1 Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Licenciatura em Física Cálculo do Elemento de Matriz de elétron – fônons Longitudinais Ópticos em Pontos Quânticos Semicondutores para o Potencial Parabólico Ana Virgínia Passos Abreu Anápolis, GO 2012 2 Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Licenciatura em Física Cálculo do Elemento de Matriz de elétron – fônons Longitudinais Ópticos em Pontos Quânticos Semicondutores para o Potencial Parabólico Ana Virgínia Passos Abreu Monografia apresentada à Banca Examinadora da Universidade Estadual de Goiás, Unidade de Anápolis como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciada em Física sob a orientação do Professor Dr. Solemar Silva Oliveira. Anápolis, GO 2012 3 Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Folha de Aprovação Autora: Ana Virgínia Passos Abreu Título: Cálculo do Elemento de Matriz de elétron – fônons Longitudinais Ópticos em Pontos Quânticos Semicondutores para o Potencial Parabólico. Natureza e objetivo do trabalho: O trabalho consiste no estudo de semicondutores na área da Física do Estado Sólido. O objetivo caracteriza o cálculo do elemento matriz de interação elétron – fônons onde o potencial é caracterizado pelo parabólico. Aprovada em Anápolis, 07 de Novembro de 2012. Anápolis, GO 2012 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força para chegar até aqui, e aos meus pais Darcy de Abreu Neto e Durcilene de Oliveira Passos pelo esforço e trabalho a mim dedicado. Foram eles que sempre estiveram ao meu lado, dando conselhos, ajudando e confiando, meu muito obrigado aos meus amados pais. Agradeço ao meu orientador Dr. Solemar Silva Olivera pelo apoio dedicado na realização deste trabalho, orientando e participando do crescimento do mesmo. E por fim, agradeço a todos os meus mestres que participaram deste crescimento durante os quatro anos desta jornada, professores guerreiros e altamente qualificados. A todos meu muito obrigada. 5 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois foi ele que meu forças para chegar até aqui. Em seguida, dedico aos meus pais Darcy de Abreu Neto e Durcilene de Oliveira Passos que lutaram e trabalharam para que eu pudesse conquistar meu espaço e a toda minha família que sempre esteve ao meu lado apoiando meus estudos. 6 “ A paciência é fundamental na vida; sem ela muita coisas não podem ser resolvidas e não possível ser feliz. A paciência nos leva à perfeição. Não devemos nos assustar com as provações da vida porque são elas exatamente que nos tornam pacientes” 7 Sumário Capítulo 1 – Introdução ......................................................................................................... 12 Capítulo 2 – Autofunção e Auto - energia ............................................................................ 17 Capítulo 3 – Efeito Polarônico na Densidade de Estados em Pontos Quânticos .............. 23 Capítulo 4 – Interação Elétron-Fônon .................................................................................. 27 Capítulo 5 – Resultados e Discussão ..................................................................................... 31 Capítulo 6 – Conclusões ......................................................................................................... 34 Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 35 8 Lista de Figuras 1.1 – Esquema de estrutua de baixa dimensionalidade. (a) material de Bulk (volume) (3D), (b) poço quântico (2D), (c) fio quântico (1D) e (d) ponto quântico (0D) ...................................... 01 1.2- Rede recíproca de GaAl e AlAs mostrando os pontos de alta simetria............................. 11 5.1- Comparação entre os resultados da densidade espectral do elétron acoplado com os fônons LO em um disco cilíndrico considerando dois níveis de energia (0,0,0) e (1,0,0) (curva sólida) com o resultado para quatro níveis de energia (0,0,0), (1,0,0), (0,1,0) e (1,1,0) (curva pontilhada). Considerando três valores de frequência de confinando ΩErro! Indicador não definido. 