RELAÇÃO DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NO E COM O ENSINO REGULAR: UMA PARCERIA MAIS QUE ESPECIAL Fabiana Grassi Mayca UFSC [email protected] Aprendizagem nas Diferentes Dimensões Resumo Esse artigo busca refletir sobre a relação entre o Ensino Regular e a Educação Especial, uma parceria necessária que se constituem em um único movimento para a construção de uma escola que contemple a inclusão dos estudantes com diagnóstico de deficiência. Inicialmente foi realizada uma pesquisa de cunho bibliográfico com o objetivo de verificar as produções locais e nacionais a respeito dessa temática, como essa relação surge na literatura da área e contempla as questões práticas do contexto escolar a aprendizagem de todos e a influencia nas discussões a respeito do currículo em uma escola inclusiva e de qualidade. As leituras das produções aconteceram em diálogo com as produções do Ministério de Educação e o conceito de pluralidade, alteridade da Hannah Arendt. É perceptível a necessidade de sair do discurso inicial sobre a inclusão e ir para a discussão prática da relação regular e especial na perspectiva do atendimento educacional especializado. É possível observar que o entendimento a respeito da inclusão no espaço escolar existe, mas a dificuldade ainda presente é de como realizar na prática pedagógica as condições para que alunos com e sem deficiência vivenciem suas aprendizagens juntos nesse espaço, assim como esclarecer as ações e interações entre o Especial e o Regular, e como os dois juntos podem pensar em um currículo comum para todos. O trabalho em colaboração de todos os envolvidos no processo educativo garante que a construção de uma política nacional de educação para todos não se torne uma atitude individual, mas uma conduta normal nos nossos espaços escolares plurais. Palavras chaves: educação especial; ensino regular; inclusão. 2 A inclusão significa uma transformação da escola em um espaço de trocas para respostas criativas surgirem no ato de ensinar e aprender mais significativo e de qualidade para todos em suas diferenças. É possível observar que o entendimento a respeito da inclusão no espaço escolar existe, mas a dificuldade ainda presente é de como realizar na prática pedagógica as condições para que alunos com e sem deficiência vivenciem suas aprendizagens no espaço da sala de aula (FIGUEIREDO, 2010), assim como esclarecer as ações e interações entre a Educação Especial e o Ensino Regular. Uma observação que precisa ser investigada pela urgência de mudanças no ensino que contemplem a pluralidade humana como possibilidade. Hipóteses são criadas a partir disso, será uma questão de formação, de sensibilidade, desconhecimento? Há muito tempo se coloca que a escola reproduz a sociedade e a partir dessa suposição a dificuldade de trabalhar com as diferenças nesse espaço seria reflexo de uma sociedade que não reconhece as diferenças como possibilidade de ser e estar no mundo. Mundo esse que chegamos como estranhos e assim permanecemos sempre na busca de nos sentirmos a vontade nele próprio. Não pretendemos aqui usar o discurso de culpalização, mas de abrir uma possibilidade de trajetória de fazer a diferença, de contribuir para a discussão e a efetivação de uma escola para todos e de qualidade, por meio da parceria da Educação Especial e Ensino Regular, por isso inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico das produções existentes que tinham como problemática a relação do Ensino Regular com a Educação Especial, é perceptível que essa questão se caracteriza como um grande desafio para a construção de uma escola inclusiva. Essa pesquisa surgiu com o objetivo de enfatizar a importância ou não do diálogo, da compreensão e do entendimento entre os profissionais como definidor da qualidade da inclusão de alunos com deficiência, na construção de um espaço pedagógico como um lugar de acolhimento das diferenças culturais, com um currículo único, feito por todos e para todos. A partir da definição do objetivo, foi realizada uma revisão de literatura utilizando as seguintes palavras-chave: educação inclusiva; ensino regular e educação especial; educação especial; inclusão de alunos com deficiência. Essas palavras variavam conforme a necessidade e dificuldade de encontrá-las, conforme a ferramenta usada. Nesse momento dei prioridade a estudos que apresentassem