio do que nas amostras de TiO2 puro, após calcinação. Estes resultados implicam que a dopagem com Vanádio promove a transição da fase anatase para rutilo. Figura 1. Espectros no Infravermelho das amostras de dióxido de titânio pré-tratadas a 350 °C por 4 h e calcinadas a 550 ºC por 1h: a) puro; b) 1mol% vanádio Figura 2. DRX das amostras de dióxido de titânio pré-tratadas a 350 °C por 4 h e calcinadas a 550 ºC por 1h: a) puro; b) 1mol% vanádio Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Maycon dos Santos, Natali A. Cruz, Eliane F. Souza, Douglas W. Silva, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 57-60. 60 Os parâmetros de rede refinados para a estrutura anatase (Tabela 1) mostram que este efeito é originado do bloqueio do ordenamento na presença de vanádio, levando a transição de fase, como mostra a tabela. Tabela 1 – Estrutura anatase refinada dos pós de TiO2 calcinados a 500 e 550°C por 2h. Amostra Não dopada a 500°C Não dopada a 550°C Dopada com vanádio a 500°C Dopada com vanádio a 550°C a (Ǻ) 3.7825 3.7837 3.7842 3.7832 c (Ǻ) 9.5023 9.5090 9.4971 9.5048 c/a 2.5122 2.5131 2.5097 2.5124 V (Ǻ3) 136.07 136.14 135.88 136.04 FWHM (°) 0.49 0.42 0.55 0.45 CONCLUSÕES Através da dopagem do dióxido de titânio com 1mol% de vanádio torna mais fácil o processo de transição de fases, da anatase para rutilo, e dificulta a eliminação da matéria orgânica, o que não é desejado. Portanto deve-se estudar criteriosamente a temperatura de cristalização do material, evitando essa transição de fases. O tratamento térmico visa a eliminação da matéria orgânica e é considerado fator primordial para obtenção de um bom material para que seja feita sua aplicação como fotocatalisador. AGRADECIMENTOS A FINEP pela Ação Estruturante, CNPq e CAPES pelo apoio fianceiro, UFMS e UNESP pelo apoio na caracterização das amostras, UEMS (PROPP e Gerência da Unidade de Naviraí) pelo Apoio institucional e infra-estrutura de pesquisa. REFERÊNCIAS [1] PLANETA ORGÂNICO. Disponibilidade da Água na Terra. www.planetaorganico.com.br/site. Último acesso em 30 de Agosto de 2013. Disponível em: [2] KITANO, M.; MATSUOCA, M.; UESHIMA, M.; MASACAZU, A. Recent Developments in Titanium Oxide-Based Photocatalysts. Applied Catalysis A: General, v.325, n.1, p. 1-14, 2007. [3] CAVALHEIRO, A. A.; BRUNO, J. C.; SAEKI, M. J.; VALENTE, J. P. S., FLORENTINO, A. O. Photocatalytic Decomposition of Diclofenac Potassium Using Silver-Modified TiO2 Thin Films. Thin solids Films. v. 516, n. 18, p. 6240-6244. 2007. [4] YANG, J., ZHANG, X., LIU, H., WANG, C., LIU, S., SUN, P., WANG, L., LIU, Y. Heterostructured TiO2/WO3 porous microspheres: Preparation, characterization and photocatalytic properties, Catal. Today 201 (2013) 195-202. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 61 Inserção de íons Férricos como Modificador Fotônico em Fotocatalisadores de Dióxido de Titânio TiO2 obtidos pelo Método dos Precursores Poliméricos Natali A. Cruz1, Eliane F. Souza, Douglas W. Silva, Maycon dos Santos, Alberto A. Cavalheiro2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Precursores Poliméricos, Ferro, Titânio, Cristalização. INTRODUÇÃO O Método dos Precursores Poliméricos tem etapas bem definidas no contexto investigativo, durante a etapa dede síntese da fase desejada. O processo de cristalização e as transições de fases ocorrem em função do tratamento térmico, podendo haver pré-tratamentos para facilitar a eliminação da matéria orgânica antes de iniciar o processo de cristalização [1]. Ao se utilizar esta metodologia química, para síntese de materiais fotônicos, cuja pureza de fase e qualidade óptica são requeridas, há a necessidade de estabelecer etapas de eliminação da matéria orgânica do precursor em estágios anteriores ao processo de cristalização, separando-os mecanisticamente durante a calcinação. Isso é ainda mais necessário quando o precursor é utilizado para a obtenção de filmes finos, paralelo aos ajustes de pH, tratamento e limpeza dos substratos, adição de complexantes, modificadores e coadjuvantes que viabilizam a obtenção de filmes finos aderentes e com qualidade óptica [2]. A síntese do semicondutor de dióxido de titânio TiO2 modificado com metais de transição de menor estado de oxidação que o titânio IV, como o ferro(III) ou escândio(III), entre outros, é capaz de promover a formação de semicondutores do tipo P, aumentando a concentração de buracos intrínsecos no material. Estes buracos promover a oxidação dos íons hidroxilas provenientes da autoprotólise da água, aumentando a concentração de radicais hidroxilas no meio reacional, que potencializam a degradação de matéria orgânica por processo de oxidação avançado [3]. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Natali A. Cruz, Eliane F. Souza, Douglas W. Silva, Maycon dos Santos, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 61-64. 62 A adição de ferro, um metal de transição reconhecido por absorver radiação na região do violeta e azul, portanto, dentro do visível, pode ajudar a ampliar a aplicabilidade do material, que poderá então operar fotocataliticamente sob radiação solar. Com base nesta proposta, neste trabalho objetivou-se investigar a síntese de dióxido de titânio TiO2 modificado com ferro(III) através do Método dos Precursores Poliméricos, utilizando-se de etapas de pré-calcinação que visa controlar a eliminação da matéria orgânica sem comprometer a obtenção da fase desejada no material. MATERIAIS E MÉTODOS O Método dos Precursores Poliméricos (MPP) foi utilizado para obtenção das amostras de dióxido de titânio e o estudo da modificação com ferro (III). Para obtenção das soluções precursoras, dissolveu-se o ácido cítrico em álcool isopropílico sob agitação e aquecimento moderado e adicionou-se em seguida, o isopropóxido de titânio para formação do citrato de titânio. Em seguida, adicionou-se o etileno glicol aumentou-se a temperatura para 100 °C para promover a poliesterificação e a evaporação dos solventes. A inserção do modificador ferro se deu após dissolução prévia e em separado do nitrato férrico em álcool isopropílico, sob agitação e leve aquecimento. Após mistura do modificador ferro(III), em uma razão molar de 2mol%, a solução foi mantida por 2 hora sob agitação e aquecimento. Para a obtenção de filmes finos, substratos de vidro borossilicato foram limpos em detergente neutro a 70°C e enxaguados com água destilada várias vezes e secos em forno a 350°C por 2 horas. Posteriormente, os substratos são mergulhados na solução de citrato precursoras por dip-coating e pré-tratados em estufa a 100 ºC por aproximadamente 12 horas antes da pré-calcinação a 350ºC, mantendo-se por 2 horas. Os filmes pré-calcinados são então levados a calcinação final a 550°C por horas. O restante das soluções foram divididas em duas e pré-tratadas a 300ºC e a 350ºC por 2 h, antes da calcinação final entre 500 e 600ºC por 1 h. RESULTADOS E DISCUSSÃO As soluções obtidas pelo Método dos Precursores Poliméricos foram utilizadas para obtenção de filmes finos e pós, nas mesmas condições. As amostras de pó foram caracterizadas por difratometria de raios X (DRX). O pré-tratamento é crucial para a formação de fases, pois os difratogramas de Raios-X mostram que as amostras pré-tratadas a 300°C (Figura 1) são menos cristalinas do que as pré-tratadas a 350°C (Figura 2), considerando as mesmas temperaturas de calcinação final. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Natali A. Cruz, Eliane F. Souza, Douglas W. Silva, Maycon dos Santos, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 61-64. 63 Figura 1. DRX dos pós de dióxido de titânio dopados com 2mol% de ferro, obtidos pelo Método dos Precursores Poliméricos, pré-tratados a 300°C por 2 horas. Figura 2. DRX dos pós de dióxido de titânio dopados com 2mol% de ferro, obtidos pelo Método dos Precursores Poliméricos, pré-tratados a 350°C por 2 horas. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Natali A. Cruz, Eliane F. Souza, Douglas W. Silva, Maycon dos Santos, Alberto A. Cavalheiro. Anais 3JCN (2013) pp 61-64. 64 Observa-se que para as amostras pré-tratadas a 300°C (Figura 1), há formação da fase rutilo a 500°C e um aumento na sua quantidade à medida que a temperatura de calcinação final se eleva, observando o pico em 28° (2-teta). Em 600°C, a quantidade de fase rutilo é muito significativa, com o pico desta fase tendo a mesma intensidade do pico da fase anatase. Para as amostras pré-tratadas a 350°C (Figura 2), a formação da fase rutilo é fortemente inibida, aparecendo uma pequena quantidade somente para a temperatura final de calcinação de 600°C. Estas diferenças de cristalinidade e formação de fase, como função do prétratamento, estão relacionadas ao estágio de eliminação de matéria orgânica em baixas temperaturas, mas suficiente para eliminar a matéria orgânica de modo lento e separado do processo de cristalização na temperatura final. CONCLUSÕES O Método dos Precursores Poliméricos se mostrou hábil para síntese de dióxido de titânio modificado com íons ferro(III), resultando em soluções estáveis e homogêneas. O uso de pré-tratamento em temperaturas maiores, como 350°C, se mostrou eficaz para decomposição da matéria orgânica antes da cristalização da fase anatase no material, o que evita a liberação extra de calor da combustão durante a cristalização. Em pré-tratamentos em temperaturas menores, há maior resíduo de matéria orgânica, que acaba por entrar em combustão durante o processo de cirstalização. AGRADECIMENTOS A FINEP pela Ação Estruturante, CNPq e CAPES pelo apoio fianceiro, UFMS e UNESP pelo apoio na caracterização das amostras, UEMS (PROPP e Gerência da Unidade de Naviraí) pelo Apoio institucional e infra-estrutura de pesquisa. REFERÊNCIAS [1] MALAGUTTI, A. R., MOURÃO, H.A.J.L. GARBIN, J.R., Ribeiro, C. Deposition of TiO2 and Ag:TiO2 thin films by the polymeric precursor method and their application in the photodegradation of textile dyes, Appl. Catal. B-Environ 90 (2009) 205-212. [2] LI, X. CHEN, Z., SHI, Y. LIU, Y. Preparation of N, Fe co-doped TiO2 with visible light response, Powder Techno. 207 (2011) 165-169. [3] CAVALHEIRO, A.A., BRUNO, J, SAEKI, M, VALENTE, J, FLORENTINO, A. Effect of Scandium on the Strutural and Photocatalytic Properties of Titanium Dioxide Thin Films. Journal of Materials Science. v. 43, p. 602-608, 2008. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 65 Investigação da Atividade Antioxidante de Extratos das Folhas de Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez (Lauraceaea) Viviane Mallmann1, Lucas W. R. Aragão, Manoel G. Oliveira, Deluana M. Neto, Ana F. G. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Lauraceae, folhas, antioxidante. INTRODUÇÃO Nos últimos anos tem-se verificado um grande avanço científico envolvendo os estudos químicos e de plantas medicinais que visam obter novos compostos com propriedades terapêuticas. Estes estudos são realizados com espécies pertencentes a várias famílias, como Asteraceae, Celastraceae e principalmente Lauraceae devido ao fato de muitas delas serem ricas em metabólitos secundários muitos deles bioativos. Pertencentes à família Lauraceae tem-se o gênero Nectandra que é um dos principais nesta família no Novo Mundo, com 114 espécies distribuídas em todos os biomas da América tropical e subtropical, sendo encontrados no Brasil 43 representantes (BAITELLO, 2003). No município de Rio Brilhante-MS as folhas de um gênero de Nectandra, a N. megapotâmica, são utilizadas no tratamento de feridas pelos índios Guarani Kaiowá da aldeia Laranjeira Ñanderu. Conhecida popularmente por canela-preta ou canela louro, ocorre em Mato Grosso do Sul nas regiões central e sul do estado (ALVES 2007; LORENZI, 2002). Logo, com este estudo experimental objetivou-se avaliar quantitativamente com DPPH a atividade antioxidante do extrato bruto e fração hexânica das folhas de um exemplar de N. megapotamica da região sul de Mato Grosso do Sul. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Viviane Mallmann, Lucas W. R. Aragão, Manoel G. Oliveira, Deluana M. Neto, Ana F. G. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 65-68. 66 MATERIAIS E MÉTODOS A avaliação quantitativa da atividade antioxidante foi feita monitorando o consumo do radical livre DPPH pelas amostras, por meio da medida do decréscimo da absorbância as soluções de diferentes concentrações em espectrofotômetro UV-VIS no comprimento de onda 517 nm, tendo como controle a rutina. Foi preparada uma solução mãe a partir de 5,0 mg do extrato etanólico e fração hexânica e então dissolvidas em 5,0 mL de metanol, obtendo assim uma solução de concentração 10 mg/ mL. Uma solução do radical livre 1-1-difenil-2-picril hidrazil (DPPH), com concentração de 0,004% em metanol na qual foram adicionados ate completar o volume de 5,0 mL de cada uma das duas soluções preparadas a partir da cada fração o mesmo procedimento foi realizado com o padrão antioxidante rutina. Após o período de trinta minutos das soluções feitas, as mesmas foram submetidas a leitura de suas absorbâncias que foram medidas a 517 nm conforme dados da Tabela 1. Tabela 1. Absorbâncias dos extratos para o teste quantitativo da atividade antioxidante. Concentração dos compostos testes (mg/mL) **Branco 1,25 2,50 5,0 10,0 Rutina 1,335 0,7809 0,7801 0,7518 0,7520 *Absorbância Extrato Bruto Fração Hexânica 1,222 1,223 0,6505 0,6979 0,5813 0,6598 0,5109 0,5677 0,3804 0,3744 * Absorbância da mistura DPPH + metanol + amostra, após trinta minutos de reação; ** O branco se refere a mistura DPPH + metanol, após trinta minutos de reação. RESULTADOS E DISCUSSÃO O teste com 1,1- difenil- 2-picrilidrazil (DPPH), quantifica e após reação a coloração amarela permanente sobre fundo purpura indica teste positivo para compostos antioxidantes. Os radicais livres DPPH. Inicialmente apresentam cor roxa por possuírem elétrons livres, perdem esta cor quando um radical hidrogênio é doado por uma molécula antioxidante, entrando em ressonância com a molécula de DPPH., diminuindo-se assim, a absorbância. O DPPH é um radical estável e com baixa taxa de deterioração e reatividade com a maioria dos compostos, por isso, apenas redutores fortes são capazes de reagir com esses radicais estáveis em um modo estequimétrico (SCHWARS, 2001). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Viviane Mallmann, Lucas W. R. Aragão, Manoel G. Oliveira, Deluana M. Neto, Ana F. G. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 65-68. 67 Logo quanto maior for o potencial antioxidante de uma amostra, menor será a absorção em 517 nm, ou seja, o valor da capacidade sequestradora de radicais livres (% ∆0) maior que 80% para uma amostra medida naquele comprimento de onda, sugere forte atividade antioxidante da mesma concentração analisada (RODRIGUES, 2006). Com este teste pode-se constatar atividade antioxidante em ambas amostras analisadas, sendo que na fração hexânica a atividade se destaca com 50,20% frente o extrato etanólico com 49,41% como mostram as figuras 1 e 2. Figura 1. Porcentagem de variação da absorbância pela concentração da fração do Extrato Bruto. Figura 2. Porcentagem de variação da absorbância pela concentração da fração Hexânica. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Viviane Mallmann, Lucas W. R. Aragão, Manoel G. Oliveira, Deluana M. Neto, Ana F. G. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 65-68. 68 CONCLUSÕES O estudo demonstrou que a planta em questão merece atenção visto que apresenta potencial antioxidante tanto no extrato etanólico quanto na fração hexânica. Sugerindo futuras investigações na busca de isolamento de compostos neste extrato e fração. AGRADECIMENTOS Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, unidade de Naviraí e Mundo Novo. REFERÊNCIAS LORENZI, H.; Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas do Brasi, 4ª ed., Instituto Plantarum: Nova Odessa, 2002. RODRIGUES, F. A.; MINGUZZI, S. Estudo Fitoquímico e Atividade Antioxidante das raízes de Jatropha sp. Do Cerrado de Mato Grosso do Sul. 26 f. Trabalho de Conclusão de curso (Graduação em Química). Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, 2006. SCHWARS, K.; BERTELSEN, G.; NISSEN, L.R. et. al. Europe Food Res. Technology. 212.319, 2001. BAITELLO, J. B.; LOREA-HERNÁNDEZ, F. G. L.; MORAES, P. L. R.; ESTEVES, R.; MARCOVINO, J. R. Em Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo; WANDERLEY, M. G. L.; SHEPHERD, G. J.; GIULETTI, A. M.; MELHEM, T. S., eds.; Fapesp Rima: São Paulo, p. 149, 2003. ALVES, T.M.D., SILVA, A.F., BRANDÃO, M., GRANDI, T.S.M, SMÂNIA, E.F.A, SMÂNIA, A. & ZANI, C.L. Biological screening of Brazilian medicinal plants. Mem Inst Oswaldo Cruz, 95: 367373, 2000. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 69 Perfil Cromatográfico do Óleo de Syagrus romanzoffiana Cham. Deluana M. Neto1, Manoel G. Oliveira, Viviane Mallmann, Lucas W. R. Aragão, Euclésio Simionatto2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Frutos, Jerivá, Ésteres. INTRODUÇÃO O jerivá (Syagrus romanzoffiana Cham.) é uma palmeira nativa do Brasil, abundante na paisagem do meio rural e amplamente utilizada no paisagismo urbano. Possui frutos comestíveis com polpa carnosa e doce, bastante produtiva e alimento tradicional da dieta guarani, consumido também na forma de bebida. Apesar deste contexto existem poucos estudos sobre a espécie. Destaca-se que os frutos apresentam bom perfil de ácidos graxos e a bebida preparada com seus frutos é rica em carboidratos e fenólicos totais. A bebida de jerivá é fonte de carboidratos totais, fibras solúveis e carotenóides, podendo ser uma fonte destes nutrientes se incluída na dieta humana (GOUDEL, 2012). MATERIAIS E MÉTODOS A coleta dos materiais estudados foi realizada nos municípios de Caraapó - MS. A identificação botânica foi realizada pelo Prof. Dr. Etenaldo Felipe Santiago do Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais - PGRN. A espécie escolhidas para estudo foi Syagrus romanzoffiana Cham. (Jerivá) representada na Figura 1. As amêndoas foram separadas da polpa e casca por processos mecânicos. Foram armazenadas em local arejado, até que toda umidade fosse perdida. Em seguida, as mesmas foram trituradas com auxílio de liquidificador, o resultante foi pesado em balança analítica. A extração procedeu-se em aparelho Soxlhet com solvente hexano. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Deluana M. Neto, Manoel G. Oliveira, Viviane Mallmann, Lucas W. R. Aragão, Euclésio Simionatto. Anais 3JCN (2013) pp 69-72. 70 As extrações foram realizadas no Laboratório de Química Orgânica da Unidade da UEMS de Naviraí. Após a separação, o óleo foi armazenado em vidro âmbar, recoberto com papel alumínio para evitar possíveis oxidações e mantido resfriado a 10 ºC até o momento das análises qualitativas. Figura 1. Frutos de Syagrus romanzoffiana Cham. No processo de degomagem cerca de 7 mL do óleo bruto foi aquecido até 80 ºC e, então, adicionou-se ao mesmo 1% (da massa do óleo) de H3PO4 e 3% de água destilada. A mistura foi agitada vigorosamente durante 30 minutos e, em seguida, deixada em repouso em um funil de separação, para a separação da goma (proteínas, fosfolipídios e impurezas), e o óleo foi coletado na fase superior. O óleo obtido foi analisado através de cromatografia gasosa, a fim de definir qualitativamente e quantitativamente a composição dos ácidos graxos presentes nas amostras. Neste procedimento o óleo será submetido a uma reação de esterificação, visando liberar a fração constituída de ácidos graxos (HARTMAN, 1973). Na identificação e quantificação dos ácidos graxos será utilizado um cromatógrafo a gás HP 5590, com coluna capilar de sílica fundida de 60m de comprimento e 0,25mm de diâmetro interno, com detector de ionização em chama, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio como gases de arraste e fluxo de 1 mL/minuto. As condições cromatográficas serão as seguintes: temperatura do detector de 250ºC, temperatura do injetor de 250ºC, temperatura inicial da coluna de 160ºC durante 80 minutos, temperatura final da coluna de 250ºC, durante 30 min., velocidade de aquecimento 3ºC/min e split 1/50. A análise do perfil de ácidos graxos foi realizada em duplicata. Utilizou-se o softaware N2000 da Chromatostation para o tratamento dos dados. Para identificação dos ésteres foi utilizado um padrão (Sigma Aldrich) o que permitiu a identificação dos ésteres metílicos (GARCIA, 2012) de Syagrus romanzoffiana Cham. (Jerivá). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Deluana M. Neto, Manoel G. Oliveira, Viviane Mallmann, Lucas W. R. Aragão, Euclésio Simionatto. Anais 3JCN (2013) pp 69-72. 71 RESULTADOS E DISCUSSÃO O rendimento obtido para o óleo de Syagrus romanzoffiana Cham. foi 79,8%, rendimento significativo quando comparado com cultivares mais populares como de girassol (48%). O cromatograma do óleo de Syagrus romanzoffiana Cham., apresenta cinco ésteres majoritários (Figura 2). Figura 2. Cromatograma dos ésteres metílicos do óleo de Syagrus romanzoffiana Cham. Os dados de concentração desses ésteres estão expressos na Tabela 1, observando a presença majoritária do ácido láurico, e a composição quase total de ácidos graxo saturados. Quanto ao aspecto deste óleo observa-se que o mesmo apresenta-se como um liquido a temperatura ambiente. Quanto ao potencial deste óleo para a produção de biocombustíveis, deve-se ressaltar que o mesmo pode ser explorado e estudado visando esta finalidade, pois apresenta ácidos graxos em sua composição que estão de acordo com parâmetros exigidos, principalmente no que se refere ao tamanho da cadeia carbônica apresentando ácidos de cadeia curta e média. Tabela 1. Determinação dos ésteres metílicos do óleo de Syagrus romanzoffiana Cham.. identificados por CG-DIC em comparação com padrão de ésteres metílicos. Formula molecular Ésteres metílicos Concentração (%) C12:0 Láurico 35,7 C17:1 Cis-10-heptadecanoico 25,9 C14:0 Miristico 11,0 C15:0 Pentadecanoico 9,1 C17:0 Heptadecanoico 4,8 Total 86,6 Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Deluana M. Neto, Manoel G. Oliveira, Viviane Mallmann, Lucas W. R. Aragão, Euclésio Simionatto. Anais 3JCN (2013) pp 69-72. 72 CONCLUSÕES A espécie analisada apresentou alto teor de óleo. Com a cromatografia gasosa pode-se analisar a composição química do óleo, destacando o acido Láurico. È importante o estudo dessa e de outras oleaginosas quanto sua composição química, para futuras aplicações dos produtos obtidos. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fundect-MS, CNPq, UEMS e PGRN. REFERÊNCIAS GARCIA S. J., E. Caracterização do óleo e de alquil- esteres de duas cultivares de GARCIA S. J., E. Caracterização do óleo e de alquil- esteres de duas cultivares de Arachis hypogaea var. Virginia L. (amendoim- cavalo). Tese (Mestrado em Recursos Naturais) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados, 2012. GOUDEL, F. Caracterização e processamento de mapuitã, os frutos da palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana Cham). Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, 2012. HARTMAN, L.; LAGO, R. C. A. Rapid Preparation of Fatty Acid Methyl Estress From Lipids. Lab Pratice, v. 22, n. 8, 1973. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 73 Obtenção e Caracterização de Óleos Essenciais de Espécies da Região de Naviraí-MS e Avaliação da Atividade Antioxidante Erica D. Silva1, Euclesio Simionatto2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Plantas medicinais, antioxidantes, fenóis. INTRODUÇÃO Os constituintes dos óleos essenciais são classificados quimicamente dentro de dois grupos principais: (a) hidrocarbonetos (terpenos, sesquiterpenos e diterpenos); (b) compostos oxigenados derivados destes hidrocarbonetos incluindo álcoois, aldeídos, estéres, cetonas, fenóis éteres, óxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas e cumarinas. Nas plantas, os óleos estão em misturas de diferentes concentrações e normalmente um composto majoritário [1]. A grande maioria é constituída de derivados de fenilpropenos ou terpenos, preponderando os últimos. Já os terpenóides constituem uma grande variedade de substâncias vegetais, sendo esse termo empregado para designar todas as substâncias cuja origem biossintética deriva de unidades do isopreno. A espécie Callistemon viminalis é usada como árvores ornamentais e são relatadas como fontes de compostos químicos com atividades antibacteriana, antifúngica e inseticida. A espécie Schinus molle pertence à família Anacardiaceae, é popularmente conhecida como arroeira mansa e anacauíta. Schinus molle é mencionada na literatura por apresentar diversas atividades biológicas, como adstringente, antibacteriana, citotóxica, estimulante digestivo, inseticida, entre outras [2]. Dentro deste contexto, neste projeto estão sendo analisadas as propriedades antioxidantes e a composição química de espécies produtoras de óleos essenciais encontradas na região de Navirai, Mato Grosso do Sul. Três espécies estão sendo investigadas, Syzygium cumini (jambolão), Schinus molle, e Callistemon viminalis. O jambolão (Syzygium cumini) é uma planta de grande porte pertencente à família Mirtaceae, já foram relatadas a utilização da espécie na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis [3]. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Erica D. Silva, Euclesio Simionatto. Anais 3JCN (2013) pp 73-76. 74 MATERIAIS E MÉTODOS Foram coletadas amostras das espécies Schinus molle, Callistemon viminalis e Syzygium cumini. O material vegetal foi coletado na região de Naviraí, em áreas de mata, em pomares e em áreas ornamentadas. O material fresco das espécies (folhas jovens e adultas, cascas, flores e frutos) foi submetido a várias extrações por hidrodestilação durante quatro horas em aparelho do tipo Clevenger modificado, seguido pela extração exaustiva do destilado com hexano. Após a remoção do solvente, o rendimento do óleo bruto foi calculado em relação ao material fresco. As análises em cromatografia gasosa foram realizadas em um aparelho Varian CP3800, equipado com coluna capilar de sílica fundida ZB-5 (5%-fenil-95%- dimetilpolissiloxano) [30m x 0,25mm, espessura do filme de 200 nm], obtida da Phenomenex (Torrance, CA, USA). As condições de injeção foram: hidrogênio como gás carreador (1 mL/min); injetor split/splitless à 220° C; detector FID (detector de ionização em chama) à 280 °C; temperatura do forno de 50 °C à 250 °C com aquecimento de 4 ºC/min. As análises em CG-EM foram realizadas em um sistema Varian GC-MS-MS, equipado com um cromatógrafo gasoso Varian – 3900, coluna capilar ZB-5, injetores 1077 e CP-8410 automático, acoplado a um espectrômetro de massas Varian Saturn 2100, operando com impacto de elétrons de 70 eV, nas mesmas condições da análise em CG/FID. A identificação dos componentes dos óleos foram baseadas em comparações dos tempos de retenções, pela determinação e comparação dos índices retenção de Kovats, e espectros de massas da biblioteca NBS/NIST com os índices descritos por Adams. Uma série homologa de n-alcanos (C8-C32) foi utilizada para o cálculo dos índices de retenção de Kovats [5]. Após estes procedimentos foram analisados e comparados os perfis químicos dos óleos obtidos das diferentes variedades. A análise qualitativa da atividade antioxidante foi feita a partir da aplicação dos óleos (2 µL de uma solução a 5 mg/mL, de cada material), em triplicata, sobre placas de alumínio impregnadas com sílica gel 60 F254 (Merck). Posteriormente, as placas cromatográficas são diluídas com os seguintes sistemas de solventes: AcOEt/Hexano 10/90 ou 15/90 e examinadas 30 min após a nebulização com DPPH em MeOH (0,4 mmol/mL). Análise quantitativa da atividade antioxidante foi feita a partir da atividade sequestradora de radicais livres para os óleos, determinado pelo método DPPH [6] e usando uma série de diluições. A 50 µL de várias concentrações dos extratos em metanol (10,0 mg/mL, 5 mg/mL, 2,5 mg/mL, 1,25 mg/mL, 0,62 mg/mL e 0,31 mg/mL) foram adicionados 5 mL de solução de DPPH (0,004% em metanol). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Erica D. Silva, Euclesio Simionatto. Anais 3JCN (2013) pp 73-76. 75 Após um período de 30 min de incubação em temperatura ambiente, as absorbâncias das amostras foram registradas contra um branco em 517 nm. A inibição do radical livre DPPH (em %) será calculada pela expressão I % = (A branco – A amostra/ A branco) x 100. A concentração dos óleos que provocar 50% de inibição (EC50) será calculada pela equação da reta. Os testes serão realizados em triplicata. Serão utilizados como padrões o antioxidante sintético butil hidroxianisol (BHA) e os flavonóides quercetina e rutina. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 demonstra o rendimento dos óleos obtidos a partir das três espécies investigadas. Pela analise do cromatográfica do óleo de Callistemon viminalis, pode-se identificar a presença do monoterpeno oxigenado 1,8-cineol, como componente majoritário. Os essenciais obtidos foram caracterizados por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas, técnica pela qual foi possível identificar alguns componentes dos óleos. No caso do óleo de Schinus molle, foi realizada uma variação no tempo de extração para observar possíveis alterações, sendo realizadas extrações com 1 hora e 3 horas. Foi observado através das analises cromatográficas que o óleo obtido com um tempo de extração 1 hora apresenta monoterpenos na composição, com um tempo de 3 horas estes monoterpenos diminuem a concentração, pois são volatilizados durante um período longo de extração. O componente majoritário deste óleo é o sesquiterpeno alfa-cadinol. A atividade antioxidante dos óleos foi considerada fraca (> 100 mg.mL-1), provavelmente devido a ausência de compostos do tipo fenilpropanóides nos óleos, os atuam inibindo o radical DPPH, conforme relatos da literatura. Tabela 1. Rendimento dos óleos. Planta Rendimento de óleo Syzygium cumini 0,56% Callistemon viminalis 1,2% Schinus molle 1,8% Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Erica D. Silva, Euclesio Simionatto. Anais 3JCN (2013) pp 73-76. 76 CONCLUSÕES As espécies Schinus molle e Callistemon viminalis apresentaram elevados rendimentos, superiores a 1,5%. De acordo com os resultados observou-se que os óleos apresentam baixa atividade antioxidante, provavelmente devido à ausência de compostos da classe dos fenilpropanóides. Durante a extração do óleo da espécie S. molle, variou-se a o tempo de extração sendo observado que ocorre alteração composição de mono e sesquiterpenos durante a extração de 1 hora e extração com 3 horas. A espécie C. viminalis apresentou o monoterpeno oxigenado 1,8-cineol como composto principal. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a PIBIC-UEMS, CNPq e Fundect. REFERÊNCIAS [1]. Yunes, R. A., Filho, V. C., Química de Produtos Naturais, Novos Fármacos e a Moderna Farmacognosia, Editora Univali 1° Ed., 2007. [2]. LEMOS, T.L.G. et al. Chemical composition and antimicrobial activity of essential oils from Brazilian plants. Fitoterapia, v.63, n.2, p.266-268, 1992. [3].CHATTOPADHYAY, D. et al. Antibacterial activity of Syzygium species. Fitoterapia, Milão, v.69, n.4, p.365-367, 1998. [4].CHAUDHURI, A.K.N. et al. Anti-inflammatory and related actions of Syzygium cuminii seed extract. Phytotherapy Research, v.4, n.1, p.5-10, 1990. [5]. E. Simionatto, M.O. Chagas, M.T.L. P. Peres, S. C. Hess, C. B. da Silva, N. Ré-Poppi, S. S. Gebara, J. Corsino, A.F. Morel, C. Z. Stuker, M. de F.C. Matos, J. E. de Carvalho. Chemical Composition and Biological Activities of Leaves Essential Oil from Schinus molle (Anacardiaceae). Journal of Essential Oil Bearing Plants, 14 (5) 2011, 590 – 599. [6]. Adams, R. P.; Identification of essential oil components by gas chromatography/Mass Spectroscopy, Allured Publishing, Carol Stream, IL, USA, 1995. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 77 Análise de PAHs em Matrizes Líquidas e Sólidas por SPME com Detecção por Cromatografia a Gás Elisandra O. Santos1, Lorena O. Carvalho, Brenda G. Sturnich, Rogério C. L. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: PAHs, GC-FID, Microextração em Fase Sólida. INTRODUÇÃO Na década de 70 através de incentivos governamentais para produção de etanol com o programa PROÁLCOOL houve uma grande expansão do plantio da cana-de-açúcar. A queima das plantações da cana é comum para facilitar o trabalho dos cortadores. Esta biomassa quando queimada pode gerar os compostos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs) (MAGALHÃES et. al., 2007) muitas vezes pela queima incompleta ou pirólise de materiais orgânicos que são considerados importantes contaminantes ambientais. Possuem potencial carcinogênico, mutagênico e pode atuar como anti-estrogênios em mamíferos além de induzir a toxicidade reprodutiva em mulheres. A ingestão de PAHs por seres humanos ocorre por diversas vias como a inalação de ar, a ingestão de águas, solos, poeiras, alimentos e contato através da pele (GALINARO, 2009; SISINNO, 2003). O uso da cromatografia gasosa (CG) e os consequentes desenvolvimento tecnológico resultaram numa poderosa técnica de separação que possibilita a detecção de analitos, como técnica analítica ela depende da qualidade da etapa de preparo da amostra. Este é o caso típico de análise de matrizes de origem ambiental (NAGATO, 2001). A técnica de microextração em fase sólida (SPME, do inglês “Solid Phase Micro-Extration”) desenvolvida em 1990 por Arthur e Pawliszyn, tem sido investigada como uma alternativa simples, versátil e de baixo custo para a amostragem para análise por CG. A SPME é uma das técnicas de extração mais empregada atualmente, principalmente quando se trata de extração multirresíduo de compostos orgânicos em amostras de água (VALENTE, 1998; MATA, 2004). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Elisandra O. Santos, Lorena O. Carvalho, Brenda G. Sturnich, Rogério C. L. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 77-80. 78 MATERIAIS E MÉTODOS Uma mistura de PAHs (Naphthaleno, Acenaphthyleno, Acenaphtheno, Fluoreno, Phenanthreno, Anthraceno, Flurantheno, Pyreno, Benzo(a) antraceno, Crysceno, Benzo(b) Fluorantheno, Benzo(k) Fluorantheno, Benzo(a) Pyreno, Indenol (1,2,3-c d) Pyreno, Dibenzo(a,h) Anthraceno, Benzo(g,h,i) Peryleno – da SUPELCO 2000 mg mL-1) foi obtida para extrações. Uma fibra de SPME com revestimento de 100 µm polidimetilsiloxano (PDMS), um aplicativo “Holder”, frascos próprios de SPME com tampa e septo de teflon, banho termostatizado com regulador de temperatura e agitador magnético foi utilizado para extração. As análises foram realizada em cromatógrafo a gás com detecção por ionização de chama (GC-FID) equipado com coluna capilar Zebron ZB5-WAX (30m x 0,25mm x 0,25µm). As análises dos dados foram realizadas utilizando-se software da N2000 da Chromatostation. O tempo de equilíbrio para extrações dos PAHs foi avaliado em extrações por inserção direta. Soluções aquosas foram preparadas por diluições da solução estoque para construção de curvas analíticas em concentrações de 1 a 32 µg L-1. As extrações (10 mL) foram realizadas a temperatura ambiente de laboratório (23°C) e com controle de temperatura a 30, 50 e 80 oC.. Para validação da metodologia amostras de águas residuais, do rio Amambaí e resíduos sólidos da cana-de-açúcar da Usina Infinty Bioenergy foram obtidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O melhor tempo de equilíbrio para a extração dos PAHs foi de 20 min. Observou-se que pode ocorrer uma competição entre os analitos pela absorção do revestimento polimérico. Isto ocorre devido as diferentes estruturas moleculares dos hidrocarbonetos proporcionando maior absorção e dessorção com o passar do tempo da extração. Menor absorção foi observada em 20 min para Furantheno, (k) Pyreno, Benzo Fluorantheno e o Acenaphtheno. Outros atingiram o máximo de absorção após 20 min. como, por exemplo, o Anthraceno, e Benzo (b) Fluorantheno. Sob efeito de temperatura controlada durante a extração os PAHs de menor massa molar foram melhor extraídos a temperatura de 30 oC. Já a temperatura de 80 oC se aplica melhor aos de maior massa molar. Melhores resultados para construção de curvas analíticas foram expressos para temperatura controlada de 80 oC para treze PAHs. O Benzo(g,h,i) Peryleno apresentou melhor sensibilidade (Tabela 1) expressa pelo coeficiente angular com 0,3494 e seus limites de detecção e quantificação foram de 0,7 e 2,4 µg L-1 respectivamente. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Elisandra O. Santos, Lorena O. Carvalho, Brenda G. Sturnich, Rogério C. L. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 77-80. 79 Os hidrocarbonetos Fluorene, Cryscene e Dibenzo(a,h) Anthracene não foram extraídos pela fibra em decorrência de sua baixa afinidade pela fibra. Um total de sete PAHs foram determinados nas amostras. Cinco hidrocarbonetos foram quantificados sendo quatro nas amostras líquidas (Phenanthrene 28,8 µg L-1, Pyrene 31,3µg L-1, Benzo(a) Pyrene 16,2 µg L-1 e Benzo(g,h,i) Perylene 5,6 µg L-1) e um para amostra sólida (Benzo(a) antracene 11,8 µg L-1). Dois PAHs tiveram suas concentrações acima da faixa linear para quantificação sendo estes o Pyrene e Benzo(a) antracene. Dois PAHs tiveram suas concentrações detectáveis mas não quantificáveis, sendo Benzo(a) antracene e Benzo(k) Fluoranthene. O Anthracene e Benzo(a) antracene também se mostrou também com detecções inferiores a baixo do LD para a amostra AM1. Nas amostras reais analisadas um total de sete PAHs foram determinados. Cinco hidrocarbonetos foram quantificados sendo quatro nas amostras líquidas (Phenanthreno, Pyreno, Benzo(a) Pyreno e Benzo(g,h,i) Peryleno) e um para amostra sólida (Benzo(a) antraceno). Dois PAHs tiveram suas concentrações acima da faixa linear para quantificação sendo estes o Pyreno e Benzo(a) antraceno. Dois PAHs tiveram suas concentrações detectáveis, mas não quantificáveis, sendo Benzo(a) antraceno e Benzo(k) Fluorantheno. Tabela 1: Curvas analítica para PAHs extraídos por fibra de SPME de 100 µm de PDMS em temperatura de 80oC e análise de amostras reais. Composto Equação Parâmetros analíticos F. linear LD r (µg L-1) (µg L-1) LQ (µg L-1) Amostras AM 1 AM 2 AM 3 AM S1 AM S2 y = 0.0803x + 0.9731 1.0 - 16 3.2 10.8 0.3473 y = 0.084x + Acenaphthylene 0.9769 1.0 - 16 2.2 7.3 0.5517 y = 0.115x + Acenaphthene 0.986 1.0 - 16 2.3 7.6 0.5451 y = 0.1361x Phenanthrene 0.997 8.0 - 32 3.5 11.6 28.8a 0.5658 y = 0.1586x + Anthracene 0.982 2.0 - 16 2.6 8.8 <b 1.145 y = 0.2135x + Fluranthene 0.9407 2.0 - 16 4.9 16.4 0.313 y = 0.1423x + Pyrene 0.9837 2.0 - 32 3.7 12.3 31.3a >d >d 0.2841 Benzo(a) y = 0.2294x 0.9684 2.0 - 16 3.5 11.8 <b 5.4c >d 9.1c 11.8a antracene 0.0339 Benzo(b) y = 0.0966x + 0.9874 2.0 - 32 3.2 10.8 Fluoranthene 0.2025 Benzo(k) y = 0.1112x + 0.9798 1.0 - 32 4.1 13.7 8.6c Fluoranthene 0.9586 Benzo(a) y = 0.0975x + 0.9763 1.0 - 32 3.5 11.8 16.2a Pyrene 0.5823 Indenol (1,2,3-c y = 0.0503x + 0.9739 1.0 - 32 6.4 21.2 d) Pyrene 0.7686 Benzo(g,h,i) y = 0.3494x + 0.9975 1.0 - 8 0.7 2.4 5.6a Perylene 0.8682 LD e LQ – Limite de detecção e quantificação; AM1 – amostra de água 1; AM2 – amostra de água 2; AM3 – amostra de água 3; AM S1 – amostra de sólido 1; AM S2 – amostra de sólido 2. Nota: a – valor quantificável; b – abaixo do LD; c – valor detectável mas não quantificável; d – valor superior a faixa linear. Naphthalene Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Elisandra O. Santos, Lorena O. Carvalho, Brenda G. Sturnich, Rogério C. L. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 77-80. 80 CONCLUSÕES No respectivo trabalho foram avaliadas as extrações de PAHs pelo uso da técnica de SPME com detecção direta por GC-FID. O uso de temperatura controlada (80oC) mostrou-se eficaz para construção de curvas analíticas para treze PAHs quando comparada a construção de curvas analíticas a temperatura ambiente de laboratório e a temperatura de 30 oC. Foi possível verificar que resíduos produzidos da cana-de-açucar após seu processamento e descartados próximo a usina Infinity podem ocasionar a contaminação ou liberação de hidrocarbonetos policíclicos que são prejudiciais a saúde segundo o USEPA (MASTRAL & CALLÉN, 2000). Cinco hidrocarbonetos foram quantificados pela metologia desenvolvida. O coeficiente de correlação obtido para as curvas variou de 0,9407 a 0,9975 sendo a melhor curva analítica obtida para o Benzo(g,h,i) Perylene com LD de 0,7 e LQ 2,4 µg L-1. AGRADECIMENTOS Ao PIBIQ e UEMS – unidade de Naviraí. REFERÊNCIAS MAGALHÃES, D.; BRUNS, R. E.; VASCONCELLOS, P. C. et. al. Quím Nova. 30, 3, 577–581, 2007. GALINARO, C. A; FRANCO, W. D. Quím Nova, 32, 6, 1447-1451, 2009. SISINNO, C.L.S.; NETTO, A.D.P.; REGO, E.C.P.; LIMA, G.S.V. et . al. Caderno Saúde Pública, 19, 2, 671-676, 2003. NAGATO, L. A. F.; DURAN, M. C.; CARUSO, M. S. F.; BARSOTTI, R. C. F.; BADOLATO, E. S. G. et. al. Ciên Tec Alimen, 21, 1, 39-42, 2001. VALENTE, A. L. P.; AUGUSTO, F.; MONTERO, L.; et. al.. Quím Nova, 21, 6, 1998. MASTRAL, M.; CALLÉN, M. A Review on Polycyclic Aromatic Hydrocarbon (PAH) Emissions from Energy Generation. Environ Sci Technol. 34, 15, 3051-3057, 2000. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 81 Composição Química do Óleo Essencial da Heteropterys aphrodisiaca O. Mach do Cerrado de MS Lorena O. Carvalho1, Elisandra O. Santos, Willian F. Costa, Rogério C. L. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: óleo essencial, Heteropterys aphrodisiaca O. Mach, GC-MS. INTRODUÇÃO O Brasil possui uma das maiores biodiversidades de plantas do mundo e necessita da realização de pesquisas para possível utilização delas nas indústrias de fármacos, cosméticos, entre outros setores. Assim é necessária a realização de pesquisas para possível utilização de plantas nas indústrias de fármacos, cosméticos, entre outros setores; De acordo com Chieregatto (2005), nas regiões do cerrado e do pantanal mato-grossense existem várias espécies que são indicadas na medicina popular como afrodisíacas. Entre elas está a Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro), uma das mais utilizadas como afrodisíaco. Segundo Correa (1984), Pott & Pott (1994) e Guarim Neto (1996), a H. aphrodisiaca, sob o ponto de vista etnobotânico, é um dos mais famosos afrodisíacos do centro oeste brasileiro, sendo largamente utilizada e conhecida popularmente com os nomes de “nó-de-cachorro”, “raiz-de-santo-antônio” e “cordão-de-são-francisco”. De acordo com esses autores, é uma planta arbustiva com cerca de 0,6 a 2,0 m de altura, possuindo raízes com partes engrossadas e nós. Neste trabalho folhas, caule e raízes da espécie de planta H. aphrodisiaca foram coletados e obtidos extratos orgânicos para isolamento e para extração de óleo essencial por processos de hidrodestilação. Estes foram analisados por técnicas cromatográficas para determinação de sua composição química. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Lorena O. Carvalho, Elisandra O. Santos, Willian F. Costa, Rogério C. L. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 81-84. 82 MATERIAIS E MÉTODOS As folhas (501,69 g) foram pesadas e acondicionadas em extrator de Clévenger para extração do óleo essencial. A composição química do óleo foi avaliada por cromatógrafo a gás Thermo-Finigan (Focus DSQ II) equipado com detector de massas com ionização por impacto de elétrons 70 eV e injetor split/splitless e com sonda de sólidos. Através do uso de padrão de hidrocabonetos C7-C30 foi determinado o índice de Kovats para o perfil cromatográfico existente. Para a determinação do perfil cromatográfico, uma amostra do óleo foi diluída em 2 mL de éter etílico, sendo 2 µL injetado no GC-MS por injetor automático Para amostras de caules e raízes da planta foram preparadas extratos em etanol (PA) por um período de dez dias. Após evaporação do solvente os extratos foram submetidos à partição, utilizando os solventes clorofórmio (CHCl3), hexano (Hex) e acetato de etila (AcEt) e metanol (MeOH), todos PA. Ao extrato obtido das raízes, foram adicionados 95mL de MeOH e 5 mL de água destilada e particionado em funil de separação. Iniciou-se com Hexano (3 x 50 mL), coletando-se e evaporando-se para obtenção de compostos apolares. A fase aquosa coletada foi então particionada adicionando-se CHCl3 (3 x 50 mL) e, por último, foi particionada com acetato (3 x 50 mL). Todas as fases orgânicas foram coletadas e evaporadas para concentração dos compostos separados. RESULTADOS E DISCUSSÃO O rendimento para extração do óleo essencial obtido para as folhas da planta nó-decachorro foi de 0,011 %. A Figura 1 mostra o cromatograma de íons totais (TIC) para perfil cromatográfico obtido por GC-MS do óleo essencial. Um total de nove compostos foram determinados no TIC e comparados à biblioteca NIST e de Adams (2007). Através do cálculo do índice de Kovats e por comparação dos espectros de massas determinou-se os compostos cariofileno (C15H24) com IK de 1442 e α-cariofileno (C15H24) com IK de 1467. A Tabela 1 mostra o percentual e os compostos identificados no perfil cromatográfico para o óleo essencial obtido por GC-MS. Para os extratos particionados para o talo da planta nó-de-cachorro, a fração aquosa apresentou a formação de cristais nítidos e incolores. Amostras destes cristais foram coletadas e lavadas com o uso de solvente orgânico para eliminação de impurezas e analisada por GCMS (Thermo-Finigan) com entrada para sonda de sólidos (Figura 2). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Lorena O. Carvalho, Elisandra O. Santos, Willian F. Costa, Rogério C. L. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 81-84. 83 O composto foi identificado como Alo-inositol através do uso da bibliteca NIST do equipamento e apresentou ponto de fusão de 285°C. A fração hexânica para o extrato particionado também apresentou cristais incolores e ponto de fusão de 135ºC, embora não analisados por GC-MS. Figura 1: Cromatograma de íons totais (TIC) obtido por GC-MS para o óleo essencial do nó-de-cachorro. Tabela 1: Compostos identificados por GC-MS para o óleo essencial de folhas da planta Nó-de-cachorro. Percentual Compostos Fórmula Massa IK IK molecular molar Calculado Tabelado 25,23 Cariofileno C15H24 204 1450 1442 5,95 C H 204 1478 1467 α-cariofileno 15 24 12,39 Cipereno C15H24 204 1506 ND 15,41 β-cubebeno C15H24 204 1512 ND 1,51 o-Menth-8-ene, 4C15H24 204 1529 ND isopropilideno-1-vinil 1< β-cadineno, (-)C15H22 204 1555 ND 1< Dehidroaromadendrene C15H22 202 1584 ND 1< Espatulenol C15H24 220 1619 ND 1< Ácido hexadecanóico C16H32O2 256 1995 ND TR - Tempo de Retenção; IK - Índices de Kovats Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Lorena O. Carvalho, Elisandra O. Santos, Willian F. Costa, Rogério C. L. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 81-84. 84 Figura 2: TIC obtido por sonda de sólidos para os cristais determinados para o extrato aquoso de talos da planta nó-de-cachorro. CONCLUSÕES A extração do óleo essencial com aparelho Clévenger foi satisfatória apenas para as folhas com um rendimento de 0,011 %. Através do perfil cromatográfico obtido por GC-MS e do cálculo do IK foi possível a identificação dos compostos cariofileno (C15H24) e αcariofileno (C15H24). Para o extrato aquoso obtido para os talos da planta nó-de-cachorro foi possível a determinação de cristais sendo estes o Alo-inositol. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Willan F. da Costa da UEM pelas análises cromatográficas e ao programa de Iniciação Científica PIBIC. REFERÊNCIAS ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatography/mass spectrometry, 4th Ed. British Library, 2007. CHIEREGATTO, L. C. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG. 2005. CORREA, M. P.; Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Rio de Janeiro. p.293. 1984. GUARIM NETO, G.. Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, UFMT. Instituto de Biociências. Brasília – DF. ABEAS. 72 p. 1996. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 85 Biscoitos Elaborados com Diferentes Frações de Farinha de Casca de Maracujá e Banana Verde Eliane F. Souza1, Maria C. E. Paes, Ryta K. Almino, André R. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Análise Sensorial, Sorvete, Macaúba. INTRODUÇÃO Devido a uma postura mais consciente em relação à saúde tem-se observado uma mudança mundial no perfil do consumidor que está mais atento aos benefícios produzidos por alimentos com teor reduzido de gorduras, açúcares e com adição de fibras e proteínas (Lupatini, 2011). Estudos demonstram a utilidade terapêutica das fibras alimentares na redução da concentração de glicose no sangue e na necessidade de insulina em pacientes diabéticos (VAHOUNY, 1982). Uma das fibras de grande importância pode ser encontrada no extrato seco da casca da banana Passiflora sp. Este tipo de fibra exerce uma ação positiva sobre o controle glicêmico no tratamento do Diabetes mellitus (DM) tipo II, muito provavelmente devido a presença de um alto teor de pectina na casca da fruta. A pectina é uma fibra solúvel e totalmente degradável no organismo que ajuda a diminuir a taxa de glicose e colesterol no sangue (JANEBRO, 2008; RAMOS, 2007). A banana (Musa spp.) é uma das frutas mais consumidas no mundo e sua farinha é rica em amido resistente, que reduz a carga glicêmica da refeição evitando picos de açúcar no sangue e o aumento da produção de insulina (hormônio que esta associado ao estoque de gordura), além de alimentar as bactérias do bem e o intestino funciona melhor (BOA FORMA, 2013). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eliane F. Souza, Maria C. E. Paes, Ryta K. Almino, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 85-88. 86 Os biscoitos são bem aceitos e consumidos no Brasil por todas as faixas etárias, principalmente por serem produtos prontos para consumo (ready-to-eat). São bastante estáveis e possuem longo tempo de vida útil se devidamente embalados (GUTKOSKI, 2003). Assim, o objetivo deste trabalho foi elaborar biscoitos com a adição de farinhas de casca de maracujá e de banana verde e realizar análise sensorial e físico-química para certificação da aceitação do produto e características funcionais. MATERIAIS E MÉTODOS Os ingredientes utilizados na elaboração dos biscoitos foram adquiridos no município de Naviraí MS, e transportados para o Laboratório de Processamento de Alimentos da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. As formulações de biscoitos foram elaboradas conforme demonstra a Tabela 1. Os biscoitos foram produzidos seguindo todas as normas de qualidade estabelecidas para produção de alimentos, a temperatura do local foi de 23°C de acordo com a temperatura ambiente. Com o leite, a gema, o açúcar, o suco de maracujá e a gordura foi feito um creme no qual adicionou-se em seguida os ingredientes secos. Os biscoitos elaborados foram levados ao forno elétrico por 30 minutos em temperatura de 180°C e após o resfriamento foi feita a análise sensorial com 50 provadores não treinados. As amostras foram servidas em blocos completos utilizando o teste afetivo com escala hedônica estruturada de nove pontos para a avaliação dos atributos: sabor, textura, aparência, cor e intenção de compra. Os resultados obtidos foram verificados estatisticamente pela média em nível de significância a 5% de probabilidade (teste de Tukey). As análises de umidade e de cinzas foram feitas segundo normas do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 1985). Tabela 1. Formulações dos biscoitos adicionados de farinhas de casca maracujá e de banana verde. Ingredientes Farinha de Trigo Amido de Milho Farinha de Casca de Maracujá Farinha de Banana Verde Fermento Químico em pó Açúcar Gordura Gemas Leite Integral Suco de Maracujá Total BFPA 30 20 0,5 15 17 5 10 2,5 100 Formulações (%) BFMB 15 20 7,5 7,5 0,5 15 17 5 10 2,5 100 BFMA 17,5 20 12,5 0,5 15 17 5 10 2,5 100 (BPAD) Biscoito Padrão; (BFMB) Biscoito com Farinha de Maracujá e farinha de Banana; (BFMA) Biscoito com farinha de Maracujá. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eliane F. Souza, Maria C. E. Paes, Ryta K. Almino, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 85-88. 87 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos com as análises de cinzas e umidade foram transformados em média e desvio padrão conforme a Tabela 2, os mesmos demonstraram que a formulação padrão obteve melhores resultados quando comparada com as outras duas. Em relação aos resultados de umidade, a formulação padrão (BPAD) e a formulação com as duas farinhas (BFMB) obtiveram os melhores resultados. Os resultados da análise sensorial foram transformados em médias e desvio padrão para os atributos: sabor, textura, aparência e cor (Tabela 3). Os mesmos demonstraram que a formulação padrão obteve o melhor desempenho de todos os atributos avaliados quando comparado com as outras formulações. Tabela 2. Parâmetros estatísticos das análises físico-químicas de cinzas e umidade. Amostra BPAD BFMB BFMA Cinzas 0,63 ± 0,02ª 1,16 ± 0,00 b 1,05 ± 0,05 b Umidade 2,66 ± 0,20ª 2,57 ± 0,03ª ª 3,46 ± 0,04 b b BPAD: Biscoito Padrão; BFMB: Biscoito com Farinha de Maracujá e farinha de Banana; BFMA: Biscoito com farinha de Maracujá. Análises Tabela 3: Parâmetros estatísticos da avaliação sensorial das formulações de biscoitos. Atributos Avaliados Amostra BPAD BFMB a 7,58 ± 1,19 BFMA b 7,62 ± 1,39 b Aparência 8,18 ± 1,02 Sabor 8,16 ± 1,03 a 6,82 ± 1,68 b 7,16 ± 1,29 b Textura 8,06 ± 1,03 a 7,18 ± 1,36 b 7,52 ± 1,28 b Cor 8,36 ± 0,96 a 7,14 ± 1,52 b 7,66 ± 1,47 b (a) Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). BPAD: Biscoito Padrão; BFMB: Biscoito com Farinha de Maracujá e farinha de Banana; BFMA: Biscoito com farinha de Maracujá. Dentre as formulações avaliadas, a formulação padrão (BFPA) foi a que apresentou a maior intenção de compra (94%) conforme figura 2, quando comparada com a formulação acrescida de farinha de casca de maracujá (BFMB 54%) e a formulação com farinha de casca de maracujá (BFMA 68%). Os resultados expressos pelo índice de aceitação (Figura 4), demonstraram que para os quesitos aparência, sabor, textura e cor todas as formulações foram aceitas, pois os valores obtidos superaram o mínimo de 70% requerido como norma para a aceitação segundo Santana & Oliveira (2005). Já a ordem de preferência demonstrou que 78% dos provadores preferem a formulação padrão, 16% a formulação com a farinha da casca do maracujá e somente 6% a formulação com as duas farinhas (Figura 3). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eliane F. Souza, Maria C. E. Paes, Ryta K. Almino, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 85-88. a) b) 88 c) Figura 2. Intenção de compra (a) e ordem de preferência (b) e índice de aceitação das características das formulações de biscoito, conforme Tabela 3. CONCLUSÕES Conclui-se pelos resultados obtidos que a elaboração de biscoitos com adição de farinha de casca de maracujá e farinha de banana verde obteve excelentes resultados perante os julgadores e as análises foram satisfatórias tornando este processo uma alternativa comercial viável de subprodutos mais saudáveis. AGRADECIMENTOS A coordenação do Curso de Tecnologia em Alimentos da UEMS/Naviraí, pelo incentivo e apoio para o desenvolvimento desta pesquisa. REFERÊNCIAS GUTKOSKI, L. C.; NODARI, M. L.; JACOBSEN NETO, R. Avaliação de farinhas de trigos cultivados no Rio Grande do Sul na produção de biscoitos. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.23, p.91, 2003. JANEBRO, D. I.; QUEIROZ, M. S. R.; RAMOS, A. T.; SABAA-SRUR, A. U. O.; CUNHA, M. A. A. L.; DINIZ, M. F. F. M. Efeito da farinha da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.) nos níveis glicêmicos e lipídicos de pacientes diabéticos tipo 2. Rev Bras Farmacogn, v. 18, suppl., p.724–732, 2008. LAUFENBERG, G.; KUNZ, B.; NYSTROEM, M. Transformation of vegetable waste into value added products: (A) the upgrading concept; (B) practical implementations. Bioresour Technol, v. 87, p. 167–198, 2003. LUPATINI, A. L; FUDO, R. M; MESOMO, M. C; CONCEIÇÃO, W. A. S; COUTINHO, M. R. Desenvolvimento de biscoitos com farinha de casca de maracujá-amarelo e okara. Revista Ciências Exatas e Naturais, vol.13, n 3, 2011. RAMOS, A. T.; CUNHA, M. A. L.; SABAA-SRUR, A. U. O.; PIRES, V. C. F.; CARDOSO, A. A.; DINIZ, M. F. M.; MEDEIROS, C. C. M. Uso de Passiflora edulis f. flavicarpa na redução do colesterol. Rev Bras Farmacogn, v.17, n. 4, p. 592–597, 2007. SANTANA, A. F; OLIVEIRA, L. F. Aproveitamento da casca de melancia (Curcubita citrullus, Shrad) na produção artesanal de doces alternativos. Alimentos e Nutrição, v.16, n.4, p.363-368, 2005. VAHOUNY, G. V. Conclusions and recommendations of the symposium on dietary fibers in health and disease. Am J Clin Nutr, v. 35, p. 152–156, 1982. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 89 Desenvolvimento e Aceitação Sensorial de Sorvetes de Massa Elaborados com Farinha de Polpa e Amêndoa de Macaúba Erica R. Costa1, André R. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Análise Sensorial, Sorvete, Macaúba. INTRODUÇÃO A macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd.) é uma palmeira pertencente à família Arecaceae encontrada no bioma do Cerrado, conhecida popularmente como Bocaiúva, cocode-macaúba, macaíba, entre outros (ALMEIDA, 1998). Os frutos apresentam excelente palatabilidade e importantes propriedades nutricionais, como alto teor de β-caroteno, elevado percentual de ácidos graxos essenciais, proteínas e altos teores de fibras e minerais como, cálcio, potássio, fósforo e manganês (ARISTONE, 2006). Sorvetes de massa são fabricados a partir de uma emulsão estabilizada, pasteurizada, submetida ao congelamento e batimento que produz um creme suave e agradável ao paladar. A massa do sorvete contém produtos lácteos, água, gordura, açúcar, estabilizantes, corantes, emulsificantes, aromatizantes, polpa de frutas e outros ingredientes que visam conservar o produto congelado ou parcialmente congelado, durante armazenagem, transporte e consumo (MOSQUIN, 2009). O Brasil é o 12º produtor mundial de sorvetes e com perspectivas de crescimento, segundo a Associação Brasileira de Indústrias de Sorvetes (ABIS, 2011). Considerando a composição lipídica da polpa e da amêndoa de macaúba e o seu potencial nutricional, neste trabalho foram preparadas e avaliadas sensorialmente, três formulações de sorvetes contendo macaúba em substituição à gordura vegetal hidrogenada (GVH). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Erica R. Costa, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 89-92. 90 MATERIAIS E MÉTODOS Os frutos de Macaúba foram colhidos nas regiões da zona rural da cidade de NaviráiMS e os outros ingredientes foram adquiridos no comércio local. Os frutos foram selecionados, sanitizados e despolpados manualmente com auxílio de facas para retirada do mesocarpo fibroso, sendo estes submetidos ao processo de desidratação à 60ºC por 18 horas. O mesocarpo desidratado foi triturado em liquidificador doméstico para a obtenção da farinha da polpa de macaúba (FPM) e os endocarpos foram quebrados com auxilio de um martelo para remoção das amêndoas (AM). Foram elaboradas três formulações de sorvete com FPM e AM conforme demonstra a Tabela 1. Tabela 1. Formulações dos sorvetes de Macaúba. Ingredientes (%) Açúcar Água Creme de Leite Farinha de Polpa de Macaúba Amêndoa de Macaúba Triturada Gelatina Incolor (estabilizante) Lecitina de Soja (emulsificante) Leite em Pó Integral Leite Integral Xarope de Glicose (40DE) SFAM Formulações * SFM 2,5% SFM 5% 14,7 10,2 15,5 2,5 2,5 1,1 0,6 2,7 41 9,2 17,2 10,2 15,5 2,5 1,1 0,6 2,7 41 9,2 14,7 10,2 15,5 5,0 1,1 0,6 2,7 41 9,2 * (SFAM) sorvete com 2,5% de farinha de polpa e 2,5% de amêndoa de macaúba; (SFM 2,5%) sorvete com 2,5% de farinha de polpa de macaúba; (SFM 5%): Sorvete com 5% de farinha de macaúba. Para o preparo dissolveu-se a gelatina incolor em água aquecida durante 2 minutos em forno micro-ondas, posteriormente esta foi adicionada ao leite, homogeneizada e levada à geladeira por um período de 02h10min. Após a gelatinização, foram adicionados os demais ingredientes, sendo a mistura submetida ao processo de batimento por 40 minutos em batedeira industrial modelo UBP-06. Após o batimento os sorvetes foram pasteurizados à temperatura de 70ºC por 30 minutos, sendo estes posteriormente congelados por 12horas. Após congelamento realizou-se novo batimento para incorporação de ar (overrum), diminuição cristais de gelo e formação da textura final dos sorvetes. Os sorvetes foram avaliados sensorialmente por 50 provadores não-treinados por meio de teste afetivo de aceitabilidade utilizando escala hedônica estruturada de nove pontos, com avaliação dos atributos de aparência, sabor, doçura, textura, cor e avaliação global. O teste de preferência e Intenção de compra foi realizado na sequência (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Erica R. Costa, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 89-92. 91 Calculou-se o índice de aceitação (IA) para todos os atributos conforme proposto por Dutcosky (2007). Os resultados da aceitação sensorial foram analisados pela análise de variância (ANOVA) no Programa Microsoft Office Excel® 2007, sendo as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (p < 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da análise sensorial estão dispostos na Erro! A origem da referência não foi encontrada.. Observou-se que o atributo de aparência foi bem aceito nas três formulações de sorvetes desenvolvidos, obtendo notas acima de 7 pontos, sendo a formulação SFAM melhor avaliada, quando comparada às demais formulações. O atributo de cor foi o único que não apresentou diferença estatisticamente significativa (p > 0,05) entre as formulações testadas. Quanto aos atributos de sabor e textura, as formulações SFM 2,5% e SFM 5% não diferiram significativamente, com as notas dos julgadores entre 6 e 7, o que corresponde ao termo “gostei ligeiramente” e “gostei regularmente” na escala hedônica. A formulação SFAM obteve maior aceitação em todos os atributos e foi significativamente mais aceita pelos julgadores. Os provadores foram questionados em relação à intenção de compra dos sorvetes, os resultados deste teste são demonstrados na Figura 1. A formulação SFAM apresentou 96% de intenção de compra, sendo mais bem avaliada em relação às demais. Foi possível observar que o incremento de 5% de FPM interferiu na aceitabilidade do sorvete da formulação SFM 5,0%. Todas as formulações foram bem aceitas em termos sensoriais, ultrapassando 70% de IA em todos os atributos avaliados. Pode-se observar que adição AM influenciou positivamente na aceitabilidade, refletindo nos resultados da aceitabilidade e intenção de compra. No teste de preferência, a formulação SFAM foi preferida por 82% dos provadores, seguida pela SFM 2,5% (14%) e SFM 5,0% (4%), uma preferência estatisticamente significativa ao nível de 5% de probabilidade. Tabela 2. Média, desvio-padrão e resultado do teste estatístico da avaliação sensorial das três formulações de sorvetes com farinha de polpa e amêndoa de Macaúba. Amostras Atributos Avaliados SFAM SFM 2,5% SFM 5% a b Aparência 8,36 ± 0,94 7,82 ± 1,39 7,68 ± 1,47 b a b Sabor 7,84 ± 1,20 7,02 ± 1,94 6,60 ± 1,95 b a b Textura 7,98 ± 1,18 7,52 ± 1,32 7,20 ± 1,38 b a a Cor 8,26 ± 1,13 7,90 ± 1,38 8,02 ± 1,18 a a b Avaliação Global 8,10 ± 1,01 7,32 ± 1,40 7,06 ± 1,49 b (a) Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey. *(SFAM) sorvete com 2,5% de farinha de polpa e 2,5% de amêndoa de macaúba; (SFM 2,5%) sorvete com 2,5% de farinha de polpa de macaúba; (SFM 5%) Sorvete com 5% de farinha de macaúba. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Erica R. Costa, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 89-92. 92 Figura 1. Intenção de compra dos sorvetes com farinha de polpa e amêndoa de macaúba, segundo formulações da Tabela 2. CONCLUSÕES A formulação de sorvete com adição de 2,5% de farinha de polpa e 2,5% de amêndoa de macaúba (SFAM) foi a mais bem avaliada em todos os atributos, atingindo maior intenção de compra e preferência. Considerando os resultados satisfatórios obtidos no teste de aceitação, preferência e intenção de compra, conclui-se que a utilização da farinha de polpa e a amêndoa de macaúba mostraram-se viável com ingredientes na elaboração de sorvete, possibilitando a produção de um produto sem a adição de gordura vegetal hidrogenada. AGRADECIMENTOS A Coordenação do curso de Tecnologia em Alimentos e à Vigilância Sanitária da cidade de Naviraí-MS. REFERÊNCIAS ALMEIDA, S. P. Frutas nativas do Cerrado: caracterização físico-química e fonte potencial de nutrientes. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA CPAC, 556 p. 1998. ARISTONE, F. Como fazer farinha de bocaiúva: guia completo e livro de receitas. Manual didático. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Nov, 2006. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INDÚSTRIAS DE SORVETES. Sorvete. 2008. Disponível em: <http://www.abis.com.br/estat.asp> Acesso em: 09 julho 2013. DUTCOSKY, S.D. Análise Sensorial de Alimentos. 2. ed. Curitiba: Champagnat, 239p. 2007. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas: métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 4. ed. São Paulo, 1018 p. 2008. MOSQUIM, M. C. A. Fabricando sorvete com qualidade. São Paulo: Varela, 62p. 1999. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 93 Perfil Sensorial de Barras de Cereais Elaboradas com Farinha de Polpa e Amêndoa de Macaúba Guilherme H. A. Oliveira1, André R. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Análise Sensorial, Barra de cereal, Macaúba. INTRODUÇÃO Os frutos da macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd.) são encontrados no bioma do Cerrado, entre os meses de setembro à janeiro, período em que ocorre a frutificação da palmeira com maior frequência (ALMEIDA, 1998). Constituídos por epicarpo, mesocarpo fibroso, endocarpo e amêndoa, os frutos apresentam excelente palatabilidade e propriedades nutricionais, tais como: grande quantidade de β-caroteno existente na polpa do fruto, elevado percentual de ácidos graxos essenciais, proteínas, alto teor de fibras e minerais como, cálcio, potássio, fósforo e manganês. A amêndoa de macaúba é fonte de ácidos graxos, proteínas, fibras e minerais, tais como o cálcio, fósforo e manganês (ARISTONE, 2006; HIANE, 2006). As barras de cereais são consideradas como “Snacks”, ou seja, produtos de conveniência, as mesmas são produtos de fácil elaboração, de formulação simples e que possuem grande aceitação comercial, seja pelo aspecto nutritivo e comercial (BRITO, 2004). Considerando o potencial mercadológico das barras de cereais e as características nutricionais dos frutos de macaúba, objetivou-se desenvolver formulações de barras de cereais adicionadas de farinha de polpa e amêndoa de macaúba e avaliá-las quanto à aceitação das características sensoriais. MATERIAIS E MÉTODOS Os frutos de Macaúba foram colhidos na zona rural de Naviraí-MS e os outros ingredientes, adquiridos no comércio local. Os frutos selecionados foram sanitizados, despolpados manualmente com facas para retirada do mesocarpo fibroso e submetidos a desidratação à 60ºC por 18 horas. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Guilherme H. A. Oliveira, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 93-96. 