9 Resumo O seguinte trabalho consiste no estudo da densidade de estados, no qual Foi calculado o elemento de matriz interação elétron- fônons Longitudinais Ópticos que descreve os estados de energia. Inserimos as propriedades de um ponto quântico para a compreensão da estrutura cristalina. Analisamos o ponto quântico para uma geometria específica que caracteriza o potencial parabólico. Para o formalismo matemático foi utilizado o formalismo da função de Green para avaliar o espectro de energia e a densidade de estados na presença do efeito polarônico. Palavras chave: ponto quântico, polaron, arseneto de gálio e arseneto de gálio alumínio, Hamiltoniano de Frölich 10 Abstract The following work is a study of the density of states, which was calculated matrix element electron-phonon interaction Longitudinal Optical describing the energy states. Insert the properties of a quantum dot for understanding the crystal structure. We analyze the quantum dot to a specific geometry that characterizes the parabolic potential. For the mathematical formalism, we used the formalism of Green's function for evaluating the energy spectrum and density of states in the presence of polarônico effect. Keywords: quantum dot polaron, gallium arsenide and aluminum gallium arsenide, Frölich Hamiltonian 11 Capítulo 1 – Introdução As indústrias de tecnologia têm se beneficiado com os estudos na área de semicondutores que promovem a criação de dispositivos eletrônicos, optoeletrônicos e fotônicos. A explicação do funcionamento dessas estruturas permite a aplicação na construção de transistores, diodo retificador e diodo emissor de luz (LED), fotodetectores (fotodiodo, fototransistor) e Laser, nos quais são utilizados dia a dia melhorando a qualidade de vida das pessoas. Esaki e Tsu [1] iniciaram uma proposta para a criação de super-redes semicondutoras, visando à compreensão dos estados eletrônicos associados com super- redes, poços quânticos e heterojunções. As técnicas utilizadas para o crescimento desses cristais consiste na Epitaxia por Feixe Molecular (MBE) e Deposição de Vapor Químico Organometálico (MOCVD), no qual é produzido sistemas com camadas alternadas de dois semicondutores com controle sobre a espessura das camadas e interfaces abruptas entre elas. As estruturas obtidas pela diminuição das dimensões dos materiais semicondutores são chamadas de estrutura de baixa dimensionalidade [2]. Se uma das dimensões do cristal é reduzida à escala nanométrica obtemos uma estrutura bidimensional (2D) conhecida como ponto quântico. Para restrição em duas dimensões temos uma estrutura unidimensional (1D), o poço quântico. Quando as três dimensões do cristal é reduzida temos o zero- dimensional (0D) e então obtemos o ponto quântico [3]. A Figura 1 representa o esquema de estruturas de baixa dimensionalidade. Figura1.1 – Esquema de estrutura de baixa dimensionalidade. (a) material de Bulk (volume) (3D). (b) poço quântico (2D). (c) fio quântico (1D). (d) ponto quântico (0D) [3] 12 Quando num cristal, as dimensões espaciais são reduzidas a valores abaixo do comprimento de onda de De Broglie (≈ 10 nm) para o elétron, o confinamento resultante modifica fortemente o espectro de energia da estrutura, ou seja, modifica a sua densidade de estados, com relação ao material bulk, visto que a energia cinética da partícula passa a ter valores discretos permitidos na direção do confinamento. 1.1- Pontos Quânticos e suas Aplicações Como resultado do confinamento tridimensional obtemos um ponto quântico [4]. Esta estrutura apresenta propriedades eletrônicas que são influenciadas pela forma do tipo função-ᵟ da sua densidade de estados. Nos sistemas que apresentam um confinamento em três dimensões a estrutura de bandas de energia sofre uma mudança da forma de bandas contínuas para um conjunto de níveis discretos. Depois a obtenção do ponto quântico, reduzirmos ainda mais as suas três direções espaciais do ponto, os portadores de carga estarão submetidos a um confinamento ainda maior, causando um gap de energia [5]. No caso do ponto quântico, esse regime, torna a energia cinética dos portadores de carga (elétrons e