1º Ten AL HUMBERTO POLL LENGERT DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO RIO DE JANEIRO 2008 1º Ten Al HUMBERTO POLL LENGERT DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO Trabalho de conclusão apresentado à Escola de Saúde do Exército, como requisito parcial para aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço de saúde, especialização em Aplicações Complementares às ciências Militares. Orientador: Prof. Carlos Eduardo Ruschel Annes : RIO DE JANEIRO 2008 C524a Lengert, Humberto Poll. Desinfecção e Esterilização /. – Humberto Poll Lengert. / Rio de Janeiro, 2008. 38 f. ; 30 cm. Orientador: Carlos Eduardo Ruschel Annes Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares.) Referências: f. 38. 1.Desinfecção e Esterilização. I. Annes,Carlos Eduardo Ruschel . II. Escola de Saúde do Exército. III. Título. CDD 617.8 AGRADECIMENTOS A Deus, aos familiares e amigos pelo apoio. Aos colegas pelo companheirismo e amizade desenvolvidos ao longo do curso. Ao orientador pela amizade e conhecimento compartilhado. RESUMO A história da desinfecção e esterilização relata as características dos microrganismos, dos agentes químicos, equipamentos até os processos de validação do processo de esterilização, focando no ambiente hospitalar, explicitando técnicas e recursos para minimizar o risco de infecção, valendo-se da experiência adquirida pela equipe multiprofissional e validados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar devidamente constituída. Neste trabalho é apresentado uma revisão bibliográfica do assunto supra exposto. PALAVRAS-CHAVES : Esterilização. Desinfecção. Administração hospitalar. ABSTRACT The internal dental resorption is characterized by the tooth’s internal surface resorption. When it occurs in permanent teeth is always a pathological disease. Internal resorption is usually asymptomatic and is often detected as an incidental radiographic finding. Once made the diagnosis the treatment have to be done as early as possible, because it’s progression can take to the tooth’s loss. At this paper is presented a literature review about to etiology, diagnosis and internal resorption treatment. Key-words: Endodontology – tooth’s resorption SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................8 2 HISTÓRICO.............................................................................................................9 3 DOENÇAS EMERGENTES....................................................................................10 4 DESINFECÇÃO......................................................................................................12 5 PRINCÍPIOS ATIVOS USADOS COMO DESINFETANTES E ESTERILIZANTES QUÍMICOS.................................................................................................................14 5.1 ÁLCOOIS.............................................................................................................14 5.1.1 Atividade Antimicrobiana...............................................................................14 5.1.2 Mecanismo de Ação........................................................................................15 5.1.3 Características Importantes...........................................................................15 5.1.4 Aplicação.........................................................................................................15 5.1.5 Concentrações Usualmente Recomendadas...............................................16 5.1.6 Efeitos Adversos.............................................................................................16 5.2 FORMALDEÍDO...................................................................................................16 5.2.1 Atividade Antimicrobiana...............................................................................16 5.2.2 Forma de Apresentação.................................................................................16 5.2.3 Mecanismo de Ação........................................................................................17 5.2.4 Características Importantes...........................................................................17 5.2.5 Aplicação.........................................................................................................17 5.2.6 Concentrações Usualmente Recomendadas...............................................18 5.2.7 Efeitos Adversos.............................................................................................18 5.3 