revista
ANO 01 | Nº 01 | 2015
Qualidade
na educação
PNAIC, Prova Brasil
e Ideb e o desafio da
melhoria do ensino
nas escolas públicas
Cultura digital
Sem bullying
Livro regional
A tecnologia pode
mudar a dinâmica do
aprendizado na escola
Como o professor pode
ajudar a identificar e
combater o problema
Maneiras criativas de
trabalhar as questões
locais com os alunos
Atualização profissional
3
Apresentação
CONHEÇA O LIVRO
VENCEDOR DO
PRÊMIO JABUTI 2014.
Fragosas Brenhas do Mataréu
se passa numa Portugal do século
XVI, onde um jovem embarca
em uma arriscada viagem para
o Novo Mundo, que termina
em naufrágio. Em terras exóticas
e desconhecidas, ele vive uma
saga de dificuldades, perigos,
paixões e muitas descobertas.
Queremos estar mais
perto de professores
e gestores escolares,
facilitando a compreensão
desses temas e promovendo
uma melhor utilização
pelas escolas das nossas
soluções educacionais
Flavio Santana
2
Autor: Ricardo Azevedo
Faixa etária: 13 anos
CONFIRA OS ÚLTIMOS LANÇAMENTOS E OUTRAS GRANDES NOVIDADES PARA 2015.
PROFESSOR ASTROCAT
E AS FRONTEIRAS
DO ESPAÇO
Autora: Carolina de Jesus
Faixa etária: 8 e 9 anos
CÉU NA CALÇADA
Autora: Michele Iacocca
Faixa etária: 6 e 7 anos
Central de Atendimento – 4003-3061
O PRIMEIRO BEIJO
Autora: Márcia Kupstas
Faixa etária: 10 e 11 anos
www.portaldeliteratura.com.br
CANTEIRO: MÚSICAS
PARA BRINCAR
Autora: Margareth Darezzo
Faixa etária: 6 e 7 anos
Prezado(a)
Professor(a),
> A qualidade do ensino em nossas
escolas tem sido objeto de discussão
há muito tempo. Três décadas atrás,
quando iniciei minha carreira como
professor de Química no Ensino Médio
– na época chamado de Colegial –,
os debates sobre ensino se davam
exclusivamente no âmbito escolar
ou nas Secretarias de Educação
e visavam à quantidade, ou seja,
atender ao maior número possível
de crianças até então excluídas do
sistema educacional. Mais tarde, com
certos avanços, sobretudo no Ensino
Fundamental, os olhares se voltaram
para a qualidade e essa luta deixou
de ser apenas dos profissionais de
educação e passou a fazer
parte da agenda de governos,
famílias e empresas.
Esse desejo de melhorar se
traduziu na criação de uma
diversidade de programas,
projetos, ONGs, associações,
siglas em quantidade. Nunca foi
fácil acompanhar todos esses
movimentos, assim como também
nunca foi possível entender como
essa diversidade de iniciativas
poderia contribuir para a solução
dos desafios de cada escola.
Nesse contexto, para nós das
editoras Ática e Scipione, que sempre
nos comprometemos em produzir
o melhor conteúdo educacional,
era necessário dar mais um passo:
promover um verdadeiro debate
sobre as necessidades dos alunos,
dos educadores e das escolas.
Para isso, criamos esta revista
como um canal de discussão
e esclarecimento. Com uma
linguagem acessível e prática, vamos
tratar de diversos temas, como PNLD,
PNAIC, Prova Brasil, Ideb, Arte no EF1,
livros regionais, cultura digital nas
escolas, entre outros.
Estamos felizes por oferecer esta
publicação ao comemorar os 50
anos de fundação da Editora Ática,
que muito vem contribuindo para
a educação brasileira. Com essa
iniciativa, queremos estar mais
perto de professores e gestores
escolares, facilitando a compreensão
desses temas e promovendo uma
melhor utilização pelas escolas das
nossas soluções educacionais.
MARIO GHIO JUNIOR,
CEO DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Sumário
PNAIC, Prova Brasil
e Ideb pela melhoria
do ensino nas escolas
Os desafios da
gestão escolar
segundo a
especialista
Patricia Mota
Guedes
Conteúdo
regional
Infográfico
46
Cultura
digital
O impacto da
tecnologia nas
salas de aula
42
58
Educação Física
62
Incentivo
à leitura
A importância
do jogo
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38
A trajetória da
editora que
ajudou a
transformar
a educação
no Brasil
18
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Arte
50 Anos de Ática
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Realização:
10
22
Fernando Frazão/ Agência Brasil
CEO de Educação Básica: Mario
Ghio Junior Diretor Executivo
de Editorial e Vendas:
Elzimar Albuquerque Diretora
Comercial de Editoras: Fabyana
Carvalho Desidério Diretor
de Marketing: Bruno Campos
Diretor de Treinamento: Aldeir
Antônio Neto Rocha Gerente
de Comunicação: Larissa
Vecchi Gerente de Marketing
de Produtos: Rachel Zaroni
Vicente Gerente de Assessoria
de Imprensa: Juliana
Miranda Franco Supervisora
Pedagógica: Eny do Conselho
Muniz Coordenadora de
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Leonardo Pereira Carneiro
Coordenador de Marketing de
Produtos: Rodrigo Porciuncula
Analista de Assessoria de
Imprensa: Ligia Maria de
Oliveira Spreafico Analista
de Comunicação: Thaís de
Carvalho Marques Analista
de Marketing de Produtos:
Lais Lopes Couy Assessora
Pedagógica: Tatiana de Jesus
Pita Estagiária de Marketing
de Produtos: Suzana S. Gomes
Mota dos Santos
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revista
Comportamento
Qualidade
na educação
Entrevista
ANO 01 | Nº 01 | 2015
52
28
6
Kris Knack
4
70
Educação
a distância
74
68
Meio ambiente
Atividades
para aplicar
em sala
de aula
Entrevista
Divulgação
6
Gestão
transformadora
Patricia Mota Guedes, especialista em gestão
educacional, aborda o papel estratégico do diretor
para garantir a qualidade do que acontece dentro
da sala de aula e em todo o contexto escolar
> Quais são os desafios
SEGUNDO PATRICIA,
É FUNDAMENTAL
UMA BUSCA POR
POLÍTICAS PÚBLICAS
ADEQUADAS, QUE
PROMOVAM O
SUCESSO ESCOLAR
enfrentados hoje pela gestão
escolar? E qual o papel do diretor?
Um grande desafio no Brasil e no
mundo é o de garantir que políticas
públicas educacionais sejam de fato
implementadas nas escolas. Muitos
programas e leis bem-intencionados,
até mesmo apoiados por recursos
financeiros significativos, não
conseguem melhorar o dia a
dia da sala de aula. E isso tem
relação direta com a qualidade da
gestão escolar. Políticas podem
ser bem-desenhadas num órgão
central, mas a qualidade da gestão
escolar vai afetar o sucesso na
implementação. O diretor de uma
escola tem papel fundamental. Você
precisa ter uma figura que articule
os coordenadores pedagógicos,
engaje os professores, alguém que
tenha um papel aglutinador e que
forme uma equipe gestora que dê
suporte no acompanhamento e
apoio diário da equipe docente.
Alguém que estimule a colaboração
entre professores, com foco no
aluno. Esse, por sinal, é outro
desafio. Existem aspectos da
função do diretor que são mais
administrativos e burocráticos, mas
uma área estratégica que diversas
vezes recebe menos atenção do que
deveria é a da liderança pedagógica.
Trata-se de colocar em prática
sua responsabilidade com o que
acontece em cada sala de aula, com
a aprendizagem de cada aluno.
>
Na rotina escolar, isso se
traduz em que tipos de práticas?
Em atitudes diárias muito concretas:
estar presente e ativo na reunião
dos professores, observar a prática
em sala de aula e dar devolutivas,
analisar os resultados de avaliações
com a equipe, reunir-se para planejar
e fazer um balanço das ações com
os coordenadores pedagógicos.
Outra ação importante é investir na
formação e no acompanhamento do
desempenho de seus coordenadores
e professores. Mas não basta
oferecer cursos de formação fora da
escola para o professor. O diretor e
A preocupação com
a construção de
uma cultura de altas
expectativas, que
valoriza o trabalho de
sua equipe e que coloca
foco no aprendizado
do aluno, tem um
poder transformador
seus coordenadores pedagógicos
estão na escola de segunda a
sexta, tendo a oportunidade
de acompanhar a didática e dar
feedback na hora, e com muito mais
intensidade. Isso faz diferença.
O papel do diretor não é pequeno.
A preocupação com a construção de
uma cultura de altas expectativas,
que valoriza o trabalho de sua
equipe e que coloca foco no
aprendizado do aluno, tem
um poder transformador.
Entrevista
8
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>
>
Como o sistema educacional
pode ajudar a aperfeiçoar as
competências do gestor?
É necessário que se invista em
sua formação continuada. E essa
formação não pode ser superficial
nem pontual, ela precisa contar
com diferentes estratégias: desde
formações centralizadas nas
secretarias ou órgãos regionais até
a formação em serviço, no locus da
escola, com o profissional sendo
observado e apoiado por um par
mais experiente. Já existem diversos
estudos que mostram a importância
da tutoria e de programas de
residência para gestores. No
exterior, é algo bastante comum.
>
O sistema de seleção
influencia o trabalho do diretor?
Sim, a seleção pode fazer diferença.
No Brasil, a grande maioria das redes
faz por indicação ou por eleição.
Não existe, porém, um modo que
seja melhor que outro, nem mesmo
o concurso público, porque ele
pressupõe que uma prova dá conta
de selecionar um bom diretor. O
que a experiência vem mostrando é
que a inserção de critérios técnicos
e o acompanhamento efetivo dos
planos de ação fazem diferença. Já
há sistemas educacionais, como o de
São Paulo, que consideram investir
na formação durante o período
probatório – os três primeiros anos –
para diretor. Se o educador não tiver
uma avaliação adequada ao final,
ele volta ao quadro de professor.
A Constituição de 1988
estabelece a implementação de
uma gestão mais participativa.
Qual o tamanho desse desafio
para a rede pública?
É sem dúvida um grande desafio,
porque, embora já exista toda a
regulamentação, na prática os
gestores ainda têm dificuldade de
estimular essa participação. Até
porque é muito mais que comunicar
decisões; é envolver no processo
de desenho e implementação das
estratégias. Existe aí um trabalho
também de formação. No caso de
uma Associação de Pais e Mestres, por
exemplo, é preciso saber como acolher
e engajar as famílias, considerando
que muitos pais podem ter pouca
escolaridade ou uma experiência
escolar negativa. Portanto, não
adianta só a lei; é preciso fortalecer
uma equipe gestora que saiba fazer
essa parceria com a família e a
comunidade. Uma vez implementada,
a gestão participativa contribui para
a sustentabilidade dos avanços não só
daquela escola, como de toda a rede.
Uma vez implementada,
a gestão participativa
contribui para a
sustentabilidade
dos avanços não
só daquela escola,
como de toda a rede
50 anos
de Ática
E
ditora que ajudou a construir
a história da educação no
Brasil, a Ática foi responsável
por importantes inovações no
mercado editorial nesse meio século
de trajetória. Hoje, ela é a marca de
livros escolares mais reconhecida
pelos professores, que valorizam a
excelência de seu corpo de autores e de
suas equipes editoriais. Essa narrativa
de sucesso começou pela realização de
um sonho de três amigos, na esteira da
ampliação da rede de ensino brasileira
nos anos 1950.
Antonio Narvaes Filho ainda
lembra, emocionado, do dia de 1956
em que saiu do escritório de Genoíno
Viana, empresário e tio de um
colega do curso de Medicina, com o
equivalente a R$ 10 mil em dinheiro
para fundar o Curso de Madureza
Santa Inês – que deu origem, mais
tarde, à Editora Ática. O valor
comporia sua parte na sociedade
com os irmãos Anderson Fernandes
Dias, seu companheiro de classe, e
Vasco Fernandes Dias Filho. Nascido
próximo ao bairro da Penha, em São
Paulo, filho de pedreiro, Narvaes se
desdobrava desde criança para fazer
algum dinheiro e poder estudar. O
mesmo Genoíno Viana já havia, no
início do curso de Medicina, ajudado
Narvaes a comprar alguns livros.
“Quando surgiu a oportunidade de
fundar o curso, eu não tinha capital.
Histórias da editora
que faz parte da vida
escolar de muitas
gerações de brasileiros
E não tinha a quem pedir. Criei
coragem e fui procurar o sr. Genoíno.
Ele só perguntou ‘de quanto você
precisa?’ e mandou trazerem o
dinheiro”, conta. Quando, um ano
e meio depois, recebeu a primeira
divisão de lucros do curso, Narvaes
foi levar os R$ 2 mil para saldar parte
da dívida. “Mas ele não quis receber.
Me mandou comprar a geladeira que
não tínhamos em casa, roupa para
mim, e foi o que fiz.”
Aos 82 anos, Narvaes conta
as memórias da Ática em seu
apartamento na praça da Liberdade,
região central de São Paulo. Ali
perto, na esquina da Rua da Glória
com a Conde do Pinhal, o Santa Inês
expandiu e conquistou cerca de 15
mil alunos, tendo sido a primeira
escola a oferecer apostilas gratuitas.
Elas eram escritas pelos professores
do curso e rodavam no porão,
em um mimeógrafo.
Em junho de 1966, o jovem Jiro
Takahashi chegou do interior de São
Paulo, aos 18 anos, para trabalhar
datilografando estêncil nesse porão,
para a produção das apostilas do
Santa Inês. Jiro trabalhava no Banco
do Brasil pela manhã, na então
Sociedade Editora do Santa Inês
Ltda. (Sesil) durante a tarde, e subia
os andares do prédio para estudar,
à noite. “Eu datilografava bem,
então foi meu primeiro trabalho
A editora foi criada
com o nome Ática
em 1965, com sede na
Rua da Assembleia, a
partir do sucesso das
apostilas do Curso de
Madureza Santa Inês
O MÉDICO
ANTONIO
NARVAES FILHO
FUNDOU A ÁTICA
COM COLEGAS
Kris Knack
Memória
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10
Fundada pela equipe que
criou o Curso de Madureza
Santa Inês, a Ática se
tornou uma das editoras
líderes em didáticos.
Kris Knack
JIRO TAKAHASHI
DIRIGIU AS MAIS
IMPORTANTES
COLEÇÕES DA ÁTICA,
ENTRE ELAS A VAGALUME E A BOM LIVRO
1956
1962 1965
1969 1970 1972 1973 1976
_______________________________
Em 15 de outubro, dia do
professor, Antonio Narvaes
Filho, Anderson Fernandes
Dias e Vasco Fernandes
fundam o Curso de
Madureza Santa Inês.
A Sociedade Editora do
Santa Inês Ltda. (Sesil) é
criada para produzir as
apostilas oferecidas aos
alunos do curso.
Nasce a Editora Ática, que
passa a comercializar as
apostilas para outras escolas.
em São Paulo”, conta. Mais tarde,
Jiro se tornaria o diretor editorial das
mais importantes coleções lançadas
pela Ática, entre elas a Bom Livro e
a Vaga-Lume. A editora foi criada
com o nome Ática em 1965, com
sede na Rua da Assembleia, a partir
do sucesso das apostilas do Santa
Inês, que agora eram vendidas para
outras escolas. O nome, sugerido
por um dos professores do curso,
se referia à região onde fica
Atenas, berço da civilização
grega – assim, o logotipo adotado
na época reproduzia a forma
do Panteão grego.
REFERÊNCIA EM DIDÁTICOS
O salto da nova editora veio no início
dos anos 1970, com o lançamento
do Estudo dirigido de português. Em
1969, um professor de Londrina (PR),
Reinaldo Mathias Ferreira, deixou
com Anderson Fernandes Dias quatro
livros de português voltados para os
quatro anos do antigo Ginásio. “Ele
encostou o material, e esse professor
ligava para saber se ele tinha lido.
Até que o Anderson decidiu devolver.
A chance de ser algo excepcional não
era grande”, diz Jiro. “O professor
perguntou o motivo e Anderson
dizia que os alunos não gostavam
mais daquela gramática pesada,
de análise sintática, conjugação de
verbos... E o professor dizia: ‘mas foi
por isso mesmo que fiz em forma
de brincadeiras e jogos’. Anderson
teve de admitir que foi pego na
mentira, que não tinha lido, mas se
comprometeu a ler e ligaria de volta.”
Lançamento da série
Bom Livro, com
mais de 20 títulos.
Lançamento do Estudo
dirigido de português, de
Reinaldo Mathias Ferreira.
O livro ultrapassou um
milhão de exemplares
no mesmo ano.
Lançamento da série
Vaga-Lume. O nome da
coleção foi decidido por
um concurso interno que
mobilizou toda a editora.
A editora adquire
uma sede própria, na
Rua Barão de Iguape.
Criação da coleção Autores
Brasileiros, dedicada a
publicar textos inéditos.
-----
SUCESSO DE VENDAS,
A SÉRIE VAGA-LUME
MARCOU UMA
GERAÇÃO ESCOLAR
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A trajetória da
Editora Ática
O material foi lido em um ônibus,
durante uma viagem de fim de
semana para o interior. Na segunda-feira, fechou negócio para o primeiro
livro da Ática do ensino seriado.
Para lançar o novo produto,
Anderson sugeriu aplicar a mesma
estratégia dos propagandistas da
indústria farmacêutica. Criou uma
versão do livro para o professor,
que seria entregue como amostra.
“O Anderson colocou todos nós,
secretária, revisor, datilógrafo,
todo mundo em uma Kombi.
