O COMPORTAMENTO ASSERTIVO NAS TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO RONALDO PEREIRA DA SILVA Instituto Paranaense de Ensino - IPE EDILAINE A. BONDIOLI Instituto Paranaense de Ensino - IPE JAZMIN FIGARI DE LA CUEVA Universidade Federal do Paraná - UFPR RESUMO Todo mundo negocia algo a cada dia, mesmo quando não o pensam estar fazendo. Entende-se que negociação se estenda como um processo de comunicação que acontece todo o tempo. Nos dias atuais, devido à competitividade existente, é necessário que as pessoas desenvolvam a capacidade de negociar com assertividade, já que a maioria não possui a capacidade de dizer não ou sim quando a ocasião assim exige, pois vive-se num mundo de conflitos e jogos de interesses. A negociação tem intuito de solucionar questões interpessoais, com interesses diferentes, de maneira civilizada e clara, embora muitas negociações são impostas por uma das partes. Contudo, negociação assertiva tem por objetivo mostrar que existe varias maneiras de negociação, tanto comercial como familiar, e que não precisa haver nenhum desgaste para se alcançar o que almeja, simplesmente chega-se no ponto de comum acordo, respeitando a si e aos outros, de forma assertiva. Palavras-chave: Negociação. Conflitos. Assertividade. . ABSTRACT Everyone negotiates something every day, even when they do not think they are doing. It is understood that negotiations will spread like a communication process that happens all the time. Nowadays, due to existing competition, it is necessary that people develop the ability to negotiate with assertiveness, since most do not have the ability to say yes or no when the occasion demands, she lives in a world of conflict and games of interest. The deal is intended to resolve interpersonal issues, with different interests in a civilized manner and clear, though many negotiations are imposed by one party. However, trading statement aims to show that there are several ways of negotiation, both commercial and family, and that there need be no wear to achieve the aims that simply arrives at the point of common agreement, respecting yourself and others so assertive. Key words: Negotiation. Conflicts. Assertiveness. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br INTRODUÇÃO A negociação é um meio básico de conseguir o que se quer do outro. Negociações complexas que parecem não ter fim, como o que acontece no Oriente Médio, negociações simples como a compra de um imóvel, o pedido de aumento de salário, até mesmo o restaurante que o casal escolherá para comemorar o aniversário de casamento. Seja nos negócios, no governo ou na família, as pessoas chegam à maioria das decisões através da negociação, mas segundo Fisher & Ury (1985), nem sempre essas negociações acabam bem e frequentemente levam à insatisfação. Desde sempre e em todo o mundo as pessoas negociam e em geral segue um padrão de reciprocidade que seria preparação, troca de informação, a negociação e comprometimento. A negociação é processo interativo de comunicação que pode ocorrer quando se quer algo de outra pessoa ou quando outra pessoa quer algo de você (SHELL, 2001). A negociação assertiva é hoje uma ferramenta para sobrevivência em um ambiente competitivo, é preciso desenvolver continuamente, as diversas potencialidades humanas e técnicas. O processo de transformação contínuo é um dos principais instrumentos para o desenvolvimento do profissional em adquirir competências para negociação assertiva e obtenção dos resultados esperados. O processo de negociação é extremamente complexo, já que envolve pessoas e comportamento humano, todavia procura-se abordar de forma clara e simples os aspectos fundamentais que devem ser observados pelo negociador, as expectativas que envolvem as negociações, o processo do conflito e a importância do comportamento assertivo. 1. NEGOCIAÇÃO Segundo Pacheco (2010), os primeiros estudos ocidentais sobre negociação vêm da Grécia antiga, devido a sua importância, no último século, estudiosos dedicaram tempo e esforços a trabalhos sobre negociação. Nicolau Maquiavel foi fundamental para a organização teórica e elaboração de regras práticas para a negociação. Em seu livro “O Príncipe” escrito em 1513 d.C. ele aborda conceitos inerentes à negociação, como solução de conflitos, estratégias e jogos de poder (PACHECO, 2010). Para que se compreenda melhor a palavra “negociação”, busca-se a origem do termo que remonta ao latim negocium, palavra formada pela junção dos termos nec (nem, não) + ocium (ócio, repouso), cujo significado estrito é o de atividade difícil, trabalhosa. Seu uso mais frequente, porém, tanto no latim quanto no português, gira em torno de comércio, tráfico, relações comerciais, transação, combinação, ajuste (LOPES, 2007). Conforme Fisher & Ury (1985), a negociação é uma verdade e faz parte do dia-a-dia das pessoas e não somente nas organizações. Para Andrade et al (2007), existe uma necessidade crescente de se negociar devido à constante mutação do mercado. A globalização quebrou paradigmas, responsabilidades com a sociedade, ética, meio-ambiente e outros desafios da atualidade aumentaram a necessidade de uma comunicação eficaz. Para Duzert (2007), a negociação auxilia também em várias áreas da gestão das organizações como a estratégica e de desenvolvimento humano, a área jurídica e de gestão do contencioso, área de orçamento, reformas estruturais, governança, etc. Um dos principais desafios impostos a administradores e técnicos organizacionais refere-se à velocidade de resposta a toda esta mudança, a assertividade – abordada no capítulo 4, é eficaz neste contexto, onde os tomadores de decisão ganham VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br importância no sentido de proporcionar instrumentos capazes de gerar respostas rápidas, adequadas em qualquer situação e, sobretudo minimizando perdas. 