SECRETARIA DE ENSINO SUPERIOR Faculdade de Medicina de Marília Hospital das Clínicas - Unidade II - Materno Infantil PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA EQUIPE DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR PARA LINHA DE CUIDADO MATERNO-INFANTIL Marília/SP Dezembro/2009 2 PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA EQUIPE DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR PARA LINHA DE CUIDADO MATERNO-INFANTIL “... quando a atenção domiciliar se configura como modalidade substitutiva de organização da atenção, com intenção desinstitucionalizadora, como dispositivo para a produção de cuidados que efetivamente não é produzido segundo o modelo hegemônico dentro do hospital, ele se configura como um terreno do trabalho vivo em ato, instituinte de novidades; possibilitando a produção/invenção de práticas cuidadoras e implicada com um agir autopoiético na saúde. Existe grande potência nesse arranjo. Precisamos aprender com ele. A ruptura do fazer parece ser uma condição fundamental para a invenção.” (Emerson Elias Merhy e Laura Macruz Feuerwerker). Equipe responsável pela elaboração do Projeto: Diretora Técnica Profa. Marilda Siriani de Oliveira Equipe de Gestão Prof. Antonio Carlos Ribeiro Prof. Márcio Mielo Profa. Dra. Maria Cristina Martinez Capel Laluna Enfa. Vanessa Baliego 3 SUMÁRIO 1 2 2.1 2.1.1 2.1.2 2.2 2.2.1 2.2.1.1 2.2.1.2 2.2.1.3 2.2.2 2.2.2.1 2.2.2.2 2.2.3 2.3 2.4 2.5 2.5.1 3 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 5 5.1 5.2 5.3 6 INTRODUÇÃO 04 CONTEXTUALIZANDO O CENÁRIO Gestão Equipe Modelo de Cuidado Indicadores de Atenção Hospitalar e Ambulatorial Indicadores da Atenção Hospitalar Maternidade, Berçário Conjunto, Ginecologia UTI Neonatal, UTI Pediátrica e Berçário Intermediário Enfermaria Geral, de Pediatria e de Pediatria de Urgência Indicadores da Atenção Ambulatorial Ambulatório de Pediatria Ambulatório de Gineco-Obstetrícia Indicadores de Atenção em Urgência Formação Articulação Ensino-Serviço Contexto da Saúde Materno-Infantil Perfil Epidemiológico Materno Infantil 06 07 07 09 10 10 10 11 13 13 13 14 15 17 17 18 20 OBJETIVOS 22 MODELO TECNICO-ASSISTENCIAL PROPOSTO Equipe e capacidade de atendimento Equipe Multiprofissional de Internação Domiciliar Equipamentos e Insumos Vinculação Serviços de Referência para a Equipe de Internação Domiciliar Relação com a Atenção Pré-Hospitalar Prontuário Critérios técnicos de inclusão do usuário na Internação Domiciliar e mecanismos de acesso Critérios técnicos de exclusão do usuário na internação domiciliar Protocolos de cuidado Apuração e análise de custos 23 25 26 26 32 32 PLANO OPERATIVO ANUAL COM METAS QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS E IMPACTO ESPERADO Metas quantitativas Metas qualitativas Impactos esperados 35 AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO 38 32 32 33 34 34 35 36 36 37 4 1. INTRODUÇÃO A situação de saúde que o país atravessa neste momento retrata uma realidade epidemiológica com um aumento da demanda da população para os cuidados de saúde em contraposição ao déficit de recursos existentes para o atendimento das necessidades. As inúmeras mudanças políticas, sociais, econômicas e principalmente tecnológica ocorridas no decorrer deste século modificaram o perfil populacional, levando à necessidade de se repensar a Rede de Cuidados à Saúde, uma vez que esta ainda encontra-se centrada na assistência hospitalar, o que requer alto custo para sua manutenção. Além disso, a inadequação do uso e má distribuição dos leitos hospitalares impossibilitam o atendimento da demanda e os riscos impostos pelo ambiente hospitalar tornam mais difícil a recuperação do paciente. No Brasil, a exemplo do que vem ocorrendo em muitos países do mundo há alguns anos, tem surgido algumas alternativas de desospitalização, com a implantação de programas de internação no domicílio, que tem sido considerado uma forma capaz de humanizar o atendimento, reduzirem os custos e racionalizar a oferta de leitos hospitalares e, desta forma, preencher uma lacuna existente na Rede de Cuidados. A atual política de saúde tem dado ênfase ao atendimento domiciliar e ambulatorial, reservando ao hospital apenas os casos de urgência e emergência ou que necessite de intervenções complexas. A portaria GM Nº. 2.529, de 19 de outubro de 2006 do Ministério de Estado da Saúde, institui a Internação Domiciliar no âmbito do SUS, incentivando esta modalidade de cuidado e define os critérios e requisitos para o financiamento das equipes de internação domiciliar. A incorporação da internação domiciliar, enquanto uma modalidade de cuidado aponta para uma reorganização da assistência prestada no hospital, deslocando o olhar para o espaço da família e comunidade, envolvendo-os na assistência com o apoio de uma equipe multidisciplinar. A assistência domiciliar busca otimizar a utilização dos leitos hospitalares e principalmente melhorar a qualidade do cuidado prestado à população, procurando conciliar os meios disponíveis, nos diversos 5 equipamentos de saúde, com os recursos e necessidades da comunidade a ser atendida. Entre suas metas está a de prestar assistência aos pacientes com alta hospitalar, porém que ainda necessitam de cuidados para sua completa recuperação e manutenção clínica. Segundo SACRAMENTO (1997), a internação domiciliar representa uma alternativa destinada a facilitar a terapêutica e a manutenção de pacientes em condições clínicas estáveis e que reúnem condições para serem tratados adequadamente em casa. YAMAGUCHI (1997) afirma que a presença dos familiares ajuda na recuperação do estado de saúde do paciente, por resguardar a dignidade de viver em casa, com autonomia para tomar decisões próprias e interagir com as pessoas de quem gosta e tem relacionamento afetivo-emocional. Existem hoje no país várias experiências de internação domiciliar que têm como característica principal o atendimento de grande número de idosos, o que certamente deve-se à vulnerabilidade e às inúmeras patologias crônicas degenerativas apresentadas pela população idosa no seu processo de envelhecimento. Entretanto, estas experiências não indicam o cuidado com as situações Gineco-Obstétrica da mulher, da criança e adolescente. A internação domiciliar das crianças, adolescentes e mulher em situação Gineco-Obstétrica demonstra ser uma alternativa viável, uma vez que se define como uma modalidade de cuidado alternativa à hospitalização tradicional, tanto em quantidade como em qualidade, e sem a qual seria necessária a permanência no hospital, com todos os riscos potenciais inerentes a internação hospitalar. Assim, a proposta aqui apresentada pelo Hospital Materno-Infantil da Faculdade de Medicina de Marília (Famema) para implantação de uma equipe de internação domiciliar está articulada com a linha de cuidados maternoinfantil deste hospital e dos serviços de saúde do município e, portanto, vem contribuir para o atendimento das necessidades de saúde da população e, assim, ser instrumento da defesa da vida individual e coletiva. 