GLUTARALDEÍDO...............................................................................................18 5.3.1 Atividade Antimicrobiana...............................................................................18 5.3.2 Mecanismo de Ação........................................................................................19 5.3.3 Características Importantes...........................................................................19 5.3.4 Aplicação..........................................................................................................20 5.3.5. Tempo de Contato..........................................................................................20 5.3.6 Efeitos Adversos.............................................................................................20 5.3.7 Aplicação dos Aldeídos como Agente Esterilizante....................................20 5.4 COMPOSTOS LIBERADORES DE CLORO ATIVO............................................21 5.4.1 Atividade Antimicrobiana...............................................................................21 5.4.2 Mecanismo de Ação........................................................................................21 5.4.3 Características Importantes...........................................................................22 5.4.4 Aplicação..........................................................................................................22 5.5 COMPOSTOS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO...................................................23 5.5.1 Atividade Antimicrobiana...............................................................................24 5.5.2 Mecanismo de Ação........................................................................................24 5.5.3 Características Importantes...........................................................................24 5.5.4 Aplicação.........................................................................................................25 5.5.5 Formulações....................................................................................................25 5.5.6 Efeitos Adversos.............................................................................................25 5.6 ÁLCOOL IODADO................................................................................................25 5.6.1 Atividade Antimicrobiana...............................................................................26 5.6.2 Mecanismo de Ação........................................................................................26 5.6.3 Aplicação.........................................................................................................26 5.6.4 Formulação......................................................................................................26 5.6.5 Toxicidade........................................................................................................27 5.7 PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO............................................................................27 5.7.1 Atividade Antimicrobiana...............................................................................27 5.7.2 Mecanismo de Ação........................................................................................27 5.7.3 Características Importantes...........................................................................28 5.7.4 Aplicação..........................................................................................................28 5.7.5 Concentração...................................................................................................28 5.7.6 Efeitos Adversos.............................................................................................29 5.8 ÁCIDO PERACÉTICO..........................................................................................29 5.9 ÁCIDO PERACÉTICO+PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO......................................30 6 NORMATIZAÇÃO DE DESINFETANTES NO BRASIL.........................................31 7 ESTERILIZAÇÃO....................................................................................................32 7.1 ESTERILIZAÇÃO POR CALOR ÚMIDO..............................................................32 7.2 ESTERILIZAÇÃO POR ÓXIDO DE ETILENO.....................................................33 7.3 GÁS PLASMA DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO..............................................34 7.4 COMPARAÇÃO ENTRE OS AGENTES QUÍMICOS DE ESTERILIZAÇÃO À BAIXA