Primeira Opinião AES Eletropaulo Cotação 30/03/2005: R$71,50 p/m Recomendação: Vender Risco: Alto Reunião realizada na APIMEC SP Data: 30/03/2005 - Distribuidora de energia cuja área de atuação é a de maior densidade demográfica do país. Para entender o quanto é importante este dado destacamos que, a empresa atua em uma área equivalente a 0,05% da área do país, para 8,78% da população do país e distribui 11,09% da energia consumida no país. - A empresa é controlada por uma holding (Brasiliana), que tem como acionistas a empresa americana AES com 50,01% do capital votante e o BNDES com 49,99% do capital votante e 100% das ações sem direito a voto. Esta holding, por sua vez, exerce o controle através de outras holdings (Transgás com 62,85% das ações preferenciais, AES Elpa com 77,81% da ações ordinárias). A União e o BNDES ainda detêm 20,03% das ações ordinárias. A Eletropaulo em dezembro último aderiu ao Nível 2 de Governança Corporativa da Bovespa e tem a partir desta data prazo de três anos para ter 25% de free float, e por enquanto não tem nenhum plano de como alcançará tal marca. - Seu faturamento é dividido entre consumo residencial, com 41,1% (o mais rentável), comercial, com 30,3%, industrial, com 20,8% e outros (como poder público), com 7,6%. Seu suprimento de energia em 2005 será composto na média por 31% provenientes de Itaipu (compra compulsória para as distribuidoras do Sul e Sudeste do país), 27% provenientes de leilão de compra de energia (conforme novo modelo implementado desde o início de 2004), 21% provenientes de contrato bilateral com a AES Tietê (contrato de longo prazo assinado em 2000 e com término em 2028), 19% provenientes dos contratos iniciais da época da privatização em 1998 (estes estão terminando conforme observamos que sua participação já foi de 60% em 2003 e 51% em 2004), e 2% provenientes de outros contratos bilaterais. - Importante lembrar que a empresa em função de uma série de fatores passou por grandes problemas financeiros que só se resolveram em março de 2004 com a criação da holding controladora mencionada acima. Entre os fatores que levaram aos problemas de liquidez da empresa, foram destacados os seguintes: racionamento de energia em 2001 e 2002, que afetou fortemente as distribuidoras de energia, e mais ainda quem distribui para quem mais consome. Estas perdas foram calculadas em R$1,9 bilhão; concentração de vencimento de dívidas (R$2,5 bilhões) em um período de forte volatilidade (segundo semestre de 2002 – véspera das eleições); e dívidas em moeda estrangeira sem proteção. - Número de Ações: 41.835,97 milhões - Valor de Mercado: R$ 2.970,3 milhões - Dados Consolidados: São Paulo: Rua Líbero Badaró, nº 425 - 8º andar/ Porto Alegre: Avenida Carlos Gomes, nº 141 – cjto. 1201/ Rio de Janeiro: Rua da Assembléia, nº 10 – sala 2312 11 32928888 51 3330 0370 21 3861 9999 Vendas Líquidas – R$7.430,5 milhões – 14,98% acima de 2003- basicamente em função de elevação de tarifa. Margem Bruta – 28,35% -24,92 % em 2003 EBITDA – R$1.271,5 milhões – R$1.059,6 milhões em 2003 – A empresa apresenta também um EBITDA ajustado que compreende itens que não compõe saída de caixa e são provenientes de problemas regulatórios. Assim o EBITDA ajustado seria de R$1.671,9 milhões contra R$1.472,1 milhões em 2003. Margem EBITDA –17,11 % -16,39 % em 2003 – Levando em consideração o EBITDA ajustado a margem seria de 22,60% contra 22,90% de 2003. Lucro Líquido – R$5,6 milhões – 93,47 % abaixo de 2003- importante ressaltar que em 2003 a empresa não tinha nenhum mecanismo de hedge e a alta do real foi positiva o resultado final. Patrimônio Líquido – R$2.198,1 milhões – R$2192,6 milhões em 2003. Endividamento Líquido – R$3.588,5 milhões – R$3.134,9 milhões em 2003. LPA – R$0,13 por lote de mil ações Dividendo relativo a 