O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos: O Caso de Vilamoura, Algarve, Portugal e Riviera de São Lourenço, São Paulo, Brasil. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO CESUR – Centro de Estudos Urbanos O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos: Os casos de Vilamoura, Algarve, Portugal & Riviera de São Lourenço, Bertioga, SP, Brasil. São Paulo 2013 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 1 Doutoranda: Adriana Silva Barbosa Orientadora: Gilda Collet Bruna Co-orientador: Manuel Leal da Costa Lobo Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, 14 de Fevereiro de 2013 A Qualidade Ambiental dos Empreendimentos Turísticos: Os casos de Vilamoura, Loulé, Algarve, PT e Riviera de São Lourenço, Bertioga, Brasil. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 2 B239p Barbosa, Adriana Silva O papel da qualidade ambiental nos empreendimentos turísticos: o caso de Vilamoura, Algarve, Portugal e Rivera de Săo Lourenço. / Adriana Silva Barbosa – 2013. 255 f. : il. ; 30cm. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013. Bibliografia: f. 240-255. 1. Desenho urbano. 2. Cidades sustentáveis. 3. Turismo 4. Qualidade ambiental I. Título. CDD 720.47 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 2 Qualificação de doutorado apresentada ao Programa de Pósgraduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Arquitetura e Urbanismo. Aprovada em 14 de Fevereiro de 2013 Banca examinadora ______________________________________________________ Prof. Dra. Gilda Collet Bruna Universidade Presbiteriana Mackenzie ______________________________________________________ Prof. Dr. Célia Regina Moretti Meireles Universidade Presbiteriana Mackenzie ______________________________________________________ Prof Doutor Roberto Righi Universidade Presbiteriana Mackenzie ______________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Renato Ignarra Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas. ____________________________________________________ Prof. Dra. Simone Helena Tanoue Vizioli Universidade de São Carlos Dedico esta tese a minha querida mãe de todo o meu coração Foi quem sempre sorriu nos momentos mais difíceis e sempre me disse para nunca desistir. Então, eu nunca desisto e irei em frente até o fim da minha vida. Agradeço em especial ao meu irmão Valeriano pois sem dúvida, sem ele eu não teria ido à Portugal e também não teria terminado esta tese. Ele sempre me diz “eu sou o cara”. Agora eu concordo e agradeço pela humildade O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 2 Esta tese faz parte da bolsa PDEE – Programa de Doutorado com Estágio no Exterior financiado pela CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior realizado em Portugal no Instituto Superior Técnico- CESUR – Centro de Sistemas Urbanos Regionais, sob orientação do co-orientador Prof. Dr. Catedrático Manuel Leal da Costa Lobo. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 3 AGRADECIMENTOS Dedico esta tese aos meus amigos do escritório Rubio & Luongo Arquitetura por tudo que eu aprendi e agora confesso o quanto foi difícil para mim ter que se enquadrar as regras do mercado imobiliário. Tenho certeza de que esta experiência me “abriu os olhos” para a realidade do urbanismo no Brasil. Um agradecimento especial aos arquitetos, Demóstenes, Daniela Matavelli, Carla Cristina, Ana Paula Senger, Natália Saul, Cristiane Tossunian, Margarete Marques, Renata Engler, Rodrigo Rocha, Luis Nunes, nossa querida secretária Regina Pietro e uma pessoa que me orientou a encontrar uma ótima bibliografia sobre loteamentos urbanos, a Arq. Maui Zanon. Agradeço ao meu co-orientador Manuel da Costa Lobo que confiou no meu trabalho no momento mais delicado de aprovação do meu visto para fazer o estágio de doutoramento em Portugal na Universidade Técnica de Lisboa em 2010. Agradeço por ter conhecido nesta fase de estudos e trabalho, o homem que mudou a história da minha vida, meu grande amor Pedro Granés. Agradeço a minha orientadora Gilda Collet Bruna que simplesmente acreditou na minha ideia e não hesitou em me apoiar, na conquista da minha bolsa de estudos CAPES-PDEE. Agradeço a coordenadora do Programa de Pós Graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, Prof. Dra Angélica Tanus Alvim, pelo apoio com relação á documentação, durante meu estágio em Lisboa, Portugal. Não posso esquecer do meu amigo e ex-chefe na empresa Abyara Incorporadora, Arq. Ricardo Rosa Martins que me mostrou a realidade do mercado imobiliário. Por fim aos que não consegui mencionar os nomes mas que fizeram parte desta minha jornada de quatro anos. São pessoas que estão no meu coração e agora fazem parte da minha história. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 4 Resumo A qualidade ambiental de empreendimentos turísticos tem dependido diretamente de uma iniciativa das empresas privadas. As decisões relacionadas com a densidade populacional, tamanho de lotes e espaços reservados a equipamentos públicos podem influenciar na qualidade do ambiente. Quando se opta pelo máximo adensamento através da diminuição dos lotes e da quantidade de equipamentos públicos, corre-se o risco de não somente comprometer a qualidade do ambiente em si como também o espaço enquanto destino turístico. O presente trabalho analisa dois empreendimentos que, apesar das diferenças morfológicas e culturais, por se situarem em países diferentes, seus promotores adotaram medidas que favoreceram a preservação da qualidade ambiental ao longo dos trinta anos de existência. Palavras-Chave: Turismo, empreendimento, ambiente, plano urbano. Abstract The environmental quality of tourist projects has depended directly from an initiative of private companies. Decisions related to population density, size of lots and spaces reserved for public facilities can influence the quality of the environment. When opting for maximum density by decreasing the amount of lots and public facilities, one runs the risk of not only compromise the quality of the environment itself, but also the space as a tourist destination. This paper studies two developments that despite the morphological and cultural differences, are situated in a different country, its promoters have adopted measures that favoured perserv environmental quality over the thirty years of existence Key-word: Tourism, development, environment, urban planning Resumen La calidad ambiental de las empresas turísticas há dependido directamente a una iniciativa de las empresas privadas. Las decisiones relativas a la densidad depoblación, el tamaño de los lotes y los espacios reservados a equipamientos públicos pueden influir en la calidad del medio ambiente. Cuando se opta por la máxima densidad mediante la reducción de los lotes y las instalaciones públicas, se corre elriesgo de que no sólo comprometen la calidad del próprio medio ambiente sino también al espacio como destino turístico. Este trabajo estudia dos hechos que a pesar de las diferencias morfológicas y los factores culturales se en países diferentes, sus promotores han adoptado medidas que favorecen la calidad del medio ambiente perservação en los treinta años de existência. Key-Words: turismo; desarrollo; médio ambiente; planificación urbana. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 5 SUMÁRIO Introdução Objetivo do trabalho. Hipótese Objeto Metodologia 1. Aspectos conceptuais do crescimento do espaço humanizado. 1.1. O espaço humanizado em Portugal. 1.2. O espaço humanizado no Brasil 1.3. O espaço humanizado da praia em Portugal. 1.4. O espaço humanizado da praia no Brasil 2. O espaço sustentável [conceito - teoria]. 3. O espaço para o turismo e os planos territoriais em Portugal. 4. O espaço para o turismo e os planos territoriais no Brasil 5. Características específicas dos investimentos turísticos em Portugal. 5.1. O caso de Vilamoura, Loulé, Algarve – Flexibilidade, evolução, tendências chaves para a sustentabilidade. 6. Características específicas dos investimentos turísticos no Brasil 6.1. O caso de Riviera de São Lourenço, Bertioga, São Paulo – Flexibilidade, evolução, tendências chaves para a sustentabilidade. 7. Conceitos e paradigmas para os planos e o planejamento do território e sua aplicação nos empreendimentos turísticos. 8. Enquadramento geral da prática do urbanismo em Portugal. 8.1. Parametros Urbanisticos utilizados em Vilamoura. 8.1.1. Ante-plano de Urbanização de 1966. 8.1.2. Plano de Urbanização de 1989. 8.1.3. Plano de Urbanização de 1993. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 6 9. Enquadramento Geral da prática do Urbanismo no Brasil 9.1. Parametros Urbanisticos utilizados em Riviera de São Lourenço. 10. O conceito do Traçado das “News Towns” Inglesa no Empreendimento turístico e sua Influência nos Parâmetros Urbanos Utilizados. 10.1. Vilamoura, Algarve, Portugal. 10.1.1. Evolução do Processo de Planejamento da Área. 10.1.2. Condições Físicas da Área. 10.1.3. Infra-estrutura Urbana com Sistema de Renovação dos Recursos Naturais Utilizados. 10.1.4. Quantidade de Equipamentos Coletivos. 10.1.5. Arquitetura Residencial com Sistemas de Renovação dos Recursos Naturais Utilizados. 10.1.6. Arquitetura com Características Locais. 10.1.7. Densidade da População. 10.1.8. Rede Viária Existente no Entorno da Área e no Terreno. 10.2. Riviera de São Lourenço,Bertioga, São Paulo, Brasil. 10.2.1. Evolução do Processo de Planejamento da Área. 10.2.2. Condições Físicas da Área. 10.2.3. Infra-estrutura urbana com Sistema de Renovação dos Recursos Naturais Utilizados. 10.2.4. Arquitetura com Características Locais. 10.2.5. Densidade da População. 10.2.6. Rede Viária Existente no Entorno da Área e no Terreno. 11. Desenho Urbano: Parâmetros e Indicadores Ambientais 12. Análise dos Resultados Aplicando o LEED Desenvolvimento de Bairros. 12.1. Empreendimento de Riviera de São Lourenço, Bertioga, São Paulo 12.1.1. Localização Inteligente. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 7 12.1.2. Conservação e Gestão de Zonas Úmidas, Corpos d´agua e de inundação. 12.1.3. Espécies em Risco e Comunidades Ecológicas Afetadas. 12.1.4. Afastamento da Cota de Inundação. 12.1.5. Conservação de Terras Agricultáveis. 12.2. Empreendimento de Vilamoura, Algarve, Portugal. 12.2.1. Localização Inteligente. 12.2.2. Conservação e Gestão de Zonas Úmidas, Corpos d ´agua e Áreas Inundáveis. 12.2.3. Espécies em Risco e Comunidades Ecológicas Afetadas. 12.2.4. Afastamento da Cota de Inundação. 12.2.5. Conservação de Terras Agricultáveis. 13. Conclusão. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 8 Introdução A criação de um aglomerado urbano gera responsabilidades administrativas e públicas. Um empreendimento turístico não é por si só um aglomerado urbano ou uma cidade, mas com o tempo pode se transformar num espaço de cidade criando as responsabilidades de um novo núcleo urbano. Um empreendimento turístico aparece como uma simples oferta turística e depois se abre a uma versatilidade de usos se transformando num germe de novos aglomerados urbanos. Quando esse processo ocorre, a qualidade ambiental e paisagística oferecida inicialmente pode estar ameaçada por se aproximar das mesmas características e problemas urbanos de uma cidade qualquer. Objetivo do trabalho Identificar nos empreendimentos turísticos a preocupação com a qualidade ambiental que inicialmente é uma questão de conquista de mercado, mas que acaba por oferecer um projeto adequado ao ambiente. A escolha da localização de um empreendimento turístico é baseada nas condições ambientais de uma região. Mas por ser um destino turístico é preciso haver um controle deste crescimento, um limite de capacidade para não colocar em risco a qualidade ambiental inicialmente existente. Hipótese A ausência de integração entre o desenvolvimento turístico e o planejamento urbano das cidades visando a qualidade ambiental do lugar provoca a tomada de decisão exclusivamente por parte da iniciativa privada, que passa a fazer a gestão avulsa e independente no desenvolvimento de seus empreendimentos turísticos. Estes, por sua vez passam a ocupar grandes áreas locais geradoras de rendas municipais, indispensáveis para a economia local e a gestão municipal, mas também passam a interferir na qualidade ambiental do lugar. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 9 Objeto Como objeto de estudo serão analisados dois empreendimentos turísticos. Vilamoura, no Algarve, Portugal e Riviera de São Lourenço, em Bertioga, São Paulo, Brasil. Trata-se de identificar nos empreendimentos turísticos a preocupação com a qualidade ambiental que inicialmente é uma questão de conquista de mercado, mas que acaba por oferecer um projeto adequado ao ambiente. Metodologia A análise deste empreendimento tem por base os indicadores de qualidade ambiental existentes do LEED – Leadership and Energy Design, na categoria de certificação de bairro. Isto porque esses empreendimentos se assemelham a bairros no meio urbano. Também porque nesta categoria do LEED existe cinco principais requisitos quanto à escolha do local mais adequado e suas interligações com o entorno (Smart Location and Linkage), o que é constatado através da análise do seu traçado urbano, entrevistas com profissionais e técnicos da área. Na primeira etapa procura-se analisar o espaço em que se situam os dois empreendimentos quanto ao processo de ocupação humana e sua influência na formação das cidades e dos principais polos turísticos. Depois, uma breve análise de como se desenvolveram os planos turísticos e suas relações com as políticas públicas desenvolvidas nas duas regiões, Brasil e Portugal. Para tanto, precisa-se responder às seguintes questões: como se formou o espaço humanizado em Portugal e no Brasil e como esta formação influenciou o espaço da praia? Quais são as políticas e os planos estratégicos voltados para o turismo que deram apoio às decisões públicas e privadas para o desenvolvimento do setor? Na segunda etapa busca-se compreender a forma como os dois empreendimentos turísticos foram criados e o contexto do desenvolvimento das infraestruturas urbanas regionais. A implantação de grandes projetos turísticos em certas áreas da cidade pode desempenhar relevante papel na determinação do vetor de expansão urbana, atraindo capital do setor da construção civil e do setor imobiliário (FONSECA, 2003). Um plano de urbanização pode agir como um guia de direcionamento na formação de novas áreas urbanas, mas também, as políticas públicas, quanto á oferta de mais infraestruturas como rodovias, ferrovias; também as leis ambientais de preservação podem funcionar como um estimulador de novos polos O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 10 turístico ou como um freio do seu desenvolvimento em troca da preservação de áreas de importância ambiental. A terceira etapa passa a avaliar os dois empreendimentos turísticos e suas iniciativas para a preservação da qualidade ambiental do lugar através da escolha do local e do seu traçado urbano. A abundância de terrenos no Brasil tem sido um cenário muito atrativo para investimentos em projetos de grande dimensão. A ação de preservar áreas de mata nativa através de políticas como o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação tem sido uma tentativa de proteger o que resta de áreas nativas no Brasil1. Sempre que o turismo se apoia no aproveitamento das belezas paisagísticas dos recursos ambientais, os agentes produtores desta atividade estão numa posição de decisão entre promover espaços sem nenhum trabalho de gestão ambiental ou o desenvolver projetos em que a gestão ambiental seja à base de sua promoção turística. As empresas detentoras do mercado turístico podem se tornar parceiras do poder público na preservação destas áreas, seguindo políticas específicas para a prática do turismo consciente. Portanto, nesta fase da pesquisa procura-se avaliar nos dois estudos de caso de empreendimento turísticos2, quais foram as iniciativas dos promotores, referentes à preservação da qualidade ambiental do espaço urbano. 1 A favela da Rocinha, no Rio de Janeiro é um exemplo disso, pois se localiza dentro do parque da Floresta da Tijuca (MAGRO 2009). 2 Há no mercado imobiliário o surgimento de empresas dedicadas à promoção de empreendimentos de uso misto, que consistem na implantação de hotéis, resorts turísticos, segunda residência e residência permanente dentro de um único complexo com infraestrutura de lazer de luxo. Dentro destas áreas há a promoção de três produtos. O produto “piscina, sol e praia” que esta diretamente dependente das condições climáticas; o produto “golfe” que presta suporte econômico na fase de baixa temporada; e o produto “ecoturismo”, que consiste na pratica sustentável do lazer em áreas naturais. 0 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 11 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 12 1. Aspectos conceptuais do crescimento do espaço humanizado. Esta parte do trabalho pretende conceituar os motivos que levaram a população humana a ocupar os espaços naturais e alterá-los para adaptá-los as suas necessidades, até chegar ao ponto em que a humanidade passa a ser capaz de interferir nos ciclos naturais do planeta, embora sem conhecer inteiramente quais e como alterar suas consequências, nomeadamente face às suas atividades e como avaliá-las. Normalmente pouco se pode fazer, a não ser apoiar-se no princípio da precaução. O ponto principal desta pesquisa é mostrar que a característica do ambiente é um fator definidor quanto ao uso e, como consequência, à forma como uma nação irá se desenvolver, pelo que interessa saber como gerir as políticas ambientais. Segundo Colin McEvely, (2007) o aumento da população estava ligado a forma de ocupação do espaço, e o modo de produção agrícola estava associado às características do clima. “A produtividade agrícola era determinada pelo clima e pelo conhecimento técnico: num país quente, eram as técnicas de irrigação as responsáveis por grande parte da produtividade. Assim, no século XV, entre as densidades populacionais mais altas encontravam-se países como o Egito. A agricultura dos países temperados favorecia densidades na casa das dezenas, e o pastoreio – modo de vida característico da estepe asiática – densidades de algumas unidades” (Colin MCEVELY, 2007), Pag. 12. Vale à pena notar que, nos atuais espaços urbanos, as densidades atingem valores de alguns milhares por km2. Portanto, quando a riqueza estava baseada na agricultura a maior quantidade de pessoas estava no campo. “Nos séculos anteriores ao XIX, entretanto, a indústria e as cidades tinham importância demográfica marginal. As variações na densidade populacional eram motivadas pela produtividade agrícola”, (COLIN MCEVELY, 2007), pag. 12. “As principais zonas agrícolas, portanto pode ser considerado como a faixa cobrindo a Europa continental (e a costa sul do Mediterrâneo), o Oriente Próximo (numericamente inferior e sem continuidade) e a Índia; uma área isolada do Extremo Oriente centrada na China, mas incluindo o Japão (com cerca de 15 milhões de habitantes), a Coréia (3 milhões) e o Vietnã (3 milhões). Havia agricultores no resto do Sudeste Asiático, nas Filipinas e na Indonésia, mas apesar da tecnologia da época essa zona tinha uma população reduzida. A outra única área agrícola O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 13 significativa era a África, ao sul do Saara” (COLIN MCEVELY, 2007), p. 12. Depois quando os recursos naturais de um espaço ocupado são escassos, a riqueza passa a se basear na busca de matéria prima como especiarias, ouro e prata, então as pessoas se dispersavam para conquistar terras e colonizar outras civilizações criando novos pontos de concentrações humanas. Este foi o momento em que o velho mundo descobriu o novo mundo, uma fase marcada pelas viagens de Colombo e o tráfico de escravos. Em 1487, Bartolomeu Dias contorna a África para mapear a viagem à Índia e dobra o cabo da Boa Esperança; em 1492, Colombo viaja para as Canárias e Cuba; depois em 1493, Colombo viaja para Canárias, Jamaica e Cuba. Em 1497, Vasco da Gama parte de Lisboa e chega á Índia em 1498 e em 1500, Pedro Álvares Cabral viaja até a América ao sul do Equador e reconhece o local iniciando a ocupação de seu litoral. Mapa 01: As viagens de Descobrimento Fonte: McEvedy, Colin. Atlas de história moderna (até 1815) – São Paulo: Companhia das Letras. O mundo de 1600 foi marcado pela descoberta e entrada no continente americano, a pirataria, o tráfico de especiarias (Companhia das Índias), o comércio de escravos, a O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 14 plantação da cana-de-açúcar no Brasil e a constante reformulação das unidades políticas na Europa. Esta foi a fase de se buscar novos recursos naturais, como a descoberta de minas de prata e ouro tanto no Peru como no México; uma fase de descobertas de novas rotas para a busca de matéria prima e mercadoria como aconteceu com o império marítimo português que sustentava-se com o fornecimento de escravos para o novo mundo e o transporte de produtos orientais para a Europa; sustentava-se também com a exploração do Atlântico Norte e do Mundo Novo por exploradores Ingleses e holandeses e a exploração da rota direta do Atlântico para o Pacífico por Fernão de Magalhães (Estreito de Magalhães) até as Ilhas das Especiarias. Segundo Jared Diamond (1997), o motivo pelo qual foram os europeus que colonizaram “o mundo” e não os povos das Américas está associado ao ambiente. Pode-se dizer que o ambiente foi o principal fator: “a Europa esta situada numa região com um número extenso de animais que podiam ser domesticados ajudando a fixar a população num local, gerando uma explosão demográfica3 e o uso de ferramentas de metal. Com essas ferramentas vieram os reis, os impérios e seus exércitos. O desempenho dos povos com seus exércitos e utensílios de ferro foi capaz de derrotar os nativos”, entrevista do autor para a revista “Superinteressante”, Ed. Abril, São Paulo, ano 20024. Depois, na Europa Central, quando a riqueza estava baseada na indústria e nas atividades comerciais, as pessoas se concentravam nas cidades e o ambiente natural passa a estar distante do homem. Um processo que começou lentamente no século XVI: “Ao fim do século XVI, apenas 2,5% dos europeus ocidentais viviam em cidades. Essa baixa proporção reflete a natureza predominantemente rural da sociedade préindustrial” (COLIN MCEVELY, 2007), pag. 14. Mas conforme aumentavam a pratica da atividade comercial em áreas como os Países Baixos e o norte da Itália crescia o número de pessoas a viver nas cidades. No mundo de 1600 a 1700, a religião cristã influenciava na forma de pensar e de viver impedindo que o ambiente fosse visto de forma lógica e científica. Na medida em que a religião diminui a sua influência sobre a população, a liberdade do pensamento científico passa a ser um fator de mobilidade do espaço e de ocupação de novas áreas: “... a influência das crenças religiosas sobre o comportamento social foi 3 A explosão demográfica pode de fato, associar-se ao progresso científico e tecnológico, que depois deu a supremacia dos europeus, aliás, com muito mais tempo de fixação e com uma religião (cristã) que libertou muitos povos de uma opressão e submissão, muito forte, que procurou gerar mais solidariedade e oportunidade (veja-se a Índia ou os Astecas). 4 http://super.abril.com.br/superarquivo/2002/conteudo_120027.shtml O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 15 diminuindo a cada geração. Á medida que a pressão da igreja afrouxou, os homens da ciência fizeram sua aparição” (COLIN MCEVELY, 2007). Ou talvez o crescimento de atividades científicas tenha influenciado no seu afrouxamento. O espaço humanizado aumenta no mundo de entre 1700 a 1800: “Entre 1648 e 1815, a população mundial passou de aproximadamente 525 milhões para cerca de 900 milhões” (COLIN MCEVELY, 2007). A colonização das novas terras foi um dos fatores envolvidos neste rápido crescimento. O aumento da população da América do Norte também está associado ao modo de humanização do espaço: “A imigração de hábeis agricultores e sua livre multiplicação natural fizeram a população dobrar a cada quarto de século. De 250 mil, em 1700, a população branca da América do Norte atingiu quatro milhões, em 1800, e alcançou sete milhões em 1815”, (COLIN MCEVELY, 2007). Nas demais regiões do mundo, em 1800, o crescimento populacional foi limitado por falta de espaço como ocorreu com os japoneses que conseguiram um aumento de 50%; e por falta de desenvolvimento tecnológico, como ocorreu com a Índia que também ficou na casa dos 50%. Na África ocorreu uma remoção de pessoas pelos traficantes de escravos que pode ser estimado em 10 milhões (COLIN MCVELY, 2007). As cidades cresceram rapidamente no século XVIII devido ao desenvolvimento da indústria do ferro, a expansão do setor têxtil e à indústria algodoeira. Londres passou a marca de milhão de pessoas. O crescimento populacional da Inglaterra e da Escócia é reflexo de seu crescimento industrial. A Grã-Bretanha ainda era uma sociedade agrícola comercial, porém necessitava de ferro para utilização agrícola e o carvão para o uso predominantemente familiar. Portanto importava o ferro sueco e russo e pagava com a venda de lã e de trigo e também com a reexportação de produtos do Oriente e da Américas (algodão da Índia, chá da China, açúcar do Caribe e Tabaco da América do Norte). Mas o ritmo de desenvolvimento da Grã-Bretanha nos anos de 1800 aumenta e a produção de ferro que era de 30 mil toneladas em 1760 vai para 125 mil, e assim as importações, que antes equivaliam à produção total nacional, caíram para zero. Com isso, em 1815 a produção britânica de ferro havia chegado a 1 milhão de toneladas por ano, mais do que todo o resto da Europa (COLIN MCEVELY, 2007). No setor têxtil, a sua expansão se deve ao fato do uso da máquina em troca da mão de obra humana. O espaço de produção humana passa a ser substituído pela máquina, o que influencia no aumento de exploração dos recursos naturais: “Com a O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 16 introdução da máquina de costura de oito fusos, por Hargreaves, em 1767, a produtividade do trabalhador individual imediatamente se multiplicou por oito. Em 1790, havia oitenta máquinas de costura de oito fusos sendo utilizada, sua qualidade havia aumentado muito mais do que se podia esperar e seu custo baixara para um décimo do da máquina manual equivalente”, (COLIN MCEVELY, 2007). p. 18. O uso da máquina aumentou a produção agrícola e foi aos poucos substituindo o trabalho humano. Os recursos da terra são utilizados até a sua escassez e torna-se necessário a busca de mais terras: “A indústria algodoeira britânica obtinha inicialmente matériaprima das plantações das índias Ocidentais, mas quando estas (e outras fontes, como o Brasil e a Índia) não foram capazes de aumentar a produção, os comerciantes britânicos se voltaram para os Estados Unidos”, (COLIN MCEVELY, 2007). p. 20. O espaço humanizado passou a ser utilizado não mais em benefício dos que residem no local, mas em benefício de um processo industrial realizado numa terra e usufruída por outros, pois para atender o mercado britânico os proprietários de terras dos EUA substituíram a cultura do tabaco pela do Algodão. O próximo passo ocorreu com a ampliação dos meios de transporte para que toda essa produção circulasse de forma mais rápida e agora num contexto cada vez mais global: “O apelo das máquinas em si é mais sedutor. Watt5 não apenas aperfeiçoou incrivelmente a locomotiva a vapor de Newcomen,6 utilizada durante muito tempo para bombear a água das minas e fundições, como também a tornou rotativa (1785). Vendeu esse modelo para alguns dos maiores empreendedores proprietários de fábricas. Ao mesmo tempo, os proprietários das minas estavam aumentando a velocidade do manejo das cargas, estendendo trilhos para que as carroças movidas à tração animal deslizassem melhor”, (Colin MCVELY, 2007). p 23. A evolução nos meios de transporte, dos meios de comunicação e a disponibilidade para o tempo livre contribuíram para transformar um viajante comum em turista. 1.1 O espaço humanizado em Portugal. Portugal é uma das mais antigas nações da Europa, mas antes sofreu inúmeras invasões e abrigou vários povos ao longo dos século. Estes povos ajudaram a formar 5 James Watt, matemático e engenheiro, escocês, nascido em 1736 que introduziu melhorias no motor a vapor. 6 Thomas Newcomen criou a primeira máquina movida á vapor para drenar a água das minas de carvão, na cidade de Staffordshire, na Grã-Bretanha. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 17 a cultura e a história do país bem como as características do espaço físico de Portugal também contribuiram para a diversidade regional entre o Norte e o Sul. “No norte predominam as características atlânticas, as terras são em geral, altas e montanhosas cortadas por vales profundos, os cursos de água abundantes e a vegetação espontanea é maioritariamente de folha caduca; no sul, integrado já no mundo mediterrâneo, os campos são abertos e planos, o Verão é seco e prolongado, as árvores de folha perene impõem-se na paisagem”, (Moura, 2006). Mapa 02: Relevo e rios de Portugal. Fonte: www.historiadeportugal.com.pt A presença humana no território de Portugal tem inicio no paleolítico desde há 40.000 anos e o mesolítico, e é possível encontrar vestígios de túmulos funerários colectivos destes povos em Palmela, Cascais e Alapraia, próximo de Estoril. Segundo Moura, (2006) no sul do país, no Alentejo se encontram os “dólmens” com câmaras de planta poligonal e longos corredores de acesso, da fase chamada de Neolítio médio (IV milénio a. C.). Outra presença marcante no território foi a do povo celta. As invasões destes povos datam de V e IV a.C e a região que possui mais vestígios deste povo está situado no monte de São Romão, na freguesia de Salvador de Briteiros, no concelho de Guimarães. Depois os romanos ocupam o territorio e dominam entre I ao V século d. C, deixando muitas marcas na paisagem de Portugal, como o arqueduto em Elvas e o templo romano em Évora. A cidade de Conimbriga também é um exemplo de ocupação romana. Um povoado pré-romano de finais do II Milénios a.C que conservou muitos vestígios do seu urbanismo primitivo. Depois, a ocupação O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 18 mourisca que durou desde VIII a meados do século XII, e que introduziu o azulejo utilizado para a decoração de interiores ou exteriores e deixou muitas características de seu estilo arquitetônico e dos traçados urbanísticos nas cidades de colinas, como eram conhecidas as cidades portuguesas. Portanto foi o territorio ocupado pelos romanos até o século V, quando se verificaram as invasões dos Barbaros e no século VIII entre o islão, trazido por árabes e berberes (em 711 já instalado em Lisboa com a sua fortificação). Mapa 03: Ocupação da Peninsula Ibérica Fonte: Elaborado por Manuel Leal da Costa Lobo. Portugal como nação inicia-se ao ano de a 1140, altura em que, após nove anos de revolta contra o Rei de Leão e Castela, Dom Afonso Henrique se auto-proclama o soberano das cidades portuguesas. No seu reinado, muitos castelos e fortalezes foram construídos de forma a proteger as terras conquistadas. Guimarães, Tomar, Leiria e Silves são alguns dos castelos desta época que hoje são cidades históricas visitados por turistas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 19 Mapa 04: Formação de Portugal, onde se mostra que o Condado Portucalense já se situava para o sul, no Condado de Coimbra. Fonte: www.historiadeportugal.com.pt Mapa 05: Territorio de Portugal, já depois da conquista de Lisboa. Fonte: http://asnovidades.com.br/portugal/ Dom Sancho I e os seus sucessores, continuaram a expandir o território, e em 1297, no reinado de D. Dinis já estavam definidas as fronteiras actuais do país. Mais tarde as consquistas de bases para a navegação, comércio se estenderiam para Índia, Brasil, Africa e Extremo Oriente (Timor, Macau, Goa), com o contributo de navegadores como Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Fernão de Magalhães (este ao serviço da Espanha). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 20 Quanto ao espaço ocupado pelo reino de Portugal, cada rei realizou algum feito e expandiu o reino. D. Dinis, por exemplo, plantou pinhais, vinhas, pomares na região de Leiria para impedir que as areias invadissem os campos dos agricultores. Também desenvolveu as Feiras Francas, que são feiras onde os comerciantes vendiam os seus produtos sem o pagamento de impostos ao rei. Por outro lado protegeu a cultura e fundou a Universidade de Coimbra. Os filhos de D. João I, D. Duarte impulsionou as viagens marítimas e D. Pedro promoveu a ciência, o comércio, as artes e as relações com os outros países. D. Henrique, que ficou conhecido como o navegador iniciou os descobrimentos com a conquista de Ceuta em 1415. D. João II que contratou navegadores para descobrir o caminho marítimo para a Índia acabou descobrindo novas terras ao longo da costa da África. D. Manuel I enviou uma armada que chegou a Índia em 1498. Depois, em 1500, organizou outra viajem e convidou o fidalgo e navegador Pedro Alvares Cabral rumo á Índia mas este acabou por chegar a terras de Vera Cruz, o Brasil, (MATTOSO, 2000). Mapa 06: Formação final do território de Portugal. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Portugal_Imp%C3%A9rio_total.png Em 22 de janeiro de 1808, após 54 dias de mar e 6.400 km percorridos o rei de Portugal, D. João, protegido durante a viagem pela Inglaterra, desembarca na Bahia.com o objetivo de fugir da situação de frágil em que se encontrava Portugal. A decisão veio do relatório escrito por D.Rodrigo de Souza Coutinho, chefe do Tesouro Real sobre a situação política da Europa. Ele avalia a situação de Portugal com relação a guerra entre França e Inglaterra e deixa claro que seria impossível manter a neutralidade por muito tempo. Então a solução foi estabelecer o império no Brasil (GOMES, 2007). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 21 O penúltimo rei foi D. Carlos I foi quem subiu ao trono em 1889, quando Portugal atravessava uma grande crise económica, assim como todos os países da Europa. Então em 1890, durante o seu reinado, a Inglaterra exigiu que Portugal retirasse as suas forças militares que se encontravam nos territórios situados entre Angola e Moçambique. Portugal cedeu á pressão. Este cenário de crise económica, mais o descontentamento da população pela humilhação de ter cedido ao ultimato do governo inglês impulsionou os republicanos a provocar o fim da monarquia (MATTOSO, 2000). Em 1910 é instalada a primeira República no Brasil e como resultado da crise financeira que varreu a Europa, após a I Guerra Mundial e da instável política interna, em 1926, um golpe militar pôs fim ao regime parlamentar (I República). Em 1933, o regime então em vigor deu origem ao Estado Novo, que governou o país até 1974, (AICEP Portugal Global7). Em 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas derrubou o regime político que vigorava em Portugal instaurando o regime democrático. Com a democracia veio o desenvolvimento económico e social, mas ao mesmo tempo a perda das colónias. Fechado o ciclo do Império, Portugal aderiu á comunidade Europeia em 1986, mas sem deixar de manter uma ligação estreita com os países de língua portuguesa. 1.2 O espaço humanizado no Brasil. O Brasil possui em cada região características ambientais muito distintas. A Caatinga, na região do sertão nordestino, com sua vegetação de arbustos secos e com galhos retorcidos, o Cerrado no estado do Mato Grosso com um bioma exclusivamente brasileiro, suas plantas esbranquiçadas, secas e de raízes longas; a Floresta Amazônica, rica em biodiversidade, com grandes árvores e com um clima quente e úmido. As primeiras divisões regionais propostas para o país eram baseadas nos aspectos físicos, ou seja, ligados à natureza. Assim, o conjunto de ecossistemas brasileiros produziu uma ocupação humana diferente em cada região. Segundo a arqueóloga Adriana Schmidt (1995) os primeiros povos a ocuparem o território brasileiro viviam como nômades. Segundo a arqueologa estes eram grupos constituídos de 5 a 10 famílias que “retiravam da região tudo o que podiam: vegetais, peixes e animais. Assim que esgotavam esses recursos e que os acampamentos apresentavam problemas sanitários, como o aparecimento de insetos em grandes quantidades, iam embora” (DIAS, 1995). 7 http://www.portugalglobal.pt/PT/Paginas/Home.aspx O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 22 O território brasileiro, segundo estimativas indicam uma população entre 3 e 6 milhões de habitantes quando portugueses chegaram na costa brasileira. Avalia-se que essa população estava constituída por cerca de 1 500 grupos étnicos distintos. Tribo Indígena dos Cariris, que ocupavam o sertão nordestino brasileiro, antes mesmos da chegada dos colonizadores Europeus. Fonte: http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/confederacao-dos-cariris/, visitado em 27/02/13. Portanto, o território brasileiro já estava ocupado por inúmeros povos que se adaptaram as características ambientais de cada região. Segundo GOMES (2010). Por exemplo, no Estado de Mato Grosso, por exemplo, numa região em que o bioma é o cerrado, os guaicurus eram índios de uma tribo guerreira que se utilizavam de cavalos para as caçadas e ataques. Os tapajós que habitavam nas proximidades do rio que leva o seu nome, no estado do Amazonas já encontraram outra forma de caçar por viverem dentro de uma densa floresta. No litoral brasileiro, formou-se uma civilização que viveu ha 6 mil anos atrás e que ocupando o estado do Espírito Santo até Rio Grande do Sul criando edificações para sepultar seus mortos, chamados de sambaquis. “São pilhas de sedimentos, principalmente conchas e ossos de animais, cuidadosamente empilhados e que chegavam a ter 40 metros de altura e mais de 500 metros de comprimento”. Os sambaquis eram o centro da vida social porque ali, eles sepultavam os seus mortos, construíam suas casas e faziam os seus rituais. “Era uma civilização com estabilidade territorial e populacional. Um conjunto de sambaquis podia reunir até 3 ou 4 mil habitantes”. (DIAS, 1995) Abaixo seguem imagens dos biomas brasileirose os diferentes povos que ocupavam cada região criando uma forma de sobreviver de acordo com as características físicas do lugar. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 23 Mapa 07: Biomas Brasileiros. Fonte: montado por Adriana Silva Barbosa, em 19/11/12, a partir de http://www.biomasdobrasil.com A captura dos indígenas para trabalharem como escravos para os colonizadores foi uma atividade que contribuiu para a ocupação do interior do território brasileiro, região chamada de sertão pelos conquistadores. Segundo FIGUEIREDO (2011), os bandeirantes, assim denominados, “por onde passavam, plantavam roças, que viraram pousos que se transformavam em povoados, que evoluíram para vilas e finalmente cidades. P 93. Muitas cidades brasileiras também se formavam em função da exploração do ouro. “Em meados do século XVIII, Minas Gerais reunia o que havia de melhor na colônia. Com apenas 50 anos de ocupação pelo homem branco, a capitania batia com folga a Bahia (250 anos), São Paulo (220 anos) e o Rio de Janeiro (190 anos) ” (FIGUEIREDO, 2011). p 95. Cidades como Mariana, Vila do Principe, São João Del Rei, Sabará e Vila Rica se transformaram em estruturadas urbes. Vila Rica em meio século de existência chegou a ter uma população branca com cerca de 30 mil pessoas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 24 Mapas 08: Biomas Brasileiros e os seus diferentes povos indígenas. Fonte: montado por Adriana Silva Barbosa, em 19/11/12. A partir de: http://www.biomasdobrasil.com. Outra população a ocuparem o território brasileiro foi proveniente da Africa, que vieram para substituir os indígenas como escravos. Os indígenas por estarem no seu próprio habitat e conhecerem muito bem as trilhas fugiam do cativeiro com facilidade e portanto não foram totalmente domados. Então era preciso importar uma outra mãode-obra escrava (FIGUEIREDO, 2011). Imagem 02: Sociedade Brasileira, estrutura patriarcal brasileira. Fonte: Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa. Universidade de São Paulo. Image 02: Calceteiros, 1824, aquarela sobre papel, c.i.e. 17,1 x 21,1 cm, Museus Castro Maya - IPHAN/MinC - Rio de Janeiro, RJ. Fonte: http://www.educacional.com.br/reportagens/missoes/francesa.asp Portanto, a influência da ocupação do território brasileiro pelos índigenas, pelos europeus e pelos povos africanos criou um espaço urbano que não representavam a cultura e os costumes dos primeiros povos a se instalaram no Brasil, mas que O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 25 continuam fazendo parte da imagem exótica e selvagem que os turistas estrangeiros se apropriaram sobre o que é o Brasil. Uma terra de cenários exóticos, tropicais e habitados por índios selvagens. Já no Brasil na fase de transição entre o império e a República, o espaço humanizado eram composto por, na sua maioria por negros: Segundo Gomes (2010). “Em 1822, o Brasil tinha cerca de 4,5 milhões de habitantes, divididos em 800.000 índios, um milhão de brancos, 1,2 milhão de escravos e 1,5 milhão de escravos e 1,5 milhão de mulatos, pardos, caboclos e mestiços”, (GOMES, 2010). A formação do Brasil como nação independente de Portugal ocorre num momento, em que a maior parte da população era composta por negros, mulatos analfabetos. Segundo Gomes, (2010, p 55) “Quem observasse o Brasil nessa época teria razões de sobra para duvidar de sua vulnerabilidade como país. Às vésperas do Grito do Ipiranga, o Brasil tinha tudo para dar errado. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente de tudo”, pag.55. Imagem 03: Aclamação do S. M. Dom Pedro I como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Imagem 04: Aclamação do povo no Paço Imperial no Rio de Janeiro Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/01/Jean-Baptiste_Debret__Vista_do_Largo_do_Pal%C3%A1cio_no_dia_da_aclama%C3%A7%C3%A3o_de_D._Jo%C3 %A3o_VI.JPG Todas estas misturas entre os povos africanos, indígenas e europeus com as características de cada lugar geraram a formação de atrativos turísticos muito distintos entre si. Um Brasil diferente em cada estado e em cada cidade. Os destinos turísticos hoje são fruto deste processo de humanização do território brasileiro. Pelo mapa abaixo a quantidade dos principais destinos turísticos por região estão entre 09 a 12. destinos Indutores, conforme levantamento do Ministério do turismo, dando um total de 54 destinos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 26 Mapa 09: Roteiros induzidos. Fonte: http://www.roteirosdobrasil.tur.br/ As primeiras cidades brasileiras foram fundadas junto ao mar, e isso tornou-se típico da colonização portuguesa na América: “Com características diferentes das que marcaram as cidades da América espanhola -que eram planejadas como um tabuleiro de xadrez, com ruas e quarteirões retos e uniformes -, as cidades brasileiras foram resultado da dinâmica do dia-a-dia, ou seja, de um crescimento desordenado” (SIQUEIRA, 2010). Atualmente, no Litoral Norte Paulista do Estado de São Paulo, essas cidades, se tornaram pontos de atração de turistas estimulando a construção de novas casas para férias. 1.3 O espaço humanizado da praia em Portugal. Neste capítulo procura-se entender como foi o processo de uso da praia pelas elites como isto influenciou no modo como os empreendimentos turísticos foram projectados. São projectos que atendem às necessidades de um público que, não só deseja aproveitar a sensação de “bem-estar” e o “contacto com a natureza”, mas também busca uma forma de distinção social durante a sua estadia. Segundo MACHADO, (1996 p.28), “A apropriação da natureza pelas elites culturais parece funcionar como um sinal simbólico-cultural que assume particular importância face ao processo de instabilidade que o capitalismo, na sua fase embrionária, O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 27 introduziu no sistema de estratificação social”, (pag 28). Nesta fase inicial do capitalismo na Europa, nas elites existe a necessidade de inventar estratégias de distinção simbólica face à burguesia em ascensão. “A construção dessas marcas de distinção social pode legitimar a sua entrada na corte ou inclusão na aristocracia” (MACHADO,1996.p.22) A aproximação das elites ao espaço da praia veio em decorrência do “fenômeno de transição da visão clássica da natureza para uma abordagem secularizada do mundo”. “Antes da segunda metade do século XVIII a visão dominante sobre o mar era marcada pela interpretação bíblica do oceano primordial, caótico, abissal, incompreensível e instrumento de punição” (MACHADO 1996, p. 35). Portanto, o olhar que o homem depositava sobre o mar era com base bíblica, que transmitia ao homem o poder da criação de Deus e sentimentos de impotência e incompreensão perante a imensidão do mar. A partir do momento em que a natureza deixa de ser socialmente representada como uma criação temerosa, a natureza marítima torna-se acessível podendo ser apropriada pelas elites para novas funções. A praia passa a ser utilizada para práticas sociais que se alicerçam no desejo de mostrar uma posição social dominante, reforçando a posição médica que recomendava ir a banhos. (MACHADO, 1996, p. 37). Aplicar ao contexto de Portugal, a relação que as elites portuguesas do século XIX estabeleceram com o espaço da praia constitui, desde o início, uma estratégia simbólico-cultural de demonstração de poder social. A autora Helena Cristina Ferreira Machado analisa várias histórias sobre a utilização da praia pelas elites europeias e uma destas histórias ocorre no início do século passado e descreve o ato de se tomar banhos de mar. “Os banhos de mar nos séculos idos, foram primeiro recomendados para a cura da hidrofobia, tendo até um cão favorito de Henrique IV de França, chamado Famor, sido enviado a Dieppe, a mais antiga praia balneária do país, entregue aos cuidados de um camarista, a fim de ser molhado no mar” (MACHADO, 1996, pag. 41). Outro motivo para os banhos de mar era para fortalecer a saúde, pois “o próprio Henrique III fora enviado à mesma praia de Dieppe, pelos seus médicos assistentes,... para se tratar de sarna”. Outra celebridade foi a Duquesa du Barry (ligada a Luis XV na França )“...e foi a própria e famosa duquesa du Barry quem solenemente inaugurou a praia de Dieppe, em 1824, ao meio dia preciso, enquanto se ouviam os repiques festivos de sinos e trovejavam salvas os canhões da época, entrou no mar, conduzida pelo inspetor medico real das águas, que lhe dava a mão. Esse funcionário trajava casaca preta e luvas brancas...”, (TURISMO DE PORTUGAL, 2010, p. 30). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 28 Imagem 05: Madame du Barry, pintura de Elisabeth-Louise Vigée – Le Brun (1755 – 1842), Óleo sobre Tela, 1782, Corcoran Gallery of Art, Washington, D.C. Fonte: http://trianondelareina.blogspot.com.br/2009/08/trabajos-de-vigee-lebrun.html, visitado em 27/02/13. Imagem 06: Praia de Biarritz Eugène Boudin (1824 - 1898). Beach Scene, 1862. Disponível em: http://www.nga.gov/press/exh/253/assets/253-010-lrg.jpg, visitado em 28/02/13 Em Portugal, a procura balnearia por motivações terapêuticas se dividiu com a procura pela vida social intensa das elites urbanas locais em algumas praias. Segundo o livro “Viajar, viajantes e turistas à descoberta de Portugal no Tempo da I Republica”, O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 29 publicado em comemoração aos 100 anos de República, eram poucas as praias portuguesas que ofereciam condições para a fruição de turistas, dos acessos ao alojamento e animação. A própria morfologia de muitos destes lugares eram desfavoráveis para a função turística e somente mais tarde se começa a revelar preocupações de planejamento e desenho urbano. Imagem 07: Praia Figueira da Foz – Esplanada – s/data. Fonte: http://www.forumcoimbra.com/forum A geografia dos lugares turísticos até a instauração da Republica é composta por um punhado de aglomerados e estâncias que revelam alguma dinâmica da procura turística nacional e de alguns estrangeiros. Lisboa, Funchal e Porto são as cidades que, pela dimensão, exercem maior influência nestes destinos turísticos: “Praias como a Foz do Douro, Granja, Figueira da Foz, Ericeira, Cascais, Estoril e Pedrouços têm uma gênese claramente associada à proximidade de grandes aglomerados urbanos e à vilegiatura das elites políticas e sociais que estes emanavam”, TURISMO DE PORTUGAL, 2010, pag. 78. Este fluxo de pessoas á região do litoral contribuiu na expansão da rede ferroviária: “A rede ferroviária nacional provia boa parte das deslocações dos portugueses para fins turísticos: das praias de banhos às estâncias hidrológicas, dos principais aglomerados urbanos às singularidades do patrimônio histórico, cabia à ferrovia a função de transportar os turistas para os lugares turísticos, com propósito específico ou em itinerância...”, p 78. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 30 Ao mesmo tempo em que se intensifica o uso da ferrovia, também aumenta o uso do transporte individual: “A densificação e a melhoria da rede viária passam, inclusive, a ser um objeto do desenvolvimento nacional, regional e mesmo local, com alguns lugares turísticos a reivindicarem pretensões a melhores acessibilidades rodoviárias, seja por intermédio de medidas avulsas, seja com enquadramento em planos de maior ambição”, p. 78. Pouco antes da Republica, o turismo em Portugal se concentrava em 17 lugares considerados relevantes para serem visitados e 19 praias referenciadas no “Manual do Viajante em Portugal”, de L. Mendonça e Costa recomendada pela Sociedade de Propaganda de Portugal. Os lugares turísticos eram descritos nos guias salientando o patrimônio histórico existente e as vantagens de se encontrarem próximos dos aglomerados urbanos. Neste período, Lisboa é, no primeiro quartel do século XX, um importante porto marítimo, “cais da Europa” para os turistas que, pelas rotas transatlânticas, demandam o continente europeu. Esta condição privilegiada é utilizada nos cartazes e propaganda da época onde o “slogan” era “Portugal – the shortest way between America and Europe”. (COSTA, 1907). Neste caso, a região litorânea era também vista como um lugar importante de circulação de turistas para outros destinos fora de Portugal. Assim o desenvolvimento de Lisboa8, Porto e Funchal eram sustentados pelo crescimento quantitativo da oferta hoteleira, pela afirmação no panorama internacional pelas facilidades de transporte. Em Lisboa aportavam grandes navios de cruzeiro rumo a Funchal, e no Porto, além da linha férrea que vinha de Lisboa, havia uma imensa atividade comercial de vinhos para a Europa (TURISMO DE PORTUGAL, 2010). 8 No dia 1 de Novembro de 1755, dia de Todos os Santos, ocorreu o grande terremoto de Lisboa, que deixou a capital em ruínas, e um violento maremoto fez com que as águas do rio Tejo avançassem até a área do Rossio. Então o Marquês de Pombal, o primeiro-ministro do rei D. José, reconstruiu Lisboa contratando técnicos para desenhar uma nova planta baixa da cidade chamada hoje de Baixa Pombalina. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 31 Imagem 08: Beira Alta – Figueira da Foz Fonte: Viajantes e turistas à descoberta de Portugal no tempo da Primeira República,TURISMO DE PORTUGAL, 2010. A I Republica é marcada pela fase de institucionalização do turismo. Em 1911 é instituída a Repartição do Turismo, mas uma década depois são estabelecidas e regulamentadas as estâncias hidrológicas e em 1923 é publicada no Diário do Governo, uma lista que identifica e classifica as estâncias conforme sejam de praia, climáticas, de altitude, de repouso, e de turismo. O turismo de praia é fortemente divulgado pela Sociedade de Propaganda de Portugal com a publicação “As nossas Praias: Indicações gerais para uso de banhistas e turistas”. Nesta publicação são salientadas as belezas naturais das praias portuguesas, a variedade de estações balneárias. Nesta publicação são mostrada 50 praias classificadas como estância de praias. Nesta fase o Algarve não era focalizado em nenhum centro urbano irradiador e, portanto não era apontado como um importante destino turístico (TURISMO DE PORTUGAL, 2010). Quarteira, freguesia onde se localiza o empreendimento de Vilamoura era até a década de 50 e 60 uma aldeia de pescadores, sua economia girava em torno do O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 32 sector da pesca. Mas segundo Relvas (2010), nesta época já se começa a notar um aumento da procura de outros tipos de ofertas na vila, os primeiros sinais da entrada do sector do turismo: “Havia entre os meses de julho a outubro uma razoável actividade turística (turismo balnear), com algumas actividades termais com os banhos na Fonte Santa e a população da vila não ultrapassava os 3.798 habitantes”, pag. 60 (RELVAS, 2010, p 60). Imagem 09: Fotos exposta na exposição “Praia de Quarteira: Um século de evolução turística”, organizada pelo Eng. Luís Guerreiro, na cidade de Quarteira. Fonte: http://hortense-morgado.blogs.sapo.pt/32720.htm, consultado em 26/02/13. Nos anos de 1940 e 1950, Quarteira se torna uma praia popular na região do Algarve: “….praias de dunas e canaviais, marcada pela identidade de seu povo, de hábitos e costumes de quem vive do mar e da agricultura. As suas casas de alvenaria, singelas e sem grande esplendor arquitectónico, mantinha as características tradicionais de sua população”, (RELVAS, 2010, p 60). Nesta época eram os pescadores que alugavam durante o verão, as suas casas aos banhistas e não havia registro de hotéis na região. No inverno a aldeia vivia essencialmente da pesca e da agricultura. A partir de 1965, começa a ser concretizado o empreendimento turístico de Vilamoura, uns dos maiores complexos turísticos da Europa e, ao mesmo tempo é inaugurado o aeroporto internacional de Faro. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 33 1.4 O espaço da praia no Brasil. O habito de se banhar no mar veio através dos hábitos de lazer e veraneio da corte portuguesa e imitar a corte fez com que os banhos de mar se tornassem um hábito de lazer pela população mais privilegiada. Segundo Pinho, 2012. “O hábito de banhar-se no mar foi trazido para o Brasil e provocou grandes transformações na vida e no cotidiano das pessoas. O banho de mar tornou-se uma tendência e uma necessidade, a princípio para se protegerem das doenças causadas pelas péssimas condições sanitárias em que se encontravam as primeiras aglomerações na colônia, e, mais tarde, uma modalidade de lazer e turismo”. http://www.ivanpinho.com.br/downloads/fundamentos_turismo/17417_F undamentos_do_Turismo_Aula_04_Vol_1.pdf O hábito de tomar banho de mar no século XIX começou com o rei de Portugal e do Brasil, Don. João VI e esta ação do rei acabou estimulando o uso do mar para curar doenças. Até então a praia não servia para lazer e diversão. “Com uma inflamação na perna, provocada pela picada de um carrapato, o rei começou a se banhar nas águas da Baía de Guanabara para fins medicinais”. http://clickeaprenda.uol.com.br/portal/mostrarConteudo.php?idPagina= 19479 A vinda da família Real e a corte para o Brasil também atraiu visitantes como artistas, cientista e pesquisadores que vieram retratar a paisagem, a cultura e os costumes de um mundo novo e desconhecido pelos europeus. Para receber tais visitantes no ano de 1800, os meios de hospedagem existentes eram as tabernas, as casas de pastos, estalagens e pequenas hospedarias com alguns serviços diferenciados. No Rio de Janeiro, o artista Jean-Baptiste Debret foi um dos que chegaram à cidade compondo a Missão Artística Francesa em 1816 no qual fundou a Academia Imperial de Belas Artes. Ele foi um dos pintores que retratou a paisagem do Rio de Janeiro com vista para o litoral. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 34 Imagem 10:Pintura da paisagem do Rio de Janeiro pelo artista Jean-Batiste Debret Fonte: http://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/missao_francesa.htm No século XX o uso do espaço da praia para cuidar da saúde se transformou na vontade de cultuar a beleza do corpo e buscar atividades de lazer e entretenimento. Este comportamento contribuiu na formação de muitas localidades turísticas e o início da construção do mercado hoteleiro. A construção no Rio de Janeiro do Copacabana Palace pela família Guinle9 em 1922 foi um marco na hotelaria porque se tratava de um meio de hospedagem de alto padrão na frente da praia de Copacabana. O hotel foi construído em atendimento á uma solicitação do então presidente Epitácio Pessoa (1919-1922), que desejava um grande hotel de turismo no Rio de Janeiro para hospedar visitantes da grande Exposição do Centenário da Independência do Brasil, um evento internacional a ser realizado em 192210. 9 Guinle é uma família tradicional da elite financeira e social carioca desde a primeira década do século XX, quando o patriarca Eduardo Pallasim Guinle e Cândido Gaffrée fundaram a Companhia Docas de Santos. 10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Copacabana_Palace O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 35 Imagem 11: Praia vista da entrada do Copacabana Palace na década de 1930 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Copacabana_Palace Imagem 12: Praia vista do edifício Copacabana Palace na década de 30 Fonte: http://copacabana.com/page/hotel-copacabana-palace#.UKOO44fLSII Na zona costeira brasileira houve vários pontos de ocupação que ao longo da história alguns centros econômicos cresceram, várias capitais se expandiram devido à implementação de infraestruturas (ferrovias, portos e rodovias) e outras decaíram devido a mudanças na economia exportadora (cana, ouro e café). Há muitas cidades consideradas “cidades mortas” na zona costeira, que passam a ser apreciadas para a ocupação turística no século XX. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 36 Na década de 1960, a classe média e alta se apropriou do litoral brasileiro construindo sua residência de férias devido à aquisição do automóvel11 e à busca por status. A prática social de tomar banho de mar influenciou na ocupação urbana de duas formas: a formação de subúrbios inseridos no contexto dos centros históricos; a formação de bairros de segunda residência para ser usada nas férias, nos feriados e fins de semana com maior valor agregado quando esta estiver mais próxima da praia. As manchas urbanas produzida na região litorânea possuem uma característica de ocupação homogênea de segunda residência. Este padrão de ocupação urbana contribuiu para a perda dos ecossistemas litorâneos. “As manchas urbanas contínuas por todo o litoral possuem um caráter de segunda residência dentro de uma via de acesso que corre paralela ao mar. As formas dos lotes são em xadrez e os terrenos amplos. Os bairros beira-mar possuem uma característica de bairros-jardim ou verticalizados…” (SOUZA, 2004, p 63-67). O litoral da Região Sudeste situa-se sobre o planalto atlântico (Serra do Mar), com predomínio de mata atlântica, temperatura média de 18º a 22º clima tropical litorâneo úmido, manguezais, costões rochoso, ilhas e baía, com massa de ar tropical atlântica. A Mata Atlântica estendia-se por uma faixa do litoral brasileiro que começava no estado do Ceará até o estado do Rio Grande do Sul, ocupando um total de 1 milhão de Km2. A mata abriga cerce de 15% de todas as formas de vida animal do planeta. Mapa 10: Bioma Mata Atlântica Fonte: http://www.cfnp.com.br/ 11 O uso do automóvel como veículo de passeio se popularizou com a implantação da primeira montadora de automóvel no Brasil em 1925 e em 1950 houve um considerável aumento no movimento de estradas em razão da facilidade de aquisição do automóvel, pela classe trabalhadora e pelos investimentos na malha rodoviária. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 37 O acesso aos novos meios de comunicação, o processo de industrialização e o desenvolvimento dos meios de transporte estimulou um modo de vida com novos padrões de consumo, entre eles as viagens de férias e o desejo de se ter uma residência na praia. Em 1950 a Copa do Mundo realizada no Rio de Janeiro contribuiu para divulgar as belezas naturais do país no exterior e foi também um momento em que a abertura de estradas ligando o litoral ao interior colocou um fim ao isolamento das comunidades de pescadores, levando-os para o centro da economia global (MAZZOLENIS, 2008). Em 1970 a atividade turística passa a ser vista como uma atividade econômica capaz de desenvolver cidades até então estagnadas. Nesta década, a rodovia Rio-Santos havia sido concluída permitindo o acesso aos trechos entre Rio de Janeiro e Guarujá, litoral paulista passando por Bertioga, local de estudo desta tese. Em 1990 os problemas ambientais e o aquecimento global impõe a necessidade de se preservar os recursos naturais. Nesta década as cidades com algum tipo de desenvolvimento turístico se desenvolviam de forma espontânea sem um planejamento ou análise do impacto que esta atividade causaria no ambiente natural e nas comunidades12. As comunidades nativas que insistiam em permanecerem em suas terras enfrentavam vários problemas relacionados com a valorização das terras na zona costeira, como perda da posse de suas terras já que não possuíam escrituras em cartório e ainda, escassez de peixes devido à poluição no mar e as restrições ambientais (ARNT, 2006). De 1990 a 2000, a hotelaria passa por uma nova fase com a implantação dos primeiros grandes empreendimentos turísticos no Nordeste influenciado por empreendimentos de grande sucesso na Europa. Grupos estrangeiros percebem a oportunidade do mercado brasileiro para empreendimentos do tipo Resort. Destacamse o Complexo Hoteleiro Costa do Sauípe na Bahia, situada na Mata de São José, área considerada o maior polo de desenvolvimento do turismo da Bahia. Aproveitando as áreas no entorno destes Resorts, construtoras investem na construção de condomínios residenciais de alto padrão como segunda moradia. Um exemplo é o Grupo Odebrecht investindo na construção dos condomínios Casa do Sauípe, com 118 unidades, e Quintas de Sauípe com 175 unidades. 12 Em 1991 é realizada a Conferência das Nações Unidas para o meio Ambiente e o Desenvolvimento tendo como resultado a instituição da Conferência Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. O objetivo é a estabilização da concentração dos gases de efeito estufa (COP 6). Fonte: pt.wikipedia.org – acessado em 12.12.12. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 38 Imagem 13: Complexo Costa do Sauípe Fonte: http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=338 Imagem 14: Grande Laguna Quintas de Sauípe, empreendimento turístico da Odebrecht. Fonte: http://www.orealizacoes.com.br/Empreendimentos-Galeria-De-Imagens.aspx?id=20# Os empreendimentos turísticos da região nordeste do Brasil, no estado da Bahia, se encontram em áreas de belezas naturais por oferecer uma paisagem muito desejada pelos turistas e por pessoas que buscam a segunda residência como é o caso do empreendimento da construtora Odebrecht na área da Grande Laguna, Bahia. Uma O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 39 área de mais de 1 milhão de m² e cercada de Mata Atlântica de restinga e coqueirais, tendo ao lado uma extensa praia da Costa dos Coqueiros, compondo um cenário paradisíaco. Os Resorts são uma categoria de meios de hospedagem, que oferecem aos seus hospedes inúmeras atividades de lazer e diversão, que em alguns quesitos, se assemelha aos hábitos de lazer da elite europeia. Atividades como passear a cavalo, esportes aquáticos, bailes e grandes jantares eram hábitos de uma elite que se instalou no Brasil com a chegada da família real portuguesa. Além disso, houve muita influência também na maneira de se vestir e se comportar dos franceses: “O país se tornaria, assim uma corte de modos afrancesados onde se pretendia imitar as mesmas sociabilidades da corte francesa, incorporando novos hábitos de consumo, mudando o estilo de vida de uma sociedade” (SANTANA & ARAGÃO, 2011) ,www.anpuh.org A vida numa corte europeia consistia em andar á cavalo pela manhã (para os homens participar de grupos de caça), jogar cartas de tarde e à noite dançar e se divertir nos bailes, festas e recepções oficiais, cantar nos saraus, assistir a óperas e peças teatrais, participar de jantares com comidas sofisticadas com especiarias vindas das terras do mundo novo e, às vezes por recomendação médica tomar banhos de mar. (BARBOSA, 2006). No Brasil, a corte portuguesa continua a ter os mesmos hábitos porém precisavam construir edifícios que oferecem essas atividades de lazer como o teatro, ambientes de luxo para os sarais, bailes, jantares e grandes jardins para seus passeios matinais (SCHWAREZ, 2008). Imagem 15: A princesa Isabel e Leopoldina em momento de lazer. Fonte: (SCHWAREZ, 2008) O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 40 Todas as atividades realizadas numa corte europeia foram implantadas, adaptadas ao clima dos trópicos e disponibilizadas á beira-mar aos hóspedes de qualquer empreendimento turístico de luxo, sendo acrescentado nas suas instalações, os hábitos esportivos dos ingleses de jogar golf13 (1400) e tênis14 (1877), e as práticas esportivas americanas, o basquete (1891) e o voleibol (1895). Todas estas atividades podem hoje ser desfrutadas por qualquer pessoa sem a necessidade de se ter um título de nobreza, basta apenas comprar estes serviços de lazer. Portanto aquilo que era hábito de uma elite da época da monarquia, hoje se transformou numa atividade comercial oferecida pelos hotéis, resorts e empreendimentos residenciais turísticos de alto padrão. Como exemplo da oferta destas atividades tem-se o site do resort Costa do Sauipe que oferece aos seus hospedes, todas estas atividades: cavalgadas e aulas de equitação, atividades náuticas na lagoa e no mar, quadra de tênis, basquete e voleibol, campo de golf de 18 buracos, shows musicais e de dança a noite e centros de convenções para todos os tipos de festas e eventos corporativos. Imagem 16: site oficial Costa do Sauípe. www.costadosauipe.com.br/, acessado em 10/11/12 13 Desporto de origem inglesa denominado golf, palavra que vem do “kolbe”, palavra de origem alemã. Este esporte surgiu na Inglaterra, no século XIX e primeiro torneio de tênis foi em Wimbledon em 1877. 14 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 41 2 O espaço sustentável O espaço utilizado pelo homem, para ser sustentável deve considerar as suas características locais a fim de se beneficiar dos seus recursos naturais sem assim ter necessidade de ir busca-los em outras regiões. Deve ser levado em conta o aproveitamento ao máximo de seus recursos, o que implica também em manter a sua vitalidade para que o ambiente continue fornecendo o necessário para a sobrevivência humana. É preciso que o homem tenha hábitos que estejam adaptados ao ambiente em que vive; e que tenha a capacidade de se adaptar às mudanças que possa ocorrer no futuro. O autor do livro “Colapso. Como as Sociedades escolheram o fracasso ou o sucesso”, DIAMOND, Jared, faz uma análise dos problemas ambientais mais sérios enfrentados pelas sociedades do passado e do presente, e são problemas que estão diretamente ligada a forma como o homem utiliza os recursos naturais do planeta para a sua sobrevivência. Os problemas se resumem em quatro situações. A primeira é a perda de recursos naturais, pois conforme afirma o autor, “estamos destruindo hábitats naturais ou transformando-os em hábitats feitos pelo homem, como cidades e vilas, fazendas e pastagens, estradas e campos de golfe”. A segunda é a questão dos limites dos recursos naturais. Esses limites não estão associados somente ao fim da água potável, da vegetação e dos combustíveis fósseis, mas também da capacidade fotossíntética, ou seja, a energia fornecida pela luz solar. O que parecia ser uma energia sem limite, para Dimond, ele explica porque existe sim, um limite: “a quantidade de energia solar fixada por hectare pela fotossíntese das plantas, portanto o crescimento de plantas por hectare, depende de temperatura e chuvas. A uma dada temperatura e precipitação pluvial, a quantidade de plantas que pode ser sustentada pela luz solar que incide sobre um acre é limitada pela geometria e bioquímica das plantas, mesmo que absorvam a luz solar de modo tão eficiente que nenhum fóton que passe por elas seja desperdiçado”, (DIAMOND, 2005). Também, nem toda essa capacidade fotossintética tem sido utilizada para o crescimento de comunidades de plantas e de florestas naturais, mas tem sido desperdicada ou desviada, como a luz solar que incide sobre edifícios sem captação de energia solar e grandes superfícies coberta de asfalto A terceira são coisas perigosas que produzimos como produtos químicos perigosos ao homem e gases tóxicos difíceis de serem eliminados do planeta. O quarto e último se refere ao crescimento populacional e o seu impacto no ambiente porque “mais gente requer mais comida, espaço, água, energia e outros recursos” (DIAMOND, 2005). Isto quer dizer que o crescimento populacional exige a utilização de mais recursos recursos O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 42 naturais, o aumento na produção de alimentos e a criação de espaços para moradia. Então para evitar a degradação do ambiente é preciso, juntamente com o crescimento populacional, a criação de espaços sustentáveis, ou cidades sustentáveis. Ao elaborar um plano urbano é preciso pensar da mesma forma, ou seja, que o projeto para ser sustentável deve ser adaptado às características locais, deve aproveitar os recursos que estas oferecem para não ter gastos na busca de materiais e outros recursos. O projeto precisa ter seu desenho adequado à morfologia do terreno e flexível às mudanças que venha a ocorrer no ambiente. O esquema abaixo pode ilustrar melhor tais ideias: • fornecer recursos para que o espaço se mantenha ativo. •considerar as características ambientais. •o desenho se adaptar à especificidade de cada local. ambiente vitalidade adaptação flexibilidade •a capacidade de integrar novas situações. Gráficos 01: princípios para um espaço sustentável. Fonte: Esquema elaborado pelo Prof. Manuel Costa Lobo, em setembro de 2010, Lisboa, Portugal. Considerar as características naturais e fazer um projeto urbano em que o seu desenho se adapte as especificidades locais são medidas que contribui para que os recursos ambientais não seja totalmente destruído mais preservado para as futuras gerações (MMA). Fornecer recursos para que o espaço urbano se mantenha ativo e flexível capaz de se adaptar as novas situações são outros requisitos que podem ser atingidos com a elaboração de um plano urbano adequado ao local. A preocupação com a sustentabilidade do espaço humanizado só ocorre no século XX devido á necessidade de limitar o uso dos recursos naturais dentro das grandes cidades. Os gestores e governantes municipais passam a buscar meios para o reaproveitamento dos seus recursos naturais. Isto implica em reciclar materiais, O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 43 reduzir os consumos, conservar as energias limitadas e usar mais as energias que são renováveis. Conservar as energias e buscar um metabolismo circular, onde a necessidade de importar recursos e energias esgotáveis se reduza através da política de reutilização, reciclagem e reabilitação. “Dado que a maior parte da poluição e do consumo tem lugar na cidade, a produção em larga escala de emissões e resíduos deve substituir-se por processos urbanos que aumentem ao máximo as suas possibilidades de reutilização, à semelhança do que acontece com os ciclos naturais do planeta (ROGERS,1997, p 20). Segundo estudos do CESUR (2008), o ecossistema urbano é o oposto do que ocorre nos ecossistemas naturais. O ecossistema natural funciona em fluxos circulares enquanto que o ecossistema urbano é dominado por fluxos horizontais: “entrada de recursos e materiais e sua consequente alteração no consumo de energia e produção de resíduos. As cidades têm um metabolismo linear, necessita de uma quantidade crescente de recursos e afetam cada vez mais território para depósito e tratamento de resíduos”, (CESUR, 2008, p. 31). Para que as cidades mudem o modo de utilização dos seus recursos naturais e mudem o fluxo horizontal para um fluxo circular é preciso mudar o uso de seus recursos de energias esgotáveis para uma política de reutilização, reciclagem e reabilitação das energias renováveis. Este é o grande desafio para os gestores das cidades e as soluções implicam em muitas mudanças no modo de vida das pessoas e na forma de humanização do espaço natural. Uma iniciativa ocorrida na Europa foi a formação de um grupo de peritos sobre o ambiente urbano pela Comissão Europeia em 1991. Este grupo é constituído de representantes nacionais e peritos independentes que lançaram o projeto “Cidades Sustentáveis” que incide sobre o desenvolvimento urbano sustentável e a integração dos objetivos nas estratégias de planejamento e gestão. O principal resultado do projeto foi o relatório “Cidades europeias sustentáveis”, que trata da identificação dos princípios de desenvolvimento sustentável e dos mecanismos necessários para a sua realização, não apenas nas cidades, mas em todos os níveis da hierarquia urbana. O relatório afirma que para alcançar a sustentabilidade do meio urbano é preciso criar políticas e definir um conjunto de princípios de base para uma ação sólida em termos ambientais. Para ajudar as cidades europeias a atingir este objetivo, o Grupo de Peritos sobre ambiente Urbano definiu no relatório, um conjunto de indicadores de sustentabilidade local que contou com o apoio da Comissão Europeia (DG do Ambiente) e da Agência Europeia do Ambiente. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 44 Primeira geração de indicadores comuns europeus para um perfil de sustentabilidade local. Indicadores principais (obrigatório) Objetivo de medição Satisfação do cidadão com a comunidade local Satisfação geral dos cidadãos com os vários desempenhos da autarquia local. Emissões de CO2 Contribuição local para as alterações climáticas Mobilidade local e transporte de passageiros Transporte diário de passageiros, distâncias e modos de transporte. Existência de zonas verdes públicas e de serviços Acesso dos cidadãos a zonas verdes públicas próximas e a serviços básicos. Qualidade do ar na localidade. Número de dias em que se registra uma boa qualidade do ar. Deslocação das crianças entre a casa e a escola. Modo de transporte utilizado pelas crianças nas deslocações entre a casa e a escola. % das organizações públicas e Gestão sustentável da autoridade local e das privadas que adotaram empresas locais. procedimentos de gestão ambiental e social. % da população exposta a ruído Poluição Sonora prejudicial Utilização sustentável dos solos Recuperação e proteção dos solos e sítios classificados locais. % do consumo total de produtos que Produtos que promovem a sustentabilidade. ostentam rotulagem ecológica, biológicos ou objeto de práticas comerciais leais. Tabela 01: indicadores comuns europeus para um perfil de sustentabilidade local. Fonte: Grupo de peritos sobre o ambiente urbano pela Comissão Europeia. Uma forma de contribuir para o desenvolvimento de vários aspectos associados à sua sustentabilidade, nas cidades, seria a coexistência de vários usos do solo numa mesma área urbana, seja em bairros residenciais ou em espaço de atividades terciárias, pois “... o que importa é assegurar uma boa intensidade de uso, então a razão para o sucesso do espaço público esta também relacionada com a densidade e diversidade funcional das atividades da envolvente próxima”. (CESUR,2008, p 48). A existência de vários usos poderá ser bem administrada no espaço e contribuir para a sustentabilidade quando temos um desenho urbano que facilite estas relações: “A valorização ambiental do espaço urbano está intimamente relacionada com o seu desenho. Com efeito, a componente física do espaço urbano exerce uma grande influência na comodidade com que realizamos as actividades quotidianas, condicionando o bem-estar dos cidadãos” (CESUR 2008, p 42.) “A correta distribuição de usos do solo, entre público e privado, de áreas permeáveis e de implantação, de zonas de circulação pedonal e viária, O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 45 de materiais de pavimento e vegetação. Mas existe igualmente alguma informação de caráter ambiental que pode proporcionar maior criatividade ao desenho urbano e conforto para o espaço público; desde logo o conhecimento das orientações solares mais adequadas, do sentido predominante dos ventos, da temperatura e umidade do microclima”, (CESUR 2008, p 43). O desempenho ambiental devia ser abordado em todas as escalas, do desenho ambiental ao comportamento das pessoas no uso do espaço público. É intervir de forma integrada sobre os domínios sociais, ambiental e econômico dos problemas urbanos e territoriais. Domínios Para se alcançar a sustentabilidade Urbana. Social A mistura funcional das atividades, na igualdade no acesso aos equipamentos e serviços e da coexistência de diferentes extratos sociais no mesmo espaço. Ambiental Através de um desenho urbano que potencie as fontes de energias renováveis, de densidades que permitam uma maior eficácia ao transporte coletivo e da criação de novos espaços destinados à mobilidade em modos suaves. Econômico Com o aproveitamento dos recursos endógenos, a reutilização de solos urbanos e infraestrutura existente e a interiorização do balanço de custos e proveitos no âmbito do próprio projeto. Tabela 02: Aplicação da Sustentabilidade Urbana. Fonte: Elaborado pelo CESUR – Centro de Estudos Urbanos, 2008, p. 39). Prof. Manuel da Costa Lobo. Para BURTON (2001), o ponto chave para se alcançar a sustentabilidade também está na forma urbana. A densidade, a compactação, a dispersão e a mistura de usos são o ponto chave para oferecer-nos visões diferentes de como a forma urbana deve ser para se ter uma cidade sustentável. Não existe uma forma urbana única para se atingir este objetivo porque a forma dependerá do contexto social e econômico em que estiver inserido. Mas o desenho seria o princípio do sucesso dos fatores sociais e econômicos e então não existe um único modelo de cidade sustentável, mas sim múltiplos modelos. Assim, uma cidade sustentável não é o resultado de somente um desenho, mas parte de um processo. É claro que o desenho urbano também pode ser sugerido pela própria morfologia do espaço em causa e suas especificidades. Um bom desenho urbano facilita, por exemplo, a coexistência de vários usos do solo seja em bairros residenciais ou em espaço de atividades terciárias, pois “o que importa é assegurar uma boa intensidade de uso, então à razão para o sucesso do espaço O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 46 público está também relacionada com a densidade e diversidade funcional das atividades da envolvente próxima”. (CESUR pag. 48). Tendo esta visão de como a forma urbana influencia na busca da sustentabilidade urbana, o urbanismo deve ser visto como um elemento chave para os processos de governança do território. Abaixo, o REC – Regional Environmental Center (Centro Regional Ambiental, 1990) para a Europa Central15, uma organização internacional que tem como missão a promoção entre governos e organizações não governamentais, na busca de soluções para as questões ambientais e para a definição de alguns princípios de desenvolvimento urbano sustentável. SINTESE DA APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL PRÁTICAS MENOS SUSTENTÁVEIS PRÁTICAS MAIS SUSTENTÁVEIS Formas contínuas de desenvolvimento Baixa densidade e urbanização difusa. urbano. Ocupação do solo de forma integrada; Segregação da ocupação do solo; habitação, emprego e serviços com relação concentração monofuncionais de habitação, de proximidade. emprego e serviços. Condições de emprego baseadas na Emprego baseado preferencialmente em educação, formação e habilitações. atividades com forte poluição ambiental e indústrias baseadas em recursos não renováveis. Mobilidade pedestre e por bicicleta. Elevada dependência do transporte individual. Energia eólica, solar e hídrica. Energia térmica e nuclear Tratamento terciário de efluentes; utilização Descarga de efluentes em massas ou cursos de métodos naturais de tratamento de de água sem existir tratamento ou com baixo efluentes. nível de tratamento. Proteção e utilização de sistemas hidrológicos Superfícies que reduzem infiltração; naturais. interrupção de cursos de água naturais. Espaços abertos naturais: proteção de zonas Destruição da paisagem natural; criação úmidas, florestas, vales, habitat, etc.; uso de artificial de paisagens com espécies exóticas; composto, biomassa, gestão integrada de uso excessivo de produtos químicos, pesticidas, etc. fertilizantes, pesticidas e herbicidas. 15 A REC foi criada em 1990 pelos Estados Unidos, a Comissão Europeia e a Hungria é reconhecido legalmente com base em uma carta assinada pelos governos dos 30 países e a Comissão Europeia . . O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 47 Redução de resíduos; recuperação, Aterros, incineradores. reciclagem e reutilização de resíduos de construção. Tabela 03: Principios do desenvolvimento Sustentável Fonte:REC – Regional Environmental Center - Sustainable Cities – Environmentally Sustainable Urban Development, 2010. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 48 3. O espaço para o turismo e os planos territoriais em Portugal. A necessidade de responder ao aumento de novos destinos turísticos provocou grandes impactos no território. É uma atividade que gerou a necessidade da criação de espaços apropriados para receber pessoas que estão usufruindo o seu tempo livre, ou que estão em viagens de negócios, eventos e em todos os níveis do planejamento urbano. Num espaço com vocacao para o turismo é necessário também buscar uma qualidade de vida acima de uma cidade comum e uma forma urbana eficiente para proteger os ecossistemas á que as cidades necessitam preservar. Talvez uma densidade mais baixa dando espaço à preservação de áreas verdes, sem provocar uma urbanização dispersa. Pensando nestas questões e relacionando-os as necessidades de um empreendimento turístico aos indicadores definidos pelo REC – Regional Environmental Center, têm-se as seguintes análises do Prof. Manuel da Costa Lobo (2010): - A satisfação do cidadão com a comunidade local - é um fator difícil de ser analisado já que o turista permanece no local por algumas semanas ou alguns meses e dificilmente estabelece um convívio contínuo com a população local; mas a sensação de ser bem recebido com hospitalidade, é um triunfo importante para o sucesso turístico. - A contribuição local para as alterações climáticas é um fator que poderia ser mais bem analisado de acordo com as alternativas de mobilidades que o empreendimento turístico oferece, pois, se para ir às áreas de lazer mais próximas ou aos serviços básicos for necessário sempre o uso do automóvel, então falta algo ao projeto urbano, para ter qualidade ambiental; - O indicador, mobilidade local e transporte de passageiros, também está relacionado com o desenho urbano do empreendimento turístico porque se para ir aos serviços de primeira necessidade for necessário também o uso do transporte público, isto quer dizer que o desenho ou a forma urbana deixa a desejar. Porém se todos os turistas utilizassem o transporte público durante todo o período de férias então este indicador seria positivo; - O fácil acesso á zonas verdes públicas e de serviços é um indicador que também está associado ao desenho urbano. Um empreendimento de grande porte O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 49 deve ser projetado de forma que o turista possa chegar à área de lazer sem a utilização de um automóvel ou sucesso de um transporte coletivo. - Um bom desenho urbano poderá contribuir para a qualidade do ar na localidade, porque se durante os estudos de um projeto for avaliado o tempo que se leva para chegar a estas áreas a pé e então projetar pensando nesta necessidade, então estaria contribuindo para a qualidade do ar (não poluído, arejado e não ventoso). A deslocação dos turistas entre a casa e o trabalho, não vem ao caso, mas poderia ser avaliada a deslocação do turista aos pontos turísticos e aos serviços públicos básicos como um centro de saúde, ou a um pequeno mercado; - Gestão sustentável da autoridade local e das empresas locais é um indicador que pode ser aplicado aos promotores de um empreendimento turístico que tem a sua equipe de urbanistas e administradores privados que deverão fazer um acompanhamento do desenvolvimento do projeto ao longo do tempo; - A poluição Sonora é um indicador importante para avaliar as áreas residenciais de um empreendimento turístico; - Avaliar também a quantidade de produtos que promovem a sustentabilidade, como produtos produzidos no próprio local ou produtos biológicos são comercializados dentro de um empreendimento turístico é também um indicador favorável para a sustentabilidade do empreendimento. Deve-se considerar que o turista poderá optar por simplesmente usufruir do espaço projetado exclusivamente para ele. Um empreendimento do tipo “resort” tem este objetivo, de que o turista fique a maior parte do tempo usufruindo dos serviços oferecidos dentro do seu espaço. Mas, muitas vezes, o turista está à procura de algo mais, como uma visita ao centro histórico das cidades vizinhas, um passeio ecológico em algum parque da região. Assim o turismo, juntamente com os meios de transporte e os meios de hospedagem passa a ser uma atividade econômica que pode oferecer a possibilidade de contemplar tanto o espaço humanizado, como o espaço natural. Então as antigas cidades com a sua memória arquitetônica e cultural, bem como as áreas naturais, como os parques naturais e a praia passam também a ser contempladas e apreciadas. Segundo COSTA-LOBO (2000), o turismo definido pelo lado da procura, enquanto fenômeno social inclui todas as actividades praticadas pelos indivíduos no decurso das suas viagens e estadas fora do seu meio habitual, e pelo lado da oferta, enquanto O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 50 sector agrega um conjunto de atividades diretamente relacionadas com o transporte, alojamento, alimentação, lazer, informação, organização e comercialização destinadas ao turista. Portanto o turismo está relacionado com a organização entre o espaço humanizado e o espaço natural. Os empreendimentos turísticos são formados para atender as necessidades urbanas do turista tanto em áreas naturais ou já humanizadas. Então numa área onde só há as belezas naturais é preciso infraestrutura urbana para que o turista possa permanecer por mais tempo. Ou, numa região de ruínas de uma antiga cidade, ou seja, de um espaço já humanizado, é preciso que haja também uma infraestrutura urbana próxima. Portanto é preciso estabelecer um plano de território que ordene e organize estas ocupações. Para COSTA-LOBO (2000), o sistema do turismo é formado também por uma procura e por uma oferta, com cinco componentes principais. No lado da procura consideramse os fluxos populacionais que, na qualidade de potenciais visitantes, constituem uma condição para o crescimento das atividades turísticas de uma região. Do lado da oferta encontram-se as atrações (recursos naturais e culturais, atividades desportivas ou de animação), os transportes e as acessibilidades, os equipamentos e os serviços turísticos (meios de acolhimento, incluindo alojamento e alimentação), a promoção e a informação. Neste contexto o planejamento deverá relacionar o desenvolvimento das componentes da oferta turística e fazer sempre uma monetarização para garantir o adequado funcionamento e o equilíbrio entre os vários componentes da oferta e da procura. No planejamento do turismo pode-se fazer uma segmentação territorial das atividades e dos equipamentos turísticos e a compartimentação entre os usos significantes do território para o turismo. Abaixo estão as características das áreas consideradas importantes para o planejamento de uma cidade voltada para o turismo, conforme COSTA-LOBO (2000): Os centros principais onde se concentra o alojamento hoteleiro, restauração, serviços de informação turística e outros equipamentos e serviços de apoio às estadas turísticas. Estes centros devem possuir um nível elevado de reconhecimento pelos mercados (imagem, informação e redes de operação/distribuição). Os centros de ligação onde se localizam, em níveis intermédios de rede urbana, com equipamentos de apoio às visitas, nomeadamente em O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 51 restauração, artesanato e comércio tradicional, podendo possuir ou não facilidades de alojamento. Os sítios de visita caracterizados pela existência de recursos primários de atratividade, como patrimônio histórico ou natural relativamente ao quais deve haver informação com conteúdos específicos e equipamentos de apoio às visitas. Centros/sítios de atividades que corresponde a empreendimentos dotados de equipamentos específicos para a oferta de atividades características de turismo ou recreio. Segundo COSTA-LOBO (2000) os planos realizados em Portugal de um modo geral reconhecem a importância do turismo, criando zonas específicas para esta atividade. Este tipo de zoneamento tem privilegiado os proprietários destes terrenos, dando benefícios, em detrimento de outras oportunidades de investimento por parte de promotores turísticos que, devido à especulação, passam a ter grandes dificuldades de acesso a estas áreas. Mas o ponto principal que está relacionado com os planos territoriais é a necessidade do funcionamento de um conjunto de infraestruturas, equipamentos e serviços públicos que estejam coordenados com os planos urbanísticos. Seria adequado que as entidades responsáveis pelo sector do turismo elaborassem os seus programas e participassem também na elaboração dos planos urbanísticos. Para Pardal (2000), os planos urbanísticos, no que diz respeito ao turismo, têm como finalidade: “Preparar espaços públicos para o turismo: praias, parques florestais de uso múltiplo, cidades com os seus centros históricos e o patrimônio arquitetônico visitável; preparar infraestruturas, equipamentos e serviços num contexto integrado (não exclusivo para o turismo): saneamento, transporte, saúde; culturais e desportivos; orientar e apoiar os empresários do sector em tudo o que os empreendimentos dependam funcionalmente dos serviços públicos”. (PARDAL, 2000, p.. 144) No caso de um empreendimento turístico, a sua autonomia na instalação dos serviços de que necessita torna a carência de infraestrutura no local de interesse irrelevante. A necessidade de transporte, o saneamento básico, os serviços de saúde, a limpeza e asseio dos espaços públicos e da paisagem em geral são financiados pelos promotores do empreendimento. Por outro lado estes empreendimentos procuram se instalar em sítios de beleza paisagística, mas que, ao adaptarem o local para a função pretendida, podem correr o risco de estragar a paisagem. Portanto na O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 52 proliferação de complexos turísticos é importante que os projetos atendam às seguintes questões segundo COSTA-LOBO (2000). Qualificar o desenho urbano e a arquitetura, contrariando as tendências para a uniformização e o empobrecimento arquitetônicos. Valorização das frentes marítimas. Assegurar níveis de desafogo para otimizar os equipamentos através de critérios de programação, localização e exigências de qualidade na sua concepção e integração. Dar atenção às redes de acesso e ao estacionamento. Evitar a banalização da paisagem do litoral e salvaguardar o caráter específico dos sítios. Estabelecer princípios de planejamento de modo a satisfazer a procura de solo para a segunda residência e para empreendimentos turísticos. Fora destes empreendimentos, os planos desempenham o papel de promover o que há de melhor em termos de recursos naturais como as praias, os rios; o patrimônio arquitetônico e arqueológico; a recuperação dos edifícios e dos espaços públicos adequando-os para o turismo e a preservação das tradições, das festas típicas, para fortalecer o turismo (COSTA-LOBO, 2000). No caso do turismo de praia é sempre necessário a instalação de infraestruturas e equipamentos e um serviço público de vigilância e de limpeza. Se abrir novas frentes de praia de forma indiscriminada pode ocorrer o perigo de expor o turista a praias sem vigilância, sem instalações sanitárias, serviços de limpeza e recolha de lixo. Conforme afirma COSTA-LOBO (2000, p. 148): “O planejamento balnear deve ser generoso na quantidade de praias que abrange e na extensão que cobre em cada uma delas, de modo a evitar concentrações e congestionamentos forçados, isto é, sem alternativas próximas. Há casos, como o das praias urbanas, que têm como característica própria, um efeito de multidão e de animação, mas também aqui há limites a respeitar para garantir níveis de conforto”, pag. 148. O plano deve agir para encontrar um equilíbrio de usos nas áreas balneárias e quantidade de infraestruturas que o servem. Uma praia adequada para um uso constante de turistas deve estar servida, de forma proporcional, de acessos viários e acessos para peões. A apropriação da praia para o turismo pode ocorrer desde que devidamente planejada e adequada ao ambiente. “Não se justifica a posição radical de proibir liminarmente O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 53 este tipo de relação urbana, que é muito apreciado, na perspectiva de se fruir uma casa ou apartamento com vista para o mar. Também esta opção é para muitos veranistas que preferem as praias urbanas pela sua animação e nível de serviços integrados na frente urbana. As preocupações a ter neste domínio não são tanto ecológicas, mas de ordem paisagística, associada à matéria de engenharia hidráulica e de estética urbanística e arquitectónica”, (COSTA LOBO, 2000, p.152). Uma praia utilizada por turistas que também desejam ter os serviços oferecidos numa cidade necessitam de um plano urbano que definam aonde tais equipamentos devem estar posicionados a fim de não prejudicar a qualidade do espaço balneario. Uma praia saturada de acordo com as normas urbanísticas de COSTA-LOBO (2000) apresenta as seguintes características: Densidade de saturação: 3m2 por pessoa é já uma situação crítica e desconfortável. Com três mil pessoas por hectare não é possível a fruição da praia com a necessária demarcação do território da pessoa ou do grupo; Densidade média: 10 m2 por pessoa correspondem a uma densidade suportável embora não permita condições de desafogo. A concentração de pessoas na frente da área das ondas passeando em áreas molhadas nas zonas de banho é excessiva, em particular na frente de entrada na água; Densidade ótima: acima dos 20 m2 por pessoa. Em Portugal o uso da praia hoje, para veraneio esta associada também á pratica de atividades náuticas e o desporto do golfe. O recreio náutico é um fenômeno que se expandiu na Europa a partir dos anos 60 e em Portugal, a marina de Vilamoura, no Algarve, está entre as primeiras criadas no Sul da Europa. Segundo COSTA-LOBO, (2000): “A dimensão turística dos portos de recreio vai hoje muito além daqueles factores básicos e integra uma componente hoteleira e imobiliária que dá um enquadramento urbano à zona portuária propriamente dita e procura ter uma escala que suporta um conjunto de serviços integrados, com a venda e reparação de embarcações, actividades de entretenimento, restauração, comércio, serviços pessoais, telecomunicações, entre outras”, pag. 157. Um espaço turístico litorâneo deixa de ser um simples momento de lazer junto ao mar e passa a ser um espaço que oferece múltiplas atividades esportivas e junto deles serviços voltados para a manutenção destes equipamentos. É preciso organizar tudo isso e, portanto, um plano de urbanização passa a ser necessário. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 54 O golfe em Portugal tem gradualmente deixado de ser um desporto de minorias a ponto de surgir na lista dos desportos promovidos pelos municípios tornando-os acessíveis a todos. Este desporto tem sido utilizado como uma forma de reduzir os efeitos de sazonalidade da procura. Associada ás atividades turísticas temos os alojamentos, um fato essencial na atividade turística. A qualidade do alojamento é determinante na caracterização do nível da oferta turística de uma região. Em Portugal, os empreendimentos turísticos de alojamento são classificados como estabelecimentos hoteleiros, meios complementares de alojamentos turísticos; parques de campismo públicos; e conjuntos turísticos. O que interessa neste estudo são os empreendimentos que necessitam de um plano de urbanização, como ocorre com os resorts e os condomínios turísticos que possuem um espaço urbano no qual se instalam as várias categorias de hospedagem, áreas de lazer, centro de compras e as instalações operacionais. Das categorias de estabelecimentos hoteleiros, temos os hotéis que podem ser compostos por vários edifícios com equipamentos e serviços, de categoria de um a cinco estrelas. Se constituírem vários edifícios será necessário um plano de urbanização da área. As pousadas podem estar instaladas em edifícios classificados como monumentos nacionais, ou novos edifícios16. Também se constituírem de vários edifícios necessitará de um plano urbanístico. Na categoria de meios complementares de Alojamento Turístico têm-se os aldeamentos turísticos, que é um empreendimento turístico que ocupa um espaço delimitado sem ter a intenção de dar uma continuidade, mas que necessitam de um planejamento urbano para organizar os serviços de hospedagem e o conjunto de instalações necessárias para receber bem o turista. Ainda nesta categoria têm-se os parques de campismo, que são empreendimentos turísticos instalados em terrenos também delimitados e que, também, necessitam de uma estrutura destinadas a permitir a instalação de tendas, reboques e equipamento necessários à prática de campismo. É um uso que ocorre geralmente em áreas rurais e naturais, mas que dependendo do seu tamanho físico necessitam do planejamento de seu espaço. O que mais interessa dentro desta categoria são conjuntos turísticos, instalações enquadradas num espaço demarcado que integrem alguns estabelecimentos 16 Em Portugal, as pousadas são consideradas um tipo de estabelecimento hoteleiro detido pela ENATUR, S.A, (Empresa Nacional de Turismo) instalados em móveis classificados como monumentos nacionais ou de interesse regional ou municipal. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 55 hoteleiros ou meios complementares de alojamento além de iniciativas, projetos ou atividades de interesse para o turismo. Este caso por agregarem várias atividades necessitam de um plano urbanístico. Os aldeamentos turísticos e os conjuntos turísticos em Portugal são mantidos pelo setor privado, mas é um serviço oferecido também para o público porque geralmente não estão rodeados por muros. E, por estar assim, se trata de um serviço público assegurado pelo sector privado, mas com a necessidade de um maior controle e fiscalização para garantir a qualidade e a credibilidade ao turista. A escolha do local mais apropriado para as instalações dos hotéis e serviços, segundo LOBO (2000, p. 167) não deve ser determinado pelo plano: “A programação de um hotel e a fixação do seu número de quartos e camas está na escala do projeto do empreendimento turístico e na esfera da sua gestão. Já em relação aos aldeamentos turísticos a questão coloca-se de maneira diferente pois estes empreendimentos prestam-se a gerar habitação permanente, fixando uma população com as inerentes necessidades em serviços, equipamentos sociais e emprego. Todos estes aspectos escapam ao processo urbanístico que assiste aos aldeamentos turísticos”, pag. 167. Da parte do urbanismo, a localização das unidades de alojamentos turísticos devem se levar em consideração, os acessos de ligação às vias de circulação existentes; a proteção necessária contra focos de poluição como ruído proveniente de vias de circulação, de zonas industriais ou das instalações mecânicas do próprio edifício. A legislação pode ajudar a manter a qualidade dos projetos por fixar índices máximos de ocupação e de construção que garantam baixas densidades, com o objetivo de manter a qualidade dos espaços urbanos favorecendo o convívio e encontro das pessoas. “Os planos urbanísticos criam as condições de suporte da actividade turística que se caracteriza por ser transversal a vários sectores, interagindo com diversas actividades”, (COSTA LOBO, 2000, p.167). “O turismo depende da qualidade da estrutura física da paisagem, da conservação do patrimônio construído e paisagístico e da qualidade dos serviços. Nesta medida, o turismo depende do planejamento integrado”. (COSTA LOBO, 2000, p.168). “Os aldeamentos turísticos não constituem aglomerados urbanos, por lhes faltarem ou estarem reduzidos alguns dos elementos que os identificam como tal”, (COSTA LOBO, 2000, p.177). “São estruturas muito simplificadas sob o ponto de vista social, isto é, reduzem-se a uma prestação de serviços de hotelaria e afins e a um grupo de consumidores directos destes serviços. Os residentes O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 56 utilizadores são sempre temporários, não constituindo um corpo social”, COSTA LOBO, 2000, p.177). Portanto os aldeamentos turísticos utilizam uma rede de infraestrutura exigente, mas os equipamentos sociais não são tão importante:. “Considerando estas diferenças há problemas quando um aglomerado urbano tem um peso excessivo de utilização turística ou quando um aldeamento turístico é desvirtuado pela sua utilização como residência permanente”. (COSTA LOBO, 2000, p. 177). “Em princípio, os aldeamentos turísticos não dariam origem a lotes destacáveis e alienáveis, mantendo-se a unidade do empreendimento em termos de propriedade. Entretanto, a legislação e a prática têm conduzido a uma flexibilização no sentido de permitir a venda de lotes e apartamentos em aldeamentos ou conjuntos turísticos que podem ir até 50% do total”, (COSTA LOBO, 2000, p. 177). “Os complexos turísticos estão sempre relacionados com elementos atractivos – a praia, a montanha, a peculiaridade da paisagem, conjuntos monumentais, cidades interessantes pelo seu patrimônio histórico, pela sua vida social, pela amenidade do clima”, (COSTA LOBO, 2000, p. 179). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 57 4. O espaço para o turismo e os planos territoriais no Brasil. Até a década de 30 o turismo ainda não era considerado uma atividade importante para a economia brasileira. Em 1934 foi criada a Comissão Permanente de Exposições e Feiras pelo Decreto nº 24.163/34 que tinha como principal finalidade, conforme o artigo 2, a representação do país em exposições e feiras no exterior, a fim de expor seus produtos e divulgar a cidade do Rio de Janeiro. Depois foi criada a Divisão do Turismo dentro do Depto de Imprensa e Propaganda, em 1939, pelo Decreto n 1915 de 27/12/39, porém sua função era controlar atividades culturais dentro do país, como o teatro e o cinema (SANTOS, 2004) Em 1966 foi criado a EMBRATUR pelo decreto-lei nº 55, que na época, tratava-se de uma forma do governo que pretendia combater a ideia negativa da ditadura militar: “Surge a EMBRATUR cuja função era ordenar uma política nacional de turismo, conforme relato do seu primeiro presidente, Joaquim Xavier da Silveira, um dos diretores da Associação Comercial do Rio de Janeiro, demonstrar o poder do Rio como força do turismo nacional e da tônica do padrão dado à divulgação do Brasil: mar, sol, mulheres douradas da praia de Ipanema, com seu biquíni padrão de exportação” (SANTOS FILHO, 2004, p 10). A EMBRATUR, neste contexto político, divulga a ideia de um Brasil multirracial, e explora a beleza da mulher brasileira, bem como trabalha o lado do exótico e da diversidade cultural, demonstrando uma convivência social pacifica. Em 1974 foram criados fundos para investidores interessados no mercado brasileiro como o Fundo de Investimento do Nordeste (FINOR), um benefício criado pelo Governo Federal, pela Lei nº 1.376, de 12.12.1974 e o Fundo de Investimento da Amazônia (FINAN), criado pelo Decreto-Lei nº 1.376, de 12/12/197417. Em 1994, a EMBRATUR, dentro de uma situação política democrática elabora um programa denominado PNMT- Programa Nacional de Municipalização do Turismo, que busca implantar um modelo de gestão da atividade turística, para os estados e promover meios para dotar os municípios brasileiros, de potencial turístico, de condições técnicas, organizacionais e gerenciais para o desenvolvimento das atividades turísticas locais. A criação de novos polos turísticos foi o próximo passo para o desenvolvimento desta economia no país. Em 2003, o governo cria oficialmente o PNT – Plano Nacional do 17 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1376.htm) O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 58 Turismo que definem quais são estes novos polos e oferece recursos e apoio para sua promoção nacional e internacional18. O aumento de brasileiros trabalhando sob o regime da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho institui o direito á férias remuneradas que permite a abertura de um mercado turístico interno que favorece os investimentos por parte do governo no turismo regional. Grande parte da população assalariada passou a viajar e a praticar o lazer como um direito social. Para estimular esta classe a viajar pelo seu próprio país o governo cria o Programa de Regionalização do Turismo, também em 2003. Este programa divide o Brasil por categoria de atividades, dentre eles, Sol e Praia, Ecoturismo, Aventura e Pesca. A categoria Sol e Praia divulgam algumas cidades do litoral Norte Paulista, como Caraguatatuba, Ilha Bela, Santos e São Sebastião. Imagem 17 e 18. Divulgação do Salão http://www.turismobrasil.gov.br/promocional. do Turismo em São Paulo. Fonte: Estas políticas públicas foram iniciativas do governo com relação a atividade turística, mas o que dizer dos planos voltados para a ordenação do território? Qual a sua relação com o turismo? Os planos territoriais no Brasil eram feitos sem a participação da população desconsiderando as questões sociais. Mas a constituição de 1988, o artigo 182 e 183 tenta mudar esta situação tornando obrigatória a participação popular na gestão do espaço urbano. Através da lei 10.257/10, a lei do Estatuto da Cidade regulamenta estes dois artigos da constituição. O artigo 182 obriga as cidades com mais de 20.000 habitantes a terem o seu Plano Diretor. O artigo 183 dá o direito de posse para quem estivesse utilizando como moradia lotes com até 250 m2 por mais de 5 anos. Os primeiros Planos Diretores foram construídos pela diretoria de saneamento e na verdade eram planos viários, complementares à legislação referente a arquitetura. Os Planos Diretores eram construído a partir de uma equipe multidisciplinar de 18 O PNT Plano Nacional de Turismo de 2007/2010 propõe ações, metas e medidas de incentivo aos investimentos privados como forma de contribuir na melhoria da qualidade do produto turístico. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 59 profissionais com o objetivo de pensar no espaço urbano da cidade a partir de uma visão integrada. Porém, a atuação desses profissionais, eram controlada pelo Estado. (KOHLSDORF, 2002). Em1990 foi criado um projeto de Lei n° 5788/90 no Congresso Nacional conhecido como Estatuto da Cidade que contou com a participação da sociedade civil representada pelos movimentos sociais e, diversas entidades representativas interessados na reforma urbana. A lei federal n 10.257 de 10/2001 do Estatuto da Cidade estabelece no artigo segundo. que a política urbana tem por objetivo ordenar o desenvolvimento das funções sociais da cidade, assegurando o direito ao lazer. Isto significa que os planos diretores das cidades brasileiras devem estabelecer regras urbanas que permitam este direito. Também, no artigo 26, determina que o direito de preempção poderá ser exercido pelo poder público sempre que necessitar de áreas para a criação de espaços de lazer para a cidade. No artigo 37, o EIV, Estudo de Impacto de Vizinhança será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento analisando entre os itens relacionados, a paisagem urbana, o patrimônio natural e cultural. Outra iniciativa do governo é a lei federal n 9.985/2000 SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que tem como um dos objetivos relacionados “o de proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica”; promover a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico. A criação de Parques Nacionais atende a estas necessidades conforme o artigo 11 e o no artigo 5 a lei incentiva a busca de organizações privadas para o desenvolvimento de atividades de lazer e de turismo ecológico. Também determina que as cidades que estão em áreas turísticas obrigatoriamente devem possuir o seu Plano Diretor. Na questão da preservação ambiental o Decreto Federal n 5.746 de 2006 regulamenta o artigo 21 da lei 9.985 de 2000 que define o que são as RPPNs – Reserva Particular do Patrimônio Natural e como elas devem ser criadas. A RPPNs é uma unidade de conservação de domínio privado com o objetivo de conservar a diversidade biológica de uma região. Este tipo de reserva somente pode ser criada em áreas de posse e domínio privados. A região de Bertioga, área em estudo, recebeu do CONSEMA, o Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado de São Paulo a aprovação do Parque Estadual Restinga de Bertioga com 9.264 hectares e reúne um rico ecossistema que abriga 98% dos remanescentes de restinga da Baixada Santista, 300 espécies de animais e mais de mil tipos de plantas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 60 Mapa 11: Reserva Particular do Patrimônio Natural de Bertioga. Fonte: Revista Almasurf, http://www.almasurf.com/news.php?id=746&canal=7&pagina=4 No estado de São Paulo, qualquer empreendimento de grande porte com mais de 400 unidades deverá ser aprovado pelo grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais, conforme estabelecido pelo Decreto n 33.499 de 1991 e Resolução SH n 087 de 02.09.1996. O artigo 5 da lei define que, caberá ao GRAPOHAB Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo, analisar e deliberar sobre os seguintes projetos de parcelamento do solo e de núcleos: Projetos de condomínios residenciais horizontais e mistos (horizontais e verticais), com mais de 200 unidades ou com área de terreno superior a 50.000,00 m2; Projetos de condomínios residenciais verticais, com mais de 200 unidades ou com área de terreno superior a 50.000,00 m2, que não sejam servidos por redes de água e de coleta de esgotos, guias e sarjetas, energia e iluminação pública: Projetos de condomínios horizontais, verticais ou misto (horizontais e verticais) localizados em áreas protegidas pela legislação ambiental com área de terreno igual ou superior a 10.000,00 m2. Para os empreendimentos turísticos constituído de residências térreas e edifícios residenciais, mesmo que não sendo a principal moradia do proprietário, mas para ser O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 61 utilizado no verão, se caracteriza um empreendimento do tipo condomínio residencial19, e, portanto é preciso ser aprovado pela comissão GRAPOHAB. Esta comissão reunirá membros que representaram os seguintes órgãos envolvidos no processo de aprovação. A aprovação final do projeto analisado dependerá de unanimidade expressa e favorável de todos os membros do grupo. SABESP - empresa brasileira concessionária de serviços de saneamento básico. Vai fornecer as diretrizes do sistema de abastecimento de água e tratamento de esgoto para a confecção do projeto de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. CONGÁS – Companhia de Gás de São Vai verificar a demanda necessária do Paulo. empreendimento e qual a capacidade da rede local EMPLASA - Empresa Paulista de Analisa a adequação do empreendimento Planejamento Metropolitano a Legislação, Federal, Estadual e Metropolitana. CETESB - Companhia de Tecnologia de Realizar o licenciamento ambiental de Saneamento Ambiental atividades consideradas potencialmente poluidoras. SEHAB – Secretaria da Habitação Análise urbanística dos parcelamentos do solo e empreendimentos habitacionais. SMA – Secretaria do Meio Ambiente Analisar os projetos sob aspecto da legislação ambiental. Concessionárias de Energia Elétrica Análise da disponibilidade de energia elétrica quanto a demanda necessária ao empreendimento. Corpo de Bombeiro. Projeto de Proteção contra incêndios. Tabela 04: Setores pelo qual o processo deverá ser analisado - Secretaria da Habitação do Estado, 2011. Elaborado pela Adriana Silva Barbosa. O projeto deverá passar por cada órgão público que vai analisar o projeto conforme as suas competências. Por exemplo, se o empreendimento estiver localizado numa área de Proteção Ambiental – APA ele será encaminhado para a CETESB formulará as exigências técnicas ao empreendedor e será solicitada anuência do órgão gestor APA. Todo o sistema de coleta, tratamento e disposição final de esgoto sanitário será analisado também pela SABESP, juntamente com o projeto Urbanístico e a certidão de diretrizes. Todos os empreendimentos que estão localizados na região metropolitana de São Paulo serão analisados pela EMPLASA, juntamente com planta do IGC – Instituto Geográfico e Cartográfico com a área do empreendimento desenhada confrontando a sua forma geométrica com a forma encontrada nas plantas do projeto urbanístico. 19 Entende-se por condomínio como edificações ou conjunto de edificações, de um ou mais pavimentos (horizontal ou vertical), construídos sob forma de unidades isoladas entre si, destinadas a fins residenciais ou não residenciais, e constituindo-se, cada unidade, por propriedade autônoma nos termos da Lei Federal n 4.591, de 16 de dezembro de 1964. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 62 Assim como existe um planejamento do espaço em terra, também existem leis com relação a área do mar. O espaço marítimo brasileiro esta dividido em 3 partes, em mar territorial, zona econômica exclusiva e alto-mar. Esta divisão é definida pela Lei Federal n 8617/93 e pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar nº 238/97. Nas áreas denominadas mar territorial, na extensão de 22 km a partir da linha da costa, o país tem soberania plena sobre recursos econômicos, navegação e comunicação; na zona econômica exclusiva, uma área contada a partir do mar territorial numa extensão de 370 km, o país tem soberania restrita à exploração econômica e à gestão dos recursos naturais; depois em alto mar a área passa a ser de uso internacional com liberdade de pesca e pesquisa científica. Tabela 05: Definições Legais, lei 8617/93. Fonte:http://fmu.br/pdf/p63a67.pdf O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 63 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 64 5. Características específicas dos investimentos turísticos em Portugal. Segundo BRITO, (2010), “definimos empreendimento turístico como o conjunto, coerente e delimitado, de instalações, serviços e experiências concebidos para a vivência das estadias da viagem para estanciar durante o tempo livre”, (BRITO, 2010, p. 45). Um empreendimento turístico também atende algumas necessidades culturais e sociais. A nobreza britânica que, no século XVIII transformou o “sacrifício médico da cura no prazer da vilegiatura”, acabou por alterar o sentido e os costumes da estadia nas termas. A praia também passa a ser procurada pelas virtudes da água e do ar marítimos mas já com a intenção da sociabilidade e da exibição pessoal. Então uma estância que se frequenta, o hotel ou a casa onde se hospeda, o tipo de diversão que se pratica funciona como marcadores sociais, constituindo elementos de distinção. Portanto, os empreendimentos turísticos actuais procuram oferecer não somente uma infra-estrutura adequada, mas também elementos necessários para demonstração de distinção social: “Para formar uma estação de banhos, há que se ter largas avenidas ensombradas de árvores, bonitos passeios com bancos, elegantes chalés entremeando com outras edificações mais modestas, hotéis razoáveis onde se encontre boa comida e pousada confortável, iluminação nas ruas e praças, asseio por toda a parte, um ou dois clubes elegantes para as valsas e os jogos à noite, um parque para os passeios à tarde e um estabelecimento de banho de água doce”, (TURISMO DE PORTUGAL, 2010, p.113). Estas áreas urbanizadas para o turismo deveriam portanto oferecer actividades típicas da monarquia e da aristocracia, além da praia: saraus, bailes, passeios, equitação, novos desportos como o tênis, remo e vela e encontros galantes. Além de oferecer áreas para o lazer, também é necessário ter infra-estrutura de saneamento, água e esgoto. Em Portugal algumas cidades melhoraram sua infraestrutura para receber os turistas: “Ao longo do século XIX assistiu-se na Europa à intensificação do urbanismo. As cidades, em geral, passaram por grandes transformações urbanísticas. No caso do Funchal, a actividade turística contribuiu para chamar a atenção para o investimento em áreas com repercussões sobre a saúde: esgotos e abastecimento de água. Facilidades com a iluminação eléctrica ou o telefone, enfaticamente referidas nos guias turísticos, ficaram circunscritas a esta cidade”, (TURISMO DE PORTUGAL, 2010, p. 101). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 65 O turismo em Portugal, na primeira república, ainda estava numa fase embrionária e, neste contexto, a emergência de expansão urbanística dos lugares turísticos, estâncias balneares, estâncias termais, cidades e vilas sustentavam-se na implementação pontual de equipamentos de apoio às práticas de lazer e turismo e na edificação dispersiva de moradias vocacionadas para o repouso e o lazer. Eram intervenções casuais assinadas por arquitectos famosos da época como o Arq. Raul Lino20, Frederico Ribeiro e Marques Silva. Portanto ainda era muito escasso o número de projectos turísticos com relevância urbanística e territorial surgidos nesta época, com excesso as urbanizações realizadas em Monte Estoril e Estefânia (Sintra) e os projectos urbanísticos associados as grandes cidades, Lisboa, Porto e Funchal, destinos já com alguma visibilidade no turismo internacional (Turismo de Portugal). Imagem 19: Quinta da Comenda, Setúbal, Portugal. 1903, Projecto de Raul Lino para o Conde D'Armand, em 1903. Fotografia da época. Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=425562. No decurso da I República foi lançado um dos projectos turísticos mais emblemáticos do turismo no contexto europeu, o do Estoril, apresentado em 1914 para a Câmara Municipal pelo empresário e visionário Fausto Cardoso de Figueiredo, numa brochura de 54 páginas sob o título Estoril: Estação marítima, climatérica, termal e esportiva. O projecto de iluminação, arborização, limpeza e recolha de lixo, compreendia um grande hotel com 340 quartos, um casino e um lago artificial, e a 20 Raul Lino nasce em 1879, filho de um abastado comerciante de materiais de construção. Em 1889, com 10 anos de idade foi enviado para Inglaterra (Windsor) estudar, e aos 13 anos foi enviado para a Alemanha, aprender mais uma língua e estudar arquitetura para Hanover. Frequentou a "Handwerker und Kunstgewerbeschule" e a "Technische Hochschule". Desenvolveu relações de amizade com o arquiteto alemão Karl Albrecht Haupt (1852-1932) no atelier de quem passou a colaborar. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 66 construção de um funicular com cremalheira ligando o alto do Monte Estoril à estação de caminho-de-ferro. Entre 1890 e 1903 foram construídos 28 moradias de veraneio no Monte Estoril, mas o gosto dos que frequentavam a estância foi mudando com o passar dos anos e a exigência de se ter um hotel de luxo e divertimento de melhor qualidade acabou levando a estância ao abandono. Mas Fausto de Figueiredo já morador no monte Estoril desde 1910 compra com o seu cunhado Augusto Carreira de Sousa uma área onde funcionava o balneário “Pátio da Viana”, junto com as quintas de Machado e das Caldas e funda a Sociedade Figueiredo & Sousa. Seu objectivo era transformar o Estoril num centro turístico de nível internacional e então contrata o arquitecto francês Henry Martinet, um projecto de urbanização turística. O empreendimento foi apresentado ao público em 1914, ano em que o governo decide incentivar investimentos em infra-estrutura turística (SILVA, 1991). O projecto apresentado era composto por 6 desenhos em aquarela e 11 plantas de antevisão de urbanização e edifícios a construir, estruturava-se em torno de cinco tópicos, entre eles, o turismo e suas vantagens, onde são aduzidos os bons exemplos da Suíça e França e onde se estimam alguns valores dos impactos financeiros do turismo e os exemplos dos modelos de sucesso em outros países: “Quer-se viver um pouco a vida impressionante de um meio cosmopolita? Percorre-se a Riviera. Banhos de mar? Vai-se a WAN Seastian, ou a Biarritz, ou a Ostende, ou a Helsingfors. Temporada de águas? Vichy, Wiesbaden e Marienbad, (TURISMO DE PORTUGAL, 2010, p. 89) Uma descrição mais minuciosa do projecto do Monte Estoril nos oferece uma noção dos investimentos turísticos já realizados: “O Estoril, Estação marítima, termal, climatérica e esportiva, não é já uma noção vaga, uma aspiração indefinida de sonhadores. Todos os planos estão minuciosamente feitos e estudados. No instante em que escrevemos, já cessa de duzentos homens e iniciaram os trabalhos preliminares de aterros e desaterros, construção de avenidas, pesquisa e captação de águas termais, ensaios de plantas decorativas, enfim a realização de um programa singularmente completo”, (TURISMO DE PORTUGAL, 2010, p 89). O projeto é desenvolvido pelo arquiteto Henry Martinet, inspirado nos ideais da “cidade-jardim” e na experiência da estância francesa de Biarritz: “A planta apresenta uma estruturação de um grande espaço balizado e servido por duas avenidas laterais, de cerca 500 metros de comprimento e arborizadas com palmeiras, de traçado O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 67 perpendicular à linha da costa. A sul, desenvolve-se uma praça vestibular ampla, ladeada, a nascente e a poente, por dois edifícios em meia-laranja destinados a estabelecimentos comerciais de artigos elegantes. Ao longo das duas avenidas, foram criadas pérgolas que, durante o inverno, se podiam transformar em galerias envidraçadas”, pag 89 (TURISMO DE PORTUGAL, 2010). Imagem 20: Praia do Estoril – Vista Parcial. Fonte: http://prosimetron.blogspot.com.br/2010/08/praias-de-portugal-7-d.html Imagem 21: Vista do Monte Estoril em direção a costa. Fonte: http://prosimetron.blogspot.com.br/2010/08/praias-de-portugal-7-d.html O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 68 Imagem 22: Vista Aérea da praia do Estoril. Fonte: http://prosimetron.blogspot.com.br/2010/08/praias-de-portugal-7-d.html No sul de Portugal pouco havia sido feito para o turismo, no período de auge de Cascais e Estoril. O Algarve estava muito distante das principais urbes do país e portanto, não havia interesse no desenvolvimento turístico. Mas com a construção do aeroporto de Faro, a situação mudou. Um grupo português congregado pelo Banco Português do Atlântico e um grupo americano congregado por Great Lakes Properties Inc, subsidiária da Great Lakes Carbon Corporation, uma das maiores organizações industriais dos Estados Unidos, com experiência comprovada em promoções imobiliárias de grande escala, a LUSOTUR, comprou uma propriedade com 1.600 hectares no município de Loulé, a 18 km do aeroporto internacional de Faro21. O Anteplano de Urbanização foi elaborado por um grupo de urbanistas portugueses, franceses e americanos e foi aprovado em 1966. Antes do Anteplano foi elaborado um programa de cálculos para estimar a quantidade de área necessária para o uso urbano e para o uso agrícola. Da área urbana estimada foi feito um estudo das áreas que deveriam ser reservadas para habitação, para os equipamentos públicos e para as áreas de lazer. Segundo o programa, num investimento turístico de grande porte é preciso considerar a quantidade de população máxima a ser atingida quando o empreendimento estiver pronto. Haverá uma população de turistas e de uma população complementar que será atraído pela oferta de emprego. Dessa população complementar temos uma outra população que prestará serviço à população complementar, visto que o tipo de serviço 21 Segundo o prof. Dr. Roberto Righi trata-se de empreendimentos de 1º ordem de monopólio espacial. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 69 que a população complementar necessitará não será a mesma dos turistas. Esta segunda categoria de população poderá a vir morar no entorno do empreendimento ou nos vilarejos vizinhos. Destas duas populações, complementar e de turistas, uma parte poderá a vir morar no empreendimento, pois os turistas poderão se aposentar e então não precisará de morar na sua cidade de origem e alguns dos que trabalham no empreendimento poderão se tornar trabalhadores fixos e com o tempo poderão se alojar permanentemente nos hotéis, nas residências dos turistas ou morar nas redondezas. O que então poderá ocorrer é a formação de uma população a viver no entorno do empreendimento turístico que com o tempo necessita de todos os serviços de uma cidade comum. A decisão de se prever equipamentos públicos que atendessem tanto os turistas como esta nova população é do responsável do projecto, que poderia prever uma futura parceria com a prefeitura. Uma vez definido o número de habitantes fixos (turistas e complementar) foi estimado a quantidade de camas necessárias. Uma vez tendo esta estimativa seria possível chegar a uma quantidade de área necessária para a construção de habitações que se dividirá em 4 categorias: hotéis, alojamentos de baixa densidades, alojamento de alta densidade e residências privadas de veraneio.Portanto haverá sempre uma população de turistas, uma população complementar que se instalaria dentro do empreendimento ou se concentraria a alguns quilômetros do empreendimento e se misturaria com a população nativa da região. Quanto as características da população complementar, ou seja, a população que irá prestar serviços ao empreendimento, o valor do salário variará em função, tanto do nível de vida da clientela, como do nível de vida da população local. Conforme o programa inicial proposto para Vilamoura por exemplo pela equipe de BAKER (1965), “em geral, quanto maior é o afastamento entre os dois níveis sociais maior é o número de pessoas necessárias para desempenhar os serviços”, (BAKER, 1965, p. 14). Uma vez avaliado a quantidade de pessoas a vir morar no local do empreendimento é preciso estimar quantas pessoas morariam de forma fixa e quantas morariam de forma sazonal. Esta estimativa deve ser uma projeção para 20 a 30 anos22. Uma avaliação destas ajuda a determinar a quantidade de área necessária para habitar e a quantidade de equipamentos privados e públicos. 22 No caso de Vilamoura é preciso notar que passada 10 anos da sua criação se verificou a resolução de 25 de abril de 1974, o que alargou a repensar o programa futuro de desenvolvimento de Vilamoura. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 70 Depois é preciso descrever com detalhes cada equipamento para chegarmos a uma área mínima e depois começar a transformar estas necessidades em desenhos. Nesta fase se define o MASTER-PLAN, um desenho, ou um primeiro estudo em forma de croqui da forma e da localização destas futuras edificações no terreno. Este desenho deverá levar em consideração o processo de construção ao longo dos anos, já que um empreendimento deste porte não se constrói tudo ao mesmo tempo, mas pode levar 10 a 20 anos, ou mais. O professor Costa Lobo pela sua experiência como urbanista explica como ele começa a desenvolver um projeto desta dimensão: “Dividir o território em espaços em que seus habitantes e visitantes se sintam integrados pela: sua proximidade, a escala humana e acessibilidade interior pedonal; formato quanto possível próximo do círculo (relação com o centro a prover da área central facilitando a coesão social integradora); Identificação dos residentes com o sítio considerado do espaço natural de drenagem, nome próprio existente ou a criar; consideração dos espaços administrativos quanto possível; respeito pelas comunidades humanas existentes; desenho favorável ao planeamento urbanístico e por fim a idealização da estrutura formatada com os espaços através de debates com aproximação sucessiva e opção final, após testes, por intuição, procurando a SÍNTESE” (Entrevista com Prof. Manuel Leal da Costa Lobo, Coimbra, Portugal 20.12.10) Imagem 23: Vista da Praia onde hoje, se localiza Vilamoura.Fonte: Plano de Vilamoura de 1966 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 71 Imagem 24: S. Barbara De Nexe ,À Esquerda: Vista Do Estádio Do Algarve - Faro Loulé. Fonte: http://www.sitiodaslareiras.com/chamines_antigas.htm. 5.1 O Caso de Vilamoura, Loulé, Algarve – Flexibilidade, evolução, tendências chaves para a sustentabilidade. Em Maio de 1964 é proposto a elaboração dos planos parciais de urbanização das áreas onde estava previsto a concentração de empreendimentos turísticos no Algarve. Segundo dados de BRITO (2009 p 10), houve um planejamento Sub-Regional em que dividia o litoral do Algarve em 5 setores: Meia Praia, Alvor à Praia da Rocha, Armação da Pêra, Quarteira onde se encontra Vilamoura e Manta Rota a Monte Gordo. Em Quarteira por se localizar uma grande propriedade pertencente a um único proprietário houve um caso diferente por ser um plano urbano promovido pela iniciativa privada. No plano sub-regional, algumas premissas fundamentais estabelecidas pareciam estar de encontro com as necesssidades de preservação das áreas de potencial turístico: A concentração como norma da expansão urbano-turística em núcleos vitalizados e se possível que aproveitasse centros urbanos já existentes. Dispersão somente em casos excepcionais por ser antieconómico. A separação na orla marítima, dos percursos de peões e das vias de automóvel. Graduação das áreas de terrenos destinados a cada tipo de ocupação (hotéis, motéis, apart-hotéis, blocos residenciais, residências, bungalows e outros tipos de alojamento. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 72 Fidelidades ás raízes tradicionais arquitectónicas. A regra de todos os projetos particulares e privados passaram pela aprovação do urbanista responsável pelo plano urbano enquanto durar a sua colaboração oficial às Câmaras. Um desenvolvimento turístico urbano que respeite as a “essência e a personalidade” da vila. Que a nova ocupação não deveria lesar o equilíbrio do meio no qual é o principal atrativo e encanto do Algarve. Uma ocupação que valorize a alta qualidade plástica dos conjuntos urbanos e pelo seu bom nível de estruturação turística. O Setor em que encontrava o empreendimento de Vilamoura, uma área compreendida do Norte da linha de costa que vai de Ponte da Galé até Vilamoura, deveria ser elaborado pelo arquiteto Norberto Correa, urbanista da Câmara de Albufeirr em 1966. O urbanista elabora então uma planta geral esquemática com a indicação dos vários núcleos turísticos previstos ou em estudos, e ainda as expansões admitidas (BRITO, 2009). Vilamoura foi um dos poucos núcleos urbanísticos em que a DGSU - Direcção Geral dos Serviços de Urbanização permitiu a concentração de um alojamento turístico inteiramente a cargo duma iniciativa privada. Vilamoura esta situada na região do Algarve na parte meridional de Portugal Continental, no concelho de Loulé, na freguesia de Quarteira. A região também sofreu as consequências do maremoto que ocorreu em 1755. Segundo Denise Alves dos Sanos Relvas (2010) Quarteira foi devastada e quase todas as marcas físicas de suas ocupações anteriores foram apagadas da vila. Segundo Parecer da GTPRA – Gabinete Técnico do Plano Regional do Algarve, Vilamoura “gira em volta de um conceito atualizado de organização urbana que tem a melhor exemplificação nas novas cidades inglesas e que se adapta a estâncias turísticas de grandes dimensões” (BRITO, 2009, p.12). Em 03 de Novembro de 1965, a Lusotur apresenta para aprovação oficial o Anteplano de Urbanização da Estação Turística de Vilamoura (BRITO, 2009). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 73 Mapa 12: Portugal com a região do Algarve a esquerda. Fonte: http://www.uc.pt/bguc/novidades_exposicoes/MapasJoanina A capital do Algarve, Faro tem 4.996 km2 (5,6% do Continente), com uma população de 430.084 habitantes, com 16 municipios. As características geomorfologicas são: Planicie no litoral, relevo mais para o interior. O ponto mais alto situa-se na Serra de Monchique. O rio principal e o Guadiana que faz fronteira com Espanha. A flora e tipicamente caracterizada pelas amendoeiras, as figueiras da India, a flor de cardo, as flores de rosmaninho, as azinheiras, os sobreiros, as oliveiras e as alfarrobeiras. As atividades predominantes no setor agrícola são a produção de milho e trigo. Os produtos agrícolas tradicionais são os frutos secos, aguardente de medronho e cortiça. Na pecuária predomina o gado asinino. No setor industrial as principais atividades são a aquacultura, floresta (cortiça e alfarroba), mármores e brechas, caramica decorativa, artigos em cobre e madeira, agro-alimentares (produtos biológicos), indústria pesqueira (conservas). O número de empresas exportadoras é de 429 (1,8% do total) – (AICEP-Portugal Global, 2010). Em 1960, época em que deu inicio ao projeto de Vilamoura, a economia da região se concentrava nas fábricas de conservas e na indústria da cortiça. O tipo de solo encontrado no Algarve, desde a década de 1970, de acordo com o Plano Regional de Ordenamento Florestal do Algarve desta década, tem apresentado 92,47% da área com risco de erosão, de moderado a elevado. A vegetação parece ter desaparecido: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 74 “Em 1962, a vegetação da Paisagem Natural parece ter desaparecido e, em algumas encostas quase inacessíveis da Serra, só a lembrança das roças, das pastagens e outras destruições milenárias, pode corrigir a impressão de espontaneidade que dá este manto de arbusto, denso e uniforme como uma vestimenta primitiva das serras e dos vales”. (BRITO 2009, p.16). Parece que o espaço natural já havia sido alterado antes da fase da exploração turística, com actividades que provocou o empobrecimento do solo. “Em 1875, a superfície produtiva do Algarve é estimada em 235 000 hectares e a inculta em 236.000. Em 1951, haviam 55.800 hectares de área inculta, resultante de superfícies que foram diretamente cedidas pela floresta através do seu decaimento ou rejeitadas por uma agricultura utópica depois duma exploração de empobrecimento, e que é deixada livre para uma pobre vegetação espontânea, utilizada somente como subsídio de uma igualmente pobre pecuária” (BRITO 2009, p.9). O turismo parece ter melhorado o espaço no sentido de oferecer melhores infraestruturas mas por outro lado há pouco recurso natural disponível como a água. Em 1962, os núcleos urbanos tradicionais não dispunham de redes suficientes de água, esgotos e recolha de lixo e o Plano Regional do Algarve dava prioridade ao estudo da captação das águas superficiais, mesmo tendo uma região rica em águas subterrâneas. Em vários processos da época, o município decidia que o promotor deveria garantir as infra-estruturas do empreendimento e participar nos custos da rede pública. É o início de uma fase em que a actividade turística passa a interferir no espaço físico como sendo uma fonte de poluição. Em 1966 a região se apresenta com falta de qualquer sistema de estação depuradora de esgotos e infra-estruturas de saneamento. Já em 1980, o governo reconhece que, sem uma intervenção adequada a situação em que se encontrava a região, o problema se agravaria e não seria possível continuar a pensar em qualquer crescimento na capacidade de alojamento turístico. Em 1990 o governo entende que a disponibilidade de água, o tratamento de águas residuais, a recolha de resíduos sólidos urbanos e a limpeza de espaços públicos são um tipo de prestação de serviços que deveria ser oferecido tanto por parte dos serviços ambientais públicos, como por parte dos empreendimentos turísticos. Segundo Relvas (2010), a freguesia de Quarteira, a freguesia em que se localiza Vilamoura é hoje umas das freguesias mais populosas do concelho de Loulé. Conforme dados de 2008 do PORI – Plano Operacional de Respostas Integradas, Quarteira possui uma taxa de crescimento demográfico superior a 60% (1991 – 2001) e uma densidade populacional de 426,13 hab/Km2 resultante do desenvolvimento do O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 75 turismo na região que atraiu uma população de imigrantes provenientes do Brasil, do leste Europeu, Africa e estrangeiros da Europa Ocidental: “O desenho urbano da cidade é caracterizado por anos a fio de planos de construção em altura, de uma forma desordenada de construção que privilegiou as habitações de três, quatro andares, destinados à segunda habitação. Em 2001 existiam cerca 414 alojamentos de uso sazonal/secundário por km2, número bem superior a da sede concelhia (Loulé) que é de 30 alojamentos por km2”, pag. 66 (RELVAS, 2010, p 35). O resultado da permissão do processo de verticalização da cidade por parte dos atores públicos é de uma cidade caracterizada por uma grande concentração urbana de prédios com forte densidade populacional, e áreas periféricas onde estão localizados os bairros sociais e as construções “mais modernas”. No MASTER PLAN PRELIMINAR de Vilamoura, a área total adquirida pela LUSOTUR, representa 1.631 hectares e estava previsto, de uma maneira geral, reservar aproximadamente: 577 hectares para diferentes explorações agrícolas; 1.054 hectares para instalação de um centro turístico de grande categoria. Nesta área foi contemplado um diversificado conjunto de estruturas, com ênfase nas unidades hoteleiras, aldeamentos e habitações turísticas, actividades desportivas, marinas e lagos artificiais, além de todo o equipamento necessário à vivência dentro de um aglomerado urbano. O Plano original foi objeto de várias revisões, de caráter pontual, mas que manteve a sua estrutura original, procurando adáptá-las as novas solicitações de uma realidade turística que foi se desenvolvendo ao longo dos 15 anos. Portanto o Plano de Vilamoura aprovado em 1966 e revisto em 1980 constituiui em um instrumento orientador do desenvolvimento de Vilamoura, tendo como garantia, um ordenamento do território de qualidade. Com o passar dos anos o mercado turístico sofreu fortes mudanças e portanto novos conceitos foram incorporados ao modo de usufruir as áreas de lazer. O desafio depois foi encontrar um ponto de equilíbrio entre espaços públicos que teriam que continuar com um tipo de ambiente mais tranquílo e longe de barulho e dos pontos de intensa atividade turísticas e os pólos de atração. A solução foi a redução da densidade em algumas áreas, a implantação de novas estruturas de animação e a redefinição de algumas áreas de proteção ambiental. Estas modificações foram feitas, mas os limites dos setores definidos desde o início do plano urbano foram mantidos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 76 6. Características específicas dos investimentos turísticos no Brasil. No Brasil, apesar da ocupação do território brasileiro ter iniciado pela costa, a paisagem constituída de mar, areia e sol como um espaço de lazer somente passa a ser visto como uma área valorizada pelo mercado imobiliário no início do século XX. Segundo ANDEAROS (2005), o bairro de Copacabana foi um marco deste processo onde “o mar aparece como valor cênico e paisagístico e a praia como espaço para o lazer, incorporando-se ao repertório urbano brasileiro. O termo “segunda residência” no Brasil aparece no recenseamento demográfico de 1970, quando o IBGE – Instituto de Geografia e Estatística em que se define este tipo de moradia como domicílios que servem ocasionalmente de moradias para descanso de finais de semana ou férias. As áreas de segunda residência são caracterizada por ANDERÁOS (2005) como um espaço capaz de atrair turistas devido aos seus atributos ambientais, e que quando não há mais atributos de paisagens, nem qualidade ambiental satisfatória, o lugar passa a não ser mais um receptor de turista. Para MACEDO, (2004), o território da costa brasileira se estruturou em padrões de urbanização turística: O Urbano Consolidado: formado por trechos de costa urbanizada de forma tradicional apresentando, muitas vezes de um nível avançado de degradação, onde as atividades turístico-recreativas são complementares e totalmente inserida no cotidiano urbano, destacam como exemplo as cidades Santos e Rio de Janeiro; O Urbano Balneário (ou recreativo): formada por extensos trechos da costa ocupados exclusivamente por loteamentos destinados à segunda residência, situados em municípios cuja atividade urbana principal esta voltada ao turismo, como por exemplo Ubatuba e São Sebastião, Urbano exclusivamente hoteleiro: constitui de assentamentos urbanos isolados, ou conectados a outro cuja a principal função é oferecer hospedagem e demais serviços e o Urbano Rústico que ocorre em lugares em processo urbano embrionário em lugares de cenários naturais paradisíacos. Dentre estas diferentes formas de urbanização, no litoral norte paulista, muitos dos arquitetos aproveitaram a fase de crescimento da economia, entre os anos de 60 e 70, e construíram inúmeras casas de veraneios em cidades como Guarujá e Santos. Pode-se destacar os arquitetos. Miguel Juliano, Paulo Mendes da Rocha e o Arq. Eduardo Longo com a “casa pirâmide”, na Praia de Pernambuco (DIAS, 2003) O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 77 Imagem 25 e 26: Eduardo Longo, Guarujá, Brasil. Fonte: http://leonardofinotti.com/projects/mghouse/image/10107-080820-002d Nos anos de 1990, a casa de veraneio projetada pelo arquiteto Marcos Acayaba localizada num condomínio na praia de Tijucopava, Guarujá, SP se destaca pela solução arquitetônica encontrada para um terreno com grande declividade e de difícil acesso. A área não sofreu desmatamentos desnecessários e a Mata Atlântica foi quase totalmente preservada tendo somente três pilares de concreto que sustentam e recebem a estrutura de madeira. Imagem 27 e 28: a casa Acayaba, de Marcos Acayaba, Guarujá, litoral de São Paulo. Fonte: GUERRA, Abílio; RIBEIRO, Alessandro José Castroviejo, Casas brasileiras do século XX. Arquiteto 074.01, ano 07, julho 2006. http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.074/335 Como a tese é focada para empreendimentos turísticos em regiões do litoral, ao invés do estudo de casas individuais este capítulo será voltado para mostrar como são feitos os empreendimentos de segunda residência, do ponto de vista do urbanismo nestas áreas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 78 No Brasil, os empreendimentos construídos fora das grandes cidades precisam ser dotados de uma infraestrutura completa por não haver uma infraestrutura disponível existente. São áreas que são escolhidas pelas incorporadoras, construtoras e investidores por oferecer uma paisagem natural de rara beleza, capaz de atrair o turista para o seu período de férias e descanso. Neste caso o próprio empreendimento se transforma num ponto de destino turístico onde todo o suporte ao turista de saneamento básico, alimentação, conforto e lazer depende da qualidade do empreendimento turístico. Na realidade o cenário natural é utilizado com a intenção de se obter lucro financeiro. Uma contradição de interesses que cria um duelo entre o idealismo e o realismo. No Brasil, na parte da costa e principalmente na região nordeste, encontra-se vários empreendimentos hoteleiros dotados de uma infraestrutura completa quanto ao sistema de abastecimento de água potável, de tratamento, coleta e disposição final de esgoto, energia elétrica, coleta seletiva de lixo, além do planejamento urbano e oferta de serviços. Nas demais regiões costeiras, a oferta de hospedagem se constitui de empresas hoteleiras com operações pequenas e familiares, que se desenvolvem tendo o mar como base da atração turística (FLETCHER, GILBERT, SHEPHERD, 2003). Os Resorts são normalmente de propriedades de grandes empresas de capital aberto e portanto existe uma pressão muito grande dos acionistas para um retorno do investimento em curto prazo. O objetivo principal é fazer dinheiro. Conforme dados da Associação Brasileira de Resort, os Resorts se concentram na maior parte na região Nordeste do Brasil, com 24 no total instalados na praia contra 4 na região sudeste, região desta pesquisa. Destes quatro tem-se o Portobello Resort & Safári, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, com 27 aptos e 25 suítes; o Casa Grande Hotel Resort Spa, no Guarujá que faz parte da The Leading Hotels of the World, conceituada associação que reúne os hotéis mais luxuosos do mundo, com suítes e chalés para a hospedagem de grupos maiores; o Meliá Marina Resort em Angra dos Reis, Rio de Janeiro com 200 aptos, 34 duplex e 48 suítes; o Softel Jequitimar, na praia de Pernambuco, Guarujá, com 301 quartos e spa. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 79 Imagem 29: Resort Portobello no Guarujá. Fonte: http://www.litoralverde.com.br/resort/angrados-reis/hotel-portobello-resort-safari.php Mapa13: Resort Portobello no Guarujá. Fonte: http://www.litoralverde.com.br/resort/angra-dos-reis/hotel-portobello-resort-safari.php Alguns Resorts aproveitam a suas localizações privilegiadas e seu reconhecimento pelo conforto e qualidade para lançar loteamentos residenciais voltados para o veraneio. Um exemplo na região Sudeste é o Portobello Resort que lançou um loteamento próximo das suas instalações hoteleiras e que permite o sucesso á marina e o heliporto do empreendimento turístico. “O mais novo lançamento imobiliário de Paraty espera por você!. São terrenos de 1.100 m² a 1.800 m², em uma grande área com muito verde , entre o aeroporto da cidade e a Marina Porto Imperial. Pertinho do Centro histórico e de fácil acesso, este empreendimento se destaca por localização privilegiada e infraestrutura” http://www.loteamentoportoimperial.com.br O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 80 Mapa 14: loteamento lançado pelo Resort Portobello no Guarujá. Fonte: http://www.litoralverde.com.br/resort/angra-dos-reis/hotel-portobello-resort-safari.php Como exemplo deste cenário de ocupação tem-se no Estado da Bahia, o desenvolvimento turístico na região da Mata de São José, um polo de atração de novos investimentos em empreendimentos turísticos no Brasil. A região iniciou o seu desenvolvimento em 1980, com a iniciativa do governo estadual, na construção da “Estrada do Coco” iniciativa que favoreceu a construção do complexo turístico Costa do Sauípe. Após a sua implantação a região vem recebendo muitos outros investimentos, como o grupo português Reto Atlântico, com quase mil unidades habitacionais, 560 casas de luxo e uma vila comercial com 32 lojas, restaurantes e centro de eventos, denominado Projeto Turístico Reserva Imbassaí; e o grupo brasileiro Oderbrecht, que esta investindo na construção de unidades, e Quintas de Sauípe com 175 unidades. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 81 Mapa 15: Imagem Satélite geral com a localização do Resort Costa do Sauípe e depois os condomínios residenciais privados e casas particulares de veranistas. Fonte: Google Maps Mapa 14: Vista aérea de Costa do Sauípe Fonte: Google Maps em 17/11/12 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 82 Mapa 17: Vista aérea de um condomínio residencial próximo à Costa do Sauípe Fonte: Google Maps Os empreendimentos Turísticos Residenciais normalmente se situam em áreas de belezas naturais, porém nem sempre oferece um suporte de áreas de esporte e lazer compatível de um resort, mas procura-se desenvolver um traçado urbano procura se adequar as características físicas geográficas do lugar. Este quesito difere muitos dos empreendimentos residenciais urbanos, que adota densidades urbanas elevadas ao máximo passando do coeficiente de aproveitamento permitido por zona. Mapa 18: Ocupação Urbana próximo ao empreendimento Costa do Sauípe Fonte: Google Maps. 10.10.2012 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 83 Para qualquer tipo de empreendimento turístico de grande porte que envolva a construção de várias edificações significa que haverá um processo de loteamento de uma determinada área e depois, a instalação de todas as infraestruturas necessárias. Isto envolve ter conhecimento de todas as fases do projeto e os atores envolvidos neste processo. Abaixo se tem um esquema básico dos principais profissionais envolvidos desde a aquisição do terreno até a sua comercialização. Investidores (VIAB. FINANCEIRA) CONSTRUTORAS INCORPORADORAS (VIAB. FINANC. E COMERCIAL) PROPRIETÁRIO DA GLEBA ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA (IMOBILIÁRIA) (VIAB. P.Visual e TÉCNICA) Gráfico 02: Esquema dos negócios do mercado imobiliário no Brasil. Fonte: Adriana Silva Barbosa, 2012. Neste esquema de negócios os envolvidos podem agir de várias formas. Pode ser que o proprietário, interessado em vender as suas terras procure um escritório de arquitetura para desenvolver um projeto e com isso oferecer para algum investidor. Pode ser também que o investidor esteja em busca de um terreno e já tenha seus técnicos. Mas destaca-se a importância do Escritório de Arquitetura nessa fase, levando o consumidor a ter primeiramente uma análise visual, para se certificar se o terreno não está em área de inundação, ou área de mangue, ou de solo contaminado, ou sobre um sítio arqueológico. Alguns problemas que poderia tornar o empreendimento inviável, não são possíveis de detectar visualmente, mas órgãos públicos poderão ser consultados como a CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, para verificar se há alguns tipos de contaminação do solo: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 84 CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico que poderá ser verificado se o terreno faz parte de área envoltória de proteção de algum bem tombado; SÃO PAULO URBANISMO23 é um departamento, que substituiu à antiga EMURB – Empresa Municipal de Obras de Urbanização, onde poderá ser verificado se a área esta em processo de desapropriação em função de novas operações urbanas. Após essa viabilidade visual prévia e consulta aos órgãos públicos, passa-se a estudar a viabilidade técnica, ou seja, verificar se numericamente pode-se projetar para determinado dimensionamento de pessoas, equipamentos sociais e outros, conhecendo as requisições de órgãos públicos. Após esse tipo de viabilidade técnica, é importante contar ainda com a viabilidade financeira, estudandose o custo da obra em determinado tempo, bem como qual será o tempo do retorno desse investimento. Por ser um empreendimento de grande dimensão (porte), envolve buscar recursos externos, bancos ou investidores internacionais para viabilizar o projeto e, portanto é um tipo de projeto que não depende somente da eficiência do urbanista, mas envolve vários fatores como, por exemplo, se caso o investidor determinar um prazo para obter o seu retorno financeiro é preciso dimensionar o desenvolvimento do projeto que possa atender a este prazo. Conforme Andrés Duany, arquiteto e urbanista da empresa DPZ – Duany Plater-Zyberk & Company – que já foi responsável por vários projetos urbanísticos pelo mundo, ele diz que desenhar e desenvolver um bairro planejado é diferente de projetar um edifício. “Pode-se pensar que a diferença entre escala e complexidade. A real diferença é o elemento tempo. Enquanto o projeto de um edifício deve ser terminado, ou espera-se que seja terminado em cinco anos e, geralmente, em muito menos tempo, o verdadeiro urbanismo precisa de talvez 30 anos.” Revista ADIT, nº1, 2012. No Brasil, um empreendimento deste porte poderá ser aprovado como um condomínio privado e neste caso, todas as ruas fazem parte do patrimônio dos proprietários do lote. Se for aprovado como um loteamento, então todas as áreas publicas serão doadas a prefeitura caracterizando o empreendimento como um tipo de bairro planejado. Uma gleba seria a matéria prima para o processo de loteamento.e, uma vez iniciado o projeto de divisão das terras em lotes será gerado o estudo de viabilidade técnica normalmente feita por um escritório de arquitetura, enquanto que a viabilidade financeira e comercial será feita por uma construtora, em parceria com os investidores. Para diminuir os riscos econômicos segundo AMADEI (2012) é preciso que as construtoras e os escritórios de arquitetura considerem as características físico23 http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano/sp_urbanismo/ O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 85 geográficas da área levando em consideração a influência de uma intervenção urbana no equilíbrio socioambiental do local. Este requisito que até pouco tempo era desconsiderada pelos atores do mercado imobiliário, hoje percebem que este cuidado significa muito para se ter um retorno financeiro seguro, pois para cada um dos atores do mercado imobiliário existe um interesse envolvido. Para o proprietário seria o interesse de conseguir vender sua propriedade por um bom preço, para o escritório de arquitetura seria conseguir fechar um contrato com todas as etapas de projeto e por um capital, para a construtora, conseguir comercializar os lotes obtendo lucro tanto para si, como para seus investidores. Para obter todos estes resultados é preciso trabalhar muito bem com as condicionantes ambientais e suas vulnerabilidades. No Brasil, segundo a Revista ADIT- Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico no Brasil, o Estado de São Paulo recebeu somente no primeiro semestre de 2012, 242 novos condomínios residenciais fechados. Segunda a revista isto aconteceu devido à precariedade do espaço urbano das principais cidades brasileiras, aliado à violência e a ineficiência dos meios de transportes. Segundo AMADEI (2012, p.23): “é a gleba, por fim, o elemento natural que liga umbilicalmente o empreendedor à atividade empresarial, de tal forma que tudo que nela ocorrer ou que a ela se referir, refletirá diretamente no seu proprietário, nos seus herdeiros ou sucessores e na empresa loteadora que se vincular ao negócio por contrato de parceria para aprovação, registro imobiliário, implantação de obras, comercialização e administração do empreendimento”. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 86 Abaixo seguem algumas definições referentes ao parcelamento de glebas, conforme as leis brasileiras. Definições Legais Gleba Lei Federal 9.875 Projeto de Lei n 3.057/00 Lote Lei Federal n 6.766 É o terreno que não foi objeto de parcelamento aprovado ou regularizado e registrado em cartório. A porção de terra resultante do parcelamento urbano destinada à edificação ou recreação. Loteamento É a subdivisão de gleba em lotes Lei Federal n 6.766, artigo 2 destinados à edificação, com aberturas de novas vias. As ruas são de domínio Público Condomínio É a divisão do imóvel em unidades PL N 3.057/00 autônomas destinadas à edificação as quais correspondem às frações ideais. As ruas são privadas e fazem parte da fração ideal dos lotes. Tabela 06 : Definições Legais para divisão de terras rurais e urbanas. Fonte: levantado por Adriana Silva Barbosa, 2012. No Estado de São Paulo, a GRAPROHAB – Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado, foi criado em 1991, com o objetivo de centralizar os procedimentos administrativos no processo de aprovação de empreendimentos de grande porte. Considerando que os condicionantes ambientais tem grande influência na qualidade ambiental dos empreendimentos turísticos na hora de aprovar um projeto deste porte pela GRAPOHAB alguns elementos deve ser levado em consideração (CELESTE, 2012). Se esta localizada numa área que foi utilizada para depósito de lixo ou para fins industriais. Se está ou não situada em área potencialmente suscetível a problemas geotécnicos, tais como erosão, instabilidade de encosta ou solo arenoso. Se o terreno pertence a uma área de Proteção Ambiental e se possui massa arbórea tombada. Se possui nascente ou área de inundação. O projeto deverá ser descriminado em áreas e porcentagens quanto a sua destinação. Deverá ser feito uma descrição dos lotes por tipo de uso (residencial, comercial, para lazer). Especificação das áreas construídas (os lotes, as áreas públicas, as áreas reservadas para a implantação do Sistema Viário). Especificação dos tipos de vias, O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 87 suas larguras, declividade e tipo de revestimento. Descrição das Infra Estruturas (Sistemas de água potável, sistema de coleta, tratamento e despejo final do esgoto, rede de energia elétrica, sistema de coleta e destinação do lixo produzido). Abaixo segue o quadro a ser utilizado para descriminar as áreas referentes a cada destinação urbana conforme o Manual da GRAPOHAB. Tabela 07: Áreas e sua destinação.Fonte: Manual da GRAPOHAB. No quadro abaixo deverão ser apresentados os requisitos urbanísticos quanto á população por lote residencial, densidade de ocupação residencial prevista para a gleba e o coeficiente de proporcionalidade. Tabela 08: Requisitos Urbanísticos. Fonte: Manual da GRAPOHAB O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 88 Além da escolha do terreno conforme sua viabilidade técnica e suas vulnerabilidades ambientais temos outro condicionante que poderá interir na viabilidade financeira e ambiental, que é a escolha do lugar do ponto de vista da “destinação turística”. Para a atração de turista para um novo destino, no caso de empreendimentos de grande porte como os Resorts e os Empreendimentos Turísticos Residenciais isolados e afastados das áreas urbanizadas é preciso que o lugar tenha uma estrutura viária ou aérea eficiente. No estado de São Paulo as políticas públicas de estruturação viária nas décadas passadas definiram o surgimento dos pontos turístico no litoral norte paulista. Mapa 19: Estado de São Paulo – suas rodovias e as principais cidades turísticas. Fonte: http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_sp_ilhabela.html Estes fluxos é que definem onde investir em empreendimentos turísticos e entre a região geradora de viajantes e a região de destinação turística, vários serviços poderá surgir como suporte deste mercado. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 89 Região geradora de viajantes Viajantes que partem Região de Rotas de Trânsito Turista que retornam Região de destinaçã o de Turista Gráfico 03: Sistema de organização básica de turismo.Fonte: COOPER, 2012 Mapa 20: Estado de São Paulo – suas rodovias e as principais cidades turísticas. Fonte: http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_sp_ilhabela.html No caso do Litoral Norte Paulista, a região de origem do turista é São Paulo e os acessos são.pela rodovia Ayrton Senna até São José dos Campos, seguindo pela SP099 (Tamoios) até Caraguatatuba e para chegar em Bertioga basta continuar a viagem e ir pela BR-101 (Rio-Santos). De São Paulo, a outra opção seria ir pela Imigrantes (SP-160) ou Anchieta (SP-150) até Santos; e de Guarujá até São Sebastião pela RioSantos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 90 6.1 O caso de Riviera de São Lourenço, Bertioga, São Paulo – Flexibilidade, evolução, tendências chaves para a sustentabilidade. Trata-se de uma área de 900 ha (9 milhões de m2), com 5 km de frente para o mar, no qual foi construído nos anos de 1960, um bairro turístico projetado pelo arquiteto Breno Perelmutter em parceria com o escritório PLURIC Pluricurricular de Projetos, com o Arq. e Prof. Oswaldo Corrêa Gonçalves no qual determinou padrões urbanísticos inovadores para a construção de um bairro turístico com capacidade para 60 mil habitantes. Segunda entrevista gravada e postada (http://www.benno.com.br/?page_id=11) Plano na internet Urbanístico do de seu Riviera escritório de São Lourenço foi o segundo empreendimento deste porte considerando a Barra da Tijuca como o primeiro, projetado pelo arquiteto Lucio Costa. Para o arquiteto o bairro de Riviera de São Lourenço possui um urbanismo com muitas soluções específicas para a região, quanto ao tratamento paisagístico para as áreas de fundo de lote, o equilíbrio entre cheios e vazios, um sistema viário sinuoso que permite ventilação adequada para as áreas dos fundos do loteamento. A população prevista fixa ficaria em torno de 3.000 entre funcionários fixos e turistas aposentados. Para fazer o processo de incorporação e loteamento foi estruturada com a parceria com a empresa Praias Paulistas do empresário José Aparecido Ribeiro e demais sócios. Para executar a urbanização do empreendimento foi contratado a Sobloco Construtora S/A. A gleba havia sido de um inglês que havia trabalhado na construção da usina hidrelétrica de Itatinga construída para gerar energia para o Porto de Santos, localizada aos pés da Serra do Mar em Bertioga, e queria vender para poder voltar para sua terra. Então esta era a oportunidade de comprar e de se implantar um núcleo urbano numa área de quase 5 km de praia deserta e próximo da capital paulistana. (MAZZOLENI, 2010). Assim os atores envolvidos no desenvolvimento do empreendimento urbano já estavam definidos: Projeto: Arq. Breno Perelmutter e Arq. Oswaldo Corrêa Gonçalves Incorporação e vendas: Cia Praias Paulistas Construção: Sobloco S/A Proprietário da Gleba: José Aparecido Ribeiro e Familia Levy. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 91 Investidores (VIAB. FINANC) CONSTRUTORAS SOBLOCO S/A (VIAB. FINANC. E COMERCIAL) PROPRIETÁRIO Familia Levy e José Ap. Ribeiro ESCRITÓRIO Arq. Breno Perelmutter e Arq. Oswaldo Corrêa Gonçalves (VIAB. TÉCNICA) Gráfico 04: Esquema com os Atores envolvidos no processo de decisão do projeto do bairro turístico de Riviera de São Lourenço. Fonte: Elaborada por Adriana Silva Barbosa,2012. Mas o fato de ser deserta e ainda sem nenhuma estrutura viária próxima do empreendimento preocupava o diretor da Sobloco quanto ao sucesso do projeto. Mas 1979 numa visita através de um sobrevoo na área, notou que a abertura de uma estrada que viria ser a Rodovia Rio-Santos (BR-101) Conforme entrevista com o diretor da SOBLOCO, o Sr. Luis Carlos Pereira de Almeida, feita por Sheila Mazzolenis, autora do livro, “Riviera de São Lourenço, ontem, hoje….registros”, “Ao, sobrevoar a praia de São Lourenço, senti um baque: a região era lindíssima”, lembra o diretor da SOBLOCO. Mas era também de difícil acesso. Felizmente, notei que uma estrada de terra já estava aberta a aproximadamente 1.800 metros da orla marítima e paralela a ela. Percebi que se fosse possível cruzar o rio Itapanhaú, próximo ao canal de Bertioga, aquela estrada se completaria e todo o litoral norte se tornaria acessível ao turismo e explodiria”. (MAZZOLENIS, 2020). Em 1984 foi concluída a ponte sobre o rio Itapanhaú, na Rodovia Rio-Santos. A execução desta obra durou mais de 20 anos e por isso muitas pessoas já não acreditava mais na sua conclusão. Além disso alguns danos ambientais já haviam sido causados pela água represada pela construção da rodovia deteriorando toda a vegetação existente no seu entorno. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 92 Segundo Mazzolenis (2008) os trabalhos de urbanismo foram iniciados em 1980 e vêm se desenvolvendo desde então. Para a captação da água do rio Itapanhaú foi solicitada permissão do DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica e o sistema de Esgoto foi originalmente proposto pela CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, o sistema de construção de Estações Compactas de Tratamento, mais tarde substituída por Lagoas de Oxidação. O esgoto é enviado numa extensão de 4 km até as lagoas onde receberiam tratamento, em área situada do outro lado da Rodovia Rio-Santos (MAZZLENIS, 2008). Mapa 21: Mapa de localização do empreendimento de Riviera de São Lourenço e os principais acessos disponíveis ao Litoral. Fonte:http://www.ivanpinho.com.br/downloads/fundamentos_turismo/17417_Fundamentos_do_ Turismo_Aula_04_Vol_1.pdf A construção da Rodovia Rio-Santos24 estimulou a ocupação e o loteamento das terras ao longo da costa. Por onde ela passou a paisagem mudou, mas em alguns pontos, como por exemplo na região entre Paraty e Ubatuba, a estrada segue mais para o interior afastando-se da península de Juatinga. Graças a este traçado, 100 km2 de área litorânea entre florestas, montanhas e praias desertas escaparam da ocupação turística (ARNT, 2006). A estrada atraiu muitos investidores interessados em comprar os terrenos na beiramar dos caiçaras (comunidades nativas do litoral paulistano) para lotear e vender, mas sem nenhuma proposta inovadora ou simplesmente adequada ao local. Esta atividade trocou a paisagem selvagem por uma paisagem urbana. Os caiçaras vendiam sua 24 Houve um projeto chamado Plano Turis, que orientou a ocupação da Rodovia Rio Santos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 93 porção de terra e se transferiam para a serra do Mar, enquanto, algumas famílias decidiam defender a sua cultura e permanecer nas terras. Neste caso, nem sempre as negociações eram pacíficas: “Bem no meio do caminho entre as duas maiores metrópoles brasileiras, a quatro horas de carro de São Paulo e do Rio de Janeiro, mas afastadas das agitações da história, existem florestas preservadas, praias desertas e paisagens fundadoras do imaginário brasileiro, resguardadas. A velocidade das mudanças transfigura territórios e culturas num ritmo desconcertante, dissolvendo o sentido e o valor atribuído às pessoas e às coisas para substituí-las pelo valor monetário”. (ARNT, 2006) Pag. 13. Este efeito repercutiu por todo o litoral norte paulista tendo nos anos de 1970 praias inteiras sendo adquiridas, muitas vezes por uma única incorporadora ou empresa de revenda de lotes. Muitos caiçaras viraram caseiro do novo proprietário da sua terra vendida. Todo este processo de urbanização da zona costeira ocorreu devido à expansão da atividade turística. No caso de Riviera, não se sabe se havia comunidades nativas no local, mas alguns “boatos” surgiram na época de que a empresa teria incentivado a saída de algumas famílias caiçaras que moravam na gleba. Mas não encontrei nada que comprovasse essa afirmação. O fato é que, no litoral norte esta fase de expulsão aconteceu em muitas praias da região segundo Ricardo Arnt, em seu livro, “As últimas praias: de Ubatuba a Paraty”. Mapa 22: Loteamento para Classe Média a Alta, Praia de Itamambuca (SP) se espalham por todo o litoral. Fonte: Google.Map, acessado em 12.12.12. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 94 A medida que as áreas próximo das praias foram sendo oucupadas, o mercado imobiliário necessitando implantar novos empreendimentos passaram também a ocupar as áreas de morros mesmo tendo riscos ambientais. Na gleba de Riviera verificou-se que na área não existia mangues ou dunas, também não existia cursos d`agua naturais, limitando-se o processo de escoamento de água pluviais em excesso ao encontro de saídas aleatórias para o mar. O traçado urbano foi dado uma especial atenção. Os proprietários e a construtora estavam decididos em não repetir os modelos de urbanização dos outros empreendimentos que estavam preocupados em simplesmente abrir ruas sem um planejamento adequado e com as infras estruturas necessárias. Portanto foi uma opção por parte dos envolvidos e não uma regra imposta pela prefeitura. Para garantir a não descaracterização urbanística do bairro a Sobloco juntamente com os advogados, Arlindo Carvalho Pinto, Pedro Cortez e Francisco Prado de Oliveira Ribeiro criou a Sociedade Amigos de Riviera de São Lourenço, uma sociedade sem fins lucrativos pelo qual todos os moradores deveriam, conforme statuto aprovado aderir á sua gestão. Juntamente com a veloz ocupação das áreas na beira-mar vieram também a implantação das leis ambientais para estabelecer limites e orientar a ocupação e remediar os danos. Uma das medidas foi a formação do Parque Estadual da Serra do Mar. Esta medida impediu o avanço do mercado imobiliário nestas áreas, mas também impediu que famílias que já habitavam a região praticassem suas atividades de sobrevivência: “ A transformação dos antigos territórios comunais caiçaras em áreas de conservação acarretou a interdição da agricultura, a proibição dos roçados, o fim da extração de madeira, o impedimento do extrativismo e da caça e até dificuldades para reformar moradias. Paradoxalmente as famílias que habitavam as áreas expropriadas não foram indenizadas. Muitas continuam no mesmo lugar, sem poder trabalhar – a menos que resrespeitem a lei. Teoricamente não se constrói um tanque sem autorização do IBAMA”. (ARNT,2006) p. 48. A solução parcial das comunidades nativas tem sido a criação de Reservas de Desenvolvimento Sustentável ou as chamadas Reservas Extrativistas, ou Territórios Quilombolas, no qual é permitida a retirada de recursos para uso de subsistência. No caso de Riviera, o especialista engenheiro agrônomo Rodolfo Geiser foi chamado para analisar a situação da área, no qual constatou-se que o solo era arenoso, não havia dunas e a vegetação era constituída de gramíneas rasteira e outras ervas baixas, depois seguia a área de restinga, com o predomínio de espécies frutíferas e O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 95 depois, a cerca de 2 quilómetros da praia começava a comunidade florestal, de solo fértil (MAZOLLENI, 2008). Mapa 23: localização do Bairro Turístico de Riviera de São Lourenço. Fonte: MAZZOLENIS, 2008 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 96 7. Conceitos e paradigmas para os planos e o planejamento do território e sua aplicação nos empreendimentos turísticos. Segunda LAPATRA (1927), um dos principios básicos para a elaboração de um plano urbano é considerar o objeto sobre o qual será feito o planejamento urbano, a função, ou seja, para que serve este plano, qual é o objetivo do plano, a teoria se houver um modelo de planejamento a ser adotado e o método, como será implantado o plano. “The basic elements of any urban planning model can be state as: Subject: What is the model about? Function: What does the model do? Theory: On what theory is the model based? Method: How does the model use its theory?”25, pag. (LAPATRA, 1927, p 63). A função pode ser a de projetar visando um cenário futuro. Atribuir a tais cenários diferentes sub-cenários para serem alcançados em diferentes épocas e, com os resultados alcançados, projectar novos cenários urbanos. Todas as etapas se concentrarão em três factores TERRA, USO e PLANO. ("A Land Use Plan Design Model", Journal of the American Institute of Planners, Sonnner, G. and Pollatschek, M. A,1976). Segundo COSTA LOBO, (1990, p. 115), “A concepção dos planos deve contribuir para salvaguardar o equilíbrio da composição urbanística respeitando a sua continuidade espacial, a escala dos volumes e a unidade do desenho urbano e o enquadramento das silhuetas na paisagem”.Esta definição pode ser aplicada à necessidade de se fazer um plano urbanístico de qualidade para um empreendimento turístico de grande dimensão. Muitas vezes os promotores procuram o maior adensamento possível para obter mais lucro, mas cabe ao urbanista, através da concepção do plano urbano para a região chegar a um acordo entre os interesses envolvidos. Como? Não há uma fórmula, ou um método definido. Apenas que dentro os envolvidos num projeto de grande dimensão, ele é o único que vai ter a preocupação com a preservação da qualidade ambiental do lugar e a preservação das regras urbanísticas, enquanto que os demais se preocuparam apenas com a rentabilidade do negócio. A noção de projeto e seus efeitos no ambiente ficou para este profissional. Se ele hoje não tem voz ativa, então, simplesmente, vai ter que encontrar meios para passar a ter. 25 “Os elementos básicos de qualquer modelo de planejamento urbano pode ser entendido como: Assunto: Qual é o modelo adequado? Função: O que é que o modelo pode fazer? Teoria: Por que a teoria é um modelo de base? Método: Como o modelo deve ser usado na teoria?", O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 97 As densidades utilizadas num empreendimento turístico devem ser bem menos concentradas do que as constatadas numa cidade comum. As cidades também necessitam de espaços verdes, como aconteceu em grandes cidades como New York, com o seu Central Park, para oferecer ao turista uma paisagem rústica em meio a uma área urbanizada. Conforme diz o Prof. Costa Lobo: Em projetos urbanos em que a ocupação da população ficará na média de 100.000 habitantes, não se justifica a construção de grandes edifícios e de um complexo urbanístico que provoque rupturas com a forma urbana já existente. Mas sim convém dar prioridade a edificações que complementem e se integre no ambiente (COSTA -LOBO, 1990). Imagem 30: Vista aérea do Central Park. Fonte:http://turismo.culturamix.com/internacionais/america/o-central-park-em-nova-iorque Quando a um projeto urbanístico em que o objetivo é o turismo e, portanto, a qualidade paisagística é muito importante, uma das estratégias para a preservação da qualidade ambiental do local seria evitar grandes densidades. Segundo COSTALOBO, (1990, p.115), “em qualquer caso, são sempre de repudiar soluções conducentes e densidades brutas superiores a 240 habitantes/hectares”. Numa cidade comum é preciso que a estruturação do território se traduza na relação entre a habitação e o emprego, e a habitação e os serviços. Num espaço voltado para o tempo livre, a relação habitação-emprego não será o ponto mais importante para a definição de um plano urbano. O mais importante será a necessidade de manter um crescimento populacional controlado. COSTA-LOBO, (1990), apresenta os aspectos mais importantes para considerar na análise do povoamento: a) A existência de redes de infraestruturas e de equipamentos com uma utilização aquém dos seus limiares de capacidade; O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 98 b) A existência de infraestruturas e de equipamentos sujeitos a uma utilização que ultrapasse os seus limiares de capacidade e que não possam ser expandidos a custos razoáveis; c) A inexistência de infraestruturas e equipamentos e a impossibilidade de os construir. No caso de um empreendimento turístico em áreas em que inexiste uma formação urbana, seria preciso então, verificar quais são as infraestruturas mais próximas (vias de acesso, rodovias, um aeroporto próximo, uma vila ou um aglomerado urbano) do local e o que poderia ser futuramente aproveitado, visto que um empreendimento turístico de grande porte sempre acarreta consequências no seu entorno, pois é inevitável o aumento da população em volta da área, à necessidade de novos serviços de uso público e o efeito de atração de população em relação aos centros urbanos próximos. No caso de Vilamoura, a existência de um pequeno núcleo urbano bem ao lado do terreno, em Quarteira, atraiu muitas pessoas, o que levou a muitos problemas na organização e no controle desta demanda. Mas é uma questão de opção dos promotores do projeto se preocupar com estas questões e avaliar as suas consequências, pois a maioria dos projetos feitos no Brasil não há esta preocupação em dar suporte à prefeitura local na minimização dos impactos urbanos provocado pela construção de um grande empreendimento urbano. Imagem 31: Vista aérea de Vilamoura e Quarteira Fonte:http://www.origens.pt/explorar/doc.php?id=2452 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 99 Para o plano de Vilamoura a LUSOTUR, empresa responsável pela construção de Vilamoura, desde o inicio decidiu-se por um projeto aberto e integrado com o seu entorno: “Seria sem dúvida, técnica e politicamente possível, considerar um desenvolvimento desta estância propositalmente fechada a toda a volta. Mas por outro lado, a própria escala de grandeza da operação considerada, tornaria esse isolamento dificilmente controlável; uma política deste tipo seria certamente prejudicial em longo prazo, à própria estância, sob o ponto de vista social e político”. (BAKER,1980 p. 06). A visão da LUSOTUR é muito diferente dos empreendimentos turísticos feitos no Brasil, pois existe a preocupação de que o projeto não venha no futuro a ser um elemento estranho no contexto da cidade: “De resto, o desejo das entidades oficiais é precisamente o de que essa estância não venha a constituir um corpo estranho no tecido regional, mas, pelo contrário, um elemento estimulante. Sendo o objectivo da Sociedade, não o de criar uma cidade nova, mas uma nova estância de turismo, esta deverá ser concebida de maneira a que possa também acolher, se for o caso, actividade não directamente ligadas ao turismo, interessado simplesmente a vida econômica regional”, (BAKER,1980, p. 09). Outro ponto a ser considerado num plano urbanístico é a necessidade de se preservar, no local algumas áreas verdes, e quando se trata de planear visando o turismo, a finalidade do plano passa a ser a de preparar espaços públicos para o turismo, que envolve as áreas de praia, os parques florestais, os centros históricos e o patrimônio arquitetônico visitável. Segundo COSTA-LOBO, (1990) numa cidade, as áreas verdes poderão ser distribuídos em vários planos e sub-planos de espaços, que se encontram mais detalhes no ANEXO 5. A cidade pode não ser um empreendimento turístico mas não pode ser um grande loteamento adensado ao máximo com um agregado de funções econômicas. Nas palavras de Lewis Mumford, "é arte, cultura e finalidade política”. Essas atividades econômicas, culturais e políticas, são encontradas nas cidades para servir a sociedade. “A cidade tem as características daquilo que Mumford chama um recipiente e um ímã”. O contêiner é a montagem física e permanente de estruturas físicas em que as funções, processos e fins da cidade são desenvolvidas e transmitidas através do tempo. A ideia do imã se refere à força de atração (e repulsão) de pessoas e instituições. É uma força espacial. Com este deve estar associado, escreve Munford, «a existência de um" campo "e da possibilidade de ação à distância, visível nas" linhas "de O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 100 força social, que chamam às partículas centro de uma" natureza diferente, (ROBERT, 1969, p.19). O grande crescimento da população urbana criou novos centros, e tem causado nas cidades históricas uma grande expansão em área e população. Os serviços passaram a influenciar na formação de novos centros urbanos e o turismo, que é um tipo de serviço que também tem mudado o cenário dos centros históricos: “In modern times, the great growth of urban population has created new centers, but it has more usually caused historic cities to expand greatly in population and area. Over the last hundred years, economic functions have become increasingly important and dominant in the growth of cities. Commerce, in particular, has caused centralized functions to become increasingly concentrated in the centre of the cities on the site of their historic cores”26, pag. 21 (ROBERT, 1969). O turismo tem realmente influenciado na formação de novos focos de urbanização, mas não se pode dizer que esta consequência sempre será um resultado negativo para um determinado lugar. Na região dos Emirados Arabes, o turismo tem sido uma solução para criar uma nova economia já que a principal economia que move o mercado que é a extração do petróleo estão com os seus recursos naturais chegando ao fim. Atualmente sua economia é proveniente do turismo, comércio, setor imobiliário e serviços financeiros. É uma cidade que tem atraído grandes investimentos em projetos imobiliários, eventos esportivos (http://www.ameinfo.com/66981.html) e tem sido famosa por suas obras arquitetônica de forte apelo turístico. Dentre os empreendimentos construídos podem-se destacar as Palm Islands, o arquipélago The World, o hotel Burj Al Arab e o edifício Burj Khalifa. Palm Islands são três arquipélagos artificiais no formato de palmeiras projetada pela Al Nakheel Properties, que foi construído com o objetivo de aumentar o turismo em Dubai. Mesmo sendo artificial, foram usados apenas materias naturais como areia e pedra para a construção do arquipélago. Uma terceira ilha em formato de Palmeira esta em construção e em cada braço desta palmeira, estão sendo construídos um complexo hoteleiro junto com condomínios residências. Outro empreendimento é o The World, também um arquipélago artificial, com o desenho do mapa-múndi. Cada ilha representa um país e elas estão sendo vendidas entre 6,2 a 36,7 milhões de dólares e são normalmente compradas por investidores e redes hoteleiras. Um exemplo disso é 26 "Nos tempos modernos, o grande crescimento da população urbana criou novos centros, mas tem geralmente criado a expansão de cidades históricas em termos de população e área. Ao longo dos últimos cem anos, as funções econômicas tornaram-se cada vez mais importante e dominante no crescimento das cidades. Comércio, em particular, tem causado funções centralizadas para se tornar cada vez mais concentrada no centro das cidades do site de seus núcleos históricos ", pag. 21 (ROBERT, 1969). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 101 o conjunto de ilhas que formam o desenho da Europa, que foi comprada por uma rede hoteleira europeia. Imagem 32 e 33: Empreendimento turístico The Palm Goldem e o complexo hotel de luxo Trump Tower Dubai. Fonte: http://www.businessmandi.com/2010/11/palm-hotel-and-tower.html, acessado em 26/11/12. Imgem 34 e 29 Empreendimento turístico The Word. Fonte: http://www.dailymail.co.uk/news/article-1349532/Dubai-islands-falling-sea-Dubai-World-sinksfund-crisis.html, acessado em 26/11/12. A construção desses empreendimentos foi, por um lado uma iniciativa positiva como forma de não depender somente da economia do petrólio, mas que por outro lado provocou uma série de problemas ambientais. Este modelo de empreendimento turístico não esta loteando terras ao longo da costa mas esta “criando lotes” no meio do mar e o seu próprio formato é um atrativo turístico. Mas segundo a revista eletrônica britânica Mail Online o empreendimento está diante de um desastre ambiental, com suas ilhas começando a afundar, e os investidores que compraram a sua "ilhas nações" estão diante de um colapso financeiro (http://www.dailymail.co.uk/news/article-1349532/Dubai-islands-falling-sea-Dubai- World-sinks-fund-crisis.html). Além disso não parece prudente do ponto de vista da sustentabilidade construir campos de golfe que necessida de milhões de galões de água por dia numa área de deserto, mas deveria ser uma cidade feita para economizar recursos, energia e principalmente a água. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 102 Mapa 24: destacando os principais projetos que serão construídos ou que já estão concluídos em Dubai. Entre eles estão as Palm Islands (Palm Jebel Ali, Palm Jumeirah, Palm Deira), The World, The Universe e Dubai Waterfront. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 103 EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS: conceitos e parâmetros urbanísticos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 104 8. Enquadramento geral da prática do urbanismo em Portugal. O panorama do urbanismo em Portugal vai de encontro aos objetivos estabelecidos pelo Concelho Europeu de Urbanistas (CEU) 27 . Neste contexto, Portugal também apresenta uma visão partilhada sobre o futuro das cidades, como fundamento da Carta de Atenas 200328, que trata de uma visão de uma rede de cidades, em que estas conservarão a sua riqueza cultural e a sua diversidade; ficarão ligadas entre si e permanecerão criativas e competitivas, mas procurarão, simultaneamente “a complementaridade, a cooperação e a contribuirão de maneira decisiva para o bemestar dos seus habitantes”. (CARTA DE ATENAS 2003, p.10). Portugal se encontra numa fase em que a Europa procura encontrar o seu futuro coletivo no meio de tantos conflitos e experiências políticas e econômicas mal sucedidas. A missão agora é a de buscar uma nova imagem para a Europa moderna dentro de cidades antigas e até milenares: “Cidades que assegurem a coerência entre o passado e o futuro através do pulsar do presente”, (CARTA DE ATENAS, 2003, p.10). Pelo fato de serem cidades históricas, o turismo faz-se presente no contexto dos planos urbanos e seus resultados no futuro. Segundo Sergio Brito, (2010), “Urbanismo turístico é a ciência, arte e/ou técnica da organização espacial dos estabelecimentos humanos destinados à vivência do tempo livre, na área turística para onde viaja para estanciar, em residência temporária ou permanente, quem, para o efeito disponha de rendimento disponível, tempo livre e uma acessibilidade fácil. Uma vez alargado o espaço urbano pela urbanização turística, o urbanismo turístico estrutura as instalações e os serviços que possibilitam as experiências e criam valor para o visitante que vive o tempo livre no imutável ciclo das 24 horas” (CARTA DE ATENAS, p. 22). É um urbanismo diferente, pois é voltado para pessoas que tem uma grande liberdade de escolha quanto onde vão viver. Uma situação muito diferente do urbanismo que procura estruturar o espaço e a vivência da deslocação casa/trabalho, para pessoas cuja liberdade de escolha se resume a visitar lugares próximos do seu local de moradia e trabalho. 27 Associação criada em 1979 que atua como representante da profissão perante as instituições européias, com o objetivo de garantir a atuação dos Urbanistas nos países membros. 28 Manifesto urbanístico elaborado a partir do IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna realizado em Atenas, em 1993. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 105 De entre os planos regionais do Algarve no início dos anos 1960, destaca-se a importância dada ao turismo. Entre 1963 e 2007, a região do Algarve teve o turismo como objeto importante na elaboração do Ordenamento do Território. O desafio é encontrar um ponto de equilíbrio entre o turismo e a conservação das praias e falésias. Em 1964 o termo utilizado no plano regional foi “Salvaguarda de valores naturais”, onde são identificados 60 km de falésia que deveriam ser objecto de especial proteção paisagística. Esta diretriz do plano regional de 1964 foi importante, visto que hoje, a situação da região em relação a promoção turística é de extrema exploração e falta de compreensão do monopólio espacial: “A inicitaiva privada invadiu, desde há poucos anos, a costa algarvia, podendo afirmar-se que hoje, praticamente, todo o possuidor de terrenos marginais tem o convencimento de que, neles se irão instalar empreendimentos turísticos, tendo o preço subido em alguns casos por forma já comprometedora duma utilização conveniente e aceitável”, (BRITO, 2009, p.17). O interesse em conhecer novos lugares gera curiosidade e esta motivação nos leva a utilizar o tempo livre para colocar em prática esta experiência. curiosidade desloca ção T especifi cidades do lugar tempo livre Gráfico 05: Esquema dos motivos da prática do Turismo. Fonte: Orientada pelo Prof. Manuel Costa Lobo e elaborado por Adriana Barbosa, 12.10.2010. O planejamento urbano deve servir como um instrumento para proteger as especificidades de cada cidade ou região. As especificidades podem incluir as suas características culturais, sociais e ambientais. Para isso, em Portugal e na região do Algarve algumas leis são criadas para controlar o uso do espaço pelos promotores do turismo. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 106 Neste capítulo, procuro fazer uma coletânea de algumas leis que estão relacionadas com o espaço urbano e o turismo em Portugal. A Resolução do Conselho de Ministros 17-B/86, de 14 de Fevereiro – PLANO NACIONAL DE TURISMO, mostra que o crescimento do turismo teria de ser compatível com o desenvolvimento equilibrado das estruturas de apoio e enquadramento. A recuperação das zonas degradadas com potencialidades de aproveitamento turístico bem como o desenvolvimento das áreas insuficientemente aproveitadas deveriam ser tarefas prioritárias. A oferta turística, em termos de equipamentos, deveria ser reorganizada e assentaria na diversificação e no seu melhor planejamento. A promoção turística seria orientada por formar a diversificar os mercados e aumentar as receitas. O Decreto nº 38382, de 7 de Agosto de 1951 – Regulamento Geral das Edificações Urbanas impõe a integração da edificação no todo urbano e na Natureza e abrange todas as edificações e obras “dentro do perímetro urbano e das zonas rurais de protecção fixadas para as sedes de conselho e para as demais localidades sujeitas por lei, o plano de urbanização e expansão”. Para edificações e obras, é exigida licença das Câmaras Municipais, às quais incumbe “a fiscalização do cumprimento das disposições deste regulamento” e verificar o respeito do “plano de urbanização geral ou parcial aprovado” e da “estética urbana”. Quanto a leis para Empreendimentos Turísticos temos a Lei Hoteleira de 1930 que diferencia os hotéis das hospedarias. O Decreto nº 34.134, de 24 de Novembro de 1944 que diferencia os Estabelecimentos Hoteleiros e Similares, que passam, entre outros, a ser fiscalizados pelos Serviços de Turismo. O Decreto-Lei 328/86, de 30 Setembro que precedeu a revisão do Decreto-Lei 49 399, de 24 de Novembro de 1969, durante 17 anos regulou a industria hoteleira. Tendo em consideração a sua importância e influência no sector, foram selecionadas as seguintes Áreas de Intervenção Prioritária, que são as regiões de ordenamento turístico, as regiões específicas de aproveitamento turístico, e os eixos de desenvolvimento turístico e polos de desenvolvimento turístico, No caso de novos empreendimentos turísticos, a sua localização deve ser apreciada por uma COMISSÃO ESPECIAL DE APRECIAÇÃO, mediante a análise das áreas de implantação e das volumetrias previstas, quando uma das situações se verificasse: “A rua, mais do que um simples acesso, é um elemento estruturante do tecido urbano e, como tal, carece de uma demarcação própria do seu espaço, até onde ele se desenvolve, permitindo uma fácil leitura. A ambiência peculiar do sítio, o O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 107 caráter arquitetônico e a toponímia são fatores que contribuem para lhe dar identidade urbana”, (COSTA LOBO, 1991, p. 79). A preservação da qualidade visual e sonora da rua é elemento essencial para a qualidade do espaço urbano de um empreendimento turístico. Um lugar barulhento e cheio de congestionamento só vai afastar os turistas da região29. A escala humana do quarteirão avalia-se na medida em que ele não constitui uma barreira nos percursos dentro da cidade, na medida em que cria infra-estruturas com o mínimo consumo de espaço. Ao alargarmos o quarteirão pode-se aumentar a profundidade dos lotes e então começa a diferenciar-se um espaço interior, que se distingue do logradouro do prédio e pode criar um novo domínio interior que se individualiza. (LOBO, 1991, p. 67). A relação de um lote, uma casa, uma família e um proprietário vão ao encontro de um desejo de estabilidade, privacidade, capacidade de controle do espaço individual, que é inerente à necessidade humana de ter uma casa. Este modelo permite uma grande flexibilidade para a construção, conservação, renovação ou reconversão dos edifícios (LOBO, 1991, p 67). O fogo30 é uma unidade elementar de plano e de projeto, mas é necessário associá-lo ao edifício onde está incorporado para então se estudar a sua integração no sistema urbano, tendo em conta os hábitos das pessoas e os costumes das comunidades, principalmente no modo como organizam e utilizam os espaços31. A área para equipamentos esportivos como o golfe ocorre em quase todos os projetos de um empreendimento turístico e, portanto tem grande importância no 29 “O passeio responde à necessidade de diferenciar na rua um espaço para os peões, defendido do trânsito e do parqueamento do automóvel. O passeio lateral é um espaço de transição entre o interior dos edifícios e a rua”, pag. 80. Um lugar turístico, quando utilizado pelos turistas em época de alta temporada, com alto fluxo de peões, esta divisão passa a ser importante para manter a qualidade urbana. “O Bloco é constituído pelo conjunto de um ou mais quarteirões e define-se pelo menor espaço delimitado por ruas estruturantes do tecido urbano. Assim, no interior do bloco pode haver uma malha de ruas de serviços local que, por sua vez, fazem a compartimentação do tecido em quarteirões”. (LOBO, 1991, p. 63). “A malha reticulada é um modelo que vem desde as origens das civilizações como modelo de organização programática do espaço urbano. Só no século V a.c é que surge um plano formal de uma reticula urbana, desenhado de forma canónica (cidade Mileto, segundo o plano de Hippodamos” (LOBO, 1991, p. 63). “O quarteirão é uma forma que responde às exigências funcionais: expansão contínua, em mancha, do tecido urbano compartimentado por uma rede viária fechada onde o espaço edificável é determinado pela frente dos lotes para as ruas”. (LOBO, 1991, p. 63). 30 31 Segundo o dicionário Priberam, significa casa ou família. A seguir, os seguintes parâmetros são utilizados para moradias uni familiares, Portugal. Profundidade do lote - 23 a 56,5 m (máximo) / Frente do lote – 8 a 15 m / Logradouro da frente – 5 a 8 m / Profundidade da construção – 10 a 15 m/ Logradouro de tardoz – 8 a (33,5 m) ou 27 m / Largura do passeio 2,50 m / Largura da faixa de rodagem 6,50 m (sendo único, inclui estacionamento em linha), ou 2 sentidos na área de estacionamento/ Volumetria – 2 pisos O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 108 estudo dos espaços para os empreendimentos urbanos. Segundo COSTA-LOBO (2000) a área do terreno necessária para a implantação de um campo de golfe com 18 buracos é da ordem dos 60 hectares, dos quais pelo menos 28 constituem espaços de enquadramento, de preferência com coberto arbóreo e arbustivo. A área efetivamente regada de um campo de golfe é, no máximo, de 35 hectares, mas pode reduzir-se a 15 há no sentido de poupar o consumo de água em zonas secas. A média europeia é de 22,6 campos de golfe por cada milhão de habitantes. Em Portugal tem-se 4,9 campos por cada milhão de habitantes e tem um consumo inferior aos 2000 m3/dia nas condições mais desfavoráveis de carência hídrica no solo. No Algarve as necessidades de rega não ultrapassam os 125b dias por ano e no Norte do país são da ordem dos 80 dias por ano32. No ANEXO 04 estão os principais Indicadores e parâmetros urbanísticos mais correntes na prática do planejamento urbano em Portugal. 8.1 Parâmetros Urbanísticos em Vilamoura. A Lusotur foi a compradora de uma grande área antes, pertencente ao Conde de Azambuja e iniciou um projeto de urbanização de interesse turístico, para uma população estimada entre 20 e 30 mil habitantes:: “Após a morte do Conde de Azambuja, a Quinta de Quarteira foi adquirida pela Sociedade Santos Lima, Ltda. Esta sociedade, vendeu-se à Lusotur – Sociedade Financeira de Turismo, passando o Morgado de Quarteira a designar-se por Vilamoura”, pag. 59, (RELVAS, 2010, p. 13). O empreendimento de Vilamoura é conhecido como um dos principais destinos turísticos de Portugal, com uma oferta diversificada e de qualidade. Neste contexto, o sector dos serviços (absorve 72% do total da populacao empregada) domina a economia da região, com o turismo, a assumir-se como a principal economia do Algarve. A região, que recebe anualmente cerca de 10 milhões de visitantes, em 2008 garantiu mais de 35% da capacidade na hotelaria classificada e cerca de 36% (14,3 milhoes) das dormidas registradas apresentando 1/3 do total do mercado hoteleiro de Portugal. Vilamoura é um projeto de urbanização com finalidade turística, que se enquadra no Plano Regional do Algarve dentro dos 11 setores de desenvolvimento determinados. O sector de Quarteira foi aquele em que o plano previa a maior 32 Parecer elaborado pelo Prof. Catedrático José Rasquilho Raposo, para a Direção Geral de Turismo e para a Universidade Técnica de Lisboa, sobre a questão dos campos de golfe e a legislação da RAN e REN, em 1998. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 109 densidade da região, de 24.000 habitantes quando o empreendimento estivesse na sua capacidade total: “112.000 habitantes em 1979, 246.000 habitantes em 1989, partindo para uma população de 24.000 habitantes”, pag. 08 (PU Algarve, 1960). Os primeiros estudos foram elaborados pela GEUR, empresa administrada pelos Srs. João Caetano e Carlos Lima. A área total da propriedade, adquirida pela LUSOTUR, é de 1.631 hectares. Está previsto, a reserva de aproximadamente, 577 hectares para diferentes explorações agrícolas; 1.054 hectares para instalação do centro turístico e os demais terrenos a serem explorados de forma agrícola enquanto a sua utilização urbanística não fosse considerada necessária. A proposta dos técnicos da empresa era de reservar perto de 30% da área para a constituição de reservas naturais e espaços verdes. Mesmo assim a área para urbanizar atingiria ainda, perto de 750 hectares. Considerando uma densidade média de 100 habitantes por hectares, a população que seria possível receber atingiria assim perto de 70.000 pessoas. Mas foi considerado preferível pelos promotores do empreendimento organizar a estância de forma que ela possa receber por volta de 38.000 turistas e 12.000 pessoas complementares, na base de uma densidade média geral da ordem de 60 a 65 pessoas por hectare, e cerca de 20 a 30 alojamentos por hectare. Segundo informado no programa: “Admite-se, com efeito, que a densidade bruta média de uma cidade tradicional considerada no seu conjunto, não deve ultrapassar 50 a 60 alojamentos por hectares se quisermos que os seus habitantes disponham de múltiplos equipamentos necessários para uma vida moderna. A densidade bruta média de uma estância turística e residencial correctamente equipada deve, pois variar entre 20 a 30 alojamentos por hectare”, (BAKER, pag. 12). Segundo o plano proposto pela empresa, o objetivo da LUSOTUR era criar um centro turístico que dispusesse de vasto equipamento desportivo e de lazer. Também que conservasse, na sua organização e na sua arquitetura, um caráter tradicional. Foi previsto no programa a vinda de uma população complementar que foi definida como, “uma população determinada, ao conjunto dos habitantes cujas actividades são inteiramente consagradas à satisfação das múltiplas necessidades dessa mesma população de uma maneira directa ou indireta”, (BAKER, pag.03) O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 110 No caso de Vilamora, por ser um empreendimento aberto, os serviços voltados para a população complementar e ligados à economia regional se misturou com os serviços da população de turistas. Esta mistura foi prevista desde os primeiros estudos e foi vista como uma situação importante para a vida e o equilíbrio social e econômico do lugar. As regiões circundantes como as cidades de Faro, Loulé, Olhão e as povoações de Quarteira e Albufeira, determinaram-se como um fenômeno de atração, que poderia concretizar-se numa simples deslocação de população em busca de trabalho na nova estância; a atração de novas forças econômicas, que se beneficiaria dos capitais que o turismo atrairia para a vida econômica local. Abaixo um mapa com as densidades populacionais próxima de Vilamoura. Mapa 25: Densidades em áreas próximas de Vilamoura. Fonte: CCDR Algarve Previu-se que aproximadamente 65% a 70% dos empregos e serviços ligados à atividade turística seriam permanentes e esta população de trabalhadores viveria no local com as suas famílias; os outros 30% destes empregos seriam sazonais, e por consequência esta população viria de outras regiões além do Algarve. A média de emprego por turista seria de 1 emprego para cada 5 turista. Considerando que a densidade média adotada pela LUSORT é de 60 a 65 pessoas por hectare, e aproximadamente de 20 a 30 alojamentos por hectare, a população total de Vilamoura estava sendo previsto para ser de 38.000 turistas. A cada 5 turista, um emprego estaria disponível. Então o número de empregos seria de 7.600 empregos. Cada empregador teriam uma média de 3 a 4 pessoas na família. Assim esta população complementar que moraria no torno ou dentro do empreendimento poderia chegar a aproximadamente 30.000 pessoas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 111 Tipo de População Quantidade Média de pessoas por hectare Área necessária em hectares Área necessária em M2 Turistas 38.000 65 585 hectares 5.850.000 m2 Complementar 12.000 65 185 hectares 1.850.000 m2 Total 50.000 65 770 hectares 7.700.000 m2 População Tabela 09: Tipo de População. Fonte: Ante Plano de Vilamoura, 1960 Elaborado por Adriana Silva Barbosa, em Novembro de 2010 O estudo de mestrado de Denise Alves dos Santos Relvas (2010), Universidade de Coimbra, confirma o efeito do aumento populacional no conselho de Loulé, que recebeu na fase de implantação do empreendimento turístico de Vilamoura um fluxo significativo de estrangeiro-imigrantes que optaram por recomeçar suas vidas nesta localidade. O aumento demográfico na freguesia foi originado pelo desenvolvimento do sector turístico em toda região algarvia e Vilmoura passou a empregar grande parte dos residentes da vila de Quarteira. O acentuado aumento demográfico nesta área algarvia, é resultado do desenvolvimento do turismo como força atrativa de capital humano, provocando profundas alterações não apenas morfológicas, mas também em todo ambiente urbano algarvio. Quarteira acolheu uma variedade de indivíduos originários de diferentes países que encontraram na região oportunidade de trabalho favorecendo a sua fixação na cidade. (Relvas, 2010), pag.17 Segundo Relvas, 2010: “A cidade de Quarteira passou por profundas transformações morfológicas a partir da entrada do sector no turismo, inúmeras foram as intervenções urbanísticas realizadas em seu território. Essas intervenções não tinham um plano geral de urbanização que actuasse de forma qualitativa na cidade, mas foram geradas a partir dos interesses da especulação imobiliária” (RELVAS, 2010, p. 48). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 112 A seguir uma estatística prevista pelos promotores quanto ao número de empregos e população complementar que o empreendimento de Vilamoura proporcionaria: População Complementar Total de turistas Número de empregos diretos no empreendimento. Número de pessoas por família Número da população complementar População Complementar Anexa 38.000 pessoas 38.000 / 5 = 7.600 empregos 3,5 a 4 pessoas 7.600 empregos x 4= 30.400 pessoas. 4.500 pessoas Tabela 10: População Complementar. Fonte: Ante Plano de Vilamoura, 1960 Elaborada por Adriana Barbosa, em novembro de 2010. A população Complementar é uma população ligada ao turismo, porém interessada na vida econômica da região. A população do aglomerado de Albufeira na época dos estudos de implantação do projeto de Vilamoura representava cerca de 3.500. Esta população aumentou com o tempo, pelo fato dos familiares dos empregados acabarem se inserindo no mercado de trabalho da região. Então foi calculado que aproximadamente 15.000 pessoas iriam buscar trabalho na cidade ou região. POPULAÇÃO Turística Complementar ligada ao turismo 38.000 pessoas 7 600 pessoas Complementar Inferida 22.800 pessoas Ligada a vida econômica regional 15.200 pessoas TOTAL 83.600 pessoas Tabela 11: Tipos de Populações em Vilamoura. Fonte: Ante Plano de Vilamoura, 1960. Elaborado por Adriana Barbosa Também foi feito uma estimativa de que 70% da população turística e da população complementar permaneceriam morando de forma fixa no empreendimento ao longo do tempo. Isto aconteceria pelo fato da estância ter uma dimensão de um bairro. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 113 População Total Turística 38.000 Permanente 70% 26.600 Sazonal 30% 11.400 Complem. total 22.800 15.960 6.840 TOTAL 60.000 50.000 10.000 Tabela 12: Ante Plano de Vilamoura,1960. Elaborado por Adriana Barbosa em.novembro 2010. Quanto ao perfil do turista de Vilamoura, a Lusotur decidiu trabalhar com clientes com níveis de vida variados. Seriam 15% a 20% composto por clientes de luxo; 60% a 65% de clientes com nível de vida médio e 25% a 15% de clientes de classe econômica. Clientes % Luxo De 15% a 20% Padrão de vida médio De 60% a 65% Econômica De 25% a 15% Tabela 13: Ante Plano de Vilamoura, 1960. Elaborado por Adriana Barbosa. Considerando uma população de turistas de 38.000 pessoas e uma população complementar de 30.400 pessoas, teríamos de estimar a quantidade de habitações a serem construídas. Ficou estimada uma população de 12.000 pessoas para a população complementar que poderiam vir a viver dentro do complexo. Este número foi com base na população de empregados diretos de 7600 pessoas acrescentando 45% que daria por volta de 12.000 pessoas a mais. Então o número de fogos daria um total de 18.000 pessoas. Quantidade de Unidades Residenciais. População Turistas Pop. Total = número de camas 38.000 Complementar 12.000 Total Quantidade de pessoas por habitação 3 Número de habitações 13.000 2,5 5.000 50.000 18.000 Tabela 14: Ante Plano de Vilamoura, 1960. Elaborada por Adriana Barbosa em novembro de 2010. Segundo o plano inicial desenvolvida pela equipe de BAKER (1965), foi a de que a forma de ocupação dos alojamentos destinados para turistas são as seguintes: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 114 “As famílias sem filhos, instalam-se de preferência em quartos de hotel que equivalem a alojamentos de 01 divisão, quando, normalmente, ocupam 02 ou 03 divisões. Igualmente as famílias de 3, 4 ou cinco pessoas, concentram-se de preferência quando estão em regime de locação. Mas ocupam maior espaço que o necessário quando são proprietários da sua casa de férias”, (BAKER, 1965, p. 16). A LUSOTUR realizou um estudo quanto à estrutura demográfica possível da população turística. A empresa estabeleceu uma classificação quanto ao perfil das pessoas que ocupariam o empreendimento classificando em 3 categorias. Celibatário – seria a porcentagem dos solteiros. Esta categoria frequentaria o lugar com os amigos ou com alguma outra família. Casados e famílias de 2 a 3 pessoas – seriam mais numerosos que o normal, porque correspondem à parte da clientela que se desloca com mais facilidade, com toda a família nas férias. Casados com 2 e até 6 filhos – esta categoria de família tem mais dificuldade em se locomover não somente devido ao custo que representam as férias de família, mas também porque a partir de uma certa idade dos filhos, eles preferem passar as férias com os amigos. Com isso é possível determinar o tipo de habitação. Porcentagens adotadas Celibatário Hipótese de trabalho 5% Casados com 2 a 3 filhos 73% Casados com 4 até 6 filhos 22% TOTAL 100% Tabela 15: Porcentagem adotada, Fonte: Ante Plano de Vilamoura, 1960 Elaborado por Adriana Barbosa em novembro de 2010. No programa da LUSOTUR considerou que a população da estância poderia se distribuir em quatro categorias de alojamentos: Hotéis: com ou sem serviços de restaurante; Alojamentos: de baixa densidade com 1 ou 2 pisos no máximo, podendo ser isolados ou agrupados de diversas maneiras; e de média e alta densidade, com 3 a 4 pisos e agrupados; Campos de Férias: tendo em consideração a clientela encarada; a extensão física da estância e o caráter residencial que se lhe deseja dar. Destes tipos de alojamentos determinaram-se quatro categorias de acordo com o número de equipamento por hectare. Era preciso determinar uma porcentagem para cada tipo de alojamento e determinar os alojamentos por categorias. No ANEXO 06 estão as estimativas para quantificar a quantidade de alojamentos por categoria para a população de turistas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 115 Para a população complementar o plano preocupou-se no fato dos alojamentos não serem tão dispendioso e, portanto, foram agrupados nas categorias menos onerosos. Nos hotéis também foram previstos alojamentos para a população complementar. Esta preocupação em se prever alojamento para uma população que seria atraída pela oferta de emprego foi essencial para a região, já que nos anos de 1970, a praia de Quarteira, área próxima de Vilamoura tornou-se uma área abarrotada de turistas, ocupando ao máximo os parques de estacionamentos e as ruas. DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES RESIDENCIAIS POR TIPOS DE ALOJAMENTOS – Pop. Complementar. Alojamento População Complementar Hotéis (quartos) Alojamento baixa densidade Alojamento alta densidade Campo de Férias CATEGORIA % Habitações33 para pop. complementar 30% 1.500 10% 500 60% A B ____ ____ C ____ D TO TAL 100% 100% ____ ____ 100% ____ 100% 3.000 ____ ____ 30% 70% 100% ____ ____ ____ ____ ____ ____ ___ 100% 5,000 Tabela 16 Distribuição de Fogos por Tipo de Alojamento: Fonte: Ante Plano de Vilamoura. Elaborada por Adriana Barbosa No Ante Projeto ficou claro que tudo foi previsto e estimativos. Todos estes estudos foram hipótese elaborada pela empresa, para se chegar numa quantidade de pessoas e equipamentos necessários que deveriam ser previsto num plano urbano. Assim os dados a que se chegaram foram o seguinte, uma população de 50.000 pessoas, dos quais cerca de 38.000 são para turistas e 12.000 são para a população complementar. Dessas 50.000 pessoas, cerca de 40.000 aproximadamente, permanecerão na estância. As 50.000 pessoas consideradas representam cerca de 33 Fogos é o termo utilizado para Casas Iindividuais, em Portugal. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 116 13.000 fogos para turistas e 5.000 fogos complementares, o que daria um total de 18.000 fogos. Esta quantidade de pessoas foi à mesma quantidade utilizada para o estudo das novas cidades inglesas, construídas nos arredores de Londres depois da guerra. Este pormenor será mais bem estudado nos próximos capítulos.No final, a estimativa de distribuição destes fogos ficou conforme tabela abaixo. DISTRIBUIÇÃO DOS UNIDADES RESIDENCIAIS POR TIPOS DE ALOJAMENTO – Pop. Turistas TIPOS DE TIPO DE POPULAÇÃO POR FOGOS HOSPEDAGENS Habitações p/ TURISTAS Habitações p/ pop. COMPLEMENTAR TOTAL de Habitações 3.200 1.500 4.700 2.600 500 3.100 5.200 3.000 8.200 Campos de Férias 1.950 ____T_ 2.000 TOTAL 13.000 5.000 18.000 Hotéis (quartos) Alojamento baixa densidade Alojamento alta densidade Tabela 17: Distribuição dos Fogos por tipos de Alojamentos para a População Turística. Fonte: Anteprojeto de Vilamoura, 1960. Elaborado por Adriana Barbosa, em novembro de 2010. Com a quantidade estimada do total de quartos nas diversas categorias de hospedagem é possível prever a quantidade de hotéis, alojamentos e campo de férias. Esta estimativa de instalação dos equipamentos de hospedagem seria para ser alcançada em 20 anos ou até 30 anos. É possível prever que, ao longo destes 30 anos, um empreendimento turístico deste tamanho poderia mudar o perfil do crescimento urbano de uma cidade: “Os quarteirenses sentiam no dia-a-dia as transformações físicas e sociais na freguesia; originada pela forte entrada do sector do turismo, refletindo um aumento do custo de vida, numa valorização da terra e das propriedades”. (RELVAS, 2010, p.62). Nas fotos abaixo é possível verificar o adensamento urbano – edifícios de seis andares - atual do entorno, que desde os anos 1960 tem vindo a crescer num ritmo acima da média da região. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 117 Imagem 36 e 37: Densidade Urbana nos locais vizinhos ao empreendimento de Vilamoura, Quarteira. Fonte: Adriana Silva Barbosa. Imagem 38 e 39: Densidade Urbana nos locais vizinhos ao empreendimento de Vilamoura, Quarteira. Fonte: Adriana Silva Barbosa. A cidade de Quarteira sofreu um adensamento urbano em grande proporção por estar próximo da área da Marina de Vilamoura. Muitos edifícios foram construídos voltados para o aluguel de apartamentos nos fim de semanas voltados para veranistas de Portugal. Também, muitos empregos e negócios foram gerados oferecendo serviços adequados ao tipo de público que ali se hospedam. Em Vilamoura houve também uma diversificação da oferta de hospedagem. Além dos hotéis, os empreendedores decidiram diversificar os tipos de alojamentos extrahoteleiros: moradias do tipo apartamento, “bungalows, chalets, caravaning” e camping e alojamentos em regime de aldeia de férias. O próximo passo foi à formação de um Master Plan Preliminar que teria como objetivo segundo o programa: “definir o partido de ordenação do conjunto da zona considerada, a infraestrutura sobre a qual se deverão organizar os equipamentos colectivos, públicos e privados”. A empresa tinha consciência da dimensão do O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 118 empreendimento e de que seria necessário prever no plano de massa geral para a instalação dos diversos equipamentos coletivo, públicos e privados. No primeiro estudo do Plano Geral de Vilamoura realizado pelo Prof. Manuel da Costa Lobo foi feito o arranjo da zona urbanizada através da divisão da área em sectores: Croqui 01: Esquema do Plano de 1960. Imagem 40 e 41: Fotos tiradas dentro do empreendimento de Vilamoura, da parte residencial com edifíicios de 3 andares e área hoteleira. Fonte: Adriana Silva Barbosa tirada em 2010. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 119 Imagem 42 e 43: Área da marina tendo ao fundo a área hoteleira e a próxima foto se trata da área de aptos turísticos. Abaixo um esquema com a divisão em setores do empreendimento de Vilamoura: Croqui 01: Esquema do Plano, Fonte: Unidades Orgânicas. Croqui 02: Plano de Vilamoura, 1960. Universidade do Algarve. Autor: Prof. Manuel da Costa Lobo. Sector 1 = Porto de Recreio Sector 5 = Lagos (marina) Sector 6 = Olival Sector 2 = Pinhal da Quarteira Sector 7 = Praia e Falésia Sector 3 = Figueiral Sector 8 = Zona Agrícola Sector 4 = Golfe O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 120 Vilamoura esta apoiada numa espinha dorsal constituída por uma via duplo-central que liga a Estrada Nacional Faro-Portimão ao centro urbano de Vilamoura e esta continuada por outras vias que levam até Quarteira e para os diversos sectores de todo o conjunto que incluem o sector agrícola, a zona industrial, as reservas naturais e a orla marítima, representada pelas praias de Quarteira e da Falésia. O plano foi aprovado em 1966 e o desenvolvimento dos diversos sectores, que compõem a urbanização de Vilamoura, assim como os estudos de pormenor, levou a alguns ajustes não previstos no Plano Inicial, mas que deram motivos para uma revisão e atualização por meio de um novo plano submetido a aprovação pelo Direção Geral de Turismo em 1984. Ao ler o texto de introdução do Plano Urbano de 1966, os promotores do empreendimento pareciam estar interessados em aproveitar os valores culturais e ambientais para valorizar a proposta do plano: “A província portuguesa do Algarve pela beleza da paisagem, pelo encanto do estilo de vida, pelas condições climáticas excepcionais, pela qualidade das suas extensas praias de areias finas é uma região privilegiada para descanso, distracção e desportos náuticos, durante todas as estações do ano” (PLANO URBANO, 1960, p.01). E no Plano Urbano continua com uma ressalva ao perfil do futuro turista frequentador de Vilamoura: “Para o turista conhecedor da história dos descobrimentos dos séculos XV e XVI, o Algarve terá particular interesse cultural”. E ao mesmo tempo em que são valorizados a cultura e o clima local, também é salientado o tamanho e o porte da área a ser planejada: “Vilamoura é o projecto de urbanização para fins turísticos de maiores proporções entre todos os que estão em preparação ou em execução não só no Algarve mas também em todo o Portugal” (PLANO URBANO, 1960, pag. 02). Pelas dimensões da área, Vilamoura viria a provocar grandes mudanças na região algarvia atraindo estrangeiros que, com o tempo, deixariam de ser turistas para serem moradores fixos. A região do Algarve, que até a década de 50 e 60 eram formadas por aldeias de pescadores, muda de cenário com a entrada da atividade turística. As mudanças política e econômica em Portugal na década de 1970 tiveram forte reflexo no empreendimento e na atividade turística nacional. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 203 Mais tarde, constatou-se a necessidade de ratificar o plano com relação às regras de construção dos lotes destinados a hotéis obtendo um parecer favorável por parte da Direção Geral do Turismo. Assim foi apresentado o Plano denominado “Vilamoura – Plano Geral/89”. Todo o conjunto de Vilamoura foi estruturado por uma rede de zonas verdes e de áreas arborizadas buscando uma complementação da Reserva Ecológica, a fim de preservar espécies nativas da região. Parece ter sido de preocupação inicial desde o primeiro plano urbano a preservação ambiental. No texto de introdução do PU Vilamoura de 1989 foi feito um resumo explicativo sobre os objetivos de se preservar algumas áreas de Vilamoura, mostrando uma maior ênfase nas questões ambientais: “A preservação dos espaços, da paisagem e do solo, será garantida não só pela instalação de reservas, onde se prevê a parcial interdição da passagem do homem, de forma a garantir a conservação das espécies naturais, como também pela utilização dos solos de acordo com as suas capacidades e restrições”, (PU Vilamoura, 1989, p.30). A sempre a preocupação em mostrar que ele esta integrado com a necessidade de preservar as características da região: “… é o desejo de construir um espaço adaptado ao usufruto do clima e dos atractivos do Algarve sem prejuízo do clima e dos atractivos do Algarve e dos seus valores intrínsecos”, (PU Vilamoura, 1989 pag. 10). Então a área de Vilamoura tem cerca de 1600 ha, dividida em 2 zonas distintas: uma zona agrícola com cerca de 550 ha e uma zona a urbanizar com cerca de 1050 ha, este subdividida no Plano de 1966 em 7 setores, para além de mais de um para o uso agrícola. Já no plano de 1989, fica estabelecida uma parte central com características urbanas e zonas habitacionais envolventes (setor 1 a 7), uma área mais distante, que correspondem aos espaços agrícolas (sector 8), e depois, uma reserva ecológica dentro do setor 1 (sector 1C) e ao de transição para Quarteira (zonas 2Q e 2T). No Plano Urbano de 1993, o texto introdutório constata que numa caracterização aprofundada, segundo a Comissão de Coordenação da Região do Algarve, foi possível concluir que a situação de Vilamoura tem cumprido genericamente o Plano de Urbanização de 1989. Constatou-se que dos 2.578.394 m2 de área de construção O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 204 prevista, estavam presentes construídos ou em alvará aproximadamente 1.652.540 m2 distribuídos nos 1A e 1B (PU Vilamoura 1993). Vilamoura passou durante estes 30 anos de existência por várias adaptações do Plano Urbano inicial de 1966: Primeira Fase Ante Plano de Urbanização de 1966 – plano inicial. Plano de Urbanização de Vilamoura de 1989 – reformulação do plano. Segunda Fase Plano de Urbanização de Vilamoura de 1993 – reformulação do plano A seguir, uma análise de cada plano mostrando as alterações realizadas em cada um deles e suas vantagens ambientais. 8.1.1 Ante Plano de Urbanização de 1966. O Plano Geral de Vilamoura foi aprovado em 23 de Março de 1966 por despacho do Ministro das Obras Públicas, sob proposta da Direcção Geral dos Serviços de Urbanização. De acordo com as informações históricas sobre a região do Algarve contida no Ante Plano, o Algarve conseguiu preservar-se dos estragos do “boom” turístico mediterrânico (Espanha, França e Itália) pelo fato do governo ter feito um plano prévio de desenvolvimento. As autoridades organizaram um Plano de Desenvolvimento Regional, que estabelecia rigorosas disciplinas urbanísticas para o desenvolvimento em curso, e a previsão de abertura do aeroporto internacional de FARO. Também foi detalhado no Ante Plano as vantagens de se construir um empreendimento de grande porte neste lugar: Terreno favorável sob o ponto de vista geológico e paisagístico; facilidade na obtenção de água e eletricidade; zonas de praias muito extensas e largas sem obstáculos ao desenvolvimento urbanístico e á utilização balneária; fáceis acessos às redes ferroviárias e rodoviárias; a 18 km do aeroporto internacional de Faro e 20 km da cidade de Faro. O anteplano era de acordo com as características do lugar e adaptado aos interesses dos promotores do projeto. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 205 No Anteplano de Vilamoura ficou definido que os 1600 ha seriam divididos em uma zona agrícola de 550 ha e outra a urbanizar de 1050 ha. A área reservada para ser urbanizada seria utilizada pela Lusort para fins comerciais, ou seja, a empresa usaria esta área para a venda de terrenos urbanizados para hotéis, moradias, apartamentos, aldeamentos turísticos, restaurantes e toda a espécie de atividades desportivas e recreativas. Também poderia participar em operações de construção imobiliária, mas o foco é a venda de lotes Mapa 26 : Plano Urbano de Vilamoura - 1966. Fonte: Universidade de Algarve. Foto tirada dos projetos encontrados no acervo do Arquivo Geral. Adriana Silva Barbosa, 2010. A zona agrícola seria para a exploração agropecuária de grande escala para atender as necessidades do empreendimento a ser construído. Uma equipe de agrônomos estudou os solos e os recursos de velha Quinta da Quarteira (área comprada pela empresa) para elaborar um Plano de Reconversão. Segundo o Plano seria possível produzir leite, carne de vaca e de porco, frangos e ovos, cerca de 600 toneladas de uva de mesa e 1.500 de produtos hortícolas que completaria o quadro de produção necessária para atender as necessidades de abastecimento de Vilamoura. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 206 Mapa 27: Marina, Fonte: Plano Urbano de Vilamoura de 1966. A parte de desporto ficou baseada em três grandes polos, a marina, os golfes e as praias, cada um com suas características: a marina associada ao centro urbano; as praias a principal atividade hoteleira, os golfs a aldeamentos e moradas mais reservada. O Pré-plano estabelece vários tipos de alojamentos turísticos (apartamentos, bungalows, chalets, caravaning e camping) e 5 categorias de alojamento segundo a densidade por hectare (5a10/ha, 36/ha, 65ha, 106ha e campos de férias. Quanto às moradias a Lusort construiu as primeiras moradias com as características tradicionais algarvias e elas foram implantadas de modo a aproveitar pequenas depressões existentes no terreno. A empresa definiu 13 tipos de características para as primeiras casas a serem construídas, nos demais lotes, o comprador poderá construir no estilo que desejasse. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 207 Imagem 44: Modelo Arquitetônico de Residência Proposto no Plano. Fonte; Plano Urbano de Vilamoura de 1960.. Consultado em Novembro de 2010. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 208 A seguir, um resumo contendo as características de cada setor quanto a área a urbanizar. SETOR ATIVIDADES ALOJAMENTO POR ha 65 SETOR 01 PORTO DE RECREIO 106 Campo de férias SETOR 02 36 PINHAL 65 36 SETOR 03 FIGUEIRAL 65 5 a 10 SETOR 04 GOLF 36 65 CARACTERÍSTICAS Instalações de armazenamento e reparação, abastecimento de combustíveis, equipamento de elevação e transporte em terra. Denso pinhal planeado para aldeias de férias e atividades desportivas, e outros tipos de alojamento turístico. Arquitetura com características mediterrânicas, agrupamentos caracterizados por pequenas e variados parques, praças interiores e alta densidade de ocupação do solo. Um campo de golf de 18 buracos, de categoria internacional e um campo de golf de 9 buracos. Áreas verdes dentro da área do golf. Um edifício do clube do golf com vestiário, bar e restaurante. Zonas de moradias, hotel de luxo. 5 a 10 SETOR 05 LAGO 36 65 65 SETOR 06 OLIVAL 36 Campos de férias SETOR 07 SETOR 08 PRAIA 36 ZONA AGRÍCOLA Não há alojamento Um lago de água doce com área de 180 mil m2 com zonas residenciais. Elementos de caráter turístico e de desporto. Área mais distante do mar. Aldeias de férias. Pinhal Velho. Área para indústria ligeira e equipamentos de suporte para Vilamoura como Armazéns e Silos. Campos de Golf. Área que esta diretamente em contato com o porto, o lago e a grande praia. Zona de produção agrícola Tabela 18: Setores definidos no pré-plano. Elaborado por Adriana Silva Barbosa, 2010.Fonte: Plano Urbano de Vilamoura 1960. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 209 8.1.2 Plano de Urbanização de 1989 - reformulação O plano foi feito pela LUSOTUR com o acompanhamento da CCDR Algarve – Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve. Os setores foram mantidos como elemento base do ordenamento do território, e foram criadas diferentes “zonas homogêneas”, tendo em atenção às características físicas do local, sua topografia, cobertura vegetal e características funcionais como um polo de atração turística. O Plano de 1989 é um regulamento aplicável à totalidade do espaço de Vilamoura com regulamentos específicos para cada setor e zona, mas que, em cada subzona as regras estariam nos planos de pormenor. A proposta foi de organizar em esquema urbano baseado em núcleos de aglomerados contidos, constituindo uma série de “aldeias”. O objetivo deste tipo de desenho urbano era de oferecer maior articulação da área construída com a área verde introduzindo no fundo a “mancha” da aldeia na paisagem verde e criar percursos para peões criando uma rede de circulação alternativa com acesso aos principais polos de atração (golf, as praças e o centro urbano). Do ponto de vista da gestão esta forma de implantação oferece maior facilidade na “privatização segura” dos diferentes núcleos, no seu controle, bem como na instituição de serviços de apoio já que podem funcionar como células autônomas e com acesso único e independente. No plano de 1989, passou a ser regra geral a preservação da arborização nativa (pinheiro manso, alfarrobeiras, sobreiros e árvores adultas em geral) sempre que possível. Um “corredor verde” foi utilizado como elemento que responde á necessidade de cortar visualmente a globalidade do território, de modo a compartimentar a dimensão do empreendimento. Nas áreas de pinhal não foi autorizado muros de vedação de espaços e de lotes e nem a introdução de espécies exóticas. O objetivo é sempre o de estabelecer uma continuidade vegetal interligando todo o tecido urbano. No item de “regras gerais” o plano autoriza a transferência de índice de utilização do potencial construtivo desde que se prove caber o excesso da área de construção sem prejuízo da qualidade ambiental e dos valores ecológicos e estéticos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 210 A preocupação com as alterações no ambiente continuam com o cuidado em não afetar as linhas de drenagem principais existentes, mas sim reforçar o seu revestimento vegetal para evitar processos erosivos. Quanto à paisagem arquitetônica de Vilamoura ficou sendo a cor branca dominante e as cores de terra sujeitas a estudos de conjunto para realce de certas áreas restritas. As telhas teriam que ser “encarnadas34” ou regional, “esbranquiçadas”. Os edifícios mais significativos deverão alcançar o seu destaque através da sua própria expressão arquitetônica e escultórica dos seus elementos. O índice de utilização do terreno seria calculado pelo coeficiente da área de construção sobre a área do terreno descontando as áreas dos “andares técnicos” dos hotéis e as áreas de varandas descobertas. O interessante, desde o início do anteprojeto foi à preocupação em estabelecer habitações para a população permanente dentro do empreendimento e não completamente no entorno ou nas cidades mais próximas: “Todos os loteamentos e desenvolvimentos urbanísticos deverão ser de tal modo concebidos e administrados que deles resultem – por iniciativa do promotor – habitações destinadas a população permanente trabalhando em Vilamoura, com rendas compatíveis, num mínimo de 5% do total de habitações a construir”. (Plano Urbano de Vilamoura, 1960) Observa-se até aqui que para cada setor ficam definidos os usos e a volumetria máxima dos edifícios. Depois são divididos em zonas e subzonas onde ficam estabelecidas suas regras específicas. Então é lançado concursos públicos internacionais para o conjunto arquitetônico a ser construído, onde o estudo da volumetria passa a ser determinada pelos “planos de pormenor”, mas sempre respeitando a regras do Plano Urbano geral. Em todos os setores sempre há a instalação de um ou mais hotéis, uma área de golfe e aldeamentos turísticos com uma área comercial de suporte. Parece que assim os setores se tornam independentes entre si, sendo possível a sua construção e execução em etapas ao longo dos anos. 34 São telhas no tom avermelhado. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 211 Nota-se hoje que, nem todos os setores foram completamente construídos e a reserva agrícola inicialmente proposta esta sendo aos poucos ocupadas por mais aldeamentos turísticos, que na verdade parece ter sido uma intenção camuflada para que no futuro houvesse um estoque de área a ser explorada. A seguir o mapa definido pelo Plano de Urbanização de Vilamoura de 1989: Mapa 28: Plano de Urbanização de Vilamoura, 1989 – Subsetores. Fonte: Acervo da Universidade do Algarve. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 212 8.1.3 Plano Urbano de 1993 – Segunda Fase O Plano de 1993, agora desenvolvido pela LUSORT, pelo arquiteto Fernando Galhano, que atualmente é responsável pelo projeto e propos a reformulação dos planos anteriores. Segundo o texto, na pagina 7, que justifica a necessidade de reformulação do plano é apontada algumas deficiências no espaço urbano: “…..uma sucessão de peças justapostas, que no seu conjunto não criam ambientes e vivências definidas”. “ O facto de não se terem executado planos de pormenor para as diferentes Zonas conduziu à criação de um grande número de lotes, geridos por um regulamento, mas não relacionados entre si, quer ao nível da própria arquitetura (imagem do conjunto), quer até ao nível da sua articulação geral – continuidade de percursos, definição de espaços, vocação funcional, etc…”. (PLANO URBANO DE VILAMOURA, 2º FASE, 1993). “Vilamoura existente é, assim, um somatório de pequenas situações, cada qual vivendo para si própria, de forma bem individualizada e respeitando meramente os loteamentos e respectivos regulamentos”. (PLANO URBANO DE VILAMOURA, 2º FASE, 1993). Para o PU Vilamoura de 1993 ficou definido que os limites dos sectores existentes no Plano de 1980 seriam mantidos como elementos base do ordenamento do território, mas seriam criadas “zonas homogêneas”, tendo em atenção não só a realidade física dos locais, como topografia, o tipo de vegetação e o enquadramento da paisagem, mas também as suas características funcionais comuns – vocação própria, polos de atração e tipo de mercado. Outra ação é instituir a zona da Marina II como uma grande área para pedestre entre Vilamoura existente, a Praia da Falésia e o Canal Verde. A solução encontrada foi a de introduzir elementos que funcionasse como descrito no próprio plano como “moderadores desta arritmia” criando “uma zona tampão, em termos funcionais” entre os vários setores de Vilamoura. Neste plano urbano reformulado, o foco esta no desenvolvimento da Cidade Lacustre, setores 1 e 5 que define todo o conjunto da Nova Marina, Lagos e Canais (ver TABELA NO APENDICE) O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 213 Mapa 29: PU Vilamoura de 1993 Fonte: LUSORT. Arq. Fernando Gualhano Os planos de Vilamoura sofrerão inúmeras alterações mas a definição dos setores se manteve. Durante o meu estágio de doutorado em Portugal não conseguia muitos dados detalhados sobre o desenvolvimento dos setores, até que, em visita a Universidade do Algarve conseguiu ter acesso aos antigos arquivos da universidade. Era uma área em que o material doado estavam ainda em fase de cadastramento e portanto não disponível ao público. Consegui uma autorização da CCDR Algarve – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, para ter acesso a tais informações e foi então que consegui ter acesso ao projeto do plano de 1966, no qual nem se quer o autor, o Prof. Manuel da Costa Lobo tinha uma cópia. Então decidi fazer uma parte deste trabalho com o detalhamento de cada setor e tenho certeza de que este material é único e não merece ser transformado num assunto de Apêndice. Pelo meu esforço e em homenagem e reconhecimento da autoria do plano, eu coloco este material em destaque, logo a seguir, juntamente com os mapas de cada setor do plano atual promovido pela LUSORT, atual empresa responsável pela área. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 214 Imagem 45 e 46: Planos de Vilamoura. Fonte: Fotos originais do Arquivo da CCDR doadas para a Universidade do Algarve. Levantamento de Adriana Silva Barbosa, 2010. Imagem 47 e 48: Pasta com memorial descritivo dos Plano Urbano de 1960 de Vilamoura. Fonte: Adriana Silva Barbosa em visita ao Arquivo da Universidade do Algarve. Este projeto é formado por 8 setores, como se descreve a seguir: Setor 1 – Porto de Recreio com marina - Uma zona desenvolvida na base de um porto de recreio (Marina) com uma área molhada de 200 mil metros quadrados, permitindo abrigar mais de mil embarcações e uma área envolvente comercial e habitacional. Dentro do Sector 01 temos o subsetor 1A que integra o atual núcleo central de Vilamoura. Tem anexo á Marina e inclui as instalações de terra, hotéis, equipamento comercial e recreativo. Foi realizado um concurso público internacional em que o plano ganhador adotado foi a do Arq. Eric Lyons que se preocupou com o estudo de volumes e das cores para O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 215 este setor. Os novos hotéis deveriam ser construídos sem ultrapassar a cota de 30 m de altitude em qualquer ponto do edifício. No acolhimento das embarcações existe toda uma gama de outros serviços prestados que incluem além da marina, uma área envolvente com prestação de serviços de forma direta ou indireta para tal atividade. Uma marina é mais do que o serviço de aluguel de amarrações e fornecimento de água, eletricidade, combustível e segurança. Imagem 49: Faixa costeira da Praia de Vilamoura – Vista Aérea da situação atual da área de uso Agrícola, da Marina e da cidade de Quarteira. Fonte: LUSORT, Fornecido pelo Arq. Fernando Galha no. Segundo o Plano Nacional do Turismo editado pelo Turismo de Portugal estabelecido em 2006, o turismo náutico é identificado como um dos 10 produtos estratégicos para o desenvolvimento turístico de Portugal. Hoje, no Algarve, as infraestruturas de suporte do turismo náutico agregam um total de 11 instalações, aqui referenciadas:35 35 Marina de Lagos, 465 amarrações. Marina de Por timão, 620 amarrações. Porto de Recreio do Clube Naval de Portimão, 240 amarrações. Doca de São Francisco em Portimão, 74 amarrações. Cais Bartolomeu Dias em Portimão, 65 amarrações. Segundo estudo do Perfil e Potencial Econômico-Social do Turismo Náutico realizado pelo Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve, a origem dos nautas que frequentam as Marinas e Portos de Recreio do Algarve é marcada pela presença majoritária de embarcações provenientes de Portugal, Reino Unido, Espanha e Países Baixos (PERNA, 2008). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 216 Mapa 30.: Setor 01 - PORTO DE RECREIO, Plano de Vilamoura, 1960 - Fonte: Universidade do Algarve Foi criado também no plano de 1989, outro sub sector constituído por zonas. A zona 1 B.6 estão localizadas as ruínas romanas, uma zona arqueológica com importantes vestígios das antigas civilizações que habitaram Vilamoura, a zona 1 B.5, onde se instala o Posto de Venda de Gasolina e a zona 1.B.7, a zona da “Ilha Romantica” em que se prevê um projeto lúdico com restaurantes e habitações voltado para o lazer. No sector 1 C onde se localiza a grande reserva ecológica de Vilamoura, o plano determina que a área “deverá ser objeto de estudo científico e de intervenção para valorizar e equipar”. Dentro ainda da zona 1C foi acrescentado no plano, uma área destinada para edificios culturais e de animação sem excluir o uso habitacional, e um espaço urbano envolvidos pelas zonas baixas do sector agricola, a reserva ecológica e a linha de água. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 217 Mapa 31: Setor 01 – Situação Atual da Marina de Vilamoura – Fonte: Universidade do Algarve. Setor 2 – O Pinhal de Quarteira – uma área situada numa pequena colina e envolvida pela densa floresta de pinhal, e próximo da povoação já existente (Quarteira). Este tem como objetivo a implantação de aldeias de férias e atividades desportivas, integrando a área do pinhal. Um setor que foi subdividido em vários sectores e também bem desenvolvido. Este sector faz fronteira com Quarteira através do subsector 2Q (núcleo adjacente a Quarteira) e 2T (faixa tampão intercalar). A área do pinhal é uma zona de moradias, enquanto a parte baixa é uma área mais urbana, uma área que surge como uma zona ligada às atividades centrais, englobando um conjunto de hotéis, cassino, igreja ecumênicas, cinema, centro comercial, escritórios de empreendimento e instalações de recreio. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 218 Mapa 23 Vista aérea da situação atual do Setor 2, que faz divisa com a cidade de Quarteira. Fonte: LUSORT, fornecido pelo Arquiteto Fernando Galhano, Direção Técnica. Mapa 32: Setor 02 – PINHAL, Plano de Vilamoura de 1960 - Fonte: Universidade do Algarve. Consultado em Novembro de 2010. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 219 Sector 3 – O Figueiral - uma área com capacidade de recepção de quase 7.000 pessoas, sendo 1.200 em hotéis e 5.600 em outros alojamentos. Este sector teria como característica urbana o agrupamento de pequenos e variados parques e praças interiores e alta densidade de ocupação. Previsão de um hotel entre os setores 4 e 3. Seria o hotel dos 2 golfes. Neste local está instalado o clube do Golfe 2. É uma área residencial de encosta no ambiente de pinhal e ao longo de parte da área do golf. Na zona baixa se localizam instalações desportivas e de competições e numa parte mais alta e rodeado pelas linhas do golfe estão situadas as moradias e blocos, que podem desfrutar de uma vista panorâmica do setor. Foi previsto um hotel neste sector que não deveria ultrapassar a altura equivalente a 6 pisos. Mapa 33: Vista aérea da situação atual do Setor 02. Fonte: LUSORT, Arq. Fernando Galhano. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 220 Mapa 34: Setor 03 – FIGUEIRAL, Plano de Vilamoura de 1960. Fonte: Universidade do Algarve. Consultado em Novembro de 2010. Sector 4 – Golf – Este sector foi o primeiro a ser estudado em Vilamoura. Ele possui um campo de golfe e foi sofrendo alterações ao longo da reformulação dos planos. É constituído por aldeamentos de moradias, dispersas pelos pinhais ou localizadas nas partes mais baixas. Neste setor se encontra também o Clube de Golfe, campos de Tênis, uma zona de viveiros e o Jardim do Lago. Alguns equipamentos de infraestrutura como captações de tratamento de água também se encontra neste setor. Os hotéis a serem instalados neste setor não devem ultrapassar os dois pisos exceto o Hotel dos Dois Golfes que poderá apresentar até seis pisos. A característica dominante é o campo de golf de dezoito buracos anexo a um hotel. O golf de 18 buracos fica numa área de pinhal, num terreno que apresenta um relevo variado. Envolve na área do golfe, variados aldeamento de baixa densidade. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 221 Mapa 35: Situação Atual do Setor 4. Fonte: LUSORT, Arq. Fernando Galhano. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 222 Mapa 36: – Setor 4, GOLF, Plano Vilamoura, 1960. Fonte: Universidade do Algarve. Consultado em Novembro de 2010. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 223 Sector 5 – Lago – O elemento central deste sector é um lago de água doce com área de 180 mil metros quadrados de área e uma área residencial. Este foi concebido de modo a poder ser aproveitada a parte sul para a localização de edifícios como hotéis, clubes juntamente com uma zona habitacional, reservando-se em grande parte as zonas envolventes a norte para equipamentos de uso geral como teatro ao ar livre, piscina olímpica, parques infantis, terminal rodoviário. Este lago funcionaria como uma Marina Interior, interligado por eclusas à Marina existente que esta em comunicação aberta com o Oceano através do anteporto. Esta numa posição centralizada em relação ao conjunto urbano de Vilamoura e é formada por cinco zonas: O conjunto limítrofe à via central, constituído por quarteirões urbanos. A zona do Terminal Turístico com previsão para receber intenso tráfego rodoviário. Esta zona incluirá as agências turísticas, o apoio comercial e os blocos habitacionais de uso diversificado junto à Marina Interior. Uma área habitacional a coordenar com o golfe. Uma quarta zona formada por blocos habitacionais junto ao Lago. Uma última zona constituída por parte da área do golfe. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 224 Mapa 37: Setor 05 – LAGO, Plano de Vilamoura, 1960. Fonte: Universidade do Algarve. Consultado em Novembro de 2010. Mapa 38: Situação Atual do Setor 5. Finte: LUSORT, Arq. Fernando Galhano. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 225 Sector 6 – O Olival – um sector mais afastado do mar constituído para ser desenvolvida nas últimas fases de execução do projeto, de modo a permitir a elevação da capacidade de recepção da estância ao seu máximo ou seja cerca de 50.000 habitantes. Já este, entretanto, executado em boa parte, com dois campos de golfe num deles tendo extravasado para a expansão do Pinhal Velho36 Este setor engloba tanto as áreas industriais como permanente ou conjuntos turísticos habitacionais. Ele esta subdividido em áreas para industrias ligeiras e equipamento de apoio às atividades de Vilamoura como armazéns e silos, assim como conjuntos habitacionais para residentes permanentes. Mesmo sendo uma área industrial a área margeia uma área de golfe com pequenos aldeamentos ao redor de espaços coletivos privados e alguns blocos. Estas habitações se beneficiam das vistas sobre a área envolvente mais baixas e de construção de pequena altura. Mapa 39: Situação atual do Setor 06, 2010. Fonte: LUSORT, fornecido por Arq. Fernando Galhano. 36 Esta ocupação não previa o uso dado no plano aprovado consagrada em substituição dos hotéis prevista na Rocha Baixinha e Falésia que estavam prevista para o setor 7. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 226 Mapa 40: Setor 06 – OLIVAL, Plano de Vilamoura, 1960. Fonte: Universidade do Algarve. Consultado em Novembro de 2010. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 227 Sector 7 – Praia e Falésia – uma área próxima do porto, do lago à grande praia. Nesta área foi previsto uma grande reserva de hotéis com alguma interligação com o lago e o porto de recreio, e uma capacidade de 3.000 pessoas. Neste setor, as características climáticas são valorizadas: “Como em toda a zona central e leste do litoral algarvio, as excepcionais condições climáticas permitem a estadia regular do turista ao longo de todo ano”, PU Vilamoura, 1966., p. 10) Este sector se estende a Sul da Ribeira de Quarteira e ao longo da praia e da Falésia. Neste sector esta incluido os hotéis, aldeamentos turísticos, as instalações balneares de apoio à praia ou pequenos restaurantes populares. Atrás das dunas ou das falésias estão os hoteis, uma solução que evita a visão de volumes na linha da costa. Dentro do sector 7 foi feito uma subdivisão: 7.1 – Restaurantes populares e de praia/ribeira, com eventuais habitações em primeiro andar parcial e aproveitando o vão da cobertura. 7.2 – Apoio balneares e da praia. 7.3 - Hotel das Dunas, com passagem superior em estrutura de madeira para acesso à praia por sobre as dunas protegidas (não foi executado). 7.4 – Hotel de Rocha Baixinha, dispondo de um espaço de piscina “sobreelevado sobranceiro à praia”, (não foi executado). 7.5 – Hotel da Falésia, que poderia oferecer um espaço de vivência no planalto e um acesso adequado à praia (não foi executado). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 228 Mapa 41: Setor 07 – PRAIA, Plano de Vilamoura, 1960. Fonte: Universidade do Algarve. Consultado em Novembro de 2010. Mapa 42: Setor 07 – Situação Atual do Setor 07. Fonte: LUSORT, Arq. Fernando Galhano. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 229 Setor 8 – Área agrícola – uma área reservada para atender as necessidades de abastecimento agrícola de Vilamoura e também preservar uma área natural com equipamento turístico. Neste Setor seriam produzidas toneladas de alimentos como uva de mesa, frutas da região como o figo, a alfarroba e a amêndoa, o tomate, além da produção de leite, carne de vaca, carne de porco, frangos e ovos. Para o funcionamento destas produções foram necessários a aquisição dos efetivos pecuários, máquinas agrícolas, a estabulação de milhares de animais e o armazenamento de produtos que um centro coordenador de distribuição se encarregava de levar aos consumidores. Também estava previsto um santuário ecológico com cerca de 50 HA, a completar a rede ecológica que enquadrava os diferentes setores e principais instalações. Mapa 43: Setor 8, Plano Urbano de Vilamoura, 1966. Fonte: LUSORT, Arq. Fernando Galhano. Tambem abriga equipamentos fundamentais para o funcionamento do conjunto de Vilamoura, o Aeródromo, a estação de Tratamento de Esgoto, a Sociedade Agrícola, o Aldeamento de trabalhadores, o Centro Hípico e as habitações para trabalhadores agrícolas que complementam as necessidades do Centro Hípico. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 230 O Pinhal velho funcionará como zona verde não equipada de regeneração ecológica servindo de atrativo para os aldeamentos mais próximos. Também foi prevista uma sub-área para eventuais pequenas quintas para exploração agrícola intensiva e para habitações do tipo lacustre. Neste sector ficou prevista a abertura de um conjunto de lagos e canais que ocuparão a zona baixa e alagadiça, na varzea do trecho final da ribeira. Contudo o empreendimento tem o aspecto negativo de estar ocupando uma área em que se localiza vários sítios arqueológicos de uma antiga vila romana e por ser uma área de corredor ecológico. Mapa 44: Vista Aérea dos Setores 08 e 01, com a implantação dos lagos artificiais e a ampliação da Marina. Fonte: LUSORT, Arq. Fernando Galhano. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 231 9. Enquadramento Geral da prática do Urbanismo no Brasil Este capítulo será apenas uma breve análise de algumas fases do urbanismo no Brasil com base em artigos e pesquisas existentes, bem como, a influência das leis federais e municipais Na formação do espaço urbano brasileiro. Também será analisado como o privado tem desenvolvidos projetos de novos condomínios nas cidades brasileiras e especialmente em São Paulo, já que este modelo de urbanização se reflete no ocorre na área do litoral, local do estudo de caso. Depois sera mostrado a diferença na elaboração e desenho do espaço urbano de empreendimentos residenciais voltados para a primeira moradia e para aqueles voltados para o turismo (a segunda residência). Um artigo escrito por Renato Saboya (2008) tenta fazer uma periodização do urbanismo no Brasil com base em dois textos de pesquisadores conceituados. Um dos autores é o arquiteto Flavio Villaça no qual escreveu o livro “Uma contribuição para a História do Planejamento Urbano no Brasil” e o outro é com base em pesquisa iniciada em 1992 na Universidade de São Paulo, com o título “Urbanismo no Brasil, subprojeto São Paulo”, tendo como líder do grupo, a pesquisadora Maria Cristina da Silva Leme, no qual gerou a publicação do livro A Formação do pensamento Urbanístico no Brasil. A tentativa de periodização é baseada no desenvolvimento urbano ocorrido em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro onde são propostas quatro etapas pelas quais o planejamento urbano passa no Brasil. A primeira fase se refere aos anos entre 1875 a 1930, em que o foco dos planos de urbanização visava o embelezamento da cidade. Eram planos que seguiam os princípios determinados pelos urbanistas europeus e consistia no alargamento de vias, transferência da população de baixa renda situada nas áreas centrais para as áreas periféricas da cidade e o tratamento paisagístico de parques e praças. Nesta fase destaca-se o plano de Pereira Passos para a cidade do Rio de Janeiro, em 1875, que previa uma série de obras para embelezar a cidade. A segunda fase seria de 1930 a 1965 em que os planos elaborados eram concebidos com uma visão mais global das problemáticas urbanas e, portanto estavam voltados para o estabelecimento de diretrizes como um todo e não apenas em algumas áreas específicas da cidade. A intenção era buscar conexões entre o centro da cidade com os bairros periféricos. O melhoramento das vias não era mais com o objetivo de embelezar a cidade mais de melhorar o sistema de transporte e suas conexões com outras cidades. As leis de O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 232 zoneamento e de uso e ocupação do solo, segundo Leme (1999) começa a serem feitos nesta época, mas alguns dispositivos urbanísticos já haviam sido elaborados para impedir a instalação de cortiços e vilas operárias em cidades como o Rio de janeiro e São Paulo. Um plano representativo desta fase é o Plano de Avenidas de Prestes Maia para São Paulo de 1930, que tratava de vários aspectos do sistema urbano, como as estradas de ferro e o metrô. Os anos entre 1965 a 1971 seria uma nova fase em que os aspectos sociais e econômicos são incorporados aos planos, tornando-os mais complexos. Quanto maior sua complexidade, maior a estrutura administrativa com suas inúmeras setorizações e especializações. Uma vez considerado os fatores sociais e econômicos da cidade para a elaboração do plano, mais distante ele se tornava dos interesses das classes dominantes dificultando as possibilidades de sua real aplicação. Um exemplo deste tipo de planejamento urbano citado por VILLAÇA (1999) é o Plano Doxiadis para o Rio de Janeiro, que possuía quase quinhentas páginas de estudos técnicos e somente nove de implantação. De 1971 até os anos de 1990, os planos, talvez como resposta á complexidade dos planos anteriores passaram a ser elaborados sem muita preocupação com diagnósticos técnicos. “Nos anos de 1970, os planos passam da complexidade, do rebuscamento técnico e da sofisticação intelectual para o plano singelo, simples – na verdade, simplório – feito pelos próprios técnicos municipais, quase sem mapas, sem diagnósticos técnicos ou com diagnósticos reduzidos se confrontados com os de dez anos antes.” (VILLAÇA, 1999, p. 221). Quanto à situação atual do planejamento urbano no Brasil o prof. Manuel da Costa Lobo (conforme entrevista em 2010), como urbanista expõe a sua análise. “O planeamento urbanístico (ou do território) no Brasil parecer ter-se apagado a favor de uma espécie de monopólio de arquitetos ou mesmo de arquitectosurbanistas, apenas preparados para desenhar a arquitetura urbana, mas esquecendo da coordenação e a qualificação do espaço humanizado. Só assim se pode explicar a situação deplorável de Brasília, por um lado classificado como patrimônio mundial, mas por outro esquecendo completamente o seu enquadramento, estando o Plano Piloto (quer se afirme estar a ser defendido) a ser completamente desvalorizado, desqualificado pela falta de intervenção nalguns pontos que dependam de conjuntura e pela intervenção caótica no espaço circundante com loteamentos díspares”. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 233 Pela sua análise, os “arquitetos-urbanistas” se esquecem de que todo plano para ser implantado e se tornar um benefício real para a cidade precisa de gestão e qualificação contínua do espaço. Caso contrário, os planos são somente planos e não ocorre de fato a sua concretização. Também os planos, bem como, o zoneamento proposto para uma cidade não parece serem elaborados de acordo com as características físicas e geográficas de cada região. Isto tem ocorrido em certas cidades brasileiras em que os interesses da especulação imobiliária sobrepõe aos riscos ambientais do lugar. Um exemplo desta situação acontece nas cidades do litoral do estado de São Paulo, onde os acidentes e desastres naturais ocorridos, geralmente estão associados á ocupação inadequada do solo. As consequências de um zoneamento urbano incompatível com as características físicas do local são escorregamento de encostas, inundações e erosão acelerada (MARTINS, 2007). Guarujá e Santos são um exemplo de desconformidade entre, o que o plano diretor propõe, de garantir a “sustentabilidade” do espaço urbano com o que o zoneamento permite, em relação à situação geomorfológica da cidade. No município de Guarujá, há áreas em que o zoneamento promove alto adensamento construtivo permitindo alto índice de aproveitamento dos terrenos em áreas que apresentam grandes fragilidades ambientais. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 234 Imagem 50: Litoral Norte do Estado de São Paulo – Parque Estadual da Serra do Mar Fonte: http://www.fflorestal.sp.gov.br/bertiogaPropostasRecebidas. php, Imagem 02: Zoneamento da cidade do Guarujá, Fonte: http://www.guarujá.sp.gov.br; acesso 2012. No município do Guarujá, próximo da orla praia e do Morro da Campina, conhecido popularmente como Morro do Maluf, como mostra o mapa acima, o zoneamento permite que, no entorno do Morro da Campina seja de alta densidade e permite também a construção de edifícios para uso residencial. No entorno deste morro existe um córrego artificial formado pela água que desce da chuva. Segundo TOMINAGA, (2009), estas águas são provenientes das “corridas”, formas rápidas de escoamento provocadas pela “perda de atrito das partículas de solo, em virtude da destruição de sua estrutura interna, na presença de excesso de água”. Este movimento é gerado pelo acumulo de material orgânico, pequenas rochas e árvores que, com as chuvas formam uma massa de elevada densidade e viscosidade. A massa deslocada atinge distância e extrema velocidade causando destruição de tudo o que estiver no caminho. Lugares sujeitos a esta situação ambiental deveriam ter um zoneamento que não permitisse o adensamento populacional próximo ou até mesmo a proibição do seu uso. (TOMINAGA, 2009). Mas o fato de haver interesse em construir em áreas ambientalmente perigosa se deve aos interesses do mercado imobiliário onde o requisito “localização” é o que sobrepõe qualquer outro critério de análise de uma área. No livro, “O Lugar do Projeto, no Ensino e na Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo”, no artigo “A Edificação como Produto Imobiliário no Desenvolvimento da Arquitetura Contemporânea em São Paulo”, os autores Roberto Righi e Luiz Guilherme Rivera de Castro, menciona os estudos e análises do arquiteto norte-americano John Portman37, no qual ele desenvolve um modelo para a 37 é um arquiteto americano e promotor imobiliário conhecido por popularizar hotéis e edifícios de escritórios com vários andares contendo um átrio no seu interior. Ele também influênciou a paisagem urbana de sua cidade natal, Atlanta, com o serviço complexo Peachtree Center como centro de negócios e âncora do turismo a partir dos anos 1970 – Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/John_C._Portman,_Jr. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 235 articulação de projeto com o empreendedorismo imobiliário. Um dos fatores relevantes nesta atividade esta a questão da estrutura urbana e os padrões de crescimento, pois “para o setor imobiliário, os fatores mais importantes são localização, localização e localização”, e então, muitas vezes, os fatores ambientais podem ser deixados em segundo plano. Outro aspecto a ser abordado neste capítulo se refere à forma como os empreemdimentos privados de grande porte vem sendo desenvolvidos no Brasil. São empreendimentos que formam novos focos de urbanização dentro das grandes cidades e que oferecem um desenho urbano onde, na maioria das vezes favorece mais a vontade de aumentar a quantidade de unidades residênciais por solicitação dos promotores imobiliários e investidores do que o interesse em oferecer aos futuros moradores a devida qualidade urbanística. A preocupação maior esta em apenas cumprir aquilo que é exigido pelas leis federais e municipais, ao invés de propor, por exemplo, mais áreas verdes, ou mesmo aumentar os recuos dos lotes por uma questão de valorização e qualidade paisagística. As áreas de lazer têm sido usadas pelos promotores e investidores do mercado imobiliário como uma ferramenta de valorização do empreendimento, no qual é chamado de “produto”, e de distinção das categorias dos empreendimentos em relação ao preço. Na empresa brasileira ABYARA que até 2008 atuava no mercado nacional como Incorporadora, os padrões de condomínios residênciais se diferenciavam pela oferta de áreas e equipamentos de lazer. Portanto o que determinava o valor de venda não era o tamanho dos apartamentos, mas sim a oferta de equipamentos de lazer como playground, áreas para churrasqueira, quadras de esportes e áreas com piscinas. ÁREA DO APTO De 41 m2 A 52 m2 De 37 m2 a 45 m2 De 40 m2 a 60 m2 EQUIPAMENTOS DE LAZER CLIENTE - RENDA Casa - condomínio popular – centro esportivo/creche/escola de 1º grau e centro comunitário. Edifício de 3 pavimentos s/ elevador – salão de festa/sala de ginástica, quadra, churrasqueira e garagem de superfície. Edificio – de frente para rua – salão de festa/ churrasqueira e garagem no subsolo. Edifício – condomínio clube – Salão de festa/ quadra poliesportiva/ piscina/ churrasqueira/ playground e garagem no subsolo c/ 1 vaga. De 2.000,00 a 2.500,00 reais. De 2.800,00 a 5.000,00 reais De 6.000,00 a 12.000,00 reais. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 236 Edifício – condomínio clube – Beaut De 12.000,00 a 15.000,00 reais. Center/ Garage Band/ Salão de festa/ Espaço Gourmet/ Quadra Poliesportiva/ Playground/parede para escalada/ piscina aquecida e coberta/ garagem para até 2 vagas. De 120 m2 a 400 m2 Edifícios ou casas – Condomínio Spa com De 15.000,00 reais em diante serviços terceirizados – espaço mulher/ ateliê/ academia/ Espaço Gourmet com café da manhã/ sauna/ piscina coberta e aquecida/ livraria/ restaurante e garagem para até 4 vagas. Tabela 19: Relação dos tipos de empreendimento Residenciais e a metragem dos apartamentos. Fonte: Elaborado a partir de experiência Profissional na Abyara, em 2008. De 120 m2 a 150 m2 Portanto um empreendimento residêncial comum voltado para a primeira moradia, o tipo de urbanismo adotado é em função do aproveitamento máximo da área do terreno para aumentar quantidade de unidades em função do valor de venda. No caso de um empreendimento residêncial voltado para o turismo, a “segunda moradia”, as áreas livres, o traçado urbano e o paisagismo recebem maior atenção e são às vezes dimensionadas acima do exigido pela lei. E para que haja uma gestão e manutenção da qualidade dos espaços urbanos, os loteamentos para uso residencial são concebidos de forma integrada com zonas reservadas para as instalações de redes hoteleiras e centros comerciais. Assim, mesmo que os moradores utilizem suas casas apenas nos finais de semana, a movinetação de pessoas é constante e assim, os turistas que utilizam os serviços hoteleiros contribuem na gestão e manutenção do empreendimento como um todo. Um exemplo deste modelo de urbanização que vem ocorrendo no Brasil é o empreendimento Quintas do Arembepe, em Salvador, na Estrada do Coco e a 10 km do município de Camaçari. O Plano Diretor das Quintas de Arembepe prevê a implantação de 4.825 residências e prevê áreas para a implantação de um centro comercial e um resort com campos de golfe previsto para ser desenvolvido até 2013. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 237 Mapa 45: Master Plan do Quintas de Arembepe. Fonte: http://www.designresorts.com/Projects/QUINTAS-DE-AREMBEPE/Projecto2.aspx?tabid=300 Mapa Outros empreendimentos turísticos estão sendo lançados nas praias baianas no qual incorpora: comércio e serviços, campo de golfe, condomínios, zona de lotes e moradias como o Quintas do Litoral, pela empresa Resort Design. Imagem 51: Maquete eletrônica, Quintas do Litoral. Fonte: http://www.designresorts.com/Properties/Segmentos/Projectos.aspx?tabid=195 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 238 9.1 Parâmetros Urbanísticos Utilizados em Riviera de São Lourenço, Bertioga, Brasil. O Plano Urbano da Praia de São Lourenço foi aprovado no município de Santos38, através da Lei nº 3532/68, visto que na fase de sua aprovação, o município de Bertioga não havia sido formado. A ocupação do solo foi regulada de forma a permitir baixo adensamento, com grandes recuos e baixos índices de aproveitamento dos terrenos. Tais restrições urbanísticas do loteamento estão descritas no artigo 2 do plano, no qual ficou estabelecida três zona. As Zonas turísticas que abrange os lotes de 01 a 09 do plano, as Zonas Residencial que abrange os módulos de 10 a 22, do Plano; e a Zona Mista nos módulos de nº 23 a 33 do Plano. Mapa 46: mapa geral de Riviera de São Lourenço. Fonte: http://www.vejariviera.com.br/a_riviera/conheca-a-riviera-de-sao-lourenco, acessada em 01/11/12. Para um empreendimento desta dimensão é preciso considerar que a população flutuante seria muito diferente da população fixa pelo fato da grande parte dos turístistas morarem na cidade de São Paulo. Segundo dados da Associação dos Amigos de Sabaúna, atualmente, cerca de 3000 pessoas residem no local, mas nos finais de semana a população cresce para 10 mil e, nos feriados e férias, pode chegar até 45 mil pessoas. Um zoneamento adequado ao uso do lugar implica em considerar esta variação de fluxo de pessoas. 38 O memorial de loteamento é parte integrante do plano da Praia de São Lourenço devidamente arquivado no 1º Cartório de Registro de Imóveis de Santos, cláusula XI, Artigo 01 a 19, letras A a D. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 239 Segundo a definição da Lei 317/98 de uso e ocupação do solo do município de Bertioga descrita no artigo nº 45, da Lei zoneamento “… é o processo de orientação e controle da localização, dimensionamento, intensidade e tipo de uso dos lotes e das edificações, bem como o processo de orientação e controle das relações entre espaço edificado e não edificados”. Assim um zoneamento implica em reservar de forma adequada espaços para as diferentes atividades urbanas, assegurar a preservação dos recursos naturais e estimular o crescimento urbano nas áreas mais apropriadas ao seu desenvolvimento. A fim de preservar a qualidade ambiental do empreendimento turístico de Riviera de São Lourenço, no espaço urbano destinado para lazer, dentro da Zona Turística foi expressamente proibido o uso dos lotes para a instalação de balneários, cabines, estádios esportivos, barracas e camping. Também ficou vedada a instalação de quiosques, reboques ou barracos para a comercialização de alimentos e bebidas em qualquer local da área do Plano da Praia de São Lourenço, incluindo a faixa da marinha. Para a perservação da salubridade, e da qualidade dos espaços públicos, as categorias de uso institucional, cultural e serviços são permitidos apenas em terrenos de esquina, desde que as larguras das vias não sejam menores do que 24,00 m de largura. As categorias de uso plurifamiliar só serão permitidas em lotes unificados, cuja soma dos terrenos seja no mínimo 2.100 m2. Também não são permitidas edificações com mais de 10 pavimentos, nos lotes com alinhamento para vias de ligação com menos de 24,00 m de largura integrantes de algumas quadras específicas e edificações com mais de 5 pavimentos, incluindo o pavimento térreo, nos lotes com alinhamento para as ruas em “cul de sac” integrantes de algumas quadras específicas. Quanto ao uso dos terrenos para a edificação, a taxa de ocupação (VER ANEXO 07), ou seja, a área de projeção máxima em relação ao terreno diminui conforme aumenta o número de pavimentos. Para edificações com até cinco pavimentos, a taxa de ocupação é 0,40, e para edifícios de 6 a 10 pavimentos, o índice diminui para 0,20 podendo ser ampliada somente no térreo para a construção de garagens para os usuários das unidades habitacionais. O coeficiente de aproveitamento, ou seja, a área total da edificação em relação á área do terreno, não pode ultrapassar a uma e meia vez a área do terreno excluída as áreas destinadas à garagem, a área de uso comum no pavimento térreo, os balcões e terraços abertos com projeção até 2,00 m lineares e as áreas O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 240 complementares a edificação tais como guarita, vestiário de piscina, casas de bombas, caixa d´agua, piscina, casa de máquinas, toldos e dependências de zeladores. Os recuos de frente das edificações na Zona Residencial segue o que é exigido pela lei do código de uso do solo do município de Bertioga, conforme Lei 317/08. Quanto maior o nível de tráfico de automóveis, maior é o recuo de frente. Nas vias de tráfego expresso o recuo é de 10 metros; nas ruas com largura igual ou superior a 24,00 metros, o recuo diminui para 7 metros e nos lotes localizados nas ruas sem saída “cul de sac” o recuo cai para 5 metros. Quanto mais pavimentos, maior é o recuo dos fundos. O recuo será de 2,00 m, mais 1/10 da altura da edificação. O recuo lateral será de 1,50 m, mais 1/10 da altura da edificação. Se for mais de dois pavimentos o recuo lateral deverá ser igual ou maior que a metade da altura da edificação. Alem dos recuos ficou estabelecido que a edificação devesse ocupar somente 40% da área do terreno (taxa de ocupação). Na Zona Mista a projeção das edificações sobre o terreno muda em função do uso. A taxa de ocupação lotes ficou em 0,50 para construções de tipo residencial e 0,75 para fins não residenciais. Dentro de cada zona houve uma variação quanto às alturas das edificações. Nas Zonas Turísticas, por exemplo, os módulos 2, 4, 5 e 7 não são permitidos edificações com mais de 5 pavimentos. Esta norma impediu que se criasse um “paredão” de edifícios altos impedindo a circulação dos ventos e gerando áreas com sombra das edificações. Mapa 44: mapa geral de Riviera de São Lourenço. Fonte: http://www.vejariviera.com.br/a_riviera/conheca-a-riviera-de-sao-lourenco O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 241 Imagem 52 e 53: Maquete de vendas dos lotes de Riviera de São Lourenço Fonte: Sede da Associação dos Amigos de Riviera. Nos demais módulos da Zona Turística a altura das edificações diminui nas áreas do “cul de sac”. As edificações nestas áreas não ultrapassam a 5 pavimentos e nas ruas com largura igual e superior a 24 metros, foram permitidas edificações com somente até 10 pavimentos. Imagem 54: Maquete de vendas dos lotes de Riviera de São Lourenço Fonte: Sede da Associação dos Amigos de Riviera. Os recuos laterais para edifícios maiores que 2 pavimentos (incluindo-se a sacada), são calculadas pela soma da metade de suas alturas, resultando na distância entre blocos correspondem á alturas do edifício. Todas estas medidas urbanísticas evitaram que a ocupação do solo torna-se um motivo de uma futura desvalorização do empreendimento como destino turístico e evitou também que a paisagem urbana, após a construção de todas as edificações se tornasse semelhante á ocupação das praias das cidades de Santos e Guarujá39. 39 Diferente do que ocorreu com Vilamoura, não houve uma preocupação ou uma previsão de como seria a ocupação da população complementar, ou seja, aquelas pessoas que iriam morar na região para trabalhar em função do turismo residencial. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 242 Imagem 55: Ocupação Urbana em frente a Praia de Riviera de São Lourenço Fonte: Adriana Siva Barbosa Imagem 56: Praia de Santos Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,santos-quer-reduzir-em-30-tamanho-depredios,672531,0.htm, acessado em 02/11/12 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 243 10. O conceito de traçado das News Tows inglesa nos empreendimento turísticos e sua influência nos parâmetros urbanos utilizados. Segundo entrevista com o autor do primeiro plano urbano de Vilamoura, o prof. Manuel Costa Lobo, o desenho urbano foi inspirado no conceito das cidades jardins. Portanto este capítulo se torna relevante por ser uma pequena análise entre o porquê da busca de um modelo que procura unir os benefícios de se viver numa área rural com as vantagens de infraestrutura de uma área urbana. Segundo LAMAS (1989, p.367): “O conceito da cidade jardim forma-se no ambiente britânico e europeu do último quartel do século XIV, na procura de soluções para o crescimento das grandes cidades, e consubstancia-se no livro de Ebenezer Howard40, publicado em 1898, “Tomorrow, a peaceful path to real reform”. No texto de Ebenezer Howard a cidade jardim constituía um diferente modelo de organização social, econômica e territorial devendo a sua concretização implicar num novo ambiente residencial de baixa densidade e predominância de espaços verdes”. Howard consegue concretizar as suas idéias em Letchworth (1904), a que se segue Hampstead (1909) e Welwyn (1919), que deveriam envolver Londres como pólos alternativos de desenvolvimento e fixação. Suas teorias e o exemplo dos seus primeiros projetos vão influenciar o urbanismo em numerosos países. Como Howard não era urbanista ele confia as suas primeiras realizações a dois jovens arquitectos urbanistas Raymond Unwin e B. Parker. O urbanista Raymond publica os resultados das experiências de Letchworth e Hampstead no livro “Town Planning in Practice, publicada em 1909”. Segundo LAMAS (1989) este livro se tornou um manual de composição urbana e a sua divulgação contribuiu para a consolidação e teorização do desenho urbano, como também para a divulgação das idéias da cidade jardim: “Como alternativa territorial e urbanística à cidade industrial, e um dos pontos em que se apoiava a integração física da casa com o campo, a cidade-jardim traduzir-se-ia no conjunto de vivendas de baixa densidade em largos espaços arborizados no campo inglês”, (LAMAS 1989, p.368.). 40 Estudioso que analisa as vantagens e desvantagens de se viver no espaço da cidade e no espaço do campo, tentando criar um novo modelo de cidade que nela fosse possível usufruir os benefícios das duas áreas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 244 O urbanista Raymond Unwin propõe um ambiente dominado por superfícies arborizadas, plantadas e ajardinadas que permitiriam o máximo acesso tanto visual como físico a todos os espaços. Mas Raymond Unwin mantem a morfologia tradicional, mas introduz modificações e alterações que abrem novas pistas antecedendo e preparando algumas morfologias modernas. Unwin procura a constituição de pequenas comunidades de proximidade urbana, pesquisando novas tipologias urbanas como os “clustes” ou “impasse”, um agrupamento de edifíciosvivendas que envolvem um terminal que parte da rua. Este sistema implicou em algumas mudanças: “Este sistema obriga desde logo à abertura do interior do quarteirão, reinterpretando o pátio de quinta anglo-saxónico com espaço de convivência e estrutura das construções que o envolvem. As práticas sociais e algumas funções da rua como local de convívio e de acesso aos edifícios deslocam-se para o “impasse”. À rua, que no quarteirão tradicional também assegurava o serviço porta a porta, vai tornar-se apenas lugar de circulação. O impasse ou o cluster cria uma hierarquia intermédia entre o espaço público da rua e o espaço privado de habitação, antecedendo alguns sistemas de condomínio em urbanizações privadas actuais que oferecem um espaço semipúblico, ou adstrito a um reduzido número de habitações, apto para o convívio e as relações sociais de vizinhanças”, (LAMAS 1989, p. 370.). “O antigo beco, ou a rua sem saída, adquirem uma significação nobre no serviço e acesso às casas, dando sossego e tranqüilidade ao lugar. As habitações deixam de contactar com a rua barulhenta e buliçosa”, (LAMAS 1989, p. 370.). “O quarteirão é fechado, já que perde a forma fechada e compacta das soluções tradicionais, com a criação dos impasses interiores. Por economia de espaço, na sua bordadura vão ainda surgir casas unifamiliares que se implantam sobre a rua”, (LAMAS 1989, p. 370.). Depois os urbanistas Stein e Henri Wright avançarão e propõe a total separação entre a circulação de automóveis e de peões e reduz ao mínimo o logradouro privado em favor de um espaço livre público ou parque coletivo, no qual se dispõem as habitações individuais agrupadas duas a duas. Este esquema passa a ser chamado de “implantação de Radburn”. Este sistema resolvia algumas necessidades da vida moderna como o acesso directo do automóvel à habitação resolvendo o problema de segurança; o isolamento da habitação e do logradouro e o aproveitamento dos espaços verdes para uso colectivo. Clarence Stein (Plano de Redburn) expôs esses princípios em 5 pontos: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 245 a substiuição dos quarteirões tradicionais por blocos habitacionais, não cortados por vias de circulação; a hierarquização das ruas em quatro categorias com funções diferentes; Separação da circulação de pões da circulação do automóvel, criando uma rede especial de caminhos pedonais que se cruzam em desníveis com as ruas; A orientação dos espaços principais das casas para jardins; Criação no interior dos blocos habitacionais de largas faixas de verdura formando um parque ramificado a toda a cidade. A superfície dos jardins individuais é reduzida ao mínimo, em proveito de vastas áreas livres verdes e colectiva, para a utilização pública e os desportos. Para LOBO (1991) a cidade jardim, segundo o conceito de Ebenezer Howard (1898) valoriza o seguinte conjunto de preocupações: Desenvolver complementaridades entre a estrutura urbana e a envolvente agro-florestal. Estreitar e desenvolver novas relações cidade/campo. Limiar o crescimento das manchas urbanas e dispersar os aglomerados de modo a evitar manchas com mais de 30.000 habitantes. Estruturar a cidade em bairros de 6.000 habitantes com os respectivos serviços e equipamentos. Criar espaços desafogados; dar amplos espaços para a habitação, para a circulação, para os parques públicos e jardins privados, para os equipamentos e serviços públicos. Favorecer o transporte público com uma rede local de caminho-de-ferro. Criar bolsa de terrenos geridas no sentido de contrariar acções especulativas. Procurar qualidade conceptual, no processo de planejamento, de composição e de projecto. Controlar focos de poluição e produzir espaços de trabalho aprazíveis. Segundo LOBO (1991), “o desenho urbano concebe espaços adaptados para um programa de acontecimentos que poderão aí ocorrer. O sistema urbano é a totalidade desses acontecimentos e não dos elementos da sua estrutura física”, (LOBO, 1991, p.1). O desenho urbano é um processo de análise e síntese que visa à concepção não só de objectos, mas, principalmente, de sistemas espaciais que tenham o predicado de estarem adaptados a determinadas funções e factos, entendidos como conjuntos integrados de relações. No essencial, trata-se da arte de criar e transformar objectos definidores de espaços, (LOBO, 1991, p.3). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 246 Espaço e Estrutura A estrutura de um território refere-se ao conjunto das suas partes essenciais e à forma como se justapõem formando um corpo. (LOBO, 1991, p.4) A estrutura organiza e condiciona o sistema, constitui o suporte da sua funcionalidade, permite o entendimento do ordenamento do território, a demarcação e descrição de unidades significativas e a identificação de tipologias. Depois de localizados os elementos territoriais na estrutura avaliam-se o seu caráter. Tal consiste na apreciação dos seus valores funcionais e o domínio no qual eles variam. A linguagem do desenho urbano é um conjunto de operações para desenvolver o carácter da estrutura e conferir identidade aos sítios. A concepção das transformações deve conduzir à edificação completa e perfeita do sistema urbano, (LOBO, 1991, p.5). Considerando a dispersão e amplitude das transformações que se operam sobre o território, o desenho urbano é indissociável do desenho da paisagem. Componentes principais do sistema urbano: Estrutura física – o sítio com o seu processo geomórfico, as suas características, a compartimentação de usos, a rede de drenagem, as orientações das pendentes, as relações visuais, o coberto vegetal, infraestruturas existentes e seus canais, valores arquitetônicos e paisagísticos significativos, independentemente de merecem serem ou não salvaguardados. Memória, a linguagem e a expressão arquitetônica – Cada sítio tem sempre um domínio simbólico que influência o modo como cada pessoa o aprende, o sente, o identifica, o valoriza e o utiliza. “A sua forma e natureza corresponde a códigos de entendimento que permitem a orientação dos percursos e do modo de estar, possibilitando uma espécie de diálogo entre o espaço urbano e o seu utente”. (COSTA-LOBO, p. 5). “A organização do espaço para responder a um programa de utilizações é a finalidade básica que orienta a concepção. É a partir de condicionamentos programáticos que se idealizam os O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 247 espaços e as suas relações e, posteriormente, a estrutura, as formas e os materiais para a sua construção, com eventuais retroacções. É neste contexto que o desenho urbano é uma arte aplicada que tem como ponto de partida um programa de actividades para as quais é necessário construir espaços adaptados”. (COSTA LOBO, 1991, p.6) Um programa tem duas partes que o desenho, em certa medida, procura conciliar: por um lado, as necessidades relativas às funções a que o espaço deve corresponder e, por outro lado, os meios técnicos e financeiros necessários à sua utilização. A prática profissional e a noção de viabilidade de uma idéia dá ao urbanista a capacidade de conceber, criticar e escolher soluções. O talento do urbanista e o mérito das idéias têm uma base intuitiva que o ensino, o estudo e a prática ajudam a desenvolver. A concepção do espaço urbano segue uma seqüência lógica que se pode ser esquematizada da seguinte forma (LOBO, 1991, p 6): Leitura do enquadramento espacial existente e planejado. Entendimento do significado histórico e dos outros valores culturais. Análise de estrutura física do sítio. Avaliação das condicionantes e sua síntese – compreensão do sítio. Desenvolvimento do programa geral e do programa em detalhe. Elaboração de diagramas funcionais. Aplicação do programa ao sítio, com soluções alternativas e respectiva avaliação. Configuração dos espaços urbanos, tendo em conta as suas proporções, procedendo depois ao ajustamento entrando com as dimensões efectivas. Especificação dos materiais e tratamento de detalhe. Elementos de coordenação geral, onde é importante incluir uma planta de trabalho indicando a implantação de todas as construções, traçados das redes e suas derivações, localização das arvores, peças de mobiliário urbano. Todos estes conceitos foram aplicados no Plano Urbano de Vilamoura. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 248 10.1 Vilamoura, Algarves, Portugal. 10.1.1 Evolução do Processo de Planejamento da Área. Desde a sua criação, o plano estava baseado em três grandes pólos, a Marina, os Golfes e as Praias, atribuída a cada um a sua característica: à Marina associava o centro urbano, às praias, a principal actividade hoteleira, reservando para os Golfes os aldeamentos e moradias mais recatadas. O primeiro plano urbano, elaborado em 1966 permitiu, desde o início, a organização de todas as estruturas de apoio – os equipamentos, animação, serviços e infraestruturas básicas. Ficou previsto uma ocupação de 317 hectares em habitações turísticas e complementos turísticos e 323 hectares em espaços verdes naturais e apontando para uma baixa densidade populacional, uma média de 65 habitantes por hectare, reservava uma área de cerca de 500 hectares para fins agro-pecuário, tendo em vista, a obtenção de produtos frescos e a produção de carnes e vinhos. A intenção de reservar uma área para fins agrícola foi com base na intenção de não depender da produção agrícola local visto que o Algarve, nesta época a região era considerada atrasada, sem esquemas de distribuição alimentar, e portando, um investimento na proporção de Vilamoura constituia uma preocupação neste aspecto. Mapa 45: Plano de Urbanização de Vilamoura de 1966. Fonte: LUSORT, Arq. Fernando Galhano. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 249 Os planos desenvolvidos ao longo destes 30 anos mantiveram-se a base do plano inicial e mesmo que algumas características tenham sido refeita e reorganizada diante das necessidades atuais, a existência de um Plano Geral de Urbanização, permitiu uma visão global do empreendimento, constituindo um dos principais suportes da qualidade actual de Vilamoura. O Plano de 1980, os seus organizadores entenderam que estava ocorrendo uma ocupação muito dispersa, formando um contínuo construído, de difícil leitura por parte do utilizador e de custos em infraestruturas mais elevados. “Esta dispersão, bem como a falta de elementos geradores como equipamentos, topografia e acidentes naturais, conduziu à criação de zonas residenciais não vocacionadas ou estruturadas em função desses mesmos elementos ou temas, pelo que a ocupação existente se torna monótona e incaracterística”. Pag. 19, PU Vilamoura 2ª fase. A proposta foi a de continuar mantendo os limites dos sectores proposto inicialmente e criar diferentes zonas, denominadas “zonas homogêneas” tendo em atenção às características físicas e funcionais como a sua vocação própria, os pólos de atracção e tipo de mercado. A partir destas foram proposta um esquema urbano com base em núcleos ou aglomerados, constituíndo numa série de aldeias, bem diferenciadas em termos de paisagens, localização, enquadramento paisagístico e de fácil faseamento visto que funcionam como células autónomas. Outra proposta foi a de criar um “Canal Verde” com o objetivo de cortar visualmente a globalidade do território, de modo a compartimentar a dimensão do empreendimento. É constituido de uma barreira com árvores de crescimento rápido, ao longo de 4 km próximos a zona da praia constituindo uma zona ecológica. 10.1.2 Condições Físicas da Área. Em Vilamoura há uma zona úmida, uma área de água doce em que a sua manutenção é importante para aumentar a diversidade da fauna silvestre. A área não urbanizada de Vilamoura possui condições propícias à presença de uma grande variedade de fauna, em particular de aves, que a utilizam em grande número, especialmente em determinados habitat, como o caniçal, uma zona úmida que se constitui de lagos e áreas de mangue. Estas áreas podem ser valorizadas. Para esta área existe uma proposta de transformá-lo num Centro de Interpretação da Natureza. Seria um espaço para implantação de atividades voltadas para a preservação ambiental, com áreas para caminhadas, um bosque com espécies características da flora regional, um centro de recuperação de aves e um parque temático de espécies O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 250 da fauna selvagem (informação colhida através de entrevista com Márcio Alexandre guia turístico do Parque Ria Formosa e especializado em aves). O mapa acima mostra a área não urbanizada de Vilamoura com as suas condicionantes, as RAN e a REN. A REN é a Reserva Ecológica Nacional, definida no Decreto-Lei nº 93/90 de 5 de março, uma estrutura biofísica básica e diversificada que, através do condicionamento à utilização dessas áreas com riscos de erosão (litotal ou vertente), de recarga de aqüíferos ou com riscos de inundação, garante a protecção ambiental. A RAN é a Reserva Agricola Nacional que são áreas reservadas para uso agricola, uma reserva dos solos mais férteis de Portugal como forma de garantir a produtividade caso seja necessário. Na área de Vilamoura o setor agrícola esta dentro da RAN e da REN (PARDAL, 2006). Segundo PARDAL, 2006. “a actual RAN não contempla qualquer apoio à agricultura e, surpreendemente, os seus defensores pretendem justificá-la como instrumento para impedir a urbanização e a construção. Com tal argumento confessam a perversidade de desiderato da lei: afinal a RAN não visa apoiar a agricultura, mas filar o poder de decidir sobre o processo de urbanizar”, (PARDAL, 2006, p. 15.). Na região do Algarve, há muitas áreas protegida por estas duas leis e a pressão, na região do litoral, pelos promotores do turismo e, ao mesmo tempo, o declínio da população ativa na agricultura, faz com que estas áreas, com o tempo sejam modificadas o seu uso e por fim urbanizadas. 10.1.3 Infraestrutura urbana com Sistema de Renovação dos Recursos Naturais Utilizados. As águas subterrâneas até 1998 têm abastecido as populações locais e as infraestruturas turísticas. A captação de água subterrânea, actualmente é feita quase exclusivamente por furos verticais, poços artesianos, e o seu uso é muito freqüente, numa ordem que podem aproximar-se dos 10 furos por quilómetro quadrado. (Existem 17 sistemas aquíferos principais, 16 instalados em rochas e um em areias de duna). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 251 MAPA 46: Áreas de Aquíferos em Vilamoura. Fonte: PROT Algarve – Plano Reginal de Ordenamento do território, CCDR, 2007. O sistema de drenagem e tratamento das águas residuais domésticas em Vilamoura possui actualmente um grau de cobertura de 100%. Actualmente todo o caudal drenado, com origem em Vilamoura, aflui à estação elevatória principal, com exceção dos caudais produzidos nas zonas da Aldeia Hípica e do Pinhal Velho, que são conduzidos graviticamente à ETAR. Para além da estação elevatória descrita, existem outras, a montante, que permitem elevar os caudais produzidos nas bacias abaixo da cota de implantação da ETAR. Os interceptores principais desenvolvem-se ao longo das redes viárias principais, com diâmetro compreendido entre os 200 mm e os 600 mm. O material utilizado é função da idade da infraestrutura. Os colectores construídos no inicio da década de 1970, são essencialmente em grés cerâmicos, tendo-se vulgarizado a utilização, nos tempos mais recentes do PVC. De acordo com os responsáveis da Lusotur, o sistema não possui deficiência de maior, para além das decorrentes da exploração e manutenção de um sistema com aproximadamente 80 km de colectores. A ETAR de Vilamoura serve toda a zona urbana de Vilamoura, Quarteira e o lugar de Boliqueime, prevendo-se a extensão da área de influência aos loteamentos turísticos e às zonas de habitação dispersa e urbano-turísticas, situadas na zona leste de O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 252 Vilamoura-Quarteira. O seu dimensionamento contempla o aumento da população conseqüente do crescimento previsto de Vilamoura. Hoje, devido ao aumento da população na região do Algarve e a falta de recursos hídricos passa a ser importante a utilização das águas residuais tratadas. No caso da ETAR de Vilamoura, a água é reutilizada para irrigação dos campos de golfe. Os estudos apresentados a Camara Municipal de Loulé em 1990 mostram que a água tratada atende os campos de golfe de vários empreendimentos da região envolvendo uma área 250 hectares (PROT ALGARVE 2010). 10.1.4 Quantidade de equipamentos coletivos. Em quase todos os setores de Vilamoura há equipamento de uso colectivo para atender a população daquele local. O setor 2, um dos primeiros setores urbanizado, que inclui a parte baixa da Marina e a parte alta do pinhal, tem a área do pinhal como uma zona de moradia e a parte baixa, mais urbana que surge como uma zona ligada as atividades centrais, englobando um conjunto de hotéis, casino provisório, igreja ecumênica, cinema, centro comercial, escritórios de empreendimento e comercial, escritórios do empreendimento e intalações de recreio. Cada Setor tem seus equipamentos de acordo com as atividades proposta no local, como um clube de tiro, um centro de equitação além dos equipamentos para as necessidades diárias. 10.1.5 Arquitetura Residencial com Sistemas de Renovação dos Recursos Naturais Utilizados. O PROT – Plano Regional de Ordenamento do Territorio estabelecem alguns incentivos no uso de energias renováveis e dá algumas diretrizes aos PD dos municípios. Segundo o PROT Algarve a região possui um potencial enorme de aproveitamento de recursos energéticos renováveis, os quais estão actualmente sendo aproveitados de forma muito limitada. O uso eficiente da energia e a busca de novos recursos para a produção de energia esta sendo encorajados pelos planos diretores, com a finalidade de minimizar os níveis de desperdício e a dependência de energias não renováveis. Em Vilamoura o facto dos planos incentivarem a construção de casas com características locais já é uma medida positiva já que se trata de uma construção que foi se adequando as características climáticas e ambientais da região. Abaixo algumas fotos de casas construídas em Vilamoura. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 253 Imagem 57 e 58: Casas construídas no Algarve, Características Arquitetônicas Típicas da Região incorporadas nas casas de veraneio em Vilamoura. Fonte: Adriana Silva Barbosa. 10.1.6 Arquitetura com Características Locais. A região do Algarve apresenta uma grande parte constituída de sítios arqueológicos e ruínas, que se formaram nas fases de ocupação humana. Algumas normas foram definidas no plano de 1989 a fim de preservar algumas características arquitetônicas: “A côr prevalente é o branco, sendo de admitir côres de terra sujeitos a estudos de conjunto para realce de certas áreas restritas, nomeadamente as Áreas Centrais. As telhas serão encarnadas ou regionais (esbranquiçadas)” (PLANO URBANO DE VILAMOURA, 1969). Os projetos arquitetônicos eram sempre submetidos a uma apreciação estética, suscetível de recurso nos termos legais. Imagem 59: Arquitetura com influência Algarvia. Fonte: Adriana Silva Barbosa. O mapa elaborado pelo PROT Algarve abaixo aponta as áreas arqueológicas no Algarve e tendo como destaque o município de Loulé: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 254 Mapa 47: Equipamentos Urbanos. Fonte: PROT Plano Regional de Ordenamento do Território., CCDR, 2007 No regulamento geral do PU Vilamoura de 1989 houve a preocupação evitar a poluição visual dos equipamentos públicos de valor arquitetônico: “A caracterização e individualização dos edifícios mais importantes (uma igreja, um casino, um hotel deverão ser conseguidas pela própria expressão arquitetônica e escultorica dos seus elementos e eventual iluminação própria e não à base dos respectivos nomes expostos em locais elevados desfrutando da paisagem longínqua”, (PLANO DE VILAMOURA, 1989, p.20) 10.1.7 Densidade da População. Em termos territoriais, a região do Algarve é de caracter periférico, tanto em termos nacionais como internacionais, e há uma diferenciação entre as áreas mais desfavorecidas como a área da Serra e o xisto. As áreas susceptíveis de desenvolvimento que é a grande parte do Barrocal, e as mais ricas e dinâmicas, correspondentes ao Litoral, numa situação se traduzem em grandes contrastes em relação à condição de vida da população do Algarve. Mas a região continua sendo O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 255 uma atração turística para os portugueses e para os estrangeiros. Abaixo esta a média de estada em alojamento no Algarve e em Portugal. Estada média em Alojamento classificado: No Algarve 5,0 noites Em Portugal 3,1 noites Tabela 20 - Estada Média em Alojamento Classicado. Fonte: INE, Junho – Julho – Agosto 2010. Abaixo, os altos indices de ocupação se mantem sempre nos meses de verão, ou seja, entre os meses de Julho a Agosto, mesmo sendo uma região com a presença de equipamento em que o clima não interfere no seu uso: Taxa de ocupação no Algarve em alojamento Associado: Junho 66,7 % Julho 79,2 % Agosto 92,5 % Setembro 74,8 % -2,8 p.p. +5,8 p.p. +2,2 p.p +3,2 p.p. Tabela 21 - Estada Média em Alojamento Classicado Fonte: INE, Junho – Julho – Agosto 2010. Em Vilamoura, de acordo com o plano inicial espera-se que o núcleo principal pudesse conter 50.000 a 55.000 habitantes, mas cerca de 5.000 em áreas anexas dos quais 10.000 a 12.000 ou mais estariam vivendo e trabalhando permanentemente em Vilamoura. 10.1.8 Rede Viária Existente no Entorno do Terreno. Vilamoura se encontra próximo do conselho de Quarteira e, portanto esta entre os municípios de Faro e Albufeira. É uma região que se encontra próximo do transporte rodoviário, porém não há uma estação de trem próxima do complexo turístico. A maioria dos turistas que frequentam Vilamoura utiliza transporte privado, portanto não tem uma opinião formada quanto à qualidade do transporte público. Há linhas de autocarro saindo de Lisboa em direção a Faro com paradas em Loulé e de lá é possível pegar uma linha local para Vilamoura. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 256 Mapa 48: Pólos Urbanos. Fonte: PROT Plano Regional de Ordenamento do Território, CCDR, 2007. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 257 10.2 Riviera de São Lourenço, Bertioga, São Paulo, Brasil. Riviera foi projetada para atender a necessidade de uma população equivalente a um bairro, porém um bairro voltado para as atividades de lazer e descanso. Por isso dentre as várias normas de uso do solo destacam-se os grandes coeficientes de áreas verdes e institucionais, cerca de 1/3 de área total. Dentro da área ocupada por Riviera foram mantidas as seguintes proporções: 47% de áreas de lotes; 33% de áreas verdes e institucionais e 20% de áreas de ruas e praças (2.900.000 mil m2) para áreas verdes e institucionais. A ocupação do empreendimento foi gradativa e em 2006 já contava com 1600 casas prontas, mais 33 condomínios horizontais e 152 condomínios verticais. Hoje conforme site41 especializado na venda de terrenos no litoral paulista, o preço médio por metro quadrado em Riviera de São Lourenço, Bertioga, SP estava em torno de R$ 8.197,00 no mês de novembro de 2012, com um aumento no seu valor de 2% ao mês. Pode-se dizer que a tomada de decisão quanto ao modelo de implantação urbana e o tipo de gestão ambiental adotada favorece a valorização dos lotes e proporciona rentabilidade aos investidores e turistas. 10.2.1 Evolução do Processo de Planeamento da Área O Plano e a definição de cada zona já garantiu que o processo de ocupação seguisse uma lógica evitando os grandes adensamentos e aglomerados urbanos das cidades turísticas vizinhas. A Zona Turística recebeu um disciplinamento do uso do solo uni e pluri familiar que foi equacionado para cada bairro. Alguns módulos receberam características de uso exclusivamente uni-familiar e os demais admitem o uso plurifamiliar com gabaritos máximos entre 5 a 9 andares alternadamente. Além de limitar o adensamento de construções, esses parâmetros de taxa de ocupação e de coeficiente de aproveitamento garantiu uma boa ventilação e insolação a todas as edificações. O plano de Riviera não sofreu alterações como aconteceu com o de Vilamoura, bem como alterações na divisão dos modulos. O ocorre é que o módulo do lado esquerdo de quem olha da praia em direção à área, ainda não foi urbanizada e estão apenas demarcadas no solo. Referente ao tipo de urbanização adotada, Riviera foi aprovada segunda as regras definidas na lei 6766/79 (lei do loteamento), em que a subdivisão da gleba em lotes 41 http://www.agenteimovel.com.br/mercado-imobiliario/a-venda/riviera-de-sao-lourenco,bertioga,sp/ O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 258 destinados à edificação implica na doação das demais áreas (espaços livres, praças e vias) para o município Isto quer dizer que não se trata de um condomínio (lei 4.591/64), onde o espaço público é de propriedade do condomínio, mas trata-se de um bairro turístico com um zoneamento próprio. 10.2.2 Condições Físicas da Área Conforme mapa do Instituto Geográfico e Cartográfico, que elaborou a Carta de Utilização da Terra do Estado de São Paulo de 1980 (Depois deste ano não houve mais atualização), a área ocupada por Riviera de São Lourenço situa-se numa região constituídas de densa floresta e afloramentos rochosos. Do lado em direção à enseada da Bertioga ou Indaiá, a situação muda para áreas de Capoeiras ou Campo Antrópico, uma vegetação formada em áreas originais de floresta. Segundo a Carta Cartográfica são terras impróprias para a exploração agrícola. Mapa 49: Carta de Uso da Terra. Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico. A área é plana com cotas entre 5 a 3 acima do nível do mar. Segundo Cintia Maria Afonso (1999), no seu livro sobre o Uso e ocupação do Solo na Zona Costeira do Estado de São Paulo, as áreas baixas do litoral norte paulista antes de se tornarem terra seca encontrava-se abaixo do nível do mar e a linha de costa coincidia com os limites inferiores das Serras do Mar e de Paranapiacaba. Mas com o tempo e o trabalho do mar, tais áreas foram sendo preenchidas por sedimentos e vegetação. A localização da área em relação ao seu entorno é delicada quanto á possíveis riscos ambientais, porque no seu entorno encontramos várias situações quanto ao uso e O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 259 ocupação do solo. Tem-se ao fundo o Rio Itapanhau que, em direção à cidade de Santos, existe extensa margem para a sua expansão por alagamento, mas que, caso cidades intensamente urbanizada como Santos e Guarujá tenha um crescimento urbano nesta direção, a água execedente do rio poderá ser empurrada para as onde se localiza o empreendimento de Riviera, justamente por ser uma área plana. Também, mais ao fundo mesmo contendo como barreira natural a Serra do Mar, existem muitas áreas ao longo da serra indicadas no plano cartográfico que estão sendo desmatadas e usadas para moradia, formando campos antrópicos. Depois temos o crescimento de bairros ao longo da costa sem nenhum sistema de tratamento de esgoto e abastecimento de água que poderia comprometer a qualidade ambiental do empreendimento em longo prazo, e que avança em direção Serra do Mar provocando desmatamento e futuro desabamento dos assentamentos irregulares. Outro fator de perigo ambiental há muito longo prazo é a cota em que o empreendimento se situa, entre a cota 3 e 5 metros. Segundo a Associação Civil do Greenpeace sobre os resultados divulgados pelo IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change42 sobre os efeitos das mudanças climáticas no planeta, o nível médio do mar pode aumentar entre 30 cm e 80 cm nos próximos 50 a 80 anos, e no Brasil, nos últimos 50 anos foi observada pelo Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas da UFRGS uma tendência na costa de um aumento de 4mm/ano. Se considerarmos a média de 50 cm a cada 50 anos teremos 1 metro a cada 100 anos. Seria um periodo de 300 anos para alcançarmos a cota de 3 m, mas este processo pode ser acelerado pelo aumento da velocidade dos ventos, pelo processo de degelo na Antártida e por ações antrópicas. Quanto ao clima, a umidade é elevada em toda a zona costeira do Estado de São Paulo, com alto índice de pluviosidade e temperaturas elevadas e uniformes. Este clima favorece a existência de extensas formações de florestas. Na região em que se encontra o terreno existe a formação de mata atlântica ou mata pluvial tropical; na área da serra do mar, formações de restinga nas planícies arenosas e manguezais nas zonas estuária de Santos. 42 É o principal organismo de avaliação das mudanças climáticas. Foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), com objetivo de fornecer ao mundo o atual estado das mudanças do clima e suas potencialidades ambientais e sócio-econômicas, com uma visão científica clara. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 260 Mapa 50: Vista aérea da área plana, ocupada pelo empreendimento de Riviera e os bairros vizinhos. Fonte: ANDERÁOS (2005) 10.2.3 Infraestrutura Urbana com Sistema de Renovação dos Recursos Naturais Utilizados. A topografia de Riviera é muito plana e por isso há os riscos de possíveis inundações devido ao alto índice pluviométrico na região. O sistema de drenagem do empreendimento foi projetado com o objetivo de coletar a água da chuva que vai desembocar na praia, o sistema possui 7 canais, sendo que 3 estão localizados nos eixos das avenidas perpendiculares à praia. Seus revestimentos são em grama nativa e em alguns casos com paredes de concreto43. A drenagem possui canaletas que atravessam as áreas verdes até despejar as águas coletadas nos canais principais. Estes canais recebem cuidados especiais para que não receba afluentes de esgoto, através de análise e monitoramento do Centro de Controle Ambiental de Riviera administrada pela AARSL- Associação dos Amigos de Riviera de São Lourenço. As 43 Um exemplo de cidade com preocupações ambientais em região do litoral foi à cidade de Santos na época do prefeito Eng. Saturnino de Brito. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 261 análises são diárias com amostras dos canais para detectar possíveis contaminações, pois o canal de drenagem serve para colher a água pluvial, e também as águas servidas de piscina e lavagem de quintais. Essas canaletas também acabam se transformando em elementos paisagísticos com pequenas pontes de travessia para os pedestres (ANDERÁOS, 2005). Imagem 60 e 61: Sistema de drenagem em Riviera de São Lourenço. Fonte: http://www.rivieradesaolourenco.com/galeria.aspx, acessado em 05.12.12. Com relação ao abastecimento de água no empreendimento, a água utilizada é captada do rio Itapanhaú que chega em Riviera através de 13 km de adutoras e lançada na ETA – Estação de Tratamento de Água do empreendimento. O tratamento de esgoto é outro sistema integrante do programa de SGA Sistema de Gestão Ambiental da AARSL. Na Riviera o esgoto é transformado em água potável. Ele é coletado através de uma rede coletora de 46,5 km de extensão integrada a 12 estações elevatórias que, por meio da gravidade é enviado para a ETE Estação de Tratamento de Esgoto localizada do outro lado da rodovia Rio-Santos, a 4 km da praia. Por se tratar de um empreendimento turístico o sistema de tratamento de esgoto tem que se adaptar a grande sazonalidade de ocupação pelos turistas, e neste caso, qualquer tratamento biológico do esgoto pode oferecer dificuldades para se adaptar as variações de quantidade de carga orgânica recebida, muitas vezes de um dia para o outro44. Portanto, nas épocas de grande ocupação como nas férias de fim de ano é utilizado o sistema físico-químico, o TPA – Tratamento Primário Avançado e depois o Sistema Biológico. Nos períodos de baixa ocupação o Sistema físico-químico é retirado do processo (ANDERÁOS, 2005). Toda a água tratada passa por um laboratório que executa análises com a água tratada e monitora o nível de balneabilidade da praia. 44 Segundo informação no SIV – Sistema Integrado de Vendas, a população flutuante pode chegar a 1 milhão na alta temporada. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 262 Em visita ao local, acompanhado do monitor Valmir R. Costa do SIV-Sistema integrado de Vendas, a eficiência do sistema de tratamento de esgoto tem atraído muitos turistas que tem o desejo de adquirir uma casa no litoral. A maioria desses futuros moradores, quando vem visitar Riviera, já visitou várias praias, a procura de casas e muitos percebem a falta de infraestruturas urbanas. Portanto, um dos motivos para a tomada de decisão em comprar um lote em Riviera é a eficiência no Sistema de Tratamento de Esgoto. Imagem 62, 63 e 64: Sistema de Tratamento de Esgoto, Riviera de São Lourenço. Fonte: Adriana Silva Barbosa Outra providência tomada para Sistema de Gestão Ambiental e que interfere na qualidade ambiental do empreendimento foi a recuperação dos jundus, que são um tipo de vegetação de baixa estatura, entre 30 cm a 1,5 cm formada por gramíneas e arbustos, que, com suas raízes profundas tem a função de impedir o avanço da áreia do mar em direção á costa. Trata-se de uma vegetação de proteção da biodiversidade da zona costeira. Como o terreno de Riviera é totalmente plano, os jundus também contribuem para conter o avanço da água do mar e absorver as águas da chuva. Atualmente o IBAMA Instituto do Meio Ambiente, deu a permissão para a Associação dos Amigos da Riviera de São Lourenço, para a recuperação das área de jundus desde que seja utilizados materiais orgânicos durante este processo. Imagem 65,66 e 67: Recuperação dos “jundus”, Riviera de São Lourenço. Fonte: Adriana Silva Barbosa. Fonte: http://www.preservariviera.org.br/noticias/jundu.html, acessado em 06.12.12. Com relação aos resíduos sólidos foi criado um programa de gerenciamento de resíduos para o empreendimento, através de esquemas de coleta seletiva, a fim de diminuir o volume dos resíduos que vão para os aterros. Todos os materiais que podem ser reciclados são previamente selecionados pelos moradores e recolhidos para uma central de triagem. Na central os materiais são organizados, prensados e vendidos. Os materiais vendidos são: papelão, jornal, cimento, revista, alumínio, ferro, plástico, PVC, PET e vidro. Conforme relatório da SOBLOCO Construtora, em junho de 2005, a Coleta Seletiva de Materiais Recicláveis atingiu a marca de 1.700 toneladas O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 263 Imagem 68, 69, 70: Sistema de Coleta Seletiva. Fonte: Adriana Silva Barbosa. O Sistema de Gestão Ambiental tem-se mostrado eficiente e mostra que somente a elaboração de um plano urbano não é o suficiente para garantir o seu sucesso do ponto de vista da preservação da qualidade ambiental. É preciso a gestão constante do empreendimento seja ele turístico ou não. 10.2.4 Arquitetura com Características Locais. Não existe uma arquitetura típica da região como acontece em Vilamoura. Mas, como a proposta de Riviera é promover a sustentabilidade, o Manual Construindo em Riviera, elaborada pela SOBLOCO Construtora S.A., no qual oferece uma série de concelhos para iniciar o projeto buscando soluções arquitetônicas que tire proveito da iluminação natural, que exija menor condicionamento do ar, que seja adequado ao ambiente e não ao contrário e que os materiais tenham sido fabricados com baixo impacto ambiental. Imagem 71: Casa Modelo. Fonte: Manual do Construtor, SOBLOCO Construtora. No modelo acima esta no manual Construindo em Riviera e apresenta 8 sugestões que podem ser aplicadas no projeto: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 264 1 – Aplicação de telas nas janelas e para impedir a entrada de mosquito. 2 – Uso de painéis solares para esquentar a água. 3 – Instalação de tanques para o reuso de água da chuva para bacias sanitárias. 4 – Tanques de reservas para água potável com previsão para 3 dias de consumo. 5 – Instalação de chaminés solares, que têm uma tampa que se abre ou se fecha segundo as necessidades. Como o ar quente sobe de maneira natural, a tampa se abre no verão para que o calor saia da casa. No inverno ela se fecha para manter o calor dentro da casa. 6 – É aconselhado, caso use madeira, que compre somente as certificadas ou as de reflorestamento tratadas. 7 – Proteções térmicas nos telhados 8 – Instalação de calhas para a coleta de água da chuva que poderá ser usada para a rega de jardins e limpezas no geral para evitar o uso da água potável. 9 – Lixeiras separadas para lixo comum e para lixo reciclado. 10 – Jardim para horta. Além de residência uni familiares, há os edifícios entre 9 a 5 andares, com estruturas de concreto armado, fundações com sapatas e vigas de baldrame. A alvenaria é de blocos cerâmicos modulados. A fachada é revestida de chapisco convencional sob a alvenaria, revestido com argamassa e pastilha de porcelana. A principal característica arquitetônica desses edifícios são as grandes varandas. A preocupação com a sustentabilidade não esta no material utilizado, mas no sistema de gerenciamento de resíduos durante o processo de construção. O primeiro edifício em Riviera a ser empregado o sistema foi o edifício Mirante dos Sambaquis, em que alguns materiais normalmente utilizados foram substituídos por materiais recicláveis e 1.272 toneladas de resíduos gerados durante a obra foram destinados para locais ecologicamente corretos. Imagem 72 e 73: Vista aérea de Riviera de São Lourenço. Imagem 00: Edifício Mirante dos Sambaquis. Fonte: SOBLOCO Construtora O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 265 10.2.5 Densidade da População. Segundo Informações colhidas no SIV – Sistema Integrado de Vendas, a população que ocupa o empreendimento estão distribuídas da seguinte forma: População Fixa 2 mil pessoas (média diária) Finais de Semana 6 a 8 mil pessoas (média diária) Feriados Prolongados 15 a 25 mil pessoas (média diária) Baixa Temporada 20 mil pessoas (média diária) População fixa alta temporada 55 mil pessoas (média diária) População Flutuante alta temporada Cerca de 1 milhão de pessoas Tabela 22: Densidade da População. Fonte: SOBLOCO Construtora. A população que frequenta Riviera pertence a Classe A (74%) e B (26%), com rendas mensais, entre R$ 8 a R$ 15 mil a grande maioria (54%) estão na faixa de idade entre 36 a 55 anos e se originam de São Paulo, Capital (68%). Com relação a população do município de Bertioga, segundo a tese de mestrado de Alexandre Anderaós (2005), desde 1970 o município apresentou um crescimento populacional significativo com a implantação dos condomínios turísticos. Em 1970, Bertioga tinha apenas 3.578 habitantes e em 2005 esta população passou a ser de 44.500 pessoas. Este aumento se deu devido à atração de trabalhadores para construção da residência secundária e que acabaram ficando na região e se transformaram em pequenos prestadores de serviço. Esta população passou a viver em assentamentos precários no qual se transformaram em bairros. Um exemplo de assentamentos localizado perto do empreendimento de Riviera é o bairro do Indaiá. Imagem 74: Bairro de Indaiá. Fonte: http://almirrodrigues.blogspot.com.br/2011/08/jardim-indaia-bertioga.html, acessado em 04/12/12 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 266 Imagem 75: Rua no Bairro de Indaiá. Fonte: http://almirrodrigues.blogspot.com.br/2011/08/jardim-indaia-bertioga.html, acessado em 04/12/12 Riviera não foi o único bairro turístico responsável pela formação desses novos assentamentos, mas ele foi o primeiro a ocupar a região no qual atraiu os demais. Também outro fator a considerar é que, muitas vezes, esses trabalhadores vivem em uma situação muito pior em seus estados de origem. Segundo Alexandre Anderaós (2008), “a pobreza é um problema estrutural do país, e não culpa dos empreendedores como muitos afirmam”. Como são trabalhadores que vieram para a região do litoral norte para trabalhar na construção civil, a ocupação do entorno se tornou um processo muito fácil já que é o próprio trabalhador que constrói a sua própria casa. Os materiais são os mesmos utilizados nos empreendimentos turísticos porém sem nenhuma técnica que se preocupe com a sustentabilidade. Por ser uma região litorânea, a eliminação de entulhos proveniente da construção se torna difícil de ser eliminada, agravando os problemas ambientais. Mas se por um lado o empreendimento contribuiu para a formação de assentamentos precários, por outro ele é um grande gerador de emprego e arrecadação de impostos municipais. Em Bertioga, Riviera é responsável por 40% da arrecadação municipal e gera cerca de 4000 empregos para a cidade e o único serviço prestado pelo município nas dependências de Riviera é a coleta de lixo orgânico (materiais não recicláveis). Esses dados mostra que o empreendimento beneficiou tanto o setor público com os impostos que talvez fosse possível financeiramente a mitigação dos impactos ambientais, como o tratamento do esgoto na cidade que ainda é lançado in natura. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 267 10.2.6 Rede Viária Existente no Entorno da Área e no Terreno. Antigamente quem quisesse chegar a Bertioga tinha que ir para o município do Guaruja, atravessar de balsa pelo Canal, que ligava a cidade com Bertioga. As balsas eram lentas, mas mesmo assim, muitos turistas se aventuraram nesta direção. A rodovia Mogi-Bertioga, abriu as portas para os turistas da cidade de Mogi das Cruzes e Vale do Paraíba, colocando o litoral norte a disposição de todo o Vale do Paraíba. Ao abrir este acesso, o turista chegava a número cada vez maior e a situação mais confortável para o poder público foi permitir a exploração da terra pelo privado, uma vez que esses empreendimentos podem oferecer todas as infras estruturas urbanas que o município não oferece. O traçado da malha viária de Riviera foi realizado em obediência às diretrizes fornecidas pela Prefeitura do município de Santos e a partir do momento que a gleba é parcelada, toda a área que não fazia parte dos lotes passou a ser de domínio público, inclusive o sistema viário implantado. A malha viária obedece a um mesmo padrão em todo o empreendimento e tem como apoio básico uma avenida de penetração que liga a Rodovia Rio Santos à praia e duas avenidas de distribuição que levam aos módulos. O acesso aos lotes é feito por vias de traçado levemente sinuoso e alamedas em “cul de sac” de tráfego exclusivamente local. Todas as quadras de lotes assim formadas são circundadas por áreas verdes. Os lotes se confrontam apenas lateralmente. Todos os lotes dão fundo para área verde. Abaixo, um quadro resumo comparando as duas regiões: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 268 Riviera de São Lourenço, Bertioga, São Paulo, Brasil. Vilamoura, Algarve, Portugal. Área da propriedade - 1.631 hectares Zona agrícola (577 ha) e Zona à urbanizar. Setores - usos e volumetria, Subsetores – análise de cada projeto. Empreendimento fechado Empreendimento aberto Baixo adensamento Clientes variados = Luxo, Médio e Econ. População prevista = 60.000 pessoas População perm. 2011 = até 3.000 pessoas Popul. Alta Tempor. 2011 = até 55.000 pessoas Popul. Flutuan. A. Temp. = 1 milhão pessoas. Não houve prev. população Complementar. Tempo de desenvolvimento = 30 anos População Prevista = 38.000 pessoas 70% permanente = 26.600 pessoas 30% Sazonal = 11.400 pessoas Complementar = 7.600 pessoas Pop. no núcleo principal = 50.000 pessoas. Preservação da arborização nativa. Área agrícola e Reserva ecológica. Marina (hotéis e praia), Campos de Golfe (Aldeamentos) e sítio arqueológico. Oferta de Serviços de Saúde. Adaptações do Plano Abertura do aeroporto de FARO. Área da propriedade – 900 hectares Zona residencial, mista e turística – usos, gabarito de altura, C.A e T.O. Baixo adensamento Cliente Específico = Alto Padrão (Classe A e B). Preservação da arborização nativa - Viveiro. APP - Área de Proteção Permanente. Residências – praia como oferta turística Marina e Campos de Golfe (2ºfase) Pouca Oferta de Serviços de Saúde. Não houve adaptações do Plano Turismo Regional – automóvel privado. 18 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 269 URBANISMO E TURISMO: Conceitos, parâmetros urbanísticos e a sustentabilidade. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 270 11. Desenho Urbano: Parâmetros e Indicadores Ambientais. Descobrir formas de avaliar o impacto que um empreendimento turístico provoca no ambiente passa a ser importante na medida em que o mercado turístico aumenta e ocupa territórios cada vez maiores e em lugares de elevado valor paisagístico e ambiental. Conforme o Relatório de Sustentabilidade de 2010 do Ministério do Turismo de Portugal, a oferta de cama de hotéis com tipologia de 4 a 5 estrelas representa 38% do total de camas dos empreendimentos turísticos e 61% do total de camas dos hotéis em todo o país. No Brasil, destaca a quantidade de condomínios residenciais ao longo da costa brasileira com o objetivo de proporcionar lazer e descanso próximo da praia, além dos resorts que se concentram a maior parte, na região costeira do Nordeste. Para atuar na avaliação ambiental desses empreendimentos é preciso criar formas de se obter decisões rápidas e concretas para a tomada de decisão, quanto ao lugar mais adequado de sua implantação do ponto de vista da qualidade e preservação do ambiente. Cada lugar a ser analisado pelos empreendedores e arquitetos para a tomada de decisão do ponto de vista dos negócios sofrerá influência das suas características ambientais no custo da obra. Portanto seria importante que cada empreendimento turístico seja concebido juntamente com soluções que proporciona-se um alto nível de sustentabilidade e que atendesse as características locais da região onde será inserido (COELHO, 2008). Avaliar a sustentabilidade de um espaço urbano também exige levar em consideração os diferentes aspectos sociais, econômicos, políticos e ambientais de cada região. Segundo a tese de MARQUES (2010), os sistemas de avaliação ambiental desenvolvida pelo mercado, e que surgiram em diversos países estudam essencialmente o edifício, como a principal área de referência e importância. O sistema de avaliação consiste numa pontuação por cada critério de desempenho e, atingindo um determinado nível de pontuação obtém-se um grau de certificação ambiental. Os sistemas mais difundidos são o BREEAM no Reino Unido, o LEED nos EUA e o HQE na França, além de menor repercussão no mercado, o Green Star na Austrália, o BEPAC no Canadá, o CASBEE no Japão, e o LiderA em Portugal. Abaixo, a seguir estão relacionados os sistemas mais utilizados por cada país: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 271 Austrália Brasil Canadá Finlândia China Japão Portugal NABERS AQUA, LEED PromisE Gobas Casbee LiderA GREEN LEED Canadá, STAR Brasil GREEM GLOBES Índia Itália México Holanda Zelândia EUA Reino Unido GRIHA Protocolo LED BREEAM Green LEED, BREEAM México Holanda Star (GREEN GLOBES) França Alemanha Hong Espanha Kong HQE DGNB HKBEAM VERDE Singapur África do Nível a Sul internacional Green Green SB Tool Mark Star Tabela 23: Certificação Verde utilizada por países, Fonte: Marques (2010). Os indicadores surgiram devido à necessidade de desenvolver métodos para avaliar projetos que se propõe ser menos poluidor do ambiente e também uma forma de fornecer uma base sólida durante o processo de decisão, construção e gestão dos empreendimentos. Dos indicadores criados, algumas certificações criaram indicadores específicos para o urbanismo. Certificação Quando foi criado BREEAM - Building Research Criado no Reino Unido em 1988 e lançado em 1990 por uma associação entre o Building Research Establisnment Ltda. e as empresas Stanhope Properties, ECD Energy e a Environment Consultantes. Criado nos EUA em 1994, tendo sido criado pelo US Green Building Council (USGBC). Criado sua primeira versão em 2005, pelo Depto de Engenharia Civil e Arquitetura do Instituto Superior Técnico (IST) com o apoio do IPA, Inovação e Projetos em Ambiente, Ltda., coordenado e desenvolvido pelo Dr. Manuel Duarte Pinheiro. Establishment Environmental Assessment Method. LEED - Leadership in Energy and Environmental Design LiderA - (acrônimo de Liderar pelo Ambiente para a Construção Sustentável) Para o urbanismo BREEAM Communities LEED-ND Neighborhood Development Sistema de avaliação e ponderação com níveis de desempenho ambiental para o espaço urbano. Tabela 24: Certificação Verde para Urbanismo, Fonte: Marques, 2010. BREEAM Communities: auxiliam os planejadores a abordarem objetivos para a sustentabilidade e a traçarem um sistema de requisitos referente às fases iniciais do planejamento de projetos de desenvolvimento dentro do ambiente envolvente. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 272 LEED Neighborhood: é uma aplicação destinada à avaliação da sustentabilidade ao nível dos empreendimentos e comunidades planejadas. Permite incidir a sua avaliação sobre o edificado e o seu entorno (a comunidade) como um todo. LiderA – é uma certificação que pode ser utilizada para o ambiente construído, espaços exteriores e comunidades sustentáveis. Esta versão assenta em seis princípios fundamentais, entre eles, assegurar a melhor utilização sustentável dos ambientes construídos, através da gestão ambiental e da inovação. Na certificação AQUA, a avaliação esta baseada no edifício em si, não tendo ainda, uma avaliação para o espaço urbano. Esta baseada em quatro setores: ecoconstrução, gestão, conforto e saúde. A certificação pode ser feita em 3 momentos: na fase em que se elabora o programa de necessidades, concepção arquitectônica e na fase em que os projectos são construídos, tendo como resultado final a construção de um empreendimento Abaixo, segue uma tabela com os indicadores voltados para a avaliação do espaço urbano, utilizados por cada certificação. A empresa AQUA ainda não tem uma certificação que considere estes requisitos. BREEAM LEED Comunities Neighborhood Development Clima e energia Modelação local Inovação e Design Comunidade LideraA AQUA Conforto Ambiental Integração Local Gestão da energia Relação do edifício com o seu entorno. Padrão do bairro e design Adaptabilidade Socioeconômica Ecologia e biodiversidade Transporte e Mobilidade Recursos Negócios e Edifícios Localização e Ligações Estratégicas Recursos Construção Sustentável e Tecnologia Gestão da água Eco-construção Operação do edifício Cargas Ambientais Gestão de resíduos Tabela 25: Certificação Ambiental com Indicadores de Sustentabilidade para Planos Urbanos. Fonte: Elaborado por Adriana Silva Barbosa. Partidário, (1990) propõe indicadores de sustentabilidade para o ambiente urbano: “Em relação aos factores de qualidade do ambiente urbano, as opiniões dos autores variam”. Há os que O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 273 possuem uma visão restrita de ambiente e os que desenvolvem uma abordagem mais abrangente. Verificase certa tendência para identificar restritamente quatro áreas fundamentais: o ar, a água, os resíduos e o ruído. Destes, a poluição do ar e da água e a produção de resíduos são os que surgem com mais frequência, justificados pelas emissões industriais e de tráfego no primeiro caso e pela actividade industrial e doméstica no segundo. Outros factores frequentemente apontados são os espaços livres, o consumo energético normalmente associado aos transportes, os aspectos estéticos e microclimáticos, os aspectos culturais e os aspectos sanitários, p 8. A existência de áreas verdes, também é um elemento de avaliação da qualidade urbana: “A vegetação é normalmente o factor de destaque devido às suas diversas funções: regularização microclimática, aumento da capacidade de infiltração e conseqüente redução das ocorrências urbanas, estéticas, proteção em relação aos poluentes atmosféricos, ecologia enquanto habitat da grande maioria das espécies faunísticas”, p.10 “A tomada de decisão sobre as ações a empreender com vista à melhoria ou à manutenção da qualidade do sistema tem que se apoiar no conhecimento das características significativas do sistema. Isto pressupõe a capacidade de medir e prever a evolução de determinadas variáveis caracterizadoras do contexto dos aspectos condicionantes do sistema”, p. 12. Em suma, os indicadores podem ser eficientes instrumentos de medição das alterações ambientais, desde que, no momento da sua formulação, utilização e interpretação sejam salvaguardados meios de precisão em relação à informação utilizada (PARTIDÁRIO, 1990). Segundo PARTIDÁRIO, (1990), os indicadores de ambiente devem abranger o ambiente no seu todo, incluindo os estabelecimentos humanos. Na sua definição, a qualidade do ambiente deve ser critério de desenvolvimento e devem estar adaptados às características locais. Os indicadores apresentados nos seus estudos podem ser utilizados dentro de uma realidade global, local e regional, procurando identificar-se com os problemas fundamentais e significativos da qualidade ambiental urbana: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 274 Os indicadores podem classificar-se em: 1. Quantitativos (baseados em medições físicas de campo) e qualitativos (baseados em critérios de apreciação das condições existentes). 2. Macro (referente à globalidade da unidade espacial de análise) e micro (referentes a subconjuntos desagregados na unidade espacial de análise). 3. Funcionais (se referem a atividades) e estruturais (se referem à organização espacial). 4. Estado ou nível (caracterização de uma situação de referência) e decisão ou instrumentais (caracterização de uma consequência ou intervenção necessária). 5. Controle (associados à monitorizacão periódica) e risco (associados à avaliação de riscos ambientais). Assim foram definidos os indicadores para avaliação da qualidade ambiental urbana com base nas categorias equipamentos, estrutura verde urbana, infraestruturas, meios hídricos e ocupação do espaço urbano,conforme esquema demonstrado abaixo (PARTIDÁRIO, 1990): O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 275 Equipamento Estrutura Verde Viária Habitação PROJETO URBANO Infra Estrutura Meios Hídricos Transporte Colectivo Urbanos Ocupação do Espaço Urbano Gráfico 06: Esquema conforme critérios de Avaliação de PARTIDÁRIO, 1990. Elaborado por Adriana Silva Barbosa Com base nos dados colhidos, o desenho acima foi montado para ilustrar os principais indicadores encontrados pela autora. No ANEXO 02 esta a relação de medidas e parâmetros definidos em cada componente do desenho: No caso deste trabalho, o objetivo é analisar a qualidade ambiental de empreendimentos turísticos privados, e não um espaço urbano público. Estudar um caso de aplicação de indicadores no meio urbano pode ajudar a definir quais indicadores serão utilizados para esta análise e a autora analisou a região do Algarve em Portugal e as cidades são Lagos, Portimão, Lagoa, Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo Antônio. A proposta de PARTIDÁRIO, 1990, estabelece e determina distâncias e medidas definidas. Mas temos que considerar que cada região ou pais tem suas características e, portanto era preciso ter um método que pudesse ser aplicado em qualquer situação. Também, como o objetivo é auxiliar o profissional a tomar decisões rápidas na definição do traçado urbano, o método O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 276 utilizado teria de ser mais visual e por observação. Depois o resultado, que seria o desenho urbano seria analisado por técnicos de áreas mais especificas como a geografia, a ecologia e as engenharias. Neste trabalho a proposta é uma análise da qualidade ambiental de empreendimento voltado para o turismo e a análise será durante a sua concepção, ou seja, no processo de escolha, e criação do desenho. Segundo o Prof. Costa Lobo, somente o desenho não pode ser levado em consideração, mas ele deve ser compatível com as características morfológicas, com as tecnologias locais, com a sua envolvente e com os recursos ambientais disponíveis. Se o desenho não é adequado, o projeto poderá ser motivo de causar riscos ambientais, É fato que, um empreendedor e os promotores turísticos não estão a par destas condições e, portanto cabe ao técnico, o urbanista observar e trabalhar conforme estas variáveis e para isso é preciso, portanto, ter ferramentas para auxiliar no processo de elaboração do desenho levando-se em conta os riscos ambientais, que podem se transformar em riscos econômicos. Segundo PEREIRA (2006) as empresas da área financeira também adotam o processo de gestão de riscos por estarem sujeitos a riscos gerados pelas atividades da própria empresa e por estarem sujeitos a influência de atividades externa. Um projeto urbano também pode estar sujeito a riscos gerados pela própria atividade desenvolvida junto com os fatores externos, como por exemplo, a situação física e econômico-social da área envolvente, ou seja, do seu enquadramento. Um artigo apresentado no VI Congresso Nacional de Excelência em Gestão, em Niterói Brasil, em 2010 por Gerson Luis Russo Moyses criou um modelo de gestão que pode ser utilizado em qualquer área. O modelo é baseado no método qualitativo baseada na técnica de estudo de caso. Primeiro é coletado informações sobre o caso escolhido através de documentos, entrevistas e participação de reuniões. Com base nas informações colhidas é feita a Identificação dos riscos, depois a identificação dos elementos O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 277 envolvidos nos riscos identificados, e depois a definição de estratégias para o seu controle (gestão). As etapas apresentadas foram as seguintes: Quais são os possíveis impactos caso esta atividade seja aplicada? Identificação do risco. Avaliação da intensidade do risco Avaliação do nível de controle do risco Analise do risco no nível tático (decidir qual a postura frente aos riscos identificados e priorizados – aceita, previne, mitiga ou transfere). Propor plano de ação. Aplicando este método para a atividade do desenho urbano: Escolha do terreno. Identificação do risco. Quais são os possíveis impactos caso seja adotado este desenho urbano neste terreno? Ex: um terreno com declividade de 45%. Avaliação da intensidade do risco. Ex: chance de ocorrer um deslizamento de terra no período de chuvas no verão. Avaliação do nível de controle do risco. Ex: a construção de taludes ou muro de contenção de terra que pode controlar 60% do risco de deslizamento. Analise do risco no nível tático. Ex: há o risco, mas é aceitável. Análise do risco no nível estratégico. Ex: o que fazer para administrar o risco durante o processo de construção e ao longo da vida do plano. Escolha da Área Identificação dos Riscos Avaliação da Intensidade do risco Nível de Controle do Risco Nível Tático Nível Estratégico Gráfico 07: Modelo de Gestão para avaliar os Riscos Ambientais de uma determinada área. Fonte: Elaborada por Adriana com base na pesquisa de Gerson Luis Russo Moyses (2010). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 278 O professor Manuel da Costa Lobo, com base no esquema acima criou o seu próprio esquema de análise do espaço a ser urbanizado levando em consideração as tecnologias existentes que pode mitigar o perigo de riscos ambientais quando implantado um plano urbano. O desenho acima mostra a estrutura do processo de tomada de decisão na hora de desenhar um projeto urbano e avaliar o seu grau de sustentabilidade traçado urbano tecnologias utilizadas projeto recursos ambientais utilizados enquadramento no território Gráfico 08: Sistema de Sustentabilidade elaborada por pelo Prof. Dr. Manoel Leal da Costa Lobo, 2010. Aproveitamento de estudos feitos com Bolsa sanduíche de doutorado de Adriana Silva Barbosa, em Portugal, no Centro de Sistemas Urbanos do Instituto Superior Técnico com Prof. Manoel da Costa Lobo durante tal e tal época. No esquema a seguir há uma descrição das considerações a serem tomadas em cada um dos quatro itens definidos no esquema acima pelo Pro. Manuel da Costa Lobo. Para ele o desenho urbano elaborado de forma adequada as características morfológicas do ambiente já é um grande passo para assegurar o uso sustentável. Depois as tecnologias quanto às infraestruturas urbanas podem contribuir no uso eficiente dos recursos naturais, bem como sua gestão. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 279 O desenho abaixo também há um detalhamento melhor dos itens do esquema anterior e mostra que a qualidade ambiental de um projeto deve levar em consideração quatro aspectos: O espaço em que se situa e o seu entorno (enquadramento); As características naturais do local (ambiente); A qualidade do seu traçado (desenho urbano); e as tecnologias utilizadas no projeto (tecnologias). Assegurar o uso sustentável do espaço através do desenho. TRAÇ Fomentar a eficiência dos recursos naturais TECN PROJ AMB Assegurar a qualidade do Ambiente por meio da gestão ENQ Adequar ao espaço existente. Gráfico 09: Sistema de Sustentabilidade elaborada pelo Prof. Dr. Manoel Leal da Costa Lobo, 2010. Aproveitamento de estudos feitos com Bolsa sanduíche de doutorado em Portugal, com Prof. Manoel da Costa Lobo durante tal e tal época. No enquadramento temos que considerar que, para que um empreendimento seja sustentável, é preciso que o projeto seja adequado ao espaço existente. A forma como um projeto é implantado no terreno deve ser adequado a paisagem O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 280 local, aos recursos disponíveis e aos riscos ambientais existentes. Também devem ser observadas as características arquitetônicas locais, pois, muitas das soluções encontradas pela comunidade local foram com base nas características ambientais. O projeto também deve levar em consideração o aproveitamento das vias existentes e melhorando ainda mais, o nível de mobilidade dos moradores com o bairro e com a cidade. Poderia também ser aproveitada a produção agrícola local, pois esta seria uma oportunidade de diminuir os custos com o transporte de mercadorias e incrementaria os negócios da região. Também aproveitar o patrimônio existente, quando possível seria uma forma de requalificar um espaço inutilizado para uma nova função, sem desconsiderar a história da região. Os materiais existentes no local poderiam ser aproveitados nos edifícios e nos equipamentos públicos. Um projeto sustentável deve buscar manter as propriedades naturais do ambiente e, portanto, um projeto que se intitula “sustentável” deve levar em consideração a preservação da qualidade do ar, da água, do solo e da vegetação mantendo a sua paisagem natural. Portanto assegurar a qualidade do ambiente significa manter as características do clima, manter as propriedades do solo, da vegetação nativa, a qualidade da água e do ar. Também procurar manter a qualidade paisagística da área de intervenção e sua envolvente. O traçado deve oferecer um design inclusivo, ou seja, deve facilitar os acessos aos equipamentos de serviços e oferecer mobilidade entre a moradia, as áreas de lazer e os serviços. Deve ser um design que respeite a escala humana. Então onde estão localizados as moradias o desenho urbano deve proporcionar a convivência entre os moradores. E, onde estão os edifícios de serviços, comércio e escritório, então estes poderão ter uma escala que favorece a rápida mobilidade para pedestres e automóveis. A tecnologia deve favorecer a eficiência dos recursos naturais, como a melhoria na gestão da água, das energias renováveis, e no modo mais adequado para a eliminação dos resíduos. A tecnologia também pode ser aplicada pensando na prevenção de danos ambientais. Os edifícios, além de O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 281 poder aproveitar os materiais locais, deve torná-lo cada vez mais eficiente e econômico na utilização dos recursos, e no sistema de conforto térmico. No ANEXO 03 segue uma tabela com os componentes do ambiente que devem ser considerado no processo: Com base nos dados acima, o Prof. Costa Lobo definiu uma lista de riscos ambientais que ele considera muito relevante na hora de avaliar um local para implantar um empreendimento turístico: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 282 Poluição dos fluxos das águas naturais Uso de materiais primários Uso de recursos não renováveis Locais de elevado valor ecológico Locais de elevado risco ambiental Locais com solos contaminados Áreas longe das infraestruturas urbanas Grande produção de resíduos sólidos Aplicando esta estratégia nos itens definidos por PARTIDÁRIO 1991, na tabela abaixo, temos: AMBIENTE ENQUADRAMENTO Comunidade local PRINCIPAIS RISCOS Áreas longe das infraestruturas urbanas Produção de resíduos sólidos Solo contaminado TECNOLOGIA Redes Sociais Solo Risco Ambiental Uso de materiais primários Solo contaminado Sistemas de Prevenção Vegetação Paisagem local Locais de elevado valor ecológico Produção de mudas de plantas nativas Design que valoriza o ambiente natural. Gestão energia Design que respeita as margens dos rios Pessoas Solo contaminado Água Rios, lagos e mar Poluição dos fluxos das águas naturais Produção de resíduos sólidos Gestão água TRAÇADO Design Inclusivo que favorece o acesso, a mobilidade e a interação entre as pessoas. Design de acordo com a morfologia e o tipo de solo Gestão dos Resíduos Ar Clima Qualidade do ar existente Localização em relação ao bairro e a cidade. Poluição dos fluxos das águas naturais Produção de resíduos sólidos Sistema de Prevenção e manutenção da qualidade do ar Solo contaminado Conforto Ambiental Produção de resíduos sólidos Conforto Ambiental O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Design urbano que valoriza as áreas verdes Desenho urbano que ofereça ventilação e aeração do ambiente. Página 283 Transporte Mobilidade existente Uso de recursos não renováveis Áreas longe das infraestruturas urbanas Sistemas de transporte que utiliza combustível não poluente. Traçado urbano que incentiva o transporte coletivo andar a pé. Paisagem Recursos naturais disponíveis Locais de elevado valor ecológico Recuperação de recursos locais. Design que aproveita os recursos existentes Economia Negócios Locais Áreas longe das infraestruturas urbanas Cluster Desenho urbano que facilite a interação com os clientes. Potencial Agrícola Produção agrícola local. Uso de recursos não renováveis Inovação no uso dos produtos locais. Criação de espaços para feiras e mercados locais. Arquitetura Aproveitamento do Patrimônio Arquitetônico. Uso de recursos não renováveis Edifícios eficientes Design que respeita as características arquitetônicas locais. Soluções Características arquitetônicas das habitações flexíveis. locais. Tabela 25: Tabela Comparativa de critérios Ambientais. Elaborada por Adriana Silva Barbosa com base no ensinamento do Prof. Manoel da Costa Lobo, Lisboa, 2010. Com os 11 itens de análise selecionados por Maria do Rosário Partidário e os 4 indicadores selecionado pelo Prof. Manuel da Costa Lobo é possível definir de forma sistemática as características de um desenho urbano adequada para a busca da qualidade ambiental. Estas características podem ajudar no momento de definir o traçado urbano de um empreendimento. mobilidade e a interação de acordo com a morfologia valoriza o ambiente natural. respeita as margens dos rios valoriza as áreas verdes ventilação e aeração do ambiente. incentiva o transporte coletivo andar a pé. aproveita os recursos naturais existentes facilita a interação com o espaço. criação de espaços para comércio local. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 284 Design que respeita as características arquitetônicas locais. Até aqui procurou-se analisar os indicadores existentes para chegar nas características ideais de um desenho urbano que estivesse adequado a necessidade de manter a qualidade ambiental de um determinado lugar, e que fossem características que pudessem ser analisadas para qualquer tipo de terreno. Então comparei com a certificação americana, o LEED para bairros, por ser uma certificação que possui mais reconhecimentos a nível internacional do que as demais citadas. O resultado foi que ao comparar com os índices definidos pelo LEED para bairros45 do USGBC - United States Green Building Consul46, é possível verificar que seus indicadores confirmam a necessidade das características encontradas no processo de análise desta tese. O LEED para Desenvolvimentos de Bairros definiu três sessões de avaliação. A primeira se refere a escolha do local: Onde construir? e, portanto, foi com base nos índices desta primeira fase que as características encontradas de traçado urbano foram comparadas. Imagem 76: O que é um Bairro Sustentável. Font: LEED, A Citizen’s Guide to LEED for Neighbourhood Development: How to tell if Development’s Smart and Green, LEED, And the Earth’s Best Defence. 45 Este tipo de certificação foi desenvolvida pelo LEED, uma sigla em inglês que significa Leadership in Energ and Enviromental Design, um tipo de certificação verde voluntária. O LEED para o Desenvolvimento de Bairro foi aprovado por votação dos membros do USGBC – United States Green Building Council, seguindo o mesmo processo consensual de que todos os sistemas de classificação passam e recebeu aprovação de organizações parceiras como o Congresso para um novo Urbanismo e do Natural Resoucers Defense Council. 46 no qual foi um tipo de certificado elaborado com bases na avaliação de um grupo técnico formado por 110 profissionais das áreas de Energia (27), planejamento urbano (17), Materiais e Recursos (21), sustentabilidade (22) e eficiência hídrica (23) O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 285 Nesta primeira parte do processo de avaliação, chamado de “Smart Location and Linkage”.os índices se referem apenas na avaliação do local para a implantação do empreendimento. Esta etapa é responsável por 5 pré-requisitos. Smart Location – Localização Inteligente – avalia o local quanto a proximidade de comunidades existentes e suas possíveis conectividades com o novo bairro, uma infraestrutura prévia de transporte de qualquer tipo, que contribua na redução das viagens de automóvel estimulando o andar a pé e o uso de meios transportes não poluentes como a bicicleta. Também analisa a existência de água para o abastecimento do novo bairro ou da existência de uma prévia infraestrutura de saneamento que poderia ser adaptada as novas necessidades. Imperiled Species and Ecological Communities – Espécies em Risco e Comunidades Ecológicas – avalia os procedimentos adotados para a preservação de áreas em que certas comunidades e espécies da fauna que se encontra em extinção, conforme informado por ONGs ou órgãos públicos locais. Neste requisito será considerado as formas utilizadas para a proteção dessas comunidades. Wetland and Water Body Conservation - Conservação de Várzea e Corpos d’agua - Tem finalidade de preservar a qualidade da água, sua hidrologia natural e a biodiversidade dependente deste recurso. Seria avaliado as formas utilizadas para impedir o desenvolvimento urbano em áreas de várzeas e corpos d´agua. Agricultural Land Conservation – Conservação de Áreas Agricultáveis – proteger e preservar áreas férteis dentro do empreendimento para que, no futuro, caso não haja um abastecimento externo de alimento estas áreas seriam utilizadas para prover o alimento necessário para a nova comunidade. Se não houver solo férteis, outras formas de produção de alimentos podem ser utilizadas. Floodplain Avoidance - Afastamento da Cota de Inundação – a intenção é manter esses espaços livre e abertos para a conservação do habitat para manter a qualidade da água e o sistema hidrológico natural. Consiste na avaliação das formas de urbanização em áreas próximas á cota de inundação e a aplicação de tecnologias para mitigar futuros impactos ambientais. Os cinco requisitos citados adotados pelo LEED bairros descrito foram verificados se eles fazem parte das características de desenho urbano encontradas nesta tese. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 286 Local Inteligente Espécies em Risco e Comunidade Ecológicas Conservação de Várzea e Corpos d´agua. Conservação de Áreas Agricultáveis. Afastamento da Cota de Inundação Tabela 26: Requisitos do LEED – ND e as características de desenho urbano. Fonte: elaborada por Adriana Silva Barbosa Verifica-se que, os requisitos do LEED Bairros, quanto a escolha do local vão de encontro com as características de desenho urbano que visa a qualidade do ambiente. Abaixo segue um quadro que mostra em quais itens do desenho urbano, os requisitos do LEED se encontram. Requisito do LEED-ND (Smart Location) Características do Desenho Urbano Mobilidade e Interação Respeito à Morfologia Valorização do Ambiente Natural Respeito as Margens do Rio Valorização das Áreas Verdes Ventilação e Aeração do Ambiente Transporte Coletivo e o andar a pé. Aproveitamento dos Recursos Naturais Existente. Interação com o espaço. Espaço para feiras e comércio Respeito as características Arquitetónicas Locais O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 287 Tabela 27: Requisitos do LEED – ND e as características de desenho urbano. Fonte: elaborada por Adriana Silva Barbosa Neste quando verifica-se o nível de importância da escolha do local adequado. A maior parte das necessidades de um bom desenho urbano depende das características do local. O próximo capítulo será então avaliar os dois empreendimentos utilizando os cinco requisitos do LEED. Bairros, o grau de impacto causado na região e as possíveis soluções. 12. Análise dos Resultados Aplicando o LEED- Desenvolvimento de Bairros. Dentro de áreas em que a procura turística já esta consolidada, encontrar um terreno, ou uma grande gleba passa a ser uma decisão que não se pode ser alterada depois de alguns anos. Nesta situação, é uma escolha que não tem volta e o que se pode ser feito é um bom desenho urbano que atenue ou elimine a possibilidade de um risco ambiental. Nos dois casos de estudos, os empreendimentos já possui aproximadamente 30 anos de existência e então é possível fazer uma análise da situação com base nos critérios de quando à localização inteligente, encontrados na certificação verde para bairros do LEED e nas características de desenho urbano selecionada nesta tese. 12.1 Empreendimento de Riviera de São Lourenço, Bertioga, São Paulo, Brasil. 12.1.1 Localização Inteligente A localização, em termos de beleza paisagística foi o lugar perfeito, mas em termos de acessibilidade e infraestruturas urbanas existentes, o local era precário de qualquer equipamento urbano. Segundo MAZZOLENIS (2008), “enquanto eram construídos os pilares do vão central da ponte do Rio Itapanhaú, da rodovia Rio-Santos, iniciou-se a abertura dos canais 3 e 2 de drenagem”. Esta ponte era a única forma de acessibilidade à região e somente foi conquistada em 1984, mas demorando 20 anos para ficar pronta. Era uma área praticamente intocada. Neste requisito do LEED, a escolha do local não pode ser considerada uma escolha no qual se aproveitou dos “infras” existentes de comunidades locais. Mas, pelo contrário, elas apareceram em função da escolha do local para a construção do empreendimento. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 288 12.1.2 Conservação e Gestão de Zonas Úmidas, Corpos d´agua e de inundação. Riviera de São Lourenço esta inserida numa área de planície litorânea e portanto se situa numa região muito plana. Então, devido às suas características morfológicas, a solução foi criar um sistema de drenagem destinado à coleta das águas pluviais que desemboca na praia para evitar eventuais enchentes. Ao todo são 07 canais, sendo 03 dos quais localizados nos eixos das avenidas perpendiculares à praia, onde desembocam. Atualmente são 48 km de canais e canaletas de drenagem. Seu revestimento é de grama nativa e em alguns casos com parede de concreto. (Informações colhidas durante visita técnica no SIV- Sistema Integrado de Vendas). Também previu-se a construção de canaletas que atravessam as extensas áreas verdes até despejar as águas coletadas nos canais principais. As águas pluviais não são, em nenhum momento do processo misturadas com os efluentes do esgoto. Para manter a permeabilidade do solo a solução foi aumentado parte da área verde obrigatória de 10% para 30% reservado 2.900.000 m2 de áreas verdes e institucionais. Conseguiu-se que estas áreas, que deveriam se tornar pública continuassem privadas recebendo a manutenção do empreendimento. Para valorizar as áreas verdes e oferecer um convívio e interação entre os moradores dois tipos de zoneamento foram criados: (PIs) Áreas Implementáveis, que são áreas localizadas de frente para a praia, com pequenas áreas reservadas a instalação de deques de madeira, bancos e playground; os (PEs) Áreas Privativas Equipáveis, uma faixa de área mais recuada da praia reservada para equipamentos de lazer e esporte de maior porte como “playgrond” coberto, edificações de apoio e os chamados “Jundus”, um tipo de vegetação rasteira, que são muito resistente à areia do mar, dentro de uma faixa de 33 metros de largura e 4,5 km de extensão, no qual suas raízes profundas impede o avanço dos grão de areia da praia em direção ao empreendimento. As duas áreas são permeáveis e estão de acordo com o índice de ocupação determinado pelo condomínio. Além dessas áreas permeáveis os recuos laterais para edifícios também ajudam a evitar a impermeabilização do solo. Nos edifícios com mais de dois pavimentos (excluindo-se a sacada) são calculados pela soma da metade de suas alturas, resultando na distância entre blocos. Isto ocorre para que haja melhor aeração, ventilação e circulação dos ventos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 289 12.1.3 Espécies em Risco e Comunidades Ecológicas Afetadas A área analisada se encontra numa zona sem dunas, de solo arenoso, próximo à praia constituído basicamente de gramíneas rasteira e ervas baixas, segue em solo arenoso e restinga e a cerca de 2 km esta a mata densa de floresta e de solo fértil (MAZZOLENIS, 2008). Nesta área, os procedimentos de urbanização foram feitos com o auxílio do engenheiro agrônomo e paisagista, Rodolfo Ricardo Geiser, presidente da Sociedade Brasileira de Paisagismo, e especialista na preservação da fauna e da flora. Como consultor da SOBLOCO Construtora recomendou que o desenho das ruas favorecesse a preservação de áreas contínuas, formando corredores ecológicos, um único conjunto que permitiria a circulação dos animais, a preservação de grandes árvores isoladas. Assim seria possível preservar várias espécies de animais e vegetações valorizando o ambiente natural local. As comunidades herbáceas e arbustivas que não foram possíveis de serem preservadas foram transplantadas em viveiro criado em 1980 e utilizadas depois no paisagismo do bairro como uma forma de aproveitar os recursos naturais existentes (MAZZOLENIS, 2008). O projeto, desde o início, estava previsto uma ocupação gradativa e em etapas, por módulos. A medida que os lotes eram vendidos, as infraestruturas urbanas eram implantadas e o desmatamento era feito conforme necessário, rua por rua e depois abria-se os canais para o escoamento das águas pluviais, permitindo que a fauna silvestre se adaptasse à nova situação A vegetação retirada dos lotes em construção foram armazenadas e utilizada no preparo de composto orgânico e muitas plantas foram retiradas manualmente antes de ser iniciada a preparação dos terrenos para as obras nos lotes (MAZZOLENIS, 2008). O veterinário e zootecnista Faiçal Simon foi responsável pela catalogação de mais de 90 espécies de mamíferos e pássaros das matas das praias de São Lourenço. Estes animais foram capturados, chipados e soltos nas áreas de faunas preservadas até meados de 2008 tendo uma catalogação total de 54 mil animais. Isto quer dizer que, apesar do desmatamento causado pela implementação do empreendimento, houve uma preocupação em preservar a fauna local por iniciativa dos empreendedores, já que, na época do processo de loteamento da área (1979), não havia leis de proteção ambiental que obrigasse qualquer tipo de ação, como a lei do SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que foi criada no ano de 2000 12.1.4 Afastamento da Cota de Inundação O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 290 Sendo um terreno plano, numa cota muito baixa em relação ao nível do mar, não foi permitido construir edifícios próximos da praia. Entre a praia e a área permitida para construção, além do uso de um zoneamento apropriado, foi feito uma vala de 4,5 km de extensão profundidade para que, caso aumente o nível do mar, estas valas contribuiria na contenção de água. Também foi plantado uma vegetação típica da região costeira, que retém a água através de suas raízes profundas, chamado "Jundus". Então caso haja um aumento na cota das marés haveria espaço suficiente para a sua ocupação. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 291 12.1.5 Conservação de Terras Agricultáveis O recomendado para todos os projetos é que sua localização não seja em áreas consideradas apropriadas para agricultura, ou que uma parte das áreas urbanizadas sejam reservadas para uma futura necessidade de oferecer alimento para o novo bairro. No caso analisado as terras eram ocupadas por caiçaras que vivia da cultura itinerante, da pesca artesanal e do extrativismo47. Portanto, a região era fértil mas não foi usada para uma agricultura de grande escala. O que o empreendimento promove no quesito preservação de áreas agricultáveis é o plantio de ervas medicinais, pequenas hortas e composteiras com finalidade apenas educacional, através do Programa de Educação Ambiental iniciada em 1997. O trabalho consiste em apenas estabelecer parcerias com escolas municipais da região, que definem um projeto educacional com as crianças e sob o apoio de uma engenheira agrônoma (MAZZOLENIS, 2006). Abaixo, um croqui que resume todas as soluções ambientais adotadas que interferiram na forma como foi o desenhado o espaço urbano. 47 A economia caiçara desenvolvia-se fornecendo mão-de-obra para a monocultura do litoral e o fornecimento de gêneros alimentícios para os núcleos urbanos regionais. A distribuição através de canoas feitas de tronco único de cedro no qual embarcavam cheias de peixe seco, farinha, ovos, frutas, galinhas e porcos vivos e eram trocadas por barris de água ardentes, que seguiam para o mercado de Santos. Estas, por sua vez, retornavam com encomendas das comunidades praieiras. Vivian entre baías e florestas dependendo somente dos recursos naturais que a floresta podia oferecer (ARNT e WAINER, 2006). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 292 Croqui 03: Características ambientais e do desenho urbano proposto de Riviera de São Lourenço.. Fonte: Croqui elaborado por Adriana Silva Barbosa. Então, o arquiteto-urbanista Benno Penelmutter, dá a forma do desenho urbano com a definição do traçado principais vias. Duas delas acompanhando o formado da orla da praia e outra que corta as duas paralelas. Da definição das principais vias se definem o zoneamento. Depois as demais ruas serão todas no formato de pequenos caracóis e quase todas sem saídas. Depois as canaletas de coleta das águas pluviais e que vão desaguar no mar são outro elemento definidor das demais vias. Algumas canaletas vão se unir com a futura marina. Entre elas do lado esquerdo, estão os campos de golf. O desenho urbano se acomoda entre os dois costões rochosos e a Rodovia RioSantos tendo ao fundo a Serra do Mar. Um local cercado que, encontrou a solução do uso do “jundus”, como uma ferramenta natural caso houvesse uma futura invasão da areia da praia ou da água do mar nas áreas urbanizadas. Junto com esta faixa de jundus estão também uma faixa de área verde que oferece maior permeabilidade do solo e equipamentos de lazer. A captação das águas do Rio Itapanhaú dá o início ao ciclo de tratamento para o consumo, depois transformada em esgoto, seu tratamento novamente e fechando o seu ciclo com o seu retorno ao rio. 12.2 Empreendimento de Vilamoura, Algarve, Portugal O Plano Urbano de Vilamoura foi feito pelo Prof. Manuel da Costa Lobo através da Empresa de Planejamento Urbano LUSOTUR, responsável pelo empreendimento, representam 1.631 hectares distribuídas da seguinte forma: 577 hectares, para diferentes explorações agrícolas e 1.054 hectares para a instalação de um centro turístico de grande categoria. Para o plano de Vilamoura desde o início decidiu-se por O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 293 um projeto aberto e integrado com o seu entorno, devido a sua grande escala que seria tecnicamente difícil de ser controlado (BAKER, 1960). 12.2.1 •Localização Inteligente As praias próximas de Vilamoura são compostas de falésias, uma forma geográfica litorânea, caracterizada por paredões de terra que vão de encontro com o mar. As ondas vão desgastando a costa tornando as falésias passíveis de desmoronamento. Neste caso, os empreendimentos vizinhos se localizam afastados da área da praia respeitando esta faixa de terra instável. Os acessos a praia são feitos através de escadarias e elevadores que se conectam as áreas hoteleiras por meio de caminhos de madeira, os decks. Já Vilamoura se encontra numa cota mais próxima no nível do mar e esta próximo a uma área que formava um braço de mar que entrava para dentro da costa criando uma área de porto natural. Trata-se de uma antiga vila romana que, no entorno desta marina natural as terras eram férteis e a população vivia da agricultura e de atividades pastoris. Mapa 51:Praias do entorno do empreendimento. Fonte: Google Maps O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 294 Imagem 77 e 78:Praia da Falésia. Fonte: Adriana Silva Barbosa. Nos estudos de caracterização da rede viária entregue à Câmara Municipal de Loulé apresenta um tráfego intenso dos veranistas da cidade de Quarteira para Vilamoura. Segundo o relatório “é perceptível um tráfego com origem em Quarteira que é, para Vilamoura, prejudicial” e que tem como destino final a cidade de Albufeira, e outras localidades para a região oeste no contribui para o seu congestionamento. Na Zona Central de Vilamoura, e em particular ao longo da Av. Da Marina e nas suas proximidades, praticamente não há a possibilidade de aumentar as áreas de estacionamentos pois as áreas disponíveis são bastante limitadas. 12.2.2 Conservação e Gestão de Zonas Úmidas, Corpos d´agua e Áreas Inundáveis (Várzea). Em 1962, época em que o plano de Vilamoura foi concebido, os núcleos urbanos tradicionais não dispunha de redes suficientes de água, esgotos e recolha de lixo. Com a construção de vários hotéis na região, a opção de captar águas de origem subterrâneas passou a ser um ponto em discussão. Diante disto o Ministério de Obras Públicas tomou a decisão de exigir que o promotor imobiliário deveria ser o responsável pelas infraestruturas de rede de água e esgoto e ainda participasse nos custos da rede pública. Em 1966, percebe-se a ausência de qualquer estação depuradora de esgoto em quase todo litoral do Algarve. As atividades associadas ao turismo, incluindo os vários usos da água, durante o processo de urbanização resultaram no agravamento desta situação, em alterações ecológicas e na degradação das comunidades aquáticas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 295 O sistema de abastecimento de água para Vilamoura cobre a totalidade da área urbanizada com 78 km de condutas, no qual serve uma população que varia entre 3.500 á 35.000 habitantes. Toda a água distribuída pelo sistema de Vilamoura tem origem em captações de águas subterrâneas localizada no interior de seu perímetro, num total de 9 furos. A abertura dos furos ocorreram conforme a necessidade de abastecimento foi aumentando. Desde o início de sua criação foi prevista também, uma Estação de Tratamento de Esgoto e o Parque Ambiental de Vilamoura, uma área protegida integrada em Vilamoura que ocupa 200ha e está classificada como Reserva Agrícola e Reserva Ecológica Nacional (LUSORT, 2012). Também foi previsto desde o Plano de Urbanização de Vilamoura de 1966, a formação de lagos artificiais para a formação da Cidade Lacustre que consiste na construção de casas no entorno destes lagos que se interligariam com a marina de Vilamoura. Os lagos constituem um conjunto de canais interligados com uma área global de 29 hectares (CCDR ALGARVE, 2012). 12.2.3 •Espécies em Risco e Comunidades Ecológicas Afetadas. Neste requisito, a área que foi reservada para uso agrícola acabou por ser desativada nos anos 70 para a criação do Parque Ambiental de Vilamoura e através da “pantanização” dos terrenos formou-se o caniçal de Vilamoura, uma zona húmida caracteriza-se por uma extensa área com 65% de caniçal, 20% de área alagada, e o “tifal” 15%. Para a melhoria deste ambiente foram construídos dois lagos artificiais, que se revelaram importantes para as comunidades de vertebrados, aves e mamíferos. (http://lusort.com/pt/vilamoura/parque-ambiental). 12.2.4 •Afastamento de Cota de Inundação Uma área húmida muito importante dentro de Vilamoura, que haviam sido uma baía natural com águas do mar que invadiram formando um braço. Estudos feito pela Universidade de Frankfurt para a identificação dos estratos e sedimentos arqueológicos desta antiga zona portuária romana identificou três camadas de sedimentos proveniente de épocas diferentes, sendo que a última são sedimentos provenientes das dragagens para a construção da marina de Vilamoura. O terreno está reservado para agricultura e atualmente esta previsto para a construção da O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 296 cidade Lacustre. A área é composta por “depósito arenoso de cor castanha e avermelhada. A presença, na superfície, de concha de ostras indica o depósito neste local de sedimentos dragados. Observa também a presença de grandes quantidades de entulho recentes, os quais provocaram mesmo alterações nas cotas dos terrenos”, p.14 (SIMPLICIO, 2007). Mapas 52: Síntese da Informação recolhida no litoral de Quarteira e marcações dos sítios arqueológicos: Cerro da Vila (C), Forte Novo (F), Praia do Forte Novo (L), Quarteira Submersa (P), Forte do Valongo (V). Imagem 53: Áreas a ser ocupada pelos lagos Artificiais. Fonte: Estudo de Impacto Ambiental. Investigação Arqueológica Subaquática, Ltda. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 297 O local foi considerado, pelo Estudo de Impacto Ambiental para a cidade Lacustre, como inviável em alguns trechos, por estar próximo de uma estação arqueológica assim como a identificação de uma piscina com mosaico da época da vila romana, em local inundável. Neste caso, o fato de já ter sido uma área lagunar, a expansão do empreendimento ficou limitada á execução de mais sondagens para determinar os reais limites dos vestígios de antigas ocupações romanas, com o acompanhamento arqueológico. A área de intervenção da 2º fase do empreendimento, caracteriza-se pelas cotas inferiores a 5,00 mts, com declives reduzidos mais ao sul, uma zona intermediária entre 5,00 a 25,00 e declives entre 6% e 9% Depois uma zona mais acidentada entre as cotas 25,00 e 50,00 12.2.5 •Conservação de Terras Agricultáveis No Anteplano do projeto foi estimada a quantidade de área necessária para o uso urbano e para o uso agrícola. Esta área estaria responsável para atender as necessidades de Vilamoura. Para o seu funcionamento foi necessário à aquisição de máquinas agrícolas, a estabulação de animais, armazenamento de produtos. Um centro coordenador de distribuição levaria a produção até o consumidor local, porém, com o processo de urbanização acelerado, esta produção deixou de ser necessária e os gestores do empreendimento decidiram por transformar, uma parte da área num parque ambiental e outra na cidade Lacustre. A seguir um croqui esquemático que mostram as soluções ambientais encontradas e sua influência no traçado urbano. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 298 Croqui 04: Características ambientais e do Desenho Urbano de Vilamoura. Fonte: Croqui desenhado por Adriana Silva Barbosa. Desenhado pelo Urbanista Manuel Leal da Costa Lobo, o desenho se inicia com o traçado das principais vias, pelo qual, definem a formação dos oito módulos, separando o último para uso agrícola. O traçado, nesta área não acompanha a faixa litorânea pelo fato de ser um ambiente com características físicas diferentes do empreendimento de Riviera. Há a barreira das falésias, do braço de rio que se unem com o mar, e que entra para a terra firme em angulo. Esta inclinação define o traçado das principais vias. Da formação dos módulos se definem o zoneamento, bem como os seus usos. Os traçados das demais vias são sinuosas sendo estas acomodadas entre as áreas de pinhais. Os Campos de Golfe estão por quase todos os módulos acompanhando a sinuosidade das vias. No módulo 8 as áreas húmidas oferecem um habitat natural abrigando várias espécies de aves, fazendo parte de um corredor ecológico. Os limites naturais não são “costões” rochosos como em Riviera, mas são as falésias, as dunas, as áreas húmidas e a cidade de Quarteira. O abastecimento de água não é feito através da captação da água de rios, mas sua origem é subterrânea, sendo consumida e tratada novamente pela ETE localizada na zona agricultável. De acordo com a tese de mestrado de Adoniram Martins Coelho (2008) fornece um método de comparação no qual analisa o ambiente natural com as soluções adotadas pelo empreendimento, seus impactos, o estado atual e possíveis respostas no futuro, O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 299 o método (F-P-E-I-R) Força Motriz – Pressão – Estado – Impacto – Resposta, em que aplicamos todas as circunstâncias ambientais de cada empreendimento: Caso de Riviera de São Lourenço Força Motriz Pressão Localização Inteligente Densidade Urbana Área Construída Infraestrutura Urbana. Espécies em Risco e Comunidades Ecológicas Densidade Urbana Área Construída Esgoto Conservação Várzea e Corpos d´água População Ambiente Construído Empreendimento Captação da água da chuva. Coleta de Esgoto sem tratamento Conservação de Terras Agricultáveis Ocupação Urbana Desflorestamento Afastamento da Cota de Inundação Ocupação Urbana Estado Atual Área localizada dentro da mata atlântica Áreas preservadas Corredores ecológicos Viveiro Canaletas de Águas pluviais Jundus ETE Estação de Tratamento de Esgoto ETA – Estação de Tratamento de Água. Áreas preservadas com potencial para Uso Agrícola. Afastamento da área a ser urbanizada. Zoneamento Restritivo. Impacto Degradação ambiental. Perda da Atratividade Turística Leis de Preservação Histórica da Paisagem (IFHAN) Extinção de Espécies Nativas Impacto Social Possíveis Respostas Escolha de local com infraestruturas urbanas existentes. Criação de Reservas Ambientais. Redução da Capacidade de Carga corpos d´agua. Incidência de doenças Transmissíveis por veículo hídrico. Ameaça de sobrevivência da fauna aquática Continuidade na Gestão Ambiental e do Tratamento da Água e do Esgoto . Incapacidade de produção do próprio alimento. Conservação das áreas férteis Inundação do espaço urbano. Localização adequada das edificações. Tabela 28: Análise do empreendimento de Riviera de São Lourenço de acordo com o método (F-P-E-I-R). Fonte: COELHO, 2008. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 300 Da situação discriminada acima se verifica que a área de Riviera não foi escolhida por causa das infraestruturas existentes, mas foi por causa do valor paisagístico da região. Também, não houve a preocupação de reservar áreas férteis para uma possível necessidade de abastecimento de produtos alimentício como ocorreu em Vilamoura. Os demais requisitos foram atendidos como a formação de Viveiros e áreas contínuas de mata Atlântica para a preservação de espécies nativas da fauna e da flora. Caso de Vilamoura Força Motriz Pressão Estado Atual Impacto Densidade Urbana Aumento da Área Construída Uso de veículo particular. Alta Sazonalidade de turistas. Aprovação de mais empreendimento s Falta de Estacionamento próximo a área da praia. Desvalorizaçã o do Destino Turístico. Degradação dos Sítios Arqueológicos Densidade Urbana Aumento da Área Construída Esgoto sem tratamento no entorno. Construção de lagos artificiais. ETE - Estação de Tratamento de Esgoto. Conservação de áreas verdes nas áreas urbanizadas. Áreas de Pinhais. Campos de golf. Degradação dos Sítios Arqueológico s Extinção da Fauna e Flora Conservaçã o de Várzea e Corpos d´água Captação da Água em lençol freático. Coleta de Esgoto sem tratamento (assentamento s vizinhos). Construção de lagos artificiais (Projeto cidade Lacustre). Fim do recurso naturais (Contaminação da água). Extinção de espécies de aves migratórias. Conservação de Terras Agricultáveis Futura ocupação Urbana pelo Construção do projeto da Cidade ETE - Estação de Tratamento de Esgoto ETA – Estação de Tratamento de Água. Formação de Lagos e Canais . Sistema de Drenagem das Águas pluviais para a Ribeira da Quarteira. Coleta de Lixo Zonas de Observação da Natureza. Área de Agricultura Condicionada. Localização Inteligente População Ambiente Construído Espécies em Risco e Comunidade s Ecológicas Empreendiment o Degradação Ambiental Perda dos Sítios Ecológicos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Possíveis Respostas Melhorias nas pistas de Circulação de Bicicleta e Peões Revitalizaçã o do Centro Comercial Integrado a Marina. Gestão das REN – Reservas Ecológica natural. Zoneamento de Proteção das margens. Restrições Urbanísticas . Gestão das REN – Reservas Ecológica natural. Baixo índices Urbanístico s no Módulo 8. Construção Parcial dos Lagos Artificiais Criação de Hortas Urbanas. Ocupação parcial das áreas Página 301 Lacustre. Afastamento da Cota de Inundação Construção da Cidade Lacustre. Centro Comercial Áreas de Circulação de Bicicleta e peões Degradação Ambiental. Alteração no ciclo migratório das aves. agricultávei s Uso de novas Tecnologias para a Construção da Cidade Lacustre. Tabela 29: Análise do empreendimento de Vilamoura de acordo com o método (F-P-EI-R) No caso de Vilamoura, a localização atenderia os requisitos da certificação verde (LEED Bairros) porque esta inserida numa área que já possuía infraestruturas urbanas devido à existência de pequenas cidades já em estado consolidado. Mas é preciso melhorar alguns requisitos como a pista de ciclovia que não esta sendo muito bem utilizada devido a quantidade de carros que estacionam perto da Marina no período da manhã. Também é preciso buscar mais atrativos para o comércio local, no entorno da Marina visto que, durante visita ao local, observou-se muitos imóveis comerciais sem uso. Na questão da preservação dos Corpos d´água, o grande problema é o abastecimento de água de o empreendimento estar muito dependente da captação de águas subterrâneas. É um recurso finito e portanto existe a necessidade de buscar outras fontes de recurso. O que tem se destacado na tabela acima são os possíveis danos ambientais na Construção da fase 2 do Plano de Vilamoura, o Projeto da Cidade Lacustre, pelo fato de ocupar áreas inundáveis com vários sítios arqueológicos ainda não explorados, um local que faz parte de um corredor ecológico e de abrigo das aves migratórias. Abaixo, os quadros resumo comparando as duas regiões: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 302 LEED Neighborhood Vilamoura, Algarve, Riv. de São Lourenço, Localização Inteligente Localização Portugal. Bertioga, Br. Inteligente Iniciativas para a preservação da Qualidade Ambiental – • Local sem infraestrutura de água, esgoto e coleta de lixo. Próxima as áreas de falésia. Área de porto natural, antiga vila romana. Próximo de comunidades consolidadas. Características Arquitetónicas Típicas incorporadas no plano urbano. • • • • Espécies em Risco e Comunidades Ecológicas • Criação do Parque Ambiental de Vilamoura – caniçal de Vilamoura – 20% área alagada. • • • Local precário de infraestrutura e equip. urbano – Rod. Rio Santos. Solo arenoso e restinga, distante à 2 km de mata densa de floresta. Não há Arquitetura típica – Manual com Soluções Arquitetónicas Sustentáveis Espécies em Risco e Comunidades Ecológicas • • • Ocupação gradativa. Preservação de áreas contínuas: corredores ecológicos (circulação de animais e a preserv. de arvores de grande porte). Criação de viveiro de plantas para serem usadas no paisagismo do bairro. 34 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 303 LEED Vilamoura,Neighborhood Riv. de São Lourenço, Conservação de Várzea Conservação de Várzea Algarve, Portugal. Bertioga, Br. e Copos d´agua. e Copos d´agua. Iniciativas para a preservação da Qualidade Ambiental – • • • • • • Preservação das principais linhas de drenagem naturais. Capitação de água de origem subterrânea. Preservação de áreas verdes existentes, pinhais e Sobreiros. ETAR – Estação de Tratamento das Águas Residuais em 100% Utilizada para a irrigação de campos de golfe. ETE – Estação de Tratamento de Esgoto – sistema biológico. Ainda não há um programa de gerenciamento de resíduos. • • • • • Sistema de drenagem para a coleta de águas pluviais que desemboca na praia. Captação da água do rio Itapanhaú. Aumento da área verde obrigatória de 10% para 30% com os PIs – áreas Implementáveis e PEs – áreas privativas equipáveis. ETE – Estação de Tratamento de Esgoto – sistema físico-químico em momentos de grande variação populacional Programa de gerenciamento de resíduos: papelão, PVC, PET e vidro. 35 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 304 LEED Neighborhood Vilamoura, Riv. de São Conservação dePortugal. Conservação de Bertioga, Algarve, Lourenço, Iniciativas para a preservação da Qualidade Ambiental – Áreas • Preservação de 577 hectares para uso agrícola, parte transformada em Parque Ambiental e outra em processo de urbanização . Afastamento da Cota de Inundação. • • Presença de uma antiga baía com água do mar, porto romano, vestígios arqueológicos – detritos de construção da marina. Local inviável para urbanização. Áreas Agricultáveis • Plantio de ervas medicinais, pequenas hortas e compoteiras com finalidade apenas educacional. Afastamento da Cota de Inundação Cota de 2 a 5 m acima do nível do mar. Valas ao longo dos 4,5 km de costa para contenção de água. Utilização de “jundus”, vegetação local de raízes profundas, que protege contra o avanço do mar. 36 Quadros Comparativos elaborado por Adriana Silva Barbosa em 08.03.13. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 305 13. Conclusão No caso dos dois empreendimentos verifica-se um baixo adensamento populacional nas propostas de ocupação que são garantidas por normas urbanísticas restritivas. Por sua vez, os critérios de articulação entre condicionantes ambientais e padrões de uso e ocupação do solo ficou restrito aos empreendimentos não se verificando o mesmo nas ocupações ao redor. Em Riviera de São Lourenço a manutenção da qualidade ambiental do empreendimento pode ser atribuído à soma de vários fatores, entre eles o plano urbanístico, a criação dos “PIs” e os “PEs”, a instalação das Estações de Tratamento da água e do esgoto e lei de zoneamento com parâmetros urbanísticos restritivos. Em Vilamoura, embora hoje se encontre numa faixa litorânea com intensa urbanização e com elevado valor ambiental tem buscado medir e analisar o impacto ambiental de cada intervenção no ambiente atendendo as exigências das autoridades locais. O estudo aponta para a importância do zoneamento compatível com as características físico-geográficas e direciona o desenho urbano; isto tendo em vista a preservação da qualidade do ambiente onde índices urbanísticos, garantem os grandes recuos, baixos índices de ocupação dos terrenos, grandes coeficientes de áreas verdes e institucionais. Assim o zoneamento desponta como fundamentais para garantir urbanidade em articulação com a preservação de áreas de interesse ambiental. Os critérios referentes a localização inteligente do LEED para bairros podem ser usados como elemento base para a criação desses zoneamentos, de forma que contenha elementos adequados à preservação da qualidade ambiental dos empreendimentos turísticos. Também os critérios do LEED Bairros podem, durante o processo de construção e implantação do empreendimento, serem utilizados como ferramentas de gestão ambiental, nas novas áreas urbanizadas. Os empreendimentos turísticos são fortes potenciais geradores de impactos no meio ambiente, pois, por mais que haja gestão e controle do uso dos recursos naturais locais, inevitavelmente provocará impacto negativo como desmatamento, consumo de recursos naturais e geração de resíduos. Em face da importância do empreendimento, tem-se a posição especial do Escritório de Arquitetura, que, nessa fase, deve levar o consumidor (comprador da propriedade) a se conscientizar primeiramente das consequências de sua análise visual, para se O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 306 certificar se o terreno não está em área de inundação ou área de mangue, ou de solo contaminado, ou sobre um sítio arqueológico, dentre outros. Nesse sentido o consumidor precisa afirmar ao escritório de arquitetura que vai comprar, autorizando esse escritório a continuar o estudo de viabilidade, agora com mais detalhe. Após essa viabilidade visual prévia, passa-se a estudar a viabilidade técnica, ou seja, verificar se numericamente pode-se projetar para determinado dimensionamento de pessoas, equipamentos sociais e outros, conhecendo as requisições de órgãos públicos. Após esse tipo de viabilidade técnica, é que se passa a contar a viabilidade financeira, estudando-se o custo da obra em determinado tempo, bem como o tempo de retorno desse investimento. Um empreendimento turístico provoca impactos ambientais imediatamente, ou seja, na hora. Enquanto que nos loteamentos públicos os problemas ambientais ocorrem gradativamente, não contando inicialmente com uma infraestrutura de saneamento e nem gestão, vindo a resolver as questões ambientais muito depois. Com o tempo o forte impacto ambiental inicial vai sendo amenizado, porque conta com o dimensionamento das estruturas, e obedecem ao limite de ocupação. Ao passo que a ocupação de um bairro comum, os danos ambientais aparecem gradativamente e a gestão ambiental acontece como um processo de remediação dos problemas ambientais já existentes, ou seja, não há um trabalho de previsão e dimensionamento, correspondendo a uma prevenção desse impacto. Esta tese mostra que a problemática ambiental não se refere aos assentamentos irregulares, mas também tratam de empreendimentos regulares, pois esses têm problemas ambientais, além de atrair novos empreendimentos. Nesse sentido, verificase que empreendimento turístico busca locais com paisagens naturais, acumulando, portanto, seus condicionantes ambientais que são muito delicados. A produção da cidade e do território são domínios do traçado e desenho arquitetônico. Por isto a morfologia assume um papel importante nesse projeto urbano. Portanto, importa muito saber a forma dos rios e do relevo. É com essas características que se inicia o desenho urbano. Em termos de sustentabilidade observa-se que o planejamento urbano é muito importante, podendo, ao impor parâmetros e indicadores, contribuir para uma cidade mais sustentável. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 307 APÊNDICE E BIBLIOGRAFIA O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 308 APÊNDICE Anexo 01 – Setores e as áreas homogêneas. Resumo dos parâmetros da proposta de reformulação do Plano Geral de Vilamoura de 1993: Setores Área de Intervenção Área de Construção Indice Global Número de Pisos Destinos Equipamentos 340.000 m2 0,24 3 Centro Urbano e Residência 28 ha 15.000 m2 0,05 2 Centro de Estágio de alta competição, hotel e aldeamento de apoio. Marina Interior Centro Comercial Mercado ao ar livre Centro de Diversões Centro Desportivo Conceitos de ar livre Cinema e Teatro Campos de Futebol Pista de atltismo Ginásio de Apoio SETOR 5. Canais de Golfe 44 ha 135.000 m2 0,30 3 Apto turístico Condomínio de luxo Clube de luxo Golfe Canoagem Instalações escolares SETOR 6 Colinas do Golfe 119 ha 130.000 m2 0,11 2/3 Clube do Golfe 3 e 4 57 ha 150.000 m2 0,26 2/3 Aptos turísticos, Moradas isoladas, hotel do golfe. Habitação permanente 34 ha 45.000 m2 0,13 2 Hotel Aldeamento de Luxo Clube de Praia Restaurantes Balneários Desporto da praia 99 ha 45.000 m2 0,05 2 Condomínios Zona de SETOR 1 a 5 Cidade 140 ha Lacustre Aldeias da Ribeira Encosta das Oliveiras SETOR 7 Praia da Falésia SETOR 8 Pinhal O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Centro de Lazer Centro de Escritórios Instalações Escolares Hipermercado Culto Religioso Página 309 Velho Aldeia Hípica 24 ha 45.000 m2 0,18 2 Fonte do Ulme Cerro da Vinha 15 ha 15.000 m2 0,10 2 313 ha 160.000 m2 0,05 2/3 TOTAL 873, 3 ha 1080.000 0,12 de luxo Grandes lotes para moradia Núcleo Hípico Condomínio de luxo Apto turístico Moradias Isoladas O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Repouso Casa de Repouso Centro Hípico Golfe Golfe Clínica Hotel Clube de Golfe Golfe Percursos Hípicos Canal Verde Zona Ecológica Página 310 Anexo 02 Equipamentos: 1. Existência, acessibilidade e nível de utilização dos estabelecimentos do ensino – ensino básico, secundário e superior. 2. Farmácias – Disponibilidade de farmácias, considerando uma população suporte mínima de 10 000 habitantes por estabelecimento. 3. Centros de saúde – Disponibilidade de centros de saúde, considerando uma população suporte mínima de 30. 000 habitantes. 4. Superfícies de espaços livres de recreio – porcentagem da área urbana ocupada por espaços livres destinados a actividades lúdicas de recreio e de ocupação de tempos livres. Poderá incluir áreas desportivas de reduzida dimensão. 5. Espaços livres de recreio per capita – Área, por habitante, de espaços livres destinados a actividades lúdicas de ocupação de tempo livres. 6. Espaços desportivos per capita – Área, por habitante, de espaços infraestrutura destinados à prática do desporto. Consideram-se dois níveis de acessibilidade com base no tempo de deslocação. Às velocidades consideradas são 4 km/h a pé e 30 km/h em transporte. Estrutura Verde Urbana 1. Índice de área ocupada por espaços verdes públicos – indica a proporção de espaço urbano ocupado com espaços verdes. Se a sua distribuição no centro urbano for muito heterogênea deverá ser avaliado por subáreas de espaço urbano, podendo ser ponderado com a respectiva densidade populacional. 2. Porcentagem de espaços verdes livres públicos – Avalia o espaço verde disponível para uso público. Se a sua distribuição no centro urbano for muito heterogênea, deverá ser avaliado por subáreas de espaço urbano, podendo ser ponderado com a respectiva densidade populacional. 3. Porcentagem de espaços verdes em relação à área residencial – Avalia a importância dos espaços verdes enquanto elemento estruturante do espaço, contribuindo ainda para uma maior atractividade paisagística do espaço residencial. Habitação 1. Área coberta por fogo – indica a dimensão média dos fogos, ou seja, a área edificada para fins habitacionais. Á área edificada diz respeito apenas às edificações com fins habitacionais, sendo calculada como o produto da área de O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 311 implantação ao nível do solo pelo número total de pisos. 2. Densidade de fogos – indica o nível de ocupação médio dos fogos. 3. Porcentagem de fogos destinados à ocupação turística – Avalia a quantidade de fogos que se destinam a uma ocupação sazonal ou temporária. Infraestrutura: 1. Índice de qualidade dos arruamentos – permite avaliar o estado de conservação das ruas. E ponderado pela extensão do arruamento. 2. Índice de qualidade dos passeios – permite avaliar o estado de conservação dos passeios. E ponderado pela extensão do arruamento 3. Índice de pressão no estacionamento – indica a escassez de lugares de estacionamento, face à procura. Consideram-se índices de procura em função da ocupação demográfica. 4. Densidade de circulação – Permite avaliar o grau de congestionamento do tráfego urbano. A densidade de capacidade máxima. 5. Índice de qualidade viária – Considerando os eixos de tráfego mais importantes, permite avaliar a acessibilidade a determinados pontos do centro urbano, localizados nesses eixos, em função da população que se desloca. 6. Porcentagem de fogos com água canalizada – Indica a relação de fogos servidos com água canalizada. 7. Porcentagem de fogos com instalações sanitárias – Indica a relação de fogos que possui instalações sanitárias. 8. Porcentagem de fogos com ligação à rede de esgoto – Indica a relação de fogos com rede de esgoto. 9. Porcentagem de fogos com eletricidade – Indica a relação de fogos servidos com eletricidade. 10. Porcentagem da população servida por sistemas de recolha de resíduos sólidos – Indica o nível e qualidade do serviço. Meios Hídricos 1. Porcentagem de área ocupada por planos de água com largura inferior a 1000 metros – Indica a proporção de área de planos de água integrada no tecido urbano. Selecionamos planos de água (lagos, lagoas e cursos de água permanentes) com largura ou diâmetro inferior á 1000 metros. 2. Interface do Plano de água com o centro urbano – Indica a oportunidade de contacto do centro urbano e, conseqüentemente, da população utilizadora, com o plano de água, nos casos que se trate de centros urbanos situados no litoral, junto a cursos de água permanentes – com largura ou diâmetro superior a O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 312 1000 m. 3. Actividade recreativa – banho – indica a possibilidade real de tomar banho em planos de água – lagos, lagoas e cursos de água permanentes. 4. Actividade recreativa – pesca – indica a possibilidade real de pesca em planos de água – lagos, lagoas e cursos de água permanentes. 5. Actividade recreativa – desportos náuticos – indica a possibilidade da prática de desporto náutico. 6. Amenidade visual associada aos planos de água – avalia o valor estético/paisagístico dos planos de água em termos de seu enquadramento, estado das margens, existência de sólidos em suspensão, cor e cheiro. Ocupação do Espaço Urbano 1. Densidade populacional líquida – Indica o número de habitantes por hectare de área de uso residencial que inclui área de implantação dos edifícios, e respectivas áreas de logradouro e áreas de arruamentos. 2. Densidade populacional bruta – Indica o número de habitantes por hectare de área de uso residencial (que inclui área de implantação dos edifícios e respectiva área de logradouro e área de arruamento) mais área de equipamentos. 3. Densidade Populacional Global – Indica o número de habitantes por hectare de área urbana total. 4. Índice de ocupação bruto – Indica a proporção de área edificada total em relação à área de uso residencial, mais área de equipamento. 5. Indice de ocupação global – Indica a proporção de área edificada total em relação à área urbana total. 6. Porcentagem de área ocupada por espaço não edificado e público – Avalia o espaço urbano destinado à livre utilização da população residente. 7. Índice de ruas pedonais - Índice de Ocupação Líquido – Indica a proporção de área edificada total em relação à área de uso residencial (que inclui área de implantação dos edifícios e respectiva área de logradouro e área de arruamentos). À área edificada resulta do produto da área de implantação pelo número médio de pisos. 8. Índice de circulação de peões – Indica a proporção do espaço de passeio com dimensão adequada à circulação de peões em segurança em relação ao total da área urbana. 9. Índice de diversidade das funções urbanas – Indica o grau de diversidade funcional do espaço urbano. Considera que quanto maior a diversidade maior a O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 313 qualidade do espaço. Transporte Colectivo Urbanos 1 Oferta média de transporte – o número de oportunidades de embarques em determinada área, ponderado pela porcentagem de população residente nessa área. 2 População residente em áreas com boa acessibilidade ao transporte público – Indica o nível de atendimento da população. Considera a distância de 300 m como o limiar admissível acima do qual revela uma baixa qualidade ambiental. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 314 Anexo 03 AMBIENTE ENQUADRAMENTO TECNOLOGIA TRAÇADO Pessoas Comunidade local Redes Sociais Solo Risco Ambiental Sistemas de Prevenção. Vegetação Paisagem local Produção de mudas de plantas nativas Água Rios, lagos e mar. Ar Qualidade do ar existente Clima Localização em relação ao bairro e a cidade. Mobilidade existente Gestão energia Gestão água Gestão dos Resíduos Sistema de Prevenção e manutenção da qualidade do ar Conforto Ambiental Conforto Ambiental Design Inclusivo que favorece o acesso, a mobilidade e a interação entre as pessoas. Design de acordo com a morfologia do terreno. Design que valoriza o ambiente natural. Design que respeita as margens dos rios Paisagem Recursos naturais disponíveis Sistemas de transporte que utiliza combustível não poluente. Recuperação de recursos locais. Economia Negócios Locais Cluster Potencial Agrícola Produção agrícola local. Inovação no uso dos produtos locais. Arquitetura Aproveitamento do Patrimônio Arquitetônico. Características das habitações locais. Edifícios eficientes Soluções arquitetônicas flexíveis. Transporte O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Design urbano que valoriza as áreas verdes e o andar a pé. Traçado urbano que incentiva o transporte coletivo andar a pé. Design que aproveita os recursos existentes Desenho urbano que facilite a interação com os clientes. Criação de espaços para feiras e mercados locais. Design que respeita as características arquitetônicas locais. Página 315 Anexo 04 PARAMETROS URBANOS UTILIZADOS EM PORTUGAL O plano Urbano de Vilamoura foi feito seguindo os índices adotados em Portugal, Zona Sector conforme esquema abaixo. Superfície Total (m2) S Área Máxima Construída (m2) AJ Nº de Habitação P Indice de Utilização I=Aj/S Densidade d=P/S Nº de vagas de estac. Área Zona Verde Estrut. (m2) Área Equipam. Estrutural Tabela 00: O ordenamento do território implica sempre um espaço que, antes de tudo, se pode caracterizar pela sua superfície, a qual é o indicador mais utilizado para definir o tamanho e a capacidade de suporte, do terreno em causa – S: Superfície do terreno (S) – mede-se a área da projeção do terreno no plano horizontal de referenciação cartográfica. Para efeitos de registro das propriedades e de gestão urbanística a unidade utilizada é o metro quadrado. Os indicadores de controlo de índice por zonas utilizam, como unidade de referência da área do terreno, o hectare. Superfície global ( ) – Refere-se à superfície de um espaço territorial (área de intervenção de um plano). Superfície bruta ( ) – Refere-se à superfície total do terreno sujeito a uma intervenção ou unidade funcional específica, abstraindo da sua compartimentação, parcelamentos e distribuição do solo pelas diversas categorias do uso urbano. A superfície bruta é igual ao somatório das áreas de terreno afecto às diversas categorias de uso. Superfície Líquida ( ) – É a área ( ) a que se retiram as áreas de equipamentos urbanos. – Área de logradouros privados, individuais ou colectivos. – Àrea ocupada por arruamentos. É conveniente separar as áreas de faixas de rodagem, estacionamento lateral às faixas de rodagem e passeios públicos. – Área exterior de estacionamento público. – Área ocupada por equipamentos colectivos. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 316 Superfície do lote ( ) Refere-se à área do solo de uma unidade cadastral mínima e formatada para a utilização urbana (geralmente resultará de uma operação de loteamento), mas não incluindo qualquer área dos arruamentos marginantes. A seguir é necessário considerar outro indicador-base que é a população que habita e utiliza o espaço em causa, quantificando-a – P. Ao quociente entre uma população e a área de solo que utiliza para o uso habitacional chama-se densidade populacional (sendo expressa em hab/há): d = P/S Em alternativa à densidade populacional, pode definir-se a densidade habitacional, como sendo o quociente entre o número de fogos e a superfície de solo que está afecta a este uso (sendo expressa em fogos/há): d = F/S A densidade habitacional pode ser convertida na densidade populacional multiplicando-a pelo número médio de pessoas por fogo. A densidade é global, bruta ou líquida de acordo com a superfície utilizada em denominador. O terceiro aspecto a considerar é a área ocupada por uma utilização específica. No caso particular dos edifícios, para além da superfície de solo que ocupam, requerem uma explicitação da sua área de construção. Área de implantação das construções – Ao – Área ocupada por edifícios, também designada por área de terreno ocupada. Área de construção – ∑ Aj – também designada por área de pavimentos cobertos ou área de lage; é medida pelo extradorso das paredes exteriores; corresponde ao somatório das áreas dos tetos (ou dos pavimentos cobertos) a todos os níveis “j” da edificação. Deve ser contabilizada a área das caves e de outros espaços construídos utilizáveis pelas actividades principais e complementares do edifício (habitação, escritórios, comércio, indústria e outras utilizações). As áreas das varandas, terraços, compartimentos de serviços de higiene tais como recolha de lixo não são O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 317 contabilizadas. Há que explicitar para cada edifício as respectivas áreas de construção para cada actividade ou utilização. A superfície líquida ( ) mede-se, pois a área de solo afectivamente ocupada com a implantação de determinado tipo de uso. Nas áreas residenciais tem-se: = + + e = + Pode dar-se o caso de não existir logradouro privado e então = . Indice de utilização (i), também designado por índice de construção de terreno – é definido pela relação entre a área de construção e a área do terreno que serve de base à operação: i = ∑ /s. Este difere de uma simples porcentagem de ocupação do terreno pelo edificado. Os índices urbanísticos são um instrumento usual para o controlo das áreas de expansão urbanas. No tecido urbano existente pode fazer sentido, ou não ser necessário, especificar índices de utilização do solo, ficando o controlo assegurado através de outros parâmetros, nomeadamente a cércea e a profundidade da construção. Regulamenta-se assim através da forma. Porcentagem de ocupação do terreno (p) – É a relação entre a área de ocupação (implantação) e a área do terreno que serve de base à operação. Para não se confundir com o índice de utilização, recomenda-se que seja expresso em forma de percentagem; p= (Ao/S) x 100. Fica, pois, claro que ocupação trata do espaço de terreno consumido pela implantação de edifícios, enquanto utilização já refere à medida que essa ocupação/implantação é utilizada, nomeadamente em função do número de pisos. Em princípio, os indicadores urbanísticos serão referenciados à população ou ao terreno e hão de informar sobre a ocupação e a utilização. Poderão ainda ser utilizados outros parâmetros auxiliares necessários à construção dos indicadores de síntese. Pode ser o caso das capitações. = /P (capitação de áreas de equipamentos) ou outras capitações onde se destaca: Área coberta por habitante ( ) – Corresponde à relação entre a área de construção (∑ Aj) para habitação e a população (P): O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 318 =∑ /P e exprime-se em metros quadrados por habitantes. Outros parâmetros de interesse na pormenorização das construções são: Números médio de pisos ( ) - É dado pelo quociente da área total de construção e a área total de implantação dos edifícios; n = ∑ / . Volumetria ou cércea volumétrica (V) – É o espaço contido pelos planos que não podem ser interceptados pela construção. Estes planos são definidos em estudos volumétricos. Índice volumétrico ( ) – É a relação entre o volume do espaço ocupado pelos edifícios e a área do terreno que está na base da operação: = V/S. Os índices serão globais, brutos, líquidos ou ao lote, conforme se recorra, para o seu cálculo, à área de terreno global, bruta, líquida ou do lote. A utilização do vocábulo coeficiente reserva-se para designar parâmetros que afectam grandezas em expressões mais ou menos complexas. VALORES CORRENTES DE ÍNDICES URBANÍSTICOS Densidade global ( ): Unidade de uso agro-florestal: 2,5 hab/ha Área para-urbana: aprox. 2,5 a 10 hab/ha; Área urbana de baixa densidade: aprox. 10 a 40 hab/ha; Área urbana de média densidade: aprox. 40 a 160 hab/ha; Área urbana de alta densidade: Densidade bruta ( 160 hab/ha. ): Baixa densidade em meio urbano: ≤ 120 hab/ha. Média densidade em meio urbano: aprox. entre 120 e 150 hab/ha. Alta densidade (blocos em alturas): entre 150 e 210 hab/ha. A densidade bruta muito alta só é tolerável em unidades urbanas com mais de 100.000 habitantes, servidas por redes de infra-estruturas especiais e localizando alguns equipamentos e serviços nos edifícios de uso múltiplo. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 319 Índice de utilização bruto ( ) em meio urbano: é a relação estabelecida entre a superfície máxima de pavimento e a superfície total do solo. Quando as áreas de intervenção de um plano ou de um loteamento sejam delimitadas por arruamentos, o seu limite, para efeitos de cálculo do índice de utilização bruto, é o limite da área sujeita a plano ou loteamento, com excepção das áreas já afectas a arruamentos marginais existentes. O índice de utilização bruto aplica-se às áreas de equipamentos, espaços verdes e públicos e rede viária incluídos na área de intervenção; - Baixo: ≤ 0,25 - Médio: 0,25 a 0,3 - Alto: 0,3 a 0,42 Índice de utilização liquida ( ) em meio urbano: é a relação estabelecida entre a superfície máxima de pavimento e a área líquida do loteamento ou a superfície de uma parcela ou lote. Porcentagem de ocupação do solo ( ) em meio urbano: - Baixa: ≤ 20% - Médio: entre 20% e 50% - Alta: entre 50% e 75% - Muito Alta: 75% Área coberta por habitante ( - aprox. de 20 a 40 ) em meio urbano: /hab Dimensão média de família (a nível nacional em Portugal): - em 1990: 3,0 hab/família (previsão/estimativa). - em 1981: 3,2 hab/família; - em 1970: 3,5 hab/família; - em 1960: 4,0 hab/família. Equivalências entre densidades e índices de utilização, brutos e líquidos: = = . O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 320 = . Sublima-se que os valores líquidos pressupõem o respeito pela existência de áreas de equipamento (valor habitual para a captação da área para equipamento = 20 /hab, para as áreas habitacionais com uma população igual ou superior a 7.500 habitantes) Este limiar só poderá ser obtido pelos contributos de mais do que uma operação de loteamento ou pela execução de planos de pormenor. Note-se ainda que, no caso de operações de loteamento por particulares, os valores dos índices líquidos se aplicam á área do loteamento após serem retiradas todas as áreas de cedência obrigatória. Outros parâmetros urbanísticos fundamentais Altura dos edifícios - A regulamentação da altura máxima dos edifícios é uma componente principal o planeamento urbanístico. Alem da forma urbana na sua vertente estética estão em causa aspecto de gestão que têm a ver com a densidade líquida, limiares de infraestruturas e serviços, processos nos custos de conservação da cidade e grau de satisfação do sistema. O controlo da altura dos edifícios tem a ver como: A harmonia de conjuntos (bairros, quarteirões, ruas, praças, etc); Impedir sobreocupações e sobrecargas; Defender o conjunto urbano existentes tendo em vista o prédio na sua singularidade, conjuntos arquitetônicos, unidades urbanas e silhuetas; Proteger o enquadramento de momentos e paisagens e salvaguardar ângulo de vista interessante; A prática de construções em altura requer particulares de integração paisagística, nomeadamente no domínio das relações visuais, ensombramentos e expressão de escala, circunstâncias humanas e sociais envolvidas – relação homem/solo e segurança. A questão dos índices urbanísticos A demarcação do solo urbanizável carece de ser complementada por um programa que, para além de uma especificação qualitativa das utilizações, determine quantitativamente essas utilizações através de índices urbanísticos, por forma a garantir a compatibilidade entre a intensidade do solo e a capacidade das infraestruturas e equipamentos colectivos, bem como o equilíbrio entre as diversas actividades urbanas. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 321 A área de construção, área edificada coberta, ou área de lage, designações sinônimas de gíria urbanística, significando, afinal, a área total de pavimentos admitida numa determinada área de solo, é um indicador fundamental que o Plano de Urbanização deve referir sem ambigüidades. A distribuição da área de construção pelas diversas utilizações (habitações, escritórios, comércio, etc) pode trazer problemas à gestão urbanística quando rigidamente definida no Plano de Urbanização. É defensável que se mantenha certa flexibilidade para responder às exigências que se determinam em momentos mais próximos da construção e comercialização dos espaços. Há, contudo, que respeitar orientações de fundo tais como evitar a terciarização excessiva dos centros urbanos ou a criação de bairros socialmente segregados. Modelação A modelação do terreno é uma das operações mais determinantes do desenho e composição da paisagem. A implantação de um tecido urbano adapta o terreno existente a uma idéia de plano e projecto. Opera-se através de um processo iterativo de tentativa e erro, num jogo de acertos, perante um quadro de condicionantes funcionais e exercendo uma avaliação múltipla e contínua, pag. 12. Podemos dizer que toda a modelação tem por finalidade: - criar plataformas e resolver transições entre plataformas; - enquadrar espaços, compartimentar a paisagem, conter ou abrir vistas, regularizar pendentes de taludes e encostas; - criar efeitos paisagísticos e ambientais especiais por razões estéticas ou com o objetivo de isolar actividades e garantir protecções; - abrir ou salvaguardar espaços canais (linhas de drenagem, valas e plataforma longitudinais, para a implantação de infraestrutura, condutas, autoestradas, caminhosde-ferro, canais de rega, etc). A informação de um relevo, a forma de um monte, a extensão de uma colina, a abertura de um vale, o desenvolvimento de um festo, etc. permite compreender as reações de modelação do terreno. As alterações de modelação proposta num plano ou projeto devem ser explicitadas mostrando, no mesmo desenho, as curvas de nível do terreno existente e do que O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 322 resulta da proposta. Esta é uma importante peça, para se apreciar e avaliar uma idéia de desenho urbano, pag 12. Implantação da malha urbana A morfologia urbana demonstra que o bom desenho faz com que cada elemento da malha seja entendido como um sítio singular, demarcado na sua interioridade e integrado numa paisagem onde se identifica o que lhe é exterior. Drenagem O modelado natural do terreno é, em grande parte, resultado da erosão hídrica e eólica ao actuarem como agentes morfogenéticos. As exigências dos sistemas de drenagem avaliam-se interpretando as relações de funcionalidade entre as características geomofológicas e os usos do solo. O uso do terreno para Campos de Golfe Parecer elaborado pelo Professor Catedrático José Rasquilho Raposo, para a Direcção Geral de Turismo e para a Universidade Técnica de Lisboa, sobre a questão dos campos de golfe, em 1998: “Os tratamentos fitossanitários a realizar nos relvados dos campos de golfe têm, de um modo geral, reduzido interesse: na maior parte dos casos, são mesmo praticamente desnecessários. Quando, porém, se torne eventualmente necessário efectuar alguns tratamentos desse tipo, eles são sempre realizados com o emprego de doses mínimas de pesticidas (incorporados na água de rega). As fertilizações dos relvados são, praticamente na totalidade dos casos, sempre realizadas à custa da técnica da fertirrega (antigamente designada por fertirrigação), que consiste na incorporação dos adubos químicos na água de rega, técnica que as instalações anteriormente referidas, possibilitam realizar da melhor maneira e com a máxima eficiência. Torna-se assim perfeitamente possível fraccionar as fertilizações ao longo do ano, mesmo durante o inverno, facto que reduz ou mesmo anula completamente, as perdas de fertilizantes por escorrimento superficial ou percolação profunda. Em conseqüência destas condições, os riscos de poluição são praticamente nulos”. Pag. 160. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 323 Anexo 05 Parque florestal Peri-urbano – considerado como um equipamento urbano, de nível regional ou metropolitano, com funções de uso múltiplo. A sua área deve ser da ordem de centenas de hectares. Podem resultar de medidas de proteção sobre florestas já existentes e posteriormente adaptadas para recreio e lazer das populações urbanas. Parque Urbano – É simultaneamente um equipamento social, um elemento estruturante do tecido urbano e um espaço livre necessário para a qualidade do ambiente urbano. Localiza-se normalmente em zonas centrais e exige uma área da ordem de dezenas a centenas de hectares. No seu interior toleram-se alguns equipamentos de apoio como quiosques e pequenas esplanadas. A sua envolvente atrai índices de utilização mais elevados e só se justifica construir parques urbanos em aglomerados com mais de 30.000 habitantes. Jardim Público – Um equipamento social de recreio e lazer. Distingue-se do parque por ter uma área geralmente inferior a 10 hectares e uma estrutura que condiciona em grande parte as pessoas a permanecerem em zonas formais, pavimentadas e mobiliadas. A concepção do jardim é afectada pela escala e por sua arquitetura paisagística, que informa distintamente a idéia de jardim e de parque. Jardim de enquadramento - são jardins a serem criados em torno de construções e suas respectivas actividades, formando um conjunto arquitetônico. Trata-se também da vegetação que faz parte integrante de praças, avenidas, alamedas, passeios de rua e largos. Cintura Verde – algo muito usado nos “Master Plans” britânicos dos anos 1940 e 1950 (os “Green belts”) e usado nas operações de ordenamento territorial e de dimensionamento dos aglomerados. Zona Verde – expressão muito utilizada em legendas de planos urbanísticos são áreas com uma dimensão para assumirem uma categoria de uso público no sistema urbano. São espaços livres marcados pela elevada expressão de cobertura vegetal, com escalas e funções que permitem diferenciá-los dos espaços edificados. Destas categorias definidas por COSTA-LOBO, (1991) um empreendimento turístico poderia ter no projeto várias categorias. Um empreendimento na dimensão de 1.000 O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 324 hectares poderia comportar, por exemplo, um jardim público, um jardim de enquadramento, cinturões de áreas verdes e algumas zonas verdes naturais. Considerando que um empreendimento turístico é um projeto voltado para o tempo livre, estas áreas poderiam, por exemplo, servir de suporte ás atividades de lazer. Um Jardim Público dentro de um empreendimento turístico poderia abrigar alguns equipamentos de apoio ao turista como serviço de aluguel de bikes, sanitários públicos e quiosques para bares e cafés. O quadro abaixo definiu os conceitos comentados acima: Espaços verdes Área Parque Florestal Peri- Centenas de hectares Urbano Parque Urbano Dezenas a centenas de hectares Jardim Público Inferior a 10 hectares Jardim Enquadramento Área em torno da edificação Zona verde Área natural a ser preservada Área/Empreendim/turísticos Acima de 1.000 hectares Acima de 500 hectares Acima de 250 hectares Qualquer área Qualquer área Fonte: Costa Lobo, 1991. Elaborado por Adriana Silva Barbosa. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 325 Anexo 6 Tipos de Alojamentos Alojamento p/ Turistas % Hotéis 25 Alojamento de baixa densidade Alojamento de alta densidade Campo de Férias 20 Total Geral 100 40 15 Fonte: Ante Plano de Vilamoura. Elaborada por Adriana Barbosa Categorias de Alojamentos CATEGORIA Quantidade de alojamento por hectare A 5 alojamentos por hectare B 35 alojamentos por hectare C 65 alojamentos por hectare D 106 alojamentos por hectare Fonte: Ante Plano de Vilamoura. Elaborada por Adriana Barbosa Alojamento População de Turistas CATEGORIA % Quant. Unid. Habitacionais para turistas. A B C Hoteis (quartos) 25 3.200 20% 60% 20% 100% Alojamento de baixa densidade 20 2.600 10% 90% ____ ____ 100% Alojamento de alta densidade 40 5.200 ____ ____ 80% 20% Campo de Férias 15 1.950 ____ ____ 100% ____ 100% 100 13.000 _____ ____ TOTAL GERAL O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos ____ D TOTAL 100% ____ 100% Página 326 Aplicando as porcentagens por tipos de alojamentos e depois dividindo por categorias temos os seguintes resultados. Esta estimativa feita na tabela abaixo se refere somente aos 13.000 fogos a serem construídos para os turistas: O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 327 Anexo 07 Definições estabelecidas no Plano Urbanístico de Vilamoura: Categoria de Uso: é o gênero de destinações do imóvel; Taxa de Ocupação: é o fator pelo qual a área total do terreno deverá ser multiplicada, para obter-se a área de projeção máxima da edificação. Para os núcleos condominais, a área total do terreno é definida pela soma das suas áreas de uso exclusivo e de uso comum. Coeficiente de aproveitamento: é o fator pelo qual a área total do terreno deve ser multiplicada para se obter a área total da edificação máxima permitida nesse mesmo lote. Frente do Lote: é a sua testada com a via oficial de circulação de veículos. No caso dos lotes de esquina, considera-se frente o menor lado. Fundo do lote: é a divisa oposta à frente; no caso de lotes irregulares, o fundo do lote será definido de acordo com as condições estabelecidas pelo órgão competente; Recuo: é a distância medida entre a edificação e a divisa do lote. O recuo de frente é medido em relação à frente do lote. Os recuos serão definidos por linha paralelas às divisas do lote medindo-se o recuo sobre uma linha perpendicular à divisa considerada; Projeção da Edificação é a distância vertical medida do piso do andar térreo ao teto do último pavimento elevado. Não será considerado no cálculo da altura da edificação, o pavimento acima da cobertura, quando destinado exclusivamente à casa das máquinas, reservatórios elevados de água, a dependência previstas no artigo 10 e terraços de cobertura. No cômputo do número de pavimentos de uma edificação, não será considerado o subsolo quando destinado exclusivamente a garagem ou equipamentos técnicos da edificação. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 328 Anexo 08 Equipe de consultores contratados pela SOBLOCO: Olquídio Lopes Bardney - engenheiro civil e professor da Cadeira de Saneamento e Higiene da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas Wlastermiler de Senço - engenheiro e livre-docente da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Rodolfo Ricardo Geiser - engenheiro agrônomo e presidente da Sociedade Brasileira de Paisagismo. Issac Moyses Zimelman – engenheiro da cadeira de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco. André Davino - Professor de Geologia Econômica e Geofísica Aplicada do Instituto de Geociência da Universidade de São Paulo. Daniel B. C. Vera Cruz, chefe do Núcleo de Portos e Praias do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Lisboa. Arlindo Carvalho Pinto Neto e Pedro Cortez – advogados com larga experiência em projetos imobiliários. Joaquim Martins – Diretor da Santech Consultoria e Projetos e Professor adjunto da Universidade Mackenzie Carlos Eduardo D`Almeida – chefe do Departamento de Engenharia Hidráulica da Escola Politécnico da Universidade de São Paulo e uma das autoridades em projetos de portos e marinas do Brasil. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 329 Bibliografia ALVES, Fernando Manuel Brandão, “Avaliação da Qualidade do Espaço Público Urbano, Proposta Metodológica”. Universidade Técnica de Lisboa. 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O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 337 Imagens Imagem 01: Tribo Indígena dos Cariris. Imagem 02: Sociedade brasileira, estrutura patriarcal brasileira. Imagem 03:Aclamação do S. M. Dom Pedro I como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Imagem 04: Aclamação do povo no Paço Imperial no Rio de Janeiro. Imagem 05: Madame du Barry. Imagem 06: Praia de Biarritz. Imagem 07: Praia Figueira da Foz – Esplanada. Imagem 08: Beira Alta – Figueira da Foz. Imagem 09: Praia de Quarteira. Imagem 10: Pintura da paisagem do Rio de Janeiro por artista Jean-Batiste Debret Imagem 11: Praia vista da entrada do Copacabana Palace na década de 1930 Imagem 12: Praia vista do edifício Copacabana Palace na década de 30. Imagem 13: Complexo Costa do Sauípe. Imagem 14: Grande Laguna Quintas de Sauípe, empreendimento turístico da Odebrecht. Imagem 15: A princesa Isabel e Leopoldina em momento de lazer. Imagem 16: site oficial Costa do Sauípe. Imagem 17 e 18: Divulgação do Salão do Turismo em São Paulo. Imagem 19: Quinta da Comenda, Setúbal, Portugal. 1903, Projecto de Raul Lino para o Conde D'Armand, em 1903. Imagem 20: Praia do Estoril, Vista Parcial. Imagem 21: Vista do Monte Estoril em direção à costa Imagem 22: Vista Aérea da Praia do Estoril. Imagem 23: Vista da praia onde hoje, se localiza Vilamoura. Imagem 24: S. Barbara De Nexe, À Esquerda: Vista Do Estádio Do Algarve - Faro Loulé. Imagem 25 e 26: Eduardo Longo, Guarujá, Brasil. Imagem 27 e 28: A casa Acayaba, de Marcos Acayaba, Guarujá, litoral de São Paulo. Imagem 29: Resort Portobello no Guarujá. Imagem 30: Vista aérea do Central Park. Imagem 31: Vista aérea de Vilamoura e Quarteira. Imagem 32 e 33: Empreendimento turístico The Palm Goldem e o complexo hotel de luxo Trump Tower Dubai. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 338 Imgem 34 e 35 Empreendimento turístico The Word. Imagem 36 e 37: Densidade Urbana nos locais vizinhos ao empreendimento de Vilamoura. Imagem 38 e 39: Densidade Urbana nos locais vizinhos ao empreendimento de Vilamoura, Quarteira. Fonte: Adriana Silva Barbosa. Imagem 40 e 41: Faixa costeira da Praia de Vilamoura – Vista Aérea da situação atual da área de uso Agrícola, da Marina e da cidade de Quarteira. Imagem 42 e 43: Faixa costeira da Praia de Vilamoura – Vista Aérea da situação atual da área de uso Agrícola, da Marina e da cidade de Quarteira. Imagem 44: Modelo Arquitetônico de Residencia Proposto no Plano. Imagem 45 e 46: Planos de Vilamoura. Fonte: Fotos originais do Arquivo da CCDR doadas para a Universidade do Algarve. Levantamento de Adriana Silva Barbosa, 2010. Imagem 47 e 48: Pasta com memorial descritivo dos Plano Urbano de 1960 de Vilamoura. Fonte: Adriana Silva Barbosa em visita ao Arquivo da Universidade do Algarve. Imagem 49: Faixa Costeira da Praia de Vilamoura. Imagem 50: Litoral Norte do Estado de São Paulo. Imagem 51: Maquete eletrônica Quintas do Litoral. Imagem 52, 53 e 54: Maquete de vendas dos lotes de Riviera de São Lourenço. Imagem 55: Ocupação Urbana em frente à Praia de Riviera de São Lourenço. Imagem 56: Praia de Santos. Imagem 57 e 58: Casas construídas no Algarve, Características Arquitetônicas Típicas da Região incorporadas nas casas de veraneio em Vilamoura. Imagem 59: Arquitetura com influência Algarvia. Imagem 60 e 61: Sistema de drenagem em Riviera de São Lourenço Imagem 62, 63, 64: Sistema de Tratamento de Esgoto, Riviera de São Lourenço. Imagem 65, 66 e 67: Recuperação dos “jundus”. Imagem 68, 69 e 70: Sistema de Coleta Seletiva. Imagem 71: Casa Modelo. Imagem 72 e 73: Vista aérea de Riviera de São Lourenço. Imagem 74: Bairro de Indaiá. Imagem 75: Rua no Bairro de Indaiá. Imagem 76: O que é um Bairro Sustentável. Imagem 77 e 78: Praia da Falésia. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 339 Mapas Mapa 01: As viagens de Descobrimento Mapa 02: Relevo e rios de Portugal. Mapa 03: Ocupação da Península Ibérica Mapa 04: Formação de Portugal, onde se mostra que o Condado Portucalense já se situava para o sul, no Condado de Coimbra. Mapa 05: Território de Portugal, já depois da conquista de Lisboa. Mapa 06: Formação final do território de Portugal. Mapa 07: Biomas Brasileiros. Mapa 08: Biomas Brasileiros e os seus diferentes povos indígenas. Mapa 09: Roteiros do Brasil. Mapa 10: Bioma Mata Atlântica Fonte: http://www.cfnp.com.br Mapa 11: Reserva Particular do Patrimônio Natural de Bertioga. Mapa 12: Mapa de Portugal com a região do Algarve à esquerda. Mapa13: Resort Portobello no Guarujá. Mapa 14: Loteamento lançado pelo Resort Portobello no Guarujá. Mapa 15: Imagem Satélite geral com a localização do Resort Costa do Sauípe e depois os condomínios residenciais privados e casas particulares de veranistas. Mapa 16: Vista aérea de Costa do Sauípe Mapa 17:Vista aérea de um condomínio residencial próximo a Costa do Sauípe. Mapa 18: Ocupação Urbana próxima 05ao empreendimento Costa do Sauípe Mapa 19: Estado de São Paulo – suas rodovias e as principais cidades turísticas. Mapa 20: Estado de São Paulo – suas rodovias e as principais cidades turísticas. Mapa 21: Mapa de localização do empreendimento de Riviera de São Lourenço e os principais acessos disponíveis ao Litoral. Mapa 22: Loteamento para Classe Média a Alta, Praia de Itamambuca (SP) se espalham por todo o litoral. Mapa 23: localização do Bairro Turístico de Riviera de São Lourenço. Mapa 24: destacando os principais projetos que serão construídos ou que já estão concluídos em Dubai. Mapa 25: Densidades em áreas próximas de Vilamoura. Mapa 26: Plano Urbano de Vilamoura - 1966. Mapa 27: Marina. Mapa 28: Plano de Urbanização de Vilamoura, 1989 – Sub-setores. Mapa 29: PU Vilamoura de 1993. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 340 Mapa 30: Setor 01 – Porto de Recreio. Mapa 31 Vista aérea da situação atual do Setor 02. Mapa 32: Setor 02 – PINHAL, Plano de Vilamoura de 1960. Mapa 33: Vista aérea da situação atual do Setor 02. Mapa 34: Setor 03 – FIGUEIRAL, Plano de Vilamoura de 1960. Mapa 35: Situação Atual do Setor 04. Mapa 36: Setor 04, GOLF. Mapa 37: Setor 05 – LAGO. Mapa 38: Situação Atual do Setor 05. Mapa 39: Situação Atual do Setor 06. Mapa 40: Setor 06 – OLIVAL. Mapa 41: Setor 07 – PRAIA Mapa 42: Setor 07 – Situação Atual do Setor 07. Mapa 43: Setor 08, Plano Urbano de Vilamoura, 1966. Mapa 44: Vista Aérea dos Setores 08 e 01, com a implantação dos lagos artificiais e a ampliação da Marina. Mapa 45: “Master Plan” do Quintas de Arembepe. Mapa 46: mapa geral de Riviera de São Lourenço. Mapa 44: mapa geral de Riviera de São Lourenço. Mapa 45: Plano de Urbanização de Vilamoura de 1966. Mapa 46: Áreas de Aquíferos em Vilamoura. Mapa 47: Equipamentos Urbanos. Mapa 48: Polos Urbanos Mapa 49: Carta de Uso da Terra. Mapa 50: Vista aérea da área plana, ocupada pelo empreendimento de Riviera e os bairros vizinhos. Mapa 51:Praias do entorno do empreendimento. Mapas 52: Síntese da Informação recolhida no litoral de Quarteira e marcações dos sítios arqueológicos: Cerro da Vila (C), Forte Novo (F), Praia do Forte Novo (L), Quarteira Submersa (P), Forte do Valongo (V). O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 341 Tabelas Tabela 01: Indicadores comuns europeus para um perfil de sustentabilidade local. Tabela 02: Aplicação da Sustentabilidade Urbana. Tabela 03: Principios do desenvolvimento Sustentável. Tabela 04: Setores pelo qual o processo dverá ser analisado - Secretaria da Habitação do Estado, 2011. Tabela 05: Definições Legais, Zoneamento Marítimo. Tabela 06: Definições Legais, Definições Legais para divisão de terras rurais e urbanas. Tabela 07: Áreas e sua destinação. Fonte: Manual da GRAPOHAB. Tabela 08: Requisitos Urbanísticos. Fonte: Manual da GRAPOHAB Tabela 09: Tipo de População. Tabela 10: População Complementar. Tabela 11: Tipos de Populações em Vilamoura Tabela 12: Ante Plano de Vilamoura, 1960. Tabela 13: Ante Plano de Vilamoura, 1960. Tabela 14: Ante Plano de Vilamoura, 1960. Tabela 15: Porcentagem adotada Tabela 16. Distribuição de Fogos por Tipo de Alojamento. Tabela 17: Distribuição dos Fogos por tipos de Alojamentos Popuulação Turística. Tabela 18: Setores definidos no pré-plano. Tabela 19: Relação dos tipos de empreendimento Residenciais e a metragem dos apartamentos. Tabela 20 e 21: Estada Média em Alojamento Classificado. Tabela 22: Densidade da População Tabela 23: Certificação Verde utilizada por países. Tabela 24: Certificação Verde para Urbanismo. Tabela 25: Certificação Ambiental com Indicadores de Sustentabilidade para Planos Urbanos. Tabela 26 Tabela Comparativa de critérios ambientais. Tabela 27: Requisitos do LEED – ND e as características de desenho urbano Tabela 28: Análise do empreendimento de Riviera de São Lourenço de acordo com o método (F-P-E-I-R) Tabela 29: Análise do empreendimento de Vilamoura de acordo com o método (F-P-EI-R) O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 342 Gráficos Gráfico 01: princípios para um espaço sustentável. Gráfico 02: Esquema dos negócios do mercado imobiliário no Brasil. Gráfico 03: Sistema de organização básica de turismo Gráfico 04: Esquema com os Atores envolvidos no processo de decisão do projeto do bairro turístico de Riviera de São Lourenço. Gráfico 05: Esquema dos motivos da prática do Turismo. Gráfico 06: Esquema conforme critérios de Avaliação de PARTIDÁRIO, 1990. Gráfico 07: Modelo de Gestão para avaliar os Riscos Ambientais de uma determinada área. Gráfico 08: Sistema de Sustentabilidade elaborada pelo Prof. Dr. Manoel Leal da Costa Lobo, 2010. Gráfico 09: Sistema de Sustentabilidade elaborada pelo Prof. Dr. Manoel Leal da Costa Lobo, 2010. Croqui Croqui 01: Esquema do Plano 1960. Croqui 02: Esquema do Plano 1960. Croqui 03: Características ambientais do desenho Urbano de Vilamoura. Croqui 04: Características ambientais de Vilamoura e do desenho urbano proposto. O Papel da Qualidade Ambiental nos Empreendimentos Turísticos Página 343