pelo menos duas palavras-chave, que representam o tema da pesquisa. Foi considerado nessa revisão o 3 período de 2003-2011, com intuito de dar atenção às produções mais recentes sobre o assunto. Foram pesquisadas as bibliotecas das Universidades Públicas Locais (UDESC e UFSC); a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do Instituto Brasileiro de Informações em Ciência Tecnológica (IBICIT) e Banco de teses e dissertações do Portal dos periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior – CAPES; os periódicos Revista Brasileira de Educação Especial (Scielo) e a Revista Inclusão, publicação do MEC. Em uma primeira análise a respeito das pesquisas desenvolvidas na área da Educação Especial e na Educação Inclusiva, até o momento deu-se muita importância a questões de formação para professores (desde a inicial e com muito mais ênfase a continuada), por se acreditar que pela formação se dará conta das questões que envolvem o processo ensino e aprendizagem de todos na escola. Outros aspectos são das questões de acessibilidade, de deficiências específicas e de estudos de casos que podem apontar caminhos para afinarmos nossa práxis pedagógica. A respeito da análise, da problematização, da reflexão da relação Ensino Regular e Educação Especial diretamente pouco se tem produzido. Algumas pesquisas questionam a respeito do impacto do atendimento educacional especializado na construção de escolas inclusivas, outras do impacto do trabalho do professor da sala de aula regular, e algumas apontam o trabalho colaborativo entre os professores um desafio e o caminho possível para a inclusão acontecer com qualidade, essa última citada por David Rodrigues (2008) no seu artigo “Desenvolver a Educação Inclusiva: dimensões do desenvolvimento profissional” publicado na Revista Inclusão. É possível observar que a maioria aponta a garantia do gerenciamento da proposta de inclusão pelo Ensino Regular e sua comunidade, ou seja, a Educação Especial entraria com a complementação que seria o denominado Atendimento Educacional Especializado. Hoje por toda legalidade não é aceitável espaços diferenciados para alunos diferentes. É necessário pensar uma educação para todos, imperativo apresentado no artigo 205 da Constituição de 1988. Em alguns momentos perguntaram quem são esses todos? Todos os cidadãos brasileiros independente de suas diferenças perante a lei se constituem em iguais. Depois de 1988 o Brasil assinou a Declaração de Jomtien, Declaração Mundial sobre a Educação para Todos, de 1990, que aponta um plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. A Declaração de Jomtien no inicio de seu preâmbulo cita a Declaração dos Direitos Humanos “toda pessoa tem 4 direito a educação”. Em seu terceiro artigo “Universalizar o acesso à Educação e promover a Equidade” coloca: “A educação básica deve ser proporcionada a todas as crianças, jovens e adultos. Para tanto, é necessário universalizá-la e melhorar sua qualidade, bem como tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades.” Em 1994 o Brasil assinou a Declaração de Salamanca que define princípios, política e práticas na as áreas das necessidades educativas especiais, reafirmamos o nosso compromisso para com a Educação para todos. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira nº 9394/96 e demais legislações há a garantia de acesso e permanência de todos na escola. Falar de uma educação para todos bastaria para entendermos que esse todos é todos mesmo e de repente não seriam necessário falarmos de uma Educação Inclusiva, mas de uma educação para todos em um país com sua democracia garantida. Lembrando que isso não é ignorar a necessidade específica de alunos com deficiência e da necessidade de disponibilizar os recursos físicos, materiais, pessoais para o seu aprendizado com qualidade. Em um dado momento da história isso foi necessário, mas ainda o é? Por quê? O que fazer para mudar? A Educação para todos parece não depender apenas de legislações, ela é muito mais que isso, é um processo de aprendizagem da condição humana, da pluralidade e um exercício de alteridade, entendida aqui como a capacidade de se colocar no lugar do outro. Não é o ser estudante que precisa adaptar-se a escola, a escola precisa estar preparada para receber a pluralidade de seres humanos existentes, suas diferenças e potencialidades. Como surge esse estar