2004 – Como a empresa ainda apresenta prejuízos acumulados não pode distribuir dividendo. Comentários sobre 2004: - Este ano foi importante para a empresa em função da renegociação de suas dívidas, e importante para o setor que trabalhou com regras novas. O resultado final não teve nenhuma correlação com o ano anterior e isto fez com que as projeções fossem díspares, impedindo um consenso. Além disto à empresa, assim como outras do setor, ainda têm pendências com marcos regulatórios e com o BNDES. Perspectivas Para 2005: - Após todos os ajustes realizados em termos societários, financeiros e operacionais, 2005 será muito importante para a consolidação da empresa. Dentro das novas regras do setor de energia elétrica, a figura do consumidor livre, aquele que compra energia direto das geradoras ou de comercializadoras, se tornou o ponto fraco das distribuidoras de energia. Para a Eletropaulo em 2004 os consumidores livres foram responsáveis pela energia vendida ter sido 0,3% abaixo de 2003. Em termos de faturamento o segmento residencial compensou a queda de consumo, mas como este segmento está próximo à capacidade máxima, é fundamental ter estratégias para reter potenciais consumidores livres. Além deste fator há concorrência com outras fontes de energia, gás como exemplo mais forte, que em São Paulo pode se tornar importante concorrente. Assim o maior trabalho não só em 2005, mas de São Paulo: Rua Líbero Badaró, nº 425 - 8º andar/ Porto Alegre: Avenida Carlos Gomes, nº 141 – cjto. 1201/ Rio de Janeiro: Rua da Assembléia, nº 10 – sala 2312 11 32928888 51 3330 0370 21 3861 9999 agora em diante, é a criação de programas de melhor atendimento a potenciais consumidores livres. Além disto, os leilões de venda de energia serão o segundo fator mais importante da empresa, pois é a partir deste custo que a margem pode melhorar. - Dentro do segmento mais rentável, o residencial, a empresa realizou importantes investimentos, que se tornaram ininterruptos, para reduzir as fraudes, isto é, os que consomem e sonegam a quantidade consumida, e as ligações clandestinas, que a partir de 2005 passam a representar fatias mais visíveis no faturamento e na redução dos custos. A empresa não pormenorizou tais números ou margens. - O reajuste a ser determinado no mês de julho pode trazer percentuais relativos a pendências existentes sobre pontos relativos a marcos regulatórios, que equivaleriam a aproximadamente 4%, e a decisão de repasse as tarifas do aumento da carga do PIS e COFINS, que elevariam a tarifa em mais 2%. Existe outra pendência importante para a Eletropaulo no cálculo feito a cada cinco anos de Revisão Tarifária, que corresponde entre outros pontos à remuneração da base de ativos, que só foi definida de forma provisória na empresa pela ANEEL. - Do ponto de vista financeiro a empresa tem hoje uma estrutura de capitais mais organizada, com suas dívidas com vencimentos espaçados, protegidas contra variações cambiais e custos mais compatíveis, apesar de ainda elevados, cerca de 113% do CDI incluindo o custo do hedge. Os recursos recebidos do BNDES por conta do CVA (Conta de Variação de Valores) foram integralmente utilizados para amortização de dívidas e redução de custos. Ainda há o Programa de Capitalização do BNDES por conta das perdas da época do racionamento, no valor de R$771,0 milhões (que será decidido até junho) que também será utilizado na amortização de dívida. - Os investimentos serão da ordem de R$400,0 milhões e representam um crescimento de cerca de 30% em relação a 2004. - A empresa tem risco de receita por conta de aumento de consumidores livres e menor crescimento econômico do país; risco de custo, pois suas compras cada vez mais serão por leilão de energia; risco financeiro pelo ainda elevado grau de endividamento; e finalmente