2.1. Objetivos da Negociação Sobre negociação costuma-se ouvir que o cliente sempre tem o poder e os vendedores não tem outra opção que aceitar as pretensões dos clientes e, que se faz necessário outorgar condições favoráveis aos clientes. Assim, o objetivo de uma negociação é esquecido, o quem nem sempre é vender nem comprar: o objetivo é que a empresa maximize resultados e para isso precisa negociar com profissionalismo. Porém, muitas vezes, talvez excessivas, as condições dos acordos comerciais não são totalmente satisfatórias para as empresas. Mas, o que é negociar? Negociar não é outra coisa que estabelecer algumas condições para chegar a um acordo e normalmente é originada de uma situação ou problema ocorrido no passado, visando uma solução para o presente ou futuro. Ao se falar em acordo, implicitamente, pode-se dizer que as partes envolvidas no processo precisaram fazer algumas concessões de seus interesses ou pontos de vista para que o acordo fosse firmado. Contudo, não se pode afirmar se as partes fecharam um bom acordo, pois isto é muito subjetivo, uma vez que os interesses são antagônicos e, muitas vezes, a negociação se dá, como já foi dito, para corrigir problemas ou conflitos existentes, que se não solucionados, trarão ainda mais problemas ou prejuízos para as partes envolvidas. Segundo Andrade et al (2007), para se conseguir o que se quer as pessoas precisam negociar e não impor uma decisão e a razão porque se negocia é para produzir algo melhor do que os resultados que seria possível obter sem negociar. Quais são esses resultados? Qual é a alternativa? Se você não tiver esse conhecimento estará negociando no escuro (FISHER & URY, 1985). Existem alguns fatores importantes que precisam ser levados em consideração num processo de negociação que são: Interesse em negociar - As partes envolvidas precisam estar interessadas na negociação, de outro modo, ele nunca se concretizará (RODRIGUES, 2010). Saber fazer concessões - dificilmente as partes chegarão a um acordo sem abrir mão muitas vezes de valores pessoais ou sentimentais, pois um bem que tenha valor sentimental, para quem está se desfazendo dele vale muito mais do que para quem o está comprando. Pois, no caso do vendedor, existe a questão sentimental e que, muitas vezes, por uma necessidade é obrigado a se desfazer daquele bem. Já para o comprador, é um processo de negociação normal onde é colocado um valor real sem o fator sentimento embutido. Lewicki et al (2001), diz que as negociações ocorrem devido a um destes 2 motivos: (1) para criar algo novo que nenhuma das partes poderia fazer por si só ou (2) para resolver um problema ou uma disputa entre as partes. Muitas vezes não há negociação, pois a pessoas não conseguem identificar que estão numa situação de barganha que é uma espécie de regateio competitivo ou numa negociação que é um processo mais formal que ocorre entre as partes para encontrar uma solução aceita por ambos. Para Andrade et al (2007), existem duas formas de se chegar a um acordo: a) barganha de propostas, onde as partes se preocupam em defender propostas e não se preocupam em entender o objeto da negociação. b) solução de problemas, os negociadores seguem etapas para tomada de decisão, entendem primeiramente a situação para se buscar uma solução. As duas formas levam a três desfechos nas negociações; primeiro aquele que atende a ambas as partes, segundo o que satisfaz apenas um lado em prejuízo a outro e finalmente o terceiro, onde não há negociação, ou seja, ambos perdem. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 2.2. Elementos de uma Negociação: Informação, Poder e Tempo Muitas vezes, associa-se o ato de comprar e vender como negociação, mas nem sempre isso é verdade, Garcia (2010), comprova esta afirmação tomando como exemplo a compra em um supermercado: salvo raríssimas exceções, neste caso, não se pode mudar a situação já definida onde os produtos estão expostos já com seus preços fixados. Muitas situações de negociação têm, fundamentalmente, as mesmas características das negociações de paz entre países em guerra, negociações comerciais, etc. De acordo com Lewicki et al (2001), existem várias características comuns a todas as situações de negociação que é a existência de duas ou mais partes, ou seja, dois ou mais indivíduos, grupos ou organizações, ainda que seja possível se negociar sozinho – quando alguém decide se, depois do almoço estuda ou joga videogame – a negociação será discutida como um processo interpessoal. Há um conflito de interesses, o que um quer não é necessariamente o que o outro quer. As partes devem procurar uma maneira de solucionar o conflito. Pois existe negociação entre as partes porque imaginam que podem fazer uso da influência para conseguir o que se quer. É um processo voluntário, raramente se é forçado a negociar. A princípio, as partes preferem tentar chegar a um acordo que estabelecer uma luta aberta. A negociação ocorre quando não há sistema – um conjunto de regras ou procedimentos pré-estabelecidos – para solucionar o conflito. É o caso quando se negocia, através de desculpas, a multa pelo atraso na devolução de um livro. Ao negociar, espera-se dar e receber, ou seja, que ambos os lados cedam ou modifiquem de alguma forma suas propostas iniciais. As negociações criativas podem não precisar de concessões; em vez disso, as partes podem criar soluções que venham ao encontro dos objetivos mútuos, pois uma negociação bem-sucedida envolve a administração de fatores intangíveis, bem como a solução de fatores tangíveis, ou seja, o preço ou os termos do acordo. Fatores intangíveis constituem as motivações psicológicas fundamentais que podem influenciar as partes durante o processo de negociação. Eis alguns exemplos: a) a necessidade de “ter uma boa aparência” para aqueles que você representa, b) o desejo de apresentar um número maior de transações que a do outro vendedor. Pode-se incluir também as crenças e valores essenciais. Fatores intangíveis podem ter enorme influência nos processos e resultados das negociações, e devem ser administrados antecipadamente. Outra característica fundamental de um processo de negociação refere-se a importância da utilização de tempo, poder e informação ao longo da negociação, segundo Cohen apud Martinelli (2002, p. xix), pode se conceituar negociação como “... a utilização da informação e do poder, buscando influenciar o comportamento em uma rede de tensão”. Martinelli & Almeida apud Pacheco (2010), apresentam um modelo representando as principais variáveis envolvidas no processo de negociação. São três variáveis que funcionam como um tripé: o tempo, a informação e o jogo de poder. Aquele que controlar o maior número de bases terá mais sucesso. Informação Processo de Negociação VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Figura 1 – Variáveis básicas de uma negociação Fonte: PACHECO (2010, p. 24) Informação: é o primeiro elemento de um processo de negociação. Identificar as informações mais valiosas em cada negociação é uma habilidade que se adquire com a experiência. Tempo: tem sua importância ligada às características particulares da situação. Como produto de