A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NO ENSINO DE MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS SILVA, Bárbara Tavares da1 ARAÚJO, Junivan Gomes de2 ALVES, Suênha Patrícia3 ARAÚJO, Francinário Oliveira de4 RESUMO Sabemos que os jogos são um recurso didático de enorme importância, pois este é responsável por romper a visão de que a matemática é mecânica e sem aplicações. Por ser uma atividade lúdica, envolve o desejo e o interesse do aluno e, isto pode ser uma estratégia significativa na construção não só dos saberes matemáticos, mas também no gostar e ter prazer em estudar matemática desde as séries iniciais. Discutir a importância dos jogos nesta fase é repensar sobre as metodologias de ensino, é preocupar-se também em promover a inserção do alunado nos grupos, o que é fundamental para seu desenvolvimento psicológico básico. Além disso, eles servem para motivar e estimular o raciocínio lógico, para fixar os conteúdos dados em sala e tornar a aula mais atraente e divertida. O tema escolhido é o de Frações Equivalentes, confeccionado no formato de cartinhas de baralho. O objetivo é trabalhar com frações, envolvendo mmc (mínimo múltiplo comum), comparação de frações, equivalências e divisão de números naturais. Palavras-chave: Ensino de matemática; A importância dos jogos; Frações. 1 Colaboradora Projeto de Iniciação â Docência (PIBID) 2013 CAPES/MEC. Graduada em Matemática. UERN. E-mail: [email protected] 2 Bolsista CAPES. Aluno do 8 período de matemática CAP/UERN. E-mail: [email protected] 3 Bolsista CAPES. Aluna do 8 período de matemática CAP/UERN. E-mail: [email protected] 4 Coordenador Colaborador Projeto de Iniciação â Docência (PIBID) 2013 CAPES/MEC. Mestre em Matemática Aplicada. UFRN. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Os jogos nas séries iniciais é um tema bastante discutido e estudado nas turmas de licenciatura em matemática, a idéia deste trabalho é mostrar esta ciência tão importante de uma maneira atraente e divertida. As séries alvo de nosso trabalho são as do ensino fundamental, a partir do 6º ano. Esta é a fase onde as primeiras impressões e idéias sobre a matemática começam a ser construídas e, caso sejam bem planejados, os jogos são uma ferramenta significativa no gostar, fixar conteúdos e romper a visão de mecanização, como era definida e ensinada no antigo ensino tradicional. A palavra Jogo vem do latim “Jocus’ que significa brincadeira. De acordo com os PCNs, o jogo é uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos. Assim, apesar de ser uma ferramenta bastante útil no processo ensino-aprendizagem, tem uma enorme importância no desenvolvimento da criança, como afirma Kishimoto: A importância do jogo no ensino é indiscutível, tanto para o desenvolvimento como para a educação. “A infância carrega consigo as brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração.” (KISHIMOTO, 1996, p.11) A importância do jogo nas séries iniciais é imensa, tanto para o desenvolvimento intelectual e seus processos psicológicos básicos e também como meio de interação social de cada sujeito, tornando assim a aprendizagem divertida. Antes de descrevermos o jogo a ser usado com o tema Frações Equivalentes, discutiremos sobre o ensino de matemática hoje, como se dá suas metodologias, qual o papel e influência o professor em sala de aula e quais suas perspectivas em relação ao alunado; além disso este trabalho é uma proposta de reflexão acerca dos recursos e metodologias utilizados em sala, com o objetivo de contribuir na formação do professor de matemática.. 1 O ENSINO DE MATEMÁTICA HOJE . Sabemos que a Matemática vem sofrendo nos últimos anos mudanças significativas quanto às questões voltadas ao processo de ensino e aprendizagem. Impulsionada pelas modificações na ciência, na tecnologia e nas metodologias de ensino que tratam sobre a cognição e as formas de aprendizagem, a matemática tradicional baseada na repetição e na reprovação abre espaço para novas metodologias e oportuniza ao professor de matemática, o uso de novas práticas na condução do processo de ensino. D’AMBROSIO(2009) ao tratar sobre este assunto, explica: “Hoje a matemática vem passando por uma grande transformação. Isso é absolutamente natural. Os meios de observação, de coleção de dados e de processamento desses dados, que são essenciais na criação matemática, mudaram profundamente. Não que se tenha relaxado o rigor, mas, sem dúvida, o rigor científico hoje é de outra natureza”. (D’AMBRÓSIO, 2009, p. 58). Assim, discutir sobre didática, novas concepções de ensino, não torna a matemática menos rigorosa mas inaugura a possibilidade de torná-la acessível; de democratizar conteúdos e aplicações até então, para a maioria dos alunos nas escolas, inacessível por sua incompreensão ou elitismo. Fazendo isso, a compreensão da importância pedagógica e política ajuda a tornar a matemática acessível a todos, como qualquer outro conhecimento ou disciplina. 