Custos com a Saúde nas Próximas Décadas: Desafio no Brasil e no Mundo Autoria Antônio Jorge Marques de Souza Doutorando em Programa de Saúde FMUFJF–Brasil; Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais e Gestor do SUS – Brasil- [email protected] Marta de Sousa Lima Especialista em Gestão de Saúde pública UFSJ – Brasil; Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais – Brasil [email protected] Telma Braga Orsini Especialista em Economia da Saúde / FJP-EGMG – Brasil; Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais – Brasil. [email protected] Márcio Augusto Gonçalves. Ph.D. em Administração - Aston University UK; Professor Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil; [email protected] Carlos Alberto Gonçalves Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo – Brasil; Prof. Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade FUMEC – Brasil. [email protected] Área temática: Custos em Perspectiva Setorial: Saúde Metodologia: m8 – other Custos Com a Saúde nas Próximas Décadas: Desafio no Brasil e no Mundo Resumo Esse trabalho apresenta indicadores de cenários que descrevem a situação dos investimentos financeiros e custos em saúde no Brasil e em alguns centros de referencia no mundo. De acordo com o IPC-3i (Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade) os custos tiveram em 2009 uma alta de 4,09%. A taxa apurada para a população em geral em 2009 foi de 6,35%, enquanto que em 2008 em torno de 4%, apresentando um aumento de 2,4%. A metodologia adotada foi análise de dados secundários divulgados pelas empresas do setor de saúde, economia, demografia. Foram utilizadas as fontes confiáveis como: Fundação Getúlio Vargas (FGV); Instituto Brasileiro de Pesquisas (IBGE); Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Organização Mundial de Saúde (OMS) além de órgãos oficiais de saúde dos países estudados. Foram consultados artigos especializados e depoimentos de profissionais na área de custos do setor saúde. As análises mostram projeções de que os custos com a saúde caminham para ficar fora de controle (“apagão na saúde”). Dados demográficos projetam aumento de população idosa no Brasil, que acarretará aumento de custos com saúde no médio e longo prazo, gerando efeitos previdenciários, seguros e atuariais. O cenário mostra que os brasileiros terão que enfrentar graves conflitos inerentes à escassez de recursos em saúde, 2 reverem valores existentes e leis outrora redigidas numa época em que jamais se imaginaria que a saúde seria vista como fator de mercado, empresas e ramo de negócio. Em virtude do aumento considerável dos custos com a saúde, tanto públicos como privados, chega-se a conclusão de que obter controle sobre os mesmos passou a representar um desafio tanto nacional como internacional. Palavras-chave: Custos com Saúde. Longevidade da População. Sistemas de Saúde Público e Privado. Escassez de Recursos. Abstract This work presents indicators of scenarios that describe the situation of financial investments and costs in health in Brazil and other reference countries in the world. According to IPC-3i (Consumer Price Index of the Third Age), in 2009 the costs had a high of 4.09%. The rate calculated for the general population in 2009 was 6.35%, while in 2008 about 4%, an increase of 2.4%. The methodology used was analysis of secondary data disclosed by companies in the healthcare industry, economy, demographics. Were used as reliable sources: Fundação Getúlio Vargas (FGV), Brazilian Institute of Research (IBGE); National Health Agency (ANS), Organization for Economic Cooperation and Development (OECD), the World Health Organization (WHO) as well health officials of the countries studied. They were referred to specialized papers and testimonials from experts in the health sector costs. The analysis show that the projections of health care costs way to get out of control ("blackout in health"). Demographic data projected increase in the elderly population in Brazil, which will lead to increased health care costs in the medium and long term, generating pension effects, insurance and actuarial. The scenario shows that Brazilians will face serious conflicts inherent scarcity of health resources, revise existing values and laws drafted once a time when if ever imagine that health would be seen as a factor in the market, companies and business field. Due to the considerable increase in health care costs, both public and private, one arrives at the conclusion that gain control over them became a challenge both nationally and internationally. Keywords: Costs of Population Health Longevity. Health Systems Public and Private. Scarce Resources. 