EDUCAÇÃO ESPECIAL ARTICULADA À EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NO IF FARROUPILHA-CÂMPUS SÃO BORJA Cláucia Honnef; Critiane da Silva Stamberg; Rafael Baldiati Parizi Instituto Federal Farroupilha- Câmpus São Borja Resumo O presente trabalho relata o processo de inclusão escolar de um aluno com necessidades educacionais especiais (NEE) no curso de Informática Integrado ao Ensino Médio, no Instituto Federal Farroupilha – Câmpus São Borja. A forma de trabalho utilizada com esse aluno está sendo o trabalho docente articulado entre professores da classe comum e a professora de educação especial, dessa forma, a Educação Especial articulada à Educação Profissional e Tecnológica. Este relato traz inicialmente uma revisão bibliográfica sobre o trabalho docente articulado, posteriormente apresenta a situação do aluno, aqui nominado de A1, e as experiências que vêm trazendo resultados positivos ao desenvolvimento do estudante nas disciplinas de Matemática e Sistemas Operacionais e Aplicativos I. Palavras- chave: Educação Especial; Educação Profissional e Tecnológica; Trabalho Docente Articulado. Introdução Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, os alunos atendidos pela educação especial basicamente em escolas e classes especiais, passam a ter sua educação oferecida preferencialmente em escolas e classes comuns e a ocuparem esses espaços. Diante disso, o trabalho pedagógico dos profissionais da educação sofre alterações, sendo que a educação dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) não é mais responsabilidade somente da educação especial, das escolas e classes especiais, mas é encargo da educação, das escolas e classes regulares, bem como também dos professores do ensino comum. Encontrar estratégias de ensino a alunos com NEE não é uma tarefa simples, pois exige dos professores tanto de educação especial quanto de classe comum, a observação e consideração de características individuais e coletivas, aspectos ambientais e sociais, que anteriormente a proposição da educação especial na perspectiva da educação inclusiva pouco acontecia. Hoje, mesmo tendo em sua formação inicial alguns aportes sobre o trabalho com alunos com NEE, os professores de classe comum ao receberem esses estudantes em sala de aula, geralmente, se apresentam inseguros, ansiosos e muitas vezes angustiados, e os professores de educação especial provavelmente também apresentam tais sentimentos, pois o trabalho de ambos precisa ser reconfigurado frente à inclusão escolar de alunos com NEE. Com isso, acredita-se que uma parceria, um trabalho conjunto, mútuo entre os professores de classe comum e de educação especial pode ser benéfico a ambos, pois as aflições e incertezas podem ser divididas, a responsabilidade de construir estratégias de ensino aos alunos com NEE e aos demais pode ser compartilhada e, assim, o trabalho pode ser talvez mais prazeroso e eficiente. Estudos recentes no Brasil (BEYER, 2005; CAPELLINI, 2004; ZANATA, 2004; FONTES, 2008; DEVÉNS, 2007) têm apresentado uma alternativa de ensino diante da educação especial na perspectiva da educação inclusiva, ou seja, o trabalho ou ensino colaborativo. Ele é uma estratégia de ensino em que os professores de educação especial e de classe comum trabalham conjuntamente no planejamento da aula, no desenvolvimento desta em sala e na avaliação, principalmente dos alunos com NEE. Desenvolver o ensino colaborativo não é uma tarefa simples, mas é viável de ser desenvolvida nos anos inicias de escolarização, em que se tem a unidocência. Nos anos finais do ensino fundamental, acredita-se que nem sempre seja necessário o professor de educação especial junto ao professor da classe comum em todas as aulas. Aliás, geralmente nesse nível de ensino, são vários os professores e se o professor de educação especial acompanhar todos os docentes ficará sempre em sala de aula. Pensa-se, então, e se está buscando desenvolver no Instituto Federal Farroupilha (IF Farroupilha) – Câmpus São Borja, o que se denominou trabalho docente articulado 1. Nele se propõe o planejamento da aula de forma coletiva, o desenvolvimento da aula em parceria quando o professor da classe comum pensar necessário, e a avaliação do aluno com NEE de forma coletiva. Porém, acredita-se importante que em algum momento do desenvolvimento dos conteúdos aconteça o desenvolvimento da aula com a presença do professor de educação especial, pois assim