16 Segunda-feira, 23 de agosto de 2010 Jornal do Comércio - Porto Alegre JCEmpresas & Negócios RESPONSABILIDADE SOCIAL Justiça A Justiça está cada vez mais democrática. Pessoas que antes tinham dificuldades em arcar com os custos financeiros de um processo judicial podem ter acesso a advogados sem um real sequer. Criado no ano de 1950, a partir de um grupo de estudantes da Faculdade de Direito da Ufrgs, o Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (Saju) é um programa de extensão gerido pelos próprios alunos, que presta auxílio judicial gratuito. O grupo é formado por 130 voluntários, entre advogados, psicólogos e estudantes de Direito, Psicologia e Arquitetura, e o Saju atende a aproximadamente 80 casos por mês. Para melhor atender aos clientes, como são chamadas as pessoas assistidas, a entidade é dividida em várias áreas de atuação. A procura se dá em todas as áreas: cível, trabalhista, familiar, do consumidor, penal e projetos sociais. Dentro de cada grupo, os voluntários prestam serviços de assessoria jurídica - em que são acompanhados conflitos extrajudiciais e processos judiciais - e de assessoramento - os grupos se deslocam às comunidades carentes e ensinam sobre educação popular e emancipação social. Em todas as situações, os estudantes são acompanhados por um advogado, que indica e dirige os processos. Para o coordenadorgeral dos discentes do Saju, Guilherme Jantsch, serviços voltados à comunidade são uma forma de integração com a sociedade. “O Saju é uma das maneiras que a universidade encontra para se relacionar com os cidadãos de Porto Alegre”, diz ele, que cursa Direito na Ufrgs. De acordo com Jantsch, a integração com a sociedade é importante p p para todos os segmentos. “É um serviço bom para os cidadãos e também para os alunos, que usam seu conhecimento de sala de aula para ajudar na resolução de algum caso”, observa ele. E foi para tentar resolver um problema de regularização da luz elétrica no bairro em que mora que Jair Dias, de 33 anos, procurou o Saju. Morador da comunidade Jardim Vila Verde, na zona Sul de Porto Alegre, ele foi em busca de auxílio. “Não tínhamos energia regular e eu tentei conversar com a concessionária, mas nunca obtive resultado”, diz ele. Depois de esperar por dois anos o auxílio público sem sucesso, buscou apoio no serviço disponibilizado pela Ufrgs. Dias, que é presidente da Cooperativa Habitacional Jardim Vila Verde, conta que rapidamente foi atendido pelo Saju, entrou com uma ação judicial e, depois de um ano e meio, conseguiu regularizar a situação da localidade. “Tudo aconteceu dentro do prazo e da forma correta. Na prática, eles resolveram o problemal”, diz ele. É dessa forma que Pedro Longhi Cechet, de 19 anos, busca atender a seus clientes. O jovem, que está no sexto semestre da faculdade de Direito e é voluntário há mais de um ano, diz que se sente gratificado ao resolver um caso. “Para mim, é muito gratificante trabalhar aqui, pois a relação com o cliente vai além do papel e acabamos entendendo a importância da profissão”, explica ele, que atua nas áreas cível e trabalhista. FOTOS ANDRÉ NETTO/JC ao alcance de todos Saju atende de forma gratuita a aproxidamente 80 casos por mês Cechet não esconde a sa!sfação que tem quando resolve um caso Jantsch destaca a integração da universidade com os cidadãos Outros projetos estão em pauta Prestes a completar 60 anos, o Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (Saju) da Ufrgs já tem novos planos com foco na comunidade carente. Além de eventos comemorativos à data, a entidade quer colocar novos projetos em ação. Segundo o coordenadorgeral dos discentes do Saju, Guilherme Jantsch, já estão previstos projetos ligados a menores infratores.“Temos um grupo que implementou um projeto de auxílio judicial e psicológico a esses jovens”, diz Jantsch. Ele também salienta a criação de um grupo que procura resolver os conflitos fora do judiciário. “É uma forma que encontramos de tentar ganhar tempo, evitar desgastes e resolver aqui mesmo”, explica. Jantsch diz que, além da assessoria jurídica, a assistência prestada pelos profissionais da Psicologia é muito importante para a realização do trabalho. “Na grande maioria dos casos, as pessoas vêm muito abaladas emocionalmente, e os psicólogos fazem um acompanhamento para acolher os clientes”, diz o coordenador.