1. INTRODUÇÃO “Tenta te orientar pelo calendário das flores, esquece, por um momento os números, a semana, o dia do teu nascimento. Se conseguires ser leve, aproveita, enche tuas malas de sonho e toma carona no vento.” (Fernando Campanella, poeta de Minas Gerais - Brasil). As mudanças sociais e econômicas das últimas décadas e suas consequentes alterações nos estilos de vida das sociedades contemporâneas - mudanças dos hábitos alimentares, aumento do sedentarismo e do estresse e, a maior expectativa de vida da população colaborara para o aumento da incidência das doenças crônicas, que hoje constituem um sério problema de saúde pública. Doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias são as maiores responsáveis pela mortalidade no mundo. No Brasil, nas últimas décadas, as doenças crônicas não-transmissíveis tornaram-se as principais causas de óbito e incapacidade 3 prematura. Foco criativo deve ser conduzido ao cuidado dos idosos, que são os que mais sofrem os efeitos de sua própria fragilidade e os que mais demandam serviços de saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS para amenizar as situações de inadimplência publicou uma resolução que incentiva a participação de beneficiários de planos de saúde em programas de envelhecimento ativo, com a possibilidade de descontos nas mensalidades. Assim, idosos passam a receber benefícios pecuniários para aderir a programas de saúde preventiva e detecção precoce de doenças. A principal causa de mortalidade e morbidade no Brasil são as doenças crônicas, que normalmente têm desenvolvimento lento, duram períodos extensos e apresentam efeitos de longo prazo, difíceis de prever. À semelhança dos demais países ricos, as pesquisas sugerem que as condições complexas, como diabetes e depressão, irão impor uma carga ainda maior no futuro. Alguns anos atrás, as doenças crônicas eram consideradas um problema de países ricos e de população idosa. Hoje sabemos que dentro de países de alta renda, os pobres, assim como os jovens e as pessoas de meia-idade, são afetados por condições crônicas. As implicações econômicas dessas doenças também são graves: elas têm impacto negativo nos salários, lucros, participação da força de trabalho e produtividade, bem como aumentam a aposentadoria precoce, causando alta rotatividade do emprego e incapacidade. Como a despesa com cuidados com as doenças crônicas sobe em todo o mundo, elas ocupam proporções cada vez maiores nos orçamentos públicos e privados. Muitas condições crônicas estão ligadas a uma sociedade em envelhecimento, mas também às escolhas de estilo de vida, como o tabagismo, consumo de álcool, comportamento sexual, dieta inadequada e inatividade física, além da predisposição genética. O que elas têm em comum é o fato de precisarem de uma resposta complexa e de longo prazo, coordenada por profissionais de saúde de formações diversas, com acesso aos medicamentos e equipamentos necessários, estendendo-se à assistência social. A maioria dos cuidados de saúde hoje, no entanto, ainda está estruturada em torno de episódios agudos. Tendo em vista esse cenário, a gestão de doenças crônicas é cada vez mais considerada uma questão importante por gestores e pesquisadores em todo o mundo, que buscam intervenções e estratégias para combater esses agravos. A Organização Mundial da Saúde – OMS define o gerenciamento de doenças crônicas como a "gestão contínua de condições durante um período de anos ou décadas". A prevenção, a manutenção da saúde, independência e autonomia e o retardamento de doenças e fragilidades em uma população mais velha serão os maiores desafios relacionados à saúde decorrentes do envelhecimento da população. Assim, qualquer política social e de 4 saúde destinada aos idosos deve levar em conta a promoção da saúde e a manutenção da capacidade funcional. Por um lado, os idosos apresentam maior carga de doenças e incapacidades e usam mais os serviços de saúde; por outro, os modelos vigentes de atenção à saúde do idoso se mostram ineficientes e de alto custo, reclamando estruturas criativas e inovadoras. É por este motivo que, do ponto de vista da saúde pública, a capacidade funcional surge como o conceito de saúde mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar uma política contemporânea de atenção à saúde do idoso. Essa política deve, assim, ter como objetivo maior a manutenção da máxima capacidade funcional do indivíduo que envelhece, pelo maior tempo possível. Em menos de quatro décadas, passamos de um cenário de mortalidade próprio de uma população jovem para um quadro de enfermidades complexas e onerosas, típicas da terceira idade, caracterizado por doenças que perduram anos, com exigência de cuidados constantes, medicação contínua e exames periódicos. O aumento da expectativa de vida é um fator positivo, mas precisamos ponderar que a longevidade só será de fato uma conquista se agregarmos qualidade aos anos adicionais de vida. O maior problema da maioria dos modelos assistenciais vigentes talvez seja o foco exclusivo na doença. Mesmo quando oferecem um programa diferenciado, as propostas são voltadas prioritariamente para a redução dos custos de doenças específicas, esquecendo que muitos pacientes possuem múltiplas patologias crônicas. Dados de um estudo americano mostram inclusive o fracasso de tais programas, pois são realizados numa lógica hospitalocêntrica. Deste modo, deve haver o monitoramento constante para se oferecer o cuidado mais adequado com implicação positiva, tanto do ponto de vista clínico como financeiro. A compreensão de que se deve investir no idoso saudável, mesmo aquele com doença crônica e em tratamento - ou seja, a imensa maioria dos idosos da nossa sociedade, e ter ações para todos os demais são uma visão contemporânea que os gestores da área deveriam aplicar. Os acontecimentos de doenças crônicas na população idosa são, sem dúvida, de grande magnitude. Compete-nos conhecer, no entanto, o quanto tais patologias os impedem de exercer suas atividades rotineiras de forma independente e autônoma. É a diminuição da capacidade funcional do idoso que o tornará, de alguma forma, dependente de um nível mais complexo de assistência, ou seja, na concepção do modelo que estamos sugerindo, o fará subir para um degrau hierarquicamente mais intenso de cuidados. 