Estudos e Pesquisas em Espaço, Trabalho, Inovação e Sustentabilidade ATUAÇÃO ESTATAL COMO MOTOR DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO (PAC) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Francisca Suerda Soares de Oliveira [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário Lagoa Nova, 59078-900, Brasil INTRODUÇÃO As teorias clássicas de localização surgem na Alemanha, inicialmente com Von Thunen (1826), com sua obra pioneira o Estado Isolado e Marshall o percurso dos estudos sobre a importância da urbanização concentrada como fator de atração e aglomeração espacial. No século XX a produção teórica sobre a localização industrial é significativamente enriquecida com as obras de Weber (1909) – Teoria da Localização das Indústrias, Christaller (1933) – Os Lugares Centrais, Losch (1940) – A Ordem Espacial da Economia e o norte americano Isard (1956) – Localização e Economia Espacial. A partir da 2ª guerra mundial muitos estudiosos propuseram-se a estudar o espaço e a economia, a dinâmica econômica regional, no intuito de fornecer possíveis soluções para a superação do subdesenvolvimento. Diante disso, em 1950 surgem as chamadas “teorias de desenvolvimento regional com ênfase nos fatores aglomeração”, entre os autores podem se destacar: François Perroux (1955) – Polos de Crescimento, Gunnar Myrdal (1957) - Causação Circular e Cumulativa, Albert O. Hirschman (1958) – Efeitos para Frente e para Trás, Douglass C. North (1959) – Base de Exportação e Jacques-R Boudeville (1973) – Os Espaços Econômicos. Todos esses autores citados até então, tanto os autores clássicos sobre a teoria da localização como os autores das novas teorias de localização são de 2 fundamentação não marxista. Suas obras não levam em consideração a construção histórica-dialética da relação espaço e economia. Essa literatura crítica de inspiração marxista só surge nos anos de 1970, entre os autores que mais contribuíram para esse grupo teórico, estão: Alain Lipietz (1977) – O Capital e seu Espaço e Phillips Aydalot (1985) – A Divisão Espacial do Trabalho. Além destes, destacam-se Mandel, Lefèbvre, Castells, Harvey, Benko, Scott e outros. O objetivo deste artigo é fornecer uma relação entre as teorias de desenvolvimento regional, em particular, a importância da atuação estatal para desenvolvimento espacial e redução das desigualdades espaciais que são próprias e essências para a reprodução do capitalismo, e a realização de investimento público para o desenvolvimento econômico. Para alcançar os fins propostos nesse artigo, será estudado o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC no estado do Rio Grande do Norte, a fim de mostrar a evolução dos investimentos públicos direcionados para o PAC e seus impactos na conformação do espaço no estado do Rio Grande do Norte. A pesquisa apresenta um caráter misto, com a utilização de estratégia exploratória sequencial na sua fase inicial composta pela coleta e análise de dados qualitativos, seguida da coleta e análise de dados quantitativos, desenvolvida com base nos resultados da primeira fase qualitativa. As informações necessárias para construção do artigo foram levantadas em dois momentos: o primeiro, destinado à revisão da literatura relativa ao tema estudado; a segunda, destinada à coleta de dados para construção de tabelas e gráficos. Os dados quantitativos foram retirados das cartilhas regionais publicadas no site do Ministério do Planejamento. Para operacionalização da metodologia e alcance do objetivo acima estabelecido, o artigo está composto de dois itens além desta introdução. O tópico um realiza uma abordagem teórica sobre a alocação dos investimentos públicos. O segundo expõe a trajetória e principais resultados do PAC no estado do Rio Grande do Norte. Por fim, são apresentadas as considerações finais do estudo. 