94 A polpa desidratada foi triturada em liquidificador para a obtenção da farinha da polpa de macaúba (FPM) e os endocarpos foram quebrados com auxilio de um martelo para remoção das amêndoas (AM). Foram elaboradas três formulações: a formulação padrão (FPAA), sem a adição de FPM, e as formulações com variação na concentração de FPM de 3% (FAF3) e 6% (FAF6), conforme demonstra a Tabela 1. Os ingredientes do xarope de aglutinação (açúcar cristal, xarope de glicose, mel, água, gordura vegetal e lecitina de soja) foram adicionados em uma panela e aquecidos sob homogeneização constante até 118ºC. Após interrupção da cocção, os ingredientes secos foram adicionados e homogeneizados na seguinte ordem: amêndoas de macaúba, flocos de arroz, farinha de macaúba e aveia em flocos. A mistura foi compactada em assadeira, nivelada com cilindro e cortada em retângulos, obtendo-se barras com peso unitário de 25 ± 5g. A avaliação sensorial foi feita por 50 provadores não-treinados utilizando escala hedônica estruturada de nove pontos, com avaliação dos atributos de aparência, sabor, textura, cor e avaliação global, sendo também realizado o teste de preferência e intenção de compra (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008). O índice de aceitação (IA) foi calculado para cada atributo e os resultados da análise sensorial foram analisados pela análise de variância (ANOVA) no programa Microsoft Office Excel® 2007, sendo as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Tabela 1. Formulações das barras de cereais. Ingredientes (%) Formulações * FPAA FAF3 FAF6 Açúcar Cristal 29 28 30,3 Xarope de Glicose 18 16 14,0 Mel 5 5 5,2 Água 6 6 7,0 Gordura Vegetal 2 2 2,2 Lecitina de Soja 1 1 1 Flocos de arroz 17 19 15,1 Aveia em Flocos 17 15 14,0 Amêndoa de Macaúba 5 5 5,1 Farinha de polpa de Macaúba 3 6 * (FPAA) Formulação Padrão com Amêndoa de Macaúba; (FAF3) Formulação com 3% de farinha de polpa de Macaúba; (FAF6) Formulação com 6 % de farinha de polpa de Macaúba. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Guilherme H. A. Oliveira, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 93-96. 95 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos na análise sensorial foram transformados em média e desvio padrão para cada um dos atributos avaliados, conforme mostra a Tabela 2. Todos os atributos avaliados obtiveram médias de aceitação acima de 7 pontos, sendo que a FFA3 e FFA6 atingiram 8 pontos em média, equivalente ao escore “gostei moderadamente”. No atributo de aparência não houve diferenças estatisticamente significativas entre as médias alcançadas pela FFA3 e FFA6, sendo estas melhor avaliadas quando compradas a FPAA. As médias referentes aos atributos de sabor e textura não demonstraram diferenças significativas entre as formulações testadas. No atributo cor houve diferença significativa entre a FPAA e as demais formulações, sendo que a FPAA obteve 7,68 pontos, enquanto a FAF3 e FAF6 obtiveram 8,26 e 8,46 pontos de média respectivamente, sendo estas melhor avaliadas. De maneira geral foi possível observar que as formulações que foram adicionadas de farinha de polpa de macaúba foram mais bem aceitas em relação aos atributos sensoriais quando comparadas à formulação denominada padrão, que continha apenas a amêndoa de macaúba. O teste de preferência demonstrou que a formulação FAF6 foi preferida por 56% dos julgadores. A formulação FAF3 foi a segunda mais preferida por 30% dos julgadores. As três formulações obtiveram índice de aceitação acima de 70% e todos os atributos tiveram boa aceitação quanto às características sensoriais, de acordo com Dutcosky (2007). Tabela 2. Média, desvio-padrão e resultado do teste estatístico da avaliação sensorial das três formulações de barras de cereais com polpa e amêndoa de Macaúba. Amostras * Atributos Avaliados FPAA FAF3 FAF6 b a a Aparência 7,90 ± 0,84 8,24 ± 0,77 8,50 ± 0,74 a a a Sabor 7,98 ± 0,87 8,06 ± 0,89 8,24 ± 0,80 a a a Textura 7,98 ± 0,87 8,00 ± 0,99 8,18 ± 0,90 b a a Cor 7,68 ± 0,89 8,26 ± 0,75 8,46 ± 0,79 b a,b a Avaliação Global 7,96 ± 0,75 8,12 ± 0,74 8,38 ± 0,80 (a) Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey. * (FPAA) Formulação Padrão com Amêndoa de Macaúba; (FAF3) Formulação com 3% de farinha de polpa de Macaúba; (FAF6) Formulação com 6 % de farinha de polpa de Macaúba. Os julgadores foram questionados quanto à intenção de compra das barras de cereais testadas, o resultado deste teste é mostrado na Figura 1. As formulações FAF3 e FAF6 obtiveram ótima aceitação, com mais de 80% dos provadores demonstrando intenção de compra. A formulação FPAA obteve uma aceitação abaixo de 70%, demonstrando que a adição da farinha de polpa de macaúba aliada à amêndoa melhora a aceitação dos atributos sensoriais das barras de cereais bem como a aceitação destas por parte do público consumidor. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Guilherme H. A. Oliveira, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 93-96. 96 Figura 1. Intenção de compra das barras de cereais com farinha de polpa e amêndoa de macaúba: (FPAA) Formulação Padrão com Amêndoa de Macaúba; (FAF3) Formulação com 3% de farinha de polpa de Macaúba; (FAF6) Formulação com 6 % de farinha de polpa de Macaúba. CONCLUSÕES As formulações FAF3 e FAF6 mostraram-se mais bem avaliadas quando comparadas à formulação padrão (FPAA), em termos sensoriais, intenção de compra e preferência. A formulação FAF6 (com 6% de FPM) foi a que atingiu maior intenção de compra (84%) e preferência (56%), demonstrando que a adição de maior percentual de FPM à barra de cereal aumentou a aceitabilidade da mesma. Conclui-se que a utilização de 3% e 6% de FPM em barras de cereais é uma alternativa viável em termos sensoriais e tecnológicos, além de uma forma de incentivo, uso sustentável e agregação de valor aos frutos do Cerrado. AGRADECIMENTOS A Coordenação do curso de Tecnologia em Alimentos e à Vigilância Sanitária da cidade de Naviraí-MS. REFERÊNCIAS ALMEIDA, S. P. Frutas nativas do Cerrado: caracterização físico-química e fonte potencial de nutrientes. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA CPAC, 556 p. 1998. ARISTONE, F. Como fazer farinha de bocaiúva: guia completo e livro de receitas. Manual didático. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Nov, 2006. BRITO, I. P. et al. Elaboração e avaliação global de barra de cereais caseira. B.CEPPA, Curitiba, v. 22, n. 1, p. 35 -50 jan./jun. 2004. DUTCOSKY, S.D. Análise Sensorial de Alimentos. 2. ed. Curitiba: Champagnat, 239p. 2007. HIANE, P. A. et al. Chemical and nutritional evaluation of kernels of bocaiuva, Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. Ciênc. Tecnol. Alim., Campinas, v. 26, n. 3, p. 683-689, jul.-set. 2006. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas: métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 4. ed. São Paulo, 1018 p. 2008. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 97 Avaliação das Condições Higiênico-Sanitárias de Casa de Carnes da Cidade de Naviraí-MS Gleice N. N. Silva1, Fernanda I. G. R. Concenço, Erica R. Costa, André R. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Carnes, Boas Práticas de Fabricação, Avaliação. INTRODUÇÃO Carnes são consideradas alimentos de excelentes qualidades nutricionais por apresentarem uma composição rica vitaminas do complexo B, ferro biodisponível e proteínas de alto valor biológico, com todos os aminoácidos essenciais em proporções adequadas para atender as necessidades do organismo humano, se consumidas em uma dieta equilibrada (PENSEL, 1998; SAUCIER, 1999; OLIVEIRA, 2008). Os produtos cárneos in natura são altamente susceptíveis aos processos de proliferação e deterioração microbiana por causa de sua composição nutricional e elevada atividade de água, sendo considerados como excelentes meios de cultura. Os estabelecimentos que manipulam, armazenam e comercializam carnes devem adotar uma série de medidas que garantam a qualidade do produto oferecido ao consumidor. As Boas Práticas de Fabricação (BPF) e os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP’s) são ferramentas estabelecidas em regulamentos de leis específicos que ajudam a prevenir a contaminação através formas adequadas de manipulação dos alimentos, como preconizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Nestes regulamentos existem normas relacionadas a toda cadeia produtiva do alimento, incluindo itens tais como: Condições das edificações e instalações onde se manipulam os alimentos, hábitos de higiene operacional, higiene pessoal e saúde dos manipuladores, existência de programas de controle de pragas, potabilidade da água, entre outros. Considerando a importância das condições higiênico-sanitárias como pré-requisito da segurança dos alimentos, objetivou-se por meio deste trabalho avaliar as condições de higiene de uma casa de carnes da cidade de Naviraí-MS. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Gleice N. N. Silva, Fernanda I. G. R. Concenço, Erica R. Costa, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 97-100. 98 MATERIAIS E MÉTODOS Foram avaliadas as condições de higiene de uma casa de carnes utilizando-se um check list baseado na Resolução da Diretoria Colegiada nº 216 de 15 de Setembro de 2004 (BRASIL, 2004). Utilizou-se uma lista de verificação com questões sobre edificações e instalações, higiene de equipamentos móveis e utensílios, controle de pragas, abastecimento de água, manejo de resíduos, higiene pessoal e saúde dos manipuladores, matériasprimas/ingredientes e embalagens e documentação e registros, sendo estes os blocos avaliados. Os resultados obtidos foram transformados em percentuais de itens em Conformidade (C) e Não Conformes (N/C) para cada bloco avaliado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos na avaliação das condições higiênico-sanitárias da casa de carnes são demonstrados na Figura 1. Foram constatadas não-conformidades em todos os blocos avaliados, sendo que alguns itens ultrapassaram 30% de não-conformidades, tais como, higiene de equipamentos (43,6%), controle de pragas (33,3%), abastecimento de água (62,5%) e manejo de resíduos (33,3%). No bloco de edificações e instalações foram detectadas falhas estruturais tais como pinturas descascadas e frestas em portas. Neste bloco são avaliadas as condições do ambiente de processamento, como layout de produção/manipulação, fluxo de processo, condições de paredes, piso, portas, janelas, teto, iluminação, ventilação e localização. O atendimento destes itens é de extrema importância, para que as condições ambientais do local de manipulação de alimentos não favoreçam a contaminação e a infestação. Não se observaram procedimentos operacionais padronizados de higienização e registros de limpeza, com agravante da utilização de produtos não registrados no Ministério da Saúde, além da falta de um local específico para armazenamento de produtos de limpeza. As operações de higienização de paredes, pisos, equipamentos e utensílios são fundamentais para minimizar a contaminação por microrganismos. Foram encontradas fezes de ratos no vestiário do estabelecimento, comprometendo o bloco de controle de pragas e vetores, estando esta não-conformidade associada à falha no item de edificações como frestas nas portas que propiciam o acesso de pragas. Em relação ao bloco de abastecimento de água, foram constatadas não-conformidades devido à ausência de registro semestral de limpeza dos reservatórios de água. Valente e Passos (2004) classificaram como deficiência de risco elevado à falta de higienização dos reservatórios de água, ao avaliar as condições higiênico-sanitárias de supermercados do Sudeste do Brasil, já que esta água é usada para higienizar as mãos e as superfícies que entram em contato com os alimentos. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Gleice N. N. Silva, Fernanda I. G. R. Concenço, Erica R. Costa, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 97-100. 99 Figura 1. Resultados das condições higiênico-sanitárias da casa de carne. Foi observada a utilização de recipientes inadequados para manejo dos resíduos, pois as mesmas não eram dotadas de acionamento por pedal o que por sua vez pode gerar contaminação cruzada, pois o manipulador se vê obrigado a tocar na tampa da lixeira para abri-la. O bloco de higiene pessoal e saúde dos manipuladores foi o que atingiu o maior percentual de itens em conformidade (85,7%), sendo prejudicado apenas pela falta de cartazes e procedimentos operacionais para orientação sobre a correta forma de higienização das mãos. Oliveira e colaboradores (2008) avaliaram as condições de higiene de carnes comercializadas em supermercados de João Pessoa e relataram que 67% dos estabelecimentos não possuíam sistemas de higienização de mãos conforme exigidos na legislação. Apesar de possuir termômetros nas câmaras de armazenamento não foram evidenciados registros de monitoramento de temperatura de produtos resfriados e congelados durante o armazenamento e recebimento da matéria-prima, com agravante da inexistência de critérios de avaliação de fornecedores, matérias-primas e embalagens. Quanto ao item de documentos e registros foi evidenciado o manual de Boas práticas de Fabricação (BPF) com Procedimentos Operacionais Padronizados (POP’s) descritos, porém, foi constatado que o estabelecimento não fazia uso de planilhas para controle do processo, sendo que o manual de BPF e os POP’s devem estar disponíveis para a autoridade sanitária e para os manipuladores de alimentos, sendo necessários para descrever e padronizar as atividades rotineiras dos estabelecimentos que manipulam alimentos. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Gleice N. N. Silva, Fernanda I. G. R. Concenço, Erica R. Costa, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 97-100. 100 CONCLUSÕES Apesar da existência de várias normas e regulamentos estabelecidos em leis que exigem a adoção de boas práticas de fabricação nos estabelecimentos que comercializam alimentos, foi constatado que estas práticas não são realizadas na íntegra, gerando várias nãoconformidades que podem comprometer a segurança dos produtos oferecidos aos consumidores. Foi possível observar ainda que muitas das não-conformidades detectadas estavam relacionadas à falta de informação e conscientização dos funcionários e do representante legal do estabelecimento, o que reforça a necessidade de criação de um programa de treinamento e capacitação, com o intuito de eliminar as não-conformidades. AGRADECIMENTOS A Coordenação do curso de Tecnologia em Alimentos e à Vigilância Sanitária da cidade de Naviraí-MS. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n. 326 de 30 de julho de 1997. Dispõe sobre o regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos produtores e industrializadores de alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 01 ago. 1997. BRASIL.Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC n. 275. 2002. Regulamento técnico sobre procedimentos operacionais padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos e a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/ industrializadores de alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 out. 2002. OLIVEIRA, S. et al. Avaliação das condições higiênico-sanitárias de carne bovina comercializada em supermercados de João Pessoa. Rev. Alim. Nut., Araraquara, v.19, n.1, p. 61-66, jan-mar, 2008. PENSEL, L. The future of red meat in human diets. Nutr. Abstr. Rev. (A), Oxford, v. 68, p.1-4, 1999. SAUCIER, L. Meat safety: challenges for the future. Nutr. Abstr. Rev. (Serie A),Oxford, v. 69, p.705-708, 1999. VALENTE, D. PASSOS, A. D. C. Avaliação higiênico-sanitária e físico-estrutural dos supermercados de uma cidade do sudeste do Brasil. Revi. Bras. Epid. v.7, n.1, 2004. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 101 Caracterização Físico-química e Sensorial de Pães Elaborados com Batata Yacon Mônica H. Souza1, Eliane F. Souza, Gleison N. Jardim, André R. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Pão, fibras, farinha. INTRODUÇÃO O yacon (Smallanthus sonchifolius) é um tubérculo da família da Asteraceae, originário das regiões Andinas (SALVADOR, 2012). Apresenta um sistema radicular com 4 a 20 tubérculos ricos em componentes bioativos como frutooligossacarideos (FOS) e compostos fenólicos. Possui sabor doce, alto teor de água e reduzido valor energético, sendo conhecida por suas propriedades medicinais (RODRIGUES, 2011). Os FOS presentes nos caules e raízes do yacon são do tipo inulina, um carboidrato de origem vegetal não digerível pelo organismo humano. Os FOS são fibras solúveis bioativas (prebiótica) e um substituto do açúcar na alimentação de diabéticos (MARTINS, 2011). O yacon é anticariogênico e reduz os lipídios no sangue, aumentando a absorção de minerais como cálcio, magnésio e ferro (VANINI, 2009). O tubérculo pode ser consumido in natura ou processado, como suco, chips desidratados, xaropes, farinha ou na composição de diversos alimentos, como bolos, biscoitos, doces, e pães. Com base nas potencialidades deste tubérculo, o objetivo deste trabalho foi produzir pães com diferentes formulações e através de análises dar um parecer sobre a utilização e aceitação do yacon “in natura” e da sua farinha na produção de pães de forma, alem disso comprovar a qualidade nutricional que o mesmo pode trazer ao organismo humano. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Mônica H. Souza, Eliane F. Souza, Gleison N. Jardim, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 101-104. 102 MATERIAIS E MÉTODOS Os ingredientes utilizados na elaboração dos pães de forma foram adquiridos em área comercial do município de Dourados e de Naviraí MS, e transportados para o Laboratório de Processamento de Alimentos da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. As formulações utilizadas estão expressas na Tabela 1. Os pães foram elaborados seguindo uma seqüência pré-estabelecida de procedimentos: 1. Separação, e pesagem dos ingredientes, 2. Mistura dos ingredientes secos, 3. Adição de água, 4. Formação da massa e cilindragem, 5. Descanso e fermentação, 6. Modelagem e fermentação final, 7. Cozimento e, 8. Resfriamento, corte e análise. A farinha ou batata cozida é adicionada na etapa 3, junto com a adição de água. O cozimento foi efetuado em forno elétrico a 180°C por 40 minutos. Tabela 1. Formulações dos pães elaborados com e sem a presença de Yacon. **FP: Formulação Padrão; FFB: Formulação com farinha de Yacon; FBC: Formulação com batata cozida. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos na análise sensorial foram transformados em médias e desvio padrão conforme a tabela 2, para os atributos avaliados: sabor, textura, aparência e cor, sendo que os mesmos demonstraram que não houve diferença significativa entre os atributos sabor, textura e cor, mas houve em relação a aparência e com isso podemos dizer que as formulações padrão(FP) e com a batata cozida(FBC) obtiveram os melhores resultados quando comparada a formulação feita com a farinha da batata(FFB). Dentre as formulações avaliadas, as formulações padrão (FP) e com batata cozida (FBC) foram as que apresentaram maior intenção de compra (87%) conforme Figura 1.a, quando comparada com a formulação acrescida de farinha (FFB 82%), devido provavelmente em grande parte a coloração escura do pão, levando os provadores a optar pelos pães de cor clara (FP e FBC), conforme mencionado durante a análise sensorial. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Mônica H. Souza, Eliane F. Souza, Gleison N. Jardim, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 101-104. 103 Tabela 2. Média, desvio-padrão e resultado do teste estatístico para análise sensorial das três formulações de pães de forma. Atributos Aparência Sabor Textura Cor Formulações** FP FFB 8,20 ± 0,79 ª 7,76 ± 1,17 b 7,62 ± 1,19 ª 7,89 ± 1,05 ª 7,78 ± 1,06 ª 7,98 ± 0,99 ª 7,96 ± 1,30 ª 7,40 ± 1,42 ª FBC 8,16 ± 0,93 ª 7,73 ± 1,10 ª 7,98 ± 1,01 ª 7,87 ± 1,27 ª **FP: Formulação Padrão; FFB: Formulação com farinha de Yacon; FBC: Formulação com batata cozida. Quanto a ordem de preferência (Figura 1.b), inversamente, 42,22% escolheram a formulação FFB, em primeiro lugar, seguida da FBC (33,33%) e ao terceiro lugar a FP (24,44%). Os resultados expressos pelo índice de aceitação (Figura 2), demonstraram que para os quesitos aparência, sabor, textura e cor, todas as formulações foram aceitas, pois os valores obtidos superaram o mínimo de 70% requerido como norma para a aceitação. a) b) Figura 1: Intenção de compra das formulações de pães de forma (a) e ordem de preferência (b), de acordo com formulação da Tabela 2. Os resultados das análises de umidade (IAL, 1985) comprovam que a formulação FBC apresenta o maior percentual de umidade, cerca de 33,8%, atribuído a etapa de cozimento em água, confirmando a influência desta etapa (Tabela 3) quando comparado aos outros resultados das formulações com a farinha (30,6%) e a formulação padrão (29,4%). Os resultados de umidade obtidos com a FFB em relação à FP podem ser justificados em decorrência da maior capacidade de absorção de água pela farinha. Isso provavelmente se deve a capacidade de absorver a umidade do ar que a farinha demonstrou ao longo da preparação. Já os resultados das análises de cinzas (IAL,1985), demonstraram que a FFB obteve o maior resultado (1,30%), comparada a FP (0,9%) e com FBC (0,86%), esses resultados estão corroboram os resultados de ROSA, (2009). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Mônica H. Souza, Eliane F. Souza, Gleison N. Jardim, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 101-104. 104 Figura 2: Índice de aceitação das formulações de pães de forma, de acordo com formulação da Tabela 2. Tabela 3. Percentual de umidade e cinzas das amostras. Formulações** FP FFB FBC %Umidade 29.5 30,6 33,8 %Cinzas 0,90 1,27 0,86 ** FP:Formulação Padrão; FFB:Formulação com farinha de Yacon; FBC: Formulação com batata cozida. CONCLUSÕES Os pães elaborados com farinha e batata de Yacon obtiveram uma boa aceitação em relação aos atributos aparência, sabor, textura e cor nos parâmetros sensoriais (média 8 pontos), só apresentando diferença significativa na aparência. Em relação à intenção de compra e índice de aceitação todas as amostras apresentaram nível acima de 70%, bem aceito, portanto, pelos consumidores, o que é um resultado é promissor. Quanto à preferência do consumidor o 1°lugar ficou com FFB, seguida da FBC e por último FP. Análises de cinzas e umidade estão dentro dos padrões. AGRADECIMENTOS Ao professor Esp. André Ribeiro da Silva e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul unidade de Naviraí, pelo incentivo e apoio no desenvolvimento desta pesquisa. REFERÊNCIAS ANVISA. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 15/04/2013. CABELLO, C. Extração e pré- tratamento químico de frutanos de yacon. Cienc. Tecnol. Alim., 2005; 25(2):202-207. CAUVAIN, S. P. e YOUNG, L. S. Tecnologia da Panificação. SP: Manole, 2009, 418 p. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013