5 Torna-se necessário, em síntese, um modelo de atenção à saúde do idoso que se pretenda eficiente deve aplicar todos os níveis de cuidado, isto é, possuir um fluxo bem desenhado de ações de educação, promoção da saúde, prevenção de doenças evitáveis, postergação de moléstia, cuidado o mais precocemente possível e reabilitação de agravos. Essa linha de cuidados se inicia na captação, no acolhimento e no monitoramento do idoso e somente se encerra nos momentos finais da vida, na unidade de cuidados paliativos. Torna-se necessário sempre frisar que, nessa hierarquização da complexidade das fragilidades e agravos, a ênfase é conferida aos níveis básicos, com vistas a ofertar condições de promover um envelhecimento ativo, como mostra de forma icônica a FIGURA 1. “O envelhecimento da população vira um problema socioeconômico imediato na Europa. No Brasil, dentro de uma década, será preciso remodelar completamente o sistema de previdência”. FIGURA 1 - O Mundo Grisalho Fonte: www.blogtecnisa.com.br/ 2. MÉTODO O procedimento empregado nesse trabalho foi a pesquisa de consulta bibliográfica, que segundo FURASTÉ (2008, p. 33): baseia-se no manuseio de obras literárias, sejam elas impressas ou arquivos digital (capturadas via internet). Deste modo, a pesquisa bibliográfica revolve em torno de um referencial já publicado, sejam esses livros e artigos científicos. Segundo, LAKATOS E MARCONI (2001, p. 183), este tipo de pesquisa propicia a análise de 6 um tema ou questão, mas que agora adotara novo ponto de vista ou abordagem, atingindo a novas conclusões. Este artigo é fundamentado na seguinte estrutura: uma introdução e justificativa a respeito do tema pesquisado devido a sua grande busca por novas informações, apresentando em seguida a importância do conhecimento, habilidades e competências do ser humano. Assim como o capital intelectual e os seus modelos de mensuração, que dão valor a esses novos ativos da empresa, benefícios do incremento de políticas de gestão do conhecimento nas organizações, práticas adotadas, considerações finais e referências consultadas. A FIGURA 2 mostra o fluxo seguido no presente trabalho: FIGURA 2 - fluxo de trabalho Fonte: autores do artigo 3. SITUAÇÃO BRASILEIRA Atualmente podemos constatar que em nosso país, de acordo com o IPC-3i, cujo objetivo é o de medir a taxa de inflação para a nossa população com 60 anos ou mais, levando-se acima de tudo em consideração renda mensal variável entre 01 e 33 salários mínimos, veio infelizmente encerrar o ano de 2009 com uma alta significativa de 4,09%, de acordo com os dados apurados pela Fundação Getúlio Vargas – FGV [portalibre.fgv.br]. Cabe ainda salientar que a taxa registrada e apurada por esta mesma instituição para a população em geral em 2009 foi de 6,35%, enquanto que em 2008 a mesma girou em torno de 3,95% acarretando, portanto, um aumento significativo de 2,4%, apresentado na FIGURA 3. FIGURA 3 - Taxas IPC & IPC-3i Fonte: Fundação Getúlio Vargas – FGV - Brasil 7 Cabe frisar que o principal motivo da alta sobre o IPC-3i, principalmente no ano de 2008, foram os gastos realizados com seguro e plano de saúde acumulando neste mesmo período o valor de 5,15% ocorrendo em 2009 decréscimos de 1,06%, apresentado na FIGURA 4. FIGURA 4 - Gastos com seguros e planos, 2008 Fonte: Fundação Getúlio Vargas – FGV - Brasil Ao analisarmos a FIGURA 5 percebe-se que a situação esta fora de controle, pois tende a se agravar ainda mais porque o envelhecimento da população brasileira tornou-se um dos principais fatores que por certo acarretará um aumento de despesas com saúde quer seja a médio e longo prazo, gerando problemas e um futuro significativamente tempestuoso quanto a se garantir os mesmos serviços de hoje prestados a população brasileira. FIGURA 5 - Envelhecimento da população – projeção 2000 – 2050 Fontes: IBGE. Marsh Corretora, OCDE e OMS. 8 Ao se observar a evolução projetada FIGURA 5, entre o período de 2000 a 2050, chega-se a conclusão de que estamos passando atualmente de 19 milhões de idosos para 64 milhões, o que corresponde a um acréscimo de 40 milhões a mais num espaço de 40 anos, ou seja, quase duas vezes o que se constatou como provável em 2010. “A população brasileira fica mais velha em velocidade maior que a média mundial. Os dados do estudo do IBGE, Síntese de Indicadores Sociais, sobre as condições de vida da população brasileira em 2012, mostram que o índice de envelhecimento do país subiu. Este índice é calculado a partir da relação entre o número de pessoas de 60 anos ou mais para cada cem pessoas de menos de 15 anos de idade. [...] O instituto mostrou que 53,6% das pessoas com menos de 25 anos estão concentradas nas duas menores faixas de renda per capita familiar. Porém, apenas 17,9% dos idosos de 60 anos ou mais estão nesta faixa de renda familiar. Os técnicos do instituto estimam que os motivos dessa incidência são as