6 2. CONTEXTUALIZANDO O CENÁRIO A Unidade Materno Infantil do Hospital das Clínicas – HCII, Unidade do complexo assistencial da Faculdade de Medicina de Marília – Famema integra a Rede de Atenção à Saúde da área de abrangência da Diretoria Regional de Saúde de Marília – DRS IX, compreendendo 05 microrregiões (Marília, Assis, Ourinhos, Tupã e Adamantina) com 62 municípios que totalizam uma população de 1.096.347 habitantes. Figura 1. Distribuição das Diretorias Regionais de Saúde do Estado de São Paulo. Constitui-se em um cenário privilegiado de formação graduada e pósgraduada em medicina e enfermagem, além de possibilitar a realização de pesquisas no campo da atenção. Realiza ações de cuidado individual e coletivo, nas áreas de Atenção à Saúde da Criança, Mulher, Mental e Oftalmológica. Na área de Atenção à Saúde da Criança presta cuidado ambulatorial e de internação clínico-cirúrgica, incluindo ações de Terapia Intensiva a neonatos e crianças até 14 anos. Na área de Atenção à Saúde da Mulher presta cuidado ambulatorial e de internação clínico-cirúrgica nas especialidades obstétrica e ginecológica, constituindo-se em referência regional para Gestação de Alto Risco. Desde 2002 integra a Rede de Hospitais “Amigo da Criança” do Ministério da Saúde, desenvolvendo ações estabelecidas pelo programa, com ênfase no estímulo à amamentação e ao parto humanizado. 7 Na área de Atenção à Saúde Mental, presta cuidado ambulatorial através do Ambulatório Especializado de Psiquiatria e o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS-ad). Conta ainda com a Unidade Oftalmológica, que realiza ações de cuidado especializado à saúde ocular, incluindo transplante de córnea. Neste ano, a equipe técnica e de gestão da Unidade Materno Infantil tem muito a comemorar. Alcançou o 3º lugar no ranking dos 10 melhores hospitais públicos do Estado de São Paulo, numa pesquisa feita junto aos usuários, conduzida pela Secretaria de Estado da Saúde. O levantamento ouviu, por meio de um questionário, 60,2 mil pacientes que passaram por internações e exames em cerca de 500 estabelecimentos de saúde conveniados à rede pública paulista, nos meses de novembro e dezembro de 2007 e abril e junho de 2008. Foram eleitos vencedores os hospitais que tiveram maior pontuação média entre as unidades que tiveram mais de 100 respostas encaminhadas pelos usuários. Este processo teve como objetivo monitorar a qualidade do atendimento e a satisfação do usuário, reconhecer os bons prestadores, identificar possíveis irregularidades e ampliar a capacidade de gestão eficiente da saúde pública. Na pesquisa foram avaliados o grau de satisfação com o atendimento recebido pelos pacientes, nível do serviço e dos profissionais que prestaram o atendimento, qualidade das acomodações e tempo de espera para a internação. Para a classificação das maternidades também foram incluídas perguntas sobre humanização do parto. Figura 2. Direção da Famema recebe o Prêmio do HMI como 3º melhor hospital público do Estado de São Paulo. 2. 1. GESTÃO 2.1.1. Equipe Em agosto deste ano assumiu a Gestão da Unidade uma equipe formada por dois profissionais médicos, professores da Disciplina de 8 Administração e Planejamento em Saúde, uma profissional enfermeira que assumiu a Coordenação da Unidade de Urgência no mês de outubro, uma profissional enfermeira, professora das Disciplinas de Enfermagem Clínica e Administração Aplicada à Enfermagem. Estes profissionais se somaram ao Assistente Técnico da Unidade, profissional enfermeiro, professor da Disciplina de Educação em Ciências da Saúde, e constituíram a Equipe de Gestão da Unidade Hospitalar Materno Infantil. A proposta de trabalho desta equipe é uma gestão democrática, colegiada, envolvendo todas as chefias e trabalhadores no processo de aprimoramento das práticas e saberes no campo do cuidado hospitalar. A Equipe de Gestão propõe um novo modelo de operar o cuidado, com ênfase na integralidade como eixo da gestão hospitalar, utilizando como estratégia para a qualificação da assistência hospitalar a “Gestão da Clínica” concebida a partir de alguns elementos estruturantes como a não dissociação entre a gestão e cuidado, a progressiva autonomia e responsabilização das equipes de cuidado, o estabelecimento de objetivos, metas e indicadores relativos ao cuidado e o alinhamento de diretrizes clínicas e/ou protocolos, baseada em uma visão clínica ampliada e centrada nas necessidades do paciente. O modelo de gestão da clínica1 possibilita: Aprimorar a organização hospitalar orientando o processo de cuidado no sentido da atenção integral ao paciente, de forma humanizada; Envolver de forma coordenada e sistematizada os profissionais de saúde na gestão dos recursos dos hospitais a que pertencem; Utilizar instrumental da gestão para a construção de processos gerenciais no cuidado à saúde, buscando descentralização, autonomia com coresponsabilidade, por meio de um processo de contratualização interna; Construir uma cultura de comunicação efetiva com dispositivos de socialização de informação, sempre com foco na gestão do cuidado ao paciente; Construir protocolos, fluxogramas e diretrizes clínicas baseadas em evidências científicas e princípios éticos; 1 Gestão da Clínica nos Hospitais do SUS, IEP/Hospital Sírio Libanês. 9 Desenvolver capacidades de liderança das equipes de gestão do hospital, em todos os âmbitos, para coordenar e facilitar as mudanças; e Construir uma cultura de avaliação permanente, individual e institucional, com critérios claramente estabelecidos. A Gestão terá um papel fundamental na organização de processos de gestão participativa e de apoio para que os profissionais das equipes compreendam os recursos necessários para garantir a qualidade do cuidado em saúde, desenvolvendo arranjos de Educação Permanente que possibilitem a reflexão sobre os processos de trabalho e a produção de mudanças necessárias para aumentar graus de eficácia, eficiência e efetividade que permitam a particularização da atenção, sem fragmentação do cuidado, com responsabilização e vínculo com os pacientes acompanhados. 2.1.2. Modelo de Cuidado Baseando em modelos que vem sendo desenvolvidos por alguns autores2, o cuidado proposto pela Equipe de Gestão no Hospital Materno Infantil, com a integralidade como eixo, precisa ser concebido sob duas dimensões: O cuidado como síntese de múltiplos cuidados; e O hospital no “sistema de saúde”. Na primeira dimensão entende-se que o cuidado integral ocorreria a partir de uma combinação flexível de tecnologias duras, leve-duras e leves3. “Tecnologia” e “Humanização” combinadas, no desafio de adotar o “lugar” do paciente e suas necessidades singulares como ponto de partida para qualquer intervenção hospitalar. Na segunda dimensão, pensar o hospital no “sistema de saúde” como uma estação pela qual circulam os mais variados tipos de pessoas, portadoras das mais diferentes necessidades, em diferentes momentos de suas vidas singulares e não na forma tradicional, qual seja, o hospital como referência em determinadas situações de maior complexidade ou gravidade. 2 Luiz Carlos de Oliveira Cecílio e Emerson Elias Merhy, 2003. Tecnologias duras: aquelas ligadas a equipamentos, procedimentos; tecnologias leve-duras: aquelas decorrentes do uso de saberes bem estruturados, como a Clínica e a Epidemiologia; tecnologias leves: aquelas relacionais, no espaço intersubjetivo do profissional de saúde e paciente (Emerson Merhy, 2002). 