O R D E M D O S E N F E R M E I R O S Dados preliminares acerca da imigração de enfermeiros em Portugal Setembro 2007 A Ordem dos Enfermeiros (OE) inspirada no tema da Presidência Portuguesa da União Europeia (UE) realizou um inquérito para analisar as características socioprofissionais dos enfermeiros estrangeiros a trabalhar em Portugal. A recolha de informação foi efectuada durante os meses de Julho e Agosto de 2007 e o estudo estará disponível no final do ano. Dada a pertinência de alguma da informação já trabalhada decidimos apresentar alguns dos dados preliminares. A população de enfermeiros estrangeiros a trabalhar em Portugal é de 2223 indivíduos, a maior parte do sexo feminino, um factor facilmente explicado pelo contexto histórico da profissão. Género Total Feminino 1682 Masculino 541 Total 2223 A população de enfermeiros estrangeiros é muito jovem, cerca de 75% têm idades que variam entre os 21-35 anos. Comparando com dados semelhantes do Instituto Nacional de Estatística (INE 2005) apenas 36% dos imigrantes a viverem em Portugal se encontram nessa faixa etária. Nacionalidade F Espanhola 1068 419 1487 Brasileira 165 21 186 Angolana 58 13 71 Francesa 64 7 71 Guineense 35 22 57 Alemã 30 10 40 Moldava 30 7 37 Britânica 34 2 36 Ucraniana 28 7 35 Peruana 22 4 26 M Total Quanto à distribuição por nacionalidade, os enfermeiros espanhóis constituem a maioria dos enfermeiros estrangeiros (66%) registados na OE. Por essa razão, moldam os nossos dados. Enfermeiros estrangeiros em Portugal Número de Enfermeiros 3000 2500 2000 1500 1000 500 Analisando a evolução número de enfermeiros estrangeiros registados em Portugal verifica-se um aumento significativo (cerca de quatro vezes) de 2000 para 2004. Desde aí, o número estabilizou e é perceptível uma ligeira tendência para o declínio. 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos Segundo os dados recolhidos, o tempo médio que um enfermeiro trabalha em Portugal é cerca de dois anos e três meses, sendo o período mais curto verificado de um mês. O inquérito foi enviado a todos os enfermeiros estrangeiros registados em Portugal. Foram recebidas 276 respostas dentro do prazo estabelecido, o que representa 12% da população analisada. Dpt. of Gabinete Affairs de International RF /Internacionais TG/ AM Relações RF / TG/ AM September 2007 Setembro 2007 [email protected] [email protected] www.ordemenfermeiros.pt www.ordemenfermeiros.pt Avenida Almirante Gago Coutinho, 75 1700-028 Lisboa Portugal 1/4 O R D E M D O S E N F E R M E I R O S As razões que levam à emigração Quando questionados acerca das razões que os levaram a vir para Portugal, o desemprego no país de origem e a aquisição de experiência profissional foram as principais respostas dadas. Melhores Condições de Trabalho (salário, Carreira) Aquisição de Experiência Profissional 100 90 Reunificação Familiar 80 Desemprego no país de Origem 70 Melhor Qualiade de Vida 60 Desejo de emigrar 50 Gostar de Portugal 40 Outras razões 30 20 10 Se estes dados forem cruzados, podemos verificar que os enfermeiros espanhóis são quem mais aponta estas duas razões (representam 86% das pessoas que indicam estes motivos) mas, são responsáveis por apenas 12% dos que referem a existência de outras razões. 0 Também perguntámos se estavam satisfeitos com a decisão de vir para Portugal e 86% responderam positivamente. Mas o que os leva a ficar? A estabilidade profissional, a vontade de ficar e sentimentos positivos sobre Portugal parecem ser as principais razões que fazem com que permaneçam em Portugal. É interessante reparar que as duas principais razões por detrás da emigração (aquisição de experiência profissional e desemprego no seu País) já não surgem como principais motivos. É também importante verificar o aparecimento de uma nova variável – a estabilidade pessoal ou familiar. De facto, quase 50% dos enfermeiros migrantes são casados, sendo que 52% são casados com cidadãos portugueses. Mesmo considerando que a maior parte são espanhóis, apenas 12% são casados com cidadãos dessa nacionalidade. Descendentes Descendents Mais de metade dos participantes neste estudo (55%) ainda não têm filhos, sendo que a maioria dos restantes afirma ter um ou dois filhos Apesar disso, mais de 15% dos inquiridos (e que têm filhos) afirmam ter três ou mais descendentes. 