É a maneira pela qual os conteúdos literários são organizados, de acordo com suas características estruturais semelhantes, ou seja, é o modo como se veicula a mensagem literária. Ex: Uma novela tem características bem diferentes de um conto, e um romance não se assemelha a uma peça de teatro. A primeira divisão foi feita por Aristóteles, ainda na Antiguidade Clássica. Ele escreveu sobre os gêneros em sua obra “Arte Poética”. Segundo Aristóteles, tradicionalmente, haveria três gêneros: Lírico Épico Dramático Na Grécia Antiga, as epopeias ciram a importante função de divulgar os ideais e valores que organizavam a vida na pólis. Os poemas épicos porém, não respondiam ao anseio humano de expressar os sentimentos individuais e subjetivos. A poesia lírica surge como forma de atender a esse anseio. Ela se define pela expressão de sentimentos e emoções pessoais. Outra marca característica de sua estrutura é o fato de dar voz a um sujeito lírico, diferente da narração impessoal própria das estruturas épicas. As composições eram acompanhadas de instrumentos de corda, como a lira, de onde provém a denominação do gênero. Predomínio da emoção do “eu lírico”, aquele que fala no texto. Pode ser escrito em verso ou prosa. Não há, necessariamente, o relato de uma história nem de ações encadeadas no tempo. O objetivo do poeta é expressar seus sentimentos íntimos. Elegia: poema sobre acontecimentos tristes, muitas vezes enfocando a morte de alguém. Écloga: poema que retrata a vida bucólica, em um ambiente campestre. Ode: poema que retrata uma espécie de exaltação de valores nobres. É caracterizado pelo tom de louvação. Soneto: poema de quatorze versos, organizados em duas estrofes de quatro versos (quartetos) e duas estrofes de três versos (tercetos). Idílio: poesias pastoris; Sátira: poesia que ridiculariza ca racterísticas do comportamento hu mano; Canção:pequeno poema popular, simples, de teor variado; Acalanto: Acróstico: canto destinado a embalar o sono; as letras iniciais formando o nome de uma pessoa dão início a composição do verso; Pesquisar um modelo de cada poema de forma fixa citado acima. Ex. Elegia: Elegia lírica (Vinícius de Morais) Itatiaia - RJ Um dia, tendo ouvido bruscamente o apelo da amiga desconhecida Pus-me a descer contente pela estrada branca do sul E em vão eram tristes os rios e turvas as águas Nos vales havia mais poesia que em mil anos. Eu devia ser como o filósofo errante à imagem da Vida O riso me levava nas asas vertiginosas das andorinhas E em vão eram tristes os rios e turvas as águas Sobre o horizonte em fogo cavalos vermelhos pastavam. (...) (65 a.C – 8 a.C) impunha à Literatura uma função moral e didática. Nela deviam se juntar o prazer e a educação. Valoriza-se o ritmo, o tom, o metro, tendo como poeta somente aquele que soubesse respeitar e exercer domínio sobre os aspectos formais de cada gênero. Horácio As duas primeiras estrofes do soneto apresentam o desenvolvimento do tema e as duas últimas, sua conclusão. Essa estrutura Revela forte influência do Renascimento, pois a literatura dessa época é marcada pelo Dsejo de solucionar o embate entre razão e emoção. A forma do soneto ilustra uma tentativa de conciliar essas duas manifestações humanas aparentemente tão conflitantes, porque procura submeter os sentimentos e emoções humanas a uma exposição mais lógica ou racional Exemplo: Soneto “Fanatismo”, de Florbela Espanca. Pg 39. Ritmo: movimento regular, repetitivo. Na música, é a sucessão de tempos fortes e fracos que estabelece o rítmo. Na poesia, ele é marcado principalmente pela alternância entre acentos (sílabas tônicas x sílabas átonas) e pausas. Ex. pg 39, “Meu sonho” de Álvares de Azevedo. Metro: é o número de sílabas métricas de um verso. A contagem dessas sílabas chama-se metrificação. Quando contamos as sílabas em um verso, não devemos considerar as que ocorrem após a última sílaba tônica do