3 10 A proposta para um “novo olhar” do cuidado no Hospital Materno Infantil, passa por uma estratégia gerencial de construção de linhas de produção de cuidado. Constitui-se em um novo arranjo que possibilita criar mecanismos de coordenação das práticas cotidianas do hospital de forma mais articulada, “leve”, com canais de comunicação mais definidos, mais solidária, mais democrática, menos “ruídos”, em particular a coordenação da prática dos vários profissionais envolvidos no cuidado. Modificações no organograma hospitalar precisam ser realizadas, se for adotada a coordenação por linhas de cuidados. A gestão do hospital centrada no cuidado deve aprender a trabalhar, de forma radical, o hospital como apenas uma das “estações” da rede de cuidado. Para tanto são necessários processos de negociação com outros atores extrahospitalares, em particular com as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde. 2.2. Indicadores de Atenção Hospitalar e Ambulatorial 2.2.1. Indicadores de Atenção Hospitalar 2.2.1.1. Maternidade, Berçário Conjunto e Ginecologia Os indicadores foram construídos considerando uma capacidade operacional de: 16 leitos de Obstetrícia e Alojamento Conjunto; e 12 leitos de Ginecologia até o mês de junho e após 11 leitos. Tabela 1. Indicadores Hospitalares da Maternidade, Berçário Conjunto e Ginecologia, referentes ao período de novembro de 2008 a Outubro de 2009. Indicador Hospitalar Número de Internações Percentual de Ocupação Média de Permanência Intervalo de Substituição Giro de Rotatividade Taxa de Mortalidade Mortalidade Institucional Maternidade Berçário Conjunto Ginecologia 1.029 890 1.009 80,38 36,20 83,14 3,33 2,12 2,82 0,81 3,74 0,57 88,0 62,31 107,45 0,07 0,50 0,08 0,07 0,00 0,08 Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema 11 Gráfico 1. Evolução da Taxa de Ocupação, segundo mês, na Maternidade, Berçário Conjunto e Ginecologia, no período de novembro de 2008 a outubro de 2009. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 Maternidade Berçário Conjunto Ginecologia Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema É possível observar no período uma tendência de aumento na Taxa de Ocupação da Ginecologia. Já na Obstetrícia é uma tendência de queda e no Berçário uma discreta queda. 2.2.1.2. UTI Neonatal, UTI Pediátrica e Berçário Intermediário Os indicadores foram construídos considerando uma capacidade operacional de: 08 leitos na UTI Neonatal; 04 leitos na UTI Pediátrica; e 09 leitos no Berçário Intermediário até o mês de julho de 2009. Após 08 leitos. A UTI Pediátrica iniciou seu funcionamento em 17 de outubro de 2008 e teve seu credenciamento junto ao Ministério da Saúde efetivado em setembro de 2009. Tem uma capacidade planejada de 07 leitos e foi viabilizada com recursos em sua maioria da Sociedade organizada do Município e Região. Figura 3. Foto da UTI Pediátrica no dia da inauguração. 12 Tabela 2. Indicadores Hospitalares da UTI Neonatal, UTI Pediátrica e Berçário Intermediário, referentes ao período de novembro de 2008 a outubro de 2009. Indicador Hospitalar Número de Internações Percentual de Ocupação Média de Permanência Intervalo de Substituição Giro de Rotatividade Taxa de Mortalidade Mortalidade Institucional UTI Neonatal UTI Pediátrica 169 118 Berçário Intermediário 49 85,03 38,01 74,49 7,81 2,55 9,02 1,37 4,15 3,09 39,75 54,50 30,13 11,01 6,42 0,00 6,92 3,67 0,00 Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema Gráfico 2. Evolução da Taxa de Ocupação, segundo mês, na UTI Neonatal e Berçário Intermediário, no período de novembro de 2008 a outubro de 2009. 120 100 80 60 40 20 0 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 UTI Neonatal Linear (UTI Neonatal) Berçário Intermediário Linear (Berçário Intermediário) Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema É possível observar no período uma tendência de queda nas taxas de ocupação de ambas as Unidades de Produção, porém mais acentuada na UTI Neonatal. 13 2.2.1.3. Enfermaria Geral, de Pediatria e Pediatria de Urgência Tabela 3. Indicadores Hospitalares da Enfermaria Geral, de Pediatria e Pediatria de Urgência, referentes ao período de novembro de 2008 a Outubro de 2009. Indicador Hospitalar Número de Internações Percentual de Ocupação Média de Permanência Intervalo de Substituição Giro de Rotatividade Taxa de Mortalidade Mortalidade Institucional Enfermaria Geral 1.681 Enfermaria de Pediatria 872 Pediatria de Urgência 870 82,24 76,89 29,70 1,79 4,38 0,61 0,39 1,32 1,44 167,82 64,08 178,0 0,11 0,07 0,00 0,05 0,07 0,00 Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema 2.2.2. Indicadores de Atenção Ambulatorial 2.2.2.1. Ambulatório de Pediatria Tabela 4. Distribuição Percentual de Consultas Médicas realizadas no Ambulatório de Pediatria segundo especialidades. HMI, novembro de 2008 a outubro de 2009. Especialidades Número % Cirurgia Infantil 2.366 30,85 Gastroenterologia Infantil 1.501 19,57 Neurologia Infantil 868 11,32 Cardiologia Infantil 828 10,80 Pneumologia Infantil 518 6,75 Clinica Pediátrica 508 6,62 Imunologia Infantil 456 5,95 Neonatologia 399 5,20 Endocrinologia Infantil 226 2,95 Total 7.670 100,00 Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema 14 Gráfico 3. Evolução do Número de Consultas de Pediatria Geral e Especialidades, segundo mês, no período de novembro de 2008 a outubro de 2009. 1000 800 600 400 200 0 no ja fe m ag se de m ab ju ju o n ai v/ l/0 ar n/ t/0 ut/ o/ z/ r/0 v/ 09 / 0 09 /0 08 /09 0 0 9 08 9 9 9 9 9 9 Nº Consultas Linear (Nº Consultas) Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema 2.2.2.2 Ambulatório de Gineco-Obstetrícia Tabela 5. Distribuição Percentual de Consultas Médicas realizadas no Ambulatório de Saúde da Mulher segundo especialidades. HMI, novembro de 2008 a outubro de 2009. Especialidades Número % Ginecologia Geral 7.687 66,7 Onco Ginecologia 2.162 18,7 Obstetrícia 1.689 14,6 Total 11.538 100,00 Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema 15 Gráfico 4. Evolução do Número de Consultas de Gineco-Obstetrícia, segundo mês, no período de novembro de 2008 a outubro de 2009. 1200 1050 900 750 600 450 300 150 0 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 Nº Consultas jul/09 ago/09 set/09 out/09 Linear (Nº Consultas) Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema 2.2.3. Indicadores de Atenção em Urgência Tabela 6. Distribuição Percentual de Atendimentos de Urgência segundo especialidade. HMI, novembro de 2008 a outubro de 2009. Tipo Número % Pediatria 34.469 73,7 Ginecologia 4.453 9,5 Obstetrícia 7.880 16,8 Total 46.802 100,0 Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema Gráfico 5. Evolução do Número de Consultas de Urgência. HMI, novembro de 2008 a outubro de 2009. 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 nov/08dez/08jan/09fev/09mar/09abr/09mai/09jun/09 jul/09ago/09set/09out/09 Nº Consultas Fonte: Sistema de Informação Hospitalar/NTI-Famema Linear (Nº Consultas) 16 Gráfico 6. Distribuição Percentual de Atendimentos de Urgência Ginecológica, segundo as cinco principais causas no período de novembro de 2008 a outubro de 2009. 4,85% Outros transtornos do trato urinário 13 , 2 3 % 4,88% Menstruação excessiva, frequente e irregular Dor e outras afecções associadas com os órgãos genitais femininos Outros estados pós-cirúrgicos 7,86% Outros sangramentos anormais do útero e da vagina 7,98% No ta : As de m a is c a us a s po s s ue m po rc e nta ge m a ba ixo de 4%. F o nte : NTI - F a m e m a . Gráfico 7. Distribuição Percentual dos Atendimentos de Urgência Obstétrica, segundo as seis principais causas, no período de novembro de 2008 a outubro de 2009. Supervisão de gravidez normal 5,15% 4,06% 3,47% 36,98% 6,29% Infecções do trato geniturinário na gravidez Assistência materna por outras complicações Outras doenças da mãe, COP, mas que complicam a gravidez Hemorragia do início da gravidez 11,64% No ta: A s demais causas possuem porcentagem abaixo de 3,10%. Fo nte: NTI-Famema. Aborto não especificado 17 Gráfico 8. Distribuição Percentual dos Atendimentos de Urgência Pediátrica segundo as dez principais causas, no período de novembro de 2008 a outubro de 2009. 