INDICADORES SOB A PERSPECTIVA DE GÊNERO E RAÇA: SITUAÇÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO “Indicadores sob a perspectiva de gênero e raça: situação no Estado do Rio de Janeiro” é um levantamento que apresenta a situação de mulheres e homens brancos pretos ou pardos no estado do Rio de Janeiro através de dados demográficos e socioeconômicos. Os dados mostram uma parte da realidade da nossa sociedade assim como as desigualdades existentes nos diferentes espaços da organização social. O objetivo deste estudo não é aprofundar-se nas causas, mas retratar a desigualdade. Os indicadores apresentados no documento podem ser um instrumento de apoio a pesquisas, apresentações, cursos, oficinas e outras atividades que estejam aprofundando e trabalhando na temática de raça e gênero. O CEDIM com o apoio técnico do UNIFEM oferece um retrato gráfico da desigualdade no Estado do Rio de Janeiro a fim de contribuir para a desconstrução da falsa eqüidade e do sistema sexista e racista no qual todas e todos estamos inseridos. A maior fonte de informação para a elaboração dos diferentes indicadores provêem do Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG/BR), um instrumento que colocou a disposição da sociedade brasileira a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres em parceria com UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), com o apoio do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID) e a colaboração técnica da Fundação do IBGE. http://200.130.7.5/spmu/SNIG/snig.html Serão utilizadas outras fontes de informação para retratar determinadas áreas da sociedade ou, quando for possível, mostrar dados mais atualizados. Esta análise não é um produto acabado, ela pode ser aprofundada, reformulada ou avaliada na medida em que outras fontes de informação possam ser utilizadas e trabalhadas. 1. ESTRUTURA DA POPULAÇÃO A população no estado do Rio de Janeiro no ano 2000 era 55,4% de população branca e 44,6% de população preta ou parda. A distribuição da população segundo o sexo e a raça era 29,4% de mulheres brancas, 26% de homens brancos, 22,7% de mulheres pretas ou pardas e 21,9% de homens pretos ou pardos (gráfico 1.1). Gráfico 1.1: Distibuição da População segundo o sexo e a raça. Estado RJ. Ano 2000. 29,4 26 M.Brancas H.Brancos 22,7 21,9 M.Pretas/pardas H.Pretos/pardos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR)/ Censo 2000 A composição da população por sexo no ano 2000 no Rio de Janeiro era 52,1% de mulheres e 47,9% de homens. A distribuição entre homens e mulheres varia por grupos de idade, aumentando a proporção de mulheres nos grupos de maior idade. (Gráfico 1.2). Gráfico 1.2: Pirâmide da população do Estado do Rio de Janeiro. Ano 2000. Mulheres Homens 8 0 e m a is 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15 - 19 10 - 14 5-9 0-4 6% 4% 2% 0% 2% 4% 6% Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Censo demográfico 2000. 2 Os indicadores demográficos de juventude e de envelhecimento apontam importantes diferenças por sexo e raça. Mesmo que no grupo de idade de 0 a 14 anos, as proporções de população sejam similares entre mulheres e homens sejam brancos, pretos ou pardos (gráfico 1.3), são visíveis as diferenças existentes no grupo de idade igual ou superior a 65 anos (gráfico 1.4). Grafico 1.3: Indice de Juventude por sexo e raça. Estado RJ. Ano 2000. 