Íamos nas filas de inscrição de um
concurso para professores com
um pacote de livro e uma ficha
de cadastro. E os professores já
abriam, folheavam e comentavam
o livro ali, na fila mesmo.” Os
pedidos não paravam de chegar. “A
Ática fazia tiragens de 5 mil para
as apostilas. Já tínhamos cerca de
500 mil pedidos para esse livro.”
O desafio agora era imprimir.
Sem nenhuma garantia além dos
pedidos, a Ática não conseguia apoio
dos bancos nem das gráficas para
rodar tamanha tiragem. “Chateado,
Anderson decidiu ir para casa a pé, até
o bairro do Carrão.” No caminho, no
meio da tarde, encontrou operários
sentados na frente de uma oficina e
descobriu, conversando com o dono,
que a pequena gráfica estava parada,
com a máquina quebrada. Anderson
ofereceu o conserto se, em troca, eles
rodassem seu material 24h por dia.
Dali, nasceu a longa parceria da Ática
com a W.Roth, que se tornou uma das
maiores gráficas do país. Os Estudos
dirigidos de português alcançaram
18 milhões de livros vendidos e foram
líderes no mercado, originando outras
séries de estudos dirigidos para várias
disciplinas. “Aí a Ática virou uma
grande editora didática”, diz Jiro.
Em fevereiro de 1973, em meio ao
batalhão de pessoas contratadas no
início do ano letivo para emitir notas,
fazer conferências e outros serviços,
estava Ayrton Vicente Alves, que já
completa 42 anos de Ática. “Quando
cheguei, na Rua Barão de Iguape, a
Ática já estava andando, não estava
mais engatinhando.” Ayrton tinha
21 anos e chegava do interior, onde
trabalhava havia dez anos em uma
farmácia. Hoje gerente de relações
governamentais na editora, ele viu
a empresa mudar ao longo dos anos.
“A Ática e o mundo hoje são outros
e eu acompanhei toda a evolução.”
1983
1988
1999
2003
2005
2014
2015
1977
1978
____________________________________
COLEÇÕES QUE
MARCARAM ÉPOCA
Além dos didáticos, a Ática lançou
coleções que ocupam um lugar
importante na memória escolar
de toda uma geração. Em 1969, a
editora lançava a série Bom Livro,
com clássicos da literatura brasileira.
A edição era barata e logo alcançou
boas vendas. À procura das melhores
fontes para os textos, a editora se
ANTIGA SEDE DA SCIPIONE, EM SÃO PAULO
aproximou de especialistas como
Alfredo Bosi e Antonio Candido.
Além disso, o livro trazia
uma ficha de leitura, criada por
um professor do Santa Inês. O
diferencial, depois, foi um dos fatores
de sucesso da coleção Vaga-Lume. Lançada poucos anos após
o ensino obrigatório da primeira à
oitava série, no início dos anos 1970,
a coleção embarcou na explosão
de novos alunos, em idade para se
interessar por literatura juvenil.
A Vaga-Lume abrigou inúmeros
sucessos de venda. Entre eles,
O Escaravelho do Diabo, de Lúcia
Machado de Almeida. O livro,
de 1972, está em sua 27ª edição
e, no momento, está sendo
adaptado para os cinemas.
Grupo Abril e a francesa
Vivendi adquirem as
editoras Ática e Scipione.
Marcos Rey, um dos autores
mais famosos da coleção, chegou
à Ática inicialmente como autor
de literatura adulta. Seu Malditos
Paulistas foi lançado pela coleção
Autores Brasileiros. “Era uma coleção
maravilhosa, que nasceu de um gesto
de generosidade”, diz Jiro. Ele conta
que, ao ver a quantidade de material
de autores brasileiros que a editora
devolvia, Anderson pediu que Jiro
dirigisse uma nova coleção que os
publicasse. “Eu tinha que controlar
para que ela não desse mais do que
20% de prejuízo”, lembra. “Chegamos
a 140 títulos.” Foi ao lançar Malditos
Paulistas, na Bienal do Livro, que
Marcos Rey, ao ver a fila de jovens
querendo autógrafos dos autores da
Vaga-Lume, decidiu enveredar pela
literatura juvenil.
No final dos anos 1970, a Ática
lançou a Para Gostar de Ler, que
contou com uma estratégia especial
de planejamento. Antes de lançar
o primeiro volume, a editora
imprimiu 3 mil cópias, com os contos
selecionados sem o nome dos autores,
e colocou na mão de professores para
testar com os alunos. “Trocamos
temas, crônicas, autores. Quando
saiu, já estava supertestado. Foi um
laboratório”, lembra Jiro. Os autores,
desconfiados do novo formato,
tinham aceitado um contrato que
garantia a porcentagem sobre
um mínimo de 30 mil exemplares.
“Quando fui fazer o primeiro acerto,
tínhamos vendido 280 mil”, afirma Jiro.
A Abril torna-se
sócia majoritária
da Ática, criando
a Abril Educação.
A editora muda sua sede
para o Edifício Abril, na
Marginal Tietê.
LIDERANÇA
Em 1983, a família Fernandes Dias
adquiriu a editora Scipione, que
complementava a oferta de livros
didáticos e paradidáticos. Em 1999,
Ática e Scipione foram compradas
pelo Grupo Abril, em parceria com
o grupo francês Vivendi. Hoje,
junto com a Scipione, a Ática faz da
Abril Educação a líder no mercado
de livros didáticos. Seus livros são
amplamente adotados nas escolas
privadas e também no ensino
público, por meio dos programas de
distribuição do Governo Federal. A
relação cuidadosa da Ática com seus
autores garantiu longas parcerias,
que contribuem para esse alcance.
AYRTON É O FUNCIONÁRIO EM ATIVIDADE
MAIS ANTIGO DA EDITORA ÁTICA
Mudança para o
Novo Edifício Abril,
na Marginal Pinheiros.
A Tarpon Investimentos
adquire as ações do
Grupo Abril e passa
a ter o controle da
Abril Educação.
Luiz Roberto Dante, livre-docente em Educação Matemática,
completou 50 anos de carreira e é
um dos autores de didáticos mais
vendidos da editora. Hoje, seu nome
fala por si, de tal forma que é comum
se referirem aos seus livros apenas
como “Matemática Dante”. Fernando
Gewandsznajder, autor de Biologia
e de Ciências, lançou sua primeira
coleção com a Ática em 1980. “Minha
preocupação é fazer um livro que os
professores realmente possam usar
e, principalmente, que faça o aluno
entender a conexão das ciências
com o ambiente, com o cotidiano”,
conta Fernando. “E a Ática sempre
entendeu os problemas do professor.”
Minha preocupação
é fazer um livro que os
professores realmente
possam usar e que
faça o aluno entender
a conexão das ciências
com o cotidiano
FERNANDO
GEWANDSZNAJDER
HOJE CONSULTOR, ALFREDO REALIZOU EM
1986 O SONHO DE TRABALHAR NA ÁTICA
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-----
A morte de Anderson
Fernandes Dias provoca
mudanças importantes na
Ática, que passa a ter um
conselho administrativo
e inicia um processo de
profissionalização.
Kris Knack
UMA EMPRESA FAMILIAR
Embora já grande, a Ática mantinha
sua cultura de empresa familiar e era
reconhecida no mercado como um
bom lugar para se trabalhar, quando
Alfredo do Amaral Chianca chegou,
em 1986, para atuar na área comercial.
“Meu sonho era trabalhar na Ática”,
conta. “Eu era do sindicato e tinha dois
colegas de lá que adoravam a editora.
Fiquei batalhando para entrar.” Ele
conta que, mesmo tanto tempo
depois, a empresa preservou muitas
de suas virtudes – e a boa relação com
os professores foi uma delas. “A Ática
tinha uma política muito generosa.”
Dos quatro livros da coleção Vaga-Lume lançados por ano, por exemplo,
a editora enviava pelo menos um
para cerca de 50 mil professores de
literatura e língua portuguesa, até
os anos 1990. “Uns cinco anos depois
que reduzimos o envio para cerca
de 5 mil, fizemos uma pesquisa com
professores e coordenadores e isso
ainda tinha ficado na cabeça deles
como um destaque”, conta Alfredo.
Aquisição, pela família
Fernandes Dias, da editora
Scipione, também
voltada para didáticos
e paradidáticos.
Kris Knack
Criação da Coleção Gato e
Rato, dedicada à literatura
infantil, de pré-escola.
Divulgação
A Ática lança a coleção Para
Gostar de Ler. O primeiro
volume trazia crônicas
de Carlos Drummond de
Andrade, Fernando Sabino,
Paulo Mendes Campos e
Rubem Braga.
FERNANDO É AUTOR DE BIOLOGIA
E DE CIÊNCIAS DESDE 1980
Artigo
Kris Knack
Arquivo pessoal
16
A alfabetização
cartográfica no
ensino de Geografia
Uma educação
matemática para o
aluno do século XXI
*Por Maria Elena Simielli
*Por Antonio José Lopes Bigode
T
emos em Geografia conceitos
importantes a serem
trabalhados no Ensino
Fundamental 1, por exemplo: lugar,
paisagem, território e região. Mas,
além desses conceitos, é necessário
explorar habilidades básicas para
a análise geográfica e, nesse
contexto, emerge a importância
da alfabetização cartográfica.
Um trabalho mais próximo da
realidade e em um contexto mais
lúdico pode ser encaminhado
por meio da alfabetização
cartográfica, tornando as
aulas menos repetitivas e mais
desafiadoras para os alunos.
Considerando que o domínio de
múltiplas linguagens é importante
e que o processo de alfabetização
e letramento científico ocorre por
meio delas, ganha relevância o uso
da linguagem gráfica/cartográfica
na Geografia.
Em uma sociedade letrada e
moderna, em que a comunicação tem
relação com a leitura de “códigos”,
a alfabetização cartográfica, com
toda a sua simbologia, é fundamental
para o exercício de determinadas
práticas sociais.
A linguagem cartográfica
aprendida por meio dos códigos
cartográficos passa a ser utilizada
como instrumento de prática social,
de modo análogo a todos os outros
códigos adquiridos pela criança.
Dominar as características
e o funcionamento dos códigos
cartográficos e saber utilizar a
linguagem cartográfica em diferentes
contextos de comunicação social são
aspectos essenciais da alfabetização
cartográfica, articulando o cotidiano
escolar e o social.
A alfabetização cartográfica
refere-se ao processo de
aprendizagem e domínio de uma
linguagem constituída de símbolos,
de uma linguagem gráfica. No
entanto, não basta à criança
desvendar o universo simbólico
dos mapas: é necessário que a
alfabetização possibilite que ela
compreenda a relação entre o real
A alfabetização
cartográfica, com
toda a sua simbologia,
é fundamental para
o exercício de
determinadas
práticas sociais
e a representação simbólica. Assim,
trata-se de criarmos condições para
que o aluno seja leitor crítico de mapas
ou um mapeador consciente.
O domínio dessa linguagem
segue um processo que acompanha
o desenvolvimento cognitivo da
criança. Daí a necessidade de partir
da realidade próxima, do espaço
conhecido e vivenciado, do lugar dos
grupos sociais aos quais ela pertence:
a sala de aula, a moradia, a rua, a praça.
É importante enfatizar que a
linguagem da Cartografia/Geografia
é a linguagem gráfica. Portanto, é
natural que comecemos a trabalhar
com o entendimento de mapas no
momento escolar em que o desenho
infantil é e deve ser muito valorizado,
por ser uma forma de expressão
espontânea da criança.
A alfabetização cartográfica
está inserida no processo de
aprendizagem, utilizando
representação, escrita e leituras
específicas, por meio da linguagem
gráfica, com implicações
pedagógicas e sociais. Em vista
disso, ela não deve ser trabalhada
de forma isolada e, sim, integrada
ao processo de alfabetização
e letramento da criança.
* Maria Elena Simielli é professora
livre-docente do departamento
de Geografia da Universidade de São Paulo e
de autora de livros didáticos da Editora Ática.
O
biênio 2014/2015 ficará
marcado pela atenção à
alfabetização matemática,
em que programas de formação de
professores foram implementados
nos estados com novas orientações
didáticas, metodologias inovadoras e
reinterpretações do currículo.
Estudos mostram que a origem
da maioria dos problemas do ensino
da Matemática está na abordagem
fragmentada e desconectada da
realidade, no currículo desatualizado
e nos métodos obsoletos. Países
do norte da Europa, Ásia, Canadá,
Austrália e Nova Zelândia já
“enxugaram” seus currículos para
aproximar a Matemática da realidade
dos alunos de acordo com os
princípios da Educação Matemática
Realística (EMR)1 . Trata-se de uma
didática que valoriza a exploração
de contextos e situações-problema
autênticas, que despertem a
curiosidade e o interesse dos alunos,
mobilizando o raciocínio matemático.
Essa abordagem já era defendida
no Brasil por Malba Tahan2 nos
anos 1950 e, no exterior, por Hans
Freudenthal, o formulador dos
princípios didáticos da EMR. Temas
interessantes não faltam, pois o
universo das crianças é rico em
situações problematizáveis: o corpo,
“Os alunos podem explorar a matemática do dia
a dia, fazendo múltiplas relações e perdendo o
medo de formular os seus porquês”
as brincadeiras, a casa e a rua, o
bairro e a cidade; a matemática da
higiene e da saúde; a alimentação; a
matemática do meio ambiente e das
tecnologias; a matemática das feiras
e mercados etc. As matemáticas
interessantes estão em toda parte.
Atento a essa perspectiva, o MEC
convidou este autor para escrever
o livro Saberes matemáticos e outros
campos do saber, caderno 8, do Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade
Certa (PNAIC), que trata das relações
da Matemática com a realidade,
dos contextos, das conexões e da
resolução de problemas. Em outra
iniciativa, o MEC3, em parceria com
a Unesco, convidou este autor para
escrever e apresentar a série da TV
Escola “Matemática em toda parte”,
com 12 programas sobre as relações
da Matemática com as artes, a
música, o futebol, as construções,
o campo, as comunicações, os
transportes, o parque, as feiras e
os mercados, a escola e as finanças,
numa linguagem que fala aos alunos
do Ensino Fundamental.
1 – Também conhecida como “escola didática holandesa”, a mesma que orienta o Pisa.
2 – Autor do clássico O homem que calculava.
3 – Tanto o livro como a série podem ser acessados no portal Domínio Público do MEC.
Essas iniciativas têm envolvido
positivamente professores e alunos,
que já não precisam perguntar:
“Onde é que eu vou usar isso?”.
Como um indício de mudança de
olhar e postura, os alunos podem
explorar a matemática do dia a
dia, fazendo múltiplas relações e
perdendo o medo de formular seus
“porquês”. É um movimento que
desperta a curiosidade e desenvolve
o pensamento matemático, que se
mantém em atividade o tempo todo,
agora não só nas aulas – o olhar
e a mente da criança não param
quando ela está fora da escola, em
casa, na rua, nas compras com os
pais, nas atividades de lazer e nas
reuniões sociais. É essa criança
ativa que queremos desenvolver, é
o que desejamos para nossos filhos
e isso é o que devemos desejar
para os filhos dos outros, os nossos
alunos. A escola do século XXI tem
que estar voltada para a criança e o
adolescente do século XXI.
*Antonio José Lopes Bigode é professor-pesquisador do Centro de Educação
Matemática, consultor do MEC e de
secretarias estaduais de educação e autor
de livros didáticos da Editora Scipione.
Conteúdo regional
Múltiplas
realidades
Trabalhar conteúdos regionais em sala
de aula contribui para que os alunos
descubram mais sobre o ambiente
que os cerca. Especialistas sugerem
maneiras criativas de apresentar
as crianças às questões locais
A
É preciso olhar as
múltiplas realidades
e grupos como os de
indígenas, negros e
mulheres, para recuperar
histórias que nunca
foram contadas
GISLANE AZEVEDO
bordar a realidade regional
na sala de aula é uma
estratégia pedagógica que
ajuda os alunos a assimilarem melhor
o conteúdo e a criarem noções de
identidade e cidadania. Voltar o
olhar para as peculiaridades de uma
cidade ou Estado torna o processo
de ensino e aprendizagem mais
envolvente, especialmente quando
instiga a curiosidade dos alunos pela
descoberta de dados e histórias que
estabelecem uma relação entre seu
cotidiano e a escola.
O ponto de partida para
realizar essa abordagem são os
livros regionais. Desde 2004, eles
complementam o material didático
das disciplinas básicas e tratam
de temas característicos de cada
Estado nas áreas de História
e Geografia, disciplinas às quais,
em geral, é mais fácil dar uma
cor local. Mas, com um pouco
de criatividade, o cotidiano de
professores e alunos pode fazer
parte também de aulas como as
de Matemática e Ciências – usando
dados municipais para fazer contas
e resolver problemas ou olhando
para questões como saneamento
e ecologia na cidade, por exemplo.
“É fundamental ter o olhar voltado
para o regional, mas não apenas
como uma maneira de exemplificar
um fenômeno nacional ou global.
O ideal é mostrar ao aluno como ele
faz parte do que aprende”, afirma
Gislane Azevedo, presidente da
Associação Brasileira dos Autores
de Livros Educativos (Abrale) e
autora de História da Editora Ática.
PROFESSOR ENGAJADOR
Como o livro nem sempre dá conta
de abranger a diversidade que
existe entre as regiões brasileiras,
o professor assume um papel
fundamental de incentivador dos
alunos na tarefa de descobrir mais
sobre o ambiente que os cerca. Se o
material didático não traz imagens
locais, por exemplo, o docente pode
pesquisar fotos antigas e recentes
para apresentar em sala de aula.
