Noções básicas Genes: Hoje se sabe que, ao longo das gerações, os seres vivos transmitem aos descendentes um conjunto de instruções biológicas, que será responsável por originar, na síntese proteica, as características dos futuros indivíduos. Essas informações, presentes no DNA dos cromossomos, são denominadas genes. Genótipo: É o conjunto de genes presentes num indivíduo; a sua constituição genética. O termo pode referir-se também a determinada característica – como, por exemplo, o genótipo em relação à cor da pele. Fenótipo: Trata-se das características que são manifestadas por um indivíduo. Podemos dizer que o fenótipo é determinado pelo genótipo. Entretanto, os fatores ambientais podem provocar alterações no condicionamento genético. Assim, costuma-se dizer que o fenótipo é consequência da interação entre o genótipo e o ambiente. Lócus Gênico: É o local específico, em um cromossomo, onde cada gene se localiza. Genes Alelos: São os genes que possuem duas ou mais formas distintas, denominadas formas alélicas. A cor de uma flor, por exemplo, pode ser determinada por um gene alélico. As diferentes formas sob as quais esse gene se apresenta definirão se a flor será amarela, vermelha ou azul. Homozigotos: São os indivíduos que possuem alelos iguais em relação a determinada característica. Heterozigotos: São os indivíduos que possuem alelos diferentes em relação a determinada característica. DOMINÂNCIA E RECESSIVIDADE Como exemplo, digamos que uma característica de uma pessoa seja determinada por um gene através dos alelos A e a. A união entre dois gametas portadores do alelo A gerará um indivíduo AA (homozigoto). Do mesmo modo, dois gametas portadores do alelo a formarão um indivíduo aa (homozigoto). Gametas com alelos diferentes darão origem a um indivíduo heterozigoto: Aa. DOMINÂNCIA E RECESSIVIDADE Fenotipicamente, não há diferença entre os indivíduos Aa e AA, embora o primeiro seja heterozigoto e o segundo, homozigoto. Assim, diz-se que o alelo A é dominante, uma vez que se expressa nas condições homozigótica e heterozigótica (em dose simples). Por outro lado, o alelo a é recessivo, uma vez que só se manifesta na condição homozigótica (em dose dupla). De modo geral, podemos representar os alelos da seguinte maneira: AA: Homozigoto dominante. Aa: Heterozigoto dominante. aa: Homozigoto recessivo. Alelo dominante – determina o mesmo fenótipo, tanto em homozigose como em heterozigose; Alelo recessivo – só se expressa quando está em homozigose. História da Genética O monge e cientista austríaco Gregor Mendel (1822-1884) e suas descobertas, feitas por meio de experimentos com ervilhas, foram extremamente importantes para que hoje conhecêssemos os genes e alguns dos mecanismos da hereditariedade. Uma das razões do sucesso de sua pesquisa foi ter escolhido a ervilha-de-cheiro (Pisum sativum), que apresenta uma série de vantagens: produz muitas sementes, reproduz-se por autofecundação e fecundação cruzada. Características da ervilha Vocabulário: Seed – semente Round – redonda (lisa) Wrinkled – rugosa Pod - vagem Full – lisa Constricted - ondulada A experiência de Mendel Cruzou plantas de sementes amarelas com plantas de sementes verdes, mas antes procurou selecionar sementes amarelas que só originassem sementes amarelas e sementes verdes que só produzissem sementes verdes. --------- Através de autofecundação! Executando a fecundação cruzada da parte masculina de uma planta de semente amarela com a feminina de uma verde (geração parental, ou P), observou que os descendentes, que chamou de geração F1, eram somente de sementes amarelas. Autofecundando estes exemplares, a F2 se apresentou na proporção de 3 sementes amarelas para 1 verde (3:1). Resultados O aparecimento de sementes verdes permitiu a Mendel concluir que o fator para verde não tinha sido destruído: apenas não se manifestava na presença do fator amarelo. Com base nisso, resolveu chamar a característica “ervilha amarela” de dominante e a característica “ervilha verde” de recessiva. Conclusões A geração F1 (resultado do cruzamento entre dois indivíduos puros – um dominante e outro recessivo) tinha a característica dominante; A F2 apresentava uma proporção média de 3 dominantes para 1 recessivo. A 1ª Lei de Mendel “Cada caráter é condicionado por 2 fatores, que se separam na formação dos gametas, passando apenas um fator por gameta”. Cada planta transmite, através de seus gametas, apenas um fator (gene) ao descendente. Em F1, todos os indivíduos eram de sementes amarelas, sendo filhos de plantas puras de sementes amarelas e de plantas puras de sementes verdes. No entanto, a característica verde voltou a se manifestar em F2. Mendel concluiu, portanto, que todos os indivíduos de F1 eram híbridos de constituição Aa. Se cada indivíduo produz gametas A e a, os gametas podem combinar-se como mostra a descendência. Formação da F1 Formação da F2 Genótipo e fenótipo – proporção Os genes alelos expressam o genótipo de um indivíduo, ou seja, sua constituição genética para uma determinada característica. O genótipo, influenciado pelas interferências do meio ambiente, expressa-se no fenótipo, que representa o somatório de todas as características observáveis em um indivíduo. Quando um determinado caráter é condicionado por alelos iguais, o indivíduo denomina-se homozigoto. Se os alelos forem diferentes, denomina-se heterozigoto. O alelo dominante é representado por uma