A PREVENÇÃO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA ADOLESCÊNCIA
Autor:
Juliana Canedo Maciel – Universidade Nove de Julho – SP
Email: [email protected]
Orientadora:
Profª Ms. Mônica Maria Nunes da Trindade Siqueira
Universidade de Taubaté - SP
Email: [email protected]
Comunicação oral: Relato de Pesquisa
Introdução
O adolescente, na inquietude de conhecer a vida, vê o mundo
multiplicado na sua dimensão. Seus sonhos e suas fantasias refletem um
universo imenso e eterno. A busca do equilíbrio entre o real e o imaginário é
uma das tarefas mais importantes do ciclo evolutivo juvenil, onde a família
desempenha uma função de extrema importância, principalmente no que se
refere ao uso indevido de drogas.
O jovem se desenvolve no cenário que estrutura o seu processo de
crescimento pessoal e profissional, pois suas experiências são construídas em
diversos contextos, sendo eles: na família, na escola, na comunidade onde vive
e em todos os seus círculos sociais. Todos eles contribuirão diretamente na
sua formação enquanto adulto, fazendo-o capaz de tomar decisões, relacionarse, trabalhar, escolher um cônjuge, escolher uma profissão, e até mesmo sua
escolha do uso ou não das drogas que lhe serão oferecidas em sua fase
juvenil.
Para Wagner (1997) a família transformou-se, a partir do século XIX, de
um modelo que era legitimado pelo casamento (sendo o poder maior delegado
ao pai/marido), para uma união estável entre homem e mulher ou qualquer um
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dos pais e seus descendentes. A troca deste cenário implica em mudanças
importantes na vivência, percepção e construção que o adolescente faz de
seus aspectos sócio-afetivos e projetos de vida. O papel crucial da família,
como responsável pela construção dos projetos de vida do adolescente, assim
como dos seus valores e crenças, se dá na medida em que ela é o palco onde
se vive e aprende as primeiras cenas, buscando o equilíbrio entre o real e o
imaginário.
Já Hintz (2001), discute que na segunda metade do século XX, por
influências sociais, políticas e econômicas, a família passou por outras
modificações acentuadas, contribuindo em grande parte para o surgimento de
uma nova perspectiva sobre as questões de gênero. A condição feminina foi se
modificando e, concomitantemente, houve mudanças também no papel
masculino, gerando reformulações na relação conjugal e, naturalmente, na
relação pais-filhos. Hintz diz:
A instituição familiar tem sofrido alterações decorrentes de
mudanças havidas no seu contexto sócio-cultural e, por ser
uma instituição flexível, ela tem se adaptado as mais diversas
formas de influências, tanto sociais e culturais como
psicológicas e biológicas, em diferentes épocas e lugares, seja
de que forma for, família ampliada ou nuclear, elementar ou
complexa, a família foi e seguirá sendo família, sempre que
forem preservadas suas funções: vínculo matrimonial com o
objetivo da satisfação sexual e a educação dos filhos. Assim
continua sendo o lugar de proteção, de socialização e de
estabelecimento de vínculos. (HINTZ, 2001, p. 426).
Segundo Petrini (2007, p. 214) “outras mudanças referem-se ao universo
de valores e dos modelos de comportamento, das crenças e dos critérios para
avaliar as diversas circunstâncias da vida, percebida como sendo cada vez
mais complexa”. O pluralismo ético, cultural e religioso descreve essa
complexidade, que se torna visível em grupos que, em geral, apresentam
diferentes níveis de organização e diversificada capacidade de interagir,
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dialogar ou de interferir nas decisões da sociedade inclusiva. Aspectos
subjetivos da convivência familiar tomam o lugar de aspectos objetivos: a
família passa a ser considerada uma realidade particular, cujo significado diz
respeito somente ao percurso existencial das pessoas que a integram.
O objetivo deste estudo é compreender as relações existentes entre o
papel da família como fator de proteção ao uso indevido de substâncias
psicoativas na fase da adolescência. Buscar-se-á, portanto, neste texto,
realizar uma discussão do contexto familiar e outros ambientes importantes
para a prevenção do uso indevido de drogas. O foco da análise se detém nas
relações intrafamiliares e interpessoais, contextualizadas socioculturalmente.