Recorrer a jornais antigos ou à
literatura e à música produzidas
em sua cidade são outras formas de
fazer com que a turma se aproxime
mais do que está sendo ensinado.
Para incentivar a participação dos
alunos, uma atividade interessante
é pedir que identifiquem problemas
locais e, a partir deles, pesquisem
como outras regiões do Brasil e do
mundo lidam com essas dificuldades.
“O problema ambiental de uma cidade
do interior pode acontecer também
em outro lugar do mundo. É preciso
articular os eventos para entender
como a globalização está presente em
nosso cotidiano”, diz Selva Guimarães,
professora titular da Faculdade de
Educação da Universidade Federal de
GISLANE AZEVEDO
É PRESIDENTE DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DOS AUTORES DE LIVROS
EDUCATIVOS (ABRALE)
Kris Knack / iStockphoto
18
Conteúdo regional
iStockphoto
20
Como um livro nem sempre dá conta de abranger a diversidade que existe entre
as regiões brasileiras, o professor assume um papel fundamental de incentivador
dos alunos na tarefa de descobrir mais sobre o ambiente que os cerca
Uberlândia e pesquisadora na área de
ensino de História e de formação de
professores da rede pública.
Participar de eventos da cidade
também rende assunto em sala
de aula. “A festa do Congado,
tradicional no interior de Minas
Gerais, ajuda a entender um pouco
sobre a cultura e a história da África
e a influência desse povo na região”,
exemplifica Selva. Outro modo de
complementar o conteúdo dos livros
é organizar passeios, como levar os
alunos para conhecer uma fábrica
nos arredores para que aprendam
sobre a economia da cidade. E há
muito mais para explorar fora dos
muros da escola, aponta Selva. Sua
dica é propor uma investigação
sobre a memória de um bairro ou
até da cidade, com a colaboração
dos mais velhos. “É uma maneira de
recuperar a história oral e a voz dos
idosos”, afirma.
Todas essas atividades ajudam
o professor a se distanciar de
uma abordagem excessivamente
institucional. No passado, a história
regional era muito focada na trajetória
das famílias e dos políticos tradicionais
das cidades. Abordar a realidade
local dessa maneira tende a causar
desinteresse, uma vez que o aluno
não se identifica com esses atores. “É
preciso olhar as múltiplas realidades e
grupos como os de indígenas, negros
e mulheres, para recuperar histórias
que estão perdidas e nunca foram
contadas”, diz Gislane.
CAUTELA E EQUILÍBRIO
Ao inserir o regional em seu processo
pedagógico, no entanto, o professor
precisa ter cautela para não causar
uma fragmentação entre o conteúdo
nacional e o local. “Não se pode
trabalhar o bairro desvinculado
da história da região e do país.
Essa divisão é um obstáculo para
a criança estabelecer relações e
aprender”, afirma Selva.
O docente tampouco pode perder
de vista o equilíbrio, pois o foco
excessivo na realidade regional – e
sua exaltação – pode fazer com
que os alunos desenvolvam uma
visão limitada e até bairrista. Para
evitar que isso aconteça, é preciso
complementar as aulas com material
sobre as peculiaridades de outras
regiões e analisar em classe como
esses fenômenos ajudam a entender
as diferentes realidades brasileiras.
“A história regional é fundamental
para que os alunos conheçam as
diversas faces do Brasil. É preciso
conhecer sua região e as outras
também, para não ficar só no
estereótipo”, afirma Gislane. “A
escola tem a função de lutar contra
o preconceito que se origina no
desconhecimento sobre o outro.”
Arte
Pensar,
experimentar
e criar
O ENSINO DA ARTE PODE PARTIR
DE LINGUAGENS CONHECIDAS DOS
ALUNOS, COMO O GRAFITE DA
DUPLA DE ARTISTAS OS GÊMEOS
Novo material didático
apoia o professor no trabalho
de aproximar o aluno das
linguagens artísticas
N
este ano, os primeiros livros didáticos de Arte
começam a chegar às mãos de professores e
estudantes do Ensino Médio em todo o país. A partir
2016, as obras também estarão disponíveis para o 4° e o 5°
anos do Ensino Fundamental. A produção e a distribuição do
material estão sendo feitas de forma gradual, e a previsão
do Ministério da Educação (MEC) é atender à demanda dos
ensinos Médio e Fundamental até 2017.
Os novos livros, inseridos na área de Linguagens, trazem
conteúdo sobre cinco diferentes campos artísticos: Artes
Audiovisuais, Artes Visuais, Dança, Música e Teatro,
como recomendam as Diretrizes Curriculares Nacionais
da Educação Básica. “A inclusão garante a oferta de
materiais de qualidade às escolas e confirma essa disciplina
no universo de escolha dos educadores para configurar
perspectivas curriculares plurais e enriquecedoras”, afirma
Júnia Sales Pereira, coordenadora geral de Materiais
Didáticos do Ministério da Educação.
A função básica dessas publicações é ser um ponto
de referência, para alunos e professores, sobre a produção
de artistas clássicos e contemporâneos. Com a ajuda de
CDs de áudio e de conteúdo digital disponível para o
professor, o repertório sobre música, dança e teatro
também é ampliado.
Fernando Frazão/ Agência Brasil
22
O incentivo ao uso de material de
Arte em escolas públicas representa
um reforço importante para o
aperfeiçoamento profissional do
docente, aponta Eliana Pougy,
mestre em Educação, especialista
em Linguagens da Arte e autora
de livros didáticos e paradidáticos
nessa área. “Há poucos professores
formados em Arte, e a graduação
é bem focada em uma linguagem
específica. Nesse contexto, o livro é
um bom apoio para eles conhecerem
melhor as outras linguagens”, diz.
Essa preparação é fundamental
para transformar a aula de Arte
em uma experiência lúdica e
transformadora. A disciplina
incentiva os alunos a explorar
novas questões e não se resume
a trabalhos manuais e atividades
práticas. “A Arte é uma forma de
pensar sobre a vida que se articula
com a sensação e a emoção. A escola
não busca formar apenas artistas,
e sim um público apreciador, com
espírito crítico e senso estético bem
desenvolvidos”, afirma Eliana.
O primeiro passo para engajar
os alunos nessa jornada é
desmistificar a visão de que a Arte
é algo distante de sua realidade,
encerrada em museus e manuais
ou acessível apenas a quem está
inserido em grandes circuitos de
distribuição audiovisual. “A cultura
faz parte da vida dos alunos, e
muitos deles se surpreendem
quando percebem que conhecem
vários artistas, como um tio que
toca violão ou um amigo que gosta
de escrever”, afirma Eliana. Outra
atividade que ajuda nesse ponto
é levar artistas para a escola
para dar oficinas ou apresentar
seus trabalhos.
Arte
Ciete Silvério/ GESP
24
OS NOVOS LIVROS DE ARTE INCLUEM O ESTUDO DE DANÇA, TEATRO E MÚSICA
O uso de recursos
multimídia torna a
experiência mais rica
ao trazer para a classe
um mundo muitas
vezes inacessível,
como o das obras
expostas em museus
internacionais
A aproximação do ensino de Arte
com as práticas culturais locais é
essencial para criar um sentimento
de identificação nos estudantes e
tornar as aulas mais significativas
para eles. “Não adianta começar
por exemplos que estão muito
distantes da cultura dos alunos.
Apresentar o canto gregoriano, por
exemplo, será mais interessante
para eles se antes houver uma
introdução, mostrando um rap,
A SUA COLEÇÃO
FAVORITA ACABA
DE GANHAR UMA
VERDADEIRA
OBRA DE ARTE.
que também tem uma melodia que
não varia e dá ênfase às letras”,
afirma Eliana. No entanto, o
professor precisa tomar cuidado
para não perder de vista a ponte
com a História da Arte, para que
o aluno entenda as origens das
manifestações artísticas atuais.
A partir daí, os alunos
começam a ser preparados para
se aproximar do mundo da Arte
e desenvolver sua capacidade
de fruição. Nesse momento,
o uso de recursos multimídia
torna a experiência mais rica, ao
trazer para a classe um mundo
muitas vezes inacessível, como
o das obras expostas em museus
internacionais ou o de grandes
espetáculos e performances.
A próxima etapa é estimular
a reflexão crítica sobre o que
foi visto. O professor, então,
assume o papel de facilitador de
questionamentos e de discussões
que criam um diálogo entre o
contexto do aluno e o da obra.
Nessa atividade, é importante
estimular as crianças a fazerem
perguntas sobre Arte, como o
que significa um elemento de um
quadro ou por que o trabalho de
um artista é considerado mais
valioso do que o de outro. “Discutir
é uma maneira de trazer problemas
reais, sociais e psicológicos que
têm a ver tanto com a Arte quanto
com o aluno, como questões de
gênero e de sexualidade”, afirma
Eliana. “Considerando que as
vivências artísticas no dia a dia
não são suficientes para abarcar
as possibilidades de construção
do conhecimento em Arte,
é importante que a escola
proponha ações significativas
e estimule a vivência de
experiências”, completa Júnia.
A obra de Arte da Coleção Ápis
apresenta cinco linguagens
artísticas: visual, audiovisual,
teatro, dança e música.
Seus alunos vão desenvolver
habilidades que transformarão
as experiências em sala de aula.
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A coleção Ápis foi desenvolvida por experientes
autores e contempla uma série de recursos que ajudam o
professor a enfrentar as reais dificuldades do ensino.
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
E LÍNGUA PORTUGUESA:
CIÊNCIAS:
AUTORAS: Ana Trinconi, Terezinha Bertin e Vera Marchezi
GEOGRAFIA:
ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA E MATEMÁTICA:
AUTORA: Maria Elena Simielli
AUTOR: Luiz Roberto Dante
AUTOR: Rogério G. Nigro
HISTÓRIA:
AUTORAS: Maria Elena Simielli e Anna Maria Charlier
1º CICLO:
Letramento e Alfabetização – 1º ao 3º ano
Alfabetização Matemática – 1º ao 3º ano
Ciências – 2º e 3º ano
Geografia – 2º e 3º ano
História – 2º e 3º ano
w w w. a t i c a . c o m . b r
2º CICLO:
Língua Portuguesa – 4º e 5º anos
Matemática – 4º e 5º anos
Ciências – 4º e 5º anos
História – 4º e 5º anos
Geografia – 4º e 5º anos
Qualidade na educação
O desafio da
alfabetização
Como o Pacto Nacional
pela Alfabetização na
Idade Certa (PNAIC)
atua na formação de
professores para cumprir
o objetivo de alfabetizar
todas as crianças até os
oito anos de idade
iStockphoto
28
O
Censo 2010 trouxe uma
revelação importante para
a área educacional do país:
nas regiões Norte e Nordeste,
25% das crianças chegavam ao
3º ano do Ensino Fundamental
com a alfabetização incompleta.
Para enfrentar tamanho desafio,
o Ministério da Educação implantou
o Pacto Nacional pela Alfabetização
na Idade Certa (PNAIC), que
tem como meta alfabetizar em
Português e Matemática todas
as crianças até os oito anos de idade.
Para que esse objetivo seja
possível, o PNAIC investe em
quatro eixos estruturantes:
formação continuada presencial
para professores alfabetizadores
e orientadores de estudo;
distribuição de materiais didáticos
e pedagógicos; avaliações
sistemáticas; e um modelo de gestão
que permite o acompanhamento
de cada escola, tanto no aspecto
pedagógico como na parte
administrativa. Dessa forma,
espera-se atingir cerca de 300 mil
professores nos 5.500 municípios
brasileiros, com benefícios para
8 milhões de alunos.
“A importância desse programa
é aproximar o conhecimento da
vida dessas crianças. A impressão
que tenho é que vamos sentir um
impacto grande daqui a três anos,
A importância desse
programa é aproximar
o conhecimento da vida
dessas crianças
ANTONIO JOSÉ
LOPES BIGODE
pois as crianças que estudaram
com professores formados pelo
PNAIC vão ser mais questionadoras
e estruturadas na sua capacidade
de raciocínio”, afirma Antonio
José Lopes Bigode, do Centro de
Educação de Matemática (CEM),
um dos professores que preparou
os livros do PNAIC. Ele completa:
“Cingapura fez isso há dez anos e
hoje colhe os resultados. É a primeira
iniciativa em 30 anos de formação
massiva de docentes, que dá a
oportunidade a muitos professores”.
Qualidade na educação
FORMAÇÃO CONTINUADA
O alcance nacional do PNAIC só
é possível por meio da parceria
estratégica estabelecida entre
o Governo Federal, Estados,
municípios e 39 universidades
espalhadas pelo país. É nesses
locais que acontecem os cursos
presenciais para os professores
alfabetizadores, com duração de
24 meses e carga horária de 120
horas por ano. Nas salas de aula,
estudos e atividades práticas
são conduzidos por orientadores
de estudo selecionados entre os
tutores formados pelo programa
Pró-Letramento. Os orientadores
também participam de cursos
específicos, com carga horária de
200 horas por ano (veja box).
“É a primeira vez que temos um
programa que universaliza essa
formação voltada prioritariamente
para os docentes. A novidade é que
juntamos a teoria com a prática
dos próprios professores em sala de
aula”, afirma Emerson Rolkousky,
professor da Universidade Federal
do Paraná (UFPR) e um dos
responsáveis pela elaboração do
material teórico de Matemática
do PNAIC. Segundo ele, a ideia era
fazer com que, durante os cursos
ministrados pelas universidades,
os professores pudessem observar
com maior atenção seus métodos de
transmitir o conhecimento.
Para Cleuza Repulho, presidente
da União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (Undime),
o Pacto é uma forma de auxiliar
Estados e municípios na formação de
seu corpo docente. “O fato de termos
a participação das universidades
qualifica o conhecimento repassado
aos professores, o que representa
um avanço grande na alfabetização
de nossas crianças”, acredita.
Espera-se atingir cerca de 300 mil professores
nos 5.500 municípios brasileiros, com
benefícios para 8 milhões de alunos
AVALIAÇÕES SISTEMÁTICAS
Para avaliar a efetividade
das ações do PNAIC, além do
acompanhamento dos relatos dos
professores que participam do
Pacto, são aplicadas outras duas
ferramentas em âmbito nacional. Os
professores têm acesso a um sistema
informatizado onde devem inserir
os resultados da Provinha Brasil
de cada criança, no início e no final
do 2º ano. Além disso, o Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP)
aplica a Avaliação Nacional de
Alfabetização (ANA) para medir o
nível de alfabetização alcançado
pelas crianças ao final do ciclo.
A Avaliação da Alfabetização
Infantil – Provinha Brasil avalia
o domínio de Língua Portuguesa
e Matemática das crianças
matriculadas no 2º ano do Ensino
Fundamental da rede pública.
Aplicada duas vezes ao ano (no
início e no final), a avaliação é
dirigida aos alunos que passaram
por pelo menos um ano escolar
dedicado ao processo de
alfabetização. A adesão é opcional.
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30
PARA QUEM
QUER SABER MAIS
PARA QUEM
QUER ORIENTAR
Os professores alfabetizadores
que participam da formação
continuada do PNAIC recebem
uma bolsa no valor de R$ 200
mensais para frequentarem
um curso presencial de 24
meses, com carga horária de
120 horas por ano, ministrado
por orientadores de estudo.
As atividades do curso são
distribuídas da seguinte forma:
Os orientadores de estudos que
atuam no PNAIC recebem uma
bolsa no valor de R$ 765 mensais.
O curso para os orientadores
tem carga horária de 200 horas,
distribuídas da seguinte forma:
•
Encontros mensais
num total de 84 horas
•
Seminários, num
total de oito horas
•
Atividades extraclasses,
totalizando 28 horas
•
É a primeira vez que
temos um programa
que universaliza essa
formação voltada
prioritariamente
para os docentes
EMERSON ROLKOUSKY
Aplicação de trabalhos nas
turmas em que leciona
Para saber como se inscrever,
procure as instituições de
ensino superior filiadas no seu
Estado. A lista está publicada
no site do Pacto, em pacto.mec.
gov.br, onde também estão
concentradas informações
sobre os requisitos e o
cronograma de inscrições.
•
Um encontro de 40 horas
(imersão)
•
Quatro encontros de
24 horas cada um,
totalizando 96 horas
•
Seminários, atividades
de monitoramento
e planejamento,
totalizando 64 horas
Para saber como se inscrever,
procure a Secretaria de
Educação local. Os requisitos
e o cronograma de inscrições
podem ser encontrados no site
do Pacto, em pacto.mec.gov.br.
MUITOS
RECURSOS
DIDÁTICOS
PARA A ESCOLA
Para cada disciplina, o PNAIC
oferece 12 livros básicos, que
levam em conta a experiência
dos próprios professores.
O material foi elaborado
pelas instituições de Ensino
Superior que participaram
do projeto. Todo esse
acervo pode ser usado por
professores e orientadores
de estudo para estimular
os alunos na alfabetização
integral até os oito anos.
Existe também a possibilidade
de que a escola crie uma
biblioteca com esse material.
PROJETO LUMIRÁ - Um olhar integrado para o futuro.
A Coleção Lumirá incentiva a reflexão dos alunos, valorizando o conhecimento e a interação com o professor.
COLEÇÃO LUMIRÁ
ENSINO FUNDAMENTAL 1 - 1º AO 5º ANO
1º CICLO:
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO – 1º AO 3º ANO
ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA – 1º AO 3º ANO
CIÊNCIAS HUMANAS E DA NATUREZA – 1º AO 3º ANO
Para cada ano do Ensino Fundamental 1 (1º ao 5º),
um volume único com as disciplinas de Ciências,
História e Geografia.