este tem a possibilidade de perceber aspectos específicos do desenvolvimento dos alunos com NEE, que o professor da classe comum muitas vezes possui dificuldade em verificar. A partir de todos esses aspectos, mencionados a respeito do trabalho docente articulado, pode ser possível a realização da avaliação colaborativa, que auxiliará os professores a terem um respaldo em relação ao desenvolvimento dos alunos e do próprio trabalho articulado, realizado por eles. Desse modo, o trabalho articulado entre professores de educação especial e professores da classe comum pode ser uma alternativa ao processo de educação especial, inclusiva em séries finais do ensino fundamental e ensino médio, em que existem mais professores por turma. Estes docentes, muitas vezes, possuem poucas horas semanais de aula em cada turma, sendo que talvez não necessitem sempre do professor de educação especial os auxiliando em sala de aula, mas sim necessitem mais especificamente do apoio deste no planejamento das aulas. Este artigo buscará relatar a experiência do trabalho docente articulado no IF Farroupilha – Câmpus São Borja, apresentando algumas percepções e resultados até agora obtidos a partir dessa prática. Esse trabalho é desenvolvido entre professores de um aluno da instituição, ingresso em 2012 pela reserva de vagas para alunos com deficiência, conforme a Resolução 039/2011 do IF Farroupilha. O aluno possui NEE decorrentes de deficiência mental, e cursa o Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico em Informática. A seguir, apresentam-se mais detalhes sobre a situação do aluno, sobre o trabalho com este na instituição, bem como se relatam alguns resultados e reflexões referentes ao trabalho docente articulado. 1 Tema central da Dissertação de Mestrado da Professora de Educação Especial autora deste trabalho. A dissertação foi desenvolvida com docentes do IF Farroupilha- Câmpus São Borja. Inclusão Educacional Escolar: um processo em movimento a partir do Trabalho Docente Articulado A inclusão escolar de alunos com NEE é um processo que vem crescendo nos últimos anos. Com isso, nas instituições de ensino muitas adaptações, principalmente atitudinais e metodológicas estão tendo que ser pensadas e efetivadas. Este é o caso que se apresenta no IF Farroupilha – Câmpus São Borja, o qual possui, em 2012, um estudante ingresso pelo sistema de cotas, com diagnóstico médico de deficiência mental. Tal fato mobilizou na instituição a contratação temporária de uma professora de educação especial que auxiliasse no processo de inclusão deste estudante, visto que os docentes da instituição manifestaram tal necessidade. A1 possui,, hoje vinte e dois anos de idade e frequentou duas escolas municipais durante o ensino fundamental. Na primeira delas, ficou até o quarto ano e, com doze anos de idade, diagnosticada a deficiência, foi transferido para a segunda escola comum, onde terminou o ensino fundamental mediante terminalidade especifica. Nessa segunda instituição municipal de ensino, o aluno possuía atendimento educacional especializado (AEE). Os docentes do IF Farroupilha – Câmpus São Borja, apesar de já terem participado de encontros de formação destinados à educação inclusiva de pessoas com NEE, promovido pelo Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Especiais – NAPNE da instituição, não se sentiram suficientemente preparados para proporcionar, ao aluno, meios de aprendizagem que o conduzissem a uma formação no ensino médio e tecnológico. Os docentes manifestaram que o estudante apresenta um desenvolvimento bastante inicial de aspectos básicos como leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático, os quais não lhe possibilitam a aprendizagem de muitos dos conteúdos das disciplinas do ensino médio e técnico, de forma integrada. Diante disso, a professora de educação especial realizou uma avaliação pedagógica com o aluno, tendo o objetivo de, a partir dela, se estabelecer um panorama de trabalho para o processo de efetivação da inclusão educacional escolar. Na avaliação do aluno, utilizou-se a observação em sala de aula, um questionário sobre o desenvolvimento do estudante, respondido pelos professores, e atividades sugeridas pela alfabetizadora e pesquisadora Emilia Ferreiro (1996; 1999; 2000), relacionadas à lectoescrita e pelo epistemólogo Jean Piaget (1975a; 1975b; 1996), relacionadas a aspectos lógico-matemáticos e ao desenvolvimento cognitivo. Tendo