3,50% 3,49% Nasofaringite aguda [resfriado comum] Diarreia e gastroent. de origem infec.presumível Infec. agudas das vias aéreas superiores de localizações múltiplas Traumatismo intracraniano 7,86% 3,59% 6,59% Amigdalite aguda 3,83% 4,48% 4,68% 6,20% 4,89% Febre de origem desconhecida Náusea e vômitos Sinusite aguda Nota: As demais causas possuem porcentagem abaixo de 3,03%. Fonte: NT I-Famema. Pneumonia por microorganismo nao esp. Asma 2.3. Formação A história da Famema na formação de profissionais de saúde, principalmente em relação às iniciativas dos cursos que buscam a transformação de suas próprias práticas, a articulação cooperativa com os cursos de graduação em Enfermagem e Medicina, de Residências Médicas, entre elas na área de Pediatria e Gineco-Obstetrícia e Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade inicia um movimento ampliado e integrado de transformação das práticas educacionais e de formação na área da saúde na Famema. Pode ser destacado que está em curso a construção do projeto de residência integrada com ênfase na linha de cuidado materno-infantil. 2.4. A Articulação Ensino-Serviço A parceria entre Faculdade/Serviços vem buscando estabelecer uma articulação sistematizada e reflexiva entre o mundo do trabalho, da aprendizagem e a sociedade. Pressupõe que o Sistema de Saúde passe a 18 operar com a lógica da formação e da educação permanente dos profissionais de saúde, em toda a rede de cuidados. A parceria entre a Famema e as Redes de Atenção à Saúde regional e municipal é um dos elementos estratégicos. A parceria entre a Famema e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vem sendo historicamente construída desde a década de 80 com o projeto de integração docente/assistencial e fortalecida, posteriormente, com o projeto UNI-Marília. Mais recentemente, o projeto Famema Século XXI, vinculado ao Promed4 e Pro-Saúde5, incorporando de forma orgânica a inserção de docentes e residentes nos serviços locais de saúde. A trajetória da Famema valida o compromisso com a qualidade e excelência do ensino na área da saúde e com a produção de conhecimento socialmente relevante. A parceria entre os serviços intra-institucional, municipal e regional assegura a integração com o mundo do trabalho e, o compromisso com as necessidades de saúde das pessoas e com a consolidação do SUS. O foco na integralidade e na humanização do cuidado à saúde visa ampliar e potencializar a atuação do profissional de saúde para além do campo biológico. O propósito desta formação é o de ampliar e não o de negar. O Hospital das Clínicas – Unidade I Clínico-cirúrgica em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde Municipal (SMS) desenvolve o Programa Interdisciplinar de Internação Domiciliar (PROIID), sendo responsável pelo cuidado à população adulta idosa, com limitações funcionais nas atividades diárias e que necessitam de monitorização e cuidado continuado no domicílio. A equipe multidisciplinar presta o cuidado mediante referência dos demais serviços do SUS - local e mediante rotina pré-estabelecida. 2.5. Contexto da Saúde Materno Infantil Desde a década de 70 a saúde materno-infantil tem sido foco de discussão pelo estado e sociedade, passando, em 1984, pela formulação de programas específicos à saúde da criança e da mulher - Programa de 4 Programa de incentivo às mudanças curriculares em cursos de medicina. Ministérios da Saúde e Educação, 2002. 5 Programa de incentivo às mudanças curriculares, formulado e financiado pelo Ministério da saúde em parceria com o Ministério da Educação em 2005, que objetiva incentivar a transformação do processo de formação direcionada à construção do fortalecimento do SUS. 19 Assistência Integral a Saúde da Criança (PAISC) e Programa de Assistência à Saúde da Mulher (PAISM). Considerando a identificação de lacunas no tocante a qualidade da assistência na implementação desses programas, surgiram propostas como a construção da agenda de compromissos com a saúde integral da criança e mulher e a redução da mortalidade materna e infantil. Desde a constituição de 1988, com o modelo de assistência proposto pelo SUS, a redução da mortalidade infantil e materna vem se consistindo em uma prioridade. Em 2004, há o lançamento do Pacto pela redução da mortalidade materna e infantil e em 2006 com o Pacto pela Saúde, a melhoria da saúde e a redução da mortalidade materno-infantil são reafirmadas como ações prioritárias no Pacto pela Vida. O pacto pela saúde tem como pressupostos teóricos alguns conceitos, entre eles relacionados à construção de rede de assistência por linha de cuidado. Um conjunto de ações implementadas para grupos específicos de pessoas e suas necessidades constitui-se em uma linha de cuidado e “supõe trânsito entre ações e entre serviços, ambos necessitando de estar suficientemente acessíveis e complementando-se, tendo em vista atender integralmente alguém” (CECCIM, 2007, p. 2 ). Nesse sentido, a Rede de Cuidados Materno-Infantil tem um rearranjo organizacional que busca dar respaldo ao Modelo de Atenção à Saúde em processo de transformação. Norteia este arranjo a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a participação coletiva no processo de gestão e a indissociabilidade entre atenção e gestão. Os indicadores epidemiológicos do Brasil mostram uma realidade na qual convivem doenças dos países desenvolvidos (cardiovasculares e crônicodegenerativas) com aquelas típicas do mundo subdesenvolvido (mortalidade materna e desnutrição). Os padrões de morbi-mortalidade encontrados nas mulheres revelam também essa mistura de doenças, que seguem as diferenças de desenvolvimento regional e de classe social. Esse contexto expressa a relevância da modalidade de atenção “Internação Domiciliar” estar inserida na linha de cuidado materno-infantil, humanizando o cuidado e permitindo a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Espera-se que a equipe multiprofissional de saúde será capaz de 20 enfrentar o adoecimento das pessoas, no contexto do domicílio, ampliando as capacidades dos pacientes para o auto-cuidado e valorizando a autonomia do indivíduo, familiares e cuidadores. Uma equipe que considere as dimensões subjetiva e social de cada pessoa e de cada família que tornam singular a experiência de adoecimento, visando uma melhor compreensão sobre as condições de vida e a elaboração de planos de cuidado contextualizados e voltados para a melhoria da qualidade de vida. Para tanto, utiliza o trabalho em equipe e articula as práticas de cuidado à saúde individual e coletiva visando obter vínculo, responsabilização, maior efetividade, eficácia, eficiência e o menor dano possível. O HC II Unidade Materno-Infantil, buscando a reorganização da assistência prestada de forma a atender as necessidades das pessoas, tem como proposta a implantação de um programa de internação domiciliar com a finalidade de dar continuidade no cuidado prestado durante a internação hospitalar. 2.5.1. Perfil Epidemiológico Materno Infantil Podemos observar no gráfico abaixo, que a tendência de queda da mortalidade infantil a partir de 2007 se inverte e passa a apresentar tendência de aumento, evidenciando que novas práticas precisam ser instituídas. Gráfico 9. Coeficiente de Mortalidade Infantil por 1000 Nascidos Vivos. Município de Marilia, 2004 a 2008. 