letra maiúscula; o recessivo é representado por letra minúscula. OBS: Os genes situados na mesma posição relativa controlam o mesmo tipo de característica, mas pode haver formas diferentes de um gene em cada lócus, chamados alelos. Embora controlem o mesmo tipo de característica, os alelos podem ter efeitos diferentes. Um dos cromossomos pode ter o alelo que determina a cor amarela e seu homólogo pode ter o alelo que determina a cor verde. Cruzamento-teste O cruzamento teste é entendido como sendo o cruzamento entre um indivíduo qualquer com outro em homozigose recessiva, para os genes envolvidos no controle do caráter em estudo. Se obtivermos dois tipos de descendentes, ele é híbrido; se obtivermos um grande número de descendentes com a característica dominante, há uma boa probabilidade de que ele seja homozigoto. Ex: Ind A) Rr (semente rugosa) x Ind B) rr (semente lisa) 50% Rr e 50% rr ---------- O indivíduo A é híbrido Dominância Incompleta ou Ausência de dominância Nem todas as características são herdadas como a cor da semente da ervilha, em que o gene para a cor amarela domina sobre o gene para cor verde. Muito frequentemente a combinação dos genes alelos diferentes produz um fenótipo intermediário. Essa situação ilustra a chamada dominância incompleta ou parcial. Um exemplo desse tipo de herança é a cor das flores maravilha. Elas podem ser vermelhas, brancas ou rosas. Plantas que produzem flores cor-de-rosa são heterozigotas, enquanto os outros dois fenótipos são devidos à condição homozigota. Supondo que o gene V determine a cor vermelha e o gene B, cor branca, fazendo o cruzamento de uma planta de maravilha que produz flores vermelhas com outra que produz flores brancas e analisando os resultados fenotípicos da geração F1e F2, teríamos: VV = flor vermelha BB = flor branca VB = flor cor-de-rosa Genótipo: 25% VV 50% VB 25% BB Fenótipo 25% vermelhas 50% cor-de-rosa 25% brancas Codominância Condição de heterozigotos na qual os dois membros de um par de alelos contribuem para o fenótipo, o qual é então uma mistura das características fenotípicas produzidas por ambas as condições homozigotas. Em outras palavras, o indivíduo heterozigoto que apresenta dois genes funcionais, produz os dois fenótipos, isto é, ambos os alelos do gene em um indivíduo diplóide se expressam, produzindo proteínas distintas, que são detectadas isoladamente. Nessa interação entre alelos de um gene não há relação de dominância. Cor da pelagem de bovinos da raça Shorthon: A raça possui genes para as pelagens vermelha e branca. O cruzamento entre indivíduos homozigotos para as características vermelha (R1R1) e branca (R2R2) produz uma prole (R1R2) cuja pelagem a distância parece cinza-avermelhada ou cor ruão. Superficialmente, esse caso parece ser de dominância incompleta, porém o exame minucioso revela que os ruões apresentam uma mistura de pelos vermelhos e brancos, em vez de pelos de tonalidade intermediária. -Proporção fenotípica: 1:2:1 -Proporção genotípica: 1:2:1 Genes letais As mutações que ocorrem nos seres vivos são totalmente aleatórias e, às vezes, surgem variedades genéticas que podem levar a morte do portador antes do nascimento ou, caso ele sobreviva, antes de atingir a maturidade sexual. Esses genes que conduzem à morte do portador, são conhecidos como alelos letais. O alelo para a cor amarela (P) só mata em dose dupla. Assim, os indivíduos Pp são amarelos e sobrevivem, indivíduos pp são pretos e indivíduos PP morrem. Heredogramas No caso da espécie humana, em que não se pode realizar experiências com cruzamentos dirigidos, a determinação do padrão de herança das características depende de um levantamento do histórico das famílias em que certas características aparecem. Isso permite ao geneticista saber se uma dada característica é ou não hereditária e de que modo ela é herdada. Esse levantamento é feito na forma de uma representação gráfica denominada heredograma (do latim heredium, herança), também conhecida como genealogia ou árvore genealógica. Os principais símbolos são os seguintes: A montagem de um heredograma obedece a algumas regras: 1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado à esquerda, e a mulher à direita, sempre que for possível. 2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de nascimento, da esquerda para a direita. 3ª) Cada geração que se sucede é indicada por algarismos romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada geração, os indivíduos são indicados por algarismos arábicos, da esquerda para a direita. Outra possibilidade é se indicar todos os indivíduos de um heredograma por algarismos arábicos, começando-se pelo primeiro da esquerda, da primeira geração. Cálculo da probabilidade Regra da multiplicação ou regra do “e” Ex: Qual a probabilidade de um casal ter dois filhos do sexo feminino? Resolução: O nascimento da primeira filha não afeta a chance de o segundo filho ser do sexo feminino, pois a segregação dos alelos de um gene é ao acaso. Portanto: Regra da adição ou regra do “ou” Ex: Qual a chance de sair “cara” ou “coroa” em uma jogada de moeda? Resolução: Esses dois eventos não ocorrem juntos, pois é um ou o outro, logo são mutuamente exclusivos. Quando temos esse tipo de situação, somamos as duas probabilidades: Ex: Qual a probabilidade de um casal ter dois filhos, sendo um menino e uma menina? Resolução: Para responder esta questão, utilizaremos as duas regras: OU