A RONDA DO MILÉNIO DA OMC – situação actual das negociações agrícolas Arlindo Cunha A RONDA DO MILÉNIO DA OMC – situação actual das negociações agrícolas 1. CONTEXTO GERAL 2. O ACORDO AGRÍCOLA DA RONDA DO URUGUAI 3. AS NEGOCIAÇÕES DE DOHA 4. O FRACASSO DE CANCÚN 5. O ACORDO-QUADRO DE 1 DE AGOSTO DE 2004 6. DISCUSSÕES TÉCNICAS E PREPARAÇÃO DE HONG KONG 7. NOTAS FINAIS 1. CONTEXTO GERAL Mais de meio século de acordos multilaterais de comércio – GATT Ronda do Uruguai 1995-2000 – Início da Globalização na agricultura Seattle Dezembro de1999 Doha Novembro de 2001-Previsão de acordo final até 31 Dezembro de 2004 Cancun Setembro de 2003 Acordo-Quadro Agosto 2004- marcada nova Conferência Ministerial para Dezembro 2005, em Hong Kong 2. O ACORDO AGRÍCOLA DA RONDA DO URUGUAI Princípios Gerais –i)Período de Referência 1986-88; ii)Princípio assimetrico PVD;iii) Classificação dos Subsídios (caixas verde, azul e amarela) e Medida Global de Apoio (MGA) Reduções de subsídios fixadas em 6 anos PD e 10 PVD Apoio Interno -20% (13% PVD) Acesso ao Mercado/Protecção na fronteira-36%(23% PVD). Conversão dos direitos variáveis em tarifas Restituições às exportações -36% em valor e mínimo de 21% em volume (24% e 14% PVD, respectivamente) Dossiers especiais TRIPS, SPS e TBT Cláusula de paz e cláusula especial de salvaguarda 2.1.Impactos do URAA Impacto moderado sobre agricultura europeia: i)Escolha do período de referência-baixos níveis de Pw; ii) contabilização da RPAC 92; iii) Isenção da Caixa Azul Problemas com limites às restituições (eg.Carne bovina, açucar e produtos lácteos) No fim do URAA protecções tarifárias agroalimentares: 32% na U.E. e 16% nos EUA Evolução das Políticas Agrícolas para diferentes tipos de subsídios-refúgio nas caixas azul e amarela… 3.ESTRATÉGIAS NEGOCIAIS U.E. e Aliados – i)princípio da especificidade da agricultura - estruturas, cultura e território ; ii)equilíbrio entre questões comerciais e não comerciais;iii) o argumento da multifuncionalidade PSE/2002- OCDE 31%; EU 35%; EUA 21%;Japão 49% Noruega 69%; Suiça 72%; Austrália 4%; NZ 1% Grupo de CAIRNS – Agricultura sem tratamento especial Posição ambivalente dos EUA – discurso liberal e prática intervencionista PVD – i) a luta por um tratamento mais favorável e diferenciado; ii) Nec.distinguir entre PVD e PMP;o problema da erosão das preferências tariférias(ACP) 3.1 Estrat. Negociais(cont) As coisas já não são o que eram… U.E. reduziu drasticamente preços de garantia desde 1992 (cereais 45%, carne bovina 35%) Antes de 1992 U.E. afectava 72% do FEOGA a PMP e só 9% a ajudas directas Em 2004 estrutura de despesas agrícolas é 21% e 79% respectivamente Antes das Reformas restituições à exportação representavem 25% do valor dos produtos exportados. O valor actual é de 7% U.E. primeiro importador mundial de produtos agroalimentares dos PVD (37 000 Meuros, mais que o conjunto de EUA, Japão, Canadá e Austrália) U.E importa 85% das exportações africanas e 45% da América do Sul. Maior doador mundial -29 000 MUSD, contra total mundial de 57 000MUSD 3.2. Estratégias Negociais (cont) Em contraste os EUA não tiveram que reduzir os seus subsidios à exportação Desde 1998 que aumentaram substancialmente os subsídios aos seus agricultores (actualmente 27 000 USD por agricultor contra 14 000 na U.E.) Subsídios efectivos à agricultura (1996-2001) foram 4 vezes mais que os orçamentados no FAIR ACT Balança comercial agrícola superavitária em 20 000 Meuros, em contraste com o défice de 5 000 Meuros da EU. 4. AS NEGOCIAÇÕES DE DOHA Um compromisso que aprofunda a Ronda do Uruguai Continuação da reformas agrícolas, melhoria do acesso ao mercado e eliminação progressiva dos subsídios à exportação Todos os subsídios à exportação tratados no mesmo plano Referências ao princípio da precaução, às regras ambientais e à etiquetagem Tratamento especial e diferenciado dos PVD Iniciativa da U.E. Tudo Menos Armas 5. O FRACASSO DE CANCÚN Objectivos: acelarar as negociações na ponta final do calendário Propostas da U.E.: Acesso ao mercado (36%); subsídios à exportação (45%); apoio interno (55%); questões não comerciais, multifuncionalidade, caixa azul, cláusula de paz e cláusula de salvaguarda Acordo bilateral U.E./EUA sobre classificação dosapoios internos, subsídios à exportação e método de redução tarifária Posição reforçada da EU devido à RPAC 2003 e ao acordo com EUA Reacção radical dos PVD líderes-Grupo dos 21 e aliança com Cairns Grupo africano entre o G21 e a U.E.. A iniciativa do algodão O ressurgimento do conflito Norte/Sul e a evidência de reforçar a governabilidade da OMC 6. O ACORDO-QUADRO DE AGOSTO 2004 NO CONSELHO GERAL DE GENEBRA Apoio interno: manutenção conceitos das diferentes caixas; redução substancial da caixa amarela; caixa azul com tecto de 5% do VBPA, caixa verde com revisão de critérios, referindo que deverão considerar as preocupações não comerciais Negociações irão continuar para cláusula especial de salvaguarda e cláusula de mínimis Eliminação dos subsídios à exportação num prazo a acordar. Notificação e ajuda alimentar Acesso ao mercado. Princípio da progressividade; excepção para produtos sensíveis (com reduções de tarifas menores) tratamento assimétrico para PVD; abertura total dos mercados para produtos tropicais; mecanismo especial de salvaguarda/development box Países mais pobres (PMP): isentos de reduções de apoios internos e de protecções tarifárias; livre acesso aos mercados dos países ricos mas tb de alguns PVD. Omissões: números, listas dos produtos sensíveis, cláusulas de salvaguarda e de paz, questões não comerciais, caixa verde. Hong Kong, Dezembro 2005 7.Discussões Técnicas e Preparação de Hong Kong Conversão dos actuais direitos em direitos ad valorem (cálculo do equivalente) Objectivo:hierarquizar sobre a mesma base todos os direitos…para depois os classificar por bandas (Princípio da Progressividade) Divergências sobre a base de referência dos dados comerciais (ONU;OMC;proposta EUA) Importância do cálculo do preço de entrada (conclusão de Mombassa). utiliz.Pw»»Dir.Ad.Val +elevados»»banda+alta de redução Indicações Geográficas Exportadores querem retirar tema do Comité da Agricultura e sediá-lo no dossier TRIPS U.E. pretende associá-lo ao acesso ao mercado Suiça condiciona o fim dos subssídios à exportação à extensão do registo das IG a todos os produtos Painel OMC a pedido da Austrália contra U.E.-decisão +favorável à U.E. mas de cariz salomónico 7.1.(cont.) Caixa Amarela debate sobre base:MGA absoluta ou relativa Redução do Apoio Interno por Bandas:eg.60%;50-55%;45-50% Consideração dos créditos da U.E.:RPAC 2003 e futura reforma do açúcar(12% da MGA da U.E.) Caixa Azul:limite de 5%, mas pedidos para este limite ser por produtos… Caixa Verde: ainda não discutida Subsídios à exportação: pedidos para todos os gostos – eg.G20+Cairns:eliminar em 5 anos Cláusula de Minimis:G33 não quer que se aplique a PVD Iniciativas Sectoriais(eliminação de direitos para determinado(s) produto(s): pedidos de EUA (porco, aves,c.bovina,oleag.F&L frescos e alguns transf.); Colômbia e Costa Rica(flores) 7.2. (cont.+comentário…) Todas as discussões técnicas são políticas… Alianças Estratégicas:G10(+U.E.)»G20 (+EUA+Cairns)»G30/33 Grupo Técnico das Negociações Agrícolas: objectivo de redigir documento de Modalidades para Hong Kong 8. NOTAS FINAIS Acordo-Quadro de Agosto minimiza riscos de novo fracasso na Conferência Ministerial de Hong Kong. Mas falta acertar ainda muita coisa. Não arrisca quanto a uma data para fim das negociações. Problema de novas equipas: na U.E., EUA, e OMC em Outubro. A próxima Ronda vai criar muito mais pressões sobre a agricultura europeia do que a Ronda do Uruguai:período de referência, eliminação das restituições e acesso ao mercado Imprescindível consistência das questões não comerciais,pp.princípio da precaução e respeito pelas Indicações Geográficas FSRIA (nova política agrícola americana) incentiva mais as exportações…logo maior pressão para redução dos preços internacionais Necessário continuar processo de reforma para responder a problemas graves em zonas menos competitivas Opinião pública e cautelas com processo de globalização