buracos) quantizada e a banda de valência e a banda de condução, que antes eram representadas por uma faixa continua, desdobra-se num conjunto discretos de energia semelhantes aos níveis de energia de um átomo. Por esse motivo os pontos quânticos também são conhecido como átomos artificiais [6]. Para a produção de pontos quânticos podemos usar a Epitaxia por Feixe Molecular (Moleuclar Beam Epitaxy-BEM) e Deposição por Vapor Químico-Organometálico (MetalOrganic Chemical Vapour Deposition-MOCVD) [7, 8]. Para a confecção de pontos quânticos, é inicialmente, a produção de uma estrutura bidimensional, como um poço quântico fabricado a partir de epitaxia que controla precisamente a espessura do filme e em seguida a obtenção do confinamento lateral através da definição das bordas da estrutura. Faz-se um desenho geométrico para as laterais da estrutura da amostra, após o crescimento, através de litografia de alta resolução. Logo após, um ataque químico corrói a estrutura da amostra até a camada bidimensional produzindo a nanoestrutura desejada. Vários modelos são utilizados para calcular as propriedades Físicas dos pontos quânticos. Por exemplo: a determinação da estrutura eletrônica estudando as bandas de valência e a não-parabolicidade da banda de condução através de modelos multisubandas. 13 1.2 - Arseneto de Gálio e Arseneto de Gálio -Alumínio AlGaAs e GaAs são ligas ternárias e binárias formando um poço quântico, dando origem a heteroestrutura ( AlxGa1 x As / GaAs) onde a liga ternária forma a barreira e o material binário o poço quântico. Estas estruturas são utilizadas nas indústrias opto eletrônicas, verificando inúmeros fenômenos quânticos como a formação de níveis discretos de energia em poços quânticos, estruturas de bandas, fenômenos de tunelamento quântico, investigação de modos de fônons confinados e de interfaces e outros fenômenos quânticos. A formação de poços quânticos se deve ao crescimento de materiais semicondutores com energia de gap diferente entre si, onde o material de gap menor é intercalado entre o de gap maior. Os portadores de carga nos poços quânticos são quantizados na direção z, tendo o movimento livre em (x-y). Um exemplo é a formação de super-redes QWs, que são formadas por uma sequência de poços quânticos. Super-redes são criadas fazendo-se o crescimento alternado e periódico de dois semicondutores de gaps de energia distintos. Arseneto de gálio (GaAs) e arseneto alumínio (AlAs) cristalizam-se na estrutura blenda de zinco (zinc-blend). Essa estrutura consiste de duas redes cúbicas de faces centradas interpenetradas e deslocadas entre si por um quarto da diagonal principal do cubo. A rede recíproca da rede cúbica de face centrada é uma rede cúbica de corpo centrado. A Figura 1.2 mostra a primeira zona de Brillouin da rede recíproca como um octaedro truncado. 14 Figura 1.2 – Rede recíproca de GaAl e AlAs mostrando os pontos de alta simetria. Todos os átomos que compõem uma rede cristalina oscilam em relação a uma posição de equilíbrio. Essas oscilações são quantizadas e o quantum da oscilação é denominado fônon. 1.3 - Interação Elétron-Fônon O fônon é gerado através das oscilações dos átomos que constituem uma rede cristalina em torno de uma posição de equilíbrio devido à agitação térmica. Se a frequência de oscilação de um fônon for q , onde q é o vetor de onda. São estudados dois modos de oscilação: óticos e acústicos, que podem se dividir em longitudinais e transversais. Os fônons, cujas frequências satisfazem uma relação de dispersão acústica são chamados de fônons acústicos e os que satisfazem uma relação de dispersão óptica recebem o nome de fônons ópticos [9]. Neste trabalho o estudo será restrito aos fônons longitudinais ópticos e sua interação com os átomos. A intensidade da interação elétron – fônon LO é medida por meio da constante adimensional α, ou constante de Frölich, como 1 2 1 1 2 LO 2m * LO 0 e² Onde e é a carga do elétron, 0 são constantes dielétricas do material semicondutor para altas e baixas frequências, m* é a massa especifica de banda do elétron, LO é a energia do 15 fônon