uma negociação, os prazos também podem ser negociáveis. Poder: para Martinelli & Almeida apud Pacheco (2010), pode ser visto como “algo que permite mudar a realidade e alcançar objetivos”. É o elemento mais complexo da negociação. Podem ser classificados em poderes pessoais e circunstanciais – associado a algum cargo. A informação neste caso é muito importante para saber com que irá negociar, qual o estilo e que tipo de pessoa se trata, qual o cargo que ocupa, quem precisa mais de quem, quais as alternativas viáveis a esta negociação, etc. Enquanto informações são compartilhadas, o comprometimento do oponente é testado com a norma da reciprocidade, e a informação leva poucos segundos para serem transmitidas como um olhar, uma expressão de raiva ou apenas uma pausa. Tudo isso visa três objetivos. Primeiro, uma comunicação aberta, utilizando, se possível, um tom amistoso e pessoal. Segundo, ao determinar os interesses compartilham informações a respeito e, por último, quando essas informações são emitidas através de sinais (SHELL, 2001). Negociação, segundo Pacheco (2010), deve ser observada segundo a visão de cada uma das matérias básicas que a compõem, precisa-se respeitar os elementos da comunicação, da psicologia e da sociologia que influenciam num processo de negociação. O treinamento em negociação e sobretudo, apresentar as características do perfil assertivo auxiliam em relacionamentos, discussões simples do cotidiano, conflitos empresariais, desenvolvimento profissional e em situações comerciais. 2.3. Comunicação Sem comunicação não há negociação e frequentemente ela é subestimada numa negociação. Problemas na comunicação tornam o simples no difícil, no impossível. Podem levar a perdas de acordos. O diálogo pode eliminar ou pelo menos reduzir os malentendidos. O sucesso de uma negociação depende, em boa medida, de conseguir uma boa comunicação entre as partes. Cada uma delas tem que ser capaz de comunicar de maneira clara suas idéias e seus objetivos. Além disso, devem ter certeza de que a outra parte compreendeu exatamente a mensagem que lhe foi transmitida. De acordo com Fisher & Ury (1985), sem comunicação não há negociação. A negociação é um processo de comunicação bilateral com o objetivo de se chegar a uma decisão conjunta. Uma vez conhecida com exatidão a posição do interlocutor, fica mais fácil procurar pontos de encontros que satisfaçam os interesses mútuos. Adaptar a oferta para que se ajuste melhor às necessidades do outro. Também selecionar os argumentos que respondam melhor aos seus interesses. Isto, que parece óbvio, falha às vezes nas negociações e resulta na principal causa de que as discussões não cheguem a feliz termo. É muito frequente que as VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br partes entrem em fortes confrontos sem que nenhuma delas saiba realmente qual é a posição da outra. A causa principal nas falhas de comunicação reside em não se saber escutar. Saber ouvir, falar objetivamente são aspectos fundamentais para uma comunicação efetiva (MARTINELLI, 2002). Preocupa-se com o que se quer dizer, e não com ouvir o que lhe é dito. Além disso, a tensão gerada pela negociação, o medo de perder posições leva-se a adotar uma atitude defensiva que faz reagir com o primeiro comentário adverso. A boa comunicação exige escuta ativa: focar-se no que está dizendo o interlocutor e não ficar pensando no que responder. Outro aspecto fundamental é saber perguntar. Geralmente custa muito trabalho perguntar. Evita-se realizar algumas perguntas por medo de incomodar e, se a resposta não ficou clara, fica ainda mais difícil insistir. Um bom negociador se distingue porque sabe perguntar, não tem medo de insistir se a resposta não lhe convenceu, dá tempo ao interlocutor para que responda oportunamente e não tenta encher o silêncio que se pode produzir dando-se ele mesmo uma resposta. Segundo Watkins (2007), os especialistas em comunicação são enfáticos quanto à preparação para se chegar aos interesses das diferentes partes. Muitas vezes os interesses são revelados por meio de diálogos, mas nem sempre é fácil descobrir o que o outro quer, por isso é necessário aproveitar todas as oportunidades de comunicação para sondá-lo. 2.3.1. COMUNICAÇÃO ASSERTIVA Uma comunicação eficaz fundamentada em uma complementaridade no ato de escutar e de um discurso ativo tem um papel preponderante, assim como a construção do consenso com os procedimentos adequados. Essa comunicação torna-se fácil ou complicada no momento em que o negociador altera o contexto, pois não se negocia da mesma forma na China ou nos EUA (DUZERT, 2007). Uma das conquistas de um profissional, nos diversos níveis do relacionamento interpessoal, é a capacidade de ser assertivo. Segundo Passadori (2009), ser assertivo, diferente de ser agressivo, é comunicar-se de maneira franca e aberta, feita de maneira adequada, sem provocar constrangimento aos direitos de outras pessoas. A falta de assertividade é comum por ser causadora de muitos conflitos e mal-entendidos, além de outros prejuízos decorrentes dessas dificuldades de comunicação: Quantas vezes foram pronunciados um “sim” com a vontade de dizer “não”? Quantas vezes, em uma discussão ou em um debate faltou coragem de posicionar-se do jeito que gostaria? Quantas vezes ocorreu o desconforto para pedir ajuda a alguém? Fazer uma crítica? Expressar uma opinião diferente do seu interlocutor? Dizer a alguém sobre com um comentário ou uma brincadeira? Estas são situações comuns, que fazem parte do cotidiano, mas que mostram de quantas maneiras diferentes perde-se a oportunidade de ser assertivo para defender os próprios espaços vitais. Apesar de ser algo óbvio e primordial, o uso que os seres humanos têm dado à fala, parece ser o oposto dos objetivos tão divulgados. Escute e registre o que está sendo dito e se preciso peça que as idéias sejam repetidas para anular qualquer ambiguidade ou incerteza (FISHER & URY, 1985). A assertividade é um conceito que se bem apreendido, pode facilitar sobremaneira esse complexo processo que é a comunicação falada. 2. CONFLITO VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Ao se estudar negociação, convém considerar que, praticamente todas as negociações se iniciam pela existência de um conflito e é através dela que se chega aos melhores e mais apropriados meios de solucionar conflito. A palavra conflito, do latim conflictu está interpretada no dicionário Unesp (2004) como: 1. Luta armada. 2. Discussão, desavença. 