23,8 26,6 25,6 27,9 25,5 22,4 Total Pessoas pretas/pardas Pessoas brancas Mulheres Hom ens Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR)/ Censo 2000 O Índice de Juventude masculino (proporção de homens de 0 a 14 anos sob a população geral de homens) é 3 pontos percentuais mais alto que o feminino. Isto se explica pela maior proporção de mulheres nos grupos de maior idade. O índice de juventude mais alto, 27,9%, é o dos homens pretos ou pardos (gráfico 1.3). Grafico 1.4: Indice de Envelhecimento por sexo e raça. Estado RJ. Ano 2000. 10,2 8,6 7,7 6,4 Total 6,2 4,5 Pessoas pretas/pardas Pessoas brancas Mulheres Hom em s Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR)/ Censo 2000 O índice de envelhecimento (proporção da população de idade igual ou superior a 65 anos sob a população geral) mostra que as grandes diferenças na distribuição da população por grupos de idade se encontram neste grupo. As diferenças no índice refletem o menor acesso a bens e serviços de saúde, educação, serviços de infra-estrutura como abastecimento de água, esgoto, etc. Certamente a maior mortalidade por causas externas (homicídios, acidentes) explicariam a proporção mais baixa de homens negros ou pardos, 4,5%(gráfico1.4). 3 2. ESTRUTURA DAS FAMÍLIAS O tamanho médio das famílias do Estado do Rio de Janeiro no ano 2000 era de 3,2 pessoas. Levando-se em conta a renda familiar per capita, o tamanho ascende a 3,7 no caso das famílias com uma renda de até a metade do salário mínimo e desce até 2,7 pessoas no caso de famílias com renda familiar superior a 2 salários mínimos Gráfico 2.1: Tamanho Familiar médio por renda familiar per capita segundo o sexo do chefe de família. Estado RJ. Ano 2000 3,4 2,7 4 3,2 3 2,3 Mulheres Hom ens Sem ter em conta R.F. R.F. ate 1/2 SM R.F. m ais 2 SM Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR)/ Censo 2000 Como mostra o gráfico 2.1, o tamanho médio das famílias varia em função do sexo do chefe da família assim como em função da renda familiar. As famílias de menor tamanho são aquelas chefiadas por mulheres e com uma renda superior a 2 salários mínimos (2,3 pessoas). Por outro lado são de maior tamanho aquelas famílias chefiadas por homens e com uma renda de até a metade do salário mínimo (4 pessoas). As famílias com renda familiar per capita de até a metade do salário mínimo representavam no ano 2000 17,2% do total das famílias do Estado do Rio de Janeiro. A distribuição segundo a raça do chefe de família era 60 % de famílias chefiadas por pessoas pretas ou pardas e 40% de famílias chefiadas por pessoas brancas. A distribuição segundo o sexo era de 62% chefiadas por homens e 38% chefiadas por mulheres. O gráfico 2.2 mostra a relação raça e sexo. Gráfico 2.2: Distribuição de famílias com R.F. (1) per capita de até 1/2 do salário mínimo segundo o sexo e raça do chefe de família. Estado RJ. Ano 2000. M.Brancas; 14,9 H.Pretos/pardos; 36,8 M.Pretas/pardas; 22,7 H.Brancos; (1) Renda Familiar Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR)/ Censo 2000 Do total de famílias existentes no Estado do Rio de Janeiro no ano 2000, 33,2% era chefiada por uma mulher. Como mostra o gráfico 2.3 existe uma notável diferença entra as famílias chefiadas por mulheres pretas ou pardas e as famílias chefiadas por mulheres brancas. Gráfico 2.3: Características das famílias chefiadas por mulheres: distribuição por renda familiar e com crianças de 0 a 6 anos segundo a raça. Estado RJ. Ano 2000 66,6 40,1 Brancas 36 Pretas/Pardas 20,7 19,3 8,5 RF ate 1/2 SM RF m ais de 2 SM crianças (0-6) e RF ate 1/2 SM 5,6 3,2 crianças (0-6) e RF m ais de 2 