LO. Podemos definira constante de Frölich como “número de fônons que envolvem um elétron que se move lentamente num cristal” [13]. A maioria dos pontos quânticos semicondutores são produzidos usando materiais semicondutores III-V polares onde a interação elétron-fônon longitudinal óptico (LO) é considerada importante. Em semicondutores III-V, o acoplamento elétron- fônon (LO) é considerado como um acoplamento fraco devido ao fato que a constante do acoplamento elétron – fônon LO é pequena α << 1. No seguinte trabalho realizamos um estudo da função de onda para um potencial de acoplamento parabólico em três dimensões e calculamos o elemento de matriz da interação elétron-fônon, útil para a determinação da densidade de estados eletrônica de um elétron acoplado com fônons longitudinais ópticos presentes em um ponto quântico semicondutor composto de GaAs-AlGaAs. No segundo capítulo introduzimos o formalismo da mecânica quântica analisando o potencial de confinamento parabólico nas três direções e determinamos as autofunções e autoenergias para o potencial proposto. No terceiro capítulo o formalismo da função de Green que pretende obter a densidade de estados eletrônica. No quarto capitulo apresentamos o hamiltoniano que descreve a interação elétronfônon LO, Hamiltoniano de Fröhlich. Calculamos essa interação por meio do elemento de matriz da interação elétron-fônon LO. Os resultados analisados do estudo dos níveis de energia e da densidade de estados de um elétron acoplado como os fônons LO foram discutidos no capítulo cinco impondo o método matemático conhecido como função de Green. 16 Capítulo 2 – Autofunção e Auto - energia 2.1 – Introdução Em 1926 a física quântica ganha uma nova etapa com o trabalho do físico austroalemão Erwin Schrödinger que com as ideias do trabalho desenvolvido por de De Broglie desenvolveu uma teoria que abriu as portas da física moderna. Ele formulou uma equação que descreve como as ondas materiais mudam sob a influência de forças externas. As ondas materiais na equação de Schorödinger são entidades matemáticas não observáveis, no qual a equação nos fornece um modelo puramente matemático. Na equação de Schrödinger a “onda” é a amplitude de onda, que é imaterial – entidade matemática chamada de função de onda, representada pelo símbolo ψ (letra grega psi). A função de onda representa a possibilidade de encontrar um elétron em uma determinada região, ela não fornece a posição exata, mas sim a probabilidade. Para calcular a posição provável deve-se multiplicar a função de onda por si mesma ( ² ), produzindo uma segunda entidade matemática chamada de função densidade de probabilidade, que nos dá a probabilidade por unidade de volume,num determinado instante de tempo, de cada uma das possibilidades representadas por ψ. A partícula se movimentando em uma direção de massa não relativística m e sob a ação de um potencial V(x) tem a seguinte característica: ² d² V ( x) E 2m dx ² (2.1) No caso do movimento em três dimensões, temos: ² ² ² ² V ( x, y, z ) E 2m x² y ² z ² ou onde ² ² ² V ( x, y, z ) E , 2m ² ² ² é o operador Laplaciano e x ² y ² z ² quadrado que é ² (2.2) ² é a constante de Planck ao h . 2 A equação de Shrödinger independente do tempo pode ser escrita como H E (2.3) 17 onde H é o operador hamiltoniano do sistema que é representado por H ² ² V ( x, y, z ) . 2m (2.4) O primeiro termo da equação (2.4) é associado à energia cinética e o segundo representa o potencial de confinamento. As autofunções são quantidades complexas que descrevem um estado quântico. Para que a autofunção ψ seja fisicamente aceitável, solução válida para a equação de Shröedinger independente do tempo, ela deve ser: finita, unívoca e contínua. 