ANÁLISE COMPARATIVA DO ENSAIO DE ADESIVIDADE PELO USO DE DOPE AMP-G-BOND EM LIGANTES CONVENCIONAL E POLIMÉRICO Gerson Severo da Trindade Acadêmico do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Luiza Amador Pozzobon Acadêmico do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Willian Weber de Melo Acadêmico do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Fábio Pereira Rossato Mestrando do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Deividi da Silva Pereira Professor do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Luciano PivotoSpecht Professor do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Resumo:É conhecido o fato de que as rodovias do Brasil, em geral, se encontram em más condições de conservação. Problemas como a desagregação do componente ligante aos agregados pétreos é um dos fatores influentes neste processo de deterioração dos pavimentos brasileiros. Este problema é acarretado, em parte, devido a problemas relacionados à adesividade do ligante com o esqueleto pétreo. Em vista disso,este trabalho tem como finalidade analisar a influência de aditivo melhorador de adesividade para diferentes tipos de ligantes. Foi constatado que ligantes poliméricos possuem melhor desempenho frente a este ensaio, resultando em um pavimento com maior longevidade. Palavras-chave: DOPE. Adesividade. Ligante. 1.INTRODUÇÃO Diariamente, nota-se a importância das estradas nos mais diversos setores da sociedade. O crescente volume de tráfego existente no Brasil exige tecnologias mais avançadas para que se possa prever o comportamento dos pavimentos além de saber se este foi planejado de maneira correta. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) feita em 2013, 46,9% das rodovias brasileiras apresentam algum tipo de problema. Além disso, um agravante das péssimas condições do asfalto brasileiro é o aumento da poluição ambiental, gerada pelos possíveis danos causados aos veículos. Os pavimentos podem ser divididos em dois grupos: flexíveis e rígidos. Os pavimentos flexíveis, conforme Bernucci (2008), são aqueles que são revestidos com materiais betuminosos ou asfálticos. Por sua vez, pavimentos rígidos são compostos de um revestimento constituído por placas de concreto de cimento Portland. Um pavimento flexível é formadopor quatro camadas: revestimento asfáltico, base, sub-base e reforço do subleito. Neste trabalho, será analisada apenas a camada de revestimento asfáltico. Esta camada é responsável pela rolagem suave dos veículos, além de ter participação na dissipação de tensões aplicadas. Em misturas asfálticas, o ligante asfáltico possui participação fundamental na aglutinação entre os agregados, sendo que este deve ser capaz de suportar condições adversas como variações de temperatura e ao intemperismo químico. Uma maneira eficiente de melhorar as características do asfalto é o uso de ligantes poliméricos. O uso deste aumenta a resistência à formação de trilhas de roda e ao trincamento por fadiga, além de melhorar a coesão e a adesividade da mistura asfáltica. Além disso, é possível melhorar a adesividade da mistura empregando-se o uso de aditivos como o Dope e a cal, que com o passar do tempo aumenta as características coesivas do asfalto. Os defeitos mais presentes nas rodovias brasileiras são o afundamento por trilha de roda (ATR), buracos ou panelas, fadiga e desagregação. Este último problema é um dos potencializadores da redução da vida útil do pavimento causada pela perda da adesão asfaltoagregado. Tal situação pode ocorrer na superfície do pavimento e abaixo. Segundo Domingues (1993), a desagregação é dividida em níveis de severidade baixo, médio e alto. Baixo: não há corrosão significativa e os agregados estão levemente soltos do ligante. Médio: textura da superfície do pavimento torna-se levemente irregular havendo maior desprendimento da mistura asfáltica. Alto: Textura de superfície muito irregular e esburacada, com agregados soltos. Neste trabalho, analisaremos o desempenho do DOPE, em diferentes ligantes, para um mesmo esqueleto pétreo quanto ao ensaio de adesividade. Sabe-se que muitos problemas que ocorrem na camada mais superficial do asfalto devem-se à desagregação dos agregados, ocasionada pela baixa coesão entre agregados e o ligante utilizado. 2. OBJETIVOS Este trabalho possui o objetivo de analisar os resultados do ensaio de adesividade para amostras do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) 50/70 e 60/85 com agregados de granulometria conhecida. Será abordado sobre a influência do uso de ligantes poliméricos em misturas betuminosas a quente (CA). Além disso, foi realizado dosagens do aditivo melhorador de adesividade Dope para ambos ligantes, com intuito de avaliar a melhora neste ensaio quando na presença de diferentes teores de Dope. 3.METODOLOGIA Segundo Bernucci (2006), as misturas asfálticas mais utilizadas no país são compostas por agregados de variados tamanhos e cimento asfáltico em proporções convenientes, ambos aquecidos em temperaturas adequadas, a fim de que o ligante possua uma viscosidade de