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2º CICLO:
LÍNGUA PORTUGUESA – 4º E 5º ANOS
MATEMÁTICA – 4º E 5º ANOS
CIÊNCIAS HUMANAS DA NATUREZA – 4º E 5º ANOS
Qualidade na educação
Avaliar para
melhorar
iStockphoto
34
Prova Brasil e Ideb são ferramentas fundamentais
para a avaliação das políticas educacionais
E
Esses resultados são
valiosos na definição
de políticas públicas e
de financiamento da
Educação Básica do país
ALEJANDRA VELASCO
m 2005, o Brasil se propôs
a equiparar seu índice de
aprendizagem ao padrão
definido pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), criando o
Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb). A cada dois
anos, o índice reúne avaliações
das redes pública e privada, com
médias correspondentes ao
sistema educacional dos países
desenvolvidos. Assim, o Ministério
da Educação (MEC) estabeleceu
também a meta, para 2022, de uma
pontuação de 6 nos primeiros anos
do Ensino Fundamental (1º ao 5º) e
de 5,5 nos anos finais (6º ao 9º).
O resultado desse esforço na
melhoria dos índices do Ideb tem
impacto direto na estrutura das
escolas. A partir das informações do
Sistema de Avaliação da Educação
Básica (Saeb) e da Prova Brasil,
utilizados no cálculo do Ideb,
o Ministério da Educação e as
secretarias estaduais e municipais
podem definir ações para a
melhoria da qualidade do ensino e
para a redução das desigualdades
– promovendo, por exemplo, a
correção de distorções e debilidades
e direcionando seus recursos
técnicos e financeiros para
áreas prioritárias.
É com base no índice apontado
pelo Ideb, por exemplo, que
escolas estaduais e municipais
podem participar dos programas
baseados nas metas previstas pelo
Compromisso Todos pela Educação
do MEC, um plano de diretrizes
do governo que prevê a melhoria
da qualidade da Educação Básica.
Além disso, os dados reunidos pela
O resultado do esforço na melhoria
dos índices do Ideb tem impacto
direto na estrutura das escolas
aplicação da Prova Brasil, divulgados
por escola e por ente federativo,
permitem o acompanhamento
detalhado dos efeitos das
políticas públicas educacionais
e o direcionamento de mudanças.
O papel de cada professor
e gestor para melhorar o
desempenho de suas escolas
no Ideb e, fundamentalmente,
para qualificar o aprendizado das
crianças, é essencial. A partir do
acompanhamento das notas dos
alunos e da avaliação cuidadosa
dos resultados e de sua evolução,
secretários e diretores podem
identificar a necessidade de investir
em infraestrutura, na retenção e
formação continuada de professores
ou no acompanhamento mais
próximo da realidade dos estudantes
– o que permite, por exemplo,
Qualidade na educação
o encaminhamento aos órgãos
competentes de casos familiares
que afetam o rendimento e o
comparecimento escolar. É uma
forma também de envolver os
pais e professores nos desafios
enfrentados pela escola e pelos
alunos – se é preciso reforço em
determinadas disciplinas, mudanças
de método ou de abordagens ou
acompanhamento mais próximo do
que acontece em sala de aula.
TODOS IMPORTAM
Todas essas iniciativas só são
possíveis porque o cálculo do Ideb
é feito com base em informações
detalhadas sobre o rendimento
dos alunos e o funcionamento
das escolas. O Índice, que vai de
zero a dez, é calculado a partir
de dois componentes: taxa de
rendimento escolar (aprovação) e
médias de desempenho nos exames
padronizados aplicados pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Os índices de aprovação são obtidos
a partir do Censo Escolar e as médias
de desempenho utilizadas são as da
Prova Brasil (para Ideb de escolas e
municípios) e do Saeb (no caso dos
Ideb dos estados e nacional).
Um dos principais componentes
do Ideb, a Prova Brasil analisa os
conhecimentos dos alunos da rede
pública em Português (leitura),
Matemática (foco na resolução
dos problemas) e Ciências no 5º
e no 9º ano, além de questões
socioeconômicas. Nesse contexto,
todos importam: os estudantes
fornecem informações sobre suas
condições de vida e o impacto que elas
têm na construção do conhecimento
a partir do convívio escolar; os
professores e diretores respondem
a questionários que coletam dados
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36
demográficos, de perfil profissional
e condições de trabalho. A aplicação
da Prova Brasil é bianual e censitária
para todas as escolas com mais de 20
alunos matriculados no 5º e 9º anos
do Ensino Fundamental.
RESULTADOS
Desde a criação do Ideb, já ocorreram
cinco edições da Prova Brasil, em que
foi possível notar uma leve melhora
nos indicadores. No entanto, ainda
são constatadas defasagens no
aprendizado. A partir dos dados
da Prova, especialistas costumam
agrupar os alunos em níveis avançado
(aprendizado além da expectativa),
proficiente (aprendizado esperado),
básico (pouco aprendizado) e
insuficiente (quase nenhum
aprendizado). Em 2013, a média dos
alunos ficou na categoria básica.
A nota que mais se aproximou da
proficiência foi a dos alunos do 5º ano
em Português, que obtiveram 195,92
(a proficiência é a partir de 200).
No 9º ano, o Ideb passou de
3,5 em 2005 para 4,2 em 2013,
[ 3,8
NO 5º ANO, O
IDEB PASSOU DE
em 2005
para
sem conseguir alcançar a meta
estabelecida. Apesar desses baixos
índices, verificou-se uma evolução
no 5º ano: um salto de 3,8 em 2005
para 5,2 em 2013, superando índice de
5,0 estabelecido pelo Ministério da
Educação para o ano. “Diferentemente
do 9º ano, que ficou abaixo da
5,2
[
em
2013
expectativa, no 5º houve um
avanço importante”, ressalta
Alejandra Meraz Velasco,
coordenadora-geral do Movimento
Todos pela Educação.
A diferença de desempenho se
dá em larga medida às iniciativas de
maior fortalecimento do primeiro
ciclo do Ensino Fundamental para
garantir que as crianças até os 8
anos estejam alfabetizadas. Ao
se aproximar do Ensino Médio,
o aluno já sente maior impacto
dos problemas educacionais
da rede de ensino. “Um dos
maiores entraves é a dificuldade
de formação continuada dos
professores, além da falta de um
coordenador pedagógico que de
fato acompanhe os docentes no
ambiente escolar”, avalia Alejandra.
“Esses resultados são valiosos na
definição de políticas públicas e de
financiamento da Educação Básica
do país”, conclui.
Um dos maiores
entraves é a dificuldade
de formação continuada
dos professores
ALEJANDRA VELASCO
Novos formatos
O que é o edital?
O edital do PNLD 2016 convoca os
editores para o processo de inscrição e
avaliação de obras didáticas destinadas
aos alunos e professores dos anos
iniciais do Ensino Fundamental
registrados nas escolas públicas que
integram os sistemas de educação
federal, estaduais, municipais e do
Distrito Federal participantes do PNLD.
1
• Livro do Aluno impresso e
Manual do Professor impresso.
• Livro do Aluno em PDF e
Manual do Professor digital.
Letramento e
Alfabetização
2
• Livro do Aluno impresso e
Manual do Professor impresso.
• Livro do Aluno em PDF e
Manual do Professor em PDF.
Versão digital
O manual do professor digital,
que faz parte da composição do Tipo 1,
inclui os chamados objetos digitais,
como infográficos, vídeos e animações.
Eles seguem em CD-Rom para a
avaliação do Programa, mas
posteriormente são acessados pelo
professor no portal da editora.
Nova
Disciplina
Disciplinas
Regionais
1 2
2
1
1 2
1o_ ano
1o_ ano
1o_ ano
1o_ ano
Livro único com Ciências,
História e Geografia.
Alfabetização
Matemática
2o_ ano
Letramento e
Alfabetização
Alfabetização
Matemática
3o_ ano
Letramento e
Alfabetização
Composição do Tipo 1 e do Tipo 2
Disciplinas
Seriadas
1o_ ano
1O_ CICLO:
LIVROS CONSUMÍVEIS
O novo edital do Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) trouxe mudanças importantes para os formatos
dos livros inscritos. Entre as principais alterações
está a inscrição de volumes integrados dos livros de
Ciências, História e Geografia (agora chamadas Ciências
Humanas e da Natureza), além da inclusão do volume
de Arte e das versões em PDF e digitais.
1 2
Disciplinas
Integradas
5 ano
Alfabetização
Matemática
2 ano
o
_
ou
Ciências Humanas
e da Natureza
3o_ ano
+
4o_ ano
ou
+
5 ano
Ciências Humanas
e da Natureza
3o_ ano
+
2o_ ano
+
2o_ ano
+
3o_ ano
+
3o_ ano
Ciências, História e Geografia
ou
Ciências Humanas
e da Natureza
o
_
2o_ ano
Ciências, História e Geografia
Ciências Humanas
e da Natureza
Alfabetização
Matemática
o
_
Letramento e
Alfabetização
+
Alfabetização
Matemática
4o_ ano
Letramento e
Alfabetização
+
Ciências Humanas
e da Natureza
Ilustrações: Istockphoto
Entenda o edital
2O_ CICLO:
LIVROS REUTILIZÁVEIS
38
4o_ ano
+
4o_ ano
e 5o_ ano
Ciências, História e Geografia
ou
5 ano
o
_
Ciências, História e Geografia
+
+
Arte em
volume único
4o_ ano
e 5o_ ano
Livro regional justaposto
em volume único
(História e Geografia)
+
ou
Livro regional integrado
em volume único
(História, Geografa,
Arte e Cultura)
Incentivo à leitura
Para gostar de ler
A leitura deve propiciar à
criança o contato afetivo
com o texto literário desde
o início da Educação Básica
O
s estudantes brasileiros
ocupam o 55º lugar no
ranking de leitura dos 65
países avaliados pelo Programa
Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa) em 2012. Segundo o estudo,
nossos jovens de 15 anos ainda não
desenvolveram as competências
básicas para decodificar a
mensagem de um texto e usufruir
dele. Como uma bússola, o resultado
aponta para a urgência de investir na
formação de leitores desde os anos
iniciais da Educação Básica.
Istockphoto, Ilustração: Heitor Missias
42
DICAS PARA
TRABALHAR
A LITERATURA
O primeiro passo dessa jornada
consiste em determinar aonde se
quer chegar. De acordo com Ricardo
Azevedo, escritor e ilustrador, a
criança deve aprender a diferenciar
os vários tipos de texto para utilizá-los em benefício próprio, seja por
puro e simples entretenimento,
por motivação estética, religiosa
ou para ampliar a visão de mundo.
“Para que nasça um leitor, deve
se estabelecer com o texto um
vínculo emocional que pressuponha
prazer, identificação e liberdade de
interpretação”, explica Azevedo.
Enquanto os livros didáticos
fazem uso do discurso objetivo,
as obras literárias favorecem a
subjetividade, primando pelos
aspectos lúdicos e altamente
inventivos da linguagem.
“A Literatura nos dá autonomia para
ler nas entrelinhas ao trabalhar com
o texto de modo quase artesanal. E,
assim, permite formar um leitor que
opina, interpreta, imagina e duvida”,
destaca Beth Serra, secretária-geral
da Fundação Nacional do Livro
Infantil e Juvenil (FNLIJ).”
Ainda que soe envolvente,
enredar-se em livros de ficção e
poesia também demanda esforço.
“Me lembro de falarem do uso de
quadrinhos para estimular a leitura,
depois da televisão, de aplicativos e
agora dos jogos educativos. Todos
os suportes são válidos, mas de
uma coisa ninguém escapa: ler
dá trabalho e pede concentração,
aprofundamento e um mínimo de
consciência sobre o ato de ter um
livro nas mãos”, afirma Azevedo.
Há pessoas que são
exímias contadoras de
histórias, mas esse não
é um pré-requisito para
formar leitores em sala
de aula. “O importante
é ter segurança para ler
e discutir um livro com
as crianças”, afirma
Beth Serra. “Mais do
que a encenação, a
declamação ou a fantasia,
é a força do texto que
verdadeiramente as
cativa”, garante ela.
Segundo Ricardo
Azevedo, para desfrutar
da Literatura é
recomendável que haja
um lugar silencioso, com
iluminação adequada
para a leitura, assentos
confortáveis e bons livros.
“É essencial que haja um
orientador que seja leitor
e conheça bem as obras
que têm em mãos”, diz
ele, reforçando o papel de
mediação do educador.
A atitude do professor e a
organização das crianças
no espaço educativo
também podem favorecer
o envolvimento delas
com o texto literário. “A
disposição dos alunos em
círculo tende a ser mais
produtiva na promoção
da interação. Contudo,
também é necessário que
o professor compreenda
a relação entre interação
e aprendizagem, as
características desse
encontro em sala de
aula e que aprenda
a compartilhar seu
poder, abrindo espaço
para a voz do aluno ao
aceitar seus tópicos e
as interpretações das
histórias”, conclui.
44
Incentivo à leitura
As obras literárias favorecem a
subjetividade, primando pelos aspectos
lúdicos e altamente inventivos da linguagem
A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA
Se, no Brasil, a escola ainda é o
principal espaço de incentivo à
leitura, é importante atentar
para a forma como ela trata
as obras literárias. Na hora de
trabalhar a Literatura e as artes em
geral, os professores encontram
dificuldade para abordar temas
não informativos ou que não
sejam explicitamente didáticos.
“Eles costumam estabelecer
uma relação unilateral, sem
diálogo com os alunos, o que é
insustentável diante de temas
humanos, como a busca do
autoconhecimento, a mortalidade
ou a paixão. Diante deles, não
há verdades absolutas. Daí a
importância de compartilhá-los
com as crianças”, destaca Azevedo.
Para enfrentar o problema de
forma positiva, Serra defende
a capacitação dos educadores
das séries iniciais do Ensino
Fundamental em Literatura.
Entre os conteúdos específicos
de literatura infantil, estariam
os principais autores nacionais
e internacionais, seguidos de
momentos de convívio com as
obras deles. “Com esse tipo de
leitura, o professor descobre por
si só caminho do trabalho com a
linguagem, do respeito à criança
e do diálogo ficcional”, garante a
porta-voz da FNLIJ.
Outro ponto que ela considera
crucial para ampliar a base de
leitores no Brasil é o funcionamento
de uma biblioteca em cada escola.
“Ainda estamos longe dessa meta,
mas devemos persegui-la porque a
biblioteca é o lugar que toda criança
deve ter como referência na hora de
escolher seus livros”, assegura Serra.
LIVROS QUE
ENCANTAM
1
Menina bonita do
laço de fita, de Ana
Maria Machado
2
A casa sonolenta,
de Audrey Wood
3
A fada que tinha ideias,
de Fernanda
Lopes de Almeida
4
Pollyanna,
de Eleanor H. Porter
5
Maria vai com as outras,
de Sylvia Orthof
6
Alice no país da mentira,
de Pedro Bandeira
7
12 fábulas de Esopo,
de Hans Gärtner
8
A ilha perdida,
de Maria José Dupré
9
História meio ao
contrário, de Ana
Maria Machado
10 Arca de ninguém, de
Mariana Caltabiano
Cultura digital
46
Tecnologia
integrada
ao ensino
Objeto educacional
digital (OED)
Istockphoto
As mudanças
que o mundo
conectado
traz para o
ambiente
escolar
São os recursos digitais
para uso em sala, como
vídeos, animações
e simuladores. Eles
podem ser usados
para motivar discussões
iniciais, facilitar a
compreensão de um
conceito ou avaliar a
aplicabilidade de um
conteúdo.
A
partir de 2016, os professores
de Ensino Fundamental 1
da rede pública, além de
receberem o manual do professor
impresso, também poderão ter
acesso ao formato PDF (no caso
da escolha de obras do Tipo 2 do
edital) ou ao formato digital (no
caso de obras do Tipo 1), que inclui
objetos educacionais como
imagens, animações, simuladores
e vídeos. O acesso a esses novos
formatos é mais do que apenas
uma mudança de suporte
para o conteúdo oferecido nos
livros impressos. Ele traz uma
transformação importante no
ambiente escolar, que passa a, cada
vez mais, incluir a cultura digital em
sua rotina. “Nós vivemos, hoje, essa
mudança de comportamento que
é a cibercultura”, contextualiza
Tatiana Pita, assessora pedagógica
das editoras Ática e Scipione
e doutoranda em Tecnologias
Educacionais pela Pontifícia
Universidade Católica de São
Paulo (PUC/SP). “Nós temos que
estabelecer relações – pessoais,
profissionais – no mundo virtual e no
real. A escola também.”
Para os especialistas, o ator
principal dessa mudança em sala de
aula é o professor. “O único que já está
pronto é o aluno”, diz Sergio Amaral,
professor pesquisador do Laboratório
de Novas Tecnologias Aplicadas na
Educação (Lantec) da Faculdade de
Educação da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp). Os alunos
já têm contato com celulares, tablets,
smartphones no cotidiano fora da
escola. Toda a sua vida já está
mediada pela tecnologia. “Eles são
os nativos digitais”, diz Tatiana.
“Os professores se sentem
acuados, é claro. Porque eles
são os imigrantes digitais.”
Acompanhar essa mudança
relativamente recente da sociedade
é o desafio do professor e das
escolas. “O professor precisa abrir
um espaço – o que é complicado,
já que há professores com três,
quatro jornadas de trabalho –,
para se capacitar. De outro lado,
as instituições escolares precisam
investir em infraestrutura
para esse recurso.”
Entender esse contexto é
fundamental para que o uso da
tecnologia em sala de aula não se
transforme em um mero “show
pirotécnico”, como brinca Tatiana.