18 coef. por 1000 NV 17 16,8 16 15 14,8 14 13,9 13 12,4 12 11 10,8 10 2004 Fonte: SEADE 2005 2006 2007 2008 21 Coef. por 100.000 NV Gráfico 10. Coeficiente de Mortalidade Materna por 100.000 Nascidos Vivos. Município de Marília, 2004 a 2007. 120 100 80 60 40 20 0 111,5 34,4 37,5 0 2004 2005 2006 2007 Já a Mortalidade Materna a partir de 2005 vem apresentando valores que apontam para a necessidade de práticas mais cuidadoras no período prénatal e puerpério. Tabela 7. Distribuição Percentual das principais causas internações de crianças menores de 15 anos, segundo capítulo da CID-10, de residentes em Marília, no período de 2004 a 2007. Causas 2004 2005 2006 2007 Doenças do Ap. respiratório 619 742 676 652 Lesões, Envenenamentos e algumas 408 456 372 334 328 376 281 308 Doenças do Ap. Digestivo 236 258 240 235 Doenças do Ap. Genito-urinário 197 225 142 148 Neoplasias 144 106 157 173 Algumas Doenças Infecciosas e 119 167 162 173 Malformações Congênitas 120 112 101 109 Demais Causas 622 602 549 654 Total 2.793 3.044 2.680 2.786 outras conseqüências, Causas Externas Algumas Afecções originadas no período Perinatal Parasitárias Fonte: DATASUS/SIH 22 É possível verificar que dentre as principais causas de internações encontra-se morbidades que potencialmente podem gerar necessidades de cuidados prolongados e paliativos, como caudas externas, neoplasias, malformações congênitas. Tabela 8. Distribuição Percentual das principais causas internações de mulheres de 15 anos e mais, segundo capítulo da CID-10, de residentes em Marília, no período de 2004 a 2007. Causas 2004 2005 2006 2007 Gravidez, Parto e Puerpério 3.032 3.076 2.825 2.758 Doenças do Aparelho Circulatório 1.295 1.171 1.200 1.809 Doenças Mentais e Comportamentais 728 753 765 565 Doenças do Ap. Genito-urinário 832 715 621 566 Neoplasias 748 808 696 779 Lesões, Envenenamentos e algumas 588 637 550 671 Doenças do Ap. Digestivo 535 614 377 372 Demais Causas 1.725 1.546 1.595 1.653 Total 9.483 9.320 8.629 9.173 outras conseqüências, Causas Externas Fonte: DATASUS/SIH Com relação ás mulheres, Gravidez, Parto e Puerpério é a primeira causa de internação. Neste grupo estão incluídas as gestações de risco (estimativa média de 450/ano – 15%), as intercorrências da gravidez (trombofilia, varizes, emese gravídica, hipertensão arterial), abortos, dentre outras. Todas as patologias que se beneficiaria de um cuidado domiciliar. 3. OBJETIVOS A modalidade de cuidado da Internação Domiciliar visa: Contribuir para a (re) organização da assistência intra-hospitalar, com a finalidade de preparar o paciente, a família/cuidador para a alta hospitalar e assim, facilitar a continuidade de assistência no domicílio; 23 Organizar o trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar, favorecendo a construção de espaços coletivos para gestão da produção de cuidados, compromisso e responsabilização; Garantir a continuidade de assistência no domicílio, buscando a interface entre a rede pré-hospitalar, hospitalar e básica de saúde; Proporcionar a participação do paciente, família/cuidador no esforço da recuperação, visando à parceria terapêutica e a autonomia pelo autocuidado; Estabelecer um maior contato do paciente com sua família visando uma recuperação mais rápida do paciente, por estar em seu ambiente e não sujeito ao stress de uma internação hospitalar; Reduzir o tempo de internação hospitalar, as re-internações e conseqüentemente os riscos de infecções hospitalares e o custo da assistência; Proporcionar a educação em saúde ao paciente, família e cuidador; Contribuir na formação de profissionais na área da saúde, inserindo a internação domiciliar como cenário de cuidado-aprendizagem; e Proporcionar a humanização do atendimento e acompanhamento de pacientes cronicamente dependentes de hospital. 4. MODELO TÉCNICO ASSISTENCIAL PROPOSTO Visando à re-formulação da Assistência Domiciliar, hoje com 01 Equipe de Internação Domiciliar dirigida ao idoso, propõe-se a implantação de uma Equipe de Internação Domiciliar com ênfase na linha de cuidado maternoinfantil sob a gestão do HC II Unidade Materno Infantil. A equipe será inserida na rede de cuidados materno-infantil através de mecanismos claros de co-responsabilização pelos cuidados prestados. Assim, a solicitação de inclusão no programa pode partir das equipes de saúde da Gineco-Obstetrícia ou da Pediatria, além das Unidades de Atenção Básica local, sendo que a avaliação para inclusão deverá ser de responsabilidade da Equipe de Internação Domiciliar. Quando os usuários estiverem em condições de alta do programa, essa responsabilidade será transferida ao gestor/ordenador do cuidado, ou seja, à atenção básica. Caso haja 24 agravamentos sujeitos a intervenção terapêutica de maior intensidade e densidade de cuidados, estes poderão, de acordo com a necessidade, ser transferidos para a Unidade Hospitalar Materno Infantil. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU será a retaguarda para as equipes de Internação Domiciliar para o atendimento às situações de urgência, eventos esperados em parcela da população sob esta cobertura assistencial. Em caso de necessidade de referências por parte das equipes ou dos cuidadores dos usuários da internação domiciliar, estes contarão com o sistema pré-hospitalar móvel e com a Unidade Hospitalar Materno Infantil. Se a necessidade identificada for de procedimentos eletivos a equipe acionará o Núcleo de Acolhimento da Famema. Esta proposta de inserção da equipe de Internação Domiciliar pode atuar como “costura” entre o nível hospitalar e a atenção básica, fortalecendo o sistema e, particularmente, a ESF, desde que se reconheçam os limites das competências e resolubilidades verificadas na atenção básica, na internação domiciliar e na atenção hospitalar. Esses limites são estabelecidos pela complexidade dos casos, da capacitação dos trabalhadores de saúde, de capacidade de ação multiprofissional, do domínio de tecnologias e das características dos processos de gestão dos cuidados. O estabelecimento de responsabilidade compartilhada entre níveis distintos da rede de serviços de saúde torna-se imprescindível a fim de garantir a continuidade indispensável ao atendimento das necessidades de grupos particularmente vulneráveis. Compartilhar responsabilidades entre equipamentos e equipes faz sentido, por ser elemento constitutivo do conceito de estação na linha de cuidados. Essa possibilidade ocupada pela internação domiciliar confere integralidade no âmbito da rede de serviços, referente aos usuários portadores de incapacidade funcional em processos de adoecimento ou que necessitarem de cuidados paliativos. 25 FLUXOGRAMA UBS/USF Pessoa atendida no Hosp. Re-internação domiciliar Residência Internação Hospitalar (trabalho com família) Alta(*) Re-internação Hospitalar Alta (*) Alta (*) Internação Domiciliar (Família/cuidador) Seguimento por equipe multiprofissional (*) Acampanhamento pela UBS/USF Figura 4 – Fluxograma do Atendimento na Rede de Cuidado, considerando a Internação Domiciliar. 