SM Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR)/ Censo 2000 O perfil das famílias chefiadas por mulheres brancas era de uma família com uma renda familiar per capita de mais de dois salários mínimos (66,6%), enquanto que o perfil das famílias chefiadas por mulheres pretas ou pardas era o de uma família com uma renda de até a metade de um salário mínimo (40,1%). Outra das grandes diferenças a encontramos nas famílias com crianças de 0 a 6 anos e com uma renda familiar de até a metade de um salário mínimo em que destacam as famílias chefiadas por mulheres pretas ou pardas (20,7%) com uma diferença de mais de 10 pontos porcentuais frente a este mesmo tipo de família chefiadas por mulheres brancas (8,5%). 5 3. EDUCAÇÃO FORMAL A taxa de analfabetismo da população do Estado do Rio de Janeiro no ano 2000 era de 3,8%. Entre a população de idade igual ou superior a 25 anos a porcentagem ascende até 7,6% existindo 1,5% de analfabetismo entre a população de 15 a 17 anos e 2,2% entre a população de 18 a 24 anos. Gráfico 3.1:Taxa de Analfabetismo por sexo e raça segundo grupos de idade. Estado RJ. Ano 2000. 11,7 8,8 6 15-17 anos 5 18-24 anos 3,6 1,4 2,4 2,6 0,8 M.Pretas/pardas H.Pretos/pardos 1,3 1,2 M.Brancas 25 e + anos 1,9 H.Brancos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) Como mostra o gráfico 3.1 as diferenças por raça são notáveis. A maior taxa de analfabetismo é encontrada entre as mulheres pretas ou pardas com idade igual ou superior a 25 anos (11,7%). Assim mesmo é considerável a taxa de analfabetismo dos homens pretos ou pardos entre os 15 e 17 anos, 2,6%, e entre os 18 e 24 anos, 3,6%. Gráfico 3.2: Média de anos de estudo da população por sexo e raça. Estado RJ. Ano 2000. 6,9 M.Brancas 5,7 5,5 5,4 M.Pretas/pardas H.Brancos H.Pretos/pardos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) A média geral de estudos no ano 2000 da população do Estado do Rio de Janeiro era de 6,2 anos. Como mostra o gráfico 3.2 a média mais alta é a das mulheres brancas (6,9 anos) que supera em mais um ano as médias do resto da população. 6 Gráfico 3.3: Média de anos de estudo da população ocupada por sexo e raça. Estado RJ. Ano 2000. 8,2 7,3 M.Brancas H.Brancos 6,8 6 M.Pretas/pardas H.Pretos/pardos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) A população ocupada tem uma média geral de 7 anos de estudos. As médias mais altas se encontram entre a população branca, merecendo destaque a média de 8,2 anos das mulheres brancas frente a 6 anos de média de estudo entre os homens pretos ou pardos (gráfico 3.3). Gráfico 3.4: Distribuiçao das matrículas por ciclo de ensino segundo o sexo. Estado RJ. Ano 2004. 52 51,1 51,1 43,5 45,2 Hom ens 48 48,9 48,9 54,8 56,5 Creche Pre-escola Fundam ental Medio Superior(1) Mulheres (1) Cursos presenciais Fonte: Censo escolar e Censo superior. MEC/Inep Dados mais recentes continuam mostrando as diferenças por sexo quanto à educação formal. No gráfico 3.4 observamos que é nos grupos de ensino médio e superiores em que existe uma maior presença feminina. Gráfico 3.5: Distribuição da população com 12 ou mais anos de estudo segundo o sexo. Estado RJ. Ano 2004. Hom ens; 45,6 Mulheres; 54,4 Fonte: Síntese de Indicadores Sociais 2005. IBGE No ano 2004 54% das mulheres diante de 46% dos homens contavam com 12 ou mais anos de estudo. 