TEMPERATURA:ÓXIDO DE ETILENO E GÁS PLASMA DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO............................................................................................................35 8 CONCLUSÃO.........................................................................................................37 REFERENCIAS..........................................................................................................38 1 INTRODUÇÃO Esterilização é o processo que visa destruir todas as formas de vida com capacidade de desenvolvimento durante os estágios de conservação e de utilização do produto. Conservar é manter as características do produto durante a vida útil de armazenamento(vida de prateleira) à temperatura ambiente. Esterilidade ou nível de segurança é a incapacidade de desenvolvimento das formas sobreviventes ao processo de esterilização durante a conservação e a utilização de um produto.A manutenção do nível de esterilidade a ele conferido garante o prolongamento da vida útil de prateleira e depende das operações de préesterilização,esterilização e pós esterilização. Os métodos de esterilização permitem assegurar níveis de esterilidade compatíveis às características exigidas em produtos farmacêuticos, médicohospitalares e alimentícios.O método escolhido depende da natureza e da carga microbiana inicialmente presente no item considerado.O calor,a filtração,a radiação e o óxido de etileno podem ser citados como agentes esterilizantes. O calor não é somente o agente esterilizante mais usado como também o mais barato e fácil de controlar.O calor úmido,quando comparado ao calor seco,é um processo seletivo em função do uso de temperaturas baixas e do curto período de tempo necessário para garantir o nível de esterilidade proposto. Este trabalho tem por objetivo fazer uma revisão bibliográfica em se tratando de métodos de esterilização e desinfecção. 2 HISTÓRICO A primeira referência de desinfetante que se tem notícia foi feita por Homero em ‘’A Odisséia’’,em que citava o uso do enxofre,na forma de dióxido de enxofre(800 a.C.),substância ainda hoje empregada na preservação de frutas secas,suco de frutas e vinho. A cidade de Veneza foi uma das pioneiras em controle sanitário.O holandês Anton Van Leeuwnhoek,inventor do microscópio(1676),foi um marco na história da microbiologia e desinfecção. Louis Pasteur(1822-1895),com seu trabalho criterioso,muito contribuiu para o desenvolvimento da microbiologia como ciência,ao demonstrar que os microrganismos são os responsáveis por doenças infecciosas.Pasteur desenvolveu o método físico denominado pasteurização,ainda hoje utilizado na higienização de produtos alimentícios. As soluções anti-sépticas tem sido empiricamente utilizadas durante séculos,mesmo antes de Pasteur e Koch demonstrarem a existência de microrganismos.O interesse de avaliações da eficácia terapêutica das soluções antisépticas tópicas diminuiu com o uso indiscriminado dos antibióticos. 3 DOENÇAS EMERGENTES As infecções emergentes têm sido caracterizadas por casos isolados ou surtos em estabelecimento de saúde.Em hospitais e postos de saúde,as infecções estão associadas a uma inadequada desinfecção de artigos médicos(MAZZOLA 2000).A severidade desses casos tem variado desde uma colonização assintomática à morte,com um grande números de agentes causadores distintos. A Organização Mundial de Saúde divulgou,em maio de 1996,um alerta dizendo que “nenhum país está livre das doenças infecciosas”.A OMS informa que o mundo passa por uma crise global,na qual enfermidades como a malária e a Aids continuam se alastrando,matando mais de 17 milhões de pessoas por ano no planeta,sendo 9 milhões de crianças.As doenças parasitárias,virais e transmitidas por bactérias permanecem as principais causas de morte prematura,sendo responsáveis por um em cada três óbitos;isso reflete uma tendência desanimadora,na qual antigos microrganismos estão ressurgindo resistentes a antibióticos de primeira e segunda gerações.Logo,tratar doenças infecciosas com antibióticos tem sido cada vez mais difícil em razão do uso indiscriminado de medicamentos. O primeiro estudo brasileiro sobre incidência infecções hospitalares(SCARPITA 1997),mostrou que os índices de surtos de infecção hospitalar podem ser controlados por adequados métodos de limpeza,desinfecção e esterilização,respeitando as áreas,equipamento e materiais médico- odontológicos.No Brasil,calcula-se que 80% dos hospitais não fazem controle de infecção hospitalar. As bactérias são principais agentes das infecções emergentes de pacientes