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 Número de filhos Number Gabinete de Relações Internacionais RF / TG/ AM Setembro 2007 [email protected] www.ordemenfermeiros.pt 2/4 O R D E M D O S E 20% 18% 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% Fazer um empréstimo F E R M E I R O S Um em cada cinco enfermeiros já sentiu dificuldade para contrair um empréstimo, arrendar ou comprar casa. Aceder ao sistema de saúde parece ser mais fácil, mas estando a analisar dados relativos a profissionais de saúde, é possível que não sejam idênticos aos registados para população imigrante em geral. Dificuldades encontradas devido a não ser cidadão nacional Arrendar ou comprar uma casa N Aceder ao sistema de saúde Alguns exemplos de dificuldades relatadas são: “O preço da renda aumenta quando ouvem uma pronúncia estrangeira”, “os bancos pedem um fiador português” e “ainda não tenho cartão de utente”. Quando questionados se se sentiam discriminados no campo profissional, os números aumentam. 25% dos inquiridos referem já ter sentido discriminação por parte dos doentes e 28% admitem terem-se sentido discriminados por outros profissionais de saúde. Discriminação por parte dos doentes 11% Discriminação por parte dos Profissionais de Saúde 6% Sim 8% 19% 13% <= 2 vezes 34% <= 10 vezes 8% > 10 vezes 41% 41% Frequentem ente 19% Como podemos observar, a discriminação por parte de colegas de trabalho (27% afirmam tê-lo sentido mais de dez vezes ou frequentemente) tende a ocorrer mais vezes e de forma mais repetida. Esta situação pode ser explicada com a proximidade existente entre os profissionais. No que se refere às dificuldades sentidas pelos enfermeiros, podemos constatar que as percentagens são reduzidas em todas os tópicos. Dificuldades de hábitos Dif. adaptação ao clima Dif. adaptação à comida 20 18 16 14 Problemas de saúde Alcoolismo Tabagismo Doenças crónicas 12 A adaptação ao clima e à alimentação apenas representa um problema para 13% dos inquiridos. Apesar disso, 19% referem a existência de doenças graves ou crónicas. 10 8 6 4 2 0 Gabinete de Relações Internacionais RF / TG/ AM Setembro 2007 3/4 [email protected] www.ordemenfermeiros.pt O R D E M D O S E N F E R M E I R O S No que respeita aos acidentes de trabalho, encontramos dados preocupantes. Praticamente um em cada três enfermeiros já sofreu pelo menos um acidente profissional. Acidentes Profissionais Sim 28% Questionados acerca do tipo de acidente, mais de 73% referem a ocorrência de Não picadas com agulhas e os restantes referem 72% problemas musculares ou esqueléticos e episódios de violência por parte dos doentes. É interessante verificar que dois terços dos enfermeiros estrangeiros consideram existir diferenças consideráveis entre a prática de enfermagem em Portugal em relação com o seu país de origem. Percepção das diferenças entre a prática profissional em Portugal e no país de origem não 34% sim 66% Esta informação é importante para a análise do tempo que cada enfermeiro passou em actividades de integração profissional. Tempo de integração a um novo serviço 8% 9% 8% 23% 13% 39% Não teve <= 1 semana <= 2 semanas <= 1 mês <= 3 meses Podemos observar que 69% dos inquiridos afirmam ter tido um mês ou menos de integração profissional. De realçar é o facto que mais de 86% consideraram este período suficiente para as suas necessidades. > 3 meses Se questionados acerca das dificuldades de adaptação aos termos técnicos da enfermagem portuguesa, 35% referem ter sentido dificuldades, sendo que 11% admitem que ainda actualmente as sentem. Por essa razão, mais de 47% afirmam ter frequentado formação em língua portuguesa. Entre os profissionais que dizem não ter tido aprendizagem linguística, mais de 37% assumem que isso influenciou a sua prática profissional 1 . Tenciona deixar o País e Quando? Finalmente, 38% afirmam querer sair de Portugal, sendo que 56% afirmam pretender fazê-lo nos próximos cinco anos. NÃO SIM, sem data dentro 1 mês dentro 3 meses 1 <= 5 anos 28% 18% Gabinete de Relações Internacionais dentro 1 ano 36% 16% Os migrantes dos países de língua oficial portuguesa foram excluídos deste tópico. RF / TG/ AM Setembro 2007 [email protected] www.ordemenfermeiros.pt 4/4