A POLÍTICA E O ESTADO DAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS Florence Karine Laloë – Gerente de Projetos – Mudanças Climáticas ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade [email protected] www.iclei.org/lacs/portugues A Política: 1992 – Rio de Janeiro - Principal Marco das negociações sobre Clima: Adoção da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – UNFCCC, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD (Rio 92 ou Eco 92) com base no 1o relatório do IPCC de 1990 1994 - UNFCCC entra em vigor. Objetivo primordial da Convenção: “Estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em níveis que não interfiram perigosamente no sistema climático. Estes níveis deverão ser alcançados em tempo suficiente para permitir que os ecossistemas se adaptem naturalmente às mudanças do clima, que a produção de alimentos não seja prejudicada e garantir que haja desenvolvimento econômico sustentável.” Os compromissos: responsabilidades comuns porém diferenciadas. Países com responsabilidade histórica de emissões antrópicas agrupados sob o Anexo 1 (desenvolvidos e Leste Europeu). Implementar medidas e mecanismos financeiros para reduzir as emissões a níveis de 1990. Obs: Brasil e outros países em desenvolvimento NÃO têm compromissos de redução. Ainda… Estabelecidas as metas de redução para os Países do Anexo 1 (Artigo 25). Os países não-Anexo I só aderem voluntariamente. Incluídos 6 gases nas metas de redução – (CO2, CH4, Nox, com base em 1990 e SF6, HFCs e PFCs, com o base em 1995). Estabelecidos meios de implementação através de mecanismos de flexibilização. A partir de 1995 realizaram-se as reuniões de países signatários da UNFCCC, as COPs. A última, havida em 2008, Poznan, Polônia, foi a COP 14. Obs: O Brasil ratificou a UNFCCC em 28/02/94 Os EUA ratificaram a UNFCCC em 15/10/92 1995 - COP 1 : Mandato de Berlim 1996 – COP 2 - Declaração de Genebra 1997 – COP 3 – Protocolo de Quioto 1998 - COP 4: - Plano de Ação de Buenos Aires 1999 – COP 5 - Bonn 2000– COP 6 –Haia – Fracasso das negociações - adiamento 2001 – COP 6,5 –Bonn –Acordo de Bonn 2001 – COP 7 –Marrakesh –Acordo de Marrakesh regras para a ratificação do Protocolo até 2002 2002 (outubro) – COP 8 – Nova Delhi – Declaração de Delhi – detalhamentos (…) 2007- Bali – Declaração de Bali (Mapa do Caminho) 2008 – Poznan 2009 – Copenhague – acordo para o período pós-2012 Nova Deli, 2002 Definições e questões metodológicas sobre LULUCF Modalidades e limites para os Mecanismos Flexíveis do Protocolo de Quioto; Equidade Regional para os benefícios do Protocolo; Cumprimento do Protocolo: mecanismos e procedimentos de verificação Participação dos Países Não-Anexo I no 2o período do Protocolo. Entrada em vigor do Protocolo de Quioto em 2003 Bali: Adoção de estratégia de 2 anos, de Bali a Copenhague Poznan: - Metade da trajetória de negociações estabelecida pelo Mapa do Caminho de Bali, que está orientando a discussão do novo acordo. - Reafirmação do compromisso de todas as Partes em chegar a um acordo na COP 15. - Criação do Fundo de Adaptação, que em 2009 já poderá receber projetos para financiamento - Definição de um programa de trabalho para 2009, o qual visa efetivar as negociações sobre compromissos dos países para redução de emissões dos gases de efeito estufa Metas e compromissos: Redução total da Convenção em média de 5,2% das emissões de GEE, com relação aos níveis de 1990, entre 2008 e 2012 (considerada a média ao longo dos 5 anos de prazo). Obs: Para entrar em vigor, é preciso que pelo menos 55 países, incluindo os do Anexo I responsáveis por 55% das emissões de CO2 em 1990, tenham ratificado (artigo 25). Mecanismos de flexibilização: Execução Conjunta (JI - Joint Implementation): entre países do Anexo 1 (Artigo 6). Comércio de Emissões (ET – Emission Trade) entre países do Anexo 1 (artigo 17). Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM – Clean Development Mechanism) Entre países signatários, setores público e privado (Artigo 12). Obs: O Brasil ratificou o PQ em 23/08/02 Até o momento, ratificaram 122 países, responsáveis por 44,2% das emissões 1. Por que governos subnacionais e locais são importantes no enfrentamento às mudanças climáticas Ação Climática Local Por que Governos Locais sao importantes na proteção do clima Aproximadamente 50% da população mundial está em cidades Até 2030, 2/3 da humanidade viverá em áreas urbanas Mais de 80% de toda a energia é consumida em cidades Areas urbanas geram aproximadamente 2/3 de toda emissão de CO2 com tendência de aumento (geração de energia através de transporte, atividade industrial e queima de combustíveis fósseis e biomassa para consumo doméstico) Cidades, especialmente aquelas com rápido crescimento em países em desenvolvimento, são altamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. Prefeitos e governos locais são o nível de governança mais próximo dos cidadãos (crítico quando se trata de ações concretas em prol do clima) Cidades e governos locais são parte do problema Mas também podem ser parte da solução! Ação Climática Subnacional Por que Governos Subnacionais sao importantes na proteção do clima No Brasil, Estados são responsáveis pela gestão metropolitana Governos subnacionais atuam como governança intermediária entre Governos Nacionais e Locais Governos subnacionais são responsáveis pela definição de políticas estratégicas no âmbito de seu território, no qual se inserem os governos locais Ação Climática Subnacional e Local Contribuição dos Governos Subnacionais e Locais para a Proteção do Clima: Planejamento urbano sustentável (para mitigação e adaptação) Planejamento e gerenciamento do uso do solo Energia Renovável e Eficiência Energética (regulamentaão local, arquitetura, etc.) Transporte Urbano Sustentável (caminhada, bicicleta, melhoria de transporte público…) Compras Públicas Sustentáveis de bens e serviços (atividades neutras em carbono nas cidades) Ação Local pela Biodiversidade (para melhorar a proteção do clima) Mudança de padrões dos cidadãos Se realmente fortalecidos e providos de recursos, governos subnacionais e locais poderão promover medidas de redução de emissões de gases, com vistas a alcançar as metas ambiciosas de redução das emissões globais de gases de efeito estufa 2. O que é o Mapa do Caminho dos Governos Locais pelo Clima Mapa do Caminho dos Governos Locais pelo Clima O processo • É um processo de acompanhamento das negociações internacionais • Lançado em Bali, Indonesia, em Dezembro de 2007 durante as Sessões dos Governos Locais pelo Clima (em paralelo à COP 13) Encerrando-se durante a COP 15 em Copenhague, Dinamarca, em Dezembro de 2009, momento em que se espera que o acordo climático pos-2012 (pos-Quioto) seja alcançado • Mapa do Caminho dos Governos Locais pelo Clima Parceiros Globais United Cities and Local Governments (UCLG) Metropolis ICLEI – Local Governments for Sustainability (ICLEI) the C40 Climate Leadership Group (C40) World Mayors Council on Climate Change (WMCCC) Essas organizações participam do processo, em conjunto com seus parceiros, redes e associações regionais e locais ICLEI está como facilitador do processo Mapa do Caminho dos Governos Locais pelo Clima Objetivos Lobby das Lideranças Subnacionais e Locais para um compreensivo acordo climático global pós-2012 Governos Subnacionais, Cidades e Governos Locais oferecem sua parceria aos Governos Nacionais para limitar o aquecimento global Reconhecimento do papel dos Governos Subnacionais e Locais na proteção do clima Mobilização das Lideranças para a Ação Local pelo Clima Mapa do Caminho dos Governos Locais pelo Clima Componentes Chave A) Atividades Globais pela Visibilidade Global Mensagem dos Governos Locais como contribuição às negociações (tópicos específicos: MDL, Acesso