hospitalares,principalmente nos que recebem administração de injetáveis,solução parenteral,alimentação enteral e procedente de lactário hospitalar. Os casos de infecção em berçários(BRASILIAN PHARMACY COUNCIL 2000) tem se alastrado por causa da ausência de um programa de desinfecção hospitalar comum divulgado pela Secretaria de Saúde do Município. Esforços para diminuir o risco de transmissões de infecções incluem programas no qual desinfetantes desempenham papel crucial.A escolha de um agente químico desinfetante é difícil frente ao grande número de produtos encontrados no mercado,cada um afirmando eficácia contra uma variedade de microrganismos sob condições diferentes de teste. Os indicadores biológicos Bacillus stearothermophilus e Bacillus atrophaeus são utilizados na padronização das técnicas de aplicação dos agentes esterilizantes e desinfetantes,respectivamente. 4 DESINFECCÇÃO Desinfecção é um conjunto de operações com objetivo de eliminar os microrganismos potencialmente patogênicos,com exceção de esporos bacterianos.Em ambientes hospitalares a desinfecção é geralmente feita pela imersão dos itens em soluções químicas ou por pasteurização úmida.Alguns produtos que são chamados desinfetantes podem destruir esporos quando aplicados por longos períodos de tempos.Sob estas condições,esses produtos são denominados esterilizantes químicos. Classicamente,a desinfecção é definida como o processo de destruição de microrganismos patogênicos na forma vegetativa,presentes em superfícies inertes,mediante a aplicação de agentes químicos e físicos. Sabe-se atualmente que a flora endógena é responsável por 80% das infecções hospitalares,sendo a maioria dos agentes etiológicos aqueles que convivem harmonicamente em simbiose com o estado normal dos mecanismos de defesa do hospedeiro.Assim,o termo desinfecção deverá ser entendido como um processo de eliminação ou destruição de todos os microrganismos na forma vegetativa independente da classificação de serem patogênicos ou não,presentes nos artigos e objetos inanimados,a destruição de algumas bactérias de forma esporulada também podem ocorrer,mas não há o controle e garantia desse resultado.Vale ressaltar que a restringe-se àqueles com denominação de microrganismos patogênicos características de alta virulência ou alta transmissibilidade,como os que secretam exotoxinas,liberam endotoxinas,formam cápsulas,entre outros. Ao contrário dos agentes antibióticos,que exibem um grau de seletividade para determinadas espécies bacterianas,os desinfetantes são altamente tóxicos para todos os tipos de células.A efetividade de um agente é determinada pela grande extensão das condições em que atua,como concentração,tempo de exposição,pH,temperatura,natureza do microrganismo e presença de matéria orgânica. Spaulding (SPAULDING 1968),baseando no nível de ação germicida,define três categorias de desinfetantes:de alto,médio e baixo níveis.A portaria MS 15/88 classifica os germicidas a partir de seu espectro de ação com vistas à aplicação hospitalar:os esterilizantes devem ter ação comprovado sobre os esporos;os desinfetantes são subdivididos para uso em áreas e em artigos. A resposta dos microrganismos aos desinfetantes varia com inúmeros fatores,tais como;pH,temperatura,fase de crescimento dos microrganismos,presença de matéria orgânica e outros agentes químicos.A resistência dos desinfetantes pode ser uma propriedade inata do microrganismo ou ser adquirida,resultante de mutação ou aquisição de material genético.Habitualmente,as bactéria Gram-negativas são mais resistentes que as Gram-positivas,e isto está relacionado à parede celular,que apresenta uma estrutura mais complexa,com conseqüente menor permeabilidade a esses agentes. Quando se fala em processo de desinfecção,subentende-se o uso de agentes químicos,cujos princípios ativos permitidos pelo Ministério da Saúde,pela Portaria 930 de 27/08/92,são:aldeídos,fenólicos,quaternários de amônia,compostos orgânicos e inorgânico liberadores de cloro ativo,iodo e derivados,álcoois e glicóis,biguanidas e outros,desde que atendam à legislação específica. Apesar da grande oferta de produtos químicos no mercado,a escolha do mais adequado não é uma tarefa fácil. Várias características devem ser levadas em consideração:amplo espectro de ação microbiana;inativar rapidamente os microrganismos;não ser corrosivo para metais;não danificar artigos ou acessórios de borracha,plásticos ou equipamentos;sofrer pouca interferência na sua atividade de matéria orgânica;não ser irritante para pele e mucosas;possuir baixa toxicidade;tolerar pequenas variações de temperatura e pH;ter ação residual sobre superfícies quando aplicado no ambiente;manter sua atividade mesmo sofrendo pequenas diluições;ser um bom agente umectante;ser de fácil uso;ser inodoro ou ter odor agradável;ter baixo custo;ser compatível com sabões e detergentes;ser estável quando concentrado ou diluído. 