políticas sociais e previdenciárias que garantem um salário mínimo para os idosos carentes do país o que interfere forte na rendimento familiar. Porém, o declínio do número dos que entram no mercado de trabalho interfere na geração de recursos para manter essa política previdenciária. O grupo de pessoas com até 24 anos de idade na população brasileira representava 48,2% dos brasileiros em 2001. Em 2010, o mesmo grupo representou 30,2% do total. O IBGE também pondera que o envelhecimento da população é muito influenciado pelo recuo na taxa de fecundidade. O Censo de 2010 mostrou que essa taxa era de 1,9 filhos por mulher, a menor da história demográfica brasileira”. Blog da ESPM (2012). Na atualidade estamos começando a vislumbrar uma situação insustentável e complexa, pois os gastos atualmente efetuados com idosos chegam a equivaler a quase seis vezes as despesas ocorridas com crianças em nosso país, porque este grupo esta entre os maiores consumidores de produtos e serviços de saúde pública e privada. Além deste fato outra situação preocupante começa a se concretizar delineando outro cenário onde os gastos com saúde, com certeza tenderão a crescer de forma acelerada, pois já se pode constatar conforme estudos, levantamentos e projeções efetuados a conclusão de que só em 1997 a média de vida girava em torno de 69,3 anos, enquanto que em 2007 chegou-se a alcançou a expectativa de 72,7 anos e em 2050 espera-se chegar a 81,3 anos, o que com certeza acarretará um aumento significativo de pessoas como integrantes da terceira idade, mostrado na FIGURA 6. 9 FIGURA 6 - Expectativa de vida população mundial & brasileira Fontes: IBGE, Mash, Corretora, OCDE e OMS Como resultante atual tem a multiplicação de exames clínicos, por sinal um dos principais fatores a estimular a consolidação e ampliação do mercado laboratorial de análise hoje abrangendo cerca de aproximadamente 15.000 unidades em todo o nosso país. Esta realidade pode ser facilmente comprovada conforme recentemente se pronunciou Marcelo Noll Barbosa, presidente do Grupo Dasa1, ao dizer que só nos últimos cinco anos esta empresa teve de acrescentar cerca de 150 novos exames ao seu portfólio em detrimento da demanda gerada e progressivamente crescente. 3.1 SITUAÇÕES COMPROMETEDORAS Se analisarmos a alternativa hoje comum de se utilizar os planos de saúde como forma alternativa de se garantir fácil atendimento em saúde individual, verificamos que esta variável esta se tornando quase que impossível de ser concretizada por existir dois quadros agravantes e significativos na atualidade a serem levados em consideração, ou seja, a inadimplência e o desemprego. Em função destas duas variáveis pode-se nitidamente concluir que no atual momento para muitas famílias brasileiras a alternativa de se utilizar os planos privados de saúde já não 1 Grupo Dasa: empresa de medicina diagnóstica do Brasil. 10 se enquadram dentro de suas prioridades, pois os considerados mais baratos estão acima das possibilidades de aquisição da maioria em virtude também da defasagem salarial ora existente, que por sua vez, já não atende as necessidades básicas da maioria dos trabalhadores brasileiros, podemos constatar na FIGURA 7. FIGURA 7 - Aumento de gastos dos planos de saúde Fonte: Marsh – Administradora de Planos de Saúde Empresariais Para se ter uma ideia com relação a estes fenômenos cabe salientar que em novembro de 2009, a inadimplência ficou em 7,8% enquanto que em novembro de 2007, foi de 7,1%. Outro fator relevante se refere ao Sistema de Informações de Crédito do Banco Central ao demonstrar que em junho de 2009, conforme últimos dados disponibilizados antes do agravamento da crise, que cerca de 16,76 milhões de pessoas em nosso país, neste período, ficaram com dívidas bancárias acima de R$ 5.000,00. Já os dados apurados referente a junho de 2007 nos demonstraram que o número de pessoas com dívidas altas absorvia na ocasião cerca de 13,52 milhões de pessoas. Comparando estes dados com o mês de junho de 2009, pode-se constatar na FIGURA 8 que o endividamento teve um crescimento em torno de 19,3%. 11 FIGURA 8 - Crescimento do endividamento da população Fonte: SERASA - 2009 Ao se levar em consideração as dívidas contraídas com cartões de crédito e financeiras ficou comprovado que as mesmas se concretizaram em torno de 35,9%, isto apenas referente ao período de janeiro a dezembro de 2009 enquanto que o acumulado de 2008, conforme apuração, ficou em torno de 33,7%, ocorrendo portanto um acréscimo de 2,2%. Neste mesmo período também se constatou, de acordo FIGURA 9, que os cheques sem fundos, tiveram como representatividade 17,2%, apresentando o valor médio de R$ 1.412,19, enquanto que as dívidas com os bancos atingiram o patamar de 19%. Já os títulos protestados passaram a lideraram o ranking de representatividade da inadimplência alcançando 41,5%, tendo como valor médio R$ 1.764,70. 12 FIGURA 9 - Dívidas com Banco Fonte: SERASA – Almeida, C.H. Com referência as pessoas jurídicas as mesmas passaram de 4,4% em dezembro de 2008 para 4,6% em janeiro de 2009, conforme FIGURA 10, apresentando 0,2% de acréscimo demonstrando que esta tendência continua a crescer tendo em vista o atual cenário econômico-financeiro internacional que começa a promover forte influencia em nossa economia. FIGURA 10 - Inadimplência 2008 – 2009 Fonte: SERASA – Almeida, C.H. 13 ”A Serasa Experian é líder na América Latina em serviços de informações para apoio na tomada de decisões das empresas. No Brasil, é sinônimo de solução para todas as etapas do ciclo de negócios, desde a prospecção até a cobrança, oferecendo às organizações as melhores ferramentas. 