“Para alguns professores, a
tecnologia ainda é um penduricalho”,
diz. Mas a inserção da tecnologia
em aula pede uma mudança
mais profunda, que atinge toda
a metodologia e o planejamento
pedagógico. “A linguagem digital
tem que ser o foco, não um
complemento. Tem que estar no
cotidiano da sala de aula. Temos
que pensar em como transformar
o que nós fazemos em atividades
mediadas pela tecnologia digital.
Ela sempre será a mediadora, e o
papel do professor é também o da
mediação”, explica Sergio.
NOVAS DINÂMICAS
Para Tatiana, isso quer dizer que,
mais do que fornecer informações,
o professor tem cada vez mais o
papel de ensinar o aluno a pesquisar.
A atividade de pesquisa, que
antigamente era passada como
lição de casa, vai para dentro da
sala de aula. “O professor tem que
ensinar o aluno a aprender sozinho”,
diz. Mesmo se o acesso à internet
é restrito, a cultura digital pode ser
inserida em sala de aula de diversas
formas. “A ideia de leitura de imagem,
por exemplo, que é tão presente
Livro digitalizado
Produto off-line, em formato
PDF. O arquivo é exatamente
igual ao do livro impresso,
sem conteúdos digitais
agregados, porém possui
simples funcionalidades,
como a possibilidade de
grifar e fazer anotações.
Livro digital
Livro disponível para uso
off-line em sala de aula, com
o conteúdo digital (OEDs)
integrado no próprio produto.
Assim, não é preciso acessar
a internet para utilizar
vídeos, animações e
simuladores, por exemplo.
Cibercultura
Uma mudança de
comportamento que
transforma as relações entre as
pessoas. A cibercultura nasce do
desdobramento da relação da
tecnologia com a modernidade.
Se a modernidade se
caracterizou pela apropriação
técnica do social, a cibercultura
se caracteriza pela apropriação
social-midiática da técnica.
Nativos digitais
Jovens nascidos em meio
à tecnologia, acostumados
a obter informações de
forma rápida. Eles costumam
recorrer primeiramente a
fontes digitais e à web antes
de procurarem em livros
ou na mídia impressa.
Imigrantes digitais
São todos os que pertencem
às gerações anteriores aos
nativos digitais. Eles viram as
tecnologias se desenvolverem,
se solidificarem e se incluírem
em seu cotidiano e se veem
tendo que se adaptar a
essa nova relação.
Cultura digital
no mundo digital hoje, pode ser
levada para a aula. O professor pode
levar charges ou imagens que estão
circulando no Facebook para discutir
em sala com os alunos”, ensina. A
escrita rápida também é exemplo de
como o aluno pode aprender a ser
objetivo para explicar alguma coisa.
“O professor pode inserir pequenos
jogos em que as crianças tenham que
dar respostas curtas, mas assertivas
e fundamentadas, habilidade que
é tão importante hoje em dia”, diz.
Um mesmo jogo pode ser usado
para atender diferentes objetivos.
“Uma cidade interativa, que tem um
ambiente urbano, zona rural, escola,
mercadinho, por exemplo, pode ser
usada pelo professor para perguntar:
‘esse é o lugar em que a gente vive? É
Istockphoto
48
horizontes imprevisíveis. “Ninguém
está falando que a matemática vai
ser outra, mas é preciso mudar a
dinâmica para motivar a criança a
desenvolver outras habilidades”,
completa Amaral. Nesse processo,
as vantagens do uso da tecnologia
ficam mais claras. Por exemplo,
nos ambientes virtuais, alunos e
professores participam de debates,
games e chats ao vivo e a distância.
Contribuir com conteúdo educativo
nesses espaços ou noutros, como
fóruns, grupos de estudos e blogs
mediados por educadores, também
é cada vez mais familiar.
O cardápio de ferramentas
digitais e recursos disponíveis
para o uso em sala de aula é vasto.
“A tecnologia vem para fazer melhor
O professor tem cada vez mais o papel de
ensinar o aluno a pesquisar. A atividade de
pesquisa, que antigamente era passada como
lição de casa, vai para dentro da sala de aula
assim que a gente vai ao mercado? É
assim que a gente se desloca? A zona
rural é assim hoje?’”, explica Tatiana.
“O importante é o professor saber
o que espera do objeto, para que ele
seja um facilitador do seu objetivo.”
Se na década passada ainda era
comum apresentar filmes para os
estudantes em sala de aula, hoje
são os educadores e os educandos
que encabeçam as produções
audiovisuais. Pesquisam, roteirizam
e capturam um novo olhar da
realidade a partir de suas próprias
experiências no mundo digital. Só
precisam de uma câmera – serve
a do celular – e um dispositivo
conectado à internet para postar
um novo ponto de vista e alcançar
o que o professor já faz bem”, ressalta
Valdenice Minatel, coordenadora-geral de tecnologia no Colégio
Dante Alighieri, em São Paulo.
A escola criou um comitê gestor de
alunos, que se reúne semanalmente
para discutir o uso da tecnologia,
não só em sala de aula. “O professor
tem que estar preparado para
usar de maneira pertinente, com
intencionalidade de uso. Com o
mercado farto de oferta de recursos
digitais, a escolha está cada vez mais
refinada. É o olhar pedagógico que
tem que pautar o tecnológico, e não
o contrário”, recomenda.
Nesse movimento dinâmico e
colaborativo por excelência, as mídias
sociais ocupam posição de destaque
por reunir diversas ferramentas
em torno de si. “Apesar de já fazerem
parte da vida dos docentes, a
incorporação delas no ensino ainda é
um desafio para as escolas, que temem
o uso inadequado das redes e a crítica
das famílias”, diz a psicopedagoga
Maria Irene Maluf. Segundo ela,
outro ponto relevante diz respeito à
efetividade da aprendizagem num
contexto de múltiplos estímulos
tecnológicos. “O conhecimento
torna-se significativo para o aluno
na medida em que ele ganha sentido
e reverbera tanto no mundo digital
quando no real”, afirma Irene. Para
ela, a possibilidade de experimentar
e testar hipóteses em ambos os
territórios é fundamental para
a aquisição de um novo saber.
Sobre a aproximação da
tecnologia à sala de aula, a
especialista pondera que tal
iniciativa não implica abandonar o
que já se conhecia ou deslumbrar-se com as ferramentas digitais.
“As crianças continuam gostando
de ouvir histórias, pular amarelinha,
ler um livro e demais atividades
que remetem à afetividade do real”,
garante a psicopedagoga.
As possibilidades são muitas, mas
a aplicação, de fato, nas escolas,
é um processo gradual. “Ninguém
espera que as escolas façam uso das
tecnologias em todas as séries de
um ano para o outro”, diz Amaral.
Ele recomenda que se comece nos
primeiros anos, porque a criança
usa o recurso de uma determinada
maneira e sua aplicação permanece
ao longo de sua progressão ano a ano
escolar. “É uma mudança de cultura
e estamos em um momento de
transição”, complementa Valdenice.
“É um caminho sem volta, mas
podemos ter o cuidado de fazer tudo
da melhor forma possível.”
O QUE ELES FALAM
Algumas palavras que estão no cotidiano dos nativos digitais
Hashtag
O símbolo # (a hashtag, ou cerquilha) é
usado nas redes sociais (como Twitter,
Instagram e Facebook) acompanhado
de alguma outra palavra ou expressão
para acrescentar uma informação a um
conteúdo, como uma etiqueta (ou tag).
Nas redes, as hashtags viram links, que
reúnem todo o conteúdo postado sob
aquela mesma etiqueta. Por exemplo:
“Acompanhe tudo sobre o #Carnaval2015”,
em postagem na página do Facebook
do Portal Brasil. O uso, no entanto,
já extrapola as redes virtuais e alcança
as conversas reais.
URL
Sigla, em inglês, para
“Uniform Resource Locator”,
o que, em português, é
chamado de “Localizador
Padrão de Recursos”. É o
endereço, em uma rede,
ou na internet, para um
determinado conteúdo ou
recurso (pode ser o local de
uma impressora na rede da
escola). http://www.mec.gov.
br/, por exemplo, é o URL para
o portal do Ministério
da Educação na internet.
Timeline
O termo é utilizado nas redes sociais para se referir ao modo que elas apresentam as informações
compartilhadas pelos usuários da rede. “Eu vi a foto que você postou na minha timeline”,
por exemplo. Apesar de o termo ser usado tradicionalmente para se referir à exibição de
informações em ordem cronológica (a linha do tempo), nas redes elas podem ser ordenadas
de acordo com outros critérios, como popularidade da postagem.
Selfie
É o autorretrato, geralmente feito
com a câmera frontal dos celulares.
O termo foi considerado a palavra
do ano de 2013 pelo dicionário de
inglês Oxford. São parte da cultura
dos nativos digitais, que publicam
seus selfies nas redes sociais.
Meme
App
É um apelido para os aplicativos
(em inglês, “applications”) de celular. São
os programas que podem ser baixados
(download), instalados e usados no
celular, principalmente smartphones.
São apps comuns: Calculadora,
WhatsApp, Câmera, Maps, entre outros.
É uma mensagem que passa a ser replicada na rede. O uso do termo vem da biologia,
onde ele se refere ao modo como os genes se replicam. Na internet, o conteúdo repetido
pode ser um texto, um bordão, uma imagem, ou até mesmo um vídeo. Em 2012, um
meme bastante famoso foi o que começou com uma propaganda de uma construtora,
que gerou o bordão “menos a Luiza, que está no Canadá”. O termo “viral” também é
usado para se referir a um conteúdo que se espalha rapidamente pela internet.
Arquivo pessoal
Artigo
Gêneros
textuais
na sala
de aula
P
or que tanta ênfase em
gêneros textuais, na
atualidade, como um dos
eixos fundamentais para a formação
do leitor e do produtor de textos?
No dia a dia, ao procurar o que
ver na TV, o espectador acaba
escolhendo o formato que atende a
sua expectativa: jornal, entrevista,
show, novela. Cada um desses
programas está estruturado de
um modo e tem uma intenção:
informar os principais fatos do
dia, divulgar um tema científico,
entreter, divertir. Em geral, o
espectador faz sua escolha sabendo
o que esperar de cada programa,
algo que certamente facilita a
compreensão dos propósitos de
cada um deles, pois ele não assistirá
a uma entrevista de um médico
esperando o mesmo suspense e
emoção de um filme de mistério.
Por meio de seu conhecimento
prévio de gêneros televisivos, o
espectador também pode ampliar
a possibilidade de compreendê-los.
Kris Knack
50
*Por Vera Marchezi, Ana Trinconi Borgatto e Terezinha Bertin
“O conhecimento do
gênero textual ajudará
o aluno a adequar suas
escolhas ao tema, ao
contexto, ao destinatário,
à intenção e ao suporte”
Parte disso acontece de forma
semelhante nas demais práticas
sociais que envolvem a comunicação:
os enunciados se organizam e se
concretizam seguindo formatos
ou modelos de comunicação
socialmente estabelecidos, isto é,
moldados pelo uso: são os diferentes
gêneros textuais.
Os gêneros textuais são textos
verbais (orais ou escritos) ou não
verbais (desenhos, gestos) que
circulam nas várias esferas sociais em
que os seres humanos se relacionam:
trabalho, família, escola, entre
outras. São socialmente motivados
pelas necessidades e intenções (fazer
rir, emocionar, convencer etc.) dos
sujeitos que se comunicam; inserem-se em contextos sócio-históricos
determinados e em situações
comunicativas específicas. A cada
diferente circunstância, intenção
particularizada, público a que o
texto for destinado e/ou mudança
de veículo/suporte serão alteradas
as configurações de linguagem e
consequentemente o gênero.
Na escola, a compreensão
do gênero facilita a leitura e a
interpretação de um texto, pois
contribui para as inferências
necessárias. Se o aluno sabe o que
é um poema, perceberá as escolhas
próprias desse gênero: sonoridade,
rima, jogos de palavras; se reconhece
a organização geral de uma notícia,
buscará os elementos fundamentais
desse gênero: quem, quando, onde,
o que, por que; se conhece o gênero
piada, buscará os sentidos ambíguos
que provocam efeitos de humor.
Também na produção textual, o
conhecimento do gênero ajudará
o aluno a adequar suas escolhas ao
tema, ao contexto, ao destinatário,
à intenção e ao suporte.
Por fim, a interação com gêneros
de circulação social real – contos,
convites, cartas, notícias, poemas
– e a abordagem contextualizada
da gramática tornará o estudo mais
significativo para o aluno, uma vez
que ele é feito em situações reais de
uso, o que estimula a reflexão sobre
o sistema da língua falada e escrita.
A História nos anos
iniciais do Ensino
Fundamental
*Por Anna Maria Charlier
O
saber histórico a
ser trabalhado nos
primeiros anos do
Ensino Fundamental deve servir
como elemento propulsor para o
desenvolvimento de habilidades e
competências importantes para a
aquisição de conhecimentos pelo
aluno. Esse processo de aquisição
do conhecimento histórico
deve ser gradual.
O ensino de História
nos anos iniciais deve se
nortear pela construção
progressiva da noção de
identidade pelo aluno
* Vera Marchezi, Ana Trinconi Borgatto e
Terezinha Bertin são autoras da Editora Ática.
Através do seu cotidiano (como
fato histórico), incluído dentro de um
processo histórico, a criança aprende a
reconhecer e a valorizar a sua própria
história (como sujeito histórico) e a
relacioná-la com outras em diferentes
espaços e em diferentes tempos
(tempo histórico), conseguindo assim
inserir-se em contextos cada vez mais
globais e diversificados.
Nesse sentido, o ensino de
História nos anos iniciais deve se
nortear pela construção progressiva
da noção de identidade pelo aluno.
Cabe ao professor orientá-lo na
construção do saber histórico,
auxiliando-o a reconhecer e a
valorizar sua identidade, a inserir-se em um grupo social, a respeitar
as diversidades e a desenvolver a
capacidade de analisar criticamente
a realidade em que vive, podendo no
futuro ser capaz de nela intervir de
maneira consciente e positiva.
Outro ponto importante a
considerar no ensino da História são
as fontes históricas, imprescindíveis
no trabalho de construção do saber
histórico pela criança: documentos
oficiais, textos de época e atuais,
ilustrações, gravuras, fotos, mapas,
imagens, poemas, canções, textos
literários, depoimentos pessoais,
histórias em quadrinhos, filmes
e outros devem ser usados com
critério e adequação para que
atinjam o objetivo a que se propõem.
Ensinar História não significa
abordar os temas do passado sem
relacioná-los com o presente. Por
meio de exemplos práticos, compara-se o cotidiano do aluno com o de
outros “mundos” diferentes no
tempo e no espaço. Nesse trabalho
construtivo e dinâmico não há lugar
para a antiga forma de ensinar
História, em que predominava a
exposição pelo professor e a simples
memorização pelos alunos, pois a
partir das referências do próprio
aluno é que se compara, se analisa
e se relaciona. O aluno se vê como
participante de um grupo social,
sujeito da história e elemento
responsável pela construção do
futuro, valoriza o seu tempo presente
e reconhece as permanências e as
mudanças ocorridas na sociedade.
Aos poucos ele percebe as
diversas temporalidades no
decorrer histórico e consegue situar
os acontecimentos históricos no seu
devido tempo.
Com o estudo do seu próprio
cotidiano, o aluno, auxiliado pelo
professor, conseguirá estabelecer
relações de semelhança e diferença
com outros indivíduos e com outros
grupos sociais em diferentes épocas.
*Anna Maria Charlier é bacharel e licenciada
em Geografia e História pela Universidade de
São Paulo (USP) e autora de livros didáticos
pela Editora Ática.
Comportamento
Bullying, um
problema de todos
Dicas de leitura para alunos e professores
•Bullying - Que
• Coleção Todos
brincadeira é
Juntos, de Walcyr
essa?, peça
Carrasco: os livros
teatral de Denio
Laís, a fofinha e Daniel
Maués: pode
no mundo do silêncio
ser interpretada
abordam as questões
pelos alunos com
da construção da
a coordenação do
autoestima e do
professor.
enfrentamento ao
bullying de maneira
sutil e adequada
às crianças.
O professor, assim como os demais funcionários de uma escola,
deve estar preparado para identificar e combater o problema
Istockphoto
52
O
professor é, antes de tudo,
um educador. E, como tal,
deve estar atento não só ao
conteúdo que passa aos seus alunos,
mas também ao comportamento
da classe, à forma como eles se
relacionam, interagem, se ajudam
ou, ao contrário, se estranham.
É ele, afinal, quem pode detectar
situações de bullying na sala de aula
ou fora dela. Desde que começou a
aparecer na mídia brasileira, o termo
em inglês que significa “intimidação”
tomou grandes proporções – tanto
que se usa a palavra de forma
indiscriminada. “Temos percebido,
não somente por parte das escolas,
ampla generalização e banalização
do problema. Falta conhecimento
sobre o que de fato é bullying, o que
tem gerado graves equívocos na
identificação e nos procedimentos”,
explica Cleo Fante, educadora,
pesquisadora e uma das maiores
especialistas sobre o tema no Brasil.
Logo, o primeiro ponto que o
professor precisa ter em mente é o
que de fato é bullying – essa ameaça
silenciosa e agressiva que pode
se tornar um grande problema na
vida de alguns alunos. Para que
a ação seja considerada bullying é
preciso que haja uma combinação
de algumas dessas características:
repetição de maus-tratos contra
o mesmo alvo num período
prolongado de tempo, intenção nas
ações, desequilíbrio de forças ou de
poder entre as partes, ausência de
motivos (por parte do alvo) e danos
resultantes – como o aluno vítima
deixar de frequentar a escola, por
exemplo. “Caçoar, apelidar, criticar,
‘pegar no pé’ são ações naturais
e acontecem frequentemente
entre estudantes”, destaca Cleo,
lembrando que nem tudo é bullying.