verso. Ex. livro p. 40. Rimas: Coincidências sonoras que podem ocorrer ao final ou no meio dos versos. As rimas podem ser classificadas quanto à sua natureza e quanto à sua colocação. -Quanto à Natureza das rimas podem ser: *POBRES: quando as palavras rimadas pertencem a uma mesma classe gramatical. *RICAS: quando as palavras rimadas pertencem a classes gramaticais diferentes. Ex.: livro pg 41. Quanto à disposição, as rimas são classificadas em: *emparelhadas ou paralelas. *Intercaladas, interpoladas ou opostas *cruzadas, entrecruzadas ou alternadas *encadeadas *misturadas Exemplos no livro: p 42. Versos Brancos são aqueles nos quais não ocorrem rimas. ( P. 43) ATIVIDADES pg. 43-44 Drama significa ação, em grego, ou seja, o texto dramático é escrito para ser encenado. São textos em que a “voz narrativa” está entregue às personagens, que contam a história por meio de diálogos ou monólogos. Encenação teatral Discurso direto Ausência de um narrador (Exercícios até p. 54) Em sua obra Arte Poética, Aristóteles tratou das duas espécies primordiais do drama: Tragédia Comédia Farsa Auto Apresenta ações que despertam temor e compaixão nos espectadores, a fim de alertá-los sobre os vícios dos homens. Na Grécia Antiga, a tragédia trazia a história de homens superiores, de acordo com o conceito aristotélico de imitação. Aristóteles era a favor da mimesis artística onde a tragédia apresenta homens melhores do que nós e a comédia ocupa-se de homens piores. Valoriza-se aqui as ações heroicas, a solenidade épica. Apresenta ações que têm o objetivo de criticar a sociedade e o comportamento humano por meio do ridículo. A reação esperada é o riso do público. A Antiguidade clássica (sec. V a.C ao séc. V d.C) é caracterizada: .Pelo Antropocentrismo; .apego aos bens do mundo .preocupação com a beleza do corpo .Liberdade de criação .pela fé na Mitologia como fonte de explicação das dúvidas humanas Farsa: Surgiu no século XIV. Há poucas personagens e pretende provocar o riso explorando situações cotidianas de maneira caricata. Auto: : Surgiu na Idade Média. Breve peça de conteúdo religioso ou profano, geralmente em verso. As personagens são representações de entidades abstratas (o pecado, a hipocrisia, a luxúria, a vontade, a piedade). Drama: Atualmente, o termo designa toda peça teatral caracterizada pela seriedade, em oposição à comédia. O gênero épico, na Grécia, apresentava o relato de feitos grandiosos relacionados a personagens históricos. Hoje insere-se no gênero narrativo todo texto que narra uma história por meio de um narrador. Neste gênero o autor descreve, através de epopeias, fatos históricos heróicos realizados pelos seres humanos, perturbados ou ajudados por seres mitológicos. É sempre um tema grandioso que retrata a saga de um povo. As epopéias surgiram na civilização ocidental e derivam de três obras: Ilíada e Odisséia (Homero) Eneida (Virgílio) A história é em forma de poema, mas é contada por meio de um narrador. As ações dos personagens acontecem em tempo e espaço definidos. O encadeamento dos fatos narrados forma o enredo. Livro- p 32 São longos poemas narrativos, em que um acontecimento histórico protagonizado por um herói é celebrado em estilo solene, grandioso. O termo deriva do grego épos, que, entre os seus significados, quer dizer palavra, verso, discurso. Os Lusíadas (de Camões) Os Lusíadas é uma obra poética do escritor Luís Vaz de Camões, considerada a epopeia portuguesa por excelência. Provavelmente concluída em 1556, foi publicada pela primeira vez em 1572 no período literário do classicismo, três anos após o regresso do autor do Oriente. A obra é composta de 8816 versos, divididos em dez cantos, 1102 estrofes que são oitavas decassílabas, sujeitas ao esquema rímico fixo AB AB AB CC – oitava rima camoniana. A ação central é a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, à volta da qual se vão descrevendo outros episódios