revista ANO 01 | Nº 01 | 2015 Qualidade na educação PNAIC, Prova Brasil e Ideb e o desafio da melhoria do ensino nas escolas públicas Cultura digital Sem bullying Livro regional A tecnologia pode mudar a dinâmica do aprendizado na escola Como o professor pode ajudar a identificar e combater o problema Maneiras criativas de trabalhar as questões locais com os alunos Atualização profissional 3 Apresentação CONHEÇA O LIVRO VENCEDOR DO PRÊMIO JABUTI 2014. Fragosas Brenhas do Mataréu se passa numa Portugal do século XVI, onde um jovem embarca em uma arriscada viagem para o Novo Mundo, que termina em naufrágio. Em terras exóticas e desconhecidas, ele vive uma saga de dificuldades, perigos, paixões e muitas descobertas. Queremos estar mais perto de professores e gestores escolares, facilitando a compreensão desses temas e promovendo uma melhor utilização pelas escolas das nossas soluções educacionais Flavio Santana 2 Autor: Ricardo Azevedo Faixa etária: 13 anos CONFIRA OS ÚLTIMOS LANÇAMENTOS E OUTRAS GRANDES NOVIDADES PARA 2015. PROFESSOR ASTROCAT E AS FRONTEIRAS DO ESPAÇO Autora: Carolina de Jesus Faixa etária: 8 e 9 anos CÉU NA CALÇADA Autora: Michele Iacocca Faixa etária: 6 e 7 anos Central de Atendimento – 4003-3061 O PRIMEIRO BEIJO Autora: Márcia Kupstas Faixa etária: 10 e 11 anos www.portaldeliteratura.com.br CANTEIRO: MÚSICAS PARA BRINCAR Autora: Margareth Darezzo Faixa etária: 6 e 7 anos Prezado(a) Professor(a), > A qualidade do ensino em nossas escolas tem sido objeto de discussão há muito tempo. Três décadas atrás, quando iniciei minha carreira como professor de Química no Ensino Médio – na época chamado de Colegial –, os debates sobre ensino se davam exclusivamente no âmbito escolar ou nas Secretarias de Educação e visavam à quantidade, ou seja, atender ao maior número possível de crianças até então excluídas do sistema educacional. Mais tarde, com certos avanços, sobretudo no Ensino Fundamental, os olhares se voltaram para a qualidade e essa luta deixou de ser apenas dos profissionais de educação e passou a fazer parte da agenda de governos, famílias e empresas. Esse desejo de melhorar se traduziu na criação de uma diversidade de programas, projetos, ONGs, associações, siglas em quantidade. Nunca foi fácil acompanhar todos esses movimentos, assim como também nunca foi possível entender como essa diversidade de iniciativas poderia contribuir para a solução dos desafios de cada escola. Nesse contexto, para nós das editoras Ática e Scipione, que sempre nos comprometemos em produzir o melhor conteúdo educacional, era necessário dar mais um passo: promover um verdadeiro debate sobre as necessidades dos alunos, dos educadores e das escolas. Para isso, criamos esta revista como um canal de discussão e esclarecimento. Com uma linguagem acessível e prática, vamos tratar de diversos temas, como PNLD, PNAIC, Prova Brasil, Ideb, Arte no EF1, livros regionais, cultura digital nas escolas, entre outros. Estamos felizes por oferecer esta publicação ao comemorar os 50 anos de fundação da Editora Ática, que muito vem contribuindo para a educação brasileira. Com essa iniciativa, queremos estar mais perto de professores e gestores escolares, facilitando a compreensão desses temas e promovendo uma melhor utilização pelas escolas das nossas soluções educacionais. MARIO GHIO JUNIOR, CEO DE EDUCAÇÃO BÁSICA Sumário PNAIC, Prova Brasil e Ideb pela melhoria do ensino nas escolas Os desafios da gestão escolar segundo a especialista Patricia Mota Guedes Conteúdo regional Infográfico 46 Cultura digital O impacto da tecnologia nas salas de aula 42 58 Educação Física 62 Incentivo à leitura A importância do jogo iStockphoto 38 A trajetória da editora que ajudou a transformar a educação no Brasil 18 iStockphoto iStockphoto Arte 50 Anos de Ática iStockphoto Realização: 10 22 Fernando Frazão/ Agência Brasil CEO de Educação Básica: Mario Ghio Junior Diretor Executivo de Editorial e Vendas: Elzimar Albuquerque Diretora Comercial de Editoras: Fabyana Carvalho Desidério Diretor de Marketing: Bruno Campos Diretor de Treinamento: Aldeir Antônio Neto Rocha Gerente de Comunicação: Larissa Vecchi Gerente de Marketing de Produtos: Rachel Zaroni Vicente Gerente de Assessoria de Imprensa: Juliana Miranda Franco Supervisora Pedagógica: Eny do Conselho Muniz Coordenadora de Comunicação: Manuela Leonardo Pereira Carneiro Coordenador de Marketing de Produtos: Rodrigo Porciuncula Analista de Assessoria de Imprensa: Ligia Maria de Oliveira Spreafico Analista de Comunicação: Thaís de Carvalho Marques Analista de Marketing de Produtos: Lais Lopes Couy Assessora Pedagógica: Tatiana de Jesus Pita Estagiária de Marketing de Produtos: Suzana S. Gomes Mota dos Santos Divulgação iStockphoto revista Comportamento Qualidade na educação Entrevista ANO 01 | Nº 01 | 2015 52 28 6 Kris Knack 4 70 Educação a distância 74 68 Meio ambiente Atividades para aplicar em sala de aula Entrevista Divulgação 6 Gestão transformadora Patricia Mota Guedes, especialista em gestão educacional, aborda o papel estratégico do diretor para garantir a qualidade do que acontece dentro da sala de aula e em todo o contexto escolar > Quais são os desafios SEGUNDO PATRICIA, É FUNDAMENTAL UMA BUSCA POR POLÍTICAS PÚBLICAS ADEQUADAS, QUE PROMOVAM O SUCESSO ESCOLAR enfrentados hoje pela gestão escolar? E qual o papel do diretor? Um grande desafio no Brasil e no mundo é o de garantir que políticas públicas educacionais sejam de fato implementadas nas escolas. Muitos programas e leis bem-intencionados, até mesmo apoiados por recursos financeiros significativos, não conseguem melhorar o dia a dia da sala de aula. E isso tem relação direta com a qualidade da gestão escolar. Políticas podem ser bem-desenhadas num órgão central, mas a qualidade da gestão escolar vai afetar o sucesso na implementação. O diretor de uma escola tem papel fundamental. Você precisa ter uma figura que articule os coordenadores pedagógicos, engaje os professores, alguém que tenha um papel aglutinador e que forme uma equipe gestora que dê suporte no acompanhamento e apoio diário da equipe docente. Alguém que estimule a colaboração entre professores, com foco no aluno. Esse, por sinal, é outro desafio. Existem aspectos da função do diretor que são mais administrativos e burocráticos, mas uma área estratégica que diversas vezes recebe menos atenção do que deveria é a da liderança pedagógica. Trata-se de colocar em prática sua responsabilidade com o que acontece em cada sala de aula, com a aprendizagem de cada aluno. > Na rotina escolar, isso se traduz em que tipos de práticas? Em atitudes diárias muito concretas: estar presente e ativo na reunião dos professores, observar a prática em sala de aula e dar devolutivas, analisar os resultados de avaliações com a equipe, reunir-se para planejar e fazer um balanço das ações com os coordenadores pedagógicos. Outra ação importante é investir na formação e no acompanhamento do desempenho de seus coordenadores e professores. Mas não basta oferecer cursos de formação fora da escola para o professor. O diretor e A preocupação com a construção de uma cultura de altas expectativas, que valoriza o trabalho de sua equipe e que coloca foco no aprendizado do aluno, tem um poder transformador seus coordenadores pedagógicos estão na escola de segunda a sexta, tendo a oportunidade de acompanhar a didática e dar feedback na hora, e com muito mais intensidade. Isso faz diferença. O papel do diretor não é pequeno. A preocupação com a construção de uma cultura de altas expectativas, que valoriza o trabalho de sua equipe e que coloca foco no aprendizado do aluno, tem um poder transformador. Entrevista 8 Istockphoto > > Como o sistema educacional pode ajudar a aperfeiçoar as competências do gestor? É necessário que se invista em sua formação continuada. E essa formação não pode ser superficial nem pontual, ela precisa contar com diferentes estratégias: desde formações centralizadas nas secretarias ou órgãos regionais até a formação em serviço, no locus da escola, com o profissional sendo observado e apoiado por um par mais experiente. Já existem diversos estudos que mostram a importância da tutoria e de programas de residência para gestores. No exterior, é algo bastante comum. > O sistema de seleção influencia o trabalho do diretor? Sim, a seleção pode fazer diferença. No Brasil, a grande maioria das redes faz por indicação ou por eleição. Não existe, porém, um modo que seja melhor que outro, nem mesmo o concurso público, porque ele pressupõe que uma prova dá conta de selecionar um bom diretor. O que a experiência vem mostrando é que a inserção de critérios técnicos e o acompanhamento efetivo dos planos de ação fazem diferença. Já há sistemas educacionais, como o de São Paulo, que consideram investir na formação durante o período probatório – os três primeiros anos – para diretor. Se o educador não tiver uma avaliação adequada ao final, ele volta ao quadro de professor. A Constituição de 1988 estabelece a implementação de uma gestão mais participativa. Qual o tamanho desse desafio para a rede pública? É sem dúvida um grande desafio, porque, embora já exista toda a regulamentação, na prática os gestores ainda têm dificuldade de estimular essa participação. Até porque é muito mais que comunicar decisões; é envolver no processo de desenho e implementação das estratégias. Existe aí um trabalho também de formação. No caso de uma Associação de Pais e Mestres, por exemplo, é preciso saber como acolher e engajar as famílias, considerando que muitos pais podem ter pouca escolaridade ou uma experiência escolar negativa. Portanto, não adianta só a lei; é preciso fortalecer uma equipe gestora que saiba fazer essa parceria com a família e a comunidade. Uma vez implementada, a gestão participativa contribui para a sustentabilidade dos avanços não só daquela escola, como de toda a rede. Uma vez implementada, a gestão participativa contribui para a sustentabilidade dos avanços não só daquela escola, como de toda a rede 50 anos de Ática E ditora que ajudou a construir a história da educação no Brasil, a Ática foi responsável por importantes inovações no mercado editorial nesse meio século de trajetória. Hoje, ela é a marca de livros escolares mais reconhecida pelos professores, que valorizam a excelência de seu corpo de autores e de suas equipes editoriais. Essa narrativa de sucesso começou pela realização de um sonho de três amigos, na esteira da ampliação da rede de ensino brasileira nos anos 1950. Antonio Narvaes Filho ainda lembra, emocionado, do dia de 1956 em que saiu do escritório de Genoíno Viana, empresário e tio de um colega do curso de Medicina, com o equivalente a R$ 10 mil em dinheiro para fundar o Curso de Madureza Santa Inês – que deu origem, mais tarde, à Editora Ática. O valor comporia sua parte na sociedade com os irmãos Anderson Fernandes Dias, seu companheiro de classe, e Vasco Fernandes Dias Filho. Nascido próximo ao bairro da Penha, em São Paulo, filho de pedreiro, Narvaes se desdobrava desde criança para fazer algum dinheiro e poder estudar. O mesmo Genoíno Viana já havia, no início do curso de Medicina, ajudado Narvaes a comprar alguns livros. “Quando surgiu a oportunidade de fundar o curso, eu não tinha capital. Histórias da editora que faz parte da vida escolar de muitas gerações de brasileiros E não tinha a quem pedir. Criei coragem e fui procurar o sr. Genoíno. Ele só perguntou ‘de quanto você precisa?’ e mandou trazerem o dinheiro”, conta. Quando, um ano e meio depois, recebeu a primeira divisão de lucros do curso, Narvaes foi levar os R$ 2 mil para saldar parte da dívida. “Mas ele não quis receber. Me mandou comprar a geladeira que não tínhamos em casa, roupa para mim, e foi o que fiz.” Aos 82 anos, Narvaes conta as memórias da Ática em seu apartamento na praça da Liberdade, região central de São Paulo. Ali perto, na esquina da Rua da Glória com a Conde do Pinhal, o Santa Inês expandiu e conquistou cerca de 15 mil alunos, tendo sido a primeira escola a oferecer apostilas gratuitas. Elas eram escritas pelos professores do curso e rodavam no porão, em um mimeógrafo. Em junho de 1966, o jovem Jiro Takahashi chegou do interior de São Paulo, aos 18 anos, para trabalhar datilografando estêncil nesse porão, para a produção das apostilas do Santa Inês. Jiro trabalhava no Banco do Brasil pela manhã, na então Sociedade Editora do Santa Inês Ltda. (Sesil) durante a tarde, e subia os andares do prédio para estudar, à noite. “Eu datilografava bem, então foi meu primeiro trabalho A editora foi criada com o nome Ática em 1965, com sede na Rua da Assembleia, a partir do sucesso das apostilas do Curso de Madureza Santa Inês O MÉDICO ANTONIO NARVAES FILHO FUNDOU A ÁTICA COM COLEGAS Kris Knack Memória Divulgação 10 Fundada pela equipe que criou o Curso de Madureza Santa Inês, a Ática se tornou uma das editoras líderes em didáticos. Kris Knack JIRO TAKAHASHI DIRIGIU AS MAIS IMPORTANTES COLEÇÕES DA ÁTICA, ENTRE ELAS A VAGALUME E A BOM LIVRO 1956 1962 1965 1969 1970 1972 1973 1976 _______________________________ Em 15 de outubro, dia do professor, Antonio Narvaes Filho, Anderson Fernandes Dias e Vasco Fernandes fundam o Curso de Madureza Santa Inês. A Sociedade Editora do Santa Inês Ltda. (Sesil) é criada para produzir as apostilas oferecidas aos alunos do curso. Nasce a Editora Ática, que passa a comercializar as apostilas para outras escolas. em São Paulo”, conta. Mais tarde, Jiro se tornaria o diretor editorial das mais importantes coleções lançadas pela Ática, entre elas a Bom Livro e a Vaga-Lume. A editora foi criada com o nome Ática em 1965, com sede na Rua da Assembleia, a partir do sucesso das apostilas do Santa Inês, que agora eram vendidas para outras escolas. O nome, sugerido por um dos professores do curso, se referia à região onde fica Atenas, berço da civilização grega – assim, o logotipo adotado na época reproduzia a forma do Panteão grego. REFERÊNCIA EM DIDÁTICOS O salto da nova editora veio no início dos anos 1970, com o lançamento do Estudo dirigido de português. Em 1969, um professor de Londrina (PR), Reinaldo Mathias Ferreira, deixou com Anderson Fernandes Dias quatro livros de português voltados para os quatro anos do antigo Ginásio. “Ele encostou o material, e esse professor ligava para saber se ele tinha lido. Até que o Anderson decidiu devolver. A chance de ser algo excepcional não era grande”, diz Jiro. “O professor perguntou o motivo e Anderson dizia que os alunos não gostavam mais daquela gramática pesada, de análise sintática, conjugação de verbos... E o professor dizia: ‘mas foi por isso mesmo que fiz em forma de brincadeiras e jogos’. Anderson teve de admitir que foi pego na mentira, que não tinha lido, mas se comprometeu a ler e ligaria de volta.” Lançamento da série Bom Livro, com mais de 20 títulos. Lançamento do Estudo dirigido de português, de Reinaldo Mathias Ferreira. O livro ultrapassou um milhão de exemplares no mesmo ano. Lançamento da série Vaga-Lume. O nome da coleção foi decidido por um concurso interno que mobilizou toda a editora. A editora adquire uma sede própria, na Rua Barão de Iguape. Criação da coleção Autores Brasileiros, dedicada a publicar textos inéditos. ----- SUCESSO DE VENDAS, A SÉRIE VAGA-LUME MARCOU UMA GERAÇÃO ESCOLAR Divulgação A trajetória da Editora Ática O material foi lido em um ônibus, durante uma viagem de fim de semana para o interior. Na segunda-feira, fechou negócio para o primeiro livro da Ática do ensino seriado. Para lançar o novo produto, Anderson sugeriu aplicar a mesma estratégia dos propagandistas da indústria farmacêutica. Criou uma versão do livro para o professor, que seria entregue como amostra. “O Anderson colocou todos nós, secretária, revisor, datilógrafo, todo mundo em uma Kombi. Íamos nas filas de inscrição de um concurso para professores com um pacote de livro e uma ficha de cadastro. E os professores já abriam, folheavam e comentavam o livro ali, na fila mesmo.” Os pedidos não paravam de chegar. “A Ática fazia tiragens de 5 mil para as apostilas. Já tínhamos cerca de 500 mil pedidos para esse livro.” O desafio agora era imprimir. Sem nenhuma garantia além dos pedidos, a Ática não conseguia apoio dos bancos nem das gráficas para rodar tamanha tiragem. “Chateado, Anderson decidiu ir para casa a pé, até o bairro do Carrão.” No caminho, no meio da tarde, encontrou operários sentados na frente de uma oficina e descobriu, conversando com o dono, que a pequena gráfica estava parada, com a máquina quebrada. Anderson ofereceu o conserto se, em troca, eles rodassem seu material 24h por dia. Dali, nasceu a longa parceria da Ática com a W.Roth, que se tornou uma das maiores gráficas do país. Os Estudos dirigidos de português alcançaram 18 milhões de livros vendidos e foram líderes no mercado, originando outras séries de estudos dirigidos para várias disciplinas. “Aí a Ática virou uma grande editora didática”, diz Jiro. Em fevereiro de 1973, em meio ao batalhão de pessoas contratadas no início do ano letivo para emitir notas, fazer conferências e outros serviços, estava Ayrton Vicente Alves, que já completa 42 anos de Ática. “Quando cheguei, na Rua Barão de Iguape, a Ática já estava andando, não estava mais engatinhando.” Ayrton tinha 21 anos e chegava do interior, onde trabalhava havia dez anos em uma farmácia. Hoje gerente de relações governamentais na editora, ele viu a empresa mudar ao longo dos anos. “A Ática e o mundo hoje são outros e eu acompanhei toda a evolução.” 