Setor saúde A maior unimed curitiba Prevenir para rentabilizar é com a medicina preventiva que a unimed curitiba busca conter custos e recuperar margens de lucro Divulgação R eduzir preços foi o remédio que a Unimed Curitiba aplicou para controlar os efeitos da crise financeira global e expandir seus negócios em 2009. Em média, a companhia diminuiu o valor médio dos planos de saúde em até 15%, alcançando segmentos do mercado até então pouco explorados. “Atingimos as micro e pequenas empresas, que têm entre cinco e dez beneficiários, o que foi essencial para completar nosso portfólio de clientes no momento em que precisávamos reagir a uma tendência de desaceleração”, recorda Sérgio Ossamu Ioshii, diretor-presidente da Unimed Curitiba. A medida deu bons resultados. A Unimed fechou 2009 com um faturamento 11% maior. De quebra, retomou a posição de maior companhia do setor de saúde da região sul (veja abaixo). Agora, a Unimed Curitiba se vê diante de uma nova exigência: o de rentabilizar sua operação. Embora tenha reduzido preços, a empresa sofreu um aumento de custos em função das novas regras impos- tas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) às operadoras de planos de saúde. “A entrada em vigor das novas medidas obrigou as operadoras a incluir cerca de 70 tipos de procedimentos sem a contrapartida imediata de correção nos valores dos planos”, reclama Ioshii. Mesmo com revisões de orçamento, diz ele, a Unimed Curitiba deverá sentir um impacto de até 4% nos custos de operação até o final de 2010 – o que significa cerca de R$ 30 milhões a menos no caixa. Uma das ações previstas para suavizar custos é a criação de um programa de medicina preventiva. “Com ações educativas, temos mostrado aos clientes que exames ou consultas desnecessários não são vantajosos”, detalha Ioshii. Os clientes, diz ele, vão receber orientações sobre qualidade de vida, controle e diagnósticos de doenças em estágios iniciais – tudo para diminuir a necessidade de tratamentos mais longos. A Unimed poderá lançar futuramente, também, um incentivo aos pacientes mais precavidos, Maiores por receita bruta PosiçãoEmpresa/GrupoUFReceitaVariação Setor class. geralBruta* receita (%) Ioshii, da Unimed Curitiba: estratégia para remediar custos altos Julho/Agosto 2010 | AMANHÃ 1 2 3 4 5 101 111 119 93 115 Unimed Curitiba PR Unimed Porto AlegreRS Cremer S/A e Contr. SC Hospital de Clínicas P. AlegreRS S. Casa de Miseric. de P. AlegreRS *Em R$ milhões. | 140 | 736,88 694,50 489,37 472,94 409,29 11,29 11,25 14,85 15,50 18,18 Patrocínio com benef ícios a quem se enquadrar em programas de saúde preventiva. O foco na prevenção é uma tendência mundial do setor, afirma Carlos Matta, sócio da PricewaterhouseCoopers. Hoje, calcula ele, cerca de 80% da receita das operadoras são dragadas pelos custos de sinistralidade – no caso da Unimed Curitiba, o percentual é de 87%. O caminho natural para rentabilizar as empresas passa por reduzir a necessidade de internações, exames e medicação. “A ideia é não deixar as pessoas adoecerem. O custo de curar é muito maior que o de prevenir”, ressalta. Plano de saúde global Outra aposta da Unimed Curitiba para robustecer a lucratividade é um nicho de mercado identificado como A+. “Trata-se de um grupo de clientes que viaja bastante e precisa de cobertura em todo lugar, inclusive internacional”, explica Ioshii. Alguns clientes já utilizam internação internacional, mas a equipe da Unimed Curitiba está formatando para eles um plano específico que ainda não tem data definida de lançamento. O serviço ajudará a operadora a cumprir uma meta primordial: a de chegar a 2011 – quando completa 40 anos de existência – com 500 mil clientes ativos. A carteira abrange hoje 497 mil clientes, o que equivale a 60% do mercado existente na capital paranaense. Além disso, a Unimed Curitiba detém o quarto lugar no ranking geral do sistema Unimed no Brasil. Força de sobra para buscar melhores margens de rentabilidade no futuro. Realização A mais rentável sociedade divina providência O lucro sem querer Uma questão curiosa ronda o ranking das empresas com maior lucratividade do setor de saúde no sul do país: a grande campeã, a Sociedade Divina Providência (SDP), não tem fins lucrativos. Em 2009, a organização registrou uma alta de 20% no faturamento. Obteve um lucro de R$ 18,75 milhões e, de quebra, emplacou uma rentabilidade média de quase 15% sobre a receita líquida – bastante superior à de empresas que têm o lucro como objetivo maior. “É um bom resultado, apesar de o trabalho que desenvolvemos não visar ao lucro”, reconhece Irmã Enedina Sacheti, diretora-presidente da entidade. Parte dessa política de “filantropia com resultados” tem origem nas doações de empresas privadas, realizadas anualmente para equipar e qualificar os serviços dos hospitais mantidos pela congregação. Segundo a Irmã Enedina, cerca de R$ 6 milhões estão sendo investidos neste ano na reforma de alas cirúrgicas e pediátricas dos hospitais. “Agora, temos as liberações junto à Vigilância Sanitária e órgãos de controle”, conta. Para gerir da melhor maneira possível esses recursos, a sociedade está implementando um sistema de governança corporativa adaptado a organizações sem fins lucrativos. Já colocou em ação um colegiado integrado por funcionários das filiais e das diretorias. “Estamos investindo na qualificação desses profissionais para consolidar a administração internamente, sem depender de terceiros”, conta a superintendente Maria Pérola Salani Nogueira. A SDP mantém seis colégios do ensino infantil ao médio, quatro hospitais, um centro educativo e uma casa de atendimento para irmãs idosas. Quase 90% do faturamento tem origem nos hospitais, que a cada mês atendem cerca de 30 mil pacientes – particulares, conveniados e do SUS. Mais rentáveis PosiçãoEmpresa/GrupoUF Setor class. geral 1 2 3 4 5 221 119 429 444 101 Sociedade Divina Providência Cremer S/A E Contr. Beneficiência Camiliana do Sul Hospital Santa Cruz Unimed Curitiba SC SC SC PR PR rent. rec. lucro líquida (%) líquido* 14,93 11,09 5,48 4,97 3,80 18,75 42,14 2,67 3,74 27,31 *Em R$ milhões. | 141 | AMANHÃ | Julho/Agosto 2010