3 2. TEORIAS SOBRE A ALOCAÇÃO REGIONAL DOS INVESTIMENTOS PÚBLICOS Conforme discutido em Hirschman (1958) e Perroux (1955) o crescimento econômico não ocorre ao mesmo tempo e de forma homogênea no interior de um espaço econômico, existem forças poderosas que provocam concentração espacial do crescimento econômico em torno de pontos onde o processo se inicia. Portanto, o crescimento econômico é essencialmente desequilibrado e as desigualdades espaciais são condição inevitável do próprio processo de crescimento. Nesse cenário, a intervenção pública a partir da alocação regional dos investimentos públicos torna-se um elemento catalisador para o desenvolvimento regional. A variável investimento público, em particular, a infraestrutura, não foi objeto direto de estudo das diversas teorias clássicas de desenvolvimento regional. No entanto, a temática sempre esteve presente nos trabalhos sobre o desenvolvimento das regiões, na conformação dos condicionantes para a localização das indústrias, fatores de redução de custos, forças de aglomeração e de polarização. Entre os autores clássicos que contribuíram para o enriquecimento teórico dessa questão, destacam-se: Myrdal, Isard, Perroux e Hirschman. Myrdal ao investigar os elementos propulsores da expansão regional e o processo de causação circular cumulativa incorpora o elemento infraestrutura como agente de difusão do desenvolvimento. Na verdade, Myrdal atribuiu à infraestrutura de forma geral (comunicação, padrões educacionais, transporte) o elemento explicativo para o desenvolvimento de algumas regiões e/ou países em detrimentos de outros. É o aparelhamento da região que fornece suas vantagens locacionais. Ao tratar os estágios percorridos pelas regiões no curso do seu desenvolvimento segundo a teoria da localização e do crescimento regional Isard teoriza sobre o papel fundamental do transporte para os avanços desses estágios sucessivos de desenvolvimento. Isard (1951) resume esse efeito da seguinte maneira: “historicamente, a redução das taxas de transporte tem tendido a (1) transformar padrões dispersos e ubíquos em outros de crescente concentração, e (2) promover uma progressiva diferenciação e seleção entre lugares com recursos superiores”. 4 Para Hirschman (1958) a política de investimento público pode em alguns casos acentuar as desigualdades já existentes entre as regiões, mas essa política constitui uma tentativa de impedir que essa divisão regional se prolongue. Portanto, a intervenção pública prevalecerá nas regiões atrasadas, contrabalanceando os efeitos de polarização e intensificando os efeitos de fluência. O caminho mais óbvio e menos “arriscado” segundo aponta Hirschman é dotar as regiões atrasadas de um sistema de transporte, de usinas elétricas, infraestrutura em geral, e de outras facilidades de capital social existentes nas regiões desenvolvidas. Em Perroux (1955), para promover à polarização e seus efeitos estratégicos a infraestrutura e tão importante quanto à concentração de indústria-chave. Nesse sentido, o Estado assume papel fundamental na elaboração de planos de infraestrutura e comunicações comuns às várias regiões. Como mostra Benitez 2003: "Quando dois destes centros entram em comunicação graças a vias de transporte material e intelectual, extensas transformações se desenham no horizonte econômico e nos planos de produtores e consumidores. Logo, para Perroux (1967), a influência da infraestrutura com as atividades produtivas tem um sentido recíproco”( Benitez, 2003, p.23). Além dos clássicos, autores contemporâneos contribuíram para a questão do desenvolvimento regional e o papel chave dos investimentos públicos, em especial, a promoção de infraestrutura. Francisco de Oliveira no seu texto clássico metamorfose da arribaçã mostra o papel central do Estado na mudança da composição da base industrial da região nordeste, provendo a infraestrutura necessária à dinâmica industrial e aos processos de urbanização. Tânia Bacelar (1999) destaca as diversas formas de intervenção do estado na configuração regional: “O Estado brasileiro através dos estímulos fiscais e financeiros e do investimento estatal e da implantação de infraestrutura econômica capazes de articularem e desarticularem espaços no interior de cada região, deram lugar as novas formas de integração e nova divisão espacial do País que não pode mais ser ignorada na década atual, quando se pretende rever as formas tradicionais de atuação do setor público na economia” (Bacelar 1999, p.155). Por último, Simone Uderman (2008) atribui ao Estado a atividade de planejamento como tarefa essencial para o processo desenvolvimento econômico. Em suma, como destaca Uderman: de indução do 5 “a intervenção estatal justificava-se em função da reconhecida insuficiência de bases técnicas e financeiras, contraposta à necessidade de implementação de grandes projetos interligados e dependentes de vultosos investimentos simultâneos em infraestrutura e na produção de matériasprimas, máquinas, equipamentos e bens de consumo, muitas vezes condicionados à adoção de tecnologias não-disponíveis no mercado interno”. Apesar da unanimidade no reconhecimento do papel estatal para o desenvolvimento regional, não podemos esquecer, como mostra a análise marxista do estudo do espaço, os espaços não são lugares homogêneos e puramente econômicos, pelo contrário, o espaço é lócus de disputa de interesses individuais e/ou coletivos. Nesse sentido, a repartição dos fundos públicos que são bens escassos transforma-se em um campo de batalha tenebroso. A partir das constatações acima, iremos verificar na seção seguinte qual o desempenho do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC no estado no Rio Grande do Norte. 3. PRINCIPAIS RESULTADOS DO PAC NO RN 3.1 – Indicadores básicos do Rio Grande do Norte Segundo dados divulgados pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE o estado do Rio Grande do Norte tem uma população estimada em 2014 de 3.408,510 habitantes, uma área de 58.811,047 km², possui 167 municípios e o IDHM de 0,684, renda per capita de 12.249,46 reais. Em âmbito regional, participa com 7% do PIB regional, no que concerne ao valor bruto da produção industrial e de transformação industrial contribuiu respectivamente com 6% e 7%. A principal atividade geradora de recursos no estado é a administração, saúde e educação pública e seguridade social 9.592 milhões, em segundo lugar o comércio que contribuiu com 5.231 milhões de reais para o PIB do estado, em termos setoriais, Comércio e Serviços 70%, indústria 25,5% e agropecuária 4,5%. Abaixo, o quadro um mostra os principais polos econômicos do estado: 6 Quadro 1 - Polos econômicos do estado do RN - Grande Natal (leste) - indústria de transformação, desembarque e processamento de pescados, turismo, comércio varejista e serviços. - Região de Mossoró (oeste) – extração de petróleo e gás; extração e refino de sal marinho; extração de calcário, produção de cimento, de cerâmica de e vestimento, produção e processamento de frutas tropicais (melões e castanhas de caju); turismo regional; comércio e serviços. - Pólo Industrial de Guamaré (litoral norte) – município de Guamaré. Abriga unidades de processamento de gás natural – UPGNs da Petrobras, onde são processados petróleo e gás natural e uma pequena refinaria (35 mil barris/dia) que produz GLP, Diesel, QAV e gasolina automotiva. - Litoral Norte – parques eólicos em expansão. - Região do Trairi (agreste) – produção de abacaxi e outros produtos agropecuários. Parques eólicos em expansão, sobretudo nos municípios de João Câmara e Parazinho, que concentram o maior potencial eólico do estado. - Região do Seridó (central) – quartzo, caulim, feldspato, scheelita, minério de ferro, gemas, indústria cerâmica, bonés, insumos para a indústria de bonés, laticínios, iguarias regionais, toalhas de prato, tapetes e mantas, redes de dormir; bordados, vestuário, calçados. - Tibau do Sul (litoral sul) – pólo turístico internacional (praia de Pipa). - Região do Açu (central) – cerâmica para a construção civil, mangas, bananas e mamões. - Produção de camarões em cativeiro – presente em mais de 20 dos 167 municípios do Rio Grande do Norte; especialmente concentrada no litoral; destaque para Porto do Mangue, Touros e Canguaretama. Fonte: Relatórios da FIERN Ao analisarmos os valores destinados a obras e instalações a participação do RN no cômputo regional é de 7%, enquanto a Bahia, Ceará, Maranhão e Pernambuco são de respectivamente, 20%, 20%, 16% e 13%. Todos esses dados de caracterização do ambiente potiguar nos revela o que empiricamente constatamos a forte desigualdade presente em todo território brasileiro, em particular, na região Nordeste. Nesse cenário, o programa de Aceleração do Crescimento – PAC criado oficialmente em 22 de janeiro de 2007, no segundo mandato do Presidente Lula objetiva promover a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentável. Nesse sentido, foi pensado como um plano estratégico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em 7 setores estruturantes do país. A segunda fase desse programa iniciou em 2011 no mandato da Presidenta Dilma Rousseff. 2.2. Principais resultados do PAC no RN O Programa de Aceleração do Crescimento até 2011 atuava em três eixos de desenvolvimento: logística, energética e social e urbana. A partir do PAC 2, o programa adotou novas nomenclaturas para seus eixos, sendo elas: transportes, energia, cidade melhor, comunidade cidadã, minha casa, minha vida e água e luz para todos. Atualmente no Rio Grande do Norte existem 1292 empreendimentos do PAC 2, estando eles num estágio de obra: ação preparatória, licitada, contratada, andamento e concluída. No total são 122 empreendimentos do eixo água e luz para todos (fazem parte desse eixo as ações Luz para Todos, Água em Áreas Urbanas e Recursos Hídricos.); 32 no de transporte (fazem parte também deste eixo projetos de portos, hidrovias, aeroportos e equipamentos para estradas vicinais); 109 em energia (tem como áreas prioritárias a geração de energia elétrica, a transmissão de energia elétrica, petróleo e gás natural, marinha mercante, combustíveis renováveis, eficiência energética e pesquisa mineral); 695 comunidade cidadã (fazem parte desse eixo as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Creches e Pré-Escolas, Quadras Esportivas nas Escolas e Praças dos Esportes e da Cultura); 67 minha casa, minha vida (além da construção das unidades habitacionais propriamente dita, fazem parte desse eixo as áreas Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e Urbanização de Assentamentos Precário); 267 do eixo cidade melhor (fazem parte desse eixo ações em Saneamento, Prevenção em Áreas de Risco, Mobilidade Urbana e Pavimentação). Segundo os dados publicados na cartilha estadual de 2 anos do PAC do Ministério do Planejamento, foram investidos até 2010 cerca de R$ 11,4 bilhões, sendo R$ 7.413 bilhões investidos em empreendimentos exclusivos no estado e R$ 3.978 bilhões em empreendimentos de caráter regional. O eixo que mais absorveu recursos foi o enérgico, em termos percentuais, quase 70%. 8 Tabela 1 - Principais investimentos do PAC (2007 -2010) EIXO Logística Energética Social e Urbana TOTAL Investimento em Empreendimentos Exclusivos (em R$ Milhões) 2007-2010 Cartilha estadual Cartilha estadual Cartilha estadual 2 ano 3 ano 4 ano 865,5 1.047,20 974,4 5.051,30 5.193,60 4.933,70 1.496,20 3.237,50 3.055,00 7.413,00 9.478,30 8.963,20 Fonte: Ministério do Planejamento - Cartilhas Estaduais. Elaboração Própria. Tabela 2 - Total de Investimentos do PAC (2007 – 2014) Investimento Total Investimento Total (exclusivo e de caráter regional) Até 2010 (bilhões) - PAC 1 Cartilha estadual Cartilha estadual Cartilha estadual 2 ano 3 ano 4 ano 11,4 14,2 12,8 2011-2014 (bilhões) PAC 2 Cartilha estadual Cartilha estadual Cartilha estadual 1 ano 2 ano 3 ano 22,2 23,2 25,6 Fonte: Ministério do Planejamento - Cartilhas Estaduais. Elaboração Própria. *Empreendimentos que abrangem mais de um estado. Tabela 3 – Descriminação dos Principais investimentos do PAC 2 (2011-2014) EIXO Transportes Energia Cidade Melhor Comunidade Cidadã Minha Casa, Minha Vida Água e Luz para Todos EMPREENDIMENTOS EXCLUSIVOS (em R$ Milhões) 2011-2014 Cartilha estadual Cartilha estadual Cartilha estadual 1 ano 2 ano 3 ano 1.898,67 1.891,00 1.693,55 13.454,76 12.681,13 12.916,17 417,24 1.063,24 1.056,22 96,51 126,24 159,82 1.164,23 2.235,20 4.542,80 801,83 748,85 893,55 Fonte: Ministério do Planejamento - Cartilhas Estaduais. Elaboração Própria. 9 Os dados da tabela 1 a 3 nos mostra o indiscutível aumento de recursos do PAC no estado em análise, foram cerca de 180% de crescimento real dos recursos destinados ao PAC para empreendimentos exclusivos e o investimento total teve um crescimento na liberação de recursos de cerca de 125%. Constata-se que houve um esforço histórico da atuação estatal para o desenvolvimento das regiões, reduzido às desigualdades que são gritantes num país continental como o Brasil, pelo menos, no tocante a promoção de vantagens locacionais para atração de empreendimentos produtivos, contribuindo de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geração de renda. Relatos recentes mostram que até o final de 2014, os investimentos do PAC no Rio Grande do Norte somarão R$ 25,6 bilhões, como mostra a tabela 2. Para 2015 estima-se que o montante disponibilizado para o PAC chegará a R$ 45,4 bilhões em investimentos. Apesar do indiscutível aumento no repasse de recursos públicos para redução das desigualdades regionais que são historicamente gritantes no território brasileiro, e da construção de políticas públicas específicas para infraestrutura, agricultura, meio ambiente, saúde, educação e assistência social, o grande gargalo brasileiro é conjuntural e estrutural que anseia mais do que políticas setoriais, mas, sobretudo a construção de políticas públicas intersetoriais. 10 CONCLUSÃO Vimos que muitos estudos desde os clássicos da teoria da localização e do crescimento regional até os mais contemporâneos, admiti a relevância da infraestrutura para o desenvolvimento regional e o papel central do Estado na promoção de um ambiente adequado para o crescimento econômico, principalmente nos países subdesenvolvidos e nas regiões mais periféricas do país que necessitam de investimento público não para expulsar o investimento privado, mas, ao contrário, para abrir espaço para sua expansão. Na verdade, não restam dúvidas da importância conferida à infraestrutura para o alcance do desenvolvimento econômico. Ela permite a troca de insumos de produção, redução dos custos de transporte, mobilidade espacial de bens, pessoas, capital e progresso técnico atuando no sentido do alavancar a produção, seja de forma espontânea ou induzida. Conforme mostra Benitez (2003) apud Aschauer (1989a), “existe uma relação fortemente positiva entre o capital fixo em infraestrutura e a produtividade”. Nesse sentido, o PAC atualmente é a principal política de prioridades de ampliação do crescimento econômico do país, é um programa que representa o novo padrão de intervenção pública observada a partir da década de 1990, marcado pela construção de um aparato de regulação econômica e por diretrizes de modernização e integração competitiva. O formato da atuação estatal, embora ainda ditado por determinantes de ordem macroeconômica, passa a ser também direcionado por transformações nos padrões produtivos e organizacionais da indústria e no ambiente institucional e regulatório (Uderman, 2008). Em suma, os resultados do PAC no RN mostra o incontestável aumento de recursos no estado do Rio Grande do Norte. No entanto, apesar da notoriedade do PAC, se revelando como uma mudança de concepção do Governo Federal, ao relacionar o Estado e o mercado, existem problemas que estão fora do raio de ação do PAC, que ainda anseia soluções. Os estudos sobre a “incapacidade técnica” como elemento explicativo para os resultados do PAC no RN são vagos e quase inexistentes. Vale salientar que este trabalho está em andamento e, portanto, os resultados apresentados são preliminares. 11 REFERÊNCIAS ARAÚJO, Tânia Bacelar. Por uma política nacional de desenvolvimento regional. Revista Economia do Nordeste, Fortaleza, v.30, n.2, abr/jun 1999. 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