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FIGURA 11 - Gastos efetuados pelos setores de saúde privado e público Fonte: IBGE, Marsch Corretora, OCDE e OMS. 14 A seguir, a FIGURA 12 mostra a comparação das médias de gastos anuais apurados em relação aos planos privados e ao SUS. FIGURA 12 - Média dos gastos anuais – planos privados & SUS Fontes: IBGE, Marsh Coretora, OCDE e OMS Na FIGURA 13 temos também a comparação entre os gastos efetuados em proporção ao PIB no Brasil abrangendo o período de 1995 – 2007. FIGURA 13 - Gastos no Brasil em proporção do PIB Fontes: IBGE, Marsh Corretora, OCDE e OMS “O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é um órgão que identifica e analisa o território brasileiro, contabiliza a população do país e mostra a evolução da economia por meio do trabalho e da produção das pessoas. Reúne também informações sobre o modo de vida dos cidadãos no Brasil”. (PORTAL BRASIL, 2010). Já na FIGURA 14 nos depararmos com os indicadores referentes à inflação e a variação de custo médico-hospitalar referente ao período de dezembro/2007, julho/2008 e fevereiro/2009, constatamos a seguinte realidade expressa no gráfico abaixo: 15 FIGURA 14 - Indicadores inflação & variação de custo médico hospitalar Fonte: SERASA – Almeida, C.H. Outro fator que passou a nos afligir atualmente é a de que temos de conviver com uma situação extremamente complexa em função de que as empresas voltadas ao setor saúde são severamente reguladas pela ANS, cuja missão primordial é a de mediar um grave conflito prevalecente entre interesses que envolvem o paciente que almeja obter a seu favor as conquistas já consolidadas da medicina, onde o médico indica procedimentos obrigando assim os planos de saúde a pagarem a conta hospitalar tendo ao mesmo tempo o compromisso de zelarem pelos seus equilíbrios financeiros. Desta maneira, conforme estipulado por lei, passam a assumir a responsabilidade de arcarem e cobrirem uma extensa gama de novos procedimentos e exames gerando em função desta incomoda situação o aumentar gradual de seus preços devido aos novos custos contraídos. Outra agravante a ser levada em consideração, diante do acima exposto, é o risco que a ANS corre, caso venha a exagerar na regulamentação, pois pode ocasionar o estrangulamento do atual processo em vigor acarretando desta forma o expulsar de muita gente dos planos de saúde, gerando assim uma maior sobrecarga ao nosso já debilitado SUS. “A consolidação do SUS tem enfrentado um conjunto de desafios, tendo em vista o contexto sócio-político-econômico em que se inserem as organizações públicas de saúde no Brasil. Nos últimos anos, a garantia do direito à saúde a partir de um sistema nacional público e de qualidade, viabilizado através do acesso universal e da atenção integral e equânime, tem encontrado limites de possibilidade, este se configurando, na prática, de forma semelhante aos sistemas baseados em modelos segmentados. Tais limites se relacionam não só à diversidade demográfica, social, política e cultural de um país de dimensões continentais, mas também os estabelecidos pela economia globalizada e pela forte capacidade indutora das políticas neoliberais presentes no cenário internacional”. (GUIZARD, F.i L.; CUNHA, M. L. S., 2012). 16 Em síntese: “Quanto mais regulação dentro de suas premissas em favor do cliente em detrimento de planos de saúde, com certeza teremos menos indivíduos em condições de optar e pagar pelos mesmos.”. Diante deste fato obrigatoriamente a sociedade passa a desembolsar mais para que possa usufruir de um atendimento expressivo centrado numa saúde coerente e de boa qualidade. Atualmente em decorrência da alta demanda de procura por atendimento público em nosso país, o Ministério da Saúde – MS, por questão de pressão, esta procurando se adequar a esta nova realidade promovendo a criação de um grupo composto de especialistas com a difícil tarefa de analisar drogas e tipos de tratamentos novos que terão de serem acobertados pelo SUS, forçando desta forma a maioria dos planos privados de saúde também a se ingressarem nesta questão já que terão de se adequarem a uma nova política de saúde como forma de se sustentarem a longo prazo no atual cenário brasileiro. A TABELA 1 especifica claramente o crescimento que vem ocorrendo na área de saúde. TABELA 1: Crescimento na área de saúde Fontes: Anahp, Abimo, IMS e ANS Outro fator relevante que se tem de levar em consideração é que se chegou à conclusão de que cerca de 70% dos consumidores de planos de saúde se concentram em duas categorias, a saber: o Funcionários de empresas que recebem o plano de saúde como parte de beneficio; o Profissionais em geral que adquirem pacotes através de associações de classe. Em detrimento desta situação, que já se consolida junto às empresas privadas em nosso país, podemos observar, conforme FIGURA 15, que o cenário quanto à responsabilidade de se arcar com a despesa referente os planos de assistência médica que esta migrando do caixa das empresas para o bolso dos seus funcionários. 