por base os subsídios acima citados, pode-se dizer que o aluno está no estágio alfabético do desenvolvimento da escrita, no qual ele já conhece o valor sonoro das letras e procura analisar os fonemas das palavras ao escrevê-las. Porém, a leitura e escrita do aluno não são fluentes. As provas piagetianas 2 auxiliaram na observação do desenvolvimento lógico-matemático e na identificação do estágio de desenvolvimento cognitivo do aluno, que está oscilante entre os estágios chamados Pré-Operatório e Operatório Concreto. Desse modo, o educando apresenta um desenvolvimento cognitivo que precisa apoiar-se em situações e materiais concretos, pautando-se em suas memórias auditiva e visual, que são bastante apuradas. Sendo assim, com o objetivo de que A1 tivesse seu desenvolvimento potencializado, atingisse um melhor desempenho qualitativo possível, e que se garantissem ao estudante os direitos a adaptações curriculares e o atendimento de suas especificidades de desenvolvimento, os membros do NAPNE e os docentes do aluno decidiram que este teria o número de disciplinas reduzidas por ano letivo e, além de apoio em sala de aula, a oferta de suporte contínuo, também extraclasse. A escolha das disciplinas foi baseada na avaliação acima descrita e em discussões realizadas entre os membros do NAPNE e, posteriormente, com os docentes. Nessas discussões, pensou-se nas disciplinas em que o aluno poderia aperfeiçoar aspectos básicos para continuidade de seus estudos no curso, como a leitura, escrita, as habilidades matemáticas e de localização espacial e a motricidade, verificaram-se as disciplinas em que o aluno já obteve resultados positivos e, por fim, consideraram-se também as disciplinas dos docentes que se mostraram dispostos a desenvolver o processo de ensino aprendizagem deste aluno em 2012. Desse modo, A1 não concluirá o Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico em Informática no período pré-estabelecido de três anos. 2 Piaget (1975b) apresenta algumas provas a partir das quais e pode classificar os estágios do desenvolvimento em sonsório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 6 anos), operatório concreto (7 a 11 anos) e operatório formal (a partir de 12 anos). Nos horários das disciplinas que A1 não cursa, ele tem um apoio extraclasse, em que o professor da disciplina, juntamente com a professora de educação especial quando necessário, oferece atividades e estímulos específicos ao aluno para o desenvolvimento de concepções essenciais às disciplinas. Também, o aluno possui horários de intervenção com a professora de educação especial, contratada temporariamente na instituição. Diante da situação acima apresentada, a forma de trabalho sugerida pela professora de educação especial aos professores do aluno A1 foi do trabalho docente articulado 3, em que se propôs haver semanalmente momentos de planejamento entre o docente da classe comum e de educação especial, para pensar os objetivos a serem atingidos por A1 em cada disciplina, adaptações necessárias ao aluno para as atividades em sala de aula e fora dela, e outros aspectos que venham a inferir no processo de aprendizagem do estudante. O trabalho articulado envolve também o diálogo entre os docentes no momento da avaliação, e, quando os docentes pensarem necessário, o desenvolvimento da aula com a presença da professora de educação especial em sala de aula. Sendo assim, serão aqui relatadas as experiências, percepções e resultados referentes ao trabalho docente articulado entre a professora de educação especial do IF Farroupilha, a professora de Matemática de A1 e o professor de uma disciplina técnica, Sistemas Operacionais e Aplicativos I do estudante. Como A1 ainda não possui domínio da leitura, escrita e aspectos básicos da matemática, adaptou-se para ele de forma significativa os objetivos, os conteúdos, as metodologias de ensino (BRAIL, 1998). Referente a estas adaptações, utilizou-se, como base para pensá-las, as potencialidades do estudante, ou seja, sua memória visual e auditiva, que são bastante aguçadas e as quais sugerem ao aluno atividades com associação de conceitos e figuras, uso de material concreto, material dourado e jogos. Como A1 tinha poucos conhecimentos e habilidades na leitura e escrita, durante as atividades matemáticas buscou-se desenvolver esses aspectos, além da associação do número à quantidade, através de bastante estímulo visual, que facilitava a A1 o entendimento das situações apresentadas. 