preparada? O ser professor tem um papel importante nesse preparo da escola, pois desde o primeiro momento está em relação diária e direta com todos os seus alunos, compartilhando experiências. Suas ações irão determinar a qualidade da relação surgida desse encontro de ensino e aprendizagem, definem as perspectiva de aprendizado de todos que estão presentes em sala de aula, como também poderá influenciar o modo que os alunos lidam com suas diferenças e como interagem, principalmente, com os alunos com diferenças mais acentuadas e construídas socialmente como o caso dos alunos que recebem diagnóstico de alguma deficiência. Porém, como foi colocado no início, a inclusão exige que a escola seja um espaço de troca, por isso o diálogo entre Educação Especial e Ensino Regular deve ser uma parceria mais que especial. 5 A Escola Regular, assim se faz responsável pela educação de todas as pessoas com e sem deficiência, para suprir necessidades específicas e eliminar possíveis barreiras no processo ensino-aprendizagem depois de toda uma trajetória de leis e documentos surge a oferta de serviços especializados como o Atendimento Educacional Especializado proposto pelo Ministério da Educação – MEC e seguida pela Rede Municipal de Ensino de Florianópolis. O Atendimento Educacional Especializado – AEE, um serviço da Educação Especial “identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas” (SEESP/ MEC, 2008) dos alunos com deficiência, com altas habilidades e transtornos do espectro autista. Com o objetivo de complementar e/ou suplementar a formação do aluno em sua autonomia na escola e na sociedade em geral. É válido pontuar que o AEE acontece no horário oposto ao período escolar do aluno, onde se aprende o que é diferente do currículo do ensino comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras e acessarem o conhecimento. Esse serviço está organizado na Prefeitura Municipal de Florianópolis em uma estrutura de vinte Salas Multimeios Pólos, cada uma com dois professores de Educação Especial responsáveis por uma região de Florianópolis e coordenados pela Gerência de Educação Inclusiva. Caracterizamos o AEE, mas seguimos sempre na perspectiva que “a organização do Atendimento Educacional Especializado – AEE não pode ser um mero apêndice na vida escolar ou da competência do professor que nele atua” (ROPOLI, 2001,10). Também lembramos a LDB 9394/96 que coloca a Educação Especial como uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis de ensino da Educação Básica e Superior. Por que enfatizar isso? Porque ainda existe certa fragmentação entre Educação Especial e Ensino Regular, o que é amenizado com a garantia desse atendimento no espaço da escola onde as necessidades específicas de casa aluno podem ser atendidas e discutidas com todos que atuam no ensino regular. O professor da Educação Especial elaborará o plano de AEE na definição do tipo de atendimento para o aluno, os materiais que deverão ser produzidos, a frequência do aluno ao atendimento, entre outros elementos constituintes desse plano. Outros dados poderão ser coletados pelo professor em articulação com o professor da sala de aula e demais colegas da escola. O professor do Ensino Regular trará contribuições para a criação do plano do AEE, pois está dia a dia com o seu aluno no contexto de sala de 6 aula, constituindo-se na pessoa que mais deve saber das necessidades de seus alunos e dos objetivos a serem atingidos com sua turma. A parceria entre o Ensino Regular é essencial e determinante na qualidade da escolarização dos seus estudantes público alvo da Educação Especial, que não apenas acontece quando o professor de Educação Especial acompanha o uso do recurso proposto no AEE na sala de aula, mas é realizado desde o momento que a escola tem a informação da chegada de um aluno com deficiência. O momento do professor de Educação Especial em sala de aula, por sua vez, não é apenas para observar o uso dos recursos propostos para o aluno, isso poderá ser feito também pelo professor de sala de aula, porém é um momento de conhecer o contexto de aprendizagem e as relações estabelecidas nesse espaço. Sempre com momentos de conversa dos professores a respeito do que foi observado, de trocas de percepções que podem se diferenciar na busca da autocriação constante do ato de ensinar e aprender. Através de nossas experiências na Rede