5 PRINCÍPIOS ATIVOS USADOS COMO DESINFETANTES E ESTERILIZANTES QUÍMICOS A escolha do desinfetante,concentração e o tempo de exposição é baseada no risco de infecção associado aos artigos de médico-hospitalares.Os métodos de esterilização discutidos incluem a esterilização por vapor úmido,óxido de etileno e esterilização por gás plasma de peróxido de hidrogênio. Quando realizados de modo adequado,esses processos de desinfecção e esterilização garantem um nível de segurança adequado ao uso do material médico invasivo(crítico) e não invasivo(semicrítico,não-crítico) no paciente.No entanto,isso requer um programa de procedimentos validados para limpeza,desinfecção e de esterilização,prevenindo a contaminação cruzada. Um número considerável de agentes químicos é utilizado tanto em nível laboratorial quanto álcoois(etanol em e estabelecimentos de saúde iso-propanol),compostos cloro,formaldeído,glutaraldeído,iodoforos,fenóis sintéticos e industrias,incluindo liberadores de e de quaternários amônio,entre outros.Entretanto,não existe um desinfetante que atenda a todas as situações e necessidades encontradas,sendo preciso conhecer as características de cada um para se ter subsídios suficientes para a escolha correta do produto,evitando custos excessivos e uso inadequado.A escolha do desinfetante deve levar em consideração aspectos como:o espectro de atividade desejada,ação rápida e irreversível,toxicidade,estabilidade e natureza do material a ser tratado. 5.1 ÁLCOOIS Os álcoois mais empregados em desinfecção são o etanol(mais usado devido ao baixo custo) e o iso-propanol. 5.1.1 Atividade Antimicrobiana São indicados para desinfecção de baixo e de médio nível.Apresentam atividade rápida sobre as bactérias na forma vegetativa(Gram-positivos e Gramnegativos).Atuam também sobre alguns fungos e vírus lipofílicos (atuam na capa e no capsídeo). 5.1.2 Mecanismo de Ação Não foi ainda totalmente elucidado,a desnaturação de proteínas é a explicação mais aceita.A atividade bacteriostática provavelmente é ocasionada pela inibição da produção de metabólitos essenciais à divisão celular. 5.1.3 Características Importantes Os álcoois não possuem ação residual.Coagulam ou precipitam proteínas presentes no soro,pus e outros materiais biológicos,que podem proteger os microrganismos do contato inflamáveis,requerendo,portanto,cuidados efetivo especiais com na álcool.São manipulação e na estocagem.Como evapora rapidamente,sua ação é limitada,havendo necessidade de submersão de objetos para uma ação mais ampla. 5.1.4 Aplicações Possuem ampla aplicação. No laboratório são aplicadas para desinfecção e descontaminação de superfícies de bancadas,fluxos laminares,equipamentos de grande e médio porte e para anti-sepsia das mãos. Nos estabelecimentos de saúde,é indicado para a desinfecção e descontaminação de termômetros oral e retal,estetoscópios,cabos de otoscópios e laringoscópios,superfícies externas de equipamentos metálicos,macas,colchões e mesas de exame,entre outros. 5.1.5 Concentrações Usualmente recomendadas A concentração ideal está entre 60% a 90%, sendo que abaixo de 50% a atividade diminui bastante. 5.1.6 Efeitos Adversos O etanol e o iso-propanol são irritantes para os olhos e são produtos tóxicos.A frequente aplicação produz irritação e dessecação da pele. 5.2 FORMALDEÍDO 5.2.1 Atividade Microbiana É um desinfetante de alto nível,porém carcinogênico,seu uso em hospitais é limitado.Ainda usado para tratamento de hemodializadores.No entanto,está sendo substituído por ácido peracético.Formaldeído apresenta atividade nas bactérias Gram-positivas e Gram-negativas na forma vegetativa,incluindo as micobactérias e fungos,vírus e esporos bacterianos.A atividade esporicida é lenta,exigindo um tempo contato longo para a maioria das formulações. 5.2.2 Forma de Apresentação O formaldeído é um gás encontrado disponível na forma líquida em soluções de 37% a 40%,contendo metanol para retardar a polimerização(formalina);e na forma sólida,polimerizado em paraformaldeído. 5.2.3 Mecanismo de Ação Formaldeído inativa os microrganismos pela alquilação dos grupamentos amino e sulfidrilas de proteínas e dos anéis de nitrogênio das bases purinas. 