4.1 Equipe e Capacidade de Atendimento Quadro 1 – Capacidade Planejada e Operacional. Equipe Multiprofissional de Internação Domiciliar, HC – Materno Infantil. Marília, novembro de 2009. Equipe Capacidade Planejada Nº. de Média de Internações/mês Permanência (leitos de ID) Atendimento Médio (dias) estimado/ano Equipe 30 30 30 360 Total 30 30 30 360 26 4.2. Equipe Multiprofissional de Internação Domiciliar Quadro 2 – Profissionais e profissão segundo Equipe Multiprofissional de Internação Domiciliar, HCII-Unidade Materno-Infantil. Marília, novembro de 2009. Profissão Médico Pediatra Médico Gineco-Obstetra Enfermeiro Total Nome Equipe de Referência 01 Vanesca Petracca Abdala de Arruda 01 Carla Bicudo Ramos 01 Maria das Neves Firmino Auxiliar de enfermagem 02 Conselho Carga de Horária Profissão Semanal CRM 86.897 CRM 94.827 COREN 47.536 COREN 94.573 374.905 20 20 40 Doraci Dias da Silva 30 Aparecido Balbuíno Equipe de Apoio Matricial Assistente Social 01 Todos profissionais, hoje já contratados, fazem parte das Equipes de Cuidado Materno Infantil Nutricionista 01 e farão apoio matricial, segundo as Psicólogo 01 necessidades identificadas e planos Terapeuta Ocupacional 01 terapêuticos singulares elaborados pela Fonoaudiólogo 01 Equipe de Referência. Fisioterapeuta 01 Apoio Administrativo Auxiliar Administrativo* 01 Condutor de Veículos* 01 Total de Profissionais 13 Observação: outros profissionais do Hospital Materno Infantil poderão apoiar a equipe se necessário. * a serem contratados 4.3. Equipamentos e Insumos A área física a abrigar a equipe está planejada no HCII-Unidade Materno-Infantil, com sala administrativa e sala de reuniões para equipe, além de uma para guarda de equipamentos. 27 Quadro 3 – Equipamentos/Materiais a serem disponibilizados para a equipe. HCII- Unidade Materno-Infantil. Marília, novembro de 2009. Quantidade 02 01 03 03 04 02 01 02 02 02 04 05 100 05 02 02 05 05 05 15 02 05 02 05 200 100 40 05 05 10 01 10 01 10 05 04 01 01 04 01 04 04 04 Equipamento/Material Agendas Adipômetro clínico Ambú adulto completo Ambú infantil completo Andadores Aparelho de Telefone Aparelho telefone celular Armário de aço com duas portas Armário de Aço tipo prateleira Armário guarda volume Arquivo com gavetas Aspiradores portáteis Aventais de algodão Bandeja Balança digital portátil Balança digital portátil infantil Berço hospitalar com grade e colchão Bolsa de água quente Bolsa de gelo Cadeira fixa sem braço Cadeira Giratória Cadeiras de banho Calculadora simples Camas hospitalares com grades Compressas de algodão Campo duplo fechado 70x70 de tecido de algodão Campo simples fechado 50x50 de tecido de algodão Colchões casca de ovo Colchões encapados com courvim Comadres Computador Concentrador de O2 Notebook Conjuntos de nebulização para Oxigênio Cuba redonda para assepsia 9 cm Cuba rim Dicionário de especialidades farmacêuticas Aparelho para triagem auditiva Esfigmomanômetro adulto Estadiômetro Estetoscópio adulto Esfigmomanômetro infantil Estetoscópio infantil 28 01 04 04 05 02 01 40 02 02 02 02 02 04 01 01 10 02 02 03 02 01 02 10 02 02 02 20 20 20 20 10 02 30 10 02 10 05 02 02 20 04 20 01 01 10 01 04 04 Fax Fluxômetro de 02 Fluxômetro de ar comprimido Fluter Glicosímetro Impressora Multifuncional Inalador ultra sônico portátil Jogo de laringoscópio completo com lâminas adulto Jogo de laringoscópio com lâminas infantil Jogos de cânula de traqueostomia de metal infantil Jogos de cânula de traqueostomia metal adulto Kits de avaliação nutricional Lanterna pequena Linha Telefônica Lista telefônica Maleta Branca Maleta de primeiros socorros Maleta Médica Jogos máscara de Venturi Mesa oval para reunião Mesa para Computador Mesa Tipo Escrivaninha Óculos de proteção Oftalmoscópio Otoscópio Oxímetro de Pulso Portátil Pinça anatômica de 14 cm Pinça dente de rato de 14 cm Pinça Kelly reta 14 cm Pinça Kocher reta 14 cm Pranchetas Quadro tipo mural Respiron Roda de conforto gel Régua antropométrica Suportes de soros Tábuas de refluxo Telefone celular Tensys Tesoura reta F/R 14 cm Torpedos de O2 Traquéias corrugadas Tricotomizador elétrico Ultra-som (aparelho de fisioterapia calor profundo) Umidificadores de oxigênio completo (com extensão) Veículo Ventilador Médio de parede Vibradores 29 Quadro 4 – Média de Consumo Mensal dos Insumos segundo tipo a serem disponibilizados para a equipe. HCII- Unidade Materno-Infantil. Marília, novembro de 2009. Quantidade 06 pacotes com 100 unidades 02 caixas 80 unidades 80 unidades 80 unidades 10 rolos de 500 g 160 unidades 160 unidades 160 unidades 04 rolos 20 unidade 100 unidades 40 unidades 10 caixas com 300 pacotes com 05 unidades cada. 10 unidades 50 pacotes 30 pacotes 04 rolos 1.000 unidades 1.000 unidades 500 unidades 40 unidades 40 unidades 40 unidades 40 unidades 40 unidades 10 rolos 04 rolos 100 unidades 40 unidades 40 unidades 40 unidades 40 unidades 20 rolos 100 rolos 04 unidades Especificação do Material Abaixador de língua Agulha de insulina estéril Agulha hipodérmica 25x7 estéril Agulha hipodérmica 25x8 estéril Agulha hipodérmica 40x12 estéril Algodão hidrófilo com 100% de algodão Atadura de crepe 15 cm Atadura de crepe 10 cm Atadura de crepe 05 cm Cadarço branco 28/10, 10 m, 90% algodão e 10% poliéster. Cateter íntima 20 Cateter de O2 tipo óculos infantil Coletor de urina sistema fechado com sistema anti-refluxo Compressa de Gazes 7,5x7,5 cm esterilizadas com 08 dobras, 13 fios/cm2 Concentrador de Oxigênio Copo descartável grande Copo descartável pequeno Cordonê branco Curvas de Crescimeno Equipo de soro gotas (macro) estéril Equipo de soro gotas (micro) estéril Bureta Escalpe 19 estéril Escalpe 21 estéril Escalpe 23 estéril Escalpe 25 estéril Esclape 27 estéril Esparadrapo Etiquetas médias Frasco descartável para dietas gastro-enterais Fios de sutura catgut 2-0 Fios de sutura monoinylon 2-0 Fios de sutura mononylon 3-0 Fios de sutura mononylon 4-0 Fita adesiva branca nº. 332 de t9 mmx50m Fita adesiva hipoalérgica para curativos (Micropore) 25 mmX10m Fita métrica 30 1.000 unidades 50 unidades 50 unidades 100 unidades 50 unidades 100 unidades 100 unidades 100 unidades 50 unidades 50 unidades 50 unidades 10 unidades 10 unidades 50 unidades 50 unidades 50 unidades 40 unidades 20 caixas com 100 luvas 120 caixas com 100 luvas 60 caixas com 100 luvas 50 unidades 50 unidades 50 unidades 500 unidades 50 unidades 50 pacotes 50 unidades 200 unidades 60 unidades 120 unidades 2.000 unidades 1000 unidades 2.000 unidades 2.000 unidades 20 unidades 20 unidades 40 unidades 40 unidades 10 unidades Frasco descartável para administração de dieta nasogástrica, embalado individualmente, com sistema de vedação. Frasco para coleta de escarro Frasco para coleta de fezes Frasco para coleta de urina Frasco suwab Frascos para glicemia Frascos para hemograma Frascos para soro Jelco 20 Jelco 22 Jelco 24 Lâmina de bisturi nº. 22 Lamina de bisturi n 15 Luvas cirúrgicas estéreis 6,5 Luvas cirúrgicas estéreis 7,5 Luvas cirúrgicas estéreis 70 Luvas cirúrgicas estéreis 8,0 Luvas de látex para procedimento tamanho grande, levemente entalcada, descartável e não estéril. Luvas de látex para procedimento tamanho médio, levemente entalcada, descartável e não estéril. Luvas de látex para procedimento tamanho pequeno, levemente entalcada, descartável e não estéril. Jelco 20 Jelco 22 Jelco 24 Máscara descartável Pasta de Algodão envolto por gaze estéril 20X15 cm Papel toalha Polifix 2 vias Seringa descartável 01 ml (insulina) estéril Seringa descartável 05 ml estéril Seringa descartável 10 ml estéril Seringa descartável 20 ml estéril Sonda de aspiração nº. 6 estéril Sonda de aspiração nº. 8 estéril Sonda de aspiração nº. 10 estéril Sonda de Levine nasogástrica nº. 8 estéril Sonda de Levine nasogástrica nº. 10 estéril Sonda de Levine nasogástrica nº. 12 estéril Sonda de Levine nasogástrica nº. 14 estéril Sonda nasoenteral adulto 12 FR, 45” (114 cm comprimento) opaca, com guia pré montada, extremidade com peso de tungstênio, poliuretano de grau