17 FIGURA 15 - Despesas planos de saúde das empresas & funcionários Fonte: Towers Watson Consultoria, 2009 Já os trabalhadores considerados informais, integrantes das classes C e D infelizmente estão fora desse mercado ora ativo e em fase crescente. A FIGURA 16 mostra a analise referente a gastos comprovados com saúde ocorridos em 2007. FIGURA 16 - Gastos com saúde, 2007 Fonte IBGE - 2007 4. ANALISE COMPARATIVA DE GASTOS NACIONAL E INTERNACIONAL Em comparação com a postura internacional de 2009, de acordo FIGURA 17, podemos notar que o Brasil ainda gasta muito pouco, pois, em relação ao PIB os atuais investimentos efetuados em nome da saúde em toda a sua extensão chega somente a casa de 7,5%, por sinal muito pouco se levarmos em consideração a média global atualmente apurada que gira em torno de 9,0%. 18 FIGURA 17 - Gasto nacional e internacional em relação ao PIB Fontes: IBGE, Marsh Corretora, OCDE e OMS Se for levado em consideração o valor absoluto podemos constatar que a diferença torna-se ainda maior, pois o nosso gasto per capita realizado atualmente é inferior a muitos países como, por exemplo: Chile, Argentina, México, Rússia, África do Sul e tantos outros, demonstrado na FIGURA 18. FIGURA 18 - Comparação de gasto per capita no Brasil e outros países selecionados Fontes IBGE, Marsh Corretora, OCDE e OMS 4.1 COMPARAÇÃO DE GASTOS ENTRE A DÉCADA DE 60 E O ANO DE 2007 A FIGURA 19 demonstra que o país que menos investiu em saúde em 2007, Irlanda, teve suas despesas cerca de 40% a mais do que o Canadá, país que mais gastou na década de 60. 19 FIGURA 19 - Gastos com saúde na década de 60 & ano de 2007 Fonte: IBGE, Marsh Corretora, OCDE e OMS Este acréscimo apurado não é significativo, pois ainda predomina uma grande defasagem, tanto em relação à demanda que existia na década de 60, como a que se manifesta atualmente no cenário mundial. Podemos afirmar que nos países europeus a percentagem dos gastos públicos em relação aos gastos totais tem valores que variam da ordem de 60% (mínimo) a 85% (máximo). Na FIGURA 20 referente ao ano de 2004, pode-se constatar que nos paises europeus ora mencionados, a cobertura efetuada em saúde pelos sistemas de serviços públicos oferecidos as suas populações abrangeram quase que 100%. FIGURA 20 - Gastos com saúde dos serviços públicos nos países europeus Fontes: OECD Health, OMS A Holanda foi à única exceção, com 62,1% 20 É bom frisar que atualmente na Inglaterra e também no Canadá, o governo destes países efetuam pagamentos aos hospitais e clínicas tendo como base para ressarcir gastos e procedimentos efetuados junto as unidades de atendimento, indicadores de saúde referentes aos pacientes atendidos como também os da população em geral viabilizando desta forma total coerência com relação as despesas pagas evitando desta maneira o não comprometer suas receitas. Cabe ressaltar ainda que os hospitais ingleses jamais se deram ao vicio de serem construídos de forma luxuosa como já vem ocorrendo há muito tempo não só no Brasil como também já se tornou praxe comum nos Estados Unidos. E mais, a ênfase praticada na Inglaterra se apóia integralmente no atendimento básico, procurando limitar propositalmente, tanto a pacientes como médicos, a liberdade de escolha como forma de manter equilíbrio financeiro. Isto somente é possível devido a prática constante de uma política de saúde austera apoiada nos serviços prestados pelas clinicas gerais de bairros onde pacientes sem gravidade são atendidos evitando-se desta maneira que os mesmos venham a utilizar e sobrecarregar os hospitais ingleses, que por sinal são estruturas caras voltadas unicamente a pratica de atendimentos complexos e onerosos. Em função desta política de saúde já adotada há muito tempo, pode-se concluir que os ingleses gastam menos do que os Estados Unidos em todos os sentidos, como também são capazes de se apropriarem e demonstrarem melhores indicadores, além de oferecer a sua população serviços e atendimento universal. Podemos verificar na FIGURA 21 a situação do mercado de saúde privada no mundo, somente com relação ao mês de novembro de 2009, em função dos seis maiores investidores. FIGURA 21 - Mercado de saúde privada no mundo, Nov./2009 21 Fontes: Anahp, Abimo, IMS Health e ANS 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1. REFORMA DA SAÚDE NO BRASIL: ORDEM DO DIA Em virtude do aumento considerável e comprovado dos gastos com saúde, tanto públicos como privados, chega-se a conclusão de que obter controle sobre os mesmos passou a representar um desafio tanto nacional como internacional. O certo é que em nosso país ainda não fomos capazes de definir o que realmente queremos, pois a nossa atual Constituição Federal garante a toda população brasileira um atendimento gratuito e universal, conforme dispõe o art. 196 que diz: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, sendo que ainda não existem meios concretos que tornem esta realidade verdadeira e absoluta. Ainda não se pode proporcionar, apesar do aumento de recursos ora em vigor, melhorias significativas e condições favoráveis em matéria de saúde a todos os cidadãos brasileiros. Assim sendo, ficamos, em detrimento das