1983 1988 1999 2003 2005 2014 2015 1977 1978 ____________________________________ COLEÇÕES QUE MARCARAM ÉPOCA Além dos didáticos, a Ática lançou coleções que ocupam um lugar importante na memória escolar de toda uma geração. Em 1969, a editora lançava a série Bom Livro, com clássicos da literatura brasileira. A edição era barata e logo alcançou boas vendas. À procura das melhores fontes para os textos, a editora se ANTIGA SEDE DA SCIPIONE, EM SÃO PAULO aproximou de especialistas como Alfredo Bosi e Antonio Candido. Além disso, o livro trazia uma ficha de leitura, criada por um professor do Santa Inês. O diferencial, depois, foi um dos fatores de sucesso da coleção Vaga-Lume. Lançada poucos anos após o ensino obrigatório da primeira à oitava série, no início dos anos 1970, a coleção embarcou na explosão de novos alunos, em idade para se interessar por literatura juvenil. A Vaga-Lume abrigou inúmeros sucessos de venda. Entre eles, O Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida. O livro, de 1972, está em sua 27ª edição e, no momento, está sendo adaptado para os cinemas. Grupo Abril e a francesa Vivendi adquirem as editoras Ática e Scipione. Marcos Rey, um dos autores mais famosos da coleção, chegou à Ática inicialmente como autor de literatura adulta. Seu Malditos Paulistas foi lançado pela coleção Autores Brasileiros. “Era uma coleção maravilhosa, que nasceu de um gesto de generosidade”, diz Jiro. Ele conta que, ao ver a quantidade de material de autores brasileiros que a editora devolvia, Anderson pediu que Jiro dirigisse uma nova coleção que os publicasse. “Eu tinha que controlar para que ela não desse mais do que 20% de prejuízo”, lembra. “Chegamos a 140 títulos.” Foi ao lançar Malditos Paulistas, na Bienal do Livro, que Marcos Rey, ao ver a fila de jovens querendo autógrafos dos autores da Vaga-Lume, decidiu enveredar pela literatura juvenil. No final dos anos 1970, a Ática lançou a Para Gostar de Ler, que contou com uma estratégia especial de planejamento. Antes de lançar o primeiro volume, a editora imprimiu 3 mil cópias, com os contos selecionados sem o nome dos autores, e colocou na mão de professores para testar com os alunos. “Trocamos temas, crônicas, autores. Quando saiu, já estava supertestado. Foi um laboratório”, lembra Jiro. Os autores, desconfiados do novo formato, tinham aceitado um contrato que garantia a porcentagem sobre um mínimo de 30 mil exemplares. “Quando fui fazer o primeiro acerto, tínhamos vendido 280 mil”, afirma Jiro. A Abril torna-se sócia majoritária da Ática, criando a Abril Educação. A editora muda sua sede para o Edifício Abril, na Marginal Tietê. LIDERANÇA Em 1983, a família Fernandes Dias adquiriu a editora Scipione, que complementava a oferta de livros didáticos e paradidáticos. Em 1999, Ática e Scipione foram compradas pelo Grupo Abril, em parceria com o grupo francês Vivendi. Hoje, junto com a Scipione, a Ática faz da Abril Educação a líder no mercado de livros didáticos. Seus livros são amplamente adotados nas escolas privadas e também no ensino público, por meio dos programas de distribuição do Governo Federal. A relação cuidadosa da Ática com seus autores garantiu longas parcerias, que contribuem para esse alcance. AYRTON É O FUNCIONÁRIO EM ATIVIDADE MAIS ANTIGO DA EDITORA ÁTICA Mudança para o Novo Edifício Abril, na Marginal Pinheiros. A Tarpon Investimentos adquire as ações do Grupo Abril e passa a ter o controle da Abril Educação. Luiz Roberto Dante, livre-docente em Educação Matemática, completou 50 anos de carreira e é um dos autores de didáticos mais vendidos da editora. Hoje, seu nome fala por si, de tal forma que é comum se referirem aos seus livros apenas como “Matemática Dante”. Fernando Gewandsznajder, autor de Biologia e de Ciências, lançou sua primeira coleção com a Ática em 1980. “Minha preocupação é fazer um livro que os professores realmente possam usar e, principalmente, que faça o aluno entender a conexão das ciências com o ambiente, com o cotidiano”, conta Fernando. “E a Ática sempre entendeu os problemas do professor.” Minha preocupação é fazer um livro que os professores realmente possam usar e que faça o aluno entender a conexão das ciências com o cotidiano FERNANDO GEWANDSZNAJDER HOJE CONSULTOR, ALFREDO REALIZOU EM 1986 O SONHO DE TRABALHAR NA ÁTICA Divulgação ----- A morte de Anderson Fernandes Dias provoca mudanças importantes na Ática, que passa a ter um conselho administrativo e inicia um processo de profissionalização. Kris Knack UMA EMPRESA FAMILIAR Embora já grande, a Ática mantinha sua cultura de empresa familiar e era reconhecida no mercado como um bom lugar para se trabalhar, quando Alfredo do Amaral Chianca chegou, em 1986, para atuar na área comercial. “Meu sonho era trabalhar na Ática”, conta. “Eu era do sindicato e tinha dois colegas de lá que adoravam a editora. Fiquei batalhando para entrar.” Ele conta que, mesmo tanto tempo depois, a empresa preservou muitas de suas virtudes – e a boa relação com os professores foi uma delas. “A Ática tinha uma política muito generosa.” Dos quatro livros da coleção Vaga-Lume lançados por ano, por exemplo, a editora enviava pelo menos um para cerca de 50 mil professores de literatura e língua portuguesa, até os anos 1990. “Uns cinco anos depois que reduzimos o envio para cerca de 5 mil, fizemos uma pesquisa com professores e coordenadores e isso ainda tinha ficado na cabeça deles como um destaque”, conta Alfredo. Aquisição, pela família Fernandes Dias, da editora Scipione, também voltada para didáticos e paradidáticos. Kris Knack Criação da Coleção Gato e Rato, dedicada à literatura infantil, de pré-escola. Divulgação A Ática lança a coleção Para Gostar de Ler. O primeiro volume trazia crônicas de Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. FERNANDO É AUTOR DE BIOLOGIA E DE CIÊNCIAS DESDE 1980 Artigo Kris Knack Arquivo pessoal 16 A alfabetização cartográfica no ensino de Geografia Uma educação matemática para o aluno do século XXI *Por Maria Elena Simielli *Por Antonio José Lopes Bigode T emos em Geografia conceitos importantes a serem trabalhados no Ensino Fundamental 1, por exemplo: lugar, paisagem, território e região. Mas, além desses conceitos, é necessário explorar habilidades básicas para a análise geográfica e, nesse contexto, emerge a importância da alfabetização cartográfica. Um trabalho mais próximo da realidade e em um contexto mais lúdico pode ser encaminhado por meio da alfabetização cartográfica, tornando as aulas menos repetitivas e mais desafiadoras para os alunos. Considerando que o domínio de múltiplas linguagens é importante e que o processo de alfabetização e letramento científico ocorre por meio delas, ganha relevância o uso da linguagem gráfica/cartográfica na Geografia. Em uma sociedade letrada e moderna, em que a comunicação tem relação com a leitura de “códigos”, a alfabetização cartográfica, com toda a sua simbologia, é fundamental para o exercício de determinadas práticas sociais. A linguagem cartográfica aprendida por meio dos códigos cartográficos passa a ser utilizada como instrumento de prática social, de modo análogo a todos os outros códigos adquiridos pela criança. Dominar as características e o funcionamento dos códigos cartográficos e saber utilizar a linguagem cartográfica em diferentes contextos de comunicação social são aspectos essenciais da alfabetização cartográfica, articulando o cotidiano escolar e o social. A alfabetização cartográfica refere-se ao processo de aprendizagem e domínio de uma linguagem constituída de símbolos, de uma linguagem gráfica. No entanto, não basta à criança desvendar o universo simbólico dos mapas: é necessário que a alfabetização possibilite que ela compreenda a relação entre o real A alfabetização cartográfica, com toda a sua simbologia, é fundamental para o exercício de determinadas práticas sociais e a representação simbólica. Assim, trata-se de criarmos condições para que o aluno seja leitor crítico de mapas ou um mapeador consciente. O domínio dessa linguagem segue um processo que acompanha o desenvolvimento cognitivo da criança. Daí a necessidade de partir da realidade próxima, do espaço conhecido e vivenciado, do lugar dos grupos sociais aos quais ela pertence: a sala de aula, a moradia, a rua, a praça. É importante enfatizar que a linguagem da Cartografia/Geografia é a linguagem gráfica. Portanto, é natural que comecemos a trabalhar com o entendimento de mapas no momento escolar em que o desenho infantil é e deve ser muito valorizado, por ser uma forma de expressão espontânea da criança. A alfabetização cartográfica está inserida no processo de aprendizagem, utilizando representação, escrita e leituras específicas, por meio da linguagem gráfica, com implicações pedagógicas e sociais. Em vista disso, ela não deve ser trabalhada de forma isolada e, sim, integrada ao processo de alfabetização e letramento da criança. * Maria Elena Simielli é professora livre-docente do departamento de Geografia da Universidade de São Paulo e de autora de livros didáticos da Editora Ática. O biênio 2014/2015 ficará marcado pela atenção à alfabetização matemática, em que programas de formação de professores foram implementados nos estados com novas orientações didáticas, metodologias inovadoras e reinterpretações do currículo. Estudos mostram que a origem da maioria dos problemas do ensino da Matemática está na abordagem fragmentada e desconectada da realidade, no currículo desatualizado e nos métodos obsoletos. Países do norte da Europa, Ásia, Canadá, Austrália e Nova Zelândia já “enxugaram” seus currículos para aproximar a Matemática da realidade dos alunos de acordo com os princípios da Educação Matemática Realística (EMR)1 . Trata-se de uma didática que valoriza a exploração de contextos e situações-problema autênticas, que despertem a curiosidade e o interesse dos alunos, mobilizando o raciocínio matemático. Essa abordagem já era defendida no Brasil por Malba Tahan2 nos anos 1950 e, no exterior, por Hans Freudenthal, o formulador dos princípios didáticos da EMR. Temas interessantes não faltam, pois o universo das crianças é rico em situações problematizáveis: o corpo, “Os alunos podem explorar a matemática do dia a dia, fazendo múltiplas relações e perdendo o medo de formular os seus porquês” as brincadeiras, a casa e a rua, o bairro e a cidade; a matemática da higiene e da saúde; a alimentação; a matemática do meio ambiente e das tecnologias; a matemática das feiras e mercados etc. As matemáticas interessantes estão em toda parte. Atento a essa perspectiva, o MEC convidou este autor para escrever o livro Saberes matemáticos e outros campos do saber, caderno 8, do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), que trata das relações da Matemática com a realidade, dos contextos, das conexões e da resolução de problemas. Em outra iniciativa, o MEC3, em parceria com a Unesco, convidou este autor para escrever e apresentar a série da TV Escola “Matemática em toda parte”, com 12 programas sobre as relações da Matemática com as artes, a música, o futebol, as construções, o campo, as comunicações, os transportes, o parque, as feiras e os mercados, a escola e as finanças, numa linguagem que fala aos alunos do Ensino Fundamental. 1 – Também conhecida como “escola didática holandesa”, a mesma que orienta o Pisa. 2 – Autor do clássico O homem que calculava. 3 – Tanto o livro como a série podem ser acessados no portal Domínio Público do MEC. Essas iniciativas têm envolvido positivamente professores e alunos, que já não precisam perguntar: “Onde é que eu vou usar isso?”. Como um indício de mudança de olhar e postura, os alunos podem explorar a matemática do dia a dia, fazendo múltiplas relações e perdendo o medo de formular seus “porquês”. É um movimento que desperta a curiosidade e desenvolve o pensamento matemático, que se mantém em atividade o tempo todo, agora não só nas aulas – o olhar e a mente da criança não param quando ela está fora da escola, em casa, na rua, nas compras com os pais, nas atividades de lazer e nas reuniões sociais. É essa criança ativa que queremos desenvolver, é o que desejamos para nossos filhos e isso é o que devemos desejar para os filhos dos outros, os nossos alunos. A escola do século XXI tem que estar voltada para a criança e o adolescente do século XXI. *Antonio José Lopes Bigode é professor-pesquisador do Centro de Educação Matemática, consultor do MEC e de secretarias estaduais de educação e autor de livros didáticos da Editora Scipione. Conteúdo regional Múltiplas realidades Trabalhar conteúdos regionais em sala de aula contribui para que os alunos descubram mais sobre o ambiente que os cerca. Especialistas sugerem maneiras criativas de apresentar as crianças às questões locais A É preciso olhar as múltiplas realidades e grupos como os de indígenas, negros e mulheres, para recuperar histórias que nunca foram contadas GISLANE AZEVEDO bordar a realidade regional na sala de aula é uma estratégia pedagógica que ajuda os alunos a assimilarem melhor o conteúdo e a criarem noções de identidade e cidadania. Voltar o olhar para as peculiaridades de uma cidade ou Estado torna o processo de ensino e aprendizagem mais envolvente, especialmente quando instiga a curiosidade dos alunos pela descoberta de dados e histórias que estabelecem uma relação entre seu cotidiano e a escola. O ponto de partida para realizar essa abordagem são os livros regionais. Desde 2004, eles complementam o material didático das disciplinas básicas e tratam de temas característicos de cada Estado nas áreas de História e Geografia, disciplinas às quais, em geral, é mais fácil dar uma cor local. Mas, com um pouco de criatividade, o cotidiano de professores e alunos pode fazer parte também de aulas como as de Matemática e Ciências – usando dados municipais para fazer contas e resolver problemas ou olhando para questões como saneamento e ecologia na cidade, por exemplo. “É fundamental ter o olhar voltado para o regional, mas não apenas como uma maneira de exemplificar um fenômeno nacional ou global. O ideal é mostrar ao aluno como ele faz parte do que aprende”, afirma Gislane Azevedo, presidente da Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos (Abrale) e autora de História da Editora Ática. PROFESSOR ENGAJADOR Como o livro nem sempre dá conta de abranger a diversidade que existe entre as regiões brasileiras, o professor assume um papel fundamental de incentivador dos alunos na tarefa de descobrir mais sobre o ambiente que os cerca. Se o material didático não traz imagens locais, por exemplo, o docente pode pesquisar fotos antigas e recentes para apresentar em sala de aula. Recorrer a jornais antigos ou à literatura e à música produzidas em sua cidade são outras formas de fazer com que a turma se aproxime mais do que está sendo ensinado. Para incentivar a participação dos alunos, uma atividade interessante é pedir que identifiquem problemas locais e, a partir deles, pesquisem como outras regiões do Brasil e do mundo lidam com essas dificuldades. “O problema ambiental de uma cidade do interior pode acontecer também em outro lugar do mundo. É preciso articular os eventos para entender como a globalização está presente em nosso cotidiano”, diz Selva Guimarães, professora titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de GISLANE AZEVEDO É PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS AUTORES DE LIVROS EDUCATIVOS (ABRALE) Kris Knack / iStockphoto 18 Conteúdo regional iStockphoto 20 Como um livro nem sempre dá conta de abranger a diversidade que existe entre as regiões brasileiras, o professor assume um papel fundamental de incentivador dos alunos na tarefa de descobrir mais sobre o ambiente que os cerca Uberlândia e pesquisadora na área de ensino de História e de formação de professores da rede pública. Participar de eventos da cidade também rende assunto em sala de aula. “A festa do Congado, tradicional no interior de Minas Gerais, ajuda a entender um pouco sobre a cultura e a história da África e a influência desse povo na região”, exemplifica Selva. Outro modo de complementar o conteúdo dos livros é organizar passeios, como levar os alunos para conhecer uma fábrica nos arredores para que aprendam sobre a economia da cidade. E há muito mais para explorar fora dos muros da escola, aponta Selva. Sua dica é propor uma investigação sobre a memória de um bairro ou até da cidade, com a colaboração dos mais velhos. “É uma maneira de recuperar a história oral e a voz dos idosos”, afirma. Todas essas atividades ajudam o professor a se distanciar de uma abordagem excessivamente institucional. No passado, a história regional era muito focada na trajetória das famílias e dos políticos tradicionais das cidades. Abordar a realidade local dessa maneira tende a causar desinteresse, uma vez que o aluno não se identifica com esses atores. “É preciso olhar as múltiplas realidades e grupos como os de indígenas, negros e mulheres, para recuperar histórias que estão perdidas e nunca foram contadas”, diz Gislane. CAUTELA E EQUILÍBRIO Ao inserir o regional em seu processo pedagógico, no entanto, o professor precisa ter cautela para não causar uma fragmentação entre o conteúdo nacional e o local. “Não se pode trabalhar o bairro desvinculado da história da região e do país. Essa divisão é um obstáculo para a criança estabelecer relações e aprender”, afirma Selva. O docente tampouco pode perder de vista o equilíbrio, pois o foco excessivo na realidade regional – e sua exaltação – pode fazer com que os alunos desenvolvam uma visão limitada e até bairrista. Para evitar que isso aconteça, é preciso complementar as aulas com material sobre as peculiaridades de outras regiões e analisar em classe como esses fenômenos ajudam a entender as diferentes realidades brasileiras. “A história regional é fundamental para que os alunos conheçam as diversas faces do Brasil. É preciso conhecer sua região e as outras também, para não ficar só no estereótipo”, afirma Gislane. “A escola tem a função de lutar contra o preconceito que se origina no desconhecimento sobre o outro.” Arte Pensar, experimentar e criar O ENSINO DA ARTE PODE PARTIR DE LINGUAGENS CONHECIDAS DOS ALUNOS, COMO O GRAFITE DA DUPLA DE ARTISTAS OS GÊMEOS Novo material didático apoia o professor no trabalho de aproximar o aluno das linguagens artísticas N este ano, os primeiros livros didáticos de Arte começam a chegar às mãos de professores e estudantes do Ensino Médio em todo o país. A partir 2016, as obras também estarão disponíveis para o 4° e o 5° anos do Ensino Fundamental. A produção e a distribuição do material estão sendo feitas de forma gradual, e a previsão do Ministério da Educação (MEC) é atender à demanda dos ensinos Médio e Fundamental até 2017. Os novos livros, inseridos na área de Linguagens, trazem conteúdo sobre cinco diferentes campos artísticos: Artes Audiovisuais, Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, como recomendam as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. “A inclusão garante a oferta de materiais de qualidade às escolas e confirma essa disciplina no universo de escolha dos educadores para configurar perspectivas curriculares plurais e enriquecedoras”, afirma Júnia Sales Pereira, coordenadora geral de Materiais Didáticos do Ministério da Educação. A função básica dessas publicações é ser um ponto de referência, para alunos e professores, sobre a produção de artistas clássicos e contemporâneos. Com a ajuda de CDs de áudio e de conteúdo digital disponível para o professor, o repertório sobre música, dança e teatro também é ampliado. Fernando Frazão/ Agência Brasil 22 O incentivo ao uso de material de Arte em escolas públicas representa um reforço importante para o aperfeiçoamento profissional do docente, aponta Eliana Pougy, mestre em Educação, especialista em Linguagens da Arte e autora de livros didáticos e paradidáticos nessa área. “Há poucos professores formados em Arte, e a graduação é bem focada em uma linguagem específica. Nesse contexto, o livro é um bom apoio para eles conhecerem melhor as outras linguagens”, diz. Essa preparação é fundamental para transformar a aula de Arte em uma experiência lúdica e transformadora. A disciplina incentiva os alunos a explorar novas questões e não se resume a trabalhos manuais e atividades práticas. “A Arte é uma forma de pensar sobre a vida que se articula com a sensação e a emoção. A escola não busca formar apenas artistas, e sim um público apreciador, com espírito crítico e senso estético bem desenvolvidos”, afirma Eliana. O primeiro passo para engajar os alunos nessa jornada é desmistificar a visão de que a Arte é algo distante de sua realidade, encerrada em museus e manuais ou acessível apenas a quem está inserido em grandes circuitos de distribuição audiovisual. “A cultura faz parte da vida dos alunos, e muitos deles se surpreendem quando percebem que conhecem vários artistas, como um tio que toca violão ou um amigo que gosta de escrever”, afirma Eliana. Outra atividade que ajuda nesse ponto é levar artistas para a escola para dar oficinas ou apresentar seus trabalhos. Arte Ciete Silvério/ GESP 24 OS NOVOS LIVROS DE ARTE INCLUEM O ESTUDO DE DANÇA, TEATRO E MÚSICA O uso de recursos multimídia torna a experiência mais rica ao trazer para a classe um mundo muitas vezes inacessível, como o das obras expostas em museus internacionais A aproximação do ensino de Arte com as práticas culturais locais é essencial para criar um sentimento de identificação nos estudantes e tornar as aulas mais significativas para eles. “Não adianta começar por exemplos que estão muito distantes da cultura dos alunos. Apresentar o canto gregoriano, por exemplo, será mais interessante para eles se antes houver uma introdução, mostrando um rap, A SUA COLEÇÃO FAVORITA ACABA DE GANHAR UMA VERDADEIRA OBRA DE ARTE. que também tem uma melodia que não varia e dá ênfase às letras”, afirma Eliana. No entanto, o professor precisa tomar cuidado para não perder de vista a ponte com a História da Arte, para que o aluno entenda as origens das manifestações artísticas atuais. A partir daí, os alunos começam a ser preparados para se aproximar do mundo da Arte e desenvolver sua capacidade de fruição. Nesse momento, o uso de recursos multimídia torna a experiência mais rica, ao trazer para a classe um mundo muitas vezes inacessível, como o das obras expostas em museus internacionais ou o de grandes espetáculos e performances. A próxima etapa é estimular a reflexão crítica sobre o que foi visto. O professor, então, assume o papel de facilitador de questionamentos e de discussões que criam um diálogo entre o contexto do aluno e o da obra. Nessa atividade, é importante estimular as crianças a fazerem perguntas sobre Arte, como o que significa um elemento de um quadro ou por que o trabalho de um artista é considerado mais valioso do que o de outro. “Discutir é uma maneira de trazer problemas reais, sociais e psicológicos que têm a ver tanto com a Arte quanto com o aluno, como questões de gênero e de sexualidade”, afirma Eliana. “Considerando que as vivências artísticas no dia a dia não são suficientes para abarcar as possibilidades de construção do conhecimento em Arte, é importante que a escola proponha ações significativas e estimule a vivência de experiências”, completa Júnia. A obra de Arte da Coleção Ápis apresenta cinco linguagens artísticas: visual, audiovisual, teatro, dança e música. Seus alunos vão desenvolver habilidades que transformarão as experiências em sala de aula. COLEÇÃO ÁPIS ENSINO FUNDAMENTAL 1 VOLUME ÚNICO - 4º E 5º ANOS AUTORA: Eliana Pougy www.atica.com.br 26 UMA GRANDE TRANSFORMAÇÃO NA SUA SALA DE AULA COMEÇA PELA COLEÇÃO ÁPIS SERIADA. Atualização profissional E MAIS D HÕES 17 MEIMLPLARES DE EX DOS VENDI COLEÇÃO ÁPIS ENSINO FUNDAMENTAL 1 - 1º AO 5º ANO COM A COLEÇÃO ÁPIS, AS AULAS SÃO MAIS EMPOLGANTES E EFETIVAS! A coleção Ápis foi desenvolvida por experientes autores e contempla uma série de recursos que ajudam o professor a enfrentar as reais dificuldades do ensino. LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO E LÍNGUA PORTUGUESA: CIÊNCIAS: AUTORAS: Ana Trinconi, Terezinha Bertin e Vera Marchezi GEOGRAFIA: ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA E MATEMÁTICA: AUTORA: Maria Elena Simielli AUTOR: Luiz Roberto Dante AUTOR: Rogério G. Nigro HISTÓRIA: AUTORAS: Maria Elena Simielli e Anna Maria Charlier 1º CICLO: Letramento e Alfabetização – 1º ao 3º ano Alfabetização Matemática – 1º ao 3º ano Ciências – 2º e 3º ano Geografia – 2º e 3º ano História – 2º e 3º ano w w w. a t i c a . c o m . b r 2º CICLO: Língua Portuguesa – 4º e 5º anos Matemática – 4º e 5º anos Ciências – 4º e 5º anos História – 4º e 5º anos Geografia – 4º e 5º anos Qualidade na educação O desafio da alfabetização Como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) atua na formação de professores para cumprir o objetivo de alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade iStockphoto 28 O Censo 2010 trouxe uma revelação importante para a área educacional do país: nas regiões Norte e Nordeste, 25% das crianças chegavam ao 3º ano do Ensino Fundamental com a alfabetização incompleta. Para enfrentar tamanho desafio, o Ministério da Educação implantou o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), que tem como meta alfabetizar em Português e Matemática todas as crianças até os oito anos de idade. Para que esse objetivo seja possível, o PNAIC investe em quatro eixos estruturantes: formação continuada presencial para professores alfabetizadores e orientadores de estudo; distribuição de materiais didáticos e pedagógicos; avaliações sistemáticas; e um modelo de gestão que permite o acompanhamento de cada escola, tanto no aspecto pedagógico como na parte administrativa. Dessa forma, espera-se atingir cerca de 300 mil professores nos 5.500 municípios brasileiros, com benefícios para 8 milhões de alunos. “A importância desse programa é aproximar o conhecimento da vida dessas crianças. A impressão que tenho é que vamos sentir um impacto grande daqui a três anos, A importância desse programa é aproximar o conhecimento da vida dessas crianças ANTONIO JOSÉ LOPES BIGODE pois as crianças que estudaram com professores formados pelo PNAIC vão ser mais questionadoras e estruturadas na sua capacidade de raciocínio”, afirma Antonio José Lopes Bigode, do Centro de Educação de Matemática (CEM), um dos professores que preparou os livros do PNAIC. Ele completa: “Cingapura fez isso há dez anos e hoje colhe os resultados. É a primeira iniciativa em 30 anos de formação massiva de docentes, que dá a oportunidade a muitos professores”. Qualidade na educação FORMAÇÃO CONTINUADA O alcance nacional do PNAIC só é possível por meio da parceria estratégica estabelecida entre o Governo Federal, Estados, municípios e 39 universidades espalhadas pelo país. É nesses locais que acontecem os cursos presenciais para os professores alfabetizadores, com duração de 24 meses e carga horária de 120 horas por ano. Nas salas de aula, estudos e atividades práticas são conduzidos por orientadores de estudo selecionados entre os tutores formados pelo programa Pró-Letramento. Os orientadores também participam de cursos específicos, com carga horária de 200 horas por ano (veja box). “É a primeira vez que temos um programa que universaliza essa formação voltada prioritariamente para os docentes. A novidade é que juntamos a teoria com a prática dos próprios professores em sala de aula”, afirma Emerson Rolkousky, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos responsáveis pela elaboração do material teórico de Matemática do PNAIC. Segundo ele, a ideia era fazer com que, durante os cursos ministrados pelas universidades, os professores pudessem observar com maior atenção seus métodos de transmitir o conhecimento. Para Cleuza Repulho, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Pacto é uma forma de auxiliar Estados e municípios na formação de seu corpo docente. “O fato de termos a participação das universidades qualifica o conhecimento repassado aos professores, o que representa um avanço grande na alfabetização de nossas crianças”, acredita. Espera-se atingir cerca de 300 mil professores nos 5.500 municípios brasileiros, com benefícios para 8 milhões de alunos AVALIAÇÕES SISTEMÁTICAS Para avaliar a efetividade das ações do PNAIC, além do acompanhamento dos relatos dos professores que participam do Pacto, são aplicadas outras duas ferramentas em âmbito nacional. Os professores têm acesso a um sistema informatizado onde devem inserir os resultados da Provinha Brasil de cada criança, no início e no final do 2º ano. Além disso, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) aplica a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) para medir o nível de alfabetização alcançado pelas crianças ao final do ciclo. A Avaliação da Alfabetização Infantil – Provinha Brasil avalia o domínio de Língua Portuguesa e Matemática das crianças matriculadas no 2º ano do Ensino Fundamental da rede pública. Aplicada duas vezes ao ano (no início e no final), a avaliação é dirigida aos alunos que passaram por pelo menos um ano escolar dedicado ao processo de alfabetização. A adesão é opcional. iStockphoto 30 PARA QUEM QUER SABER MAIS PARA QUEM QUER ORIENTAR Os professores alfabetizadores que participam da formação continuada do PNAIC recebem uma bolsa no valor de R$ 200 mensais para frequentarem um curso presencial de 24 meses, com carga horária de 120 horas por ano, ministrado por orientadores de estudo. As atividades do curso são distribuídas da seguinte forma: Os orientadores de estudos que atuam no PNAIC recebem uma bolsa no valor de R$ 765 mensais. O curso para os orientadores tem carga horária de 200 horas, distribuídas da seguinte forma: • Encontros mensais num total de 84 horas • Seminários, num total de oito horas • Atividades extraclasses, totalizando 28 horas • É a primeira vez que temos um programa que universaliza essa formação voltada prioritariamente para os docentes EMERSON ROLKOUSKY Aplicação de trabalhos nas turmas em que leciona Para saber como se inscrever, procure as instituições de ensino superior filiadas no seu Estado. A lista está publicada no site do Pacto, em pacto.mec. gov.br, onde também estão concentradas informações sobre os requisitos e o cronograma de inscrições. • Um encontro de 40 horas (imersão) • Quatro encontros de 24 horas cada um, totalizando 96 horas • Seminários, atividades de monitoramento e planejamento, totalizando 64 horas Para saber como se inscrever, procure a Secretaria de Educação local. Os requisitos e o cronograma de inscrições podem ser encontrados no site do Pacto, em pacto.mec.gov.br. MUITOS RECURSOS DIDÁTICOS PARA A ESCOLA Para cada disciplina, o PNAIC oferece 12 livros básicos, que levam em conta a experiência dos próprios professores. O material foi elaborado pelas instituições de Ensino Superior que participaram do projeto. Todo esse acervo pode ser usado por professores e orientadores de estudo para estimular os alunos na alfabetização integral até os oito anos. Existe também a possibilidade de que a escola crie uma biblioteca com esse material. PROJETO LUMIRÁ - Um olhar integrado para o futuro. A Coleção Lumirá incentiva a reflexão dos alunos, valorizando o conhecimento e a interação com o professor. COLEÇÃO LUMIRÁ ENSINO FUNDAMENTAL 1 - 1º AO 5º ANO 1º CICLO: LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO – 1º AO 3º ANO ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA – 1º AO 3º ANO CIÊNCIAS HUMANAS E DA NATUREZA – 1º AO 3º ANO Para cada ano do Ensino Fundamental 1 (1º ao 5º), um volume único com as disciplinas de Ciências, História e Geografia. www.atica.com.br 2º CICLO: LÍNGUA PORTUGUESA – 4º E 5º ANOS MATEMÁTICA – 4º E 5º ANOS CIÊNCIAS HUMANAS DA NATUREZA – 4º E 5º ANOS Qualidade na educação Avaliar para melhorar iStockphoto 34 Prova Brasil e Ideb são ferramentas fundamentais para a avaliação das políticas educacionais E Esses resultados são valiosos na definição de políticas públicas e de financiamento da Educação Básica do país ALEJANDRA VELASCO m 2005, o Brasil se propôs a equiparar seu índice de aprendizagem ao padrão definido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), criando o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A cada dois anos, o índice reúne avaliações das redes pública e privada, com médias correspondentes ao sistema educacional dos países desenvolvidos. Assim, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu também a meta, para 2022, de uma pontuação de 6 nos primeiros anos do Ensino Fundamental (1º ao 5º) e de 5,5 nos anos finais (6º ao 9º). O resultado desse esforço na melhoria dos índices do Ideb tem impacto direto na estrutura das escolas. A partir das informações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e da Prova Brasil, utilizados no cálculo do Ideb, o Ministério da Educação e as secretarias estaduais e municipais podem definir ações para a melhoria da qualidade do ensino e para a redução das desigualdades – promovendo, por exemplo, a correção de distorções e debilidades e direcionando seus recursos técnicos e financeiros para áreas prioritárias. É com base no índice apontado pelo Ideb, por exemplo, que escolas estaduais e municipais podem participar dos programas baseados nas metas previstas pelo Compromisso Todos pela Educação do MEC, um plano de diretrizes do governo que prevê a melhoria da qualidade da Educação Básica. Além disso, os dados reunidos pela O resultado do esforço na melhoria dos índices do Ideb tem impacto direto na estrutura das escolas aplicação da Prova Brasil, divulgados por escola e por ente federativo, permitem o acompanhamento detalhado dos efeitos das políticas públicas educacionais e o direcionamento de mudanças. O papel de cada professor e gestor para melhorar o desempenho de suas escolas no Ideb e, fundamentalmente, para qualificar o aprendizado das crianças, é essencial. A partir do acompanhamento das notas dos alunos e da avaliação cuidadosa dos resultados e de sua evolução, secretários e diretores podem identificar a necessidade de investir em infraestrutura, na retenção e formação continuada de professores ou no acompanhamento mais próximo da realidade dos estudantes – o que permite, por exemplo, Qualidade na educação o encaminhamento aos órgãos competentes de casos familiares que afetam o rendimento e o comparecimento escolar. É uma forma também de envolver os pais e professores nos desafios enfrentados pela escola e pelos alunos – se é preciso reforço em determinadas disciplinas, mudanças de método ou de abordagens ou acompanhamento mais próximo do que acontece em sala de aula. TODOS IMPORTAM Todas essas iniciativas só são possíveis porque o cálculo do Ideb é feito com base em informações detalhadas sobre o rendimento dos alunos e o funcionamento das escolas. O Índice, que vai de zero a dez, é calculado a partir de dois componentes: taxa de rendimento escolar (aprovação) e médias de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar e as médias de desempenho utilizadas são as da Prova Brasil (para Ideb de escolas e municípios) e do Saeb (no caso dos Ideb dos estados e nacional). Um dos principais componentes do Ideb, a Prova Brasil analisa os conhecimentos dos alunos da rede pública em Português (leitura), Matemática (foco na resolução dos problemas) e Ciências no 5º e no 9º ano, além de questões socioeconômicas. Nesse contexto, todos importam: os estudantes fornecem informações sobre suas condições de vida e o impacto que elas têm na construção do conhecimento a partir do convívio escolar; os professores e diretores respondem a questionários que coletam dados iStockphoto 36 demográficos, de perfil profissional e condições de trabalho. A aplicação da Prova Brasil é bianual e censitária para todas as escolas com mais de 20 alunos matriculados no 5º e 9º anos do Ensino Fundamental. RESULTADOS Desde a criação do Ideb, já ocorreram cinco edições da Prova Brasil, em que foi possível notar uma leve melhora nos indicadores. No entanto, ainda são constatadas defasagens no aprendizado. A partir dos dados da Prova, especialistas costumam agrupar os alunos em níveis avançado (aprendizado além da expectativa), proficiente (aprendizado esperado), básico (pouco aprendizado) e insuficiente (quase nenhum aprendizado). Em 2013, a média dos alunos ficou na categoria básica. A nota que mais se aproximou da proficiência foi a dos alunos do 5º ano em Português, que obtiveram 195,92 (a proficiência é a partir de 200). No 9º ano, o Ideb passou de 3,5 em 2005 para 4,2 em 2013, [ 3,8 NO 5º ANO, O IDEB PASSOU DE em 2005 para sem conseguir alcançar a meta estabelecida. Apesar desses baixos índices, verificou-se uma evolução no 5º ano: um salto de 3,8 em 2005 para 5,2 em 2013, superando índice de 5,0 estabelecido pelo Ministério da Educação para o ano. “Diferentemente do 9º ano, que ficou abaixo da 5,2 [ em 2013 expectativa, no 5º houve um avanço importante”, ressalta Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral do Movimento Todos pela Educação. A diferença de desempenho se dá em larga medida às iniciativas de maior fortalecimento do primeiro ciclo do Ensino Fundamental para garantir que as crianças até os 8 anos estejam alfabetizadas. Ao se aproximar do Ensino Médio, o aluno já sente maior impacto dos problemas educacionais da rede de ensino. “Um dos maiores entraves é a dificuldade de formação continuada dos professores, além da falta de um coordenador pedagógico que de fato acompanhe os docentes no ambiente escolar”, avalia Alejandra. “Esses resultados são valiosos na definição de políticas públicas e de financiamento da Educação Básica do país”, conclui. Um dos maiores entraves é a dificuldade de formação continuada dos professores ALEJANDRA VELASCO Novos formatos O que é o edital? O edital do PNLD 2016 convoca os editores para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas destinadas aos alunos e professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental registrados nas escolas públicas que integram os sistemas de educação federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal participantes do PNLD. 1 • Livro do Aluno impresso e Manual do Professor impresso. • Livro do Aluno em PDF e Manual do Professor digital. Letramento e Alfabetização 2 • Livro do Aluno impresso e Manual do Professor impresso. • Livro do Aluno em PDF e Manual do Professor em PDF. Versão digital O manual do professor digital, que faz parte da composição do Tipo 1, inclui os chamados objetos digitais, como infográficos, vídeos e animações. Eles seguem em CD-Rom para a avaliação do Programa, mas posteriormente são acessados pelo professor no portal da editora. Nova Disciplina Disciplinas Regionais 1 2 2 1 1 2 1o_ ano 1o_ ano 1o_ ano 1o_ ano Livro único com Ciências, História e Geografia. Alfabetização Matemática 2o_ ano Letramento e Alfabetização Alfabetização Matemática 3o_ ano Letramento e Alfabetização Composição do Tipo 1 e do Tipo 2 Disciplinas Seriadas 1o_ ano 1O_ CICLO: LIVROS CONSUMÍVEIS O novo edital do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) trouxe mudanças importantes para os formatos dos livros inscritos. Entre as principais alterações está a inscrição de volumes integrados dos livros de Ciências, História e Geografia (agora chamadas Ciências Humanas e da Natureza), além da inclusão do volume de Arte e das versões em PDF e digitais. 1 2 Disciplinas Integradas 5 ano Alfabetização Matemática 2 ano o _ ou Ciências Humanas e da Natureza 3o_ ano + 4o_ ano ou + 5 ano Ciências Humanas e da Natureza 3o_ ano + 2o_ ano + 2o_ ano + 3o_ ano + 3o_ ano Ciências, História e Geografia ou Ciências Humanas e da Natureza o _ 2o_ ano Ciências, História e Geografia Ciências Humanas e da Natureza Alfabetização Matemática o _ Letramento e Alfabetização + Alfabetização Matemática 4o_ ano Letramento e Alfabetização + Ciências Humanas e da Natureza Ilustrações: Istockphoto Entenda o edital 2O_ CICLO: LIVROS REUTILIZÁVEIS 38 4o_ ano + 4o_ ano e 5o_ ano Ciências, História e Geografia ou 5 ano o _ Ciências, História e Geografia + + Arte em volume único 4o_ ano e 5o_ ano Livro regional justaposto em volume único (História e Geografia) + ou Livro regional integrado em volume único (História, Geografa, Arte e Cultura) Incentivo à leitura Para gostar de ler A leitura deve propiciar à criança o contato afetivo com o texto literário desde o início da Educação Básica O s estudantes brasileiros ocupam o 55º lugar no ranking de leitura dos 65 países avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) em 2012. Segundo o estudo, nossos jovens de 15 anos ainda não desenvolveram as competências básicas para decodificar a mensagem de um texto e usufruir dele. Como uma bússola, o resultado aponta para a urgência de investir na formação de leitores desde os anos iniciais da Educação Básica. Istockphoto, Ilustração: Heitor Missias 42 DICAS PARA TRABALHAR A LITERATURA O primeiro passo dessa jornada consiste em determinar aonde se quer chegar. De acordo com Ricardo Azevedo, escritor e ilustrador, a criança deve aprender a diferenciar os vários tipos de texto para utilizá-los em benefício próprio, seja por puro e simples entretenimento, por motivação estética, religiosa ou para ampliar a visão de mundo. “Para que nasça um leitor, deve se estabelecer com o texto um vínculo emocional que pressuponha prazer, identificação e liberdade de interpretação”, explica Azevedo. Enquanto os livros didáticos fazem uso do discurso objetivo, as obras literárias favorecem a subjetividade, primando pelos aspectos lúdicos e altamente inventivos da linguagem. “A Literatura nos dá autonomia para ler nas entrelinhas ao trabalhar com o texto de modo quase artesanal. E, assim, permite formar um leitor que opina, interpreta, imagina e duvida”, destaca Beth Serra, secretária-geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).” Ainda que soe envolvente, enredar-se em livros de ficção e poesia também demanda esforço. “Me lembro de falarem do uso de quadrinhos para estimular a leitura, depois da televisão, de aplicativos e agora dos jogos educativos. Todos os suportes são válidos, mas de uma coisa ninguém escapa: ler dá trabalho e pede concentração, aprofundamento e um mínimo de consciência sobre o ato de ter um livro nas mãos”, afirma Azevedo. Há pessoas que são exímias contadoras de histórias, mas esse não é um pré-requisito para formar leitores em sala de aula. “O importante é ter segurança para ler e discutir um livro com as crianças”, afirma Beth Serra. “Mais do que a encenação, a declamação ou a fantasia, é a força do texto que verdadeiramente as cativa”, garante ela. Segundo Ricardo Azevedo, para desfrutar da Literatura é recomendável que haja um lugar silencioso, com iluminação adequada para a leitura, assentos confortáveis e bons livros. “É essencial que haja um orientador que seja leitor e conheça bem as obras que têm em mãos”, diz ele, reforçando o papel de mediação do educador. A atitude do professor e a organização das crianças no espaço educativo também podem favorecer o envolvimento delas com o texto literário. “A disposição dos alunos em círculo tende a ser mais produtiva na promoção da interação. Contudo, também é necessário que o professor compreenda a relação entre interação e aprendizagem, as características desse encontro em sala de aula e que aprenda a compartilhar seu poder, abrindo espaço para a voz do aluno ao aceitar seus tópicos e as interpretações das histórias”, conclui. 44 Incentivo à leitura As obras literárias favorecem a subjetividade, primando pelos aspectos lúdicos e altamente inventivos da linguagem A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA Se, no Brasil, a escola ainda é o principal espaço de incentivo à leitura, é importante atentar para a forma como ela trata as obras literárias. Na hora de trabalhar a Literatura e as artes em geral, os professores encontram dificuldade para abordar temas não informativos ou que não sejam explicitamente didáticos. “Eles costumam estabelecer uma relação unilateral, sem diálogo com os alunos, o que é insustentável diante de temas humanos, como a busca do autoconhecimento, a mortalidade ou a paixão. Diante deles, não há verdades absolutas. Daí a importância de compartilhá-los com as crianças”, destaca Azevedo. Para enfrentar o problema de forma positiva, Serra defende a capacitação dos educadores das séries iniciais do Ensino Fundamental em Literatura. Entre os conteúdos específicos de literatura infantil, estariam os principais autores nacionais e internacionais, seguidos de momentos de convívio com as obras deles. “Com esse tipo de leitura, o professor descobre por si só caminho do trabalho com a linguagem, do respeito à criança e do diálogo ficcional”, garante a porta-voz da FNLIJ. Outro ponto que ela considera crucial para ampliar a base de leitores no Brasil é o funcionamento de uma biblioteca em cada escola. “Ainda estamos longe dessa meta, mas devemos persegui-la porque a biblioteca é o lugar que toda criança deve ter como referência na hora de escolher seus livros”, assegura Serra. LIVROS QUE ENCANTAM 1 Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado 2 A casa sonolenta, de Audrey Wood 3 A fada que tinha ideias, de Fernanda Lopes de Almeida 4 Pollyanna, de Eleanor H. Porter 5 Maria vai com as outras, de Sylvia Orthof 6 Alice no país da mentira, de Pedro Bandeira 7 12 fábulas de Esopo, de Hans Gärtner 8 A ilha perdida, de Maria José Dupré 9 História meio ao contrário, de Ana Maria Machado 10 Arca de ninguém, de Mariana Caltabiano Cultura digital 46 Tecnologia integrada ao ensino Objeto educacional digital (OED) Istockphoto As mudanças que o mundo conectado traz para o ambiente escolar São os recursos digitais para uso em sala, como vídeos, animações e simuladores. Eles podem ser usados para motivar discussões iniciais, facilitar a compreensão de um conceito ou avaliar a aplicabilidade de um conteúdo. A partir de 2016, os professores de Ensino Fundamental 1 da rede pública, além de receberem o manual do professor impresso, também poderão ter acesso ao formato PDF (no caso da escolha de obras do Tipo 2 do edital) ou ao formato digital (no caso de obras do Tipo 1), que inclui objetos educacionais como imagens, animações, simuladores e vídeos. O acesso a esses novos formatos é mais do que apenas uma mudança de suporte para o conteúdo oferecido nos livros impressos. Ele traz uma transformação importante no ambiente escolar, que passa a, cada vez mais, incluir a cultura digital em sua rotina. “Nós vivemos, hoje, essa mudança de comportamento que é a cibercultura”, contextualiza Tatiana Pita, assessora pedagógica das editoras Ática e Scipione e doutoranda em Tecnologias Educacionais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). “Nós temos que estabelecer relações – pessoais, profissionais – no mundo virtual e no real. A escola também.” Para os especialistas, o ator principal dessa mudança em sala de aula é o professor. “O único que já está pronto é o aluno”, diz Sergio Amaral, professor pesquisador do Laboratório de Novas Tecnologias Aplicadas na Educação (Lantec) da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os alunos já têm contato com celulares, tablets, smartphones no cotidiano fora da escola. Toda a sua vida já está mediada pela tecnologia. “Eles são os nativos digitais”, diz Tatiana. “Os professores se sentem acuados, é claro. Porque eles são os imigrantes digitais.” Acompanhar essa mudança relativamente recente da sociedade é o desafio do professor e das escolas. “O professor precisa abrir um espaço – o que é complicado, já que há professores com três, quatro jornadas de trabalho –, para se capacitar. De outro lado, as instituições escolares precisam investir em infraestrutura para esse recurso.” Entender esse contexto é fundamental para que o uso da tecnologia em sala de aula não se transforme em um mero “show pirotécnico”, como brinca Tatiana. “Para alguns professores, a tecnologia ainda é um penduricalho”, diz. Mas a inserção da tecnologia em aula pede uma mudança mais profunda, que atinge toda a metodologia e o planejamento pedagógico. “A linguagem digital tem que ser o foco, não um complemento. Tem que estar no cotidiano da sala de aula. Temos que pensar em como transformar o