Outra especialista no tema, Tania
Zagury, lembra que, por mais atento
e capacitado esteja um professor, ele
precisa agir em grupo. “Um professor
sozinho não resolve. A atitude a ser
tomada deve ser da escola como um
todo”, diz a professora da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
filósofa e escritora. Autora de 24 livros
sobre educação, entre eles o best-seller
Limites sem traumas e O professor refém,
Tania lembra que toda escola deve
adotar como parte de sua agenda um
programa antibullying que capacite
todos os seus funcionários – do
porteiro ao gestor – e desenvolver
• Veneno digital,
•Chega de bullying,
de Walcyr
site do Cartoon
Carrasco: embora
Network
voltado para
(chegadebullying.
alunos mais
com.br): dicas
velhos, o livro
sobre bullying
da Coleção Sinal
dentro e fora
Aberto pode
da escola para
ajudar o professor
estudantes, pais
a entender e
e educadores.
lidar com o
ciberbullying.
ações pedagógicas específicas
para combater o mal.
Às vezes é mais fácil um inspetor
perceber uma situação estranha
no pátio, na hora do intervalo, do
que o professor em sala de aula.
“É fundamental que se saiba que o
bullying é praticado às escondidas, não
é feito para aparecer. Por isso é muito
difícil de ser percebido. Pode não
acontecer em sala de aula. No geral,
é no pátio, atrás de uma pilastra, em
lugares escondidos”, alerta Tania.
O ideal é que a cultura de
entendimento e de reforço dos
valores sociais seja trabalhada já na
Educação Infantil, fase em que casos
de bullying são raros, mas quando
a agressividade contra o colega
começa a aparecer. “Evita-se, assim,
a continuidade do comportamento
agressivo ao longo do tempo.
Quanto mais cedo a criança aprender
e exercitar atitudes e valores
condizentes com uma cultura de paz,
mais cedo saberá respeitar e conviver
com as diferenças”, acredita Cleo
Fante, autora dos livros Fenômeno
Bullying e Bullying Escolar.
As especialistas lembram também
que o ciberbullying, que geralmente
acontece nas redes sociais e extrapola
os muros da escola, é mais difícil
de ser contido. Mas isso não isenta
os educadores de agirem – quando
perceberem que um aluno está sendo
perseguido também na internet,
é hora de interceder com firmeza,
chamando os agressores e a vítima
para conversas particulares, numa
tentativa de mediar o conflito e
interromper a ação dos provocadores.
DICAS PARA
O GESTOR
• Reunir toda a equipe
para decidir qual vai ser a
estratégia da escola na luta
contra o bullying.
• Definir qual será o canal de
denúncia de casos de bullying
– e que seja seguro para o
denunciante e para a vítima.
• Lembrar que qualquer
funcionário pode detectar
situações estranhas e, portanto,
todos devem estar treinados
de forma homogênea.
• Envolver a família nas
campanhas de conscientização
sobre o tema, lembrar que
esse é um problema
que envolve a todos.
1
Estar atento aos alunos
que se isolam, que não
têm amigos ou que
fogem de trabalhos em
grupo, por exemplo.
2
Agir imediatamente no
sentido de proteger a
vítima e cessar os ataques.
3
Lembrar que uma
situação que começa
dentro da escola pode
se estender para fora de
seus muros, podendo se
tornar um ciberbullying a
partir do momento em
que toma as redes sociais.
4
Falar com outros
professores para saber
se eles têm a mesma
percepção sobre o caso.
5
Professores de Educação
Física têm mais chances
de perceber uma vítima
em potencial quando
um aluno está sendo
preterido nas escolhas
de times, quando não
passam a bola para ele ou
quando é constantemente
caçoado por causa das
inabilidades esportivas
(de novo, casos isolados
são comuns e não
devem ser considerados
prática de bullying).
6
Comunicar à direção
para saber como
proceder uma vez que
um caso foi detectado.
7
Tato ao comunicar os
pais, em especial se ele
for pai do agressor –
ninguém quer acreditar
que seu filho seja capaz
de fazer mal a um colega.
8
Não aja sozinho.
Busque o reforço
da equipe escolar.
Artigo
É preciso prestar
atenção
Istockphoto
DICAS PARA
O PROFESSOR
55
*Por Celso Lopes de Souza
C
PERFIL DA VÍTIMA
É comum que o bullying aconteça
entre os meninos a partir dos dez
ou 11 anos, entre os mais tímidos e
introspectivos ou entre os que não
sei encaixam nos padrões sociais
médios – muito obesos, magros,
pessoas com deficiência, por
exemplo. Para Tania Zagury, esse
perfil predefinido vem mudando
e, hoje, qualquer pessoa pode
ser vítima de um grupo pelas
razões mais adversas. “Meninas
consideradas bonitas podem ser
perseguidas por outras colegas por
inveja, por exemplo.”
A subjetividade dos ataques,
a falta de motivo aparente, o
desdobramento nas redes sociais
e um perfil cada vez mais amplo
das vítimas em potencial torna o
trabalho das escolas mais difícil.
Também faltam ainda políticas
públicas e investimentos em
pesquisas sobre o assunto. São
poucos os dados sobre o problema
no Brasil. A pesquisa nacional mais
recente foi realizada em 2012 – e
o bullying entrou como um entre
muitos temas. A Pesquisa Nacional
de Saúde do Escolar (PeNSE) foi
realizada com mais de 109 mil alunos
do 9º ano do Ensino Fundamental.
Destes, 7,2% afirmaram que sempre
ou quase sempre se sentiram
humilhados por provocações.
Os percentuais foram maiores entre
os estudantes do sexo masculino
(7,9%) do que entre os do feminino
(6,5%). E 20,8% dos estudantes
praticaram algum tipo de bullying
(esculachar, zoar, mangar, intimidar
ou caçoar) contra os colegas,
levando-os a ficarem magoados,
incomodados ou aborrecidos.
Ter um conhecimento sobre a
realidade brasileira já é um bom
começo. A segunda é se informar
sobre como proceder. “A melhor
maneira de lidar com o bullying,
em suas diversas modalidades, é o
conhecimento. Por isso, é necessário
que as escolas criem mecanismos
preventivos que envolvam a todos.
Os profissionais precisam ser
treinados na observação e diálogo,
na identificação e intervenção”,
ensina Cleo Fante. É como qualquer
outro mal: sempre melhor prevenir.
om certeza você já se deparou
com crianças que parecem
“estar a mil” o tempo todo,
não conseguem esperar por sua vez,
não terminam o que começam, estão
sempre em outro mundo…. Acho que
você já se lembrou de algumas delas.
Apesar de a descrição ser típica das
crianças portadoras de Transtorno
do Déficit de Atenção/Hiperatividade
(TDAH), não necessariamente as
que você imaginou apresentam
o transtorno. São diversas as
possibilidades que podem justificar
o comportamento citado, mas isso
não invalida o fato de o TDAH ser um
transtorno neurobiológico muito bem-estudado e lastreado pela comunidade
O professor pode ter um
papel muito importante
nessa história, visto
que é ele quem passa a
maior parte do tempo
com as crianças
científica. O que deve ser invalidado
é a banalização do diagnóstico,
que precisa ser feito por médicos e
psicólogos experientes e confirmado
por meio do acompanhamento
da evolução da criança com os
tratamentos propostos.
Por falar em tratamento,
os estimulantes – como o
metilfenidato – continuam
sendo a opção mais utilizada.
A questão é: estamos exagerando
no uso de medicamentos?
Para responder a essa pergunta,
vejamos um dado divulgado pelo
Centro de Controle e Prevenção de
Doenças (CDC), um órgão bastante
respeitado nos EUA: “Um em cada
cinco estudantes do Ensino Médio
nos EUA recebeu o diagnóstico de
TDAH. Dois terços destes fazem
tratamento com estimulantes.”
(Center for Disease Control
and Prevention, 2013).
No Brasil a Agência de Vigilância
Sanitária (Anvisa) também
emitiu um alerta: “O consumo
do medicamento metilfenidato,
utilizado no tratamento do TDAH,
aumentou 75% em crianças com
idade de 6 a 16 anos, entre 2009
e 2011”. (Anvisa, 2013).
Esses números sugerem que sim,
estamos exagerando. Mesmo
utilizando dados epidemiológicos que
justifiquem esses dados, outra questão
se impõe: estamos de fato dando
remédio para aqueles que precisam?
Pois tão grave quanto não tratar os que
precisam é tratar os que não precisam!
Nada contra as medicações, afinal, se
não fossem elas, nossa expectativa de
vida ainda seria ao redor de 30 anos.
Mas tenho como verdade que se não
fossem o abuso e o uso inapropriado
das medicações viveríamos mais.
O professor pode ter um papel muito
importante nessa história, visto que
é ele quem passa a maior parte do
tempo com as crianças. Essa condição
o coloca numa posição privilegiada
tanto na identificação de sintomas
precoces, quanto na observação da
evolução da criança quando ela inicia
o tratamento. Os professores podem
ser os vigilantes de todo o processo,
pois outra verdade que tenho para
mim é que professores experientes
raramente se enganam.
*Celso Lopes de Souza é médico psiquiatra,
professor e autor de Química do Sistema
Anglo de Ensino e da Editora Scipione.
Arquivo pessoal
Comportamento
54
A coleção valoriza as diversas culturas que formam a sociedade
brasileira, a pluralidade social e a formação da consciência.
Uso de histórias em quadrinhos, poemas e letras de músicas.
A organização dos conteúdos facilita ao professor planejar suas
aulas de maneira prática e ágil.
• LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
• LÍNGUA PORTUGUESA
Autora: Marcia Paganini Cavéquia
• ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA
• MATEMÁTICA
Autores: Fábio Vieira, Jackson Ribeiro
e Karina Pessôa
• CIÊNCIAS
Autores: Karina Pessôa
e Leonel Favalli
• HISTÓRIA
Autoras: Rosemeire Alves
e Maria Eugênia Bellusci
1º CICLO:
Letramento e Alfabetização – 1º ao 3º ano
Alfabetização Matemática – 1º ao 3º ano
Ciências, História e Geografia – 2º e 3º anos
2º CICLO:
Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia – 4º e 5º anos
www.scipione.com.br
• GEOGRAFIA
Autores: Wanessa Garcia
e Rogério Martinez
Educação Física
Muito
além do
corpo
Mais do que aprimorar
as capacidades motoras,
as aulas de Educação
Física também são
fundamentais para
o desenvolvimento
cognitivo, social e
afetivo das crianças
Istockphoto
58
P
ara as crianças, a aula
de Educação Física se
parece bastante com
a hora do recreio – é o momento
de levantar da cadeira e se dedicar
a atividades mais lúdicas, que
mexem com o corpo. No primeiro
ciclo do Ensino Fundamental,
a disciplina proporciona uma
espécie de “alfabetização corporal”.
Por isso, as atividades são mais
simples e geralmente focadas no
desenvolvimento individual – como
aprender a lançar uma bola ou
obedecer, de olhos fechados, a
comandos de movimento feitos por
um colega. Assim, a criança começa
a tomar consciência das capacidades
e das limitações do seu corpo. “É na
No primeiro ciclo do Ensino Fundamental,
a disciplina proporciona uma espécie
de “alfabetização corporal”
Educação Física que se desenvolve
a linguagem corporal, muito
valorizada nessa idade. Apropriar-se desses códigos é fundamental
para uma boa inserção social”, diz
Fabio Luiz D’Angelo, coordenador do
Instituto Esporte & Educação.
Depois de dominar as capacidades
básicas, os alunos passam à fase
de usufruir delas em atividades
coletivas, como jogos em grupo.
É a partir desse momento que
descobrem novos valores, como a
cooperação, e aprendem a lidar com
situações de conflito – como aquela
em que um colega não passa a bola
para ninguém. Esses são apenas
alguns dos aspectos desenvolvidos
nas aulas de Educação Física; confira,
a seguir, dez habilidades que as
crianças aprendem nessa disciplina.
1
Aprendizado
corporal
Os primeiros anos do Ensino Fundamental são
essenciais para as crianças descobrirem quais são
os movimentos usados para interagir e brincar
com os colegas. “Nessa idade, a linguagem do
corpo é um elemento muito forte de socialização.
Na aula de Educação Física, os alunos aprendem
os códigos das brincadeiras de grupo, como a
queimada, e isso permite que tenham um bom
desenvolvimento social”, afirma D’Angelo.
2
Aprimoramento
motor
A aula de Educação Física mobiliza o aluno a
aprender sobre seu corpo, a ter consciência sobre
ele e a desenvolver habilidades como equilíbrio,
coordenação motora e noção de espaço e de tempo.
Isso pode ser feito por meio de tarefas bem simples.
Entre os pequenos, na faixa de três ou quatro anos
de idade, uma atividade popular é o jogo do robô,
no qual um fica de olhos fechados enquanto o outro
dá comandos para ele se mexer – como virar para a
esquerda ou levantar o braço, por exemplo.
3
Descoberta
de habilidades
Durante as atividades propostas
nas aulas, as crianças vão, aos
poucos, descobrindo quais são suas
habilidades físicas e como podem
usar o corpo para explorar novas
brincadeiras e testes. Ao receber
uma bola e brincar com ela, o aluno
vai descobrindo se é hábil, forte
ou extrovertido, por exemplo. “O
exercício nos dá um feedback imediato
do que somos. Nesse momento, a
criança entende quais são as suas
potencialidades e as suas limitações”,
afirma D’Angelo.
4
Aumento da
autoestima
Quando aprende a fazer
corretamente os movimentos
propostos pelo professor – como
lançar uma bola –, a criança ganha
confiança em si mesma e perde
a inibição para tentar executar
coisas novas. Isso é importante
para aumentar a autoestima em
uma fase da vida em que ela se
compara aos colegas levando
em conta essencialmente seus
atributos físicos.
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Educação Física
7
Incentivo à
cooperação
8
Resolução
de conflitos
A competição em grupo é essencial
para a turma desenvolver habilidades
cooperativas para atingir um objetivo
positivo: ganhar o jogo. “Os jogos são
repletos de situações desafiadoras,
tanto do ponto de vista motor como do
social. Por isso representam um terreno
fértil para a criação de estratégias
coletivas de ação”, diz D’Angelo.
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60
5
Estímulo
cognitivo
Brincar com bolas, caixas e latas
não é só diversão. Atividades
que envolvem objetos de
tamanhos, pesos, cores e
texturas diferentes ajudam
os alunos a desenvolver outras
capacidades cognitivas,
como comparar, classificar e
deduzir. Para que isso aconteça,
o professor deve montar um
acervo com vários tipos de
bolas, sacos de areia, cordas
e blocos com características
bastante heterogêneas.
6
Valorização
das regras
Quando chega a fase de deixar as
atividades individuais e participar
de jogos em grupo, os alunos na
faixa de seis e sete anos aprendem a
importância de criar regras como um
pressuposto para a boa convivência.
Uma experiência interessante
é estimulá-los a serem mais
independentes para estabelecer essas
normas e deixar que eles gerenciem
o jogo e discutam saídas para os
impasses. “A escola precisa valorizar
a independência das crianças. É uma
boa maneira de construir o espírito de
cidadania”, afirma D’Angelo.
Nos jogos em grupo, é inevitável
haver conflitos, como alguém
transgredir uma regra ou um aluno
ser mais hábil do que o outro e
monopolizar a brincadeira. Esses
momentos são importantes
para as crianças aprenderem a
resolver contrariedades. Em vez de
determinar o que será feito para
solucionar o problema, o professor
deve descobrir, com a ajuda da
turma, como resolver a questão.
Isso estimula as capacidades
de dedução e abstração dos
alunos, pois eles são incentivados
a desenvolver e a testar suas
hipóteses. D’Angelo menciona
um exemplo: ao notar que um
aluno muito bom em queimada
era o único que pegava na bola,
ele interrompeu a atividade, e as
crianças sugeriram jogar com
duas bolas, para que todos
pudessem jogar. Deu certo.
9
Exercício de
criatividade
Quando se começa um jogo, nunca
se sabe como ele vai terminar.
A imprevisibilidade das situações
é importante para as crianças
desenvolverem seu lado criativo
quando se veem frente a um
obstáculo ou para virar o jogo
quando sua equipe está perdendo.
Outra maneira de incentivar a
criatividade dos alunos durante a
aula é propor que eles construam
um circuito de atividades usando
caixas, cordas e latinhas – e, depois,
desafiem o resto da turma para ver
quem consegue completar primeiro
todas essas atividades.
10
Aprendizado
com o fracasso
A competição é um elemento
importante para as crianças
aprenderem que não são
imbatíveis: um dia se ganha e,
no outro, se perde. O papel do
professor não é fazer pressão
pela vitória, e sim mostrar à
turma que a derrota é um desafio
e um convite a tentar de novo.
“Os jogos ajudam a entender o
erro como parte do processo de
aprendizagem”, afirma D’Angelo.
A importância do jogo
Aprender com
mais diversão
Não é necessário usar
plataformas digitais para
aplicar a lógica do jogo
na escola. Criatividade
e inovação podem fazer
qualquer atividade
parecer muito mais
divertida e desafiadora
para os alunos
O
s jogos são, há tempos,
uma parte importante das
atividades recreativas das
crianças. A novidade é que agora
eles estão começando a se integrar
também ao currículo escolar. Nos
próximos dois anos, as estratégias
usadas nessas brincadeiras serão
aplicadas com mais frequência nas
salas de aula do Ensino Fundamental,
conforme prevê o último relatório
do New Media Consortium (NMC),
elaborado por pesquisadores e
profissionais das áreas de tecnologia
e educação do mundo todo. O
documento, publicado em 2014,
considera esse método, conhecido
como gamificação, uma das
ferramentas mais importantes a
serem implementadas nas escolas
até 2017. Adotar a gamificação não
significa apenas usar jogos em sala.