trabalhabilidade ideal chamadas de Concreto Asfáltico. Para a realização do ensaio, foramutilizados 500 gramas de material pétreo retido na peneira ½ para cada amostra. Este material é de origem basáltica da formação Serra Geral, sendo esta a mais comum na região sul do Brasil.Este material foi misturado com dois tipos de ligante: umconvencional, o CAP 50/70, e um polimérico do tipo estireno-butadienoestierno (SBS), o CAP 60/85. Ambos originados na Refinaria de Petróleo Alberto Pasqualini (REFAP), residente na cidade de Canoas, RS. Com o objetivo de caracterizar os ligantes, foram realizados ensaios como ponto de fulgor, viscosidade Brookfield, penetração, entre outros. Os dados obtidos estão nas tabelas a seguir: Tabela 3.1: Caracterização do CAP 50/70 Ensaio Ponto de amolecimento Penetração a 25°C, 100g, 5s Viscosidade Brookfield, aparente a 135°C Viscosidade Brookfield, aparente a 155°C Viscosidade Brookfield, aparente a 177°C Ponto de Fulgor Ductilidade a 25°C Massa específica Unidade CAP 50/70 °C 51 dmm 55 Pa.s 0,372 Pa.s 0,152 Pa.s 0,077 °C 324 % 9,5 g/cm³ 1,008 Tabela 3.2: Caracterização do CAP 60/85 Ensaio Ponto de amolecimento Penetração a 25°C, 100g, 5s Viscosidade Brookfield, aparente a 135°C Viscosidade Brookfield, aparente a 155°C Viscosidade Brookfield, aparente a 177°C Ponto de Fulgor Ductilidade a 25°C Massa específica Unidade °C dmm Pa.s Pa.s Pa.s °C % g/cm³ CAP 60/85 74 63 1,679 0,763 0,285 310 83 1,015 Juntamente com os CAPs foi acrescentado o aditivo Dope tipo AMPG-BOND, responsável por melhorar a adesividade agregado-ligante. Desse modo, três dosagens foram testadas a fim de determinar a porcentagem ideal de aditivo para cada mistura, sendo elas 0,04%, 0,08% e 0,12% da quantidade de ligante. O ensaio de adesividade realizado seguiu a norma DNER-ME 078/94. Inicialmente, separou-se 500 gramas de agregados retidos na peneira 12,7mm, passantes na peneira 19 mm para cada proporção ligante-Dope. Com este material, misturou-se 17,5 gramas de ligante a 120 ºC. Após isso, aguardouse o resfriamento do material. Quando a amostra atingiu a temperatura ambiente, foi colocada em um recipiente transparente com água destilada suficiente para cobrir a amostra até o fim do ensaio, dentro de uma estufa a 40 ºC por 72 horas. Por fim, o material foi disposto em uma superfície planapara a análise dos resultados. 4.RESULTADOS Segundo a norma utilizada, a análise dos resultados é feita visualmente e considerada satisfatória quando não houver deslocamento da película betuminosa ao fim das 72 horas e não satisfatório caso haja parcial ou total deslocamento da película betuminosa. Para o CAP 50/70, constatou-se que sem Dope, o resultado foi insatisfatório já que foi verificado ausência de ligante em grande parte das dimensões da amostra. A partir da adição de Dope, constatou-se que o resultado ideal foi obtido com a utilização de 0,12% do aditivo, já que as misturas com menor teor apresentaram pontos descobertos. Os resultados estão apresentados nas imagens 4.1 e 4.2. Por outro lado, em relação ao CAP 60/85 polimérico, o resultado satisfatório foi encontrado sem adição do Dope, como pode ser visto na figura 4.3. Figura 4.1: Resultados do CAP 50/70 (convencional) sem Dope. Figura 4.2: Resultados do CAP 50/70 (convencional) com Dope. CAP 60/85, não só resultam em pavimentos de melhor qualidade, como também dispensam a utilização de melhoradores de adesividade. Agradecimentos A realização deste trabalho só foi possível através do apoio da CAPES e da Petrobrás. Também, agradecemos aos demais bolsistas, mestrandos e professores envolvidos no grupo de pesquisa. 6. REFERÊNCIAS Figura 4.3: Resultados do CAP 60/85 (polimérico). BERNUCCI, L; MOTTA, L; CERRATI, J; SOARES, J – Pavimentação Asfáltica: Formação básica para engenheiros – Rio de Janeiro: PETROBRAS: ABEDA, 2006. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Pesquisa CNT de rodovias 2013: relatório gerencial. – Brasília: CNT:SEST: SENAT, 2013. 5. CONCLUSÕES O experimento realizado evidenciou a eficiência do Dope para os ensaios de adesividade, constatados nas amostras com CAP 50/70. Com o melhoramento da coesão entre agregado e ligante, diminui-se a ocorrência de problemas no revestimento asfáltico como a desagregação dos agregados, prevenindo o surgimento de problemas mais graves como buracos e trincamento por fadiga. O uso de ligantes poliméricos possui uma superioridade em vários aspectos técnicos. No quesito adesividade, essa superioridade ficou evidente pela não necessidade de uso do Dope para a obtenção de um resultado satisfatório. Em vista disso, conclui-se que o uso de ligantes poliméricos como é o caso do DNER – DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. ME 078/94 – Agregado graúdo – adesividade a ligante betuminoso. Rio de Janeiro, 1994. DOMINGUES, F – Manual para Identificação de Defeitos de Revestimentos Asfálticos de Pavimentos. – São Paulo, 1993. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP Departamento de Engenharia Civil. Disponível em: <www.feb.unesp.br> acessado no dia 10/06/2014 12:53h.