que nós fazemos em atividades mediadas pela tecnologia digital. Ela sempre será a mediadora, e o papel do professor é também o da mediação”, explica Sergio. NOVAS DINÂMICAS Para Tatiana, isso quer dizer que, mais do que fornecer informações, o professor tem cada vez mais o papel de ensinar o aluno a pesquisar. A atividade de pesquisa, que antigamente era passada como lição de casa, vai para dentro da sala de aula. “O professor tem que ensinar o aluno a aprender sozinho”, diz. Mesmo se o acesso à internet é restrito, a cultura digital pode ser inserida em sala de aula de diversas formas. “A ideia de leitura de imagem, por exemplo, que é tão presente Livro digitalizado Produto off-line, em formato PDF. O arquivo é exatamente igual ao do livro impresso, sem conteúdos digitais agregados, porém possui simples funcionalidades, como a possibilidade de grifar e fazer anotações. Livro digital Livro disponível para uso off-line em sala de aula, com o conteúdo digital (OEDs) integrado no próprio produto. Assim, não é preciso acessar a internet para utilizar vídeos, animações e simuladores, por exemplo. Cibercultura Uma mudança de comportamento que transforma as relações entre as pessoas. A cibercultura nasce do desdobramento da relação da tecnologia com a modernidade. Se a modernidade se caracterizou pela apropriação técnica do social, a cibercultura se caracteriza pela apropriação social-midiática da técnica. Nativos digitais Jovens nascidos em meio à tecnologia, acostumados a obter informações de forma rápida. Eles costumam recorrer primeiramente a fontes digitais e à web antes de procurarem em livros ou na mídia impressa. Imigrantes digitais São todos os que pertencem às gerações anteriores aos nativos digitais. Eles viram as tecnologias se desenvolverem, se solidificarem e se incluírem em seu cotidiano e se veem tendo que se adaptar a essa nova relação. Cultura digital no mundo digital hoje, pode ser levada para a aula. O professor pode levar charges ou imagens que estão circulando no Facebook para discutir em sala com os alunos”, ensina. A escrita rápida também é exemplo de como o aluno pode aprender a ser objetivo para explicar alguma coisa. “O professor pode inserir pequenos jogos em que as crianças tenham que dar respostas curtas, mas assertivas e fundamentadas, habilidade que é tão importante hoje em dia”, diz. Um mesmo jogo pode ser usado para atender diferentes objetivos. “Uma cidade interativa, que tem um ambiente urbano, zona rural, escola, mercadinho, por exemplo, pode ser usada pelo professor para perguntar: ‘esse é o lugar em que a gente vive? É Istockphoto 48 horizontes imprevisíveis. “Ninguém está falando que a matemática vai ser outra, mas é preciso mudar a dinâmica para motivar a criança a desenvolver outras habilidades”, completa Amaral. Nesse processo, as vantagens do uso da tecnologia ficam mais claras. Por exemplo, nos ambientes virtuais, alunos e professores participam de debates, games e chats ao vivo e a distância. Contribuir com conteúdo educativo nesses espaços ou noutros, como fóruns, grupos de estudos e blogs mediados por educadores, também é cada vez mais familiar. O cardápio de ferramentas digitais e recursos disponíveis para o uso em sala de aula é vasto. “A tecnologia vem para fazer melhor O professor tem cada vez mais o papel de ensinar o aluno a pesquisar. A atividade de pesquisa, que antigamente era passada como lição de casa, vai para dentro da sala de aula assim que a gente vai ao mercado? É assim que a gente se desloca? A zona rural é assim hoje?’”, explica Tatiana. “O importante é o professor saber o que espera do objeto, para que ele seja um facilitador do seu objetivo.” Se na década passada ainda era comum apresentar filmes para os estudantes em sala de aula, hoje são os educadores e os educandos que encabeçam as produções audiovisuais. Pesquisam, roteirizam e capturam um novo olhar da realidade a partir de suas próprias experiências no mundo digital. Só precisam de uma câmera – serve a do celular – e um dispositivo conectado à internet para postar um novo ponto de vista e alcançar o que o professor já faz bem”, ressalta Valdenice Minatel, coordenadora-geral de tecnologia no Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. A escola criou um comitê gestor de alunos, que se reúne semanalmente para discutir o uso da tecnologia, não só em sala de aula. “O professor tem que estar preparado para usar de maneira pertinente, com intencionalidade de uso. Com o mercado farto de oferta de recursos digitais, a escolha está cada vez mais refinada. É o olhar pedagógico que tem que pautar o tecnológico, e não o contrário”, recomenda. Nesse movimento dinâmico e colaborativo por excelência, as mídias sociais ocupam posição de destaque por reunir diversas ferramentas em torno de si. “Apesar de já fazerem parte da vida dos docentes, a incorporação delas no ensino ainda é um desafio para as escolas, que temem o uso inadequado das redes e a crítica das famílias”, diz a psicopedagoga Maria Irene Maluf. Segundo ela, outro ponto relevante diz respeito à efetividade da aprendizagem num contexto de múltiplos estímulos tecnológicos. “O conhecimento torna-se significativo para o aluno na medida em que ele ganha sentido e reverbera tanto no mundo digital quando no real”, afirma Irene. Para ela, a possibilidade de experimentar e testar hipóteses em ambos os territórios é fundamental para a aquisição de um novo saber. Sobre a aproximação da tecnologia à sala de aula, a especialista pondera que tal iniciativa não implica abandonar o que já se conhecia ou deslumbrar-se com as ferramentas digitais. “As crianças continuam gostando de ouvir histórias, pular amarelinha, ler um livro e demais atividades que remetem à afetividade do real”, garante a psicopedagoga. As possibilidades são muitas, mas a aplicação, de fato, nas escolas, é um processo gradual. “Ninguém espera que as escolas façam uso das tecnologias em todas as séries de um ano para o outro”, diz Amaral. Ele recomenda que se comece nos primeiros anos, porque a criança usa o recurso de uma determinada maneira e sua aplicação permanece ao longo de sua progressão ano a ano escolar. “É uma mudança de cultura e estamos em um momento de transição”, complementa Valdenice. “É um caminho sem volta, mas podemos ter o cuidado de fazer tudo da melhor forma possível.” O QUE ELES FALAM Algumas palavras que estão no cotidiano dos nativos digitais Hashtag O símbolo # (a hashtag, ou cerquilha) é usado nas redes sociais (como Twitter, Instagram e Facebook) acompanhado de alguma outra palavra ou expressão para acrescentar uma informação a um conteúdo, como uma etiqueta (ou tag). Nas redes, as hashtags viram links, que reúnem todo o conteúdo postado sob aquela mesma etiqueta. Por exemplo: “Acompanhe tudo sobre o #Carnaval2015”, em postagem na página do Facebook do Portal Brasil. O uso, no entanto, já extrapola as redes virtuais e alcança as conversas reais. URL Sigla, em inglês, para “Uniform Resource Locator”, o que, em português, é chamado de “Localizador Padrão de Recursos”. É o endereço, em uma rede, ou na internet, para um determinado conteúdo ou recurso (pode ser o local de uma impressora na rede da escola). http://www.mec.gov. br/, por exemplo, é o URL para o portal do Ministério da Educação na internet. Timeline O termo é utilizado nas redes sociais para se referir ao modo que elas apresentam as informações compartilhadas pelos usuários da rede. “Eu vi a foto que você postou na minha timeline”, por exemplo. Apesar de o termo ser usado tradicionalmente para se referir à exibição de informações em ordem cronológica (a linha do tempo), nas redes elas podem ser ordenadas de acordo com outros critérios, como popularidade da postagem. Selfie É o autorretrato, geralmente feito com a câmera frontal dos celulares. O termo foi considerado a palavra do ano de 2013 pelo dicionário de inglês Oxford. São parte da cultura dos nativos digitais, que publicam seus selfies nas redes sociais. Meme App É um apelido para os aplicativos (em inglês, “applications”) de celular. São os programas que podem ser baixados (download), instalados e usados no celular, principalmente smartphones. São apps comuns: Calculadora, WhatsApp, Câmera, Maps, entre outros. É uma mensagem que passa a ser replicada na rede. O uso do termo vem da biologia, onde ele se refere ao modo como os genes se replicam. Na internet, o conteúdo repetido pode ser um texto, um bordão, uma imagem, ou até mesmo um vídeo. Em 2012, um meme bastante famoso foi o que começou com uma propaganda de uma construtora, que gerou o bordão “menos a Luiza, que está no Canadá”. O termo “viral” também é usado para se referir a um conteúdo que se espalha rapidamente pela internet. Arquivo pessoal Artigo Gêneros textuais na sala de aula P or que tanta ênfase em gêneros textuais, na atualidade, como um dos eixos fundamentais para a formação do leitor e do produtor de textos? No dia a dia, ao procurar o que ver na TV, o espectador acaba escolhendo o formato que atende a sua expectativa: jornal, entrevista, show, novela. Cada um desses programas está estruturado de um modo e tem uma intenção: informar os principais fatos do dia, divulgar um tema científico, entreter, divertir. Em geral, o espectador faz sua escolha sabendo o que esperar de cada programa, algo que certamente facilita a compreensão dos propósitos de cada um deles, pois ele não assistirá a uma entrevista de um médico esperando o mesmo suspense e emoção de um filme de mistério. Por meio de seu conhecimento prévio de gêneros televisivos, o espectador também pode ampliar a possibilidade de compreendê-los. Kris Knack 50 *Por Vera Marchezi, Ana Trinconi Borgatto e Terezinha Bertin “O conhecimento do gênero textual ajudará o aluno a adequar suas escolhas ao tema, ao contexto, ao destinatário, à intenção e ao suporte” Parte disso acontece de forma semelhante nas demais práticas sociais que envolvem a comunicação: os enunciados se organizam e se concretizam seguindo formatos ou modelos de comunicação socialmente estabelecidos, isto é, moldados pelo uso: são os diferentes gêneros textuais. Os gêneros textuais são textos verbais (orais ou escritos) ou não verbais (desenhos, gestos) que circulam nas várias esferas sociais em que os seres humanos se relacionam: trabalho, família, escola, entre outras. São socialmente motivados pelas necessidades e intenções (fazer rir, emocionar, convencer etc.) dos sujeitos que se comunicam; inserem-se em contextos sócio-históricos determinados e em situações comunicativas específicas. A cada diferente circunstância, intenção particularizada, público a que o texto for destinado e/ou mudança de veículo/suporte serão alteradas as configurações de linguagem e consequentemente o gênero. Na escola, a compreensão do gênero facilita a leitura e a interpretação de um texto, pois contribui para as inferências necessárias. Se o aluno sabe o que é um poema, perceberá as escolhas próprias desse gênero: sonoridade, rima, jogos de palavras; se reconhece a organização geral de uma notícia, buscará os elementos fundamentais desse gênero: quem, quando, onde, o que, por que; se conhece o gênero piada, buscará os sentidos ambíguos que provocam efeitos de humor. Também na produção textual, o conhecimento do gênero ajudará o aluno a adequar suas escolhas ao tema, ao contexto, ao destinatário, à intenção e ao suporte. Por fim, a interação com gêneros de circulação social real – contos, convites, cartas, notícias, poemas – e a abordagem contextualizada da gramática tornará o estudo mais significativo para o aluno, uma vez que ele é feito em situações reais de uso, o que estimula a reflexão sobre o sistema da língua falada e escrita. A História nos anos iniciais do Ensino Fundamental *Por Anna Maria Charlier O saber histórico a ser trabalhado nos primeiros anos do Ensino Fundamental deve servir como elemento propulsor para o desenvolvimento de habilidades e competências importantes para a aquisição de conhecimentos pelo aluno. Esse processo de aquisição do conhecimento histórico deve ser gradual. O ensino de História nos anos iniciais deve se nortear pela construção progressiva da noção de identidade pelo aluno * Vera Marchezi, Ana Trinconi Borgatto e Terezinha Bertin são autoras da Editora Ática. Através do seu cotidiano (como fato histórico), incluído dentro de um processo histórico, a criança aprende a reconhecer e a valorizar a sua própria história (como sujeito histórico) e a relacioná-la com outras em diferentes espaços e em diferentes tempos (tempo histórico), conseguindo assim inserir-se em contextos cada vez mais globais e diversificados. Nesse sentido, o ensino de História nos anos iniciais deve se nortear pela construção progressiva da noção de identidade pelo aluno. Cabe ao professor orientá-lo na construção do saber histórico, auxiliando-o a reconhecer e a valorizar sua identidade, a inserir-se em um grupo social, a respeitar as diversidades e a desenvolver a capacidade de analisar criticamente a realidade em que vive, podendo no futuro ser capaz de nela intervir de maneira consciente e positiva. Outro ponto importante a considerar no ensino da História são as fontes históricas, imprescindíveis no trabalho de construção do saber histórico pela criança: documentos oficiais, textos de época e atuais, ilustrações, gravuras, fotos, mapas, imagens, poemas, canções, textos literários, depoimentos pessoais, histórias em quadrinhos, filmes e outros devem ser usados com critério e adequação para que atinjam o objetivo a que se propõem. Ensinar História não significa abordar os temas do passado sem relacioná-los com o presente. Por meio de exemplos práticos, compara-se o cotidiano do aluno com o de outros “mundos” diferentes no tempo e no espaço. Nesse trabalho construtivo e dinâmico não há lugar para a antiga forma de ensinar História, em que predominava a exposição pelo professor e a simples memorização pelos alunos, pois a partir das referências do próprio aluno é que se compara, se analisa e se relaciona. O aluno se vê como participante de um grupo social, sujeito da história e elemento responsável pela construção do futuro, valoriza o seu tempo presente e reconhece as permanências e as mudanças ocorridas na sociedade. Aos poucos ele percebe as diversas temporalidades no decorrer histórico e consegue situar os acontecimentos históricos no seu devido tempo. Com o estudo do seu próprio cotidiano, o aluno, auxiliado pelo professor, conseguirá estabelecer relações de semelhança e diferença com outros indivíduos e com outros grupos sociais em diferentes épocas. *Anna Maria Charlier é bacharel e licenciada em Geografia e História pela Universidade de São Paulo (USP) e autora de livros didáticos pela Editora Ática. Comportamento Bullying, um problema de todos Dicas de leitura para alunos e professores •Bullying - Que • Coleção Todos brincadeira é Juntos, de Walcyr essa?, peça Carrasco: os livros teatral de Denio Laís, a fofinha e Daniel Maués: pode no mundo do silêncio ser interpretada abordam as questões pelos alunos com da construção da a coordenação do autoestima e do professor. enfrentamento ao bullying de maneira sutil e adequada às crianças. O professor, assim como os demais funcionários de uma escola, deve estar preparado para identificar e combater o problema Istockphoto 52 O professor é, antes de tudo, um educador. E, como tal, deve estar atento não só ao conteúdo que passa aos seus alunos, mas também ao comportamento da classe, à forma como eles se relacionam, interagem, se ajudam ou, ao contrário, se estranham. É ele, afinal, quem pode detectar situações de bullying na sala de aula ou fora dela. Desde que começou a aparecer na mídia brasileira, o termo em inglês que significa “intimidação” tomou grandes proporções – tanto que se usa a palavra de forma indiscriminada. “Temos percebido, não somente por parte das escolas, ampla generalização e banalização do problema. Falta conhecimento sobre o que de fato é bullying, o que tem gerado graves equívocos na identificação e nos procedimentos”, explica Cleo Fante, educadora, pesquisadora e uma das maiores especialistas sobre o tema no Brasil. Logo, o primeiro ponto que o professor precisa ter em mente é o que de fato é bullying – essa ameaça silenciosa e agressiva que pode se tornar um grande problema na vida de alguns alunos. Para que a ação seja considerada bullying é preciso que haja uma combinação de algumas dessas características: repetição