Discussão
A fase da adolescência constitui um período crucial no ciclo de vida
familiar para o início do uso de drogas, seja como mera experimentação, seja
como consumo ocasional, indevido ou abusivo do uso das substâncias
psicoativas.
A família, pelo papel social de inserir seus membros na cultura e ser
instituidora das relações primárias, influencia a forma como o adolescente
reage à ampla oferta de droga na sociedade atual. Relações familiares
saudáveis desde o nascimento da criança servem como fator de proteção para
toda a vida e, de forma muito particular para o adolescente. No entanto,
problemas enfrentados na adolescência, plantados na infância, têm um
contexto de realização muito mais ampliado.
Esse estudo privilegia a discussão da prevenção, lembrando que a
utilização das “drogas lícitas e ilícitas permeia a cultura da adolescência à
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velhice e, no caso do Brasil, notadamente por meio de consumo de álcool,
fumo e maconha”. (SCHENKER; MINAYO, 2005, p. 708). Schenker e Minayo
dizem ainda:
Um aspecto importante a ser considerado é o que se refere ao
risco que constitui a atitude positiva da família com relação ao
uso de drogas, reforçando a iniciação dos jovens. Hoje se sabe
que as relações familiares constituem um dos fatores mais
relevantes a ser considerado, mas de forma combinada com
outros. Uma vez que o comportamento parental serve de
modelo ao adolescente, é a atitude permissiva dos pais o que
mais pesa nessa equação. Os estudos têm mostrado que os
fatores parentais de risco para o uso de drogas pelo
adolescente incluem, de forma combinada: ausência de
investimento nos vínculos que unem pais e filhos, envolvimento
materno insuficiente, práticas disciplinares inconsistentes ou
coercitivas, excessiva permissividade, dificuldades de
estabelecer limites aos comportamentos infantis e juvenis e
tendência a superproteção, educação autoritária associada a
pouco zelo e pouca afetividade nas relações, monitoramento
parental deficiente, aprovação do uso de drogas pelos pais,
expectativas incertas com relação à idade apropriada do
comportamento infantil, conflitos familiares sem desfecho de
negociação. A disponibilidade e a presença de drogas na
comunidade de convivência têm sido vistas como facilitadoras
do uso de drogas por adolescentes, uma vez que o excesso de
oferta naturaliza o acesso. Quando a facilidade da oferta se
junta à desorganização social e aos outros elementos
predisponentes no âmbito familiar e institucional, produz-se
uma sintonia de fatores para o uso de drogas pelo adolescente.
A observação sobre esse elemento, privilegiando-o e ao
mesmo tempo associando-o a outros é importante, pois
permitem correlacionar fatos como a evasão escolar, gravidez,
entre outros. Os adolescentes que tem objetivos definidos e
investem no futuro apresentam probabilidade menor de usar
drogas, porque o uso interfere em seus planos. Igualmente, a
elevada auto-estima, os sentimentos de valor, orgulho,
habilidade, respeito e satisfação com a vida podem servir de
proteção aos jovens contra a dependência de drogas quando
combinada com outros fatores protetores do seu contexto de
vida”. (SCHENKER; MINAYO, 2005, p. 709).
Portanto entendemos que os jovens que vivem com familiares que
cultivam ambientes saudáveis, mesmo que esta comunidade propicie oferta
fácil de drogas, ainda sim o jovem se torna resiliente diante deste contexto,
pois apresentam características individuais que são protetoras, combinadas ao
convívio com outros adultos de convívio seja escolar ou da comunidade.
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Não se pode falar da família na prevenção do uso de drogas sem deixar
de mencionar a responsabilidade das políticas públicas em relação a essa
questão.