A proposta é integrar seus elementos
– como desafios, pontuação, divisão
por fases e premiação – ao processo
de ensino e aprendizagem, para
estimular o engajamento dos alunos
nas tarefas escolares. Isso pode ser
feito usando games digitais, jogos
de tabuleiro ou criando atividades
e métodos de avaliação diferentes.
“A geração que está no Ensino
Fundamental tem muita proximidade
com jogos. Por isso, usar suas regras
é um fator motivacional muito
forte”, afirma Teresa Cristina Jordão,
doutora em Educação pela Faculdade
de Educação da Universidade
de São Paulo (USP).
DINÂMICO E LÚDICO
Duas características dos jogos são
essenciais para ativar o interesse
dos alunos por aprender. A primeira
é o feedback rápido: em vez de
esperar pela nota da prova ou do
boletim, o estudante vê resultados
imediatos em suas ações e identifica
imediatamente o que fez de errado. A
outra é a abordagem mais leve desses
erros. Em um contexto lúdico, eles
não são o fim da linha, pois a criança
sempre pode tentar uma estratégia
diferente e testar novos caminhos
para atingir o resultado certo. “O erro
perde a carga psicológica negativa,
porque o aluno tem a chance de
tentar de novo e vê que é possível
aprender mesmo quando não
acerta”, diz Marcelo Fardo, mestre
em Educação e professor de Design
e Tecnologias Digitais da
Universidade de Caxias do Sul.
Quando são desafiadas a realizar
esse tipo de atividade – sozinhas ou
em grupo –, as crianças desenvolvem
habilidades não cognitivas,
como criatividade, colaboração e
espírito de liderança, e também
aprimoram seu pensamento crítico,
a habilidade de resolver problemas
e a perseverança para atingir um
objetivo didático. “A gamificação
tem uma lógica que ajuda no
processo pedagógico, mas sempre
deve estar ancorada em um bom
conteúdo acadêmico”, afirma José
Luiz Aliperti, fundador da Kidu, que
cria ferramentas educacionais.
Istockphoto
62
INOVAÇÃO NO DIA A DIA –
SEM TECNOLOGIA
A boa notícia para quem lida
diariamente com crianças do
Ensino Fundamental é que falar em
jogos nos dias de hoje não significa
necessariamente ter de usar
plataformas digitais. A gamificação
pode ser aplicada na escola sem
precisar recorrer a muitos recursos
tecnológicos. Uma maneira de
começar é adotar uma dinâmica
diferente na sala de aula: tarefas
viram desafios ou missões; o aluno
cria seu avatar ou se integra a um
grupo com um nome próprio; fazer as
lições significa derrotar um inimigo
ou avançar no caminho proposto
pelo professor. Tudo isso sempre
seguindo um objetivo pedagógico
traçado previamente. “Um ambiente
lúdico não precisa de computadores.
O mais importante é criar uma
narrativa que se assemelhe à que
é usada em jogos, para envolver o
aluno”, afirma Teresa Cristina. “É
preciso pensar em inovação antes
de lançar mão da tecnologia.”
Um bom exemplo são as criações
de professores da escola pública
Quest to Learn, de Nova Iorque
(Estados Unidos). Entre elas está um
jogo no qual os alunos lançam dados
e usam a soma dos números para
desenhar a maior lagarta possível,
ao preencher as casas numéricas
do tabuleiro – eles também tomam
nota de quantas vezes a mesma
soma aparece, para fazer um gráfico
64
A importância do jogo
Pontos:
Fotos: Istockphoto
tempo:
A nova função do
professor é ser um
facilitador da produção
de conhecimento, que
propõe desafios e ajuda
os alunos a elaborar
respostas criativas
de frequência. Outro exemplo
é o dominó em que as peças
trazem termos de geologia em
vez de números, e só podem ser
unidas se essas palavras tiverem
relação entre si (como magma e
vulcão). São exemplos inspiradores
e fáceis de serem reproduzidos
também na realidade brasileira.
E que tal criar, em conjunto com os
alunos, um jogo que ajude a explicar o
conteúdo de determinada disciplina?
Segundo Aliperti, nos Estados Unidos
uma classe recebeu um desafio
desses. Ao descobrir que os alunos
mais novos tinham dificuldade
com a tabuada, criaram um jogo
de tabuleiro com dados de dez faces
para tornar mais interessante
a tarefa de fazer as contas.
Outra opção é apresentar alguns
dados na aula e lançar desafios que
envolvam a participação da classe
toda, como pedir para que os alunos
pensem em como despoluir o rio da
cidade. “Os nativos digitais valorizam
muito a interação. Aprender de
forma cooperativa é muito mais
interessante, pois eles constroem
o conhecimento juntos, de maneira
ativa”, afirma Jorge Proença,
especialista em educação e fundador
da plataforma educacional Kiduca.
TRANSIÇÃO GRADATIVA
O uso de games digitais pode
acontecer aos poucos. Com o auxílio
de um computador e um projetor,
por exemplo, o professor tem a
opção de compartilhar um jogo
com a sala toda, dividindo os alunos
em grupos, que disputarão entre
si. Quando há mais computadores
em sala ou no laboratório, é
possível usar games educacionais
ou aqueles que já são populares
entre as crianças. No segundo
caso, o professor precisa conhecer
bem o jogo para verificar se é
apropriado para a faixa etária e se
atende aos objetivos pedagógicos
que ele deseja, tanto em termos
curriculares como em relação ao
desenvolvimento de competências.
As plataformas e os jogos
digitais mais sofisticados
requerem mais equipamentos –
especialmente aqueles que são
baseados no ensino adaptativo,
que acompanha a evolução de cada
estudante e propõe novos desafios
com nível crescente de dificuldade,
conforme ele evolui na matéria.
Nessa modalidade, o professor
consegue descobrir com mais
precisão em que ponto da disciplina
cada aluno tem mais problemas
e ajudá-lo a avançar, às vezes com
o auxílio do software, que traz
vídeos e conteúdos para reforçar
um conteúdo específico.
Para conviver com essas novas
ferramentas e estratégias, os
professores precisam repensar seu
papel na sala de aula. Sua nova função
é ser um facilitador da produção de
conhecimento, que propõe desafios
e ajuda os alunos a elaborar respostas
criativas. “O professor usa melhor
seu tempo em sala quando se
transforma em alguém que auxilia
a classe na busca de informações”,
afirma Teresa Cristina. Segundo a
especialista, essa é uma mudança que
ocorrerá de forma gradativa. “Para
que dê certo, não é preciso fazer altos
investimentos financeiros. O essencial
é dar aos professores tempo para
pensar e oportunidade de desenvolver
ideias em oficinas na própria escola.”
Arquivo pessoal
Artigo
Kris Knack
66
O que é preciso
para dar boas
aulas de Ciências?
Dicas para um ensino
da Matemática
mais significativo
*Por Rogério G. Nigro
*Por Luiz Roberto Dante
V
ocê deseja melhorar as suas
aulas de Ciências, mas não
sabe exatamente como?
Uma boa dica é prestar atenção
à forma como você interage com
as crianças. Por exemplo, você
costuma fazer perguntas dirigidas a
elas? Dá tempo suficiente para que
sejam respondidas? As questões
feitas chegam a estimular a mente
imaginativa de seus alunos?
Acontece que, para ensinar
Ciências, é importante não só
ter algum domínio dos assuntos
que serão trabalhados, mas
também favorecer que as crianças
desenvolvam hábitos de mente
“O pequeno cientista que
mora dentro das crianças
deve ser bem cultivado,
irrigado, provocado, para
sair do estado de dormência
e poder germinar”
(como a crítica baseada em
evidências) e atitudes (como a
curiosidade, a honestidade no
tratamento das informações)
compatíveis com os dos cientistas.
Frequentemente as coisas se
passam ao nosso redor e não olhamos
para elas como um cientista faria.
E a visão científica possibilita muitas
coisas, como o desenvolvimento de
empatia pela natureza, por exemplo.
Por esse motivo é importante que as
crianças não simplesmente ‘tenham
aulas de Ciências’ na escola, mas que
‘façam ciência’ no contexto escolar.
O pequeno cientista que mora
dentro das crianças deve ser
cultivado, irrigado, provocado, para
sair do estado de dormência e poder
germinar. Procure colocar isso na
prática ao dar suas aulas de Ciências.
Mas esteja atento! Ao fazer
ciências na sala de aula as crianças
se motivam e se envolvem mais com
a busca de respostas, do que com o
encontrar uma única resposta. Pouco
a pouco, com base nos estímulos
e apoio que você oferece, elas vão
conquistando autonomia para gerar
hipóteses, idealizar experimentos,
registrar dados, elaborar relatórios,
argumentar em favor de suas ideias,
identificar variáveis etc.
Fenômenos corriqueiros,
nas aulas de Ciências, devem
ter o poder de nos fascinar
e nos deixar maravilhados.
Sabemos que, na labuta diária da
docência, por vezes o desânimo se
apodera de nós. É desesperador não
termos ideias, não nos sentirmos
seguros sobre o que fazer. Mas saiba
que o entusiasmo talvez seja o que
tenha maior valor na prática docente.
Deixe que o fascínio pela natureza
seja a sua munição para manter esse
entusiasmo. Tenha certeza de que
você ganhará muito em contrapartida:
a satisfação de despertar nas crianças
o maravilhamento trazido pelas
revelações da ciência!
Sua missão, como professor de
Ciências, é uma das mais nobres.
O maravilhamento que você pode
ajudar a despertar e a manter
nas crianças é um primórdio das
atitudes que elas se sentirão
encorajadas a ter em relação ao
meio ambiente, à tecnologia, à
sociedade e a si mesmas no futuro.
Estamos diante daquela pausa no
tempo em que as esperanças de um
mundo melhor nascem. E, como
professores de Ciências, estamos de
fato contribuindo para a formação
desse mundo novo, que concilia
o desenvolvimento científico e
tecnológico com o bem-estar
social, individual e do entorno.
*Rogério Nigro é doutor em Ensino de
Ciências e Matemática pela Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo
(USP) e autor da Editora Ática.
O
s estudos e pesquisas em Educação Matemática apontam para
algumas diretrizes para tornar o ensino e a aprendizagem da
disciplina mais significativos. Enunciamos a seguir algumas delas,
baseadas em nossa experiência, em nossos estudos e pesquisas, e em nosso
contato com a realidade da sala de aula.
1.
Trabalhar as ideias e os
conceitos matemáticos
intuitivamente, antes
da simbologia, antes da
linguagem matemática.
2. Criar oportunidade para
o aluno aprender por
compreensão e não por
mecanização, apresentando
a ele os porquês.
Estimule o aluno a
pensar, raciocinar,
criar, relacionar
ideias, a ter iniciativa
e autonomia de
pensamento
3. Estimular o aluno a pensar,
raciocinar, criar, relacionar
ideias, a ter iniciativa e
autonomia de pensamento.
4. Substituir nas aulas a frase:
“É assim que se faz” por outra
como, por exemplo, “Pense um
pouco sobre isso”.
5. Trabalhar os conceitos e
procedimentos matemáticos
via resolução de problemas que
envolvam o aluno de
modo significativo.
6. Aproveitar a experiência
acumulada pelo aluno, partindo
dos seus conhecimentos prévios
e produzindo a aprendizagem
significativa.
7. Estimular o aluno a fazer
estimativas, cálculo mental e
arredondamentos, obtendo
resultados aproximados.
8. Fazer conexões da
Matemática com outras
áreas do conhecimento:
interdisciplinaridade.
9. Considerar mais o processo do
que o produto final, mais as
estratégias utilizadas do que
resultados prontos e acabados.
10. Encarar a aprendizagem
da Matemática como um
processo ativo e não passivo.
11. Utilizar a História da
Matemática como um
importante recurso didático.
12. Os jogos e brincadeiras também
podem ser importantes
recursos didáticos.
13. Utilizar a calculadora e o
computador adequadamente,
sabendo quando e como fazê-lo.
14. Enfatizar igualmente os grandes
eixos temáticos: números,
Geometria, Álgebra, grandezas
e medidas e tratamento da
informação. Trabalhá-los de
forma integrada.
15. Equilibrar conceituação,
habilidade de cálculo
e aplicações.
16. Sempre que possível,
desencadear novos conteúdos
via situações-problema
contextualizadas.
17. Desenvolver as competências:
• representação
e comunicação;
• investigação e compreensão;
• percepção sociocultural e
histórica da Matemática.
18. Desenvolver no aluno
uma atitude positiva em
relação à Matemática.
*Luiz Roberto Dante é autor de
Matemática da Editora Ática.
Meio ambiente
10 dicas
para trabalhar
a consciência
ambiental em
sala de aula
M
omentos de crise demandam atitudes práticas
emergenciais, focadas na resolução de um
problema específico, mas não necessariamente
bastam para gerar consciência ambiental. Segundo
Rogério Nigro, doutor em Ensino de Ciências pela
Universidade de São Paulo e autor de diversos livros para
alunos do Ensino Fundamental ao Superior, é para essa
questão que os profissionais de educação devem atentar
ao abordar questões ambientais com os alunos.
“As crises momentâneas, como a hídrica e
energética que vivemos mais intensamente hoje,
são importantes transformadoras de hábitos:
economia de água, consumo consciente e reciclagem,
por exemplo. Mas isso não quer dizer que há uma
consciência ambiental em torno desses assuntos,
pois isso pressupõe outra percepção de mundo, outro
envolvimento com a natureza”, pondera o autor.
Como é possível, então, partir do consenso sobre
esses temas para uma verdadeira conscientização
em sala de aula? O professor Rogério Nigro propõe
aqui algumas dicas para quem busca uma resposta
realmente transformadora.
4
Estimule a observação atenta e cautelosa. Chame a
atenção dos alunos para os detalhes e as características
do ambiente estudado. “O olhar conceitual não é tão
importante. É preciso olhar o entorno”, destaca Nigro.
1
Conceitue o ambiente
mais como “entorno” do
que como “ecossistema”. Vale
atiçar a curiosidade da criança
para estudar a fundo tanto
entornos “grandes”, como a
floresta, o mar, o deserto, como
também os “pequenos”, como
um aquário, um terrário, uma
colmeia. Incentive descrições,
pedindo, por exemplo, que
elas comparem a diversidade
vegetal desses entornos
com a do dia a dia.
2
Sensibilize os alunos para que
queiram conhecer e explorar
diferentes ambientes. A ideia é
ativar a imaginação para lugares
como regiões geladas ou o fundo do
mar, por exemplo. Peça ao aluno que
se imagine dentro daquele ambiente
desconhecido – pode ser um iglu de
esquimó ou uma cabana na floresta.
Vale usar imagens de impacto, que
levem a criança para “um mundo
desconhecido e misterioso”,
um “mundo encantado”.
5
Promova o acesso das crianças a muitos
conteúdos, mas sem excessos. Tome o cuidado
de não esperar que tudo seja visto pelas crianças
da mesma forma que acontece com adultos ou
cientistas. Nesse trabalho, é interessante usar jogos
que lidam com as informações do ambiente.
iStockphoto
68
8
Incentive atividades de leitura
em torno de informações sobre
diferentes ambientes. Estimule
a localização de informações, a
busca de literatura, a realização
de debates e apresentações, o
compartilhamento de informações
e questionamentos. Que tal
montar de uma biblioteca
sobre determinado ambiente?
6
Crie oportunidades para
as crianças compartilharem
muitas informações, opiniões
e pensamentos. Estimule a
produção de murais e exposições
sobre meio ambiente para os pais
e a comunidade escolar. Proponha
a realização de montagens –
recriar o cenário do mangue,
por exemplo.
9
Indique quais informações
ambientais são obtidas a
partir do trabalho de cientistas.
Apresente entrevistas feitas
com eles (em texto, vídeo ou, se
possível, presencialmente), para
que as crianças tenham algum
contato com esses profissionais.
7 3 Proponha mistérios a serem
investigados no ambiente. Leve
fotos ou vídeos para a sala de aula e
proponha perguntas como: “quem
fez aquela pegada? Por que aquela
planta está daquele jeito? Quem
está vendo o ser escondido
que eu estou vendo?”.
Dissemine a ideia de que o ser humano
pode recuperar o meio ambiente. “O
objetivo é estimular o desenvolvimento de
adultos zelosos pela natureza”, diz Rogério.
Explore o tema da interação do ser humano
com o seu entorno numa visão positiva,
que tenha o potencial de fomentar uma
atitude preservacionista e respeitosa.
Ao apresentar ambientes, procure mostrar
como eles não estão isolados do ser
humano. Sempre há um grupo de pessoas
vivendo ali ou próximo dali, por exemplo.
Apresente casos preservacionistas de
sucesso, como a mudança de paisagem
de alguns parques nacionais.
10
Realize trabalhos de
campo para que as crianças
explorem algum ambiente.
Promova experiências ao ar
livre: pode ser um zoológico,
um aquário, uma trilha na mata.
Aproveite a colaboração dos
guias e tome o cuidado de dar a
sensação de tempo, liberdade e
oportunidade para as crianças
apreciarem a natureza.
