VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X A METODOLOGIA DE ENSINO DAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL PAULINO HYKAVEI JUNIOR1 Faculdade Guairaçá GILMAR DE CARVALHO CRUZ2 Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) INTRODUÇÃO A Educação Especial no Brasil foi iniciada de uma maneira que a mesma era desenvolvida em instituições de ensino muitas vezes segregando os alunos com deficiência. Os conteúdo trabalhados nestas instituições não atendiam o desenvolvimento educacional do aluno tornando estas instituições de cunho assistencialista deixando de lado o conhecimento científico. Com o surgimento de várias organizações como a Pestalozzi em 1932 no Estado de Minas Gerais e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE em 1954 no estado do Rio de Janeiro a Educação Especial nestas instituições ganhou força e pessoas e que possuíam algum tipo de deficiência eram atendidas nestes segmentos. Com a criação destes centros especializados o aluno com deficiência começou a receber da sociedade uma classificação patológica sendo esquecida suas potencialidades educacionais perante ao ensino comum. Nesta época a inclusão era praticamente nula e os alunos freqüentavam apenas instituições especializadas. Apos a ditadura militar houve uma organização mais evidentes de grupos de pessoas que possuíam deficiência para reivindicar seus direitos e, como menciona Souza: A redemocratização do país após a ditadura militar inaugurou um período de abertura política marcada pela participação de grupos marginalizados entre eles as pessoas com deficiência que passaram a se organizar e fundaram instituições, sindicatos para reivindicar uma educação especial inclusiva (SOUZA, 2012, p.14). Isso demonstra que a preocupação de uma educação inclusiva surgiu de grupos interessados em incluir pessoas com deficiência no sistema educacional comum situação que antes deste período não era bem debatida. No estado do Paraná existe várias escolas de educação especial que atendem aluno com Deficiência Mental. A maioria delas se concentra em Associações que mantém escolas deste porte no atendimento à esses alunos. Por muitos anos estas escolas não tinham o reconhecimento legal como escolas e funcionavam de maneira independente, realizando o processo educativo de maneira mais conveniente aos seus alunos. A partir do ano de 2011 a SEED lançou a Resolução 3600/2011 que transformou estas escolas ou centros em 1 Mestrando em Educação pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO); E-mail: [email protected] 2 Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); E-mail: [email protected] 3255 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X Escolas da Educação Básica na Modalidade de Educação Especial, fazendo com que toda a organização destas instituições fossem transformadas e assim o processo de ensino aprendizagem do aluno ocorre-se de uma forma padronizada (PARANÁ, 2011). Esta mudança trouxe uma reforma geral no currículo destas instituições. As principais foram os conteúdos a serem aplicados e a forma de avaliação dos alunos com Deficiência Intelectual. Os currículos deveriam ser especificamente de conhecimento científico como acontece na educação básica e a avaliação deve trazer uma terminalidade do programa para o aluno para que assim aconteça uma progressão escolar A partir de 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) classificou a Educação Especial como modalidade de ensino, não sendo mais configurada como complementação do ensino comum, essa afirmação firmou que alunos que possuem deficiência necessitam de um trabalho especializado, atendendo suas peculiaridades e havendo uma preocupação na formação do mesmo. A Educação Especial destina-se a sujeitos com necessidades educacionais especiais no ambiente da escola comum inclusiva (HERMES; LAZZARIN 2012). Durante décadas a Educação Especial restringiu--se a treinar seus alunos em aspectos não educacionais, se preocupando num futuro independente do aluno no que diz respeito a seus cuidados básicos. Muitas vezes os treinos envolviam atividades sociais como àquelas inerentes às atividades de vida diária. Essas idéias faziam com que o aluno com deficiência perdesse atividades que envolviam o raciocínio, pois a idéia era inseri-lo em uma vida social, não se preocupando com a formação acadêmica. Para uma educação especial significativa é necessário que o aluno tenha desafios educacionais, passando de atividades da forma concreta para a forma abstrata, isso que dizer que eles devem usar a compreensão para atingir seus objetivos É importante entender que a Educação Especial não é aula particular e nem reforço educacional, ela pode ser trabalhada em grupo desde que atende a especificidade de cada aluno. Se preocupando no desenvolvimento individual