7 4. TRABALHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO Os distintos papéis sociais atribuídos por sexo que coloca os homens na esfera pública e as mulheres na esfera privada, têm dificultado tanto a incorporação como a inserção das mulheres ao mercado de trabalho formal. As taxas de atividade e as taxas de ocupação mostram diferenças significativas na participação no mercado de trabalho por sexo, o que vai repercutir na capacidade de autonomia e empoderamento das mulheres. Gráfico 4.1:Taxa de Atividade e Inatividade por sexo e raça. Estado RJ. Ano 2000. 45,1 63,1 66,3 36,9 33,7 M.Pretas/pardas M.Brancas T.Inatividade 47,3 T.Atividade 54,9 52,7 H.Pretos/pardos H.Brancos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) O porcentual de pessoas economicamente ativas em relação ao total de pessoas de idade igual o superior a 10 anos (Taxa de Atividade), no Estado do Rio de Janeiro no ano 2000 era de 43,8%. A taxa de atividade feminina era 35,1% frente a 53,7% da taxa masculina. A taxa de atividade mais baixa era a das mulheres brancas; 66,3% da população feminina branca de idade igual ou superior a 10 anos não participava do mercado de trabalho regularizado (gráfico 4.1). Gráfico 4.2: Taxa de Atividade por grupos de idade segundo o sexo e a raça. Estado RJ. Ano 2000. 9 1,4 83 9 2 ,8 7 8 ,4 6 0 ,7 6 0 ,4 6 4 ,3 7 0 ,7 7 2 6 3 ,6 4 4 ,2 19 ,1 15 ,1 2 6 ,5 10-17 3 8 ,9 3 1,2 3 0 ,3 2 1,4 14 18-24 M.Pretas/pardas 25-49 M.Brancas 50-59 H.Pretos/pardos 9 ,4 60 e m ais H.Brancos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) 8 A taxa máxima de atividade feminina se alcança entre os 18 e 49 anos (acima do 60%) e a masculina entre os 25 e 49 anos (acima do 90%).São os homens pretos ou pardos os que permanecem por mais tempo no mercado de trabalho, começam a trabalhar mais cedo e encerram o período produtivo mais tarde; esta situação se inverte no caso das mulheres brancas. Uma das causas que reflete na inserção tardia das mulheres brancas é a permanência por mais tempo em ciclos de ensino. Gráfico 4.3: Taxa de Ocupação e Desocupação(1) por sexo e raça. Estado RJ. Ano 2000. 12,1 16,3 18,9 24,3 T.Desocupasão T.Ocupação 75,7 81,1 83,7 87,9 M.Pretas/pardas M.Brancas H.Pretos/pardos H.Brancos (1) O cálculo desta taxa não é comparável com os atuais cálculos das taxas de desocupação. Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) A taxa de ocupação, porcentagem de população ativa inserida no mercado de trabalho, era 78% para as mulheres e 86% para os homens, o que mostra que a taxa de desocupação feminina era 8 pontos porcentuais mais elevado que a masculina. A taxa de ocupação mais baixa é a das mulheres negras, com 75,7% (gráfico 4.3). Gráfico 4.5: Taxa de ocupação por grupos de idade segundo o sexo e a raça. Estado RJ. Ano 2000 70 4 7 ,2 5 8 ,3 5 2 ,3 10-17 6 1,8 7 6 ,1 7 8 ,6 7 9 ,7 8 7 ,3 8 4 ,3 9 1,1 8 7 ,1 8 9 ,4 8 7 ,4 9 1,5 8 7 ,5 9 0 ,2 8 8 ,19 2 ,3 6 2 ,8 18-24 M.Pretas/pardas 25-49 M.Brancas 50-59 H.Pretos/pardos 60 e m ais H.Brancos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) 9 A taxa de ocupação mais baixa em todos os grupos de idade é a das mulheres negras seguida das mulheres brancas até os 49 anos, idade a partir da qual as mulheres brancas superam a taxa de ocupação dos homens pretos ou pardos. Em todos os grupos de idade as taxas de ocupação maiores são a dos homens brancos. Destaque para as diferenças entre as taxas de mulheres pretas ou pardas (62,8%) e brancas (70%) no grupo de idade de 18 a 24 anos (gráfico 4.5). O que quer dizer que são as mulheres pretas ou pardas de 18 a 24 anos as que comparativamente têm mais dificuldades para incorporar-se ao mercado de trabalho. As diferenças não só existem no acesso ao