médico, lubrificante ativado pela água, radiopaca, estéril com embalagem fechada e intacta e com conector em Y 31 10 unidades 10 unidades 60 unidades 60 unidades 200 unidades 60 unidades 40 unidades 10 unidades 10 unidades 10 unidades 10 unidades 20 unidades 08 unidades 08 unidades 04 unidades 12 unidades 10 metros Sonda nasoenteral 8, opaca, com guia pré montada, extremidade com peso de tungstênio, poliuretano de grau médico, lubrificante ativado pela água, radiopaca, estéril com embalagem fechada e intacta e com conector em Y (infantil) Sonda nasoenteral 10 opaca, com guia pré montada, extremidade com peso de tungstênio, poliuretano de grau médico, lubrificante ativado pela água, radiopaca, estéril com embalagem fechada e intacta e com conector em Y (infantil) Sonda uretral 06 estéril Sonda uretral 08 estéril Sonda uretral 10 estéril Sonda uretral 12 estéril Sonda uretral 14 estéril Sonda de demora de silicone 6 Sonda de demora de silicone 8 Sonda de demora de silicone 10 Sonda de demora de silicone 12 Sondas folley 12 Sondas folley 14 Sondas folley 16 Sondas folley 18 Termômetros digital Tubo de látex nº. 200 Quadro 5 – Média de Consumo Mensal de Medicamentos/Soluções segundo tipo a serem disponibilizados para a equipe. HCII- Unidade Materno-Infantil. Marília, novembro de 2009. Quantidade 10 frascos de 1000 ml 1.000 ampolas 10 frascos de 1000 ml 30 frascos 40 frascos 40 frascos 10 frascos 05 frascos 03 frascos 04 frascos 100 frascos 100 Frascos 100 Frascos 40 Frascos 40 Frascos Descrição do material Vaselina líquida Água destilada 10 ML Álcool etílico 70º G L Álcool etílico gel 7070º G L Atrovent Berotec Clorexedine degermante aquoso Clorexedine Alcoólico 2% Clorexedine Alcoólico4% Gel para ultrassom Soro fisiológico 0,9% 50 ML Soro fisiológico 0,9 % 100 ML Soro fisiológico 0,9% 250 ML Soro fisiológico 0,9% 500 ML Soro glicosado 0, 5 % 500 ML 32 4.4. Vinculação A Equipe de Internação Domiciliar será vinculada ao HC II – Unidade Materno-Infantil, fazendo interface entre a rede hospitalar e a rede básica. A vinculação acompanhará a trama estabelecida pela organização da rede de serviços, com particular atenção aos equipamentos destinados ao enfrentamento das situações de urgência (SAMU-192, Unidades de Pronto Atendimento e Unidade de Urgência do HC II – Unidade Materno Infantil). 4.5. Serviços de Referência para a Equipe de Internação Domiciliar Quadro 6 – Serviços de Referência para a Equipe de Internação Domiciliar segundo Tipo. HC - Materno-Infantil. Marília, novembro de 2009. Tipo de Cuidado Urgência Especialidades Médicas Diagnose/Terapia Complementar Rede Básica Serviços SAMU-192; Unidade de Urgência do Hospital Materno Infantil Ambulatórios do HC I e II e demais serviços contratados pelo SUS-Marília Serviços do Hospital das Clinicas e demais serviços contratados pelo SUS- Marília. 12 UBSs 29 ESFs 4.6. Relação com Atenção Pré-Hospitalar O SAMU-192 é o Regulador da Rede de Cuidado e assim a vinculação das equipes de internação domiciliar com este serviço será forte e funcionará como retaguarda nas situações urgência que são freqüentes neste tipo de modalidade de cuidado. 4.7. Prontuário A equipe elaborou um modelo de prontuário único interdisciplinar, favorecendo a construção de um plano terapêutico em equipe e vinculado ao Hospital Materno-Infantil. 33 4.8. Critérios Técnicos de Inclusão do usuário na Internação Domiciliar e mecanismos de acesso Com apoio e colaboração da família e por solicitação da equipe hospitalar ou da Rede de Atenção Básica, a criança, a gestante e a puérpera com necessidades especiais, que precisar de cuidados provisórios e/ou permanente, serão encaminhadas ao Programa de Internação Domiciliar. Em seguida a equipe multiprofissional procede a uma avaliação e decide pela internação ou não, de acordo com os seguintes critérios: Ter um diagnóstico definido e condições clínicas estáveis; Não necessitar de exames freqüentes e complexos e não depender de equipamentos de sustentação à vida; Possuir um responsável que exerça a função de cuidador e que assine o termo de compromisso e responsabilidade; Possuir no domicílio condições de acesso e recursos mínimos de infraestrutura; Domicílio no território do município; e Ter uma família com compreensão de seu papel e que colabora com a equipe do Programa de Internação Domiciliar. A Internação Domiciliar será sempre gerada a partir de uma solicitação de fonte encaminhadora: A informação é transmitida, por escrito, por um membro da equipe de cuidado intra-hospitalar, ao auxiliar administrativo lotado na sede do Programa de Internação Domiciliar. A Equipe de Internação Domiciliar discute os casos encaminhados diariamente para estabelecer um plano de trabalho e as intervenções que a situação precise. Em caso de intercorrências e ou urgências a família deverá entrar em contato com equipe de internação domiciliar, no período de seu funcionamento. Em outros períodos (noturno) deverá acionar o SAMU-192. Os pacientes re-internados no hospital podem voltar ao Programa da Internação Domiciliar se possuir as condições necessárias. Os critérios de alta serão decididos através de acordo entre os membros da equipe multidisciplinar. 34 A alta da internação domiciliar segue os seguintes critérios: Cura ou estabilidade clínica; Transferência para Hospital; A pedido do paciente ou cuidador; Falta de colaboração da família ou acompanhante; e Óbito. 4. 9. Critérios Técnicos de Exclusão do usuário na Internação Domiciliar Pacientes com: Necessidade de ventilação mecânica invasiva sem possibilidades de acompanhamento contínuo pela Equipe Multiprofissional da ID; Necessidade de monitorização contínua; Necessidade de cuidado de enfermagem contínuo; Necessidade de propedêutica complementar com demanda potencial de realização de vários procedimentos diagnósticos; Uso de medicação complexa com efeitos colaterais graves ou de difícil administração; Necessidade de tratamento cirúrgico em caráter de urgência; e Inexistência de cuidador contínuo identificado. 4.10. Protocolos de Cuidado As equipes de Internação Domiciliar constituídas deverão se organizar para o estabelecimento de diretrizes assistenciais para garantia de padronização e qualidade, nas diversas alternativas de enfrentamento de agravos e doenças prevalentes. Assim está em fase de construção Protocolos/Padronização para: Uso de Oxigenioterapia Domiciliar; Padronização de Cuidados com feridas no domicílio; Protocolo de Curativo pelo Cuidador; Manual de Orientação para familiares; Padronização das Orientações alimentares: 35 Observação: os demais serão construídos a partir das demandas e necessidades identificadas e relacionadas às patologias e intercorrências mais prevalentes. 4.11. Apuração e Análise de Custos da Internação Domiciliar É sabido que comparada à internação hospitalar, a internação domiciliar apresenta custos reduzidos que podem variar conforme o tipo de patologia, tempo de internação, a incidência de intercorrências, dentre outras. Alguns trabalhos demonstram redução de custos em média de 60%, além da otimização dos leitos hospitalares e redução das reinternações. O sucesso do gerenciamento do cuidado no domicílio depende da habilidade de controlar custos ao mesmo tempo em que se consegue garantir determinados padrões de qualidade da assistência. Assim, serão elaboradas planilhas de custos da atenção domiciliar, que possibilitem periodicamente o levantamento dos custos diretos e indiretos, visando estabelecer um custo médio da “diária de internação domiciliar”. Os indiretos dizem respeito aos materiais utilizados que serão agrupados em materiais de consumo, medicamentos, dietas e soluções, além de considerar os custos de deslocamentos das equipes e alocação dos equipamentos. Os custos diretos são os fixos: salários dos profissionais, luz, água e telefone, dentre outros. 