Os programas de prevenção devem levar em conta a importância das
atividades de mentores e de outros programas de desenvolvimento da
juventude. A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários
de Álcool e Outras Drogas foi criada recentemente, no ano de 2004 uma vez
que a questão do uso de álcool e drogas na população brasileira tomou
proporção de grave problema de saúde pública. Os principais limites da nãopriorização, por parte do Ministério da Saúde, de uma política específica para o
enfrentamento dessa questão ficaram evidentes: a partir do impacto econômico
e social que tem recaído para o Sistema Único de Saúde, seja por seus
custeios diretos, seja pela impossibilidade de respostas de outras pastas
governamentais voltadas para o efeito positivo sobre a redução do consumo de
drogas; isto também ocorre no que se refere ao resgate do usuário do ponto de
vista da saúde (e senso comum tão somente moralista legalista), e em
estratégias de comunicação que reforçam o senso comum de que todo o
consumidor é marginal e perigoso para toda a sociedade.
Para que haja um avanço na forma de enfrentar essa questão, está
posto na Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de
Álcool e Drogas de 2004 que o tema “álcool e drogas” necessitam de uma ação
não apenas ampliada, mas também composta por diferentes saberes e aportes
teórico-técnicos. (BRASIL, 2004). Isso significa a definição de diretrizes, ações
e metas de forma integrada e diversificada quanto às estratégias terapêuticas,
preventivas, reabilitadoras, educativas e promotoras de saúde.
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Especificamente sobre a questão do tratamento da
dependência de álcool e outras drogas em adolescentes e
crianças, são poucos os trechos encontrados em documentos
oficias. No documento denominado ‘Marco legal – saúde um
direito de adolescentes’, produzido pelo Ministério da Saúde,
está colocado que: O uso e o abuso de álcool e outras drogas
têm sido uma das principais causas desencadeadoras de
situações de vulnerabilidade na adolescência e juventude, a
exemplo dos acidentes, suicídios, violência, gravidez não
planejada e a transmissão de doenças via sexual e
endovenosa, nos casos das drogas injetáveis. Não fosse o
consumo de drogas um problema suficientemente grave, temos
ainda a problemática do tráfico, o qual representa, no Brasil e
em outros países, uma séria ameaça à estabilidade social.
(BRASIL, 2005, p. 10).
Logo, vários foram os estudos que contribuíram para o entendimento
que o papel da família está intrinsecamente ligada no desenvolvimento
saudável dos jovens, bem como o conjunto da escola e o grupo de amigos. A
família exerce grande influência na manifestação do uso de drogas. Portanto,
há um consenso sobre a necessidade de se tratar o sistema familiar e incluí-la
como parte integrante dos programas que se destinam a trabalhar na
prevenção ao uso de drogas na fase juvenil, ou seja, o âmbito familiar tem um
efeito potencialmente protetor para o ajustamento juvenil.
Ainda, no âmbito familiar, estudos evidenciam como fatores que
protegem o adolescente do uso de drogas: a relevância dos vínculos familiares
fortes, o apoio da família ao processo de aquisição da autonomia pelo
adolescente, o monitoramento parental aos diversos processos de crescimento
e
desenvolvimento,
o
estabelecimento
de
normas
claras
para
os
comportamentos sociais, incluindo-se o uso de drogas.
Consideram Schenker e Minayo (2005), por tudo o que foi dito, é preciso
refletir ainda sobre os programas de prevenção ao uso de drogas, a
inocuidade, do ponto de vista protetor, do slogan que se repete por toda a parte
‘diga não às drogas’. A falta de adesão dos jovens torna evidente a falha em
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reconhecer a inadequação das propostas moralistas e autoritárias que não se
fundam na visão complexa dos fatores de proteção no âmbito familiar. É
preciso não se esquecer que as drogas cumprem funções importantes para os
adolescentes, tanto do ponto de vista pessoal quanto social. Pesquisas
mostram que os comportamentos como fumar, beber, dirigir perigosamente ou
exercer atividade sexual precocemente podem ser atitudes tomadas pelos
jovens visando a ser aceito e respeitado pelos pares, conseguir autonomia em
relação aos pais, repudiar normas e valores da autoridade convencional, lidar
com ansiedade, frustração e antecipação do fracasso, afirmação rumo à
maturidade e à transição da infância para um status mais adulto.
Não há nada de perverso, irracional ou psicopatológico nesses objetivos,
pois eles são característicos do desenvolvimento psicossocial do adolescente.