2 O PAPEL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA .O papel do professor também é algo a ser repensado, pois por ser da área das exatas, o mesmo geralmente não se vê com a responsabilidade de dar importância à ludicidade, à interação social dos grupos de estudo, deixando-os de lado, valorizando somente a matemática dos conteúdos; o que não pode acontecer, pois o professor deve possibilitar ao aluno a construção de conhecimentos, tanto para o mesmo compreender o seu presente e o seu futuro, tornando-o um cidadão crítico, conhecedor de seus direitos e deveres. Sendo assim, este trabalho surgiu como uma oportunidade de reflexão, de aprimoramento quanto às questões educativas, do papel do educador, da importância da interdisciplinaridade na formação do profissional de matemática, sendo possível reconhecer que ser professor é mais do que ter conhecimentos específicos e didática, é preocupar-se com a formação intelectual, social e cultural de cada aluno, é respeitar as diferenças e zelar pelo bem de todos, é orientar e guiar aos educandos pelo caminho da educação, da ética e moral. Segundo Bairral (2009): O professor é um profissional que deve constantemente aprender a aprender e refletir criticamente sobre sua prática. Assim, o desenvolvimento profissional deve, dentre outros, ser fruto da reflexão sobre a ação, da capacidade de explicitar os valores das escolhas pedagógicas, do enriquecimento de ações coletivas, da consciência das múltiplas dimensões sociais e culturais que se cruzam na prática educativa escolar, de modo a tornar os docentes cada vez mais aptos a conduzir um ensino adaptado às necessidades e interesses de cada aluno e a contribuir para a melhoria das instituições educativas. (BAIRRAL, p.121). Apesar das poucas condições de trabalho, o bom professor luta pelo aprendizado de seus alunos, e reflete sobre suas metodologias de ensino, buscando sempre aprimorar-se cada vez mais não só profissionalmente, mas como ser humano também. Sendo assim, vemos que não importa a área de formação, somos todos “educadores” e, temos que atuar como tais, não dependendo da área de formação se de humanas, exatas, etc. 3 OS JOGOS E O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA A Matemática por ser uma disciplina exata, é vista pela comunidade escolar como o “bicho papão”, e às vezes essa rotulagem bloqueia ao aluno antes mesmo de conhecê-la; muitas vezes o problema não está na forma como é ensinada e sim devido ao que já pensavam e ouviram falar sobre ela. Embora saibamos sobre os vários recursos didáticos pedagógicos de ensino de matemática, escolhemos falar sobre os jogos numa perspectiva de colaborarmos para um melhor entendimento evidenciando sua importância, como inseri-los nas séries iniciais, como utilizá-los de forma que seja produtivo e relevante para o aprendizado em sala de aula, entre outros. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) o jogo é uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos. É uma atividade na qual não há obrigação e por ser representado por um desafio, desperta interesse e prazer. Há várias definições sobre jogos, mas podemos dizer que se trata de várias manifestações culturais, conforme a época, a cultura e o contexto. Mas ainda, Grando (2000) estabelece que o jogo é uma atividade lúdica que envolve o desejo e o interesse do jogador e, além disso, envolve a competição e o desafio e estes motivam o jogador a conhecer seus limites e suas possibilidades de superação na busca da vitória, adquirindo confiança e coragem para se arriscar. Segundo a autora, tais características do jogo justificam seu uso nas aulas de matemática. Há vários tipos de jogos. São eles: Jogos de sorte: São aqueles que o fator sorte é predominante durante o jogos, ou seja, se alunos tiverem dificuldades em matemática, ele terá a sorte como um dos artifícios para ganhar as partidas; Jogos de estratégia: São aqueles em que o raciocínio lógico é bastante utilizado, pois este tipo se caracteriza por exigir estratégias e raciocínio dedutivo a todo o momento do jogo; Jogos de exercícios: São aqueles utilizados para fixação dos conteúdos dados em sala; Jogos computacionais: São aqueles contidos no ambiente computacional. Jogos de regras: São os jogos em que são impostas as regras do jogo, de modo a regularizar o seu caráter coletivo, é bastante relevante para que as crianças aprendam a lidar com o outro. O jogo, dado sem nenhum planejamento ou objetivo, vai servir apenas como um divertimento. Caso contrário, quando se tem um objetivo concreto a ser alcançado, ele se torna uma ferramenta de ensino muito significativa. Muitas brincadeiras, brinquedos e jogos contribuem para o desenvolvimento infantil. São nos primeiros anos de vida, através das brincadeiras e atividades lúdicas que a criança é incentivada às descobertas, a exercitar sua criatividade e fantasia. O jogo na educação matemática parece justificar-se ao introduzir uma linguagem matemática que pouco a pouco será incorporada aos conceitos matemáticos formais, ao desenvolver a capacidade de lidar com informações e ao criar significados culturais para os conceitos matemáticos e o estudo de novos conteúdos. (MOURA, 1994, p. 24). Assim, discutir a importância dos jogos no ensino de matemática é uma maneira de buscar meios de facilitação da aprendizagem, pois como afirma o autor acima eles servem como porta de entrada da linguagem e saberes matemáticos; servem também para motivar, estimular o raciocínio lógico, fixar conteúdos dados em sala, entre outros; ou seja, tornar a aula mais interessante e divertida, cheia de idéias novas a serem exploradas. 4 JOGO DAS FRAÇÕES EQUIVALENTES NO FORMATO DE CARTINHAS DE BARALHO O professor que deseja utilizar o jogo como fixador do conteúdo de Frações Equivalentes pode prepará-lo com a quantidade de cartas a serem impressas e confeccionadas à sua vontade, sendo que resolver as frações é a parte principal do jogo. .. PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO JOGO Devem-se escolher as frações geradoras, por exemplo, , e temos que escolher quantas frações equivalentes de cada fração geradora vai ter, neste caso temos 13. O número de frações geradoras e o número de frações equivalentes dependem do numero de jogadores que vão participar. COMO JOGAR Numero de jogadores Numero de cartas Numero de cartas por par 4 6 3 4 9 3 Primeiro devemos escolher o número de jogadores. As cartas serão distribuídas conforme o número de jogadores escolhidos, feito isso inicia-se o jogo. Os jogadores deverão formar pares com as cartas, de maneira que se obtenha a mesma fração equivalente entre as cartas. Vence o jogador que forma todos os pares corretos e ficar sem cartas na mão. OBJETIVOS O principal objetivo é promover interesse pelo jogo e conseqüentemente pelo tema “Frações Equivalentes”, de modo que este seja um momento de fixação do conteúdo e aprendizado de uma maneira lúdica, além de tornar a aula de matemática divertida. CONSIDERAÇÕES FINAIS O jogo apresentado é uma simples amostra dos inúmeros jogos existentes para as séries iniciais. Normalmente a dificuldade em entender Frações, equivalências, soma, subtrações é notória, principalmente no 6º ano, série em que ocorre a mudança de professores nas salas; ou seja, a partir daí o aluno terá outro cenário de aprendizado, este agora será orientado por um professor licenciado em matemática. Discutir sobre didática, ensino de matemática, o papel do professor, e os jogos no processo ensino-aprendizagem é uma forma de possibilitar ao professor em formação uma abertura de novas estratégias de ensino, de novas concepções, de acompanhar e dar atenção às tendências atuais, rompendo idéias antigas de que a Matemática é mecânica e rigorosa. A proposta deste trabalho foi justamente contribuir não só para que o professor se preocupe e seja ciente de sua responsabilidade para com o ensino e o seu papel, mas também para que nossos alunos aprendam a gostar, admirar, entender e aprender a matemática, tão necessária à vida humana. REFERÊNCIAS BAIRRAL, M. A. Tecnologias da Informação e Comunicação na Formação e Educação Matemática. Rio de Janeiro. Ed. Da UFRRJ, 2009. D’ AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação matemática: Da teoria à prática, 17ª edição. Campinas, SP: Papirus, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 31 ed. SP: Paz e Terra, 1996. GRANDO, R.C. O conhecimento Matemático e o uso dos jogos na sala de aula (tese doutorado); FE-UNICAMP. Campinas, 2000. KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo e a educação. São Paulo: Cortez, 1996. MEC. Diretrizes Curriculares Para a Educação Básica da Disciplina de Matemática. Secretaria de Estado de Educação do Paraná, 2008. MOURA, M. O. A séria busca no jogo: do lúdico na Matemática. Educação Matemática em Revista. SBEM-Nacional; n.3, 1994.