de maus-tratos contra o mesmo alvo num período prolongado de tempo, intenção nas ações, desequilíbrio de forças ou de poder entre as partes, ausência de motivos (por parte do alvo) e danos resultantes – como o aluno vítima deixar de frequentar a escola, por exemplo. “Caçoar, apelidar, criticar, ‘pegar no pé’ são ações naturais e acontecem frequentemente entre estudantes”, destaca Cleo, lembrando que nem tudo é bullying. Outra especialista no tema, Tania Zagury, lembra que, por mais atento e capacitado esteja um professor, ele precisa agir em grupo. “Um professor sozinho não resolve. A atitude a ser tomada deve ser da escola como um todo”, diz a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), filósofa e escritora. Autora de 24 livros sobre educação, entre eles o best-seller Limites sem traumas e O professor refém, Tania lembra que toda escola deve adotar como parte de sua agenda um programa antibullying que capacite todos os seus funcionários – do porteiro ao gestor – e desenvolver • Veneno digital, •Chega de bullying, de Walcyr site do Cartoon Carrasco: embora Network voltado para (chegadebullying. alunos mais com.br): dicas velhos, o livro sobre bullying da Coleção Sinal dentro e fora Aberto pode da escola para ajudar o professor estudantes, pais a entender e e educadores. lidar com o ciberbullying. ações pedagógicas específicas para combater o mal. Às vezes é mais fácil um inspetor perceber uma situação estranha no pátio, na hora do intervalo, do que o professor em sala de aula. “É fundamental que se saiba que o bullying é praticado às escondidas, não é feito para aparecer. Por isso é muito difícil de ser percebido. Pode não acontecer em sala de aula. No geral, é no pátio, atrás de uma pilastra, em lugares escondidos”, alerta Tania. O ideal é que a cultura de entendimento e de reforço dos valores sociais seja trabalhada já na Educação Infantil, fase em que casos de bullying são raros, mas quando a agressividade contra o colega começa a aparecer. “Evita-se, assim, a continuidade do comportamento agressivo ao longo do tempo. Quanto mais cedo a criança aprender e exercitar atitudes e valores condizentes com uma cultura de paz, mais cedo saberá respeitar e conviver com as diferenças”, acredita Cleo Fante, autora dos livros Fenômeno Bullying e Bullying Escolar. As especialistas lembram também que o ciberbullying, que geralmente acontece nas redes sociais e extrapola os muros da escola, é mais difícil de ser contido. Mas isso não isenta os educadores de agirem – quando perceberem que um aluno está sendo perseguido também na internet, é hora de interceder com firmeza, chamando os agressores e a vítima para conversas particulares, numa tentativa de mediar o conflito e interromper a ação dos provocadores. DICAS PARA O GESTOR • Reunir toda a equipe para decidir qual vai ser a estratégia da escola na luta contra o bullying. • Definir qual será o canal de denúncia de casos de bullying – e que seja seguro para o denunciante e para a vítima. • Lembrar que qualquer funcionário pode detectar situações estranhas e, portanto, todos devem estar treinados de forma homogênea. • Envolver a família nas campanhas de conscientização sobre o tema, lembrar que esse é um problema que envolve a todos. 1 Estar atento aos alunos que se isolam, que não têm amigos ou que fogem de trabalhos em grupo, por exemplo. 2 Agir imediatamente no sentido de proteger a vítima e cessar os ataques. 3 Lembrar que uma situação que começa dentro da escola pode se estender para fora de seus muros, podendo se tornar um ciberbullying a partir do momento em que toma as redes sociais. 4 Falar com outros professores para saber se eles têm a mesma percepção sobre o caso. 5 Professores de Educação Física têm mais chances de perceber uma vítima em potencial quando um aluno está sendo preterido nas escolhas de times, quando não passam a bola para ele ou quando é constantemente caçoado por causa das inabilidades esportivas (de novo, casos isolados são comuns e não devem ser considerados prática de bullying). 6 Comunicar à direção para saber como proceder uma vez que um caso foi detectado. 7 Tato ao comunicar os pais, em especial se ele for pai do agressor – ninguém quer acreditar que seu filho seja capaz de fazer mal a um colega. 8 Não aja sozinho. Busque o reforço da equipe escolar. Artigo É preciso prestar atenção Istockphoto DICAS PARA O PROFESSOR 55 *Por Celso Lopes de Souza C PERFIL DA VÍTIMA É comum que o bullying aconteça entre os meninos a partir dos dez ou 11 anos, entre os mais tímidos e introspectivos ou entre os que não sei encaixam nos padrões sociais médios – muito obesos, magros, pessoas com deficiência, por exemplo. Para Tania Zagury, esse perfil predefinido vem mudando e, hoje, qualquer pessoa pode ser vítima de um grupo pelas razões mais adversas. “Meninas consideradas bonitas podem ser perseguidas por outras colegas por inveja, por exemplo.” A subjetividade dos ataques, a falta de motivo aparente, o desdobramento nas redes sociais e um perfil cada vez mais amplo das vítimas em potencial torna o trabalho das escolas mais difícil. Também faltam ainda políticas públicas e investimentos em pesquisas sobre o assunto. São poucos os dados sobre o problema no Brasil. A pesquisa nacional mais recente foi realizada em 2012 – e o bullying entrou como um entre muitos temas. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) foi realizada com mais de 109 mil alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Destes, 7,2% afirmaram que sempre ou quase sempre se sentiram humilhados por provocações. Os percentuais foram maiores entre os estudantes do sexo masculino (7,9%) do que entre os do feminino (6,5%). E 20,8% dos estudantes praticaram algum tipo de bullying (esculachar, zoar, mangar, intimidar ou caçoar) contra os colegas, levando-os a ficarem magoados, incomodados ou aborrecidos. Ter um conhecimento sobre a realidade brasileira já é um bom começo. A segunda é se informar sobre como proceder. “A melhor maneira de lidar com o bullying, em suas diversas modalidades, é o conhecimento. Por isso, é necessário que as escolas criem mecanismos preventivos que envolvam a todos. Os profissionais precisam ser treinados na observação e diálogo, na identificação e intervenção”, ensina Cleo Fante. É como qualquer outro mal: sempre melhor prevenir. om certeza você já se deparou com crianças que parecem “estar a mil” o tempo todo, não conseguem esperar por sua vez, não terminam o que começam, estão sempre em outro mundo…. Acho que você já se lembrou de algumas delas. Apesar de a descrição ser típica das crianças portadoras de Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), não necessariamente as que você imaginou apresentam o transtorno. São diversas as possibilidades que podem justificar o comportamento citado, mas isso não invalida o fato de o TDAH ser um transtorno neurobiológico muito bem-estudado e lastreado pela comunidade O professor pode ter um papel muito importante nessa história, visto que é ele quem passa a maior parte do tempo com as crianças científica. O que deve ser invalidado é a banalização do diagnóstico, que precisa ser feito por médicos e psicólogos experientes e confirmado por meio do acompanhamento da evolução da criança com os tratamentos propostos. Por falar em tratamento, os estimulantes – como o metilfenidato – continuam sendo a opção mais utilizada. A questão é: estamos exagerando no uso de medicamentos? Para responder a essa pergunta, vejamos um dado divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), um órgão bastante respeitado nos EUA: “Um em cada cinco estudantes do Ensino Médio nos EUA recebeu o diagnóstico de TDAH. Dois terços destes fazem tratamento com estimulantes.” (Center for Disease Control and Prevention, 2013). No Brasil a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) também emitiu um alerta: “O consumo do medicamento metilfenidato, utilizado no tratamento do TDAH, aumentou 75% em crianças com idade de 6 a 16 anos, entre 2009 e 2011”. (Anvisa, 2013). Esses números sugerem que sim, estamos exagerando. Mesmo utilizando dados epidemiológicos que justifiquem esses dados, outra questão se impõe: estamos de fato dando remédio para aqueles que precisam? Pois tão grave quanto não tratar os que precisam é tratar os que não precisam! Nada contra as medicações, afinal, se não fossem elas, nossa expectativa de vida ainda seria ao redor de 30 anos. Mas tenho como verdade que se não fossem o abuso e o uso inapropriado das medicações viveríamos mais. O professor pode ter um papel muito importante nessa história, visto que é ele quem passa a maior parte do tempo com as crianças. Essa condição o coloca numa posição privilegiada tanto na identificação de sintomas precoces, quanto na observação da evolução da criança quando ela inicia o tratamento. Os professores podem ser os vigilantes de todo o processo, pois outra verdade que tenho para mim é que professores experientes raramente se enganam. *Celso Lopes de Souza é médico psiquiatra, professor e autor de Química do Sistema Anglo de Ensino e da Editora Scipione. Arquivo pessoal Comportamento 54 A coleção valoriza as diversas culturas que formam a sociedade brasileira, a pluralidade social e a formação da consciência. Uso de histórias em quadrinhos, poemas e letras de músicas. A organização dos conteúdos facilita ao professor planejar suas aulas de maneira prática e ágil. • LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO • LÍNGUA PORTUGUESA Autora: Marcia Paganini Cavéquia • ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA • MATEMÁTICA Autores: Fábio Vieira, Jackson Ribeiro e Karina Pessôa • CIÊNCIAS Autores: Karina Pessôa e Leonel Favalli • HISTÓRIA Autoras: Rosemeire Alves e Maria Eugênia Bellusci 1º CICLO: Letramento e Alfabetização – 1º ao 3º ano Alfabetização Matemática – 1º ao 3º ano Ciências, História e Geografia – 2º e 3º anos 2º CICLO: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia – 4º e 5º anos www.scipione.com.br • GEOGRAFIA Autores: Wanessa Garcia e Rogério Martinez Educação Física Muito além do corpo Mais do que aprimorar as capacidades motoras, as aulas de Educação Física também são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo das crianças Istockphoto 58 P ara as crianças, a aula de Educação Física se parece bastante com a hora do recreio – é o momento de levantar da cadeira e se dedicar a atividades mais lúdicas, que mexem com o corpo. No primeiro ciclo do Ensino Fundamental, a disciplina proporciona uma espécie de “alfabetização corporal”. Por isso, as atividades são mais simples e geralmente focadas no desenvolvimento individual – como aprender a lançar uma bola ou obedecer, de olhos fechados, a comandos de movimento feitos por um colega. Assim, a criança começa a tomar consciência das capacidades e das limitações do seu corpo. “É na No primeiro ciclo do Ensino Fundamental, a disciplina proporciona uma espécie de “alfabetização corporal” Educação Física que se desenvolve a linguagem corporal, muito valorizada nessa idade. Apropriar-se desses códigos é fundamental para uma boa inserção social”, diz Fabio Luiz D’Angelo, coordenador do Instituto Esporte & Educação. Depois de dominar as capacidades básicas, os alunos passam à fase de usufruir delas em atividades coletivas, como jogos em grupo. É a partir desse momento que descobrem novos valores, como a cooperação, e aprendem a lidar com situações de conflito – como aquela em que um colega não passa a bola para ninguém. Esses são apenas alguns dos aspectos desenvolvidos nas aulas de Educação Física; confira, a seguir, dez habilidades que as crianças aprendem nessa disciplina. 1 Aprendizado corporal Os primeiros anos do Ensino Fundamental são essenciais para as crianças descobrirem quais são os movimentos usados para interagir e brincar com os colegas. “Nessa idade, a linguagem do corpo é um elemento muito forte de socialização. Na aula de Educação Física, os alunos aprendem os códigos das brincadeiras de grupo, como a queimada, e isso permite que tenham um bom desenvolvimento social”, afirma D’Angelo. 2 Aprimoramento motor A aula de Educação Física mobiliza o aluno a aprender sobre seu corpo, a ter consciência sobre ele e a desenvolver habilidades como equilíbrio, coordenação motora e noção de espaço e de tempo. Isso pode ser feito por meio de tarefas bem simples. Entre os pequenos, na faixa de três ou quatro anos de idade, uma atividade popular é o jogo do robô, no qual um fica de olhos fechados enquanto o outro dá comandos para ele se mexer – como virar para a esquerda ou levantar o braço, por exemplo. 3 Descoberta de habilidades Durante as atividades propostas nas aulas, as crianças vão, aos poucos, descobrindo quais são suas habilidades físicas e como podem usar o corpo para explorar novas brincadeiras e testes. Ao receber uma bola e brincar com ela, o aluno vai descobrindo se é hábil, forte ou extrovertido, por exemplo. “O exercício nos dá um feedback imediato do que somos. Nesse momento, a criança entende quais são as suas potencialidades e as suas limitações”, afirma D’Angelo. 4 Aumento da autoestima Quando aprende a fazer corretamente os movimentos propostos pelo professor – como lançar uma bola –, a criança ganha confiança em si mesma e perde a inibição para tentar executar coisas novas. Isso é importante para aumentar a autoestima em uma fase da vida em que ela se compara aos colegas levando em conta essencialmente seus atributos físicos. Istockphoto Educação Física 7 Incentivo à cooperação 8 Resolução de conflitos A competição em grupo é essencial para a turma desenvolver habilidades cooperativas para atingir um objetivo positivo: ganhar o jogo. “Os jogos são repletos de situações desafiadoras, tanto do ponto de vista motor como do social. Por isso representam um terreno fértil para a criação de estratégias coletivas de ação”, diz D’Angelo. Istockphoto 60 5 Estímulo cognitivo Brincar com bolas, caixas e latas não é só diversão. Atividades que envolvem objetos de tamanhos, pesos, cores e texturas diferentes ajudam os alunos a desenvolver outras capacidades cognitivas, como comparar, classificar e deduzir. Para que isso aconteça, o professor deve montar um acervo com vários tipos de bolas, sacos de areia, cordas e blocos com características bastante heterogêneas. 6 Valorização das regras Quando chega a fase de deixar as atividades individuais e participar de jogos em grupo, os alunos na faixa de seis e sete anos aprendem a importância de criar regras como um pressuposto para a boa convivência. Uma experiência interessante é estimulá-los a serem mais independentes para estabelecer essas normas e deixar que eles gerenciem o jogo e discutam saídas para os impasses. “A escola precisa valorizar a independência das crianças. É uma boa maneira de construir o espírito de cidadania”, afirma D’Angelo. Nos jogos em grupo, é inevitável haver conflitos, como alguém transgredir uma regra ou um aluno ser mais hábil do que o outro e monopolizar a brincadeira. Esses momentos são importantes para as crianças aprenderem a resolver contrariedades. Em vez de determinar o que será feito para solucionar o problema, o professor deve descobrir, com a ajuda da turma, como resolver a questão. Isso estimula as capacidades de dedução e abstração dos alunos, pois eles são incentivados a desenvolver e a testar suas hipóteses. D’Angelo menciona um exemplo: ao notar que um aluno muito bom em queimada era o único que pegava na bola, ele interrompeu a atividade, e as crianças sugeriram jogar com duas bolas, para que todos pudessem jogar. Deu certo. 9 Exercício de criatividade Quando se começa um jogo, nunca se sabe como ele vai terminar. A imprevisibilidade das situações é importante para as crianças desenvolverem seu lado criativo quando se veem frente a um obstáculo ou para virar o jogo quando sua equipe está perdendo. Outra maneira de incentivar a criatividade dos alunos durante a aula é propor que eles construam um circuito de atividades usando caixas, cordas e latinhas – e, depois, desafiem o resto da turma para ver quem consegue completar primeiro todas essas atividades. 