3. Choque, oposição. Há várias teorias tentando explicar o que é o conflito e suas origens. Há sempre a necessidade de pelo menos duas pessoas. Hoje, enxerga-se conflito como algo benéfico, pois pode representar a oportunidade de crescimento e coesão entre as pessoas, permite que haja desenvolvimento de capacidades sociais, um aumento na capacidade de comunicação e de autonomia (AZEVEDO, 2010). Em Princípios de Negociação: Ferramenta e Gestão (Andrade et al, 2007), o conflito é definido com sentidos diversos e os autores concluem que, se toda interação de homens é uma socialização, o conflito deve ser certamente considerado uma socialização, pois visa solucionar dualismos divergentes e é um meio de alcançar uma espécie de unidade, mesmo que seja através da aniquilação de algumas partes conflitantes. Faria (2010) apresenta conflito originando de três dimensões: Percepção: quando se percebe que as suas necessidades, interesses ou desejos não são compatíveis com a presença ou ação de outra pessoa. Sensação: é apresentada uma reação emocional como medo, tristeza, raiva, etc., frente a uma situação. Ação: deixa-se explícito para a outra parte seus sentimentos ou se age no sentido de resolver suas necessidades, mas essa ação interfere na satisfação da necessidade de outras pessoas. Não importa qual a origem do conflito, nem o caminho que se toma para a solução do conflito, a pessoa em conflito sempre quer expor suas razões e ter suas necessidades atendidas, mas antes de tudo, é fundamental perceber realmente do que se está a se tratar. Muito importante, para ambas as partes, a atitude assertiva, apresentar uma escuta ativa e ter empatia, pois representa a real vontade de solução do conflito. A comunicação eficaz, o diálogo estabelecido entre as partes revelará a verdadeira intenção e disponibilidade na resolução do conflito (AZEVEDO, 2010). E ainda segundo Andrade et al (2007, p. 54), “o diálogo nasce da consciência de que o mundo das pessoas nunca se confunde com o mundo das coisas”. 3.1. Níveis e Tipos de Conflito O homem de hoje está inserido numa sociedade em constante mudança de valores e muitas vezes ele não consegue acompanhar esse ritmo tornando-o um alienado atual ou potencial. O aumento populacional, os grandes centros modificam o comportamento social e o homem tende a ficar mais agressivo e inseguro pelo aumento da competitividade. A intolerância é o início da violência (ANDRADE et al, 2007). Todos os conflitos, frequentemente podem surgir de uma simples diferença de opinião, valores, metas ou desejos podendo se agravar e atingir um nível de hostilidade. A seguir, conforme Nascimento & El Sayed (2010), é possível acompanhar a evolução dos conflitos e suas características: Nível 1 - Discussão: caracteriza-se normalmente por ser racional, aberta e objetiva; Nível 2 - Debate: neste estágio, as pessoas fazem generalizações e buscam demonstrar alguns padrões de comportamento. O grau de objetividade existente no nível 1 tende a diminuir; Nível 3 - Façanhas: as partes envolvidas no conflito começam a mostrar falta de confiança no caminho e/ou alternativa escolhidos pela outra parte envolvida; Nível 4 - Imagens fixas: são estabelecidas imagens preconcebidas com relação à outra parte, fruto de experiências anteriores ou de preconceitos trazidos, fazendo VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br com que as pessoas assumam posições fixas e rígidas; Nível 5 - Loss of face (“ficar com a cara no chão”): trata-se da postura de “continuo neste conflito custe o que custar e lutarei até o fim”, o que acaba por gerar dificuldades para que uma das partes envolvidas se retire; Nível 6 - Estratégias: neste nível começam a surgir ameaças e as punições ficam mais evidentes. O processo de comunicação, uma das peças fundamentais para a solução de conflitos, fica cada vez mais restrito; Nível 7 - Falta de humanidade: no nível anterior evidenciam-se as ameaças e punições. Neste, aparecem com muita frequência os primeiros comportamentos destrutivos e as pessoas passam a se sentir cada vez mais desprovidas de sentimentos; Nível 8 - Ataque de nervos: nesta fase, a necessidade de se autopreservar e se proteger passa a ser a única preocupação. A principal motivação é a preparação para atacar e ser atacado; Nível 9 Ataques generalizados: neste nível chega-se às vias de fato e não há outra alternativa a não ser a retirada de um dos dois lados envolvidos ou a derrota de um deles. O modelo apresentado pode ser aplicado a qualquer tipo de conflito, desde uma pequena discussão entre duas pessoas até uma guerra, envolvendo vários países. Porém, quanto maior o nível que o conflito atinja, independente do tipo de conflito, maior será a dificuldade para solucioná-lo. Se o conflito é ignorado ou reprimido, ele tende a crescer e se agravar. Porém, se ele é reconhecido e são tomadas ações construtivas, então ele pode ser resolvido mais facilmente, podendo inclusive tornar-se uma força positiva para a mudança. Para Cavagnoli (2010), ações preventivas objetivam criar condições favoráveis para a diminuição dos conflitos interpessoais, através de implementação de práticas que tragam resultados prévios fortemente negociados, em decisões estratégicas, táticas e operacionais, que envolvam os colaboradores e/ou as partes interessadas. Segundo Lewicki et al (2001), conflito interpessoal é o conflito entre as pessoas, ou seja, irmãos, cônjuges, patrão e empregado, colegas, etc. É importante conhecer os conflitos para saber se está preparado para lidar com eles. O conflito é um elemento importante seja na dinâmica pessoal ou organizacional, é um fator inevitável. Por mais que se desenvolvam esforços no sentido de eliminá-lo, não se pode contê-lo. Observa-se, atualmente, profissionais disseminando fórmulas e estratégias para se trabalhar com os conflitos. De acordo com Melo (2010), existem vários tipos de conflitos e sua identificação pode auxiliar a detectar a estratégia mais adequada para administrá-lo: Conflito Latente: não é declarado. Eventualmente não precisam ser trabalhados; Conflito Percebido: é percebido racionalmente a sua existência, ainda que não haja manifestações abertas do mesmo; Conflito Sentido: é o conflito que já atinge ambas as partes. Há emoção de forma consciente; Conflito Manifesto: já atingiu ambas as partes, já é percebido por terceiros e pode interferir na dinâmica da organização. Ações corretivas são aplicadas quando o conflito já está estabelecido e resultam num acordo negociado através da mediação ou conciliação. O tratamento inadequado de um conflito poderá gerar violência, insubordinação e outras graves disfunções organizacionais. A questão está em desenvolver competências básicas necessárias para instalar um bom sistema de gestão de conflitos. 