mercado de trabalho, mas também no rendimento e na qualidade do trabalho. Gráfico 4.6: Rendimento médio mensal da população ocupada por sexo e raça. Estado RJ. Ano 2000. H.Brancos 825,42 505,28 M.Brancas 409,81 H.Pretos/pardos 285,38 M.Pretas/pardas Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) No Estado do Rio de Janeiro no ano 2000 o rendimento médio dos homens era 537,53 reais frente a 359,09 reais de rendimento das mulheres, mas esta média esconde a diferença salarial mais intensa que existe entre a população branca e preta ou parda. As mulheres pretas ou pardas contavam com um rendimento inferior ao salário mínimo (285,38) frente ao rendimento de 825,42 reais dos homens brancos (gráfico 4.6). Gráfico 4.7: População ocupada por posisão na ocupação segundo o sexo e a raça. Estado RJ. Ano 2000. 61,7 58,1 M.Pretas/pardas 30,8 33,6 21,7 39,1 31,8 5,7 12,4 10,8 H.Brancos 4 4,4 T.Dom estico H.Pretos/pardos 23,5 20,2 13,9 Em pregados/as M.Brancas 28,3 Conta própria Em pregador/a Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) 10 A distribuição diferenciada por posição na ocupação evidencia algumas dessas diferenças na qualidade do trabalho. Na categoria de pessoas ocupadas como empregadoras 61,7% eram homens brancos frente a 4% de mulheres pretas ou pardas e 10,8 % de homens pretos ou pardos. Por outro lado 58,1% das pessoas ocupadas no trabalho doméstico eram mulheres pretas ou pardas (gráfico 4.7). Tabela 4.8: Distribuição da população ocupada por o sexo segundo os grupos de ocupação. Estado RJ. Ano 2004. Mulheres Homens Grupos de Ocupação (%) (%) Dirigentes em geral Profissionais das ciências e das artes Técnico de nível médio Trabalhadores dos serviços administrativos Trabalhadores dos serviços Vendedores e prestadores de serviço do comercio Trabalhadores agrícolas Trabalhadores da produção de bens e serviços e da reparação e manutenção Ocupações mal definidas ou não declaradas Total 4,3 13,1 10,9 13,8 37,9 11,9 1,1 6,4 0,1 100 6,1 6,8 9,2 7,8 18,5 10,4 3,0 34,2 3,6 100 Fonte: Síntese de indicadores sociais 2005. IBGE A distribuição por grupo de ocupação mostra uma inferior presença feminina em cargos de comando. Em geral, as mulheres se encontram em ocupações de nível médio, serviços em geral, administrativos, ou no comércio (tabela 4.8). Esta situação evidencia que no mercado de trabalho, como ocorre no âmbito familiar, se reproduz a divisão dos papéis culturalmente estabelecidos para homens e mulheres. Gráfico 4.9: Distribuição da população total e ocupada que cuida de afazeres domésticos segundo o sexo. Estado RJ. Ano 2004. 72 63,2 36,8 28 Mulheres Hom ens População Total População Ocupada Fonte: Síntese de Indicadores sociais 2005 IBGE O encargo social, atribuído às mulheres, de realização dos afazeres domésticos e de cuidados da família não é descartado mesmo se as mulheres estão ocupadas no mercado de trabalho formal. A lenta incorporação da população masculina ao âmbito privado está repercutindo no que é considerado como a dupla jornada feminina. 11 Gráfico 4.10: Media de horas semanais gastas em afazeres domesticos da população total e ocupada segundo o sexo. Estado RJ. Ano 2004. 25,7 h. 22,2 h. 11,4 h. 12,2 h. Mulheres Hom ens População Total População Ocupada Fonte: Síntese de Indicadores sociais 2005 IBGE As mulheres dedicam o dobro de horas por semana do que os homens a afazeres domésticos. Esta situação pode estar impedindo o acesso das mulheres à promoção no trabalho, à educação continuada, assim como o afastamento da esfera pública entre outras implicações. 