5.2.4 Características Importantes Formaldeído é pouco ativo a temperaturas inferiores a 20 graus célcius,aumentando a atividade em temperaturas superiores a 40 graus.Ativo na presença de material orgânico.Pouco inativado por materiais naturais e sintéticos e detergentes. 5.2.5 Aplicações Formaldeído é utilizado principalmente para descontaminação,por meio da fumigação de ambientes fechados(cabines de segurança,salas diversas,salas de envase em indústria de medicamentos estéreis,biotérios,hospitais).Em função de sua toxicidade e caráter irritante,não é recomendado para desinfecção rotineira de superfícies,equipamentos e vidraria,podendo ser utilizado em situações especiais. Na área hospitalar,é considerado desinfetante de alto nível,e tem ainda,aplicação como esterilizante em artigos críticos termossensíveis e na desinfecção de artigos semicríticos,sendo também usado na desinfecção de capilares de sistemas dialisadores.No entanto,está sendo substituído cada vez mais por ácido peracético para esta aplicação. 5.2.6 Concentrações Usualmente Recomendadas Para fumigação em ambientes fechados:com formalina,18ml de formalina e 35 ml de água por 24h;com paraformaldeído,as indicações variam de 4g/ml a 10,5g/ml por 24h. Para desinfecção:4%(v/v) por 30 minutos. Para desinfecção de capilares de sistemas dialisadores:4%(v/v) por 4h. Para esterilização:soluções alcoólicas a 8% e soluções aquosas a 10% ou produtos comerciais aproximadamente 18h. 5.2.7 Efeitos Adversos O formaldeído é um composto altamente tóxico.Seus vapores são irritantes para os olhos e sistema respiratório.Causa dermatite de contato e reações de sensibilização.Tem potencial carcinogênico. A formalina sólida pode danificar alguns instrumentos. 5.3 GLUTARALDEÍDO 5.3.1 Atividade Antimicrobiana A solução de glutaraldeído é uma das que mais têm sido utilizadas nos últimos anos para tratamento de materiais termossensíveis.Ela tem sido escolhida,pelo número de características que apresenta como sendo vantagem,em detrimento das suas desvantagens.Seu uso é seguro.Um dos maiores problemas de controle de infecções é relacionado a materiais críticos ou semicríticos,termossensíveis que necessitam sofrer descontaminação para que possa ser utilizado com segurança nos pacientes.Materiais de endoscopia têm,como alternativa,o tratamento com glutaraldeído.Desvantagem é a toxicidade para os profissionais que a manipulam,exigindo,então o uso de equipamento de proteção individual.Os resíduos podem ficar nos materiais tratados,logo,deve-se enxaguá-los bem.Vantagem:amplo espectro de ação. O glutaraldeído possui amplo e rápido espectro de atividade,considerável desinfetante de alto nível.Mais termossensíveis,agindo micobactérias,fungos,vírus sobre e utilizado bactérias esporos para na tratamento forma bacterianos.Possui de materiais vegetativa,incluindo excelente atividade esporicida quando comparado a outros aldeídos como formaldeído e o glioxal. A atividade micobactericida é relativamente mais lenta.A atividade em reações ácidas é mais lenta que nas alcalinas. 5.3.2 Mecanismo de Ação A atividade biocida e inibitória do glutaraldeído é ocasionado pela alquilação dos grupos sulfidrila,hidroxila e amino encontrados nos microrganismos,alternando os ácidos nucléicos e a síntese de proteínas.O mecanismo de ação sobre os esporos ainda não foi bem elucidado. O glutaraldeído é um dialdeído,usado como desinfetante e esterilizante de artigos críticos e semicríticos,possui grande espectro de atividade contra bactérias,Gram-positivas e negativas,esporos bacterianos,fungos e vírus. O mecanismo de ação do glutaraldeído envolve uma associação forte com as camadas tanto externas quanto as internas das células bacterianas;também inibe a germinação dos esporos bacterianos e posterior desenvolvimento. 5.3.3 Características Importantes A utilização ampla dos glutaraldeídos deve-se às suas características especiais:ativo na presença de material orgânico,pouco inativado por materiais naturais,sintéticos e detergentes.Não coagula material protéico,não é corrosivo para os metais,materiais de borracha,lentes e cimento de materiais ópticos. 5.3.4 Aplicações Glutaraldeído é usado como esterilizante e desinfetante de material médicocirúrgico que não pode ser submetido a métodos físicos de esterilização.É extremamente empregado para desinfecção rigorosa de endoscópios de fibra ótica,para equipamento de anestesia gasosa,artigos metálicos e equipamentos de aspiração. Laboratorialmente,é indicado para recipientes de descarte de material.Tem amplo espectro de ação,porém não é indicado para desinfecção de superfícies de forma rotineira,e sim,em situações especiais. 