2.2 – Modelo Teórico e Estrutura Eletrônica dos Pontos Quânticos Vamos definir o potencial de confinamento para os pontos quânticos semicondutores como V ( x, y, z ) V ( x, y) V ( z) . (2.5) Onde os termos V ( x, y) e V ( z ) são os potenciais de confinamento no plano x-y na direção z respectivamente. O potencial de confinamento no plano x-y-z é a combinação de três potenciais parabólicos, em cada direção dados por V ( x, y, z ) 1 * 2 1 1 m x x² m*y2 y ² m*z2 z ² 2 2 2 (2.6) onde m* é a massa efetiva do elétron na banda de condução no semicondutor e as frequências de confinamento possuem si a relação y x sendo σ uma constante. O potencial V ( z ) é considerado como sendo um poço simples finito ou dois poços acoplados correspondendo um poço quântico simples (SQD) ou dois pontos quânticos acoplados (CQD). Neste trabalho será estudado o potencial parabólico em três direções. As frequências de confinamento são representadas por x y z e o potencial representado por (2.6) torna-se: V ( x, y , z ) 1 m * ²( x ² y ² z ²) 2 18 2.3 – Auto –Energia O Hamiltoniano do elétron confinado em um ponto quântico será representado por Ho p² V ( x, y , z ) 2m * (2.7) onde p ( px , p y , pz ) é o momento linear tridimensional do elétron. Os níveis de energia, do confinamento quântico são: com nx , ny , nz 0,1, 2... Enx ,ny ,nz Enx Eny Enz 1 1 1 Enx ,ny ,nz nx x ny y nz z . 2 2 2 (2.8) 1 Se considerarmos En n podemos concluir que o espectro de energia do oscilador 2 harmônico simples é discreto, sendo seu menor valor de sua energia igual a 1 , quando n = 2 0. Tal valor é conhecido como energia do ponto zero do oscilador harmônico ou energia fundamental do oscilador. Considerando as frequências em três direções iguais de confinamento vamos ter x y z , a equação (2.8) torna-se: 3 Enx ,ny ,nz nx ny nz . 2 (2.9) Tal equação representa a auto – energia de um elétron confinado em um potencial parabólico e isotrópico (igual nas três direções). O espectro de energia que descreve este potencial é o oscilador harmônico simples. 2.4 – Autofunção 1 Para cada autovalor de energia, En n , existe uma autofunção ni (i) 2 correspondente. O cálculo para encontrar a função de onda exigida é demonstrado a seguir, em seguida será feita a normalização para o cálculo do Hamiltoniano. O cálculo considerado caracteriza o potencial parabólico em três dimensões (3D) para o oscilador harmônico, consistindo em: 19 Fazendo uso da equação (2.6) para o potencial parabólico em três dimensões e considerando as frequências e a constante da mola iguais, temos: V ( x, y , z ) 1 m * ²( x ² y ² z ²) 2 (2.6) Substituindo (2.6) na equação de Schröedinger independente do tempo ² 1 2x 2y 2z ( x, y, z ) m * ²( x² y ² z ²) ( x, y, z) E ( x, y, z ) 2m 2 onde 2x (2.10) ² . x ² Usando separação de variáveis, obtemos: ( x, y, z) X ( x).Y ( y).Z ( z) . (2.11) Substituindo (2.11) em (2.10) temos: 1 1 ² d²X 1 ² d ²Y 1 ² d ²Z 1 1 x² y ² z ² Ex E y Ez X 2m dx² 2 Y 2m dy ² 2 Z 2m dz ² 2 (2.12) Devido à forma quadrática do potencial, este sistema só apresenta estados ligados, ou seja, estados em que a partícula se encontra confinada em uma região. Qualquer que seja E existe uma região dada x 2E e V ( x) E que é classicamente proibida. m² Resolvendo para x , y e z obtemos: 2 d ² ( x) 2mE m x ² ( x) 0 dx ² ² (2.13) 2 d ² ( y ) 2mE m y ² ( y ) 0 dy ² ² (2.14) 2 d ² ( z ) 2mE m z ² ( z ) 0 dz ² ² (2.15) 20 onde: x2 m m m x ² , y2 y ² e z2 z² . ² ² ² Expandindo em série de potências, ficamos com: n ( ) e 2 2 2 H n ( ) (2.16) Para que n ( ) seja uma função bem comportada, ela deve ser contínua em todo espaço de definição e finita para os valores extremos da variável e deve ser normalizável. Multiplicando a autofunção por uma constante de normalização obtemos. n ( ) Ae 2 2 2 H n ( ) (2.17) Normalizando a função de onda correspondente para calcular o Hamiltoniano, temos: e H n2i ( )d 1 . A 2 n (i) dx 1 i 2 (2.18) Onde i i . Utilizaremos a propriedade dos polinômios de Hermite para resolver (2.18), representada por H n ( ).H n ( )e d 2n n! 2 (2.19) Depois de normalizada a função, temos o valor da constante de normalização: 1 2 i Ani ni 2 ni ! (2.20) Conclusão dos cálculos adquiridos é igual a: 1 2 2x x x nx ( x) H nx ( ) e nx 2 nx ! 2 2 (2.21) 1 2 y y y ny ( y ) e 2 H ny ( ) 2n y n ! y 2 2 (2.22) 1 2 2z z z nz ( z ) H nz ( ) e nz 2 nz ! 