12 5. SAUDE 5.1. Saúde sexual e reprodutiva No Ano 2003 a taxa de natalidade para o Estado do Rio de Janeiro era de 15,5 nascidos vivos por cada mil habitantes, descendo assim o índice de fecundidade a 1,79 filhos por mulher. A razão de mortalidade materna era de 68 mulheres por cada 100.000 nascidos vivos e contabilizaram-se 229.286 partos por cesariana o que supõe quase a metade dos partos realizados (49,8%). Ambos os índices são muito altos em relação a valores admitidos pela Organização Mundial da Saúde1. Gráfico 5.1.1: Proporção de nascidos vivos por idade materna. Estado RJ. Ano 2003. 29,8 24,3 18,6 16,2 8,1 2,1 0,8 <14 0,1 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45 e m ais Fonte: Ministério da Saúde/ SVS- Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) A distribuição dos nascidos vivos no ano 2003 por idade da mãe (gráfico 5.1.1) mostra uma percentagem considerável de mães muito jovens, 18,6 % entre os 15 e 19 anos. Em geral, a idade média para a maternidade se situa entre os 20 e 24 anos. Gráfico 5.1.2: Taxa incidência de HIV/Aids por faixa etária segundo o sexo. Estado RJ. Ano 2004. (Casos por 100.000 habitantes). 60,9 60,8 44,3 33,5 Mulheres Hom ens 6,6 <1 3,9 9,5 10,5 1-4 13,3 7,4 6,3 5-12 4 6,4 3,3 13-19 20-39 40-59 60 e m ais Fonte: Ministério da Saúde/ SPS/ Coordenação Nacional de DST/Aids 1 O valor máximo de mortalidade materna admitida pela OMS é de 20 mulheres por cada 100.000 nascidos vivos e o índice de cesarianas se estabelece em 15%. 13 A taxa feminina de incidência de HIV/Aids era no ano 2004 de 25 casos por 100.000 habitantes frente à masculina de 37 casos. No gráfico 5.1.2 é relevante observar a maior incidência de HIV/Aids entre as mulheres de 20 a 39 anos de idade com uma taxa de 44,2 casos, idade de maior reprodução feminina. 5.2. Outros indicadores de saúde A esperança de vida ao nascer era em 2003 de 76,1 anos para as mulheres e de 67 anos para os homens. Existem notáveis diferenças por sexo tanto na mortalidade por grupos de idade (gráfico 5.2.1) como nas causas que provocam esta mortalidade (tabela 5.2.2). Gráfico 5.2.1 Mortalidade proporcional por grupos de idade segundo o sexo. Estado RJ. Ano 2003. 42,3 27,7 28,4 24 20 Hom ens 15,5 11,1 3,6 3,6 1,2 1,4 <1 ano 1-14 2,9 15-29 Mulheres 11,5 6,8 30-44 45-59 60-74 75 e m ais Fonte: Ministério de Saúde /SVS - Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM Assim como a mortalidade masculina se distribui de forma mais eqüitativa por todos os grupos de idade, a feminina se produz na faixa etária de 60 a 74 e sobretudo a partir dos 75 anos. A proporção entre os 15 e 29 anos mostra uma realidade de morte que afeta diretamente a população jovem masculina. Tabela 5.2.2: Mortalidade Proporcional por sexo segundo os grupos de causas.Estado RJ. Ano 2003. Mulheres Homens Tipo de causa % % Doenças infecciosas e parasitarias 5.4 5.7 Neoplasias (tumores) 17.4 14.0 Doenças do aparelho circulatório 36.0 28.6 Doenças no aparelho respiratório 13.4 11.2 Afecções originarias no período perinatal 2.4 2.4 (1) Causas externas 5.4 22.3 Demais causas definidas 20.0 15.8 Total 100 100 Fonte: Ministério de Saúde /SVS - Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM Acidentes de transporte, homicídios, suicídios e demais causas. (1) 14 Na tabela 5.2.2 se observa que as principais causas de morte feminina são as doenças do aparelho circulatório seguido das neoplasias. Além das doenças do aparelho circulatório as causas externas são as causas principais de morte masculina. Tanto as mulheres como os homens no Estado do Rio em 2003 tinham uma percepção boa ou muito boa de seu próprio estado de saúde. Os serviços mais procurados por ambos os sexos eram o posto ou o centro de saúde seguido do consultório particular e do ambulatório. Gráfico 5.2.3: Freqüência anual de consultas médicas segundo o sexo. Estado RJ. Ano 2003. 