Municipal de Ensino de Florianópolis e dos escritos existentes na área, para a parceria entre Ensino Regular e Educação Especial é necessário: - Desmistificar que esse aluno é apenas da Educação Especial e reafirmar sempre que todos os alunos, sem exceção, são da escola e todos respondem por todos. - Desmistificar preconceitos, conhecimentos surgidos de senso comum em relação às pessoas com deficiência para acabar com os medos e inseguranças que podem surgir. Com a clareza, que toda a prática é simbolicamente marcada. - Fazer um trabalho de aceitação desses medos e preconceitos para podermos vencê-los; - O professor de Educação Especial primeiramente precisa perceber e ter a sensibilidade de aceitar as dificuldades e medos do professor do Ensino Regular para que se possa abrir um diálogo primeiro passo para romper a barreira entre esses profissionais; - O professor de Ensino Regular deve estar aberto a novos desafios, descobertas e desmistificar a necessidade de uma formação diferenciada para trabalhar com todos os alunos em suas diferenças. O que pode ser feito: - Organizar os tempos e espaços para poderem conversar a respeito do planejamento do AEE e verificar possibilidade de adaptação ou de rever atividades e propostas; 7 - Projetos Pedagógicos em parceria do professor do Ensino Regular com o professor da Educação Especial, com o objetivo de demonstrar estratégias que podem ser utilizados com todos. - Estudos de textos do ensino de educação especial nos momentos de paradas pedagógicas; - Testagem dos recursos propostos no AEE no espaço de sala de aula; - O desenvolvimento em parceria de recursos e materiais didáticos para o atendimento do aluno em sala de aula; - Construção do Projeto Político Pedagógico em que a Educação Especial não seja apenas um tópico à parte da programação escolar (ROPOLI, 2010). - O professor de Educação Especial deve estar na sala para atender as necessidades do professor do Ensino Regular na educação de todos que tenham barreiras para aprender, para planejar em conjunto as possibilidades de modificações que precisam ser introduzidas e para acompanhar a utilização dos recursos e os progressos do aluno que o utiliza. Quando se coloca o que pode ser feito significa recriar o modelo educacional existente e o transformá-lo em algo novo. A escola inclusiva é a que propicia a todos os alunos a apropriação do conhecimento escolar. Para garantir que todos aprendam é preciso pensar na relação aprendizagem e currículo que perpassa as discussões a respeito da relação entre o Ensino Regular e a Educação Especial, e pode trazer contribuições importantes para garantir novas práticas que tenham como base o trabalho colaborativo, de gestores, professores de sala comum e professores da Educação Especial. O currículo deve representar todas essas pessoas, por isso a importância de um diálogo verdadeiro e franco sobre nossas ideias e ideais sobre educação, um encontro entre pares que se respeitam mutuamente para construir um currículo que seja um instrumento de apoio para a inclusão colocada pela legislação, pela política nacional e que precisa ser vivenciada plenamente no espaço escolar. Como pensar um currículo diferenciado e comum a todos? O currículo é uma construção social, histórica e cultural que surge nas e das ações pedagógicas, para isso é necessário conhecermos profundamente nossa realidade, refletir sobre o nosso papel, nossos conceitos de ser humano e de mundo, e o que é essencial ensinar e aprender. Ele não está apenas envolvido em um simples processo de transmissão de conhecimentos e conteúdos (GOMES, 2008), mas precisa representar uma resposta democrática que evidencie a pluralidade humana como condição básica da 8 ação e do discurso com o seu duplo aspecto de igualdade e da diferença (ARENDT, 1993). Hoje o que podemos observar é a oferta de currículos diferenciados na mesma sala de aula. Essa é a resposta mais fácil e não comprometida com a constituição de uma escola inclusiva, pois não questiona o que existe e cria currículos paralelos, reforçando a idéia de diferença igual desvantagem e incompetência localizada ainda no sujeito. Um currículo inclusivo é aquele que garante a todos os alunos acesso a ações pedagógicas comum com níveis diversificados e que propicie o desenvolvimento pleno de todos. Um exemplo disso é o oferecimento de mais de um tipo de atividade em