2 2 (2.23) 21 Com nx , ny , nz 0,1, 2... e H ni (i) são os polinômios de Hermite. A função de onda do elétron obtida na equação de autovalor H E , fica n ,n ,n ( x, y, z) n ( x). n ( y). n ( z) x y z x y (2.24) z Fazendo a substituição de (2.21), (2.22) e (2.23) em (2.24), ficamos com: x nx ,ny ,nz ( x, y, z ) nx 2 nx ! 1 2 1 (2.25) 1 1 2 2 y x2 y2 z2 z 2 H ( x ) H ( y ) H ( z ) e ny y nz z 2ny n ! 2nz nz ! nx x y A equação (2.25) é autofunção para o confinamento do potencial parabólico. 22 Capítulo 3 – Efeito Polarônico na Densidade de Estados em Pontos Quânticos 3.1 – Introdução O método da função de Green (formalismo matemático), neste trabalho, tem com objetivo de estudar a modificação de energia na densidade de estados de um elétron acoplado com os fônons LO em um ponto quântico. Descrevemos um ponto quântico teoricamente por três potenciais parabólicos, com diferentes confinamentos nas direções x, y e z. Na literatura, a densidade de estados (ou função densidade espectral) do polaron (acoplamento elétron – fônon LO) em pontos quânticos obtida pelo método da função de Green, é uma função contínua em relação à energia, para uma temperatura finita [12]. O tratamento da densidade de estados utilizando a função de Green resulta em um espectro composto por uma série de funções de delta de Dirac. 3.2 – O método da função de Green Este é um dos métodos para o cálculo da função espectral do elétron confinado no ponto quântico e interagindo com o sistema de fônons. A função espectral Ai ( E ) Para um determinado nível de energia e pode ser escrita da seguinte forma Ai ( E ) Im E Ei ( E ) i 1 1 (3.1) Ou Ai ( E ) onde o termo (E) Im ( E ) 1 i 2 E Ei Re ( E ) Im ( E ) i i 2 (3.2) é a auto – energia do elétron e Ei é a energia do i-ésimo nível de i energia. A auto-energia do elétron depende da densidade espectral, o que nos fornece um cálculo auto-consistente para obtermos duas funções. Para a inclusão dos fônons LO, a auto-energia pode ser escrita como: 23 2 N q 1 nF ( s ) N q nF ( s ) dsAj ( s) E LO s i E LO s i ( E ) M ij i i q j (3.3) onde i e j indicam os índices dos níveis do elétron no ponto quântico, LO é a frequência do fônon com vetor de onda q,N q é a função de distribuição dos bósons dada pela expressão Nq 1 e nF ( s ) 1 LO k BT e nF ( s) é a função de distribuição de férmions dada por 1 . e s k BT 1 Fazendo auto – energia adimensional em termos da energia do fônon LO ( LO ) temos a expressão (E) i 1 LO 2 N 1 nF ( s ) N nF ( s ) dsAj ( E ) q q M qij E 1 s i E 1 s i q 2 j ( E ) Im ( E ) Re ( E ) i i (3.4) i Onde M ij q 2 V ( q) q 2 2 i ei q. r j q V ( q) V (2 )³ 2 2 i ei q. r j LO Sij 2 ² dqx dq y dqz 2 (3.5) e rp q² Sij 2 ie i q. r j dqx dq y dqz . (3.6) A equação acima é a integral adimensional do quadrado do elemento matriz, que será calculado no capítulo 4. A expressão (3.4) podes ser escrita como: ( E ) 2 ² i j E 1 s E 1 s dsAj ( E ) N q nF ( s ) i ( N q 1 nF ( s ) i Sij ( E 1 s)² ² ( E 1 s)² ² ( E 1 s)² ² ( E 1 s)² ² (3.7) 24 Separando a parte real e imaginária temos, utilizando o método de Kramers- Kroning, a seguinte expressão para parte imaginária da auto – energia, onde fizemos o limite 0 Im ( E ) N q nF ( E 1) Aj ( E 1) N q 1 nF ( E 1) Aj ( E 1) C Sij (3.8) i com C j . 2 ² A parte real da auto – energia, depois de alguns arranjos e fazendo também 0 pode ser escrita como 1 1 Re ( E ) dsAj ( E ) N q nF ( s) N q 1 nF ( s ) Sij . (3.9) E 1 s E 1 s 2 ² i j Fazendo a seguinte transformação de variáveis: na primeira integral s E 1 e na segunda s E 1 , e rearranjado os termos temos: Re ( E ) i 1 0 N q nF ( E 1 ) Aj ( E 1 ) j N q 1 nF ( E 1 ) Aj ( E 1 ) C Sij (3.10) N q nF ( E 1 ) Aj ( E 1 ) j N q 1 nF ( E 1 ) Aj ( E 1 ) C Sij d Observe que N q nF ( E 1 ) Aj ( E 1 ) N q 1 nF ( E 1 ) Aj ( E 1 ) C Im ( E ) j i (3.11) N q nF ( E 1 ) Aj ( E 1 ) N q 1 nF ( E 1 ) Aj ( E 1 ) C Im ( E ) j i (3.12) Substituindo (4.11) e (4.12) em (4.10) temos Re ( E ) i 1 0 d Im ( E ) Im ( E ) i i (3.13) Resolvendo os cálculos da auto – energia, aproximamos a função espectral por uma função delta, que é a forma da densidade de estados eletrônica em um ponto quântico. Então fazemos uso da expressão 25 Ai ( E ) ( E Ei ) ( E Ei )² ² 1 (3.14) No limite 0 a expressão acima é uma delta de Dirac. Ajustamos