regulatório, bastante complexo. As ações da Eletropaulo no preço de R$71,00 não se constituem opção de curto e médio prazo em função das várias incertezas. No longo prazo, os riscos acima elencados precisam ser reduzidos. Assim no atual momento de mercado, acreditamos que existam opções de menor risco dentro do setor e outros setores com baixo risco nos preços praticados nos últimos dias. Relatório Elaborado pelo Departamento de Análise e Pesquisa de Investimento da Geração Futuro Corretora de Valores Ltda Analista Responsável: Mauro Giorgi [email protected] Diretor Responsável: Afonso Arno Arnhold [email protected] São Paulo: Rua Líbero Badaró, nº 425 - 8º andar/ Porto Alegre: Avenida Carlos Gomes, nº 141 – cjto. 1201/ Rio de Janeiro: Rua da Assembléia, nº 10 – sala 2312 11 32928888 51 3330 0370 21 3861 9999 São Paulo – SP: Rua Líbero Badaró, 425 – 8º andar – Conj. 83 CEP: 01009-000 - Tel.: (11) 3292-8888; Fax: (11) 3292-8899 E-mail: [email protected] Porto Alegre – RS: Av. Carlos Gomes, 141 – Conj.1201 CEP: 90480-000 - Tel.: (51) 3330-0370; Fax: (51) 3330-0371 E-mail: [email protected] Rio de Janeiro – RJ: Rua Assembléia, 10 – 23º andar – Conj. 2312 CEP: 20119-900 - Tel.: (21) 3861-9999; Fax: (21) 3861-9998 E-mail: [email protected] NORMA DE CONDUTA O presente relatório foi produzido pela Geração Futuro Corretora de Valores (Geração Futuro), para a distribuição a seus clientes. As informações aqui contidas foram elaboradas a partir de fontes a princípio fidedignas e de boa fé, públicas e disponíveis ao mercado. A Geração Futuro não garante, porém, que tais informações sejam imparciais, precisas, corretas ou completas. As informações não são exaustivas, não consistindo em oferta de compra, venda ou negócio de qualquer espécie. A Geração Futuro não se responsabiliza por decisões equivocadas de investimento tomadas com base nessas informações. 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Sem prejuízo do disposto no enunciado acima, o(s) analista(s) de investimento(s) responsável(eis) pela elaboração deste relatório declara(m) que: x as análises e recomendações aqui descritas refletem única e exclusivamente suas opiniões pessoais, tendo sido elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Geração Futuro Corretora de Valores; x não mantém vínculos com qualquer pessoa natural que atue no âmbito das companhias cujos valores mobiliários foram alvo da análise no relatório ora divulgado; x a Geração Futuro Corretora de Valores, bem como os fundos, carteiras e clubes de investimentos em valores mobiliários por ela administrados, não possuem participação acionária direta ou indireta, igual ou superior a 1% (um por cento) do capital social das companhias cujos valores mobiliários foram alvo de análise no presente relatório ora divulgado, nem estão envolvidos na aquisição, alienação e intermediação de tais valores mobiliários no mercado. x não são titulares, direta ou indiretamente, de valores mobiliários de emissão da companhia objeto da análise, que represente 5% (cinco por cento) ou mais de seus patrimônios pessoais, nem estão envolvidos na aquisição, alienação e intermediação de tais valores mobiliários no mercado. x não estão, e nem a instituição a que estão vinculados, recebendo remuneração por serviços prestados ou apresentam relações comerciais com qualquer das companhias cujos valores mobiliários foram alvo de análise no presente relatório, ou pessoa natural ou pessoa jurídica, fundo ou universalidade de direitos, que atue representando o mesmo interesse dessa companhia, e. x suas remunerações não estão atreladas à precificação dos valores mobiliários emitidos pela companhias objeto de análise neste relatório, ou as receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela Geração Futuro Corretora de Valores.