sala de aula, onde os alunos possam escolher o que mais se ajusta ao seu estilo de aprendizagem, pois sabemos que cada um de nossos alunos aprende de forma diferenciada. Acredita-se que boas práticas pedagógicas sejam apropriadas a todos os alunos, sabe-se que em alguns momentos e contextos, os alunos com diagnóstico de deficiência precisaram de flexibilizações mais significativas e de atendimentos mais específicos, porém um currículo que tenha como princípio a diferença deverá considerar todas essas situações e vivências (ALMEIDA, 2011). Faz-se necessário a superação do discurso de que os alunos com diagnóstico de deficiência são apenas dos profissionais da Educação Especial e da necessidade de um conhecimento sobrenatural para desenvolver um trabalho para todos. Ambos os profissionais precisam sair da sua zona de conforto para juntos poderem se autocriarem e recriarem saberes e fazeres pedagógicos. Inicialmente pode se começar o movimento com um projeto em uma proposta de transformar a sala de aula num laboratório de experimentos para práticas inclusivas, em um diálogo contínuo da Educação Especial com o Ensino Regular, com trocas de saberes e experiências vividas, com história de sucesso e de erros cometidos e refletidos, para que essas práticas possam um dia não mais precisar ser denominadas de inclusivas, mas que elas sejam práticas de uma escola que respeite a pluralidade, a condição de ser humano, e comemore todos os dias as diferenças, constituindo-se em um espaço de acolhimento da alteridade. Considerações Finais O desafio de escolarizar todas as crianças no Ensino Regular não é tarefa apenas da Educação Especial ou do Ensino Regular, é de ambas. É preciso ter claro que apenas o Ensino Regular ou apenas o Atendimento Educacional Especializado não garantem as aprendizagens dos alunos. A colaboração entre comum e especial é imprescindível para 9 o desenvolvimento de um trabalho com qualidade na educação de e para todos. Um dos aspectos que pode ser repensado é um modelo de formação continuada para todos os profissionais da educação com o objetivo de desenvolverem um saber e um saber fazer (FIGUEIREDO, 2010) que valorize a participação de todos nas ações tomadas na comunidade escolar, com espaços onde possam expressar seus medos, preconceitos sem culpa para poderem começar a desconstruí-los. Romper a barreira de comunicação existente entre comum e especial é essencial para que possamos nos entender e compreender que fazemos parte de um todo maior, um contexto escolar que deve priorizar o sucesso de todos os nossos alunos. Essa parceria é definida mais que especial, porque é um grande passo para a constituição de uma escola para todos e uma semente para mudanças maiores dentro da gestão escolar em uma configuração mais democrático e participativa para alunos, professores e demais profissionais. Isso significa compartilhar projetos, decisões e desenvolvimento de todos, o respeito do olhar do outro que completa o nosso olhar. Queremos que nossos alunos acolham suas diferenças, para isso precisamos acolher as nossas próprias diferenças, no exercício de cultivar um “coração compreensivo”, como coloca Hannah Arendt no seu texto “Compreensão e Política”, sabendo que talvez seja a nossa única chance de estar em harmonia com os outros e com nós mesmos no mundo. Porém, é preciso ter claro que quando falamos de coração, “salta aos olhos” a questão do sentimentalismo e esse “coração compreensivo” não é só sentimento. É também razão, que nos permite conseguir conviver com os outros e dessa forma com nós mesmos. Faz parte desse coração a imaginação. Imaginação que nos traz o interesse pelo mais real, que nos faz suportar o real sem fantasiá-lo. É com a imaginação que conseguimos manter a distância do que está próximo para ver e compreender sem nos deixar influenciar pelas primeiras ideias que surgem e preconceitos existentes. O “coração compreensivo” nos harmoniza com a ideia de sermos estranhos nessa Terra que é nossa casa na procura de um diálogo constante com o que se tem de essencial na construção de projetos coletivos para uma escola inclusiva. Referências ALMEIDA, Mariangela Lima de. Currículo e inclusão. In: Educação do Campo: Especialização Lato Sensu. Disponível em http://www.ce.ufes.br/educacaodocampo/ down/cdrom3/pdf/u3_texto1.pdf. 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