tanto acadêmico quanto social. A escola tem o dever de atender todo tipo de aluno e essa responsabilidade faz com que tenhamos um ambiente escolar diversificado, cercado de diferenças e assim uma educação mais completa. Essa perspectiva educacional segue o raciocínio de que quanto mais vivências diversificadas e significativas tivermos mais efetivo será nosso processo de educação escolarizada. Nas salas de aula onde existe um aluno com deficiência, por exemplo, espera-se a potencialização do processo ensino-aprendizagem de todos os alunos. Segundo Stainback e Stainback (1999) os alunos passar a modificar seus comportamentos na convivência da diversidade, começam a ser mais sensíveis, compreendendo e respeitando os seus colegas. Essa socialização no ambiente escolar pode trazer enormes benefícios. Um deles é que o conhecimento da deficiência pode fazer com que o preconceito que existe seja dissipado por quem convive com essa situação. A inclusão de alunos com deficiência vem acontecendo desde 1990. Sua significância aumentou no ano de 2008 com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) e das Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial (BRASIL, 2009). De acordo com Glat e Pletsch (2011) estes dois documentos trouxeram uma nova perspectiva para o ensino inclusivo A educação escolar de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais e que requeiram atenção individualizada nas atividades da vida autônoma e social, 3256 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X bem como ajudas e apoios intensos e contínuos e flexibilização e adaptações curriculares tão significativas que a escola comum não tenha conseguido prover, podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em escolar especiais (...) (BRASIL, 2001, p. 16). Alunos com Deficiência Intelectual possuem características peculiares no que diz respeito ao seu desenvolvimento acadêmico. Uma dessas características é coeficiente intelectual abaixo da média. Essa situação pode implicar na necessidade de adaptação curricular para que eles também possam ser atender em processos de escolarização efetivos. Crianças com Deficiência Intelectual podem apresentar dificuldades significativas em sua educação escolarizada, e isso sempre requer o ajuste da educação e a adequação do currículo à medida e à necessidade de cada um. Quando as dificuldade não são muito grandes, os ajustes em metodologia, atividade e materiais são suficientes para responder as necessidades dos alunos (COLL, PALACIOS; MARCHESI, 2004). Essa educação não acontece somente nas escolas especiais, aluno inclusos no ensino comum também necessitam dessas adaptações, haja vista que: As escolas inclusivas devem reconhecer e dar resposta às necessidades diferenciadas dos alunos, tendo em conta os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando a qualidade da educação através de currículos adequados, de adaptações organizacionais, estratégias de ensino, e parcerias com a comunidade (BRASIL, 1994, p.5). Na escola comum, o aluno constrói um conhecimento necessário e exigido socialmente e que depende de uma aprovação e reconhecimento da aquisição desse conhecimento por um outro, seja ele o professor, pais, autoridades escolares, exames e avaliações institucionais. No atendimento educacional especializado, o aluno constrói conhecimento para si mesmo, o que é fundamental para que consiga alcançar o conhecimento acadêmico. Aqui, ele não depende de uma avaliação externa, calcada na evolução do conhecimento acadêmico, mas de novos parâmetros relativos a suas conquistas diante do desafio da construção do conhecimento. Alunos que possuem qualquer tipo de deficiência têm por direito um atendimento educacional de qualidade, os métodos a serem usados, necessitam estar de acordo com a necessidade e especificidade de cada aluno, por isso a grande importância de se utilizar métodos e ferramentas diferenciadas neste processo. Coll, Palácios, Marchesi... (2004, p.210) afirmam que: um currículo razoável enuncia seus objetivos levando em consideração as Capacidades gerais que a educação trata de estabelecer, e não unicamente as aprendizagens específicas e os objetos operacionais. A educação se propõe a ampliar a capacidades dos aluno: que eles aprendam não apenas estes ou aqueles conteúdos e habilidades mas que aumentem a capacidade de fazer coisas por si mesmos e sua capacidade de aprender (COLL; PALACIOS;MARCHESI 2004 p. 210). Essa adaptação de currículo pode ser realizada utilizando tecnologias em sala de aula, fazendo com que todo este aprendizado que o aluno necessita seja completa sem nenhum tipo de atraso acadêmico. Partindo da idéia que grande parte dos alunos com deficiência intelectual são atendidos por escolas especiais (BRASIL, 2008) chama a atenção a metodologia de ensino