44,5 31 27 29,2 24,5 16,3 15,2 Mulheres Hom ens 8,9 2,3 Nenhum a 1 ou 2 3a5 6 a 12 1,1 13 e m ais Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003. Acesso e Utilização de Serviços de Saúde. Quanto à freqüência na utilização dos serviços de saúde, o gráfico 5.2.3 mostra as diferenças existentes entre o número de consultas realizadas por mulheres e homens. Assim 44,5% dos homens diante de 27% das mulheres no ano 2003 não realizou nenhuma consulta. Gráfico 5.2.4: Plano de Saúde por tipo de cobertura segundo o sexo. Estado do RJ. Ano 2003. 68,8 71,3 Mulheres 11,3 Sem cobertura Titular 16,8 19,9 11,9 Hom ens Dependente Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003. Acesso e Utilização de Serviços de Saúde. No ano 2003 70% da população residente não se encontrava coberta por um plano de saúde. A diferença por sexo se encontra no tipo de cobertura, em que as mulheres figuram em maior proporção que os homens como população dependente nos planos de saúde. (gráfico 5.2.4). 15 5.3. Indicadores de saneamento As condições e o tipo de infra-estrutura sanitária, como proveniência da água, escoamento do esgoto e destino do lixo, são indicadores que também permitem analisar o estado de saúde e a qualidade de vida da população. Gráfico 5.3.1: Domicílios por sexo e raça do chefe de família segundo o tipo de abastecimento de água. Estado RJ. Ano 2000. 2,1 9,8 1,3 8,2 88,1 90,5 2,4 14,6 1,9 12,8 83 85,3 outros poço ou nascente rede geral M.Pretas/pardas M.Brancas H.Pretos/pardos H.Brancos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) A rede geral de abastecimento de água chega em maior proporção a domicílios chefiados por mulheres brancas e são os domicílios chefiados por homens pretos ou pardos onde as condições de abastecimento de água são mais precárias; 17% destes domicílios não contavam com rede geral de abastecimento (gráfico 5.3.1). Gráfico 5.3.2: Domicílios por sexo e raça do chefe de família segundo o tipo de escoamento de esgoto. Estado do R.J. Ano 2000. 4,7 3,2 6,1 4,8 21,9 17,5 6,4 24,6 21,1 11,2 13 8,6 fossa rudim entar fossa septica vala, rio ou outro 62,2 72,9 M.Pretas/pardas M.Brancas 56,3 65,5 H.Pretos/pardos H.Brancos rede geral ou pluvial Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) O escoamento de esgoto por fossa rudimentar, vala, rio ou outro se produz em 19,1% dos domicílios chefiados por homens pretos ou pardos, em 15,9% chefiados por mulheres pretas ou pardas, 13,4% chefiados por homens brancos e 9,6% por mulheres brancas (gráfico 5.3.2). 16 Gráfico 5.3.3: Domicílios por sexo e raça do chefe de família segundo tipo de coleta de lixo. Estado RJ. Ano 2000. 7,5 10,2 3,5 6,7 10,4 9,4 6,2 7,5 80,2 86,3 outros 82,3 89,8 indiretam ente diretam ente M.Pretas/pardas M.Brancas H.Pretos/pardos H.Brancos Fonte: Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG-BR) Os domicílios chefiados por pessoas pretas ou pardas são aqueles em que a coleta não direta de lixo acontece em maior proporção (19,8 % dos domicílios chefiados por homens pretos ou pardos e 17,7 % chefiados por mulheres pretas ou pardas) gráfico 5.3.3. 17