a constante para nos fornecer um bom chute inicial para os cálculos. Utilizamos esta expressão para obter a auto – energia e através de cálculos auto-consistentes obtermos a função espectral renormalizada que inclui a interação elétron- fônon LO. 26 Capítulo 4 – Interação Elétron-Fônon 4.1 – Introdução A física do estado sólido começou seu desenvolvimento em 1930, instigando o problema que trata do movimento de um elétron presente em um cristal iônico. O interesse pelo estudo da física do sólido teve duas justificativas: a primeira se refere à importância de suas aplicações na Física de semicondutores. A segunda, é que possibilita um padrão simplificado de uma partícula interagindo com as vibrações da rede, e serve como teste fundamental para novos modelos [7]. As estruturas mais estudadas são os elementos III-V e II-VI da tabela periódica que são fracamente polares. Citando como exemplos os poços quânticos e heterojunções de AlGaAs-GaAs e MOS de InSb. Nestes materiais os elétrons polarizam a rede e o acoplamento do elétron com o campo de polarização auto-induzido dos fônons longitudinais ópticos (LO) chama-se polaron [10]. Em 1962 H. Fröhlich publicou seu trabalho “Introdução à Teoria do Polaron” que consistia na dedução da interação elétron – fônon, que recebeu o nome de Hamiltoniano de Fröhlich em sua homenagem. Seu trabalho determinava o espalhamento e a auto – energia de elétrons em cristais iônicos e também introduziu o conceito de campo de polarização. 4.2 – Hamiltoniano de Fröhlich O Hamiltoniano de um elétron interagindo com o sistema de fônons (LO) tridimensionais do bulk, ou Hamiltoniano de Fröhlich, pode ser escrito como: H ef V (q) bq eiq.r b q eiq.r (4.1) q onde bq e b†q são os operadores de destruição e criação de fônons respectivamente, r é o vetor posição do elétron, q denota o vetor de onda dos fônons e o termo V(q) é o potencial da interação elétron-fônon, cuja expressão para os modos de fônons longitudinais ópticos (LO) [11]. 27 V (q) LO 2m * LO onde 1 4 q 2Vol 4 (4.2) LO é a energia do fônon LO, Vol é o volume do material semicondutor e α é a constante de acoplamento da interação elétron – fônon LO, ou simplesmente de Fröhlich, sendo dada pela expressão: 1 e2 m * 2 1 1 . 2 LO 0 (4.3) Substituindo (3.2) em (3.1), e reorganizando os cálculos obtemos o seguinte Hamiltoniano: H eq q onde M 0 M 0 ei q . r bq b†q Vol q (4.4) LO ² . 1 2m * 2 4 A interação Coulumbiana de um elétron com os íons de um cristal iônico produz uma polarização. Esta polarização institui um potencial ao redor do elétron, que fica aprisionado neste potencial. O Hamiltoniano de Fröhlich trata deste efeito. Nos cálculos apresentados usamos a expressão do Hamiltoniano de Fröhlich para fônons tridimensionais em um potencial parabólico e utilizamos as propriedades de um ponto quântico quando usamos a função de onda para calcular o elemento de matriz da interação elétron – fônon LO. 4.3 – Elemento de matriz interação elétron-fônon LO O acoplamento do elétron com os fônons é medido pelo elemento de matriz da interação elétron – fônon, dado por M ij V (q) i eiq.r j V (q) nx ny nz eiq.r nx' n'y nz' (4.5) onde V(q) é o potencial de interação elétron – fônon LO. Podemos reescrever o elemento de matriz da interação elétron – fônon utilizando a notação de Dirac 28 M nx n y nz ,n' n' n' nx eiqx x nx' x y z ny e iq y y nz eiqz z nz' n 'y (4.6) Representamos as expressões analíticas para as integrais em x, y e z. Para isso utilizamos x , y e z para adimensionalizar as quantidades x, y, z e q da equação (4.6). Utilizamos algumas transformações de variáveis, na integral de em x temos: x x e d x dx Finalizando o cálculo proposto obtemos o resultado da integral para o potencial parabólico da seguinte forma: Em x: 1 1 M n n' nx eiqx x nx' x x 2 2 iqx x * 2 x x d n e e H nx ( ) H n' ( ) ' n ' x x x x 2 nx ! 2 nx ! (4.7) Realizando alguns cálculos obtemos: nx nx n' ' q2 iq1 x Lnnx' nx 1 , nx' nx 2 nx ! x 2 2 n n' nx ' iq1 x x nx nx' q12 Lnx , nx nx' 2 nx ! 2 2 ' M n n' ( q1 ) nx eiqx x nx' x x Onde q1 e 2 nx q2 1 4 nx' ' x nx !2 n ! 