dessas escolas para que este atendimento seja de qualidade, isto é, garanta um efetivo 3257 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X processo ensino-aprendizagem a seu alunado. É de e esperar que a metodologia de ensino na educação especial atenda às especificidades de cada aluno, considerando suas condições peculiares de aprendizagem e seu desenvolvimento. Alunos são matriculados em escolas especiais e ficam lá por muito tempo, na maioria das vezes nem saem dessas instituições. Esses alunos estão recebendo uma educação de qualidade atendendo a todos os requisitos acadêmicos e este atendimento está sendo de maneira correta? Alunos com deficiência têm o direito de receber uma educação adequada e condizente ao seu desenvolvimento e os programas por onde estes alunos passam devem atender as suas especificidades trazendo assim um efetivo aproveitamento educacional. Para que o processo seja eficaz devemos compreender e aprimorar a metodologia de ensino utilizada. Nesse sentido, outras inquietações se manifestam: a metodologia utilizada está coerente com o desenvolvimento de cada aluno? Os alunos que estão matriculados nas Escolas de Educação Especial não poderiam estar inclusos no ensino comum? A LDBEN afirma que a educação especial deve ser oferecida na rede regular de ensino. Deste modo, qual o papel que as instituição que possuem educação especial desempenham no que diz respeito à educação de alunos com deficiência? Existe algum tipo de certificação para esses alunos que freqüentam as escolas de Educação Especial? As avaliações para esses alunos são diferenciadas? Todos estes questionamentos fazem parte da pesquisa para que se possamos entender os objetivos das escolas de educação especial diante dos seus alunos. A vivência profissional no campo da Educação Especial permite observar esses questionamentos pelos pais dos alunos e também pela sociedade. O debate sobre este tema pode colaborar para que se tenha um ensino especial de melhor qualidade, onde todos os alunos que dele participem possam aproveitar ao máximo o processo ensino-aprendizagem. O objeto de estudo da pesquisa são escolas de educação especial, estas escolas são consideradas públicas não estatais pois elas atendem alunos de forma gratuita com regulamentação do estado do Paraná. Este atendimento ocorre em diversas faixas etárias divididas em programas que se iniciam na educação precoce e se finalizam na educação de jovens e adultos. No estado do Paraná essas instituições tem a permissão e regulamentação de serem modalidade da educação básica. Essa regulamentação é pioneira neste segmento, pois o Paraná segue uma posição diferente do que a recomendada pelo Ministério da Educação que orienta a inclusão de alunos com deficiência. Esta mudança foi realizada após vários pedidos dos gestores das escolas especiais que entendiam que alunos que freqüentavam as escolas não tinha condição de estarem inseridos no ensino comum. Vale a pena ressaltar que esta mudança foi realizada de maneira drástica não havendo um debate ou pesquisas sobre o assunto. No Estado do Paraná presenciamos um movimento deveras peculiar no que diz respeito às inquietações provocadas pela proposição de políticas educacionais inclusivas. A presença de mais de 300 Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAEs, devidamente articuladas, ganha força nesse momento histórico em que contamos no Estado com um ViceGovernador, também Secretário da Educação, que possui uma forte vinculação ao Movimento APAEANO (Flávio Arns, atual Secretário da Educação do Estado do Paraná, foi Presidente da Federação das APAES do Estado do Paraná e da Federação Nacional das APAES). A Resolução no 3600 de 18 de agosto de 2011 da Secretaria do Estado da Educação do Paraná (PARANÁ, 2011) – que autoriza “a alteração da denominação das Escolas de Educação 3258 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X Especial para Escolas de Educação Básica, na modalidade de Educação Especial” – ilustra a ideia de peculiaridade anteriormente mencionada. É preciso que nesses debates se fortaleça a avaliação dos serviços profissionais ofertados no contexto da Educação Especial, mais do ponto de vista de suas efetividades do que de suas bondades ou generosidades. Deste modo, urge que a inclusão escolar seja compreendida como a garantia de um efetivo processo de escolarização de quaisquer pessoas, incluindo aquelas que apresentam necessidades especiais. Se esse processo acontecerá na escola A, na escola B, em um hospital ou em casa, não importa. O que não se pode perder de vista é a garantia de que essa pessoa aprenda aquilo que se propõe ensinar. A esse respeito podemos observar, já há algum tempo, indicações teóricas no campo da Educação Especial de que nem todo aluno com necessidades especiais se beneficiará