EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA ILUMINAÇÃO E MICRO GERAÇÃO DE ENERGIA POR MEIO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS Novo Prédio da Escola SENAC - São Borja/RS Dr. José Wagner Maciel Kaehler Professor/Pesquisador do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Pampa Caroline Almeida Santos Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pampa [email protected] Maicon Barbieri Acadêmico do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Pampa [email protected] Resumo. Objetiva-se, por meio de reduções energéticas e micro geração de energia elétrica limpa, reduzir o consumo de energia de um prédio de seis pavimentos e melhorar a qualidade de iluminação. Esta instituição de ensino geraria a sua própria energia para suprir as necessidades locais de demanda de forma a não afetar ou agredir a natureza. Realiza-se um planejamento e dimensionamentos de painéis fotovoltaicos em uma micro usina elétrica no topo do próprio prédio da Instituição SENAC em São Borja/RS. Sugere-se o tipo de iluminação mais adequada para o local de estudo, de forma que esta é mais eficiente e economicamente viável. Relata-se os ganhos em valores anuais de energia economizada com a aplicação destes sistemas. Palavras-chave: Iluminação Eficiente; Geração Distribuída; Cálculo Financeiro. 1. INTRODUÇÃO Não só os fatores financeiros merecem destaque para uma auditoria energética, pois se realiza uma avaliação da qualidade da energia, da geometria do edifício, da iluminação, adequações ergonômicas e níveis de conforto que também trazem melhorias consideráveis, quanto à condição de vida dos habitantes da edificação na fase de prática de projeto. Assim sendo o presente trabalho tem como objetivo principal apresentar um projeto viável e aceitável para a Instituição de Ensino SENAC, favorecendo a edificação para além de consumir menos energia produzir a sua própria energia limpa de qualidade, assim, diminuindo os impactos ambientais em São Borja/RS. Para isso será importante buscar alternativas viáveis para redução de consumo energético. E justifica-se com base nos estudos atuais sobre recursos naturais e demandas energéticas globais que necessitam de cuidados urgentes, a fim de não haver maiores danos, assim colaborando e ingressando em um nível de consumo desprezível com relação ao porte da edificação que tem seis pavimentos. Desta forma, primeiramente fez-se um levantamento técnico analítico às características da edificação em estudo; melhoria na iluminação e até micro geração integrada; chegando a uma análise contábil dos investimentos e retornos até a viabilização deste projeto. 2. PROPOSTA DE ILUMINAÇÃO EFICIENTE E ADEQUADA Para determinar o sistema mais eficiente de iluminação é necessário o entendimento dos horários de funcionamento da instituição. Na Tabela 1 constam os horários que são previstos os turnos de funcionamento, XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil sendo dois diurnos e um noturno. Divididos em seis dias na semana, considerando que não haveria atividades no domingo. Totaliza-se então 650 lâmpadas a serem eficientizadas. TABELA 2. Sistema atual e proposto. TABELA 1. Horários de funcionamento da instituição. FUNCIONAMENTO DA INSTITUIÇÃO Turno 1 Turno 2 Turno 3 Total INÍCIO 07:30 13:30 18:30 07:30 TÉRMINO 12:30 18:30 23:30 23:30 HORAS DIÁRIAS 05:00 05:00 05:00 15:00 DIAS/SEMANA 6 6 6 6 DIAS/MÊS 24 24 24 24 MESES/ANO 11 11 11 11 Dando sequência ao processo de eficientização do edifício SENAC, passamos a analisar os dados, usando métodos e materiais que possibilitam a viabilidade do investimento nas melhorias propostas. 2.1 Avaliação Luminotécnica Constantemente se encontram no mercado novas tecnologias e métodos para melhoria na iluminação interna e externa, sempre visando melhor relação custo benefício. Propôs-se a compra de lâmpadas mais eficientes, visto que não se sabe quais serão os reatores adotados, usaram-se os de acordo com a normatização de eficientização. - Iluminação artificial atual (suposição de utilização mais comum nos casos): Luminária fluorescente (2 x 32W) de SOBREPOR, branca, refletor de alto brilho (ref.: Lumicenter CAA02 S32) com 2 lâmpadas fluorescente tubular 32W (ref.: Energy Saver L32/21-840 OSRAM), 1 reator duplo, 2 x 32W, 220V, AFP-PR, eletrônico (ref.: Quicktronic QTIS 2 x 32, digital, 220V OSRAM), refletor facetado em alumínio brilhante de alta pureza. - Iluminação artificial proposta: Luminária fluorescente (2 x 28W) de SOBREPOR, branca, refletor de alto brilho (ref.: LumicenterFAA01 S28) com 2 lâmpadas fluorescente tubular 28W (ref: SmartLux OSRAM), 1 reator duplo eletrônico T5 2X28W Bivolt INTRAL Ref: (02475) REHT5 2X28/127-220/5.6, refletor facetado em alumínio brilhante de alta pureza. ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL Tipo (Ambiental/Localizada) Tipo de Lâmpada Número Lâmpadas Potência da Lâmpada por Luminária (W) Vida útil da lâmpada (horas) Lâmpadas por Luminária Serviço Energético Lâmpada [lumens] Tipo de Reator Potência do Reator Vida útil do reator (horas) Potência Demandada por Luminária (W) Custo unitário (R$) Custo Total (R$) Potencia total (W) ATUAL EFICIENTE Interna Interna Energy Saver L32/21-840 OSRAM 650 SmartLux OSRAM T5 HE 650 32 28 7500 30000 2 2 2775 2900 Eletromagnético 16 6000 Eletrônico 6 30000 96 68 134 43550 31200 197 64025 22100 Com isso há uma diminuição na demanda de energia de 9,10 kW, representando diminuição na fatura de energia elétrica anual, em torno de 9.429,55 reias, tornando-se um valor expressivo nos custos da empresa. Cálculos como custo de instalação e diagnósticos energéticos serão adotados na faixa de 10% do valor envolvido, esse valor pode variar dependendo do produto. O valor do investimento refere-se ao comparativo de investimentos com luminárias mais eficientes. Com isso, pode-se obter os valores para o cálculo do financiamento e em quanto tempo poderá se ter o retorno deste investimento para a instituição. TABELA 3. Cálculo econômico financeiro. Cálculo Econômico - Financeiro Investimento Total Economia Anual de Energia Economia de Energia Anual Atualizada Parcela Mensal da Economia de Energia Parcela mensal de Economia Número Parcelas Financiamento (meses) Valor das Parcelas (mês) de Financiamento Valor Presente do Montante Financiado Concessionária Valor Total do Contrato XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil R$ 20.679,75 R$ 9.429,55 R$ 8.419,24 R$ 745,63 R$ 745,63 32 R$ 752,35 R$ 20.875,98 R$ 24.075,22 Por fim, a simulação do retorno do investimento em luminárias e lâmpadas mais eficientes se obteve ao fim do 3º ano (32 meses) após implantação. Visto que a lâmpada eficiente tem vida útil de 30.000 horas, o investimento é válido. Esse tempo de retorno do investimento varia proporcionalmente com a utilização do equipamento em questão. Quanto maior a taxa de utilização, mais rápido será o retorno, e vice-versa. 3. PROPOSTA DE MICRO GERAÇÃO A proposta tem como base usar os artifícios da nova Resolução Normativa nº 517/2012, que tem o princípio de dispor ao consumidor final a liberdade de gerar sua própria energia, entregar a rede elétrica por um valor diferenciado e utilizar a mesma em um período de até 36 meses. Como a região sul do Brasil dispõe-se de valores altos de radiação, viabilizar-se-á a instalação de painéis fotovoltaicos dimensionados para atender a demanda de energia das 17 até às 22 horas. De acordo com a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição - TUSD (AES SUL) do posto fora de ponta da Branca e a TUSD da tarifa convencionale seu valor de 0,445419 R$/kWh (ANEEL) para o devido fim, a carga total do edifício e a taxa de utilização da infraestrutura, para tanto se apresenta os seguintes cálculos: - Custos da energia ao consumidor em horários de ponta e fora de ponta que pode triplicar, por isso apresenta-se as Tabela 4 que definem as diferenças nestes períodos. TABELA 4. Comparativo de custo de energia diário no período estipulado. Horário 17-18 H 21-22 H Custo Diário (R$) R$ 19,41 R$ 29,11 - Custo médio da energia no período das 18 às 21 horas: nesses períodos de tempo, o custo da energia ao consumidor quintuplica, então para obtermos o custo diário dessa energia, também teremos que utilizar a de- manda do edifício e a taxa de utilização do mesmo nesse período, obtendo então: TABELA 5. Comparativo de custo de energia diário no período estipulado. Horário 18-21 H Custo Diário (R$) R$ 218,36 Dispondo assim, de um custo diário de energia no período das 17 às 22 horas, com valor de R$ 218,36. Para iniciar os cálculos de quantos painéis fotovoltaicos precisar-seá para a compensação energética, basta dividir o custo em