V ENCONTRO BIOTECNOLOGIA E AGRICULTURA – O FUTURO É AGORA! Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra – 16/10/2015 A ANSEME participou no V Encontro de Biotecnologia e Agricultura, organizado pelo CIB (Centro de Informação de Biotecnologia), com uma apresentação sobre a produção de milho transgénico em Portugal. Pedro Fevereiro, Presidente do CIB, abriu a sessão, referindo que 15% da área arável mundial está ocupada com culturas melhoradas com acesso à biotecnologia. João Gabriel Silva, Reitor da Universidade de Coimbra, referiu que esta instituição tem um projecto com viveiristas na produção de clones de árvores de fruto, com o objectivo de assegurar que são plantas produtivas e isentas de doenças, sendo o intuito deste tipo de projectos a transmissão de conhecimentos avançados para a actividade económica da agricultura, alertando, no entanto, para a necessidade de avaliação de impactos das variedades transgénicas no ambiente, uma vez que após a libertação das mesmas não há possibilidade de retorno. Ana Paula Carvalho, Subdirectora Geral da DGAV (Direcção Geral de Alimentação e Veterinária), fez uma apresentação sobre O impacto do melhoramento e da biotecnologia na agricultura, fazendo referência ao prémio Nobel da Paz atribuído em 1970 a Norman Borlaug (Engenheiro Agrónomo) pelo seu trabalho de melhoramento de plantas desenvolvido no CYMMIT (México) na década de 60, o qual incidiu essencialmente ao nível da produtividade e da resistência a doenças. Foi graças à introdução na agricultura das variedades de trigo desenvolvidas por Borlaug, no México e posteriormente na Índia e no Paquistão que a produção de trigo nestes países duplicou, evitando a morte causada pela fome a milhares de pessoas. Entre outras personalidades que marcaram a história do melhoramento de plantas, mencionou ainda Stephen Wilson, o botânico escocês que em 1875 decidiu juntar a produtividade do trigo à rusticidade do centeio, criando uma nova espécie imprescindível para os sistemas agrícolas actuais: o Triticale. Referiu ainda a importância do melhoramento de plantas para se atingirem os níveis de produção agrícola necessários para responder ao aumento populacional, de acordo com as estimativas da FAO. Atendendo aos novos desafios que a produção agrícola enfrenta tais como a falta de terra arável, as limitações de água, as alterações climáticas e o combate de pragas (sendo cada vez mais difícil a homologação de fitofármacos), o potencial genético das culturas é cada vez mais decisivo. Falou ainda na importância da preservação dos recursos genéticos naturais, fazendo referência ao trabalho da PORVID – Associação sem fins lucrativos que tem como objectivo a promoção e conservação das castas autóctones de videira. Beat Spath, da EuropaBio, fez a segunda apresentação do dia, sobre os benefícios decorrentes da utilização desta tecnologia. Começando por mencionar exemplos da aplicação da biotecnologia noutros sectores de actividade, nomeadamente na indústria farmacêutica, sendo a insulina humana produzida ______________________________________________________________________ Associação Nacional dos Produtores e Comerciantes de Sementes Rua da Junqueira n.º 39 – Edifício Rosa – 1.º Piso – 1300 – 307 LISBOA Tel: 217 938 679 / Fax: 217 938 537 [email protected] V ENCONTRO BIOTECNOLOGIA E AGRICULTURA – O FUTURO É AGORA! Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra – 16/10/2015 actualmente por bactérias E. coli geneticamente modificadas com o gene da pró-insulina humana. Beat Spath referiu ainda que 18 milhões de agricultores, em 28 países, semearam culturas geneticamente modificadas em 2014. Sendo a espécie mais cultivada a soja, seguida do milho, do algodão e por fim da colza. Anualmente são importadas pela União Europeia 34 milhões de toneladas de soja, sendo produzidos apenas 1,7 milhões deste produto determinante para a indústria alimentar europeia. Cecile Collonnier, investigadora do INRA, fez uma descrição das oito Novas Técnicas de Melhoramento de plantas que estão a ser regulamentadas na União Europeia. Embora os produtos originados por estas técnicas não contenham ADN de outras espécies, existe uma proposta para que sejam incluídas na directiva dos OGM’s. Francisco Aragão, investigador da EMBRAPA, fez uma apresentação sobre o desenvolvimento de plantas transgénicas no Brasil, com especial enfase para o caso do feijão transgénico, resistente ao vírus do mosaico dourado, desenvolvido pela EMBRAPA. Este vírus é transmitido por uma mosca branca, de forma persistente e circular, não existindo insecticidas eficientes para o controlo da mosca e em que o vazio sanitário também não é eficiente uma vez que este insecto tem vários hospedeiros. Os danos provocados por este vírus já provocaram perdas de 90 a 280 mil toneladas de feijão. Francisco Aragão referiu que entre 2000 e 2010, a produção de grão no Brasil duplicou, apesar da área se ter mantido estável, muito devido aos progressos da Engenharia genética. Por fim também referiu que apesar da rotulagem de géneros alimentícios à base de transgénicos no Brasil ser bastante “agressiva” (quase semelhante a um sinal de trânsito), isso não dissuadiu os consumidores de optarem por estes alimentos. António Sevinate Pinto, Presidente da ANSEME, começou por fazer uma apresentação da Associação e do Sector, bem como uma caracterização da distribuição cultural no nosso país, atribuindo o decréscimo da área de produção de milho nos últimos anos às variações de preço e à competição de países como os Estados Unidos da América, o Brasil e a Europa de leste. Atribuiu 29% das perdas da produção às infestantes, 21% ao ataque de pragas e 11% à incidência de doenças. Podendo, portanto, os estragos causados pela broca do milho (problema localizado na bacia mediterrânica e para o qual não existem insecticidas eficientes) comprometer grande parte da produção. Depois explicou as particularidades das variedades de milho Bt e fez uma descrição das normas de coexistência, obrigatórias em Portugal, que permitem a verdadeira liberdade de escolha dos agricultores pelo modo de produção que decidirem utilizar. Após esta apresentação houve espaço para discussão, em que surgiram questões muito pertinentes. ______________________________________________________________________ Associação Nacional dos Produtores e Comerciantes de Sementes Rua da Junqueira n.º 39 – Edifício Rosa – 1.º Piso – 1300 – 307 LISBOA Tel: 217 938 679 / Fax: 217 938 537 [email protected] V ENCONTRO BIOTECNOLOGIA E AGRICULTURA – O FUTURO É AGORA! Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra – 16/10/2015 Em primeiro lugar, relativamente à possibilidade de criar sinergias entre empresas privadas e instituições públicas de melhoramento genético para o desenvolvimento de novas variedades. Depois falou-se na possibilidade de autossuficiência do país na produção de milho, concluindose que, apesar do potencial de produção proporcionado pelo Alqueva, para além da forte dependência nos preços internacionais, existem problemas estruturais, nomeadamente de transporte, em que muitas agroindústrias de queixam de que é mais barato mandar vir de fora do que de dentro. Foi também referida a dificuldade de aplicação de normas de coexistência em zonas de minifúndio do interior do país, apesar do interesse mostrado pelos agricultores e dos resultados dos ensaios serem muito positivos, com ganhos de produção na ordem dos 40%. Durante a sessão de encerramento, Pedro Fevereiro referiu que esta questão não se resume à tecnologia e que a dimensão do nosso país dificulta a implementação de programas de melhoramento. ______________________________________________________________________ Associação Nacional dos Produtores e Comerciantes de Sementes Rua da Junqueira n.º 39 – Edifício Rosa – 1.º Piso – 1300 – 307 LISBOA Tel: 217 938 679 / Fax: 217 938 537 [email protected]