A campanha “diga não às drogas”, por não oferecer alternativas à promoção de
comportamentos saudáveis, revela-se moralmente cínica e teoricamente
contraditória, na medida em que omite as normas sociais que favorecem o uso
de drogas. Osório diz:
E é nesse contexto que se insere a adolescência
contemporânea, com todas as suas dúvidas e perplexidades
existenciais, suas angústias frente à necessidade de propor um
projeto de vida em meio à escalada suicida dos arsenais
nucleares, sua desesperança frente à impossibilidade de
reasseguramento através do mito do futuro predizível, fantasia
prospectiva que sustentava e norteava as gerações de
adolescentes de épocas pregressas. (OSÓRIO, 1992, p. 25).
Esta é, portanto, uma época em que, como em nenhuma outra até
então, a sociedade funciona como uma caixa de ressonância para a crise de
identidade do adolescente, amplificando seus elementos conflitivos e
bloqueando os mecanismos elaborativos que permitem sua resolução. “Viva e
usufrua o dia de hoje porque amanhã você poderá ser a derradeira vítima da
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violência urbana ou de uma hecatombe nuclear” – esta é uma mensagem
subliminar que diuturnamente bombardeia a mente dos jovens de todo o
mundo, pertubando-lhes a cristalização de seu sentimento de identidade e
gerando-lhes uma insegurança prospectiva sem precedentes. (OSÓRIO, 1992,
p. 26). Osório afirma:
É a queda do mito do futuro previsível (que possibilitava às
gerações passadas vislumbrar seu futuro espelhado pelo
presente de seus genitores), trazendo em seu bojo o
combustível para todas as explosões e movimentos
transgressores da juventude contemporânea das nações
industrializadas. (OSÓRIO, 1992, p. 28).
Estratégias de Prevenção
O adolescente que faz uso de drogas responde bem às intervenções
contextualizadas. Os contextos dominantes para ele são seus pares e a escola
e, numa proporção menor, o entorno da comunidade. Veja o que dizem
Schenker e Minayo:
O uso ocasional de droga por adolescentes pode ser entendido
como manifestação de uma experimentação apropriada para
sua etapa de desenvolvimento e busca de direção para a vida.
Ao diferenciarmos adolescentes que se abstêm que
experimentam e que abusam de drogas, conclui que, dada a
quase onipresença e uma certa aceitação da maconha na
cultura dos pares, não é surpreendente que, com 18 anos,
indivíduos psicologicamente saudáveis, sociáveis e curiosos se
sintam tentados a experimentar o produto. Não se espera que
adolescentes saudáveis abusem da droga, porque apresentam
baixa necessidade de utilizá-la para aplacar a angústia
emocional ou como meio de compensar a falta de relações
importantes. (SCHENKER; MINAYO, 2005, p. 714).
Os autores comparam o sentido do uso da maconha entre adolescentes
de hoje com o significado social e psicológico que a bebida alcoólica teve para
as gerações anteriores. Levando em conta essa reflexão, os esforços
preventivos precisam ser muito mais abrangentes e voltados para os
precursores dos riscos e da resiliência. Estudos indicam que as condições de
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formação de uma personalidade resiliente são: colocar expectativas claras
relativas ao comportamento, monitorar e supervisionar os adolescentes,
reforçar com consistência atividades que favoreça a socialização, criar
oportunidades para o envolvimento familiar, promover o desenvolvimento das
habilidades acadêmicas e sociais dos jovens.
No entanto, as habilidades para a formação dos jovens freqüentemente
deveriam fazer parte de um processo de formação de pais e educadores. A
aquisição e o uso dessas habilidades na administração da família ou dos
contextos educativos reduzem problemas de comportamento das crianças nos
primeiros anos, promove o bom desempenho escolar e as fortalece para
lidarem com condições adversas na juventude. Pela força da escola e da
família, nessa etapa da vida, para os pré-adolescentes e adolescentes é
fundamental que pais e educadores estejam atentos a alguns parâmetros
relacionais: uma comunicação livre e fluente com os pais ou com adultos que
lhes servem de modelo fortalece emocionalmente o jovem, e evita o
engajamento em comportamentos de risco, elogios dos pais às conquistas dos
filhos são o alimento da auto-estima, a colocação de expectativas claras por
parte dos pais, aliada a uma educação com autoridade, que envolve afeto,
controle e trato democrático, favorece o desenvolvimento psicológico saudável
e o sucesso escolar do adolescente.