Educação a distância
Capacitação
a distância
A modalidade se mostra, cada vez mais, um
caminho viável para a formação de professores
A
lém da oferta de cursos
livres sobre inúmeros
assuntos, gratuitos ou
pagos, pela internet, a formação
em nível superior a distância já é
uma realidade. A modalidade existe
legalmente no Brasil desde 1996
e, há dez anos, foi regulamentada
pelo Ministério da Educação
(MEC), podendo ser utilizada por
instituições de Ensino Superior e
cursos superiores de graduação e
sequenciais no sistema federal de
ensino. Para o professor que precisa
se capacitar, as opções são cada vez
mais atrativas.
Em 2005, o Governo Federal criou
a Universidade Aberta do Brasil
(UAB), um sistema integrado por
universidades públicas que oferece
cursos de nível superior a distância.
Os professores da Educação Básica
têm prioridade na formação e podem
se capacitar entre os seis mestrados
semipresenciais oferecidos em
Matemática, Letras, Ensino de Física,
Arte, Administração Pública e Ensino
de História. Dentro do Plano Nacional
de Formação de Professores da
Educação Básica (Parfor),
o MEC também oferece cursos em
nível superior e licenciatura, nas
modalidades presencial e a distância,
para professores em exercício na rede
pública de educação básica.
“Muitos professores foram e
continuam sendo capacitados a
distância, já aprendendo com as
plataformas digitais”, afirma João
Vianney, membro do conselho de
ética da Associação Brasileira de
Educação a Distância (Abed). Dados
do último Censo EAD Brasil, de
2013, realizado pela própria Abed,
sugerem um cenário otimista. A
maioria das instituições consultadas
(64%) – num total de 309 em todo
o país – afirmou que o número de
matrículas aumentou em 2013.
Para 2015, entre as instituições
que se manifestaram sobre o
otimismo no setor, a perspectiva
é que haja um crescimento de
82% neste ano. Apenas 5% das
instituições acreditam na diminuição
do número de alunos. Segundo
Vianney, a educação a distância
chegou a 1,153 milhão de alunos
em 2013, alcançando 7.305.977 de
matrículas no Ensino Superior. “Esses
stockphoto
70
números revelam que a educação
a distância foi um dos grandes
fenômenos de inclusão educacional
nesta última década”, ressalta.
NOVOS PARADIGMAS
Para os especialistas da área, a
educação a distância tem como
maior vantagem a possibilidade de
se recriar e se reinventar o processo
de ensino-aprendizagem. “Na EAD a
lógica é invertida”, diz Vianney. “Ao
invés de você ter professores que
coabitam o espaço com o aluno,
comandando o tempo todo, é o aluno
quem empreende a sua trajetória de
aprendizagem utilizando os materiais
didáticos de estudo, fazendo as
atividades de avaliação ou de fixação
da matéria.” Para ele, essa mudança
de perspectiva obriga as escolas
a desenvolverem materiais
de alta performance e os alunos
a se encontrarem neste
itinerário, ganhando autonomia
e responsabilidade.
Para Wanderlucy Czeszak,
doutora em Educação a Distância
pela Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo, a EAD não
é um fenômeno isolado. Ela faz parte
de um novo papel que se estabeleceu
para o aluno e o professor. “A
educação contemporânea modificou
esses papéis. O professor já não
pode ser mais um mero transmissor
de conteúdo. Ele precisa ser um
mediador, um provocador cognitivo
que faz com que o aluno vá atrás do
conhecimento. Assim, se estabelece
um trabalho colaborativo e cada
vez mais exigente dos dois lados”,
conclui a educadora.
São exigências que nem sempre
agradam alunos e professores, já que
disciplina, organização e constantes
atualizações demandam esforços
que vão muito além dos perfis
impostos pela tradicional hierarquia
educacional. “A apropriação desses
novos ambientes tecnológicos por
parte dos alunos modificou o ensino-aprendizagem. Aluno aprende com
professor, professor aprende com
aluno. O conhecimento é móvel,
inesgotável. O professor como
dono da verdade cai por terra”,
argumenta Wanderlucy.
Apesar de um histórico
relativamente avançado, a EAD
no Brasil ainda é considerada uma
novidade e enfrenta, também,
alguma resistência de alunos
e de professores. O próprio Censo
apurou a ocorrência de evasão
dos educandos – as instituições
indicam uma evasão de 19,06%
em média entre os alunos de cursos
regulamentados totalmente a
distância –, além de identificar
outros obstáculos que vêm com
o pioneirismo nessa modalidade.
Entre eles, as instituições apontam
os desafios organizacionais de uma
instituição presencial que passa a
oferecer EAD (12,8%), a resistência
dos educandos (10,7%) e a resistência
dos próprios educadores (9,8%).
Aluno aprende com
professor, professor
aprende com aluno.
O conhecimento é
móvel, inesgotável
WANDERLUCY CZESZAK
Educação a distância
COMO
FUNCIONA
Há diversos formatos de
cursos a distância. Alguns
são integralmente oferecidos
pela internet. Nesse caso,
o estudante pode receber
apostilas online, participar
de videoconferências,
fóruns e chats, interagindo
com o professor e outros
alunos também por e-mail
ou programas de trocas de
mensagens. No modelo mais
comum, no entanto, as aulas
são realizadas em um polo de
ensino, em uma instituição
parceira, onde há laboratórios,
biblioteca e tutores. E há,
por fim, a possibilidade do
formato misto.
ESTRUTURA
Além de um “novo” posicionamento
de educandos e educadores no
processo de ensino-aprendizagem,
a EAD requer novas demandas
estruturais fundamentais para que
tenha continuidade e apresente
bons resultados. Um investimento
mínimo inicial é necessário na
implementação do EAD como
mobilidade viável e produtiva
para alunos e professores. Mas,
lembram os profissionais da área,
há inúmeras possibilidades a
serem exploradas neste sistema,
inclusive aplicativos e plataformas
gratuitas que respondem bem
às expectativas dos envolvidos.
“Tudo depende do orçamento, do
Istockphoto
72
A educação a
distância tem como
maior vantagem
a possibilidade
de se recriar e se
reinventar o processo
de ensino-aprendizagem
público, do serviço ofertado. Além
da formação, o repertório dos alunos
e professores pode ajudar muito”,
considera Wanderlucy.
Algumas instituições já vão além.
A pesquisa do último Censo EAD
mostrou que praticamente metade
das instituições ouvidas já haviam
estabelecido, por exemplo, estúdios
para gravação de vídeos.
E mais de 80% delas já desenvolviam
treinamento de professores
e tutores em plataformas
tecnológicas previstas para os
cursos ofertados. São demandas
que acabaram estimulando
o mercado de fornecedores
de conteúdo, planejamento
pedagógico e design instrucional.
ONDE SE
CAPACITAR
• Para conhecer os
cursos oferecidos
pelo Parfor, acesse a
Plataforma Freire, em
freire.capes.gov.br.
• No site da UAB, uab.
capes.gov.br, também é
possível acessar a lista
das instituições, polos
e cursos atrelados ao
sistema em todo o país.
• No estado de São Paulo,
cursos diversos são
oferecidos pela
Universidade Virtual
do Estado de São Paulo
(Univesp).
Acesse univesp.br.
Atividades em sala de aula
c) 80 6 e) 100 70 5 b) 40 2 d) 200 50 f)
300 60 3 10. Escreva com números:
Para motivar
a) Cento e setenta e sete
c) Cento e cinco
b) Cento e quarenta e oito
d) Setenta e sete
IlustraCartoon/Arquivo da editora
CONTAR E AGRUPAR
Forme grupos
2, escreva
o número
de elementos
e se o número
par ou ímpar.
11. Forme
gruposdede
2, escreva
o número
de elementos
e se o énúmero
é par ou ímpar.
Sugestões de atividades pedagógicas para alunos
do 1º ao 5 º ano do Ensino Fundamental
PALAVRAS CRUZADAS
1
Ilustrações (abelhas e joaninhas): Avalone/Arquivo da editora
RESPOSTAS: 12 par, 21 ímpar, 17 ímpar.
74
a) 30 7 2
Preencha as linhas e colunas
HORIZONTAIS
1 - Conhecido também como chão, terra.
Professor(a):
Professor(a):
4- Eficaz para lavar as mãos e matar microrganismos Aluno(a):
Aluno(a):
causadores de doenças.
5
Ano:Ano:
Nº-: N6º-:
5- Produz leite e se alimenta no pasto.
7- O que o homem respira, essencial para a vida.
Professor(a):
Sílabas
complexas
Sílabas
complexas
8- Órgão do corpo humano responsável pelo sentido do olfato.
Aluno(a):
3
4
Agora
eueu
sei!
Agora
sei!
Data:
Data:
Agora eu sei!
7
1 Complete
as palavras
comcom
as sílabas
queque
estão
faltando
e depois
copie-as
na linha
inferior.
1 Complete
as palavras
as sílabas
estão
faltando
e depois
copie-as
na linha
inferior.
º
Sílabas
complexas
8
Nº-:
ni ni
Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora
mo
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Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora
ni
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Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora
ma ma
ma
momo
da
mo
la
lala
a
áá
la
ni
mo mo la
a
la
celete
e para cada uma das palavras da atividade anterior.
á
á
á
celete
2 Forme uma frase para cada uma das palavras da atividade anterior.
celetecelete
Recorte, de revistas e jornais, palavras que são escritas com RR e SS.
AgoraAgora
eu sei!euLíngua
Portuguesa
– 1º- ano
sei! Língua
Portuguesa
– 1º- ano
© Abril
TodosTodos
os direitos
reservados.
© Educação.
Abril Educação.
os direitos
reservados.
RESPOSTAS: maçã, mochila, ninhada, água, alho, bracelete
2 Forme
2 Forme
uma frase
umapara
frase
cada
parauma
cadadas
uma
palavras
das palavras
da atividade
da atividade
anterior.anterior.
Agora eu sei! Língua Portuguesa – 1º- ano
© Abril Educação. Todos os direitos reservados.
Na figura ao lado, pinte:
a) um triângulo de vermelho.
b) dois círculos de verde.
c) um retângulo de amarelo.
d) dois quadrados de laranja.
NÚMEROS
Associe os números que utilizamos com
os números romanos correspondentes.
celete
celete
2 Forme
umauma
frase
parapara
cadacada
umauma
das das
palavras
da atividade
anterior.
Forme uma frase para cada uma das palavras da atividade
anterior.
2 Forme
frase
palavras
da atividade
anterior.
a
PARA COLORIR
RESPOSTAS : 1. solo 2. lixo 3.natureza 4. sabão 5. vaca 6. chuva 7. ar 8. nariz.
com
as as
sílabas
estão
faltando
e edepois
copie-as
na
linha
inferior.
1 Complete
1Preencha
Complete
as palavras
as
palavras
com
com
sílabas
as que
sílabas
que estão
quefaltando
estão
faltando
e depois
depois
copie-as
copie-as
na linhanainferior.
linha
inferior.
da
dada
Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora
mama
avras com
as sílabas
linha inferior.
Ano:
Ano: que estão faltando
Nº-e: depois
Nº-: copie-as
Data: na
Data:
ni
Marcha Criança Matemática – 2.º ano – Avaliação 2
© Editora Scipione. Todos os direitos reservados.
1 Complete as palavras com as sílabas que estão faltando e depois copie-as na linha inferior.
Agora
Agora
eu sei!
eu sei!
Sílabas
Sílabas
complexas
complexas
COMPLETE
AS PALAVRAS
Data:
Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora
Agora eu sei!
VERTICAIS
2- Aquilo Data:
que suja a natureza e estraga o meio ambiente.
3- Meio em que fauna e flora convivem.
Professor(a):
exas Professor(a):
6Água que cai do céu pelas nuvens.
Aluno(a):
Aluno(a):
N -:
Ilustrações: Ilustra Cartoon/Arquivo da editora
Ano:
3
4
20
19
IV
XIX
XX
III
Escreva os números romanos de 1 a 10.
Atividades em sala de aula
76
PONTUAÇÃO E ONOMATOPEIA
PALAVRAS CRUZADAS
Preencha as linhas e colunas
Leia e pontue o texto a seguir. Use:
–
,
Quá
quá
.
!
quá
E a senhora dona pata
fazia a pata e os patinhos tentavam imitá-la
Como é grande o mundo
para o outro lado do jardim
Mas
Oh
com as cabecinhas de fora
deixava que eles olhassem à vontade
diziam eles
Pensam que o mundo é isto só
para examinar a ninhada
?
muito contente
3
2
olhando para o capinzal
perguntou a pata. Não
afinal
O mundo é grande
já saíram todos
Vai muito além,
continuou ela levantando-se
Ainda não
HORIZONTAIS
1 - Tiveram a missão de catequizar os indígenas.
2 - Integração da economia e das sociedades
de diversos países.
4 - Capital do Ceará.
5 - Nome do primeiro governador-geral do Brasil.
6 - Período da história do Brasil que vai de 1822 a 1889.
11 - Período de cem anos.
12 - Região mais extensa do Brasil.
13 - Produtos usados para condimentar alimentos.
4
7
6
5
8
9
10
11
12
Contos de Andersen. O patinho feio. Tradução e adaptação de Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense, 1958. p. 54. (Adaptado para fins didáticos.)
VERTICAIS
13
3 - Prática de agricultura e pecuária.
7 - Tratado estabelecido entre Portugal e Espanha.
8 - País de maior fronteira com o Brasil.
9 - Capital do estado do Amazonas.
10 - Linhas imaginárias paralelas ao equador.
Copie do texto uma onomatopeia.
Que som essas palavras imitam?
Dê mais quatro exemplos de onomatopeias.
1
RESPOSTAS: 1.jesuítas 2.globalização 3.agropecuária 4.Fortaleza 5.Tomé 6.império
7.Tordesilhas 8. Bolívia 9.Manaus 10.paralelas 11.século 12.norte 13.especiarias
RESPOSTAS: “ – Quá, quá, quá, fazia a pata e os patinhos tentavam imitá-la, com as cabecinhas de fora. E a senhora dona pata, muito contente, deixava que eles olhassem à
vontade. – Como é grande o mundo! diziam eles, olhando para o capinzal. – Pensam que o mundo é isto só? – perguntou a pata. Não! O mundo é grande. Vai muito além, para o
outro lado do jardim. Mas, afinal, já saíram todos? – continuou ela levantando-se para examinar a ninhada. Oh! Ainda não!” Professor, essa é a pontuação original do texto com
adaptações, mas há frases que permitem outra pontuação. Considere as respostas do alunos, desde que corretas. Quá, quá, quá. Imita a voz do pato. Sugestões: Cri, cri (grilo);
mée, mée (ovelha); miau (gato); zum, zum (abelha, mosca); mu, mu (vaca); piu, piu (pintinho); au, au (cachorro); cocorocó (galo), etc.
Observe os verbos destacados no texto a seguir:
Em que modo estão os verbos destacados no texto?
Dicas para um bom motorista
De acordo com o que você aprendeu, divida esse modo em
dois grupos e retire do texto os verbos correspondentes.
•
•
•
•
Modo:
•
•
•
•
•
Verbos:
Modo:
Verbos:
Das palavras que você encontrou, escolha um verbo que expresse um estado, um verbo que
expresse uma ação e um verbo que expresse um fenômeno da natureza. Use-os para escrever
uma frase no tempo presente, uma frase no tempo pretérito e uma frase no tempo futuro.
Na sua opinião, com que intenção foi feito esse texto?
RESPOSTAS: Estão no imperativo. Imperativo afirmativo: conheça, use, mantenha, faça, seja, tome, veja. Imperativo negativo: não aceite, não dirija, não abuse.
•
Conheça as leis de trânsito.
Use sempre cinto de segurança.
Conheça detalhadamente o veículo.
Mantenha seu veículo sempre em boas
condições de funcionamento
Faça a previsão da possibilidade de
acidentes e seja capaz de evitá-los
Tome decisões corretas com rapidez nas
situações de perigo.
Não aceite desafios e provocações.
Não dirija cansado, sob efeito de álcool
e drogas.
Veja e seja visto.
Não abuse de autoconfiança para não
pôr sua vida nem a de outros em risco.
Encontre no diagrama três verbos que expressem uma ação, três verbos que
expressem um estado e três verbos que expressem um fenômeno da natureza.
RESPOSTAS: estudar, chover, permanecer, correr, estar, passear, ventar, nevar, ser.
VERBO (USO DO IMPERATIVO)
CAÇA PALAVRAS
iStockphoto
Dia do Folclore
22
Dia do Estudante
11
Dia dos Pais
9
AGOSTO
21
Dia da Árvore
29
Dia Nacional do Livro
Dia do Professor
15
8
Natal
25
Dia da família
DEZEMBRO
20
Dia Nacional da
Consciência Negra
Dia Nacional da
Alfabetização
14
Dia das Crianças
12
Dia Mundial da
Alfabetização
8
Dia do Diretor
de Escola
12
Dia Internacional
da Música
1
Independência
do Brasil
7
Jogos
Panamericanos
10
NOVEMBRO
24
Dia de São João
5
Dia Mundial do
Meio Ambiente
JUNHO
10
Dia das Mães
OUTUBRO
Dia da Educação
28
Dia Mundial do Livro
23
21
Tiradentes
Dia do Índio
19
SETEMBRO
Dia Mundial da Água
22
21
Dia Internacional Contra
a Discriminação Racial
5
Dia da Língua
Portuguesa e da Cultura
Dia Nacional
do Livro Infantil
18
Dia da Literatura Brasileira
1
MAIO
Páscoa
5
ABRIL
JULHO
Dia do livro didático
27
FEVEREIRO
Dia da Escola
15
Dia do Vendedor de Livro
Dia Nacional da Poesia
14
Dia do leitor
7
MARÇO
JANEIRO
Datas comemorativas - 2015
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