da história de Portugal glorificando o povo português. A estrutura externa refere-se à análise formal do poema: número de estrofes, número de versos por estrofe, número de sílabas métricas, tipos de rimas, ritmo, figuras de estilo, etc. Assim: .Os Lusíadas é constituído por dez partes, chamadas de Cantos na lírica; .cada canto possui um número variável de estrofes (em média, 110); .as estâncias são oitavas, tendo portanto oito versos; .a rima é cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos (AB AB AB CC) .cada verso é constituído por dez sílabas métricas (decassilábico), na sua maioria heróicas (acentuadas nas sextas e décima sílabas). Sendo Os Lusíadas um texto renascentista, não poderia deixar de seguir a estética grega que dava particular importância ao número de ouro. Assim, o clímax da narrativa, a chegada à Índia, foi colocada no ponto que divide a obra na proporção áurea (início do Canto VII). As /ar /mas/ eos /ba /rões /as /si /na /la /do A 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Que /daO /ci /den /tal /pra/ ia /Lu /si /ta/ na B 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Por /ma /res/ nun/ ca/ dan/ tes/ na/ ve/ ga/ dos A 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pas/ as/ ram/ ain/ daa/ lém /da /Ta/ pro/ ba/ na B 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Em/ pe /ri/ gos/ e /guer/ ras/ es /for/ ça/ dos A “ Mais /do/ que /pro/ me /ti/ aa /for/ çahu/ ma/ na B Een/ tre/ gen/ te /re /mo /tae /di /fi /ca /ram C No /vo /rei/ no /que/ tan/ to/ su/ bli/ ma /ram” C — Os Lusíadas, Canto I, estrofe 1 A estrutura interna relaciona-se com o conteúdo do texto. Esta obra mostra ser uma epopeia clássica ao dividir-se em quatro partes: Proposição - introdução, apresentação do assunto e dos heróis (estrofes 1 a 3 do Canto I); Invocação - o poeta invoca as ninfas do Tejo e pede-lhes a inspiração para escrever (estrofes 4 e 5 do Canto I); Dedicatória - o poeta dedica a obra ao rei D. Sebastião (estrofes 6 a 18 do Canto I); Narração - a narrativa da viagem, in medias res, partindo do meio da ação para voltar atrás no tempo e explicar o que aconteceu até ao momento na viagem de Vasco de Gama e na história de Portugal, e depois prosseguir linearmente. Por fim, há um epílogo a concluir a obra (estrofes 145 a 156 do Canto X). Os planos temáticos da obra são: Plano da Viagem - trata da viagem em si. A descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama e seus marinheiros; Plano da História de Portugal – Trechos em que são narrados episódios da história real dos portugueses; Plano do Poeta - Camões refere-se a si mesmo, como poeta admirador do povo e dos heróis portugueses; Plano da Mitologia - são descritas as influências e as intervenções dos deuses da mitologia grecoromana na ação dos heróis. Ao longo da narração o leitor é confrontado com vários tipos de episódios: bélicos, mitológicos, históricos, simbólicos, líricos e naturalistas . Como o título indica, o herói desta epopeia é colectivo: os Lusíadas, ou os filhos de Luso, os portugueses. As estrofes iniciais trazem o discurso de Júpiter no concílio dos deuses olímpicos. Ele abre essa parte da narrativa, que é quando surge a orientação laudatória do autor. O rei dos deuses afirma que desde Viriato e Sertório, o destino(fado) dos valentes portugueses (forte gente de Luso) é realizar feitos tão gloriosos que façam esquecer os feitos dos impérios anteriores (Assírios,Persas, Gregos e Romanos). O desenrolar da sua história atesta-o, pois além de ser marcada pelas sucessivas e vitoriosas lutas contra mouros e castelhanos, mostra como um país tão pequeno descobre novos mundos e impõe a sua lei no concerto das nações. No final do poema surge o episódio da Ilha dos Amores, recompensa ficcional da gloriosa caminhada portuguesa através dos tempos. E é confirmado o receio de Baco, de ver suas façanhas de conquista ultrapassadas pelas dos