10 Aprendizado com o fracasso A competição é um elemento importante para as crianças aprenderem que não são imbatíveis: um dia se ganha e, no outro, se perde. O papel do professor não é fazer pressão pela vitória, e sim mostrar à turma que a derrota é um desafio e um convite a tentar de novo. “Os jogos ajudam a entender o erro como parte do processo de aprendizagem”, afirma D’Angelo. A importância do jogo Aprender com mais diversão Não é necessário usar plataformas digitais para aplicar a lógica do jogo na escola. Criatividade e inovação podem fazer qualquer atividade parecer muito mais divertida e desafiadora para os alunos O s jogos são, há tempos, uma parte importante das atividades recreativas das crianças. A novidade é que agora eles estão começando a se integrar também ao currículo escolar. Nos próximos dois anos, as estratégias usadas nessas brincadeiras serão aplicadas com mais frequência nas salas de aula do Ensino Fundamental, conforme prevê o último relatório do New Media Consortium (NMC), elaborado por pesquisadores e profissionais das áreas de tecnologia e educação do mundo todo. O documento, publicado em 2014, considera esse método, conhecido como gamificação, uma das ferramentas mais importantes a serem implementadas nas escolas até 2017. Adotar a gamificação não significa apenas usar jogos em sala. A proposta é integrar seus elementos – como desafios, pontuação, divisão por fases e premiação – ao processo de ensino e aprendizagem, para estimular o engajamento dos alunos nas tarefas escolares. Isso pode ser feito usando games digitais, jogos de tabuleiro ou criando atividades e métodos de avaliação diferentes. “A geração que está no Ensino Fundamental tem muita proximidade com jogos. Por isso, usar suas regras é um fator motivacional muito forte”, afirma Teresa Cristina Jordão, doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). DINÂMICO E LÚDICO Duas características dos jogos são essenciais para ativar o interesse dos alunos por aprender. A primeira é o feedback rápido: em vez de esperar pela nota da prova ou do boletim, o estudante vê resultados imediatos em suas ações e identifica imediatamente o que fez de errado. A outra é a abordagem mais leve desses erros. Em um contexto lúdico, eles não são o fim da linha, pois a criança sempre pode tentar uma estratégia diferente e testar novos caminhos para atingir o resultado certo. “O erro perde a carga psicológica negativa, porque o aluno tem a chance de tentar de novo e vê que é possível aprender mesmo quando não acerta”, diz Marcelo Fardo, mestre em Educação e professor de Design e Tecnologias Digitais da Universidade de Caxias do Sul. Quando são desafiadas a realizar esse tipo de atividade – sozinhas ou em grupo –, as crianças desenvolvem habilidades não cognitivas, como criatividade, colaboração e espírito de liderança, e também aprimoram seu pensamento crítico, a habilidade de resolver problemas e a perseverança para atingir um objetivo didático. “A gamificação tem uma lógica que ajuda no processo pedagógico, mas sempre deve estar ancorada em um bom conteúdo acadêmico”, afirma José Luiz Aliperti, fundador da Kidu, que cria ferramentas educacionais. Istockphoto 62 INOVAÇÃO NO DIA A DIA – SEM TECNOLOGIA A boa notícia para quem lida diariamente com crianças do Ensino Fundamental é que falar em jogos nos dias de hoje não significa necessariamente ter de usar plataformas digitais. A gamificação pode ser aplicada na escola sem precisar recorrer a muitos recursos tecnológicos. Uma maneira de começar é adotar uma dinâmica diferente na sala de aula: tarefas viram desafios ou missões; o aluno cria seu avatar ou se integra a um grupo com um nome próprio; fazer as lições significa derrotar um inimigo ou avançar no caminho proposto pelo professor. Tudo isso sempre seguindo um objetivo pedagógico traçado previamente. “Um ambiente lúdico não precisa de computadores. O mais importante é criar uma narrativa que se assemelhe à que é usada em jogos, para envolver o aluno”, afirma Teresa Cristina. “É preciso pensar em inovação antes de lançar mão da tecnologia.” Um bom exemplo são as criações de professores da escola pública Quest to Learn, de Nova Iorque (Estados Unidos). Entre elas está um jogo no qual os alunos lançam dados e usam a soma dos números para desenhar a maior lagarta possível, ao preencher as casas numéricas do tabuleiro – eles também tomam nota de quantas vezes a mesma soma aparece, para fazer um gráfico 64 A importância do jogo Pontos: Fotos: Istockphoto tempo: A nova função do professor é ser um facilitador da produção de conhecimento, que propõe desafios e ajuda os alunos a elaborar respostas criativas de frequência. Outro exemplo é o dominó em que as peças trazem termos de geologia em vez de números, e só podem ser unidas se essas palavras tiverem relação entre si (como magma e vulcão). São exemplos inspiradores e fáceis de serem reproduzidos também na realidade brasileira. E que tal criar, em conjunto com os alunos, um jogo que ajude a explicar o conteúdo de determinada disciplina? Segundo Aliperti, nos Estados Unidos uma classe recebeu um desafio desses. Ao descobrir que os alunos mais novos tinham dificuldade com a tabuada, criaram um jogo de tabuleiro com dados de dez faces para tornar mais interessante a tarefa de fazer as contas. Outra opção é apresentar alguns dados na aula e lançar desafios que envolvam a participação da classe toda, como pedir para que os alunos pensem em como despoluir o rio da cidade. “Os nativos digitais valorizam muito a interação. Aprender de forma cooperativa é muito mais interessante, pois eles constroem o conhecimento juntos, de maneira ativa”, afirma Jorge Proença, especialista em educação e fundador da plataforma educacional Kiduca. TRANSIÇÃO GRADATIVA O uso de games digitais pode acontecer aos poucos. Com o auxílio de um computador e um projetor, por exemplo, o professor tem a opção de compartilhar um jogo com a sala toda, dividindo os alunos em grupos, que disputarão entre si. Quando há mais computadores em sala ou no laboratório, é possível usar games educacionais ou aqueles que já são populares entre as crianças. No segundo caso, o professor precisa conhecer bem o jogo para verificar se é apropriado para a faixa etária e se atende aos objetivos pedagógicos que ele deseja, tanto em termos curriculares como em relação ao desenvolvimento de competências. As plataformas e os jogos digitais mais sofisticados requerem mais equipamentos – especialmente aqueles que são baseados no ensino adaptativo, que acompanha a evolução de cada estudante e propõe novos desafios com nível crescente de dificuldade, conforme ele evolui na matéria. Nessa modalidade, o professor consegue descobrir com mais precisão em que ponto da disciplina cada aluno tem mais problemas e ajudá-lo a avançar, às vezes com o auxílio do software, que traz vídeos e conteúdos para reforçar um conteúdo específico. Para conviver com essas novas ferramentas e estratégias, os professores precisam repensar seu papel na sala de aula. Sua nova função é ser um facilitador da produção de conhecimento, que propõe desafios e ajuda os alunos a elaborar respostas criativas. “O professor usa melhor seu tempo em sala quando se transforma em alguém que auxilia a classe na busca de informações”, afirma Teresa Cristina. Segundo a especialista, essa é uma mudança que ocorrerá de forma gradativa. “Para que dê certo, não é preciso fazer altos investimentos financeiros. O essencial é dar aos professores tempo para pensar e oportunidade de desenvolver ideias em oficinas na própria escola.” Arquivo pessoal Artigo Kris Knack 66 O que é preciso para dar boas aulas de Ciências? Dicas para um ensino da Matemática mais significativo *Por Rogério G. Nigro *Por Luiz Roberto Dante V ocê deseja melhorar as suas aulas de Ciências, mas não sabe exatamente como? Uma boa dica é prestar atenção à forma como você interage com as crianças. Por exemplo, você costuma fazer perguntas dirigidas a elas? Dá tempo suficiente para que sejam respondidas? As questões feitas chegam a estimular a mente imaginativa de seus alunos? Acontece que, para ensinar Ciências, é importante não só ter algum domínio dos assuntos que serão trabalhados, mas também favorecer que as crianças desenvolvam hábitos de mente “O pequeno cientista que mora dentro das crianças deve ser bem cultivado, irrigado, provocado, para sair do estado de dormência e poder germinar” (como a crítica baseada em evidências) e atitudes (como a curiosidade, a honestidade no tratamento das informações) compatíveis com os dos cientistas. Frequentemente as coisas se passam ao nosso redor e não olhamos para elas como um cientista faria. E a visão científica possibilita muitas coisas, como o desenvolvimento de empatia pela natureza, por exemplo. Por esse motivo é importante que as crianças não simplesmente ‘tenham aulas de Ciências’ na escola, mas que ‘façam ciência’ no contexto escolar. O pequeno cientista que mora dentro das crianças deve ser cultivado, irrigado, provocado, para sair do estado de dormência e poder germinar. Procure colocar isso na prática ao dar suas aulas de Ciências. Mas esteja atento! Ao fazer ciências na sala de aula as crianças se motivam e se envolvem mais com a busca de respostas, do que com o encontrar uma única resposta. Pouco a pouco, com base nos estímulos e apoio que você oferece, elas vão conquistando autonomia para gerar hipóteses, idealizar experimentos, registrar dados, elaborar relatórios, argumentar em favor de suas ideias, identificar variáveis etc. Fenômenos corriqueiros, nas aulas de Ciências, devem ter o poder de nos fascinar e nos deixar maravilhados. Sabemos que, na labuta diária da docência, por vezes o desânimo se apodera de nós. É desesperador não termos ideias, não nos sentirmos seguros sobre o que fazer. Mas saiba que o entusiasmo talvez seja o que tenha maior valor na prática docente. Deixe que o fascínio pela natureza seja a sua munição para manter esse entusiasmo. Tenha certeza de que você ganhará muito em contrapartida: a satisfação de despertar nas crianças o maravilhamento trazido pelas revelações da ciência! Sua missão, como professor de Ciências, é uma das mais nobres. O maravilhamento que você pode ajudar a despertar e a manter nas crianças é um primórdio das atitudes que elas se sentirão encorajadas a ter em relação ao meio ambiente, à tecnologia, à sociedade e a si mesmas no futuro. Estamos diante daquela pausa no tempo em que as esperanças de um mundo melhor nascem. E, como professores de Ciências, estamos de fato contribuindo para a formação desse mundo novo, que concilia o desenvolvimento científico e tecnológico com o bem-estar social, individual e do entorno. *Rogério Nigro é doutor em Ensino de Ciências e Matemática pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e autor da Editora Ática. O s estudos e pesquisas em Educação Matemática apontam para algumas diretrizes para tornar o ensino e a aprendizagem da disciplina mais significativos. Enunciamos a seguir algumas delas, baseadas em nossa experiência, em nossos estudos e pesquisas, e em nosso contato com a realidade da sala de aula. 1. Trabalhar as ideias e os conceitos matemáticos intuitivamente, antes da simbologia, antes da linguagem matemática. 2. Criar oportunidade para o aluno aprender por compreensão e não por mecanização, apresentando a ele os porquês. Estimule o aluno a pensar, raciocinar, criar, relacionar ideias, a ter iniciativa e autonomia de pensamento 3. Estimular o aluno a pensar, raciocinar, criar, relacionar ideias, a ter iniciativa e autonomia de pensamento. 4. Substituir nas aulas a frase: “É assim que se faz” por outra como, por exemplo, “Pense um pouco sobre isso”. 5. Trabalhar os conceitos e procedimentos matemáticos via resolução de problemas que envolvam o aluno de modo significativo. 6. Aproveitar a experiência acumulada pelo aluno, partindo dos seus conhecimentos prévios e produzindo a aprendizagem significativa. 7. Estimular o aluno a fazer estimativas, cálculo mental e arredondamentos, obtendo resultados aproximados. 8. Fazer conexões da Matemática com outras áreas do conhecimento: interdisciplinaridade. 9. Considerar mais o processo do que o produto final, mais as estratégias utilizadas do que resultados prontos e acabados. 10. Encarar a aprendizagem da Matemática como um processo ativo e não passivo. 11. Utilizar a História da Matemática como um importante recurso didático. 12. Os jogos e brincadeiras também podem ser importantes recursos didáticos. 13. Utilizar a calculadora e o computador adequadamente, sabendo quando e como fazê-lo. 14. Enfatizar igualmente os grandes eixos temáticos: números, Geometria, Álgebra, grandezas e medidas e tratamento da informação. Trabalhá-los de forma integrada. 15. Equilibrar conceituação, habilidade de cálculo e aplicações. 16. Sempre que possível, desencadear novos conteúdos via situações-problema contextualizadas. 17. Desenvolver as competências: • representação e comunicação; • investigação e compreensão; • percepção sociocultural e histórica da Matemática. 18. Desenvolver no aluno uma atitude positiva em relação à Matemática. *Luiz Roberto Dante é autor de Matemática da Editora Ática. Meio ambiente 10 dicas para trabalhar a consciência ambiental em sala de aula M omentos de crise demandam atitudes práticas emergenciais, focadas na resolução de um problema específico, mas não necessariamente bastam para gerar consciência ambiental. Segundo Rogério Nigro, doutor em Ensino de Ciências pela Universidade de São Paulo e autor de diversos livros para alunos do Ensino Fundamental ao Superior, é para essa questão que os profissionais de educação devem atentar ao abordar questões ambientais com os alunos. “As crises momentâneas, como a hídrica e energética que vivemos mais intensamente hoje, são importantes transformadoras de hábitos: economia de água, consumo consciente e reciclagem, por exemplo. Mas isso não quer dizer que há uma consciência ambiental em torno desses assuntos, pois isso pressupõe outra percepção de mundo, outro envolvimento com a natureza”, pondera o autor. Como é possível, então, partir do consenso sobre esses temas para uma verdadeira conscientização em sala de aula? O professor Rogério Nigro propõe aqui algumas dicas para quem busca uma resposta realmente transformadora. 4 Estimule a observação atenta e cautelosa. Chame a atenção dos alunos para os detalhes e as características do ambiente estudado. “O olhar conceitual não é tão importante. É preciso olhar o entorno”, destaca Nigro. 1 Conceitue o ambiente mais como “entorno” do que como “ecossistema”. Vale atiçar a curiosidade da criança para estudar a fundo tanto entornos “grandes”, como a floresta, o mar, o deserto, como também os “pequenos”, como um aquário, um terrário, uma colmeia. Incentive descrições, pedindo, por exemplo, que elas comparem a diversidade vegetal desses entornos com a do dia a dia. 2 Sensibilize os alunos para que queiram conhecer e explorar diferentes ambientes. A ideia é ativar a imaginação para lugares como regiões geladas ou o fundo do mar, por exemplo. Peça ao aluno que se imagine dentro daquele ambiente desconhecido – pode ser um iglu de esquimó ou uma cabana na floresta. Vale usar imagens de impacto, que levem a criança para “um mundo desconhecido e misterioso”, um “mundo encantado”. 5 Promova o acesso das crianças a muitos conteúdos, mas sem excessos. Tome o cuidado de não esperar que tudo seja visto pelas crianças da mesma forma que acontece com adultos ou cientistas. Nesse trabalho, é interessante usar jogos que lidam com as informações do ambiente. iStockphoto 68 8 Incentive atividades de leitura em torno de informações sobre diferentes ambientes. Estimule a localização de informações, a busca de literatura, a realização de debates e apresentações, o compartilhamento de informações e questionamentos. Que tal montar de uma biblioteca sobre determinado ambiente? 6 Crie oportunidades para as crianças compartilharem muitas informações, opiniões e pensamentos. Estimule a produção de murais e exposições sobre meio ambiente para os pais e a comunidade escolar. Proponha a realização de montagens – recriar o cenário do mangue, por exemplo. 9 Indique quais informações ambientais são obtidas a partir do trabalho de cientistas. Apresente entrevistas feitas com eles (em texto, vídeo ou, se possível, presencialmente), para que as crianças tenham algum contato com esses profissionais. 7 3 Proponha mistérios a serem investigados no ambiente. Leve fotos ou vídeos para a sala de aula e proponha perguntas como: “quem fez aquela pegada? Por que aquela planta está daquele jeito? Quem está vendo o ser escondido que eu estou vendo?”