às Finanças, Mercado de Carbono, Adaptação, REDD,etc …) Contribuição dos Governos Locais para o Acordo Climático pós-2012, com a inclusão da minuta “Decisão da COP para Cidades e Ação pelo Clima” Presença nas negociações pre-COP (“Climate Talks”) Presença na COP 14 e COP 15 Estabelecimento e Preparação de uma Delegação de Governos Subnacionais e Locais (apoiando os governos subnacionais e locais a fazerem parte de suas Delegações Nacionais durante a COP 15) Trabalho Global de Mídia para levar a informação sobre ações e posição Promoção dos Acordos de Prefeitos • Acordo de Prefeitos e Governos Locais (www.globalclimateagreement.org) Mapa do Caminho dos Governos Locais pelo Clima b) Mobilização Nacional e Subnacional Interação entre Governos Locais, Subnacionais e Nacionais (reuniões específias e comunicação) : via Diálogos e Eventos Nacionais pelo Clima: líderes locais se encontram com seus governos subnacionais e nacionais Mapa do Caminho dos Governos Locais pelo Clima c) Mobilização Local Aumento da conscientização para a negociação local de um acordo climático pós-2012: disseminação de informação Trabalho de mídia para os governos subnacionais e locais e suas ações pelo clima Mesas Redondas Locais e Regionais sobre Mudanças Climáticas Apoio aos Estados e Municípios para que dêem início a suas Políticas e Planos de Mudanças Climáticas Mobilização de Governos Subnacionais e Locais para que estejam presentes na COP 15 3. Governos Subnacionais e Locais nas Negociações Internacionais Negociações da UNFCCC Cidades nas COPs - Até hoje, governos subnacionais e locais não são reconhecidos pela UNFCCC e no Protocolo de Quioto Decisões adotadas na COP não visam diretamente os governos subnacionais e locais. No entanto, algumas decisões podem envolvê-los diretamente. De fato, decisões sobre os mecanismos de Quioto previram a participação de órgãos públicos e privados de países do Anexo I. Governos Locais podem ser parte de projetos de MDL em países em desenvolvimento. Em relação ao Protocolo de Quioto e a UNFCCC, alguns governos locais implementaram: Projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (Cidade de São Paulo) Sistemas de Comércio de Emissões estão sendo liderados por cidades no Reino Unido. Influenciando as negociações da UNFCCC Governos Nacionais precisam incluir os Governos Subnacionais e Locais na implementação de um acordo pós-2012, outorgandolhes autoridade/poder e fornecendo-lhes as condições necessárias O ICLEI em nome de seus parceiros do Mapa do Caminho submeteu uma minuta, a “Decisão da COP sobre Cidades, Autoridades Locais e Mudanças Climáticas” Minuta proposta para uma Decisão da COP sobre Cidades, Autoridades Locais e Mudanças Climáticas : Cidades e Governos Locais: Representam metade da população mundial • Consomem mais de 80%da Energia • Implementam importantes ações locais pelo clima • Comprometem-se para ambiciosas metas de redução • Mobilizam cidadãos em todo o mundo • Oferecem parcerias nacional-local para limitar o aquecimento global • Requerem que os Governos Nacionais: Apoiem importantes práticas locais pelo clima • Ofereçam condições e estruturas • “Empoderem seus Municípios – oferecendo capacitação e recursos • Reconheçam a ação subnacional e local nas estratégias nacionais pelo clima • Fortaleçam a ação subnacional e local através de um mais fácil acesso aos fundos e financiamento • Minuta apresentada durante as Sessões de Governos Locais pelo Clima em Poznan, em evento paralelo à COP 14. Aberto da sugestões ([email protected]) Resultados COP Decision apresentado na Plenária da COP 14, em Poznan. I Jornada Brasileira de Mudanças Climáticas e Consumo Sustentável em maio em Brasília, e diversos eventos promovidos no mundo todo para mobilização os governos subnacionais e locais no “Revised Negotiating Text on Long-Term Cooperative Action” (LCA) – Mais de 100 referências Reuniões