portugueses. Camões dedicou sua obra-prima ao rei D. Sebastião de Portugal. Os feitos inéditos dos descobrimentos portugueses e a chegada ao «novo reino que tanto sublimaram» no Oriente foram sem dúvida os estímulos determinantes para a tarefa de redigir o maior poema épico português. Havia um ambiente de orgulho e ousadia no povo português. Navegadores e capitães eram heróis recentes da pequena nação, homens capazes de extraordinárias façanhas, como o «Castro forte» (o vice-rei D. João de Castro), falecido poucos anos antes de o poeta aportar na Índia. E principalmente Vasco da Gama, a quem se devia o descobrimento da rota para o Oriente numa viagem difícil e com poucas probabilidades de êxito, e que vencera inúmeras batalhas contra reinos muçulmanos em terras hostis aos cristãos. Esta viagem épica foi por isso usada como história central da obra, à volta da qual vão sendo contados episódios da história de Portugal. A Ilíada (em grego moderno: Ιλιάδα) é um poema épico grego que narra os acontecimentos ocorridos durante o décimo e o último ano da Guerra de Troia e cuja génese radica na raiva de Aquiles. O título da obra deriva de um outro nome grego para Troia, Ílion. A Ilíada e a Odisseia são atribuídas a Homero, que julga-se ter vivido por volta do século VIII a.C, na Jônia, e constituem os mais antigos documentos literários gregos (e ocidentais) que chegaram aos nossos dias. Ainda hoje, contudo, se discute a sua autoria, a existência real de Homero, e se estas duas obras teriam sido compostas pela mesma pessoa. A lenda conta que a deusa (ninfa) do mar Tétis era desejada como esposa por Zeus e seu irmão Poseidon. Porém Prometeu profetizou que o filho da deusa seria maior que seu pai. Então os deuses resolveram dá-la como esposa a Peleu, um mortal já idoso, intencionando enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de ambos é o guerreiro Aquiles. Sua mãe, visando fortalecer sua natureza mortal, mergulhou-o, ainda bebê, nas águas do mitológico rio Esfige. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde a mãe o segurou para o mergulhar no rio (daí a famosa expressão calcanhar de Aquiles, significando ponto vulnerável). Aquiles tornou-se o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda era mortal. Mais tarde, sua mãe profetiza que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Troia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, mas sendo logo esquecido. A Guerra de Troia deu-se quando os aqueus atacaram a cidade, buscando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau, irmão de Agamémnom. Os aqueus eram os povos que hoje conhecemos como gregos, que compartilhavam uma cultura e língua comuns, mas na época se definiam como vários reinos, e não como um povo uno. A Ilíada se passa durante o nono ano da guerra de Troia e trata da ira de Aquiles, causada por uma disputa entre ele e Agamenon, comandante dos exércitos gregos em Tróia. O poema termina com a morte e o funeral do herói troiano Heitor (ou Héctor). Embora Homero se refira a uma grande diversidade de mitos e acontecimentos prévios, que eram de amplo conhecimento dos gregos, a história da guerra de Troia não é contada na íntegra. Dessa forma, o conhecimento prévio da mitologia grega é importante para a compreensão do poema. A Ilíada é constituída por 15.693 versos em hexâmetro dactílico, que é a forma tradicional da poesia épica grega, e foi elaborada num dialeto literário artificial do grego antigo que nunca foi de fato falado, composto de elementos de outros dialetos. Considera-se que tenha a sua origem na tradição oral,ou seja, teria originalmente sido cantada pelos aedos, e só muito mais tarde os versos foram compilados numa versão escrita, no século VI a.C.em Atenas. O poema foi então posteriormente dividido em 24 cantos, divisão que persiste até hoje e que é atribuída aos estudiosos da biblioteca de Alexandria. A Ilíada influenciou fortemente a cultura clássica, sendo estudada e discutida na Grécia Antiga (onde era parte da educação básica) e, posteriormente, no Império Romano. Sua influência pode ser sentida nos autores clássicos, como na Eneida, de Virgílio. É considerada como a "obra fundadora" da literatura ocidental e uma das mais importantes da literatura mundial. Odisseia (em grego: Οδύσσεια, Odýsseia) é um dos dois principais poemas épicos da Grécia Antiga, atribuídos a Homero. É, em parte, uma sequência da Ilíada, outra obra creditada ao autor, e é um poema fundamental ao cânone ocidental moderno, e, historicamente, é a segunda obra existente da literatura ocidental, tendo sido escrita provavelmente no fim do Séc VIII a.C., em algum lugar da Jônia, região da costa da Ásia Menor então controlada pelos gregos, e atualmente parte daTurquia.[2] O poema relata o regresso do protagonista, um herói da Guerra de Troia, Odisseu (ou Ulisses, como era conhecido na mitologia romana). Como se diz na proposição, é a história do “herói de mil estratagemas que tanto vagueou, depois de ter destruído a acrópole sagrada de Troia, que viu cidades e conheceu costumes de tantos homens e que no mar padeceu mil tormentos, quanto lutava pela vida e pelo regresso dos seus companheiros”. Odisseu leva dezessete anos para chegar à sua terra natal, Ítaca, depois da Guerra de Troia, que também havia durado dez anos. A ação está repartida em três tempos principais: situação de Penélope e Telémaco em Ítaca e viagem de Telémaco; chegada de Ulisses ao país dos Feaces, momento em que ele narra suas aventuras anteriores, por isso há o recuo da ação, em vários anos); regresso de Ulisses a Ítaca e morte dos pretendentes . Perante a presunção da morte de Ulisses, a sua esposa Penélope e o seu filho Telêmaco, são obrigados a lidar com um grupo de insolentes pretendentes, os Mnesteres (em grego: Μνηστῆρες) ou Proci, que competem pela mão de Penélope em casamento.Telêmaco tenta assumir o controle da sua casa e aconselhado por Atena, viaja em busca de notícias do seu pai desaparecido. A cena então muda: Odisseu é cativo da bela ninfa Calipso, com quem ele passou sete dos dez anos em que esteve perdido. Após ser libertado pela intercessão de sua padroeira, Atena, ele parte. Porém, a sua jangada é destruída por Poseidon, furioso por Odisseu ter cegado seu filho, o ciclope, Polífemo. Quando Odisseu alcança a praia de Esquéria, lar dos feácios, é auxiliado pela jovem Nausíaca, de quem recebe hospitalidade; em troca, satisfaz a curiosidade dos feácios, narrando a eles - e ao leitor - as suas aventuras desde a partida de Troia. Os feácios, hábeis construtores de navios, emprestam-lhe uma embarcação para que ele regresse a Ítaca, onde recebe a ajuda do pastor de porcos Eumeu. Odisseu se encontra com Telêmaco e reconquista seu lar e sua esposa, matando os terríveis pretendentes. A Eneida (Aeneis em latim) é um poema épico latino escrito por Virgílio no século I a.C.. Conta a saga de Eneias, um troiano que é salvo dos gregos em Troia, viaja errante pelo Mediterrâneo até chegar à região que atualmente é a Itália. Seu destino era ser o ancestral de todos os romanos. Virgílio já era ilustre pelas suas Bucólicas (37 a.C.), um poema pastoril, e Geórgicas (30 a.C.), um poema agrícola. Então, o imperador Augusto encomendou-lhe a composição de um poema épico que cantasse a glória e o poder de Roma. Um poema que rivalizasse e quiçá superasse Homero, e também que cantasse, indiretamente, a grandeza de César Augusto. Assim Virgílio elaborou um trabalho que, além de labor linguístico e conteúdo poético, é também propaganda política. Virgílio terminou de escrever a Eneida em 19 a.C.. A obra está "completa" mas não está ainda "pronta" segundo o seu criador. Virgílio gostaria ainda de visitar os lugares que aparecem no poema e revisar os versos dos cantos finais. Mas adoeceu e, às portas da morte, pediu a