Os desafios da logística e os centr os de distrib uição física centros distribuição Centros de distribuição reduzem custos e trazem agilidade ao processo de entrega de produtos A complexidade da economia moderna, representada pelo rápido avanço da tecnologia da informação e pela necessidade crescente de diminuir o gap entre a compra e a entrega dos bens e serviços, vem trazendo desafios para as organizações empresariais brasileiras. Moisés Farah Jr. Esse desafio é cada vez maior na área de distribuição e entrega dos produtos já transacionados entre várias empresas, exigindo constante reposicionamento empresarial. Tal estratégia passa pela união de esforços para realizar uma distribuição mais eficiente e com menor custo, compartilhando a redução de custos, eliminação de pontos de estrangulamento, entre outras vantagens derivadas do trabalho em parceria. Distribuição Conjunta Dentre algumas experiências, pode-se destacar a implementação de um projeto conjunto de distribuição de jornais de dois tradicionais rivais, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Criou-se uma empresa especializada na distribuição de seus próprios produtos, que também presta este serviço para terceiros. Outro exemplo atual de distribuição conjunta foi a união da Gestão distribuição dos produtos das empresas Santista Alimentos, Mead Jhonson e Kellog’s, que, juntas, vão atingir 200 mil pontos de vendas. Essa decisão é decorrente da necessidade de reduzir custos, agregar valor ao cliente, conferir rapidez e agilidade ao processo, sem ter de investir mais recursos, pois aproveita-se uma infra-estrutura já existente. 44 r e v i s t a F A E B U S I N E S S , n .2, jun. 2 0 02 A logística de distribuição é uma das ferramentas que provêem a disponibilidade de produtos onde e quando são necessários, coordenando fluxos de mercadorias e de informações de milhares de pontos de vendas dos mais variados bens e serviços Centr os de Distrib uição Centros Distribuição A logística de distribuição é uma das ferramentas que provêem a disponibilidade de produtos onde e quando são necessários, coordenando fluxos de mercadorias e de informações de milhares de pontos de vendas dos mais variados bens e serviços. A estruturação do gerenciamento logístico deve se voltar para a questão central da distribuição dos produtos, dentro de critérios que otimizem o uso das instalações, atentando para que não haja interrupção no fornecimento e que o serviço para o cliente represente um apoio ao seu core business. Nesse momento entram em cena os Centros de Distribuição (CDs), instrumentos que podem viabilizar de forma competitiva o fluxo de mercadorias vindas dos fabricantes, até os seus diversos graus de capilaridade distributiva. Os CDs de posicionamento avançado, principalmente para a entrega de bens de consumo mais imediato, constituem pontos de apoio ao rápido atendimento às necessidades dos clientes de uma certa área geográfica, distante dos centros de produção. Esse mecanismo permite atender adequadamente a pequenos pontos de vendas, tais como padarias, lanchonetes, bares e restaurantes, os quais têm uma demanda firme e constante, com rápido giro de seus produtos, normalmente de alta perecibilidade e com pequeno tempo de comercialização. Escolhendo um CD Na escolha do mais adequado canal de distribuição deve-se atentar para: • o número de intermediários existentes e/ou necessários; • a exclusividade ou multiplicidade dos canais de distribuição; • o tamanho da área a ser atendida e a estrutura mínima necessária para efetuar um serviço com qualidade e eficiência; • o tipo de produto a ser entregue; • a estrutura operacional mínima necessária. Os CDs, como meio de armazenagem intermediária, precisam estar atentos às novas demandas empresariais. A volatilidade econômica, característica do mercado contemporâneo, resulta em uma maior complexidade operacional devido a: • pedidos mais freqüentes e em quantidades menores; • ciclo mais curto de pedidos, dadas as constantes mudanças no mix de produtos; • aumento do número de sku’s em estoque (sku’s são unidades ou itens de produto); • competição baseada no ciclo do pedido e na qualidade. Os serviços, diante dos fatores citados, requerem sistemas de controle com alto grau de precisão, capazes de controlar, processar e dar agilidade à movimentação de materiais, que é uma das características dos CDs. Essa nova configuração demanda, dos Centros de Distribuição, uma adequação capaz de suportar: • aumento das operações de recepção e distribuição; • operações 