3.2. Gestão de Conflitos Os conflitos existem desde o início da humanidade, fazem parte do processo de evolução dos seres humanos e são necessários para o desenvolvimento e o crescimento de qualquer sistema familiar, social, político e organizacional. Pode-se pensar em inúmeras alternativas para indivíduos e grupos lidarem com os conflitos. Estes podem ser ignorados ou VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br abafados, ou sanados e transformados num elemento auxiliar na evolução de uma sociedade ou organização. (NASCIMENTO & EL SAYED, 2010). Porém, inúmeros conflitos que surgem dentro e fora das organizações não são nem do tipo discussão e nem do tipo competição. As principais razões para isso são: falta de confiança, perspectivas diferentes e enfoques individuais para o tratamento dos conflitos. Com isso, os conflitos podem ser transformados em conflitos destrutivos. Porter apud Hodgson apud Martinelli (2002) classifica em três tipos os enfoques para se lidar com o conflito, de acordo com as motivações que estão por trás do comportamento das pessoas. Os três tipos são: aquele que empurra a solução do conflito, o que ajuda a solucioná-lo e aquele que analisa o conflito. Sob o enfoque do que empurra para a solução do conflito, tem-se o negociador que gosta de ver as coisas feitas. Normalmente, ele é assertivo e entusiástico ao trazer novas idéias. Procura estabelecer um objetivo a ser atingido e proporcionar a autoridade para que isso aconteça. Sua ênfase está sempre na ação, movimento e cumprimento das tarefas. Aquele que se preocupa em ajudar a solucionar o conflito procura que seu comportamento seja sempre benéfico aos outros. O negociador pondera que as pessoas sempre levam em conta quando há coisas a serem feitas e procura ajudar quando sente que pode beneficiar as pessoas (porém, muitas vezes o faz retraindo-se e deixando que as pessoas aprendam com seus próprios erros). Já o que analisa o conflito age em função da lógica e da ordenação. Gosta muito de procurar fatos para basear sua tomada de decisões. Preocupa-se menos com o acompanhamento das tarefas e com a consideração às pessoas, e mais com a certeza de que tudo esteja sendo feito corretamente, de maneira ordenada e lógica. Faz-se necessário dizer que qualquer um dos tipos citados, quando levados aos limites extremos de um conflito, tendem também a mudar de postura, assim como há mudanças nos estilos de tomada de decisão em condições de pressão. Dessa forma, o primeiro (que empurra) tende a levar o conflito para uma luta com um fim amargo, o segundo (o que ajuda) tende a se entregar, enquanto o terceiro (o que analisa) tende a retirar-se completamente, rompendo todos os contatos. Ainda citando Nascimento & El Sayed (2010), para uma eficaz resolução dos conflitos é preciso compatibilizar alguns passos a serem seguidos, conhecer e aplicar alguns “saberes” e, também, definir o estilo a ser adotado. Os seguintes passos são considerados de suma importância: Criar uma atmosfera afetiva; Esclarecer as percepções; Focalizar em necessidades individuais e compartilhadas; Construir um poder positivo e compartilhado; Olhar para o futuro e, em seguida, aprender com o passado; Gerar opções de ganhos mútuos; Desenvolver passos para a ação a ser efetivada; Estabelecer acordos de benefícios mútuos. Para que a negociação possa ocorrer, é necessário que ambas as partes tenham as capacidades de saber comunicar, pois sem diálogo não há comunicação nem solução possível para os problemas e a maioria dos erros, omissões, irritações, atrasos e conflitos é causada por uma comunicação inadequada. Também é importante saber ouvir - ouvir ativamente, pois metas e intenções não compreendidas levam sempre a uma resolução sem sucesso. Demonstrar verdadeiro interesse pela pessoa que fala e pelo assunto; evitar criticar ou tentar dirigir a conversa; adotar uma posição afirmativa, mostrando respeito pela outra pessoa. Saber perguntar é outra faceta do ouvir ativamente, pois quem pergunta conduz a conversa. Quanto ao estilo a ser adotado, é recomendável adotar um estilo que leve à solução do conflito da forma mais pacífica possível. O que vai definir seu atual estilo de VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br administrar conflitos está diretamente ligado a duas importantes características de comportamento: assertividade e cooperação.A seguir, relacionam-se alguns estilos e algumas de suas características: Competição: Busca satisfação dos interesses, independentemente do impacto que isto possa causar na outra parte envolvida; tenta convencer a outra parte de que sua conclusão está correta e a dela está equivocada; leva a outra parte a aceitar a culpa por um problema qualquer. Colaboração: Contempla os interesses das partes envolvidas no conflito; busca um resultado benéfico para todas as partes envolvidas. Evitação: Trata-se de estilo considerado não-assertivo e não-cooperativo; evita todo e qualquer envolvimento com o conflito, chegando a negar sua existência e o contato com as pessoas que podem causá-lo. Acomodação: Trata-se de estilo considerado não-assertivo e cooperativo; a parte que utiliza este estilo tende a apaziguar a situação, chegando a colocar as necessidades e interesses da outra parte acima dos seus. Compromisso: Este estilo encontra-se no padrão médio de assertividade e cooperação, em que uma das partes envolvidas no conflito desiste de alguns pontos ou itens, levando a distribuir os resultados entre ambas as partes. Inúmeros fatores podem influenciar o surgimento do conflito, não ficando restrito às questões relacionadas ao trabalho ou à estrutura organizacional. Os mais comuns são as diferenças individuais, os diversos níveis de competência interpessoal, as diferentes visões de mundo, entre outros. De acordo com Henriques & Santos (2010), a relação existente entre negociar e os estilos de conflito, é bastante interessante e não deve ser desprezada, pois há estilos que ajudam ou pioram a negociação. É evidente que o estilo colaborativo é o que produz melhores resultados na maioria das negociações. Ou seja, não é estranho, o uso dos vários estilos de gestão de conflitos durante as negociações. Principalmente se os estilos colaborativo e compromisso dominarem o processo e, normalmente, chega-se a soluções positivas para ambas as partes. É ainda aconselhável o uso do estilo calmo, para ceder em alguma situação que seja muito importante para a outra parte, e pouco penosa para a você. Em contrapartida ao estilo "ditador", pode ser usado o estilo compromisso quando nenhuma das partes consegue fazer valer a sua solução. Neste caso pode ainda recorrer-se ao estilo "evitar", deixando para futuras negociações os pontos de discórdia. Não se deve esquecer que há em todos os seres a capacidade e habilidade para ouvir e entender melhor seus semelhantes. Com esta postura, a voz interna de um é silenciada e a voz do outro cresce, permitindo que soe clara. Pois o desejo mais profundo do coração humano é o de ser compreendido, e perceber isto é possibilitar um processo eficaz de comunicação. 