O monitoramento das atividades dos jovens seja por pais ou
educadores, conforme Schenker e Minayo:
(...) mostra que eles estão investindo na segurança dos jovens,
o compartilhamento de valores, atitudes e crenças sobre as
drogas é fundamental para o amadurecimento das decisões e
da responsabilização, conhecer os amigos e os pais dos
amigos é crucial (...) (SCHENKER; MINAYO, 2005, p. 714).
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Uma vez que a pressão dos pares é uma das principais influências para
o uso de drogas, exigências e expectativas quanto ao desempenho na escola
funcionam como um tipo de monitoramento e de proteção, na medida em que
se juntam ao encorajamento de atividades em que o jovem possa ter sucesso,
por fim, o incentivo ao engajamento nas atividades da escola, da comunidade e
de movimentos sociais ou de solidariedade é um potente fator de proteção.
Os estudos apontam que os pilares do vínculo social que se mostram
inversamente correlacionados com o uso de drogas, são: vínculo forte com os
pais, compromisso com a escola, envolvimento regular com atividades da igreja
ou de outros movimentos e crenças nas expectativas gerais, normas e valores
da sociedade. Metodologicamente, essas
intervenções
necessitam de
interação com os atores sociais, são eles: o adolescente, os pais, a família e a
comunidade.
Poderão obter êxito, os programas
de prevenção que
explicitamente aumentem o entrosamento entre indivíduos e contextos sociais,
logo se faz necessário ter sensibilidade para entender/valorizar à história
pessoal, o estágio do indivíduo, as normas culturais, os valores e crenças e
também as práticas no que concerne ao uso de drogas, pois a mesma é uma
questão complexa que perpassa inúmeros subsistemas da vida individual e
social.
Considerações Finais
Este artigo inicialmente privilegiou o papel da família na prevenção,
porque ela é a célula master responsável pela socialização dos indivíduos. Mas
como se viu ao longo deste texto, a problemática não se reduz ao contexto
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familiar, mas sim no indivíduo, inserido numa rede de relações, ou seja, no
contexto sociocultural e histórico.
A família tem um papel indispensável no campo da prevenção ao uso
das drogas, quando cuidadora, afetiva, amorosa e comunicativa, possui mais
chances de promover condições de possibilidades para o desenvolvimento
saudável dos filhos. Por isso, os programas de prevenção de uso de drogas
precisam prever aplicações práticas para subsidiar orientações para as
famílias.
Papel
fundamental
pode ser exercido pelos
pediatras
que
acompanham o desenvolvimento/crescimento da criança e do adolescente ou
pelos assistentes sociais que atendem famílias a todo o momento em
vulnerabilidades sociais.
Um programa compreensivo e voltado à promoção da saúde precisa
entender essa quase inevitabilidade com a qual convive o ser humano de
buscar algum tipo de prazer em substâncias que produzem algum tipo de
sensação. Para tanto, se faz necessário à articulação dos serviços sociais,
educacional e de saúde, numa visão interdisciplinar e com responsabilidade,
também, da sociedade.
Na prevenção ao uso de drogas, deveríamos promover um crescimento
e desenvolvimento saudável, maior igualdade social e de oportunidades, atuar
contra a pobreza e o racismo. Voltar-se para o desenvolvimento do
protagonismo juvenil são propostas que convergem para o cumprimento do
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Desse modo, a complexidade
deste fenômeno requer outros estudos que se proponham a compreender e
avaliar variáveis tais como o contexto sócio-econômico-cultural ao qual a
família pertence, aspectos relativos ao relacionamento pais-filhos e os tipos de
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prevenção existentes no mundo, a fim de conhecer de forma mais profunda, os
diferentes funcionamentos que se estabelecem segundo as possíveis e
diversas configurações da prevenção ao uso indevido de drogas na
adolescência.
Palavras-Chave: Adolescência. Família. Uso de drogas.
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