. Dissemine a ideia de que o ser humano pode recuperar o meio ambiente. “O objetivo é estimular o desenvolvimento de adultos zelosos pela natureza”, diz Rogério. Explore o tema da interação do ser humano com o seu entorno numa visão positiva, que tenha o potencial de fomentar uma atitude preservacionista e respeitosa. Ao apresentar ambientes, procure mostrar como eles não estão isolados do ser humano. Sempre há um grupo de pessoas vivendo ali ou próximo dali, por exemplo. Apresente casos preservacionistas de sucesso, como a mudança de paisagem de alguns parques nacionais. 10 Realize trabalhos de campo para que as crianças explorem algum ambiente. Promova experiências ao ar livre: pode ser um zoológico, um aquário, uma trilha na mata. Aproveite a colaboração dos guias e tome o cuidado de dar a sensação de tempo, liberdade e oportunidade para as crianças apreciarem a natureza. Educação a distância Capacitação a distância A modalidade se mostra, cada vez mais, um caminho viável para a formação de professores A lém da oferta de cursos livres sobre inúmeros assuntos, gratuitos ou pagos, pela internet, a formação em nível superior a distância já é uma realidade. A modalidade existe legalmente no Brasil desde 1996 e, há dez anos, foi regulamentada pelo Ministério da Educação (MEC), podendo ser utilizada por instituições de Ensino Superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Para o professor que precisa se capacitar, as opções são cada vez mais atrativas. Em 2005, o Governo Federal criou a Universidade Aberta do Brasil (UAB), um sistema integrado por universidades públicas que oferece cursos de nível superior a distância. Os professores da Educação Básica têm prioridade na formação e podem se capacitar entre os seis mestrados semipresenciais oferecidos em Matemática, Letras, Ensino de Física, Arte, Administração Pública e Ensino de História. Dentro do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), o MEC também oferece cursos em nível superior e licenciatura, nas modalidades presencial e a distância, para professores em exercício na rede pública de educação básica. “Muitos professores foram e continuam sendo capacitados a distância, já aprendendo com as plataformas digitais”, afirma João Vianney, membro do conselho de ética da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). Dados do último Censo EAD Brasil, de 2013, realizado pela própria Abed, sugerem um cenário otimista. A maioria das instituições consultadas (64%) – num total de 309 em todo o país – afirmou que o número de matrículas aumentou em 2013. Para 2015, entre as instituições que se manifestaram sobre o otimismo no setor, a perspectiva é que haja um crescimento de 82% neste ano. Apenas 5% das instituições acreditam na diminuição do número de alunos. Segundo Vianney, a educação a distância chegou a 1,153 milhão de alunos em 2013, alcançando 7.305.977 de matrículas no Ensino Superior. “Esses stockphoto 70 números revelam que a educação a distância foi um dos grandes fenômenos de inclusão educacional nesta última década”, ressalta. NOVOS PARADIGMAS Para os especialistas da área, a educação a distância tem como maior vantagem a possibilidade de se recriar e se reinventar o processo de ensino-aprendizagem. “Na EAD a lógica é invertida”, diz Vianney. “Ao invés de você ter professores que coabitam o espaço com o aluno, comandando o tempo todo, é o aluno quem empreende a sua trajetória de aprendizagem utilizando os materiais didáticos de estudo, fazendo as atividades de avaliação ou de fixação da matéria.” Para ele, essa mudança de perspectiva obriga as escolas a desenvolverem materiais de alta performance e os alunos a se encontrarem neste itinerário, ganhando autonomia e responsabilidade. Para Wanderlucy Czeszak, doutora em Educação a Distância pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a EAD não é um fenômeno isolado. Ela faz parte de um novo papel que se estabeleceu para o aluno e o professor. “A educação contemporânea modificou esses papéis. O professor já não pode ser mais um mero transmissor de conteúdo. Ele precisa ser um mediador, um provocador cognitivo que faz com que o aluno vá atrás do conhecimento. Assim, se estabelece um trabalho colaborativo e cada vez mais exigente dos dois lados”, conclui a educadora. São exigências que nem sempre agradam alunos e professores, já que disciplina, organização e constantes atualizações demandam esforços que vão muito além dos perfis impostos pela tradicional hierarquia educacional. “A apropriação desses novos ambientes tecnológicos por parte dos alunos modificou o ensino-aprendizagem. Aluno aprende com professor, professor aprende com aluno. O conhecimento é móvel, inesgotável. O professor como dono da verdade cai por terra”, argumenta Wanderlucy. Apesar de um histórico relativamente avançado, a EAD no Brasil ainda é considerada uma novidade e enfrenta, também, alguma resistência de alunos e de professores. O próprio Censo apurou a ocorrência de evasão dos educandos – as instituições indicam uma evasão de 19,06% em média entre os alunos de cursos regulamentados totalmente a distância –, além de identificar outros obstáculos que vêm com o pioneirismo nessa modalidade. Entre eles, as instituições apontam os desafios organizacionais de uma instituição presencial que passa a oferecer EAD (12,8%), a resistência dos educandos (10,7%) e a resistência dos próprios educadores (9,8%). Aluno aprende com professor, professor aprende com aluno. O conhecimento é móvel, inesgotável WANDERLUCY CZESZAK Educação a distância COMO FUNCIONA Há diversos formatos de cursos a distância. Alguns são integralmente oferecidos pela internet. Nesse caso, o estudante pode receber apostilas online, participar de videoconferências, fóruns e chats, interagindo com o professor e outros alunos também por e-mail ou programas de trocas de mensagens. No modelo mais comum, no entanto, as aulas são realizadas em um polo de ensino, em uma instituição parceira, onde há laboratórios, biblioteca e tutores. E há, por fim, a possibilidade do formato misto. ESTRUTURA Além de um “novo” posicionamento de educandos e educadores no processo de ensino-aprendizagem, a EAD requer novas demandas estruturais fundamentais para que tenha continuidade e apresente bons resultados. Um investimento mínimo inicial é necessário na implementação do EAD como mobilidade viável e produtiva para alunos e professores. Mas, lembram os profissionais da área, há inúmeras possibilidades a serem exploradas neste sistema, inclusive aplicativos e plataformas gratuitas que respondem bem às expectativas dos envolvidos. “Tudo depende do orçamento, do Istockphoto 72 A educação a distância tem como maior vantagem a possibilidade de se recriar e se reinventar o processo de ensino-aprendizagem público, do serviço ofertado. Além da formação, o repertório dos alunos e professores pode ajudar muito”, considera Wanderlucy. Algumas instituições já vão além. A pesquisa do último Censo EAD mostrou que praticamente metade das instituições ouvidas já haviam estabelecido, por exemplo, estúdios para gravação de vídeos. E mais de 80% delas já desenvolviam treinamento de professores e tutores em plataformas tecnológicas previstas para os cursos ofertados. São demandas que acabaram estimulando o mercado de fornecedores de conteúdo, planejamento pedagógico e design instrucional. ONDE SE CAPACITAR • Para conhecer os cursos oferecidos pelo Parfor, acesse a Plataforma Freire, em freire.capes.gov.br. • No site da UAB, uab. capes.gov.br, também é possível acessar a lista das instituições, polos e cursos atrelados ao sistema em todo o país. • No estado de São Paulo, cursos diversos são oferecidos pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Acesse univesp.br. Atividades em sala de aula c) 80 6 e) 100 70 5 b) 40 2 d) 200 50 f) 300 60 3 10. Escreva com números: Para motivar a) Cento e setenta e sete c) Cento e cinco b) Cento e quarenta e oito d) Setenta e sete IlustraCartoon/Arquivo da editora CONTAR E AGRUPAR Forme grupos 2, escreva o número de elementos e se o número par ou ímpar. 11. Forme gruposdede 2, escreva o número de elementos e se o énúmero é par ou ímpar. Sugestões de atividades pedagógicas para alunos do 1º ao 5 º ano do Ensino Fundamental PALAVRAS CRUZADAS 1 Ilustrações (abelhas e joaninhas): Avalone/Arquivo da editora RESPOSTAS: 12 par, 21 ímpar, 17 ímpar. 74 a) 30 7 2 Preencha as linhas e colunas HORIZONTAIS 1 - Conhecido também como chão, terra. Professor(a): Professor(a): 4- Eficaz para lavar as mãos e matar microrganismos Aluno(a): Aluno(a): causadores de doenças. 5 Ano:Ano: Nº-: N6º-: 5- Produz leite e se alimenta no pasto. 7- O que o homem respira, essencial para a vida. Professor(a): Sílabas complexas Sílabas complexas 8- Órgão do corpo humano responsável pelo sentido do olfato. Aluno(a): 3 4 Agora eueu sei! Agora sei! Data: Data: Agora eu sei! 7 1 Complete as palavras comcom as sílabas queque estão faltando e depois copie-as na linha inferior. 1 Complete as palavras as sílabas estão faltando e depois copie-as na linha inferior. º Sílabas complexas 8 Nº-: ni ni Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora mo ni da da Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora ni aa Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora ma ma ma momo da mo la lala a áá la ni mo mo la a la celete e para cada uma das palavras da atividade anterior. á á á celete 2 Forme uma frase para cada uma das palavras da atividade anterior. celetecelete Recorte, de revistas e jornais, palavras que são escritas com RR e SS. AgoraAgora eu sei!euLíngua Portuguesa – 1º- ano sei! Língua Portuguesa – 1º- ano © Abril TodosTodos os direitos reservados. © Educação. Abril Educação. os direitos reservados. RESPOSTAS: maçã, mochila, ninhada, água, alho, bracelete 2 Forme 2 Forme uma frase umapara frase cada parauma cadadas uma palavras das palavras da atividade da atividade anterior.anterior. Agora eu sei! Língua Portuguesa – 1º- ano © Abril Educação. Todos os direitos reservados. Na figura ao lado, pinte: a) um triângulo de vermelho. b) dois círculos de verde. c) um retângulo de amarelo. d) dois quadrados de laranja. NÚMEROS Associe os números que utilizamos com os números romanos correspondentes. celete celete 2 Forme umauma frase parapara cadacada umauma das das palavras da atividade anterior. Forme uma frase para cada uma das palavras da atividade anterior. 2 Forme frase palavras da atividade anterior. a PARA COLORIR RESPOSTAS : 1. solo 2. lixo 3.natureza 4. sabão 5. vaca 6. chuva 7. ar 8. nariz. com as as sílabas estão faltando e edepois copie-as na linha inferior. 1 Complete 1Preencha Complete as palavras as palavras com com sílabas as que sílabas que estão quefaltando estão faltando e depois depois copie-as copie-as na linhanainferior. linha inferior. da dada Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora mama avras com as sílabas linha inferior. Ano: Ano: que estão faltando Nº-e: depois Nº-: copie-as Data: na Data: ni Marcha Criança Matemática – 2.º ano – Avaliação 2 © Editora Scipione. Todos os direitos reservados. 1 Complete as palavras com as sílabas que estão faltando e depois copie-as na linha inferior. Agora Agora eu sei! eu sei! Sílabas Sílabas complexas complexas COMPLETE AS PALAVRAS Data: Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora Agora eu sei! VERTICAIS 2- Aquilo Data: que suja a natureza e estraga o meio ambiente. 3- Meio em que fauna e flora convivem. Professor(a): exas Professor(a): 6Água que cai do céu pelas nuvens. Aluno(a): Aluno(a): N -: Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora Ano: 3 4 20 19 IV XIX XX III Escreva os números romanos de 1 a 10. Atividades em sala de aula 76 PONTUAÇÃO E ONOMATOPEIA PALAVRAS CRUZADAS Preencha as linhas e colunas Leia e pontue o texto a seguir. Use: – , Quá quá . ! quá E a senhora dona pata fazia a pata e os patinhos tentavam imitá-la Como é grande o mundo para o outro lado do jardim Mas Oh com as cabecinhas de fora deixava que eles olhassem à vontade diziam eles Pensam que o mundo é isto só para examinar a ninhada ? muito contente 3 2 olhando para o capinzal perguntou a pata. Não afinal O mundo é grande já saíram todos Vai muito além, continuou ela levantando-se Ainda não HORIZONTAIS 1 - Tiveram a missão de catequizar os indígenas. 2 - Integração da economia e das sociedades de diversos países. 4 - Capital do Ceará. 5 - Nome do primeiro governador-geral do Brasil. 6 - Período da história do Brasil que vai de 1822 a 1889. 11 - Período de cem anos. 12 - Região mais extensa do Brasil. 13 - Produtos usados para condimentar alimentos. 4 7 6 5 8 9 10 11 12 Contos de Andersen. O patinho feio. Tradução e adaptação de Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense, 1958. p. 54. (Adaptado para fins didáticos.) VERTICAIS 13 3 - Prática de agricultura e pecuária. 7 - Tratado estabelecido entre Portugal e Espanha. 8 - País de maior fronteira com o Brasil. 9 - Capital do estado do Amazonas. 10 - Linhas imaginárias paralelas ao equador. Copie do texto uma onomatopeia. Que som essas palavras imitam? Dê mais quatro exemplos de onomatopeias. 1 RESPOSTAS: 1.jesuítas 2.globalização 3.agropecuária 4.Fortaleza 5.Tomé 6.império 7.Tordesilhas 8. Bolívia 9.Manaus 10.paralelas 11.século 12.norte 13.especiarias RESPOSTAS: “ – Quá, quá, quá, fazia a pata e os patinhos tentavam imitá-la, com as cabecinhas de fora. E a senhora dona pata, muito contente, deixava que eles olhassem à vontade. – Como é grande o mundo! diziam eles, olhando para o capinzal. – Pensam que o mundo é isto só? – perguntou a pata. Não! O mundo é grande. Vai muito além, para o outro lado do jardim. Mas, afinal, já saíram todos? – continuou ela levantando-se para examinar a ninhada. Oh! Ainda não!” Professor, essa é a pontuação original do texto com adaptações, mas há frases que permitem outra pontuação. Considere as respostas do alunos, desde que corretas. Quá, quá, quá. Imita a voz do pato. Sugestões: Cri, cri (grilo); mée, mée (ovelha); miau (gato); zum, zum (abelha, mosca); mu, mu (vaca); piu, piu (pintinho); au, au (cachorro); cocorocó (galo), etc. Observe os verbos destacados no texto a seguir: Em que modo estão os verbos destacados no texto? Dicas para um bom motorista De acordo com o que você aprendeu, divida esse modo em dois grupos e retire do texto os verbos correspondentes. • • • • Modo: • • • • • Verbos: Modo: Verbos: Das palavras que você encontrou, escolha um verbo que expresse um estado, um verbo que expresse uma ação e um verbo que expresse um fenômeno da natureza. Use-os para escrever uma frase no tempo presente, uma frase no tempo pretérito e uma frase no tempo futuro. Na sua opinião, com que intenção foi feito esse texto? RESPOSTAS: Estão no imperativo. Imperativo afirmativo: conheça, use, mantenha, faça, seja, tome, veja. Imperativo negativo: não aceite, não dirija, não abuse. • Conheça as leis de trânsito. Use sempre cinto de segurança. Conheça detalhadamente o veículo. Mantenha seu veículo sempre em boas condições de funcionamento Faça a previsão da possibilidade de acidentes e seja capaz de evitá-los Tome decisões corretas com rapidez nas situações de perigo. Não aceite desafios e provocações. Não dirija cansado, sob efeito de álcool e drogas. Veja e seja visto. Não abuse de autoconfiança para não pôr sua vida nem a de outros em risco. Encontre no diagrama três verbos que expressem uma ação, três verbos que expressem um estado e três verbos que expressem um fenômeno da natureza. RESPOSTAS: estudar, chover, permanecer, correr, estar, passear, ventar, nevar, ser. VERBO (USO DO IMPERATIVO) CAÇA PALAVRAS iStockphoto Dia do Folclore 22 Dia do Estudante 11 Dia dos Pais 9 AGOSTO 21 Dia da Árvore 29 Dia Nacional do Livro Dia do Professor 15 8 Natal 25 Dia da família DEZEMBRO 20 Dia Nacional da Consciência Negra Dia Nacional da Alfabetização 14 Dia das Crianças 12 Dia Mundial da Alfabetização 8 Dia do Diretor de Escola 12 Dia Internacional da Música 1 Independência do Brasil 7 Jogos Panamericanos 10 NOVEMBRO 24 Dia de São João 5 Dia Mundial do Meio Ambiente JUNHO 10 Dia das Mães OUTUBRO Dia da Educação 28 Dia Mundial do Livro 23 21 Tiradentes Dia do Índio 19 SETEMBRO Dia Mundial da Água 22 21 Dia Internacional Contra a Discriminação Racial 5 Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Dia Nacional do Livro Infantil 18 Dia da Literatura Brasileira 1 MAIO Páscoa 5 ABRIL JULHO Dia do livro didático 27 FEVEREIRO Dia da Escola 15 Dia do Vendedor de Livro Dia Nacional da Poesia 14 Dia do leitor 7 MARÇO JANEIRO Datas comemorativas - 2015