3. ASSERTIVIDADE Ser assertivo proporciona segurança e respeito para si próprio e para com os outros, mas o que é ser assertivo? Muitos acreditam que assertividade significa “estar certo”. O termo assertividade tem origem no latim assere e significa afirmar. Assertividade é consequência direta do autoconhecimento e do amor-próprio, pois estimula o reconhecimento dos valores e limites individuais. Ela representa a ação afirmativa dessas conquistas (PASSADORI, 2009). Segundo Moutinho (2001), assertividade é a capacidade de realizar o ato em busca do que se deseja. É a atitude positiva quando se defende um valor, da capacidade de se VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br enfrentar o mundo, de se estar à altura das outras pessoas e de poder administrar a própria vida, mas como toda a capacidade, a assertividade pode ter sido bem desenvolvida ou não. O comportamento assertivo pode ser definido como aquele que envolve a expressão direta, pela pessoa, das suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões sem que, ao fazê-lo, ela sinta ansiedade indevida ou excessiva, e sem ser hostil para o interlocutor. É, por outras palavras, aquele que permite defender os próprios direitos sem violar os direitos dos outros. O significado de assertividade tem sido distorcido, promovendo resistência nas pessoas. Muitos entendem que ser assertivo é ter apenas uma comunicação sincera e objetiva, sentido-se com o direito de dizer muitos "nãos" e poucos "sins" aos outros, "doa a quem doer e custe a quem custar" (MARTINS, 2007). De acordo com Carneiro (2007), a postura assertiva é uma virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, um por excesso (agressão), outro por falta (submissão). Ser “bonzinho” e concordar com tudo pode custar caro, pois há consentimento quando devia haver desaprovação. Por outro lado o comportamento agressivo não é ideal, pois ao determinar como deve ser feito aquilo que se deseja, viola-se o direito dos outros. Dominar o outro ou não estar aberto a negociações limita muito a relação, se do outro lado houver uma pessoa passiva a negociação se desenvolverá melhor, pois, do contrário, será uma luta para ver quem grita mais alto. Negociações ocorrem no contexto de um relacionamento contínuo em que é importante conduzir cada negociação de maneira que ajude, e não prejudique as relações futuras e as futuras negociações (FISHER & URY, 1985). No ambiente profissional, o perfil assertivo é cada vez mais valorizado, principalmente num mercado de mudanças contínuas, que exige decisões objetivas e focadas nos resultados esperados e que considera relevante a construção de parcerias. A técnica assertiva "aposta" na mudança de comportamento passivo ou agressivo para um comportamento maduro e honesto, adaptado a todos os tipos de personalidade. Conforme Pereira (2007), para se integrar na sociedade contemporânea um indivíduo deverá ter competências que lhe permitam comunicar com eficiência; controlar situações e gerir o tempo; trabalhar em equipe, colaborar, negociar e participar do esforço coletivo; criar sinergias, adaptar, associar e sintetizar seus conhecimentos; usar conhecimentos para resolver problemas; adaptar-se à imprevisibilidade; tomar decisões rápidas e controlar os imprevistos; conhecer linguagens simbólicas (sinais, símbolos, códigos e diagramas). Muitas competências são aplicáveis a várias situações e que no seu conjunto caracterizam o que se designa tecnicamente por assertividade, que Castanyer apud Pereira (2007) define como “capacidade de auto-afirmar os próprios direitos sem se deixar manipular e sem manipular os demais”. De acordo com Martins (2007), para se tornar uma pessoa assertiva, é preciso se fortalecer com as atitudes de base para comportamento assertivo. Sem elas, é impossível desenvolver uma comunicação em que o seu eu é afirmado sem massacrar o eu do outro: Autoestima: origina-se da imagem que se tem de si mesmo. É a sua reputação vista por seus próprios olhos. É o que se pensa e sente sobre si mesmo. A qualidade da autoestima depende de você. Depende a aceitação, da confiança e do respeito que você tem por si mesmo. Determinação: é uma energia que faz a coragem para ir em frente e não desistir perante os obstáculos. É ter foco e clareza sobre onde quer chegar. Empatia: é colocar-se no lugar do outro mentalmente e sentir o que o outro está sentindo numa determinada situação. Somente pessoas maduras conseguem estabelecer empatia. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Adaptabilidade: é adequar seu estilo de comunicação e entrar em sintonia com seu interlocutor, seja uma criança, seja um idoso, tenha nível cultural alto ou baixo. Autocontrole: é assumir que o ser humano é bastante emocional e usar da racionalidade para gerenciar as emoções, não perdendo o controle das situações. Tolerância à frustração: é aceitar que não se pode só ouvir “sins”, pois existem os nãos que são pertinentes e justos. Isto significa aceitar a diversidade humana.Sociabilidade: é gostar de estar com pessoas, é se preocupar com o bem-estar do outro assim como o seu próprio. É tratar as pessoas com maturidade e sem idéias preconcebidas. Além dessas atitudes, existem três condições para ser assertivo: 1) saber o que se quer e aonde quer chegar; 2) Partir de um pensamento positivo e 3) Ser proativo para atingir os resultados. Oliveira (2010) apresenta: Algumas características da pessoa não-assertiva: Tem dificuldade para dizer não; Evita conflitos; É impaciente no ouvir; Tem a sensação de ser um “engolidor de sapo”; Fala duro e firme, e depois pede desculpas; Vence uma conversa pela insistência, não pelo conteúdo; É mais de criticar do que de elogiar (ao outro e a si