cada horário pela tarifa exercida, dispondo da Tabela 6; TABELA 6. Comparativo de custo de energia diário total. Horário 17-18 H 18-21 H 21-22 H Total Custo Diário (R$) R$19,41 R$218,36 R$29,11 R$ 266,88 Potência para Compensação (KW) 34,9090 392,7272 52,3636 480 Como as tarifas de energia são mais representativas nos meses de verão, ou seja, no período em que a demanda energética provinda dos condicionadores de ar representa grande impacto devido à insolação e radiação, buscou-se como base dos cálculos, atender a maior demanda de energia anual. Então, vamos adaptar um período médio de geração fotovoltaica de 8 horas/dia. O painel fotovoltaico utilizado abordará o critério de atender as dimensões do edifício e a disponibilidade do produto no mercado nacional, dispondo assim do modelo KYOCERA, 240 Watts. Utilizando 250 painéis fotovoltaicos à um custo unitário de R$ 989,00 mais o custo de frete, dos fixadores da estrutura para os paineis, do registrador Smart Grid e Inversor de rede de 24V para 220V o total do investimento é de R$ 368.080,00 economizandose assim R$ 74.726,40 por ano. Tem-se retorno do investimento no início do 9º ano após implantação dos painéis, tornando-se uma alternativa muito viável para o edifício estudado, sabendo que a vida útil dos painéis utilizados está na faixa de 30 XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil a 40 anos, garantido pelo fornecedor; e ainda garantia de fábrica de 10 anos. Estimando que o consumo diário das 17 às 22 horas é de em torno de 110 kW, constatamos que o banco de painéis terá que enviar à rede de distribuição 480 kW nas 8 horas de sol, para utilizar os 110 kW no período de maior custo ou dentro do período habilitado para a utilização. O número de painéis fotovoltaicos ficou restrito à área de telhado metálico do prédio principal, sendo em torno de 450 m² com a devida inclinação de 39º, que é obrigatória para garantir a maior incidência solar para a cidade em estudo. Se o consumo do prédio for superior ao valor estipulado (110 kW), a micro geração não conseguirá atender ao consumo total nesse período, mas mesmo assim irar-se-á garantir a viabilidade da implantação deste sistema. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil) - ANEEL. Resolução Homologatória nº 1.280, de 17 de Abril de 2012. Estabelece as tarifas de fornecimento de energia elétrica e as Tarifas de Uso dos Sistemas de Distribuição TUSDs, e homologa as tarifas de suprimento para a distribuidora Usina Hidroelétrica Nova Palma Ltda. NOVA PALMA ENERGIA. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/biblioteca/>. Acesso em: Fevereiro de 2014. 4. Resultados e Discussões CASTRO, R. Energias Renováveis e Produção Descentralizada: Introdução à energia fotovoltaica. Lisboa: IST, 2008 – DEEC/Área Científica de Energia, USP, 2005. 87 p. Tese (Mestrado) – Instituto de Física, Programa de Mestrado em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Quanto ao sistema de iluminação, em dois anos e oito meses paga-se o investimento e trará rentabilidade anual de aproximadamente, R$9.429,55. Para aplicação da micro geração de energia, que seria utilizada apenas em áreas parciais do telhado, é um investimento mais alto comparando-se ao outro, mas no fim do nono ano é possível obter um retorno da parcela de R$74.726,40 em energia elétrica. Em até vinte anos, ou mais, não seriam necessárias trocas dos painéis fotovoltaicos, e ao fim deste prazo, por ter um sistema já instalado e em funcionamento o novo investimento tornar-se-ia viável em até metade do tempo anterior. _______. (Brasil) – ANEEL. Resolução Normativa nº 517 de 11 de dezembro de 2012. Altera a Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, e o Módulo 3 dos Procedimentos de Distribuição – PRODIST. Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/ cedoc/ren2012517.pdf>. Acesso em: Março de 2013. LISITA, O. Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede: Estudo de caso – 3 kWp instalados o estacionamento do IEE-SP. São Paulo: USP, 2005. 87 p. Tese (Mestrado) – Instituto de Física, Programa de Mestrado em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. 5. REFERÊNCIAS AES SUL DISTRIBUIDORA GAÚCHA DE ENERGIA S/A (Brasil) – AES SUL. Disponível em: <www.aessul.com.br>. Acesso em: fevereiro de 2013. XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil