1 SÍNTESE DO PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO EM CURSO PRESENTE À TUTELA Este documento pretende dar conhecimento à tutela da realidade actual do IICT, bem como das perspectivas futuras. Destaca-se a reestruturação que tem vindo a ser realizada sobretudo desde 2005, decorrente da lei orgânica de 2003, que impulsionou o aumento dos resultados de excelência, a definição de grupos emblemáticos de actividade e as actividades de cooperação. 1-Caracterização da Situação Actual na sequência da Reestruturação Interna Iniciada em 2005 O IICT, I.P., é um Laboratório do Estado (LE) cuja missão se centra na investigação interdisciplinar e no acesso às suas colecções históricas e científicas em prol do desenvolvimento global. A sua actividade tem por alvo as regiões tropicais, através de redes internacionais (AGRINATURA, CGIAR, GMES & África, GBIF, etc.) e de parcerias com instituições congéneres na CPLP. Fruto de uma profunda reestruturação interna, iniciada em 2005, a actividade do IICT enquadra a cooperação privilegiada com instituições homólogas nos outros países da CPLP e incentiva o desenvolvimento de redes mútuas de conhecimento, através de uma abordagem interdisciplinar em três vertentes: BIO: Ciências Biológicas e Agricultura Tropicais; CH&C: Colecções Históricas e Científicas; e DES: Programa de Desenvolvimento Global. No período entre 1997-2010 o IICT perdeu 56% dos seus funcionários e o seu orçamento foi significativamente reduzido em 38% e 66% relativamente ao OE e PIDDAC, respectivamente (ver quadro), o que implicou a perda de valências importantes, mas exigiu também uma reestruturação com vista à rentabilização dos recursos existentes. Com o objectivo de agilizar procedimentos internos e optimizar a produção científica em prol da cooperação, foi possível reforçar as áreas prioritárias definidas em articulação com os órgãos externos, através da mobilidade interna e da alocação de novos meios humanos especializados, traduzida pela contratação, por um prazo de 5 anos, de 15 doutorados, após exigente concurso internacional, no âmbito do programa Compromisso com a Ciência 2007/2008 (CcC) financiado pela FCT e no qual o IICT teve 100% de êxito nas candidaturas efectuadas, e através da integração de um número considerável de estudantes de formação avançada (licenciatura, mestrado, doutoramento e pós-doutoramento) nacionais e estrangeiros. Em resultado deste processo de reestruturação, passou-se de 16 chefias em 2003 para as actuais 5; 23 centros de investigação, agrupados em seis departamentos, foram substituídos por 12 Unidades agrupadas nas três vertentes de investigação e capacitação – BIO (CIFC; ECOBIO; FLOR; CVZ e PIPA); CH&C (AHU; JBT; HIST e K) e DES (GEO-DES, GOV-DES e SOC-DES). Destas unidades duas são Serviços Abertos ao Público – o AHU e o JBT. Esta reestruturação contou ainda com uma redução de moradas que urge continuar. De realçar que na sequência desta iniciativa de reestruturação o IICT foi avaliado favoravelmente no relatório apresentado pelo Grupo Internacional de Avaliação dos LEs em 2006. 2 – Investigação para a Cooperação No âmbito da articulação dos planos de actividade do IICT e da CPLP, foram definidos 5 grupos emblemáticos de actividades em áreas de relevância para a CPLP: 1) Segurança Alimentar e Nutricional; 2) Produção Agro-Florestal; 3) Conservação e Uso Sustentável de Recursos Naturais; 4) Disponibilização do Património Histórico e Científico e 5) História da Ciência nos Trópicos. Em resultado do reconhecimento da qualidade do trabalho científico das suas equipas, complementadas com numerosas colaborações multidisciplinares, o IICT conseguiu aumentar significativamente a capacidade de captação de financiamento externo, situação para que muito contribuíram os investigadores CcC. De facto, com um mapa de pessoal que conta com 63 investigadores, em 2011/2012 o IICT desenvolve 59 projectos (33 dos quais na qualidade de instituição líder). Fruto das actividades decorrentes, maioritariamente, de projectos, importa destacar a produção científica e tecnológica, nomeadamente no que se refere ao nº de publicações em livros e em revistas com avaliação por pares (peer review) onde se atingiram valores superiores a 2 publicações por ano e por investigador, os quais suplantam os obtidos por Centros/Departamentos com classificação de Excelência. Reconhecendo a importância da ciência tropical no quadro da cooperação externa, destaca-se a contribuição para as parcerias estratégicas adoptadas na 2ª Cimeira EU-África (2007), através da participação do IICT na 8ª (Ciência, Tecnologia de Informação e Espaço), com relevância 2 transversal relativamente às restantes. Desde o lançamento da iniciativa “GMES e África” e através do projecto europeu BRAGMA, que vai lançar em Janeiro de 2012, o IICT colocou a Europa na primeira linha de trabalho conjunto com África no combate a desastres e na gestão de recursos naturais, alavancando ainda a relação privilegiada com a CPLP. A iminente passagem para a tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros pode alargar e aprofundar as competências aí existentes. 3-Limitações O esforço desenvolvido e os resultados obtidos têm contudo sido limitados face a vários problemas. Os diversos constrangimentos vão para além do decréscimo de recursos humanos e materiais. As regras inadequadas à gestão do trabalho científico, que violam a equiparação com as universidades, dificultam a integração de verbas de financiamento externos e a abertura de concursos. A flexibilização de procedimentos administrativos aplicados ao IICT, semelhante ao existente noutras instituições de desenvolvimento científico, e que pode ser agilizada pela tutela, permitirá melhorar a eficiência do uso dos fundos existentes, i.e., melhorar o desempenho sem custos adicionais. Também os contratados ao abrigo do CcC, que representam 25% dos Investigadores do IICT, verão os seus contratos findar entre 2012 e 2014, o que implica uma urgente tomada de posição, tendo em vista garantir as condições (políticas e financeiras) para assegurar a sua continuidade, sob pena de comprometer a ciência para o desenvolvimento em Portugal. 4-Conclusões e Perspectivas Futuras Fruto dos esforços conjuntos da Direcção alargada aos responsáveis de centros e dos respectivos colaboradores, bem como de todos os seus órgãos estatutários, o IICT tem conseguido uma auto-regeneração reflectida em elevados índices de realização científica. Nesta fase necessita de assegurar a capacidade das suas equipas multidisciplinares através da manutenção dos 15 contratados através do CcC, bem como da conservação dos recursos humanos, tendo em conta o quadro apresentado em baixo. O novo enquadramento orgânico exige o estreito contacto com as instituições de cooperação do MNE, tendo em vista o reforço da participação na negociação de acordos e acompanhamento da respectiva execução no âmbito das suas competências. Neste contexto, o IICT propõe a constituição de um grupo de trabalho conjunto para reavaliação e definição da visão estratégica. Quadro 3 Evolução do Orçamento (x10 €) Fonte de Financiamento OE (+FCT) PIDDAC Outros Financiamentos TOTAL 1997 9424 685 936 11045 2010 5824 234 3023 9081 %2010/1997 61.8 34.2 323.0 82.2 Evolução dos Recursos Humanos Carreiras Investigadores Técnicos Superiores Informática Ass. Técnicos Ass. Operacionais TOTAL 1997 104 38 14 126 78 360 2010 63 20 2 55 20 160 %2010/1997 60.6 52.6 14.3 43.7 25.6 44.4 Aprovado no plenário do Conselho Científico, realizado em 23 de Dezembro de 2011, com base numa proposta da respectiva Comissão Coordenadora, da Comissão Paritária e da Direcção.