mesmo). Algumas características da pessoa assertiva: Não tem dificuldade em dizer não; Não evita conflitos (se forem necessários) e sabe administrá-los; Sabe ouvir; Mais elogia do que critica; Sua fala, por ser firme e respeitosa, não cria necessidade de pedir desculpa; Estimula a comunicação de mão dupla; É comunicador por excelência. Atitudes Como me sinto como receptor Como se sente sobre si próprio Passivo *Irritado *Confuso *Aborrecido *Inseguro *Frustrado *Pouco importante *Com piedade dele, mas... *Desapoiado *Sem poder *Inadequado *Ignorado *Frustrado *Pouco importante *Baixa autoestima Agressivo *Pequenino *Desprotegido *Assustado *Abusado Manipulador *Irritado *Magoado *Confuso *Sem perceber o que se passa *Desiludido *Culpabilizado Assertivo *Esclarecido *Valorizado *Respeitado *Escutado *Descontrolado *Temporariamente superior *Ameaçador *Inseguro *Baixa autoestima *Frustrado *Amargo *Desapontado *Esperto *Impotente *Baixa autoestima *Confiante *Calmo *Ideias claras *Elevada autoestima *Com sentido de poder interior VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br O que ganha *Evita responsabilidades *Evita riscos *Evita rejeição *Evita ser culpabilizado *Evita tomar decisões *Poder *Domínio *Não ter necessidade de explicar, negociar ou escutar os outros. *Outros não *Isolamento sabem qual a *Rejeição sua posição *Perda de *Malentendiinfluência dos *Perda de *Aumento do respeito isolamento *Perda de auto*Aumenta respeito sentimento de rejeição *Baixa de Autoestima Quadro 1: Os 4 tipos de comportamento Fonte: www.forma-te.com (2010, p.10) Consequências a longo prazo *Autoproteção *Evita confronto direto *Evita ser rejeitado diretamente *Influencia os outros porque eles não se percebem o que se está a passar até que é tarde demais *Stress *Amizades destruídas *Perda de confiança nos outros *Zanga face e face aos outros. *Ter resultados *Ser claro *Agarrar oportunidade *Desenvolvimento de relações honestas *Aumento do auto-respeito *Mover-se clara e seguramente para as metas estabelecidas. *Construção de relações sólidas. *Construção de respeito mútuo. Muitas vezes a decisão de ser assertivo implica em adotar uma nova filosofia de vida. É algo que vem pelo treino nas situações cotidianas. Ser assertivo é o meio do caminho no contínuo da passividade-agressividade. Decide-se por ser assertivo no lugar de continuar sendo reativo. Trata-se de uma comunicação clara e sem rodeios, mas não significa falar tudo o que vem à cabeça. O diálogo é valorizado e priorizado em todo o tempo. É considerar que o outro tem seu direito apesar de você estar reivindicando o seu. Entretanto, ser assertivo não garante que os outros ajam de acordo com a sua vontade. Isso é manipulação e não assertividade. 4. MELHORE A NEGOCIAÇÃO O poder pode vazar pelo vão dos dedos se o negociador não for suficientemente assertivo para expressar exatamente o que deseja. Ser capaz de dizer sim ou não, quando ele próprio julgar conveniente, sem se deixar levar pelas pressões, manipulações ou estratégias do interlocutor. Conforme Lopes (2007), para atender as demandas de um mercado competitivo e ágil, um profissional deve ter as características do comportamento assertivo, o qual constrói uma comunicação interna saudável dentro de uma empresa. Isso acontece porque as pessoas passam a encarar os problemas do cotidiano com naturalidade e não tem VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br dificuldades para resolvê-los. As informações fluem com transparência, na quantidade e na qualidade necessárias. Pollan & Levine apud Martinelli (2002), afirmam que a negociação é, depois de ler e escrever, a habilidade mais importante das necessárias para se tornar bemsucedido, destacando a importância de se estudar negociação e desenvolver as habilidades através da prática. Toda negociação precisa de uma boa preparação, para Shell (2001), toda negociação ainda que simples precisa de um plano de ação e destaca seis fundamentos para uma negociação efetiva: O seu estilo: você é começo da negociação, sua comunicação, o modo como enfrenta uma situação conflitante. Não existe estilo único, mas nunca se cansa em buscar informações para sempre estar preparado. Suas metas: primeiramente tem que descobrir onde e por quê quer chegar é muito importante comprometer-se com metas específicas e justificáveis, o que o levará a ser mais centrado, persistente e direcionado. Padrões e normas dominantes: a necessidade de se manter uma aparência justa e coerente em palavras e atos. Relacionamento: Negociação é interpessoal. Relacionamentos pessoais criam um nível de integridade e confiança diminuindo ansiedade e facilitando a comunicação. Para usufruir dos benefícios dos relacionamentos segue algumas dicas: ter acesso e credibilidade usando sua rede de relacionamentos; norma de reciprocidade: relacionamentos estabelecidos com atitudes simples tais como brindes, favores, etc.; não caia na armadilha do relacionamento, não se deixe manipular pela culpa e nunca misturar amizade com negócios. Os interesses da outra parte: conseguir enxergar os interesses da outra parte não é tarefa fácil, pois supõe-se que as necessidades de um são contrárias as de outrem. Os melhores negociadores superam essas suposições pela curiosidade. O poder da influência: mesmo tendo conhecimento sobre estilo, metas, relacionamento e interesses, o fator mais importante numa negociação de alto risco é o poder da influência. A parte que tiver menos a perder é aquela que vai insistir que as condições desfavoráveis a ela sejam desfavoráveis. Ainda segundo o autor, negociação efetiva é 10% de técnica e 90% de atitude. Para adquirir a atitude adequada, precisa-se de três elementos: realismo, inteligência e auto-respeito. É melhor ser prudente e estar preparado não permitindo que pessoas inescrupulosas obtenham vantagens sobre você. Utilize-se de informações para negociar com inteligência preparando ferramentas de planejamento não apenas uma estratégia e trabalhe duro para manter sua integridade e respeito pelos outros. Agir assertivamente, em si não resolve todos os problemas, mas significa um passo seguro para a solução. Fisher & Ury (1985) apresenta quatro pontos fundamentais de uma negociação baseada em princípios: 1º Separar as pessoas dos problemas; 2 º Concentrar-se nos interesses e não nas posições; 3 º Buscar opções de ganhos mútuos; 4 º Definir critérios objetivos. Existem dois tipos de negociação: negociação do bem e negociação do mal. A primeira opção foi escolhida para