3 Entende-se que o trabalho docente articulado seja uma adaptação do ensino colaborativo aos anos finais do ensino fundamental e ao ensino médio, sendo a principal diferença o fato de não necessariamente os dois professores precisarem estar juntos em sala de aula, no desenvolvimento desta, porém, o planejamento, a avaliação, os estágios (MENDES, 2006) e formas do ensino colaborativo (CAPELLINI, 2004) em sala de aula; quando isso acontecesse, se aplicariam também ao trabalho articulado. Dessa forma, para resolver problemas matemáticos é preciso conhecer aos poucos os conceitos através de materiais concretos, para posteriormente fazer o uso de cálculos abstratos, propiciando primeiramente as relações quantitativas entre os objetos. Nesse sentido, para realizar um fato matemático é preciso analisar e descobrir relações, priorizando em todo momento disseminar técnicas que desenvolvam a atenção e aprendizagem, sendo estes os aspectos que se procurou desenvolver em A1 para mobilizar sua aprendizagem. Vale frisar que, no início do trabalho, A1 possuía pouco entendimento em relação a numerais e quantidades, iniciando o trabalho com os numerais de zero a dez. Com um trabalho constante, hoje, o aluno já representa os numerais até 100, inclusive realiza cálculos de adição, parte fracionária, sequências numéricas e percepção de sucessor e antecessor de numerais. Muitas vezes, na disciplina de Matemática, em sala de aula, foram apresentadas ao aluno atividades com objetivos distintos dos colegas, mas em alguns momentos as atividades propostas aos demais colegas e a A1 possuíram e possuem um mesmo objeto, por exemplo, trabalharam-se atividades de grandezas diretamente e inversamente proporcionais com problemas matemáticos, porcentagem e conjuntos, sendo que para A1 os números foram em valor menor, a orientação e o objetivo da atividade era ele associar inicialmente o número a quantidade. Para estas e para outras atividades, o aluno geralmente necessita de atenção e auxílio específicos, sendo que é preciso que a professora de Matemática na sala de aula auxilie o aluno em sua classe. A explicação do conceito, por parte da professora, acontece em uma linguagem mais acessível ao entendimento de A1, buscando explicar e verificar se ele consegue fazer as relações ou associações, inicialmente em nível de senso comum para posteriormente adentrar aspectos mais formais de conceituação, como relativas a número e quantidade, maior e menor, antecessor e sucessor, entre outros. Depois de muitas explicações e repetições, geralmente, A1 consegue fazer a relações. Na disciplina de Sistemas Operacionais e Aplicativos I, para o aluno conseguir entender e realizar alguns procedimentos no programa BrOffice Calc os professores de educação especial e de classe comum trocaram informações, experiências que já haviam desenvolvido com A1 e elaboraram um material de apoio, com figuras do “passo a passo” do uso do programa para somas. A partir desse material, o aluno conseguiu realizar as operações de adição, que anteriormente fazia no caderno, de forma manual, utilizando-se desse material e do programa BrOffice Calc. O material adaptado a A1 foi desenvolvido no intuito de elucidar o procedimento para a realização de operações matemáticas com o auxílio do computador, colaborando com o aprendizado na área da matemática, bem como de recursos computacionais, sempre focando em possíveis aplicações deste aprendizado, como, por exemplo: A1 utilizar o Calc para registrar itens de sua alimentação diária, com possibilidade de obter o total consumido ao final de semanas, meses, entre outros. A apresentação do material adaptado a A1 ocorreu em duas aulas da disciplina de Sistemas Operacionais e Aplicativos I e depois o aluno conseguiu realizar o proposto sem o uso do material. Durante a primeira semana, através dos passos do material adaptado e das explicações dadas pelo professor, A1 deveria construir os cálculos para obter os resultados dos demais itens da planilha. O aluno apresentou algumas dificuldades em um primeiro momento, tal como trocar um número por outro, trocar os sinais de igual e adição ou confundir uma célula com outra, sendo que após algumas explicações do professor, obteve sucesso, conseguindo calcular o que lhe era solicitado. Em uma segunda oportunidade, na segunda semana, a atividade do aluno consistia em fazer a mesma atividade de soma no Calc, ou