Antes de utilizarmos um método para analisarmos um fato social precisamos conhecê-lo primeiro.Este conhecimento se torna necessário, uma vez que as pessoas não sabem distinguir fatos e fenômenos sociais.Partindo –se das idéias presentes na maior parte das pessoas,a sociologia seria certamente confundida com as ciências que cuidam dos fatos comuns do nosso cotidiano. A sociologia se distingue das demais ciências porque trata dos fenômenos sociais, ou seja, dos fatos relevantes que fogem à nossa rotina. Em todas as sociedades existem fenômenos que possuem características próprias e se distinguem dos demais fatos: Quando praticamos as atividades comuns ao nosso cotidiano não questionamos nada, pois a sociedade já nos impõe certas regras de convivência desde que nascemos. Cada regra tem a sua característica, independente do uso que fizermos de cada uma delas. As regras de conduta que a sociedade estabelece somente serão notadas por nós se as quebrarmos, do contrário (quando nos conformamos por livre e espontânea vontade) elas passam batido. Se tentarmos violar uma Lei, por exemplo, ela se voltará contra nós até alguém reparar, anular, impedir-nos de cometer tais erros (segundo as regras da sociedade).Se não andarmos conforme um padrão mínimo de moda, de usos e costumes, se não falarmos a mesma linguagem ou não a escrevermos, seremos discriminados perante a sociedade em que vivemos e isto têm o mesmo peso que uma Lei escrita e redigida, por exemplo. Não existem inovações no Mundo que não se choquem com o conjunto de regras pré – estabelecidas pela sociedade.Quando alguém tenta inovar alguma coisa, encontra grandes barreiras pela frente e geralmente acaba desistindo. O fato social impõe uma certa maneira no agir, pensar e sentir ao indivíduo: ele apresenta certas características especiais e por isso recebe a qualificação de "social”; ou seja: não tem o indivíduo como elemento para análise, mas sim a sociedade ou os grupos parciais que abrange.O elemento de coação do fato social não exclui necessariamente o indivíduo. A característica da coação não se expressa somente em formas sociais sólidas, mas também em formas sociais, digamos "provisórias", como concentrações em ginásios, assembléias, etc. Nesse meio a pressão arrasta o indivíduo, exercendo forte pressão que só é sentida quando se tenta lutar contra ela. Ela cria uma ilusão de que a ação veio do interior do indivíduo e exerce grande domínio sobre o mesmo, não se restringindo somente à ação, mas também no campo intelectual. Um exemplo dessa pressão social está na educação em que é imposta à criança: maneiras de ver, sentir e agir à qual ela não chegaria espontaneamente - educação que consiste em criar o ser social, em que pais e professores são representantes e intermediários do elemento. O que caracteriza o fato social não é o pensamento comum ou as ações repetitivas dos indivíduos.Ele vai além, se identificando nas formas que revestem os estados coletivos ao se refletir nos indivíduos. O fato social é distinto das manifestações individuais - esta dissociação pode ser observada através de certos métodos.Fatos que aparentemente parecem ser particulares assumem características de fato social analisado por estes métodos - um deles é a análise de dados estáticos, que fornece meios de se isolar o fato social. A manifestação privada tem algo de social mas não são fenômenos propriamente sociológicos, porque dependem de uma grande parte orgânico-psíquico do indivíduo (interessa ao sociólogo mesmo sem fazer parte dos fundamentos da sociologia). Um fenômeno não é coletivo se não for comum à pelo menos a maior parte da sociedade, porém ele é geral e praticamente obrigatório por ser coletivo. É um estado de grupo que vai se repetindo nos indivíduos transmitidos pelas gerações anteriores e recebidas e adotadas por sua tradição - essa é a principal via (para nós) dos fenômenos sociais. Um sentimento comum não é apenas o que existe em todas as pessoas, é um produto da ação e reação da consciência dos indivíduos.Existe uma força que os move no mesmo sentido. Um fato social é reconhecido pelo poder que pode exercer sobre os indivíduos.Sua presença é percebida pela existência de uma pena a qualquer atitude individual que tente desrespeitá-lo. Pode ser definido também pela difusão que tem no interior do grupo. Esse tipo de coação é fácil de ser percebido na sociedade: o direito, a moda, as crenças, os usos, etc. Podem também aparecer de forma indireta como a organização econômica, por exemplo.Existem também os fatos sociais de ordem coletiva, anatômica ou morfológica, que são a distribuição da população no território, número e natureza de vias de comunicação, formas de habitação, etc. Quando pretendemos estudar como uma sociedade é dividida politicamente temos que avaliar também as divisões morais através do direito público desta sociedade. Nos aglomerados populacionais existem correntes de opinião que impõem aos indivíduos essa concentração populacional. As vias de comunicação podem até determinar fluxos migratórios. A estrutura política de uma sociedade é apenas uma forma de que os grupos sociais encontraram para conviver.O tipo de habitação é a maneira com que as pessoas costumaram a fazer casas, as vias de comunicação são apenas caminhos traçados, seguindo no mesmo sentido.Uma regra política é tão permanente como o tipo de arquitetura mas são fatos diferentes. Podemos perceber que existe uma série de fatores sem solução que ligam os fatos e que não se fixaram de forma definitiva.“É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, e suscetível de se exercer sobre o indivíduo uma coação exterior”, ou seja: “que é geral no conjunto de uma dada sociedade, tendo ao mesmo tempo uma existência própria, independente das suas manifestações individuais”.