1 2 (4.8) qx x Fazendo o mesmo para em y, temos n y n y 2 n' n' n q iq2 y Lny' y 2 , n 'y n y 2 n y ! y 2 2 n n' n y ' iq2 y y n y n'y q22 Ln y , n y n 'y 2 n y ! 2 2 ' M n n' ( q2 ) n y e y y onde q2 qy y iq y y n 'y e 2 ny q2 2 4 n 'y ' y n y !2 n ! 1 2 (4.9) . Novamente, para z, temos 29 nz nz ' ' q2 iq3 nz Lnnz' nz 3 , nz' nz 2 nz ! z 2 2 n n' nz ' iq3 z z nz nz' q32 Lnz , nz nz' 2 nz ! 2 2 ' M n n' ( q3 ) nz e z z onde q3 qz z iqz z n ' z e 2 nz q32 4 nz' ' z nz !2 n ! 1 2 (4.10) . Para o caso das frequências de confinamento x y z as equações acima tornam-se mais simples, trocando apenas x , y e z . A partir de (4.5) podemos calcular o elemento de matriz da interação elétron-fônon LO e utilizá-lo para determinar os efeitos deste acoplamento para a densidade de estados e autoenergia. 30 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Como exemplo do método da função de nós cálculos apresentados foram analisados para dois e quatro níveis de energia eletrônicos. Considerando o potencial isotrópico, x y z nas três direções, podemos a densidade de estados de um ponto quântico considerando os níveis (0, 0, 0), (0, 1, 0), (1, 0, 0) e (1, 1, 0). A figura 5.1 mostra os resultados da densidade espectral para os dois primeiros níveis de energia do disco cilíndrico (curva sólida) comparados com o resultado da densidade espectral quando incluímos mais dois níveis de energia (curva pontilhada). A inclusão de mais níveis de energia deve renormalizar os níveis mais baixos. Em suma os efeitos qualitativos são pequenos, o que nos permite tratar o sistema com apenas dois níveis sem grande perda de generalidade. Os cálculos foram realizados a uma temperatura de 100K. 31 GaAs T=T0/4 A1,2(E) A3(E) Ai(E) A0(E) =1.2 =1.0 =0.8 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 E Figura 5.1: Comparação entre os resultados da densidade espectral do elétron acoplado com os fônons LO em um disco cilíndrico considerando dois níveis de energia (0,0,0) e (1,0,0) (curva sólida) com o resultado para quatro níveis de energia (0,0,0), (1,0,0), (0,1,0) e (1,1,0) (curva pontilhada). Considerando três valores da frequência de confinamento Ω. 32 Consideramos o confinamento parabólico com diferentes frequências de confinamento nestas duas direções. Consideramos x variando de 0,8 a 1,2 (os valores são adimensionais em termos da frequência dos fônons LO). Os picos da densidade espectral possuem uma largura diferente de zero, significando a representação das funções delta de Dirac. Na presença da interação elétron- fônon LO os níveis de energia eletrônicos são deslocados para energias mais baixas (estado fundamental) ou mais altas (primeiro estado excitado). 33 Capítulo 6 – Conclusões Como proposto fizemos o cálculo do elemento de matriz da interação elétron-fônon LO para um ponto quântico semicondutor composto de GaAs-AlGaAs com uma geometria parabólica em três dimensões. O empenho matemático é interessante para determinar a autoenergia no formalismo da função de Green útil para determinação da densidade de estados de elétrons nesse sistema. Fizemos uma aplicação como exemplo em ponto quântico esférico considerando dois e quatro níveis de energia eletrônicos. Foi utilizada a função de Green, um método complexo, que permite calcular a interação elétron-fônon com a auto-energia calculada autoconsistentemente para renormalizar a densidade espectral. Neste sistema calculamos a densidade espectral (densidade de estados). Comparamos os resultados e concluímos que utilizando o modelo da função de Green a renormalização dos dois níveis de energia mais baixo pelos níveis mais altos não sofre grandes modificações qualitativas. 34 Referências Bibliográficas 1. ESAKI, L. E TSU, R. IBM Res. Note. RC – 2418 2. R.V.T. Aspectos de modelagem numéricas de transistores de fios quânticos. Dissertação de mestrado, USP (2010). 3. LELLO DI, B.C. Síntese de pós de nitreto de gálio por reação gás – sólido utilizando carbono como agente redutor.Tese de Doutorado, PUC-RJ (2002). 4. BINBERG,D; IEDENTSOV, N. N. Quantum Dot Heteroestructures. 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