se aprender boas técnicas, porque assim, procura-se manter um padrão mais ético. Enganar faz parte da negociação. Os negociadores eficientes levam a integridade pessoal muito a sério (SHELL, 2001). Machado (2008) apresenta dez técnicas de negociação para praticar. Há muitas ideias no campo da negociação, mas as dez listadas abaixo caracterizam um excelente começo: VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 1. Conhecer o objeto da negociação: aprenda tudo o que puder sobre o produto; 2. Fazer uma lista de interesses: quais são os interesses envolvidos na negociação, tanto seus como os da outra parte. Isso ajuda a fazer uma reflexão mais profunda e a estar psicologicamente preparado; 3. Controlar as emoções: nunca deixe uma negociação transformar em briga. Não fuja dos seus reais interesses e da busca por um consenso. Seu comportamento influencia no resultado; 4. Não falar demais: estar muito bem preparado pode transformar-se em uma armadilha, caso você deixe escapar informação valiosa que talvez o outro não tenha pensado. A ansiedade pode fazer com que a antecipação do movimento adversário funcione a favor dele. De tempo e só mostre seus argumentos caso seja realmente necessário; 5. Escutar com atenção: influencie fazendo perguntas, não fique fazendo afirmações. Se você já sabe quais são seus interesses e objetivos deixe que o outro lhe diga a solução. Isso não significa estar sendo conduzido. Na verdade quem conduz uma negociação é quem sabe perguntar e escutar. Pergunte estrategicamente e escute com atenção; 6. Mirar no coelho, acertar no elefante: nem sempre o objeto da negociação é o que aparenta ser. Se quiser comprar uma fazenda, negocie pelo valor do lindo rio que há nela e não pela jazida de diamantes que você sabe haver lá, um exemplo dramático, mas que passa recado; 7. Ser flexível: esteja preparado para abrir concessões. Quando você conhece os interesses de seu adversário fica mais fácil abrir concessões que ofereçam valor para ele, percebe-se que muitas vezes, o valor que o outro sente do objeto da negociação não é o mesmo do seu, portanto fica fácil dar o que você não quer mais; 8. Ser positivo e cordial: estabeleça um clima de reciprocidade, seja educado e respeitador; 9. Lembrar que dinheiro tem outros nomes: às vezes a outra parte é irredutível quanto a negociação de preços, mas o lucro pode vir de outras fontes como produtos em promoção, troca, brinde, patrocínio, cortesia, verba, exclusividade, etc.; 10. Saber esperar: algumas negociações levam dias e as pessoas blefam. Em uma negociação não se deve improvisar a estratégia nem as táticas que serão utilizadas. Elas devem estar definidas e convenientemente preparadas antes de sentar-se para negociar. Segundo Silva (2007), ao participar de uma negociação deve-se estar cientes de que esse processo nada mais é do que uma oportunidade para, de modo criativo, as partes envolvidas encontrem soluções que atendam aos seus interesses, sem que isso signifique trabalhar contra os interesses do oponente. É quando entra a chave do ganha-ganha, isto é, atender aos meus interesses sem ferir os interesses da outra parte. Faz-se necessário recapitular os passos: - Se você não revelar seus interesses, não haverá espaços para a criatividade; - Revelar o seu real interesse pode diminuir seu poder face a um oponente agressivo e/ou manipulador (ganha-perde); - Você tem que ser assertivo, expressar corretamente e com segurança o que deseja; - Ao colocar seus interesses na mesa você pode fazer isso se utilizando de um estilo que possa reforçar seu poder sem atacar o outro; - As pessoas tentam resolver problemas fazendo concessões ao que está em jogo. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Uma pessoa assertiva é altamente confiável, pois sua fala é transparente, sempre exala verdade. A pessoa assertiva tem forte tendência em evitar a hipocrisia e a falsidade. Por possuir estas características de personalidade, uma pessoa assertiva inspira confiança e credibilidade. Credenciais estas, vitais para o relacionamento interpessoal altamente produtivo e saudável. Conclui-se, pois que negociação bem sucedida é aquela em que as partes envolvidas desenvolvem a assertividade, terminam conscientes de que o produto final é maior que a soma das contribuições individuais e que o resultado caracteriza por ganha-ganha. 5. CONCLUSÃO A negociação e os conflitos são processos complexos que ocorrem nos mais diversos setores do cotidiano de todos os seres humanos. Foram referidas ao longo deste trabalho algumas táticas e estratégias de modo a gerir os conflitos através de uma visão adequada da negociação. Shell (2001) diz que se deve considerar cada oportunidade de negociação como um “laboratório” para aperfeiçoar as habilidades. Conforme for adquirindo experiência as negociações deixarão de causar ansiedade e insegurança para se tornar desafios agradáveis e lucrativos. Para se conseguir chegar a esse nível há a necessidade de se apresentar uma postura confiante baseada em conhecimento sobre o processo de negociação. Essa confiança, muitas vezes, está na assertividade. A assertividade é uma escolha individual de cada um, porém ser assertivo não implica em não haver conflitos, porém, se duas pessoas em desacordo se expressarem e agirem de forma assertiva, o conflito será resolvido de forma mais fácil. É importante ser flexível, ouvir o outro e estabelecer limites para que o outro não invada o seu espaço. A escolha é a palavra chave da assertividade. Ser assertivo é sempre, em qualquer situação, escolher o que é melhor fazer, o momento adequado e o local certo - com cada pessoa do seu convívio, respeitando a si e ao outro. Lembre-se, aquilo que não agregar valor a você e nem ao outro é melhor não dizer e não fazer. O processo evolutivo não chegou a um ponto final, com o surgimento da internet, criação de novas cadeias de valor e foco no cliente e sua demanda, a negociação é continuamente estudada, modernizada e recriada para melhor aderir a esta realidade e se preparar para o que ainda está por vir (PACHECO, 2010). REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; ALYRIO, Rovigati Danilo; MACEDO, Marcelo Álvaro da Silva. Princípios da Negociação: Ferramenta e Gestão. 2a ed., São Paulo: Atlas, 2007. AZEVEDO, Maria José Lobato. Mediação de <http://www.naincerteza.com>. Acesso em 1o out. 2010. Conflitos. Disponível em BORBA, Francisco Silva (org.) Dicionário Unesp do Português Contemporâneo. 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