ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DUAS AMOSTRAS DE SEDIMENTO DE FUNDO DO RIO JUNDIAÍ, EM ÁREA DE IMPACTO AMBIENTAL Lira, D.C.1 (PG); Amaral, K. C. O. G.1 (PG); Bezerra, C. A.1 (IC); Costa, R. C.1(IC); Silva, D. R.1(PQ); Lima, R. F. S.2(PQ) e Melo, J. V. 1 (PQ). 1 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – CCET/DQ Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – CCET/DG E-mail: [email protected], INTRODUÇÃO E OBJETIVOS: Os sedimentos são camadas de partículas minerais e orgânicas apresentando-se de forma finamente granuladas, que se encontra em contato com a parte inferior dos corpos de água natural, como lagos, rios e oceanos (Baird, 2002). Fazem parte do ciclo hidrológico, que dependendo da sua composição química e características de adsorção, podem ter uma elevada capacidade de acumulação de contaminantes orgânicos e inorgânicos (Guevara-Riba et al., 2006; Salomons,1998). Em qualquer parte do ciclo hidrológico menos de 0,1% desses contaminantes estão dissolvidos na água, e mais de 99,9% são armazenados nos sedimentos e nos solos (Salomons, 1998). Os sedimentos são considerados de grande importância na avaliação do nível de contaminação dos ecossistemas aquáticos, devido não só a sua capacidade em acumular elementos-traços, mas também, por serem reconhecidos como transportadores e possíveis fontes de contaminação, já que tal comportamento ambiental pode liberar espécies contaminantes (Cotta e col., 2006). Tais espécies são geralmente liberadas do leito do sedimento de acordo com as mudanças ocorridas nas condições ambientais e físico-química como variação de pH, salinidade, potencial redox, presença de quelantes orgânicos e reações de decomposição, entre outras (Marengo et al., 2006). Os fenômenos de acúmulo e de redisposição de espécies nos sedimentos os qualificam como de extrema importância em estudos de impacto ambiental (Cotta e col., 2006). No entanto, muitos estudos ambientais descritos na literatura são desenvolvidos em amostras de sedimento. Logo, neste trabalho foi feito um estudo comparativo entre duas amostras de sedimento de fundo do rio Jundiaí, em uma área de grande impacto ambiental, gerado pelo lançamento dos efluentes industriais e domésticos. O rio Jundiaí, em seu curso inferior, cruza a cidade de Macaíba, sendo o principal afluente do rio Potengi. Este rio é de grande importância, uma vez que diversas atividades econômicas como irrigação de culturas, pecuária, carcinicultura e psicultura é desenvolvidas ao longo do seu curso (Guedes e col., 2005). METOLOGIA: As amostras de sedimento foram coletadas na região estuarina do rio Potengi. A amostra 6-T2P6 foi coletada à margem do rio, logo não foi necessário o uso de um equipamento de amostragem, sendo utilizada apenas uma caneca plástica para a coleta. Já amostra 6-T2P7 foi coletada utilizando-se uma draga Vam-Vem a 80 cm de profundidade. Em seguida, foram acondicionadas em frascos de vidro de cerca de 3 litros, com tampa plástica rosqueável. No laboratório, as amostras foram secas numa estufa à 60 ºC, sob circulação de ar, e desagregadas em almofariz de porcelana seguido de peneiramento resultado num pó com tamanho médio de partícula de 0,063mm, usando-se peneira de aço inoxidável. Geralmente são as frações mais finas dos sedimentos que são usadas para análise, uma vez que estas possuem uma maior razão área superficial/tamanho do grão (Casas et al., 2003). As amostras foram analisadas por análise temogravimétricas utilizando uma termobalança TA instruments modelo 2950, com taxa de aquecimento de 10ºC/min em atmosfera oxidante. As análises de infravermelho (IV) foram realizadas em um espectrofotômetro com transformada de Fourrier da Bomem, modelo B100, operando no modo de transmissão entre 4000 cm-1 e 400 cm-1. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A amostra 6-T2P7 apresenta a primeira perda de massa, em torno de 3,25%, no intervalo de 29.12– 112 ºC, podendo ser atribuída a saída de água relativa à umidade. A etapa seguinte de decomposição ocorre no intervalo de 112 – 190 ºC com massa perdida de 0,25%, referente a liberação de compostos voláteis. As duas últimas etapas nos intervalos de 190 – 400 ºC e 400 – 720 ºC, com perdas de massas respectivamente de 2,67% e 5,03%, mostram que a matéria orgânica foi liberada em duas etapas. Comparando as curvas termogravimétricas a cima, observa-se que as etapas de decomposição térmica das amostras 6-T2P7 e 6-T2P6 são bastante similares, sendo, portanto a amostra 6-T2P6 mais higroscópica, apresentando uma perda inicial de massa no intervalo de 30- 110 ºC, em torno de 5%, e uma outra perda no intervalo de 110 – 200 ºC , em torno de 2,2% referente a saída de água. Isto pode ser explicado pelo fato da amostra 6-T2P6 ter sido coletada à margem do rio estando, portanto em constante acumulação. Uma vez que a mostra 6-T2P7 foi coleta no leito do rio sendo lavada constantemente. A matéria orgânica também foi liberada em duas etapas, de 200- 400 ºC com perda de massa de 5% e de 400 – 600 ºC com 5,2% de massa perdida. Figura 1.0 – Curva termogravimétrica da amostra 6-T2P7em atmosfera oxidante, razão de aquecimento dante 10 ºC/min. Figura 2.0 – Curva termogravimétrica da amostra 6-T2P6 em atmosfera oxidante, razão de aquecimento 10 ºC ºC/min O espectro de infravermelho da amostra 6-T2P7 apresenta bandas de material inorgânico intensas, referente à presença de água na amostra analisada, o que vem corroborar com o resultado da análise térmica. O fato de essas bandas serem bastante intensas, deve-se ao fato, da matéria orgânica está de certa forma bastante diluída na matéria inorgânica. Comparando os espectros de FTIR da amostra 6T2P7 com o espectro da amostra 6-T2P6, observa-se que estes são bastante similares. Uma vez que o espectro da amostra 6-T2P6 só apresenta diferença do espectro da amostra 6-T2P7 quando tratado a cima de 600 ºC. Figura 3.0 - Espectro de FTIR da amostra 6-T2P7 REFERÊNCIAS: BAIRD, C.- QUÍMICA AMBIENTAL. 2 ed .Porto Alegre:Bookman,2002. CASAS, J.M.; ROSAS, H. e LAO,C.-HEAVY METALS AND METALLOIDS IN SEDIMENT FROM THE LLOBREGAT BASIN, SPAIN. Environmental Geology ( 2003) 44 :325-332. COTTA, J.A.O.; REZENDE, M.O.O. e PIOVANI, M.R.- AVALIAÇÃO DO TEOR DE METAIS EM SEDIMENTOS NO PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA.Química Nova,Vol.29,No.1,4045,2006. GUEDES, J. A.; LIMA, R.F.S. e SOUZA, L.C.- METAIS PESADOS EM ÁGUA DO RIO JUNDIAÍ MACAÍBA/RN. Revista de Geologia, Vol. 18, nº 2, 131-142, 2005. GUEVARA-RIBA, A.; RUBIO, R.; RAURET, G.; MUNTAU, H. e SAHUQUILLO, A.- METHOD STUDY FOR THE PREPARATION OF A WET SEDIMENT QUALITY CONTROL MATERIAL. 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