de um processo de escolarização em uma escola comum (OMOTE, 2003). Inicialmente o estudo consiste em analisar o processo ensino-aprendizagem nas escolas de Educação Especial, particularmente aquelas que atendem alunos com deficiência intelectual, paralisia cerebral e síndromes variadas – as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais APAEs. Este processo de reconhecimento das APAEs como escola da Educação Básica é novo e necessita de análise e discussões sobre como está sendo efetuado e se o mesmo está oferecendo possibilidades diferenciadas de aprendizagem. A análise desse processo é sobre esta mudança. O estado do Paraná necessita de mais pesquisas voltados ao campo das escolas especiais. Desta maneira poderemos compreender como o processo está sendo realizado de modo a aprimorar as práticas pedagógicas dessas instituições. Uma pesquisa é sempre, de alguma forma, um relato de longa viagem empreendida por um sujeito cujo olhar vasculha lugares muitas vezes já visitados. “Nada de absolutamente original, portanto, mas um modo diferente de olhar e pensar determinada realidade a partir de uma experiência e de uma apropriação do conhecimento que são, aí sim, bastante pessoais” (DUARTE, 2002, p.140). O trabalho pretende obter uma nova visão sobre as escolas especiais principalmente na cidade de Guarapuava. Este assunto é muito pouco debatido entre profissionais da educação e gestores dessas instituições. É interessante que este assunto faça parte da discussões e também nas mudanças da educação brasileira. Essas instituição atendem alunos que possuem deficiência principalmente intelectual e o processo de aprendizagem necessita ser estudado para que assim possamos obter parâmetros e caminhos onde os alunos que freqüentam estas escolas possam receber uma formação compatível ao seu nível intelectual. Alunos com deficiência intelectual necessitam de um atendimento diferenciado, e o processo educacional precisa considerar as peculiaridades definidas pela deficiência para que conteúdos e metodologias sejam adequados ao atendimento de suas demandas educacionais. O objetivo deste estudo, em andamento, é analisar como uma escola de Educação Especial de Guarapuava (APAE), atende aos seus educandos em todos os programas oferecidos pela instituição e se a metodologia de ensino é empregada de maneira que os alunos com deficiência possam aproveitar significativamente o processo ensino-aprendizagem. MÉTODO O estudo se caracteriza como uma pesquisa de campo qualitativa descritiva, que consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a 3259 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X eles referente e no registro de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-los (LAKATOS; MARCONI, 2003). O campo de investigação é uma Escola de Educação Especial, juntamente com seus diretores, coordenadores pedagógicos e professores utilizando uma entrevista padronizada e semi estruturada, seguindo um roteiro previamente estabelecido. Para Lakatos e Marconi (2003, p.197) “o motivo da padronização é obter, dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas, permitindo que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjuntos de perguntas.” Todos os envolvidos na pesquisa fazem parte do processo educacional dos alunos, estes professore, diretores e pedagogos trabalham diretamente e tem conhecimento específico do tema pesquisado. As suas respostas irão trazer novos questionamento e principalmente um debate mais efetivo sobre o trabalho pedagógico realizado na escola. Na entrevista com diretores, pedagogos e professores a questão central diz respeito à: metodologia de ensino; dificuldade e facilidades encontradas na realização do trabalho; como é feita avaliação dos alunos; progressão acadêmica e certificação dos mesmos. Para Quaresma (2005, p.72) a entrevista como coleta de dados sobre um determinado tema científico é a técnica mais utilizada no processo de trabalho de campo. Através dela os pesquisadores buscam obter informações, ou seja, coletar dados objetivos e subjetivos. Os dados objetivos podem ser obtidos também através de fontes secundárias tais como: censos, estatísticas, etc. Já os dados subjetivos só poderão ser obtidos através da entrevista, pois que, eles se relacionam com os valores, às atitudes e às opiniões dos sujeitos entrevistados. Uma das etapas da pesquisa é a realização de grupos focais. Cada grupo, formado por pessoas que fazem parte do contexto da pesquisa, terá no máximo 8 participantes para que assim o debate seja efetivo e objetivo. Essa delimitação de participantes traz uma maior ganho na pesquisa pois as respostas podem ser mais claras e o foco será mantido. A participação dos professores será de forma livre e espontânea os mesmo terão a liberdade de comentar o que for necessário