com Delegados Nacionais durante as reuniões intermediárias à COP 15 para que o acordo pós-2012 reconheça o papel dos governos subnacionais e locais Quais os novos mecanismos em negociação para o acordo pós-2012? Fortalecimento de mitigação em países em desenvolvimento: - NAMA - Ações nacionais apropriadas para mitigação pelos países em desenvolvimento Contribuição para o fortalecimento de mitigação pelo empreendimento de ações no contexto de desenvolvimento de estratégias de baixa emissão de carbono, de acordo com responsabilidades e capacidades de cada país, necessidades prioritárias de desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza. Obrigatório ou Voluntário? Fortalecimento da ação de adaptação - NAPA – Programas de Ação para Adaptação Nacional Fundo de Adaptação, integração internacional, nacional, subnacional e local Quais os novos mecanismos em negociação para o acordo pós-2012? REDD (redução das emissões por desmatamento e degradação): Mecanismo que possibilitará países detentores de florestas tropicais poderem receber compensação pela manutenção dessas florestas, contribuindo para a mitigação da mudança do clima. No caso do Brasil, o REDD pode contribuir para o estabelecimento de uma nova economia que valorize a floresta em pé. REDD-plus: Inclusão de conservação de estoques, manejo sustentável de florestas e incremento de estoques. A utilização destes recursos financeiros devem ser mensurável, reportável e verificável. Texto em negociação - UNFCCC As Partes devem se comprometer com: (a) Promoção de uma gama de ferramentas de avaliação de gerenciamento e opções de financiamento ao implementar ações em adaptação local, nacional ou regional, incluindo inovações gerenciais e técnicas financeiras; [Apoiar ações de adaptação inclui: (a) Apoiar programas específicos de adaptação, projetos e ações para implementar em nível local, subnacional e nacional, além de atividades baseadas em setores e através deles; Texto em negociação - UNFCCC Finalmente, qualquer ação de REDD a ser desenvolvida em países em desenvolvimento deve garantir a soberania, bem como o controle local e nacional sobre as atividades relacionadas ao REDD 5. Acordos institucionais, incluindo financiamento. (p.124) [Uma governança florestal efetiva é pré-requisito indispensável para a gestão florestal sustentável e deve ser promovida em todos os níveis de governança, de nacional a local] O que esperar da COP 15 em Copenhague? Há consenso entres os Países signatários da Convenção de que é necessário limitar o aumento da temperatura global em 2oC Adoção de novas metas pelos países do Anexo I. Maior compromisso dos países em desenvolvimento, principalmente China, India e Brasil. Metas? Reconhecimento dos governos subnacionais e locais no acordo pós-2012 As reduções dos países do Anexo I devem superar o patamar de 30% no período de 2013 a 2020 em seu valor agregado. Compromisso dos EUA, responsável historicamente por 26% das emissões globais Plano Nacional de MC, Estados e Municípios Campanha Cidades pela Proteção do Clima – ICLEI - Inclusão da CCP na Comunicação Nacional Inicial do Brasil – ações de médio e longo prazo (pg 258) Plano Nacional de MC, reconhece hoje as estratégias estaduais no Plano, especialmente para controle e prevenção do desmatamento Capacitação para Prefeituras (Manuais, pg. 109 do Plano) É necessário: - Gestão integrada das diferentes esferas de governo: União, Estados e Municípios -Desenvolvimento e instituição de Política e Plano Estaduais de Mudanças Climáticas -Apoio dos Municípios na implementação das Estratégias e Planos Estaduais -Desenvolvimento e instituição de ações municipais/locais -- Maior capacitação e mais recursos aos governos subnacionais e locais Obrigada por sua atenção! Mapa do Caminho dos Governos Locais pelo Clima Email: [email protected] Web: www.iclei.org/climate-roadmap www.iclei.org/lacs/portugues