dois amigos que queimassem a obra, por ela não estar ainda "perfeita". O grande poema, já conhecido de alguns amigos, não foi destruído - para nossa fortuna literária. Sem a epopeia virgiliana, não haveria Orlando Furioso, O Paraíso Perdido, Os Lusíadas, dentre outros grandes clássicos da literatura mundial. No período medieval Dante Alighieri ( que escreveu A Divina Comédia) classifica os gêneros em; Nobre, Médio e Humilde, situando assim, em primeiro lugar: a epopéia em segundo :a tragédia em último – a elegia. O fim da Idade Média (séc. XII ao séc. XV) caracterizava-se por: - Homem voltado para o céu e para Deus; - Preocupação com a salvação da alma; - Submissão a igreja e ao senhor feudal; - O Evangelho fonte de inspiração artística - Sobreposição da vida eterna a da terrena. - Predomínio dos sentimentos sobre a razão. - Teocentrismo. - Espiritualismo. - Predomínio das poesias trovadorescas. No Renascimento ou Classicismo (Século XVI) surge a necessidade de classificar os poemas. Por isso há uma valorização da poesia dramática, narrativa e lírica. As obras eram compostas com base nas reflexões do próprio poeta. Na épica, por exemplo, ora falava o poeta ora falavam as personagens introduzidas. As características do Período do Renascimento eram: - Orgulhoso espírito de independência - Curiosidade cientifica - Vontade de glórias terrenas - Exaltação das dificuldades humanas - Clareza de linguagem O Romantismo (1ª metade do séc.XIX) (1836 a 1881) valoriza na poesia a individualidade , a autonomia de cada obra, e a liberdade de criação. O que contava neste período era os sentimentos. O francês Brunetière (1849-1906) defende a ideia de que o gênero nasceria, cresceria, alcançaria a perfeição e declinaria para, em seguida morrer. Já Benedetto (1886-1952) mencionava que todo conhecimento é intuitivo ou lógico, produzindo imagens e conceitos. No século XX Luiz Costa Lima reitera a ideia de que o importante nos gêneros é a “percepção” dos traços de linguagem, da expectativa do receptor bem como da captação da realidade pela obra literária. Segundo ele, era como se “filtros” se colocassem entre as obras e a realidade, selecionando-a de diferentes formas. Esses “filtros” não só permitiam distinguir o literário do não literário, mas também apontariam tratamentos específicos para cada gênero. Northrop Frye, em sua Anatomia da crítica (1957), acrescentou aos gêneros, além do dramático, do épico e do lírico, um quarto gênero: a ficção ( Narrativa). O autor ressalta que ,no drama, haveria um confronto direto entre os personagens e o público, por isso o texto teatral opta pelo ocultamento do autor. No épico, o autor se confronta, diretamente, com a audiência e os personagens estão ocultos. Já na lírica, a forma é o princípio da apresentação. Segundo o filósofo, quatro seriam as modalidades de ficção que não se enquadrariam em nenhum dos gêneros já existentes: -- O romanesco (romance) -- romance (novela) -- forma confessional -- sátira Wolf-Dieter Stempel diz que toda obra está vinculada a um conjunto de informações e a uma situação especial de apreensão e, por isto, pertence a um gênero, na medida que admite um horizonte de expectativas, isto é, alguns conhecimentos prévios que conduziriam com a sua leitura. Os traços dos gêneros estão em constante transformação, portanto, no ato da leitura, nós devemos classificá-los pelas mudanças e não por características fixas. - consciência de que diferentes leituras possam ser feitas por diferentes comunidades de receptores, todos com pensamentos diferentes. - observar como cada traço se relaciona com outros da mesma obra, para depois ser reconhecido como lírico, épico, narrativo ou dramático. ABAURRE, Maria Luiza et alli. Português. 2.ed. São Paulo: Moderna,2004. SARMENTO, Leila L.; TUFANO, Douglas. Português. São Paulo: Moderna, 2004. STALLONI, Yves. Os gêneros literários. Rio de Janeiro: DIFEL, 2001.