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Palestra 19
Parcelas permanentes em diferentes formações no Estado de São Paulo
Flaviana Maluf de Souza(1); Natália Macedo Ivanauskas(1), Alexandre Adalardo de Oliveira(2),
Geraldo A.D.C. Franco(1), Giselda Durigan(3), Vinícius Castro Souza(4), Ricardo Ribeiro Rodrigues(4)
(1) Instituto Florestal de São Paulo, Seção de Ecologia Florestal ([email protected]); (2) Universidade de São
Paulo, Instituto de Biociências, Departamento de Ecologia Geral; (3) Instituto Florestal de São Paulo, Estação Ecológica
de Assis; (4) Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Departamento de Ciências
Biológicas.
O acompanhamento da dinâmica das populações e das comunidades em uma grande escala
espacial e temporal tem se mostrado promissor para o entendimento dos processos responsáveis
pela geração e manutenção da biodiversidade de florestas ricas em espécies. Além disso,
informações sobre as interações da vegetação com fatores bióticos (interações planta-planta e
interações planta-animal) e abióticos (clima, solo, hidrografia, relevo) são imprescindíveis para
elucidar questões relacionadas à organização e ao funcionamento das comunidades naturais. A
integração de dados físicos e biológicos possibilita a realização de análises sobre a existência e a
magnitude das correlações entre esses fatores, fornecendo subsídios para a proposição de
medidas de conservação, manejo e recuperação, bem como para a definição de indicadores de
avaliação e monitoramento. Assim, projetos multidisciplinares constituem-se poderosas
ferramentas para o êxito das pesquisas de grande escala espacial e temporal, permitindo
compreender melhor os processos ecológicos que regulam a dinâmica das florestas tropicais.
Com a proposta de conhecer e compreender os fatores responsáveis pelas diferenças na riqueza,
estrutura e dinâmica das comunidades vegetais em diferentes formações florestais do estado de
São Paulo, foi concebido o projeto “Diversidade, dinâmica e conservação em Florestas do Estado
de São Paulo: 40 ha de parcelas permanentes”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo – FAPESP (Processo no 1999/09635-0). Uma das peculiaridades da
região sudeste é a ocorrência de florestas completamente distintas ocorrendo em uma estreita
amplitude latitudinal. No estado de São Paulo, dentre as formações mais representativas em
cobertura estão a Floresta de Restinga, a Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica senso
restrito), a Floresta Estacional Semidecidual e a Savana Florestada (Cerradão). Em virtude da
importância dessas florestas para a biodiversidade do estado foram selecionadas para a
realização do projeto temático quatro Unidades de Conservação representantes de cada uma
dessas formações, respectivamente: o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, o Parque Estadual
Carlos Botelho, a Estação Ecológica de Caetetus e a Estação Ecológica de Assis. Em cada uma
dessas áreas foi instalada uma parcela permanente de 10,24 ha (320 x 320 m), subdividida em
256 subparcelas de 400 m2 (20 x 20 m), totalizando assim, 40,96 ha. Com a atuação de
pesquisadores de diversas áreas do conhecimento fez-se a caracterização ambiental detalhada
das quatro áreas, contemplando dados sobre o clima regional, regimes de luz, geomorfologia local
e regional, mapeamento pedológico e caracterização físico-hídrica e química do solo. Os estudos
sobre a vegetação foram feitos com base no plaqueamento de todos os indivíduos arbóreos com
diâmetro à altura do peito maior ou igual a 4,8 cm e englobaram temas como a composição
florística de árvores, epífitos e lianas, fitossociologia do componente arbóreo, padrão espacial das
populações, silvigênese, dinâmica sucessional, dinâmica de clareiras e da regeneração natural,
estimativas de riqueza e diversidade, ecofisiologia, constituição química e bacteriana das folhas,
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padrões de decomposição e ciclagem de nutrientes e etnobotânica. Os resultados decorrentes da
caracterização física e biológica foram gerenciados por meio de um de banco de dados associado
a um sistema de informações geográficas (SIG), que permitiu a integração e a análise desse
grande volume de informações. Até o momento, o projeto contou com a participação de 74
pesquisadores (27 seniores e 47 estudantes), vinculados a 66 subprojetos. Mais recentemente,
foram iniciados projetos relacionados a linhas de pesquisa ainda não abordadas, como estudo de
anfíbios, interações inseto-fruto, reconstrução paleoambiental e utilização de sensoriamento
remoto para quantificação de biomassa e de estoque de carbono, além da reavaliação das
variáveis ambientais mensuradas inicialmente. Assim, mantém-se a continuidade do projeto
temático na perspectiva de testar os modelos e hipóteses sobre a estrutura e dinâmica das
florestas paulistas, contribuindo para os avanços na compreensão dos processos geradores e
mantenedores de sua biodiversidade.
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