5. PLANO OPERATIVO ANUAL COM METAS QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS E IMPACTO ESPERADO - 2010 O atual projeto propõe uma nova lógica de atenção, com enfoque na promoção e prevenção à saúde. Utilizando o domicílio como espaço central de atenção, buscando racionalizar a utilização dos leitos hospitalares e os custos do cuidado, além de construir uma nova lógica de atenção centrada na defesa da vida e na humanização do cuidado. Implica também, revisar o conceito de saúde e os determinantes históricos e culturais que incidem sobre as intervenções técnicas e sobre os problemas e necessidades de saúde da população. 36 A partir da aprovação do projeto e a garantia de financiamento serão desencadeadas ações visando sua implantação, a saber: 1. Desenvolvimento de um Programa de Educação Permanente à EID (Equipe de Internação Domiciliar), nas temáticas: Trabalho em Equipe Multidisciplinar; e Atenção na linha de cuidado materno-infantil 2. Intercâmbio com outros serviços que desenvolvem Internação Domiciliar com o objetivo de proporcionar às equipes experiências concretas. 3. Capacitar a equipe hospitalar do HC Materno-Infantil para o planejamento de alta elaborado de forma conjunta. 4. Elaborar protocolos para admissão e tratamento dos pacientes. 5. Implementação do programa para as crianças, gestantes e puérperas que receberem alta das unidades escolhidas. 6. Estabelecer um programa de “Cuidando do Cuidador”. 5.1. Metas Quantitativas Atingir em um ano uma taxa de ocupação dos leitos operacionais (30) ao redor de 80%. Reduzir em 20% os custos com internação hospitalar. Reduzir em 15% as taxas de infecção hospitalar. Realizar 04 cursos “Cuidando do Cuidador”. Emissão de relatório trimestral com divulgação em toda Rede de Cuidado. Elaborar folheto/folder com conteúdo educativo para utilização do serviço. 5. 2. Metas Qualitativas Promover um atendimento humanizado. Utilizar prontuário único com plano terapêutico interdisciplinar. Articulação do processo de alta com a rede de atenção básica, sistematizando o sistema de referência e contra-referência. Promover a recuperação do paciente em prazo reduzido, com qualidade através do cuidado domiciliar. 37 Criar Manual de orientações gerais ao paciente para ser deixado no domicílio. Instituir processo de avaliação da satisfação do usuário/cuidador. Inserir estudantes do curso de graduação em enfermagem e medicina da Famema. Inserir os Residentes médicos e Multiprofissionais neste cenário. Trabalhar de forma articulada e participativa com os diversos segmentos da rede de atenção básica. Realizar grupos de apoio e educação em saúde aos cuidadores e familiares. Utilizar tecnologias que permitam a criação de vínculos, a integralidade e sistematização das ações, visando à prestação de uma assistência de qualidade. 5.3. Impactos Esperados O HC Materno-Infantil espera com a operacionalização do programa, obter os seguintes resultados: Diminuir custos uma vez que as internações na assistência domiciliária equivalem a um terço do custo das intervenções realizadas em ambiente hospitalar (Duarte & Délboux, 2000); Proporcionar assistência humanizada e integral resgatando a relação paciente-família e equipe de saúde, com confiança mútua, repercutindo positivamente na evolução da melhora do paciente; Estimular o paciente e/ou a família para a participação ativa no tratamento proposto, melhorando o auto-cuidado; Prestar os cuidados necessários ao paciente em condições favoráveis, sem separá-lo do convívio familiar; Melhorar a qualidade do atendimento e evitar as infecções hospitalares; Aumentar o envolvimento do cliente/família com o planejamento e a execução dos cuidados necessários desenvolvidos de forma mais individualizada distribuídas. e assim, com responsabilidades eqüitativamente 38 Contribuir com a transformação do modelo de formação dos profissionais de saúde, bem como com a mudança da prática profissional. 6. AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO O monitoramento e a avaliação das ações desenvolvidas pela Equipe de Internação Domiciliar ocorrerão a partir da construção de indicadores de avaliação de processo e resultado, através da comparação com padrões previamente estabelecidos e divulgados a todos os serviços envolvidos. A avaliação do processo pressupõe os registros qualificados em prontuários feitos pelas equipes durante os atendimentos realizados e os registros em livro de ocorrências onde constarão os aspectos considerados relevantes. A partir deles semestralmente será feito uma análise qualitativa, a partir de amostragem significativa. O Processo de Educação Permanente será uma outra estratégia para reflexão da prática pelas equipes, com apoio de um facilitador de Educação Permanente da Famema. 39 Quadro 7– Conjuntos de Indicadores Propostos para Avaliação do Trabalho da Equipe de Internação Domiciliar e sua periodicidade. HC- Materno-Infantil. Marília, novembro de 2009. Indicador Periodicidade de Produção Taxa de Mortalidade Mensal Taxa de Internação Hospitalar após atenção Mensal domiciliar Taxa de Infecção em pacientes em internação Mensal domiciliar Taxa de Alta dos pacientes em internação Mensal domiciliar Média de Pacientes/Dia Internados Mensal Taxa de Ocupação Mensal Média de permanência dia dos pacientes Mensal internados Número de Encaminhamentos segundo fonte Mensal encaminhadora Distribuição percentual de pacientes internados Mensal segundo sexo e faixa etária Distribuição percentual de pacientes internados Mensal segundo morbidade Distribuição percentual das visitas realizadas Mensal pela equipe segundo profissão Distribuição percentual dos motivos de saída do Mensal programa Distribuição percentual dos motivos da não Mensal admissão no Programa Avaliação da satisfação do usuário e do cuidador Anual Avaliação do Custo da Internação Domiciliar Anual Observação: os relatórios serão elaborados trimestralmente, semestralmente e anualmente. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada: documento Projeto de Implantação de Atenção Domiciliar– Modalidade de Internação, no Sistema Único de Saúde. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do SUS, 2a Ed., Brasília, 2004. Campos, G.W.S.- Reforma da Reforma: repensando a saúde. HUCITEC, São Paulo, 1992. Cecílio, L.C.O. & Matsumoto, N.F.- Uma Taxonomia Operacional das Necessidades de Saúde, Mimeo. Campinas, 2002. Campos, G.W.S. – Saúde Paidéia.HUCITEC, São Paulo, 2003. Campos, G.W.S. – Modelos de Atenção à Saúde: A organização de Equipes de Referência na rede básica de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Betim, Minas Gerais. Cadernos de Saúde de Pública, Rio de Janeiro,2002. Jorge, A.O - A gestão Hospitalar sob a perspectiva da micropolítica do trabalho vivo> Tese de Doutorado apresenta ao DPM/FCM/UNICAMP. Merhy, E.E. – Saúde: Cartografia do Trabalho Vivo. HUCITEC, São Paulo, 2002. Merhy, E.E. – Um dos grandes Desafios para os Gestores do SUS: Apostar em novos modos de fabricar os modelos de atenção, in: Merhy, E.E.; Magalhães Jr, H.M.; Rimoli, J.; Franco, T.B.&Bueno, W.S. – O Trabalho em Saúde: olhando e experienciando o SUS no cotidiano. São Paulo: HUCITEC,2003.