seja, foi-lhe entregue a planilha impressa, com os itens e sua quantidade, e A1 deveria novamente escrever na planilha estes itens, a quantidade deles e calcular seu total. Contudo, os valores da planilha foram aumentados e, além disso, o aluno apenas recebeu orientações do professor, sem ter o material adaptado da Figura 4 disponível. Isso foi realizado para verificar se A1 havia adquirido entendimento, compreendido os passos para a realização dos cálculos e se conseguiria realizar estes sem o apoio de algum material visual. O resultado da aplicação da tarefa na segunda semana foi positivo, visto que A1, apesar de não ter em mãos o “passo a passo”, o material de apoio, conseguiu calcular os valores de forma correta no Calc, mostrando que houve aprendizagem em relação à ferramenta Calc e à forma de utilizá-la, por mais simples que tenha sido esta utilização. O ensino de ferramentas computacionais a A1 é alicerçada em diversas discussões relacionadas à combinação das esferas: tecnologia e educação, que demonstram que o uso das tecnologias no ensino, tanto de alunos com NEE como dos demais, tem permitido avanços no campo do conhecimento. Assim, cabe ao docente, assumir uma postura esclarecedora e crítica do papel da informática e dos mass media (meios de comunicação de massa, como televisão, rádio, etc.) no processo de aprendizagem, analisando sua função social. (PEREIRA & MARTINS, 2002) É importante frisar que, além do planejamento de forma coletiva entre os docentes, a atuação de cada um também deve ser articulada, não, necessariamente, juntos em sala de aula, mas é imprescindível que ambos os profissionais trabalhem em seus espaços específicos, sala de aula e sala de recursos, com um mesmo objetivo para o aluno. Caso contrário, o tempo para atingir resultados satisfatórios é maior, se esses resultados forem alcançados. Diante disso, em sala de recursos a professora de educação especial busca desenvolver principalmente aspectos necessários à leitura, escrita e matemática básica, procurando utilizar para tal, elementos que se sabe que o aluno está tendo em sala de aula. Considerações Finais Tendo por base o até aqui exposto, acredita-se que o trabalho da Educação Especial articulada à Educação Profissional e Tecnológica trouxe até o momento alguns resultados bastante satisfatórios no que tange o desenvolvimento do aluno com necessidades educacionais especiais A1. Entretanto, para realização deste trabalho os professores necessitam de um maior tempo, principalmente para o planejamento das aulas, e hoje, com a atual conjuntura do trabalho dos professores, da organização das escolas, sabe-se que o período dedicado a isso é escasso. Dessa forma, a falta de um período destinado ao desenvolvimento práticas em parceria muitas vezes inviabiliza o trabalho docente articulado, principalmente em escolas públicas de educação básica. Na educação profissional e tecnológica, como no IF Farroupilha – Câmpus São Borja, em tese, os docentes têm um maior tempo para desenvolverem, prepararem sua prática pedagógica, mas esse tempo é, frequentemente, tomado por atividades de distintas funções que os docentes assumem, como de coordenação, projetos, comissões e outras, além das aulas que ministram. Além do tempo, é preciso também que os docentes busquem e adotem a atitude de desenvolver uma parceria de trabalho, consequentemente um processo de formação. O aluno com NEE passa pelo olhar do professor da classe comum e pelo olhar do professor de educação, sendo que o compartilhamento dos olhares e práticas de ambos pode colaborar bastante para o processo de inclusão de alunos com NEE. Por fim, sabe-se que o trabalho docente articulado terá vários obstáculos a superar para que possa vir a acontecer, como a própria conjuntura social na qual a educação está inserida e organizada, mas diante dos resultados alcançados com A1 até o momento a partir de um trabalho conjunto entre educação especial e educação profissional e tecnológica, acredita-se no potencial que ele possa ter para mobilizar a aprendizagem, principalmente dos alunos com NEE, frente à proposta de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Referências BEYER, H. O. Inclusão e Avaliação na Escola de alunos com necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC/SEESP, Brasília, 2008. ____. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 1996. CAPELLINI, V. 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