sobre o assunto. Após o recolhimentos das respostas obtidas na entrevistas será realizado uma análise de conteúdo das informações obtidos, confrontando-as com a literatura pertinente. Para Moraes: A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum.Essa metodologia de pesquisa faz parte de uma busca teórica e prática, com um significado especial no campo das investigações sociais. Constitui-se em bem mais do que uma simples técnica de análise de dados, representando uma abordagem metodológica com características e possibilidades próprias (MORAES, 1999, p.7). A análise documental também participa dos procedimentos do estudo. Nela verifica-se o planejamento do professores como também do projeto político pedagógico da escola e como a escola participa no processo de inclusão dos alunos no ensino comum. A análise documental faz parte da pesquisa qualitativa onde uma análise dos documentos traz dados extremamente importantes para a pesquisa Godoy (2005). Desta maneira, a análise de conteúdo não deve ser extremamente vinculada ao texto ou à técnica, num formalismo excessivo, que prejudique a criatividade e a capacidade intuitiva do pesquisador. Por conseguinte, nem tão subjetiva, 3260 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X levando-se a impor as suas próprias idéias ou valores, no qual o texto passe a funcionar meramente como confirmador dessas. Desta maneira, acreditamos que os procedimentos metodológicos utilizados são pertinentes. A participação efetiva do pesquisador junto aos participantes da pesquisa traz uma legitimidade interessante para o trabalho. Pesquisas na educação necessitam de procedimentos que explorem a possibilidade de diálogo entre os elementos que compõem o fenômeno investigado, pois para compreender um fenômeno complexo e dinâmico como a educação necessita-se de participação efetiva e análise de fontes diferenciadas. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES A educação escolarizada dos alunos com necessidades especiais não ocorre apenas em ambiente inclusivo. A Educação Especial configura-se como espaço destinado ao atendimento de alunos com necessidades especiais, seja nas Salas de Recursos Multifuncionais propostas pela Política Nacional de Educação Especial em uma Perspectiva Inclusiva, ou nos Centros Municipais de Atendimento Especializado ou ainda nas remanescentes Classes Especiais. Pode-se observar certa ambiguidade no atendimento educacional oferecido. Os serviço referentes à Educação Especial ainda carregam uma característica mais de substituição do que de complementação do ensino comum. A Educação Especial ainda caracteriza mais um sistema paralelo e não colaborativo. O diálogo entre os professores da Educação Especial e os responsáveis pelas turmas comuns nas quais se encontram alunos com necessidades educacionais especiais ainda é incipiente. Outro aspecto de interesse a ser abordado diz respeito ao impacto da Resolução 3600/2011 da Secretaria de Estado da Educação que autoriza “a alteração na denominação das Escolas de Educação Especial para Escolas de Educação Básica, na modalidade de Educação Especial”, nas Escolas especiais e no relacionamento que as mesmas estabelecem com as escolas comuns. Ao mesmo tempo em que se pode observar avanços no atendimento educacional especializado oferecido a alunos com necessidades especiais, considerando a adesão dos municípios à Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva com a implementação de Salas de Recursos Multifuncionais, por exemplo, há questões que merecem maior aprofundamento. Essas políticas refletem nas práticas pedagógicas e na cultura escolar? Práticas pedagógicas e cultura escolar foram ou estão sendo ressignificadas em decorrência das políticas implementadas? Se a presença de resistência docente a uma perspectiva educacional inclusiva pode inviabilizar o processo ensino-aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais essas questões merecem ser investigadas ao mesmo tempo em que se avança na compreensão estrutural e organizacional dos sistemas de ensino. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BRASIL. Resolução CNE/CEB 4/2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Brasília: DOU, 5 de outubro de 2009 3261 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X ________. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. ________. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para educação especial na educação básica. Brasília, MEC/ SEESP, 2001. ________. LEI Nº 9394/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. ________. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994. COLL, Cesar; PALACIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Volume 3. Porto Alegre: Artmed, 2004 DUARTE, Rosália. 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