II Workshop RedeLitoral Dammiani Tolentino Ribas 1 Marcos Eduardo Cordeiro Bernardes 1 Alexander Turra2 1 Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI/MEMARH Caixa Postal 50 – 37500903 - Itajubá - MG, Brasil [email protected] 2 Universidade de São Paulo – USP/IO São Paulo, SP, Brasil ABUNDÂNCIA DE Ocypode quadrata (FABRICIUS, 1787) (CRUSTACEA, DECAPODA, OCYPODIDAE) EM PRAIAS COM DIFERENTE RISCO À EROSÃO COSTEIRA: UM CASO REGIONAL DE ELEVAÇAO DO NÍVEL DO MAR 1. Introdução O litoral paulista caracterizado por praias arenosas é a região mais explorada e ocupada do estado de São Paulo. As principais pressões estabelecidas nesta região devem-se a especulação imobiliária, crescimento urbano irregular e desordenado, crescente fluxo de turismo, além da falta de saneamento básico adequado. Praias arenosas vêm sofrendo ao longo dos anos contínuo processo de descaracterização e degradação em razão principalmente, da ocupação desordenada e crescimento do turismo, Gianuca, (1997). Segundo Blankensteyn (2006), poucos estudos sobre vulnerabilidade costeira, quanto a impactos antropogênicos, têm sido realizados nesses ecossistemas. Assim o presente trabalho tem por objetivo gerar informações para subsidiar conhecimento sobre a costa Norte do Estado de São Paulo, enfatizando principalmente, o estudo de organismo indicador de impactos antrópicos (Ocypode quadrata), utilizando “Mapa de Risco à Erosão Costeira do Litoral do Estado de São Paulo” Souza (2007 e 2009); para análise da vulnerabilidade dos habitats da espécie, quanto à erosão costeira causada por aspectos naturais e antropogênicos, associando a isso cenário regional de elevação do nível do mar. O caranguejo fantasma Ocypode quadrata comumente conhecido no sudeste do Brasil como “vasa-maré”, “guaruçá”, “guriça”, “Maria-farinha” ou “siripidoca”, têm sua distribuição geográfica entre os trópicos, incluindo assim toda a costa brasileira. Estudos utilizando o gênero Ocypode como indicador de impactos antropogênicos foram realizados em diferentes regiões do mundo, Barros, (2001); Blankensteny (2006); Turra et al (2005); Bemvenuti e Neves (2006); Steiner e Laatherman (1981). Indicadores biológicos na zona costeira são de fundamental importância para avaliar os diferentes níveis de impactos a que as praias estão submetida, visto que é impossível avaliar todas as variáveis ambientais e integrá-las apropriadamente. Assim o uso de organismos como indicadores biológicos e para análise de vulnerabilidade de seus habitats tem se tornado uma ferramenta útil para a preservação de ecossistemas. 2.Material e Métodos O presente trabalho será realizado no litoral Norte do estado de São Paulo, composto principalmente por praias arenosas, do tipo intermediárias a reflexivas, recortadas devido a influência da Serra do Mar, com praias de pequenas dimensões e orientações, chamadas “praias de Tombo”. Nesta região, segundo Muehe, (2006), não são observados trechos contínuos de erosão e progradação, os mesmo encontram-se restritos a linha de costa associados a obstáculos naturais ou construídos. As praias Vermelha (norte e sul) e Itamambuca, do município de Ubatuba e as praias de Martim de Sá, Enseada e Toque –Toque Pequeno nos municípios de Caraguatatuba e São Sebastião, respectivamente, foram selecionadas a partir do Mapa de Risco à Erosão Costeira do Estado de São Paulo, Souza (2007, 2009), seguindo sua matriz de classificação de risco à erosão costeira. As praias de Itamambuca e Enseada foram classificadas em “Risco Muito Alto- Alto”, as praias Vermelha do Norte e Martim de Sá como “Risco Médio” e Vermelha do Sul e Toque-Toque Pequeno em “Risco Baixo – Muito Baixo”. Nas áreas de amostragem serão observadas a que tipos de impacto estão submetidas, bem como o grau de conservação de dunas, vegetação e uso ocasional de turistas. Para amostragem de abundância da Ocypode quadrata, serão utilizados transectos perpendiculares a linha d’água escolhidos aleatoriamente ao longo da extensão da praia. Em cada transectos serão utilizados “quadrats” de 3m2 fabricados de cano de PVC, e estimados o número e o tamanho das tocas. Para aferir o tamanho da mesma, será utilizado paquímetro de resolução 0,05 mm. Serão feitas ainda análises granulométricas dos sedimentos das praias, pelo Laboratório de Solo – UNIFEI. As datas de amostragem ainda não foram definidas, bem como a análise estatística utilizada. Referências Bibliográficas Barros, F. Ghost crabs as tool for rapid assessmente of humam impacts on exposed sandy beaches. Biological Conservation. 97 p. 399-404. Blankensteyn, A. O uso do caranguejo maria-farinha Ocypode quadrata como indicador de impactos antropogênicos em praias arenosas da Ilha de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 23(3) p. 870-876, 2006. Gianuca, N.M. A fauna das dunas costeiras do Rio Grande do Sul. Oecologia Brasiliensis. 3 p. 121-133,1997. Muehe, D. Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro. Brasília: Ministério do Meio Ambiente,2006. (ISBN 85-7738-028-9). Neves, F. M.; Bemvenuti, C.E. The ghost crab Ocypode quadrata as potencial indicator of anthropic impact along the Rio Grande do Sul coast, Brazil. Biological Conservation. 33 p. 431-435, 2006 Souza, C.R de G. Atualização do mapa de risco à erosão costeira para o estado de São Paulo. In:XI Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quartenário (ABEQUA), 2007, Belém.Anais, CD-ROM. Souza, C.R de G. A erosão nas praias do estado de São Paulo: Causas, Consequências, Indicadores de Monitoramento e Risco. In: Bononi, V.L.R. e Santos Junior, N.A. (Org.). Memórias do Conselho Científico da Secretaria do Meio Ambiente: A Síntese de Um Ano de Conhecimento Científico Acumulado”. São Paulo:Secretaria de Meio Ambiente do estado de São Paulo, 2009 (ISBN 978-85-7523-025-1). Steiner, A. J.; Leatherman, S.P. Recreational impacts on the distribution of ghost crabs Ocypode quadrata Fab. Biological Conservation. 20 p. 111-122, 1981. Turra, A.; Gonçalves, M.A.O..; Denadai, M.R. Spatial distribuition of the ghost crab Ocypode quadrata in lowenergy tide-dominated sandy beaches. Journal of Natural History. 39(23) p. 2163-2177, 2005.