premissas constitucionais relacionadas à saúde impotentes, sem soluções eficientes e eficazes relativas às seguintes três questões básicas e obrigatórias a serem respondidas: Em relação a cada doença e seu estágio diagnosticado até que ponto deve-se investir em seu tratamento e acompanhamento?Deveremos investir mais em pacientes com mais de 60 anos portadores de hemodiálise ou priorizar transplantes renais em indivíduos com até 50 anos de idade?Em relação a procedimentos e medicamentos como devem ser padronizados e utilizados em cada caso concretamente diagnosticado em relação a pacientes? Estas averiguações se fazem importantes devido ao fato de que se torna a cada dia que passa necessário se definir prioridades relacionadas à saúde como um todo. Também se torna evidente, necessário e prioritário se saber ao certo quanto custa cada medicamento dispensado e procedimentos efetuados. Em primeiro lugar qual é o real benéfico proporcionado ao cidadão. 22 Deve-se averiguar quem são os responsáveis pela manutenção e administração dos serviços em saúde ora praticados em nosso país junto nossa população, levando-se em conta que é necessário se gastar melhor, sem promover desperdícios e perdas. Torna-se necessário promover uma séria mudança na maneira de se remunerar todos os profissionais de saúde, bem como em relação aos prestadores de serviços em saúde objetivando se alcançar melhoria de resultados e não simplesmente ficarmos voltados aos velhos procedimentos antiquados e obsoletos ainda em vigor e comumente praticados dentro de nossas fronteiras. Segundo Lottenberg (2012) "É preciso estarmos preparados para encontrarmos respostas que desonerem o sistema de saúde”. Para se exemplificar o acima exposto, como realidade cotidiana em nosso país, podemos destacar a seguinte situação corriqueira onde ainda prevalece a mentalidade e o grande paradigma de que quanto mais exames um laboratório for capaz de executar em nome da saúde, financeiramente mais em troca receberá, sendo que esta situação em seu contexto final gera, conforme já se pronunciou recentemente Lottenberg, aquilo que se pode definir como sendo o famoso “desperdício”. Portanto, como já é de conhecimento e necessidade comprovada, torna-se prioridade se pensar em promover uma mudança radical em relação esta situação, sendo que a mesma, para ser implantada, exige, sobretudo eficiência e eficácia de gestão quanto a real apuração de custos, como também envolve operacionalidade despendida visando consolidar e agregar informações confiáveis e essenciais relativas a todos os pacientes atendidos. Para tanto temos de levar em consideração que atualmente, conforme podemos constatar junto a varias publicações inerente à saúde, que o mercado brasileiro de saúde se tornou grande demais, pois, já chegamos à marca de sermos o sexto maior do mundo. E mais, conforme apuração já efetuada envolvendo os últimos cinco anos constatou-se que a receita inerente aos 30 maiores hospitais privados brasileiros duplicou em valor. Apurou-se que a venda interna de medicamentos cresceu aproximadamente em quase 80%, sendo que o faturamento liquido das empresas ligadas aos planos de saúde aumentaram em aproximadamente 111% determinando novo recorde nacional. É bom salientar que no atual momento chegamos ao marco de sermos o nono maior consumidor de medicamentos deste planeta com objetivos e metas a alcançar nos próximos quatro anos a sétima posição mundial. 23 Outro fator relevante e digno de consideração foi o aumento e crescimento da renda familiar e de postos de trabalho disponibilizados no Brasil nestes últimos tempos conforme pesquisas já evidenciadas e comentadas pela mídia em geral, contribuindo assim positivamente para o concretizar desta situação. Enfim, o problema com relação à saúde ora praticada no pais é com certeza estruturalmente responsabilidade de toda a nossa sociedade pelo motivo de que quem realmente financia a saúde de forma geral é o cidadão brasileiro, seja pagando plano privado, seja pagando impostos. Com certeza, dia menos dia, nos cidadãos brasileiros teremos de enfrentar e resolver graves conflitos inerentes à escassez de recursos em saúde via orçamento, contra uma demanda crescente e volumosa forçando amplamente revermos valores existentes e leis outrora redigidas em função de que a nossa constituição, como é de conhecimento de todos, foi escrita numa época em que jamais se sonharia ou se imaginaria que a saúde seria vista como fator de mercado, empresas e ramo de negócio. Infelizmente este tempo este bastante distanciado da atual realidade em que vivemos por ser herança política gerada no passado, tornando-se obrigatório no agora se praticar reformas sem precedentes no campo da saúde. Isto se deve ao fato de que já começa a se delinear no horizonte uma nova ordem do dia que forçosamente tornará obrigatório se promover a apuração real de custos hoje praticados em saúde no país por estarem os mesmos cada vez mais altos contribuindo significativamente em todos os sentidos para que haja a queda de qualidade em matéria de saúde disponibilizada e prestada a nossa população. Sendo assim é preciso reduzir custos com coerência e sensatez além de se propor e desenhar um novo modelo de saúde pública a ser praticada em nosso país de forma que seja plenamente