24 horas por dia, visando rapidez no recebimento e expedição; • aumento das atividades de controle de qualidade/ validade, principalmente de produtos com pequeno prazo de validade e de elevado grau de perecibilidade; • aumento do imobilizado com estoques mínimos necessários; • manutenção de área e de espaço para armazenar famílias de produtos semelhantes mas não iguais (alimentos, bebidas, ferragens, etc). • manutenção de fortes investimentos em automação, treinamento de pessoal, sistemas de informações e de controle. Os armazéns tradicionais, sejam os pertencentes a uma empresa varejista ou prestadores de serviço de forma terceirizada, podem perder competitividade se não conseguirem se atualizar operacionalmente. Já está superado o modelo em que a maximização de uso da capacidade instalada dependia de maior espaço físico e não de maior eficiência de fluxo físico. Falhas Oper acionais Operacionais Nas empresas em que o setor de armazenagem e distribuição possui formato tradicional e um menor grau de automação integrada, são comuns falhas operacionais como: ... 45 r e v i s t a F A E B U S I N E S S , n. 2, jun. 200 2 • • • • • • • pedidos incompletos; longo tempo de preparação dos pedidos (separar, embalar, classificar, etiquetar, disponibilizar para embarque, etc.); dificuldade de localizar os produtos, embalagens, etc; elevado índice de retorno de pedidos que não saíram conforme o solicitado; baixa produtividade do trabalho e do capital aplicado em ativos fixos; elevado número de operações de retrabalho; inventários físicos demorados, com elevado custo de processamento e de veracidade não muito confiável. Lig ação Compr ador/V endedor Ligação Comprador/V ador/Vendedor Um CD deve ser um meio de minimização de custos, melhoria no uso dos recursos e apoio ao processo de venda e pós-venda. Para tal, deve apresentar elevado grau de qualidade de serviços, custos operacionais competitivos em relação aos concorrentes e retorno adequado ao capital aplicado. Ao longo do tempo, os CDs vêm ampliando o seu espaço junto à atividade produtiva de uma infinidade de setores. Busca-se, nos CDs, uma ligação mais efetiva entre comprador/vendedor, que traga como resultado a qualidade de serviços representada pelos itens: • entrega no prazo; • cumprimento do tempo de entrega; • precisão no atendimento; • qualidade do produto entregue; • suporte no pós-venda, quando necessário. tempo do ciclo do pedido - tempo entre a recepção do pedido e a entrega completa do produto; • entrega no prazo - percentual dos pedidos entregues a tempo sobre o total dos pedidos; • ciclo de tempo para reposição do CD - tempo de reposição para o CD para cada remessa, dividido pelo total de remessas; • dias de estoque de produtos acabados - número de dias em que se tem o produto disponível para venda, ou estoque disponível na data dividido pela venda média diária; • taxa de atendimento de pedidos e produtos percentual de pedidos atendidos integralmente pela primeira vez e percentual de produtos atendidos pela primeira vez; • tempo de atendimento a pedidos de emergência rapidez no atendimento a pedidos de emergência, considerando o tempo que vai desde a recepção do pedido até sua entrega total. Os centros de distribuição podem oferecer indicativos de seu grau de eficiência e de operacionalidade. Contudo, para cada tipo/família de produtos há determinadas estruturas funcionais de CD. Um CD que distribui cimento é diferente daquele que distribui produtos congelados, e este difere bastante daquele que distribui medicamentos. O que se deve observar é a capacidade operacional setorializada de cada CD, sua estrutura informacional, nível de qualificação de seus funcionários, grau de automação e capacidade de controle e de gestão. Para cada setor de atividade há uma estrutura apropriada de CD, que deve ser avaliada em seu conjunto. • Gestão Um centro de distribuição deve ser um meio de minimização de custos, melhoria no uso dos recursos e apoio ao processo de venda e pós-venda Como iniciar a avaliação da oferta de um serviço prestado por um CD? Quais os indicadores para comparar duas propostas de prestação de serviços? Pode-se utilizar os seguintes indicadores quantitativos para uma primeira avaliação dos serviços de um Centro de Distribuição: 46 r e v i s t a F A E B U S I N E S S , n .2, jun. 2 0 02 Moisés Farah Jr. é economista, mestre em Inovação Tecnológica pelo CEFET-PR, doutorando em Engenharia de Produção pela UFSC e professor da FAE Business School. E-mail: [email protected]