satisfatória baseada em valor expressivo ao paciente como meio de se dar suporte e musculatura ao próprio sistema, com também definitivamente se concretizar mudanças significativas e produtivas na estrutura que envolve o atual sistema de saúde. Somente agindo desta forma é que poderemos oferecer tratamento digno integrado e especializado a todos os pacientes apoiados na redução real e compatível de custos sem comprometer a qualidade dos serviços ora prestados em saúde, tendo como suporte a tecnologia da informação, cujo beneficio proporcionado se resume basicamente no aumento da capacidade de mensuração, isto é, de gerar dados estatísticos e informações 24 complementares condizentes com a realidade, plenamente confiáveis para que haja o correto planejamento em todas as frentes tanto a curto, médio ou longo prazo. “As transferências públicas no Brasil têm sido muito eficazes para reduzir a pobreza e a desigualdade, em particular para a maioria da população mais velha. No entanto, isso foi alcançado a um custo elevado. Como desejamos a manutenção e ampliação desta prosperidade, e sabemos que o envelhecimento populacional continuará a pressionar os sistemas sociais, ao defender modelos de saúde que tenham foco na prevenção e no monitoramento ao longo do curso de vida, estamos expressando que sabemos que as definições no momento atual são escolhas críticas, com consequências particularmente cruciais para os grupos vulneráveis e para a perspectiva de crescimento do país. Esta dimensão ampla é fundamental para realçar de modo categórico que, para se tornar factível e para que haja saúde para todos com qualidade, quer no setor público, quer no privado, é necessário mudar a lógica do modelo do período pregresso, quando as doenças eram agudas e a população morria cedo. O Brasil mudou, e os tempos são outros. A transição epidemiológica ocorreu e o atual padrão de doença é majoritariamente de doenças crônicas não-transmissíveis, do mesmo modo que ocorreu a transição demográfica e esta demonstra que o Brasil é um país jovem de cabelos brancos”. (VERAS, R. P., 2011, v.14, n.4). Portanto torna-se prioridade neste momento mudar radicalmente a estrutura atual do sistema de saúde ora vigente no Brasil, que por sua vez é uma missão bastante ousada e desafiadora, pois, em seu conteúdo não envolve somente apenas fatores relacionados à saúde ou a própria econômicos em si. Segundo Dr. Lottenberg (2012) Temos que discutir o conceito da terminalidade da vida e tentar aproximar a morte anatômica da morte fisiológica. Ele abordou em sua palestra “O Futuro da Saúde Tecnologia e/ou Humanização” proferida pela Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria, a importância da inovação e da criatividade no gerenciamento de recursos finitos, políticas públicas de saúde, alternativas tecnológicas para qualidade e sustentabilidade, medicina personalizada para evitar exames desnecessários, convergência tecnológica, envelhecimento da população e aumento da expectativa de vida. Além disso, apontou que a crise econômica pode, sim, afetar a área de Saúde e que o governo deve dar mais incentivos à indústria nacional de equipamentos médico-hospitalares. É importante, ainda, segundo ele, que os profissionais da saúde tenham conhecimento de governança e trabalho em equipe, encarando o futuro do segmento de forma diferente: com ética voltada ao interesse do próximo. Médico, que também atua como vice-presidente do Conselho Deliberativo da Câmara Brasil Israel e é presidente da Confederação Israelita do Brasil, falou, ainda, sobre a importância dos investimentos no ensino básico e em pesquisa e desenvolvimento (P&D), citando Israel como referência, já que este país investe 4,3% do seu PIB em P&D, em comparação com o Brasil, que investe apenas 1,2%. Albert Einstein apud Dr. Lottenberg: “Vivemos tempos difíceis, onde é mais fácil quebrar um átomo do que quebrar um preconceito”. 5.2. SAÚDE INTERNACIONAL A Aplicação de conhecimentos e recursos resulta hiatos de saúde injustificáveis entre ricos e pobres, seja dentro ou entre países. Garantir que os benefícios do progresso técnico e 25 científico sejam compartilhados com rapidez e eficácia em uma escala global talvez seja o maior desafio de todos. Os investimentos em saúde no mundo estão diretamente relacionados de cada país. Assim, as decisões políticas em nível de arrecadação fiscal (quando o sistema depende de recursos previdenciários) alteram o volume de recursos destinados ao setor. O maior ou menor grau de influência nos recursos da saúde depende principalmente de quais as fontes de financiamento do setor. Os recursos desafiantes a saúde são administrados por diferentes órgãos do setor público, o número de órgãos responsáveis pelo financiamento de ações e serviços de saúde de políticas desenvolvidas em cada país. 7. REFERÊNCIAS ABRAMGE, Associação Brasileira de Grupo: Congresso 2009 – Gestão com Qualidade. Disponível em: < http: // www.abramge.com.br/conteudo.aspx?conteudoID=127>. Acesso em 04/02/2010. AGÊNCIA Seg- News – Corretoras/Seguros – administração: Gestão operacional e de riscos dos programas de benefícios em saúde. Disponível em: <http: // www.marsh.com.br/auto.cfm?myurl=marsh/noticias>. Acessado em: 02/01/2010. 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