5.3.5 Tempo de Contato Os tempos de contato preconizados são de 30 minutos para desinfecção e em torno de 10 horas para esterilização. 5.3.6 Efeitos Adversos Irritação de pele,mucosas e olhos,porém em menor grau que o formaldeído.Provoca dermatite e sensibilização da pele. 5.3.7 Aplicação dos Aldeídos como Agente Esterilizante O agente químico mais utilizado na esterilização é o glutaraldeído a 2%,por um período de exposição de 8 a 12 horas.É indicado para a esterilização de artigos críticos termossensíveis como acrílicos,cateteres,drenos,náilon,silicone e outros.O formaldeído pode ser usado como esterilizante,no estado líquido ou gasoso.Usualmente,o tempo mínimo de esterilização é de 18 horas.O seu uso é limitado pelos vapores irritantes,carcinogenicidade em potencial,odor característico desagradável mesmo em baixa concentração. 5.4 COMPOSTOS LIBERADORES DE CLORO ATIVO Existe um número razoável de compostos liberadores de cloro ativo disponíveis para alvejamento e desinfecção em diversas áreas. Os compostos mais comumente utilizados são os inorgânicos:hipoclorito de sódio,cálcio e lítio;e o orgânico:ácido dicloisocianúrico. 5.4.1 Atividade Antimicrobiana Pode ser usado como desinfetante de baixo a alto nível,quanto maior a concentração e ou tempo de exposição maior o espectro de ação.Tem amplo espectro de ação.Atualmente,é o desinfetante mais utilizado em razão de sua ação rápida,baixo custo e espectro de ação.Os compostos liberadores de cloro são muito ativos para bactérias na forma vegetativa Gram-positiva e Gram-negativa,ativos para micobactérias,esporos bacterianos,fungos vírus lipofílicos e hidrofílicos.Quanto maior a concentração e ou o tempo maior o espectro de ação,podendo ser utilizado como desinfetante de baixo e alto nível. 5.4.2 Mecanismos de Ação Ainda não foi demonstrado,logo,algumas teoria são sugeridas,como combinação com proteínas da membrana celular formando compostos tóxicos e inibição de reações enzimáticas essenciais.Em vírus,os compostos liberadores de cloro ativo desnaturam os ácidos nucléicos. 5.4.3 Características Importantes Os desinfetantes à base de cloro reagem rapidamente com a matéria orgânica,incluindo sangue,fezes e tecidos.Sua atividade é diminuída marcadamente,sendo o grau de inativação proporcional à quantidade de material presente.Portanto,a concentração de cloro disponível no processo de desinfecção deve ser alta o suficiente para satisfazer a demanda do cloro(cloro consumido pela carga orgânica presente) e fornecer cloro residual suficiente para destruir os microrganismos.Este fato pode ser cuidadosamente considerado quando se aplicam esses compostos para a desinfecção e descontaminação de superfícies e objetos contendo sangue e outros fluídos corpóreos. São inativados por matéria natural não protéica e plásticos e também incompatíveis com detergentes catiônicos. A decomposição fotoquímica ocorre em soluções expostas à luz.Estas características evidenciam a necessidade do armazenamento em frascos opacos,ao abrigo da luz e do calor. Ácido dicloroisocianúrico é mais estável,principalmente quando estocado em local seco,e é menos inativado por material orgânico.São menos corrosivos para metais que os hipocloritos. Os hipocloritos são corrosivos para metais.Objetos de prata e alumínio são os mais atingidos,mas instrumentos de aço inoxidável também são danificados nas altas concentrações normalmente empregadas. 5.4.4 Aplicações Os compostos liberadores de cloro ativo têm uma ampla aplicação em diversas áreas. Sua aplicação dependerá da concentração.Basicamente é utilizado em superfícies fixas.Embora existam recomendações para materiais de terapia respiratória,os resíduos de cloro,principalmente com o uso prolongado,se tornam impedimento.Atualmente é utilizado e recomendado para o tratamento de tanques e tratamento de água.No laboratório são apropriados para a desinfecção em geral de objetos e superfícies inanimadas,inclusive as contaminadas com sangue e outros materiais orgânicos e para recipientes de descarte de materiais. Nos estabelecimentos de saúde,tem aplicação para a desinfecção de superfícies e artigos semicríticos não-metálicos e artigos de lactários. São ainda recomendados para uma variedade de finalidades,entre elas desinfecção de água para o consumo humano e para processos industriais,águas de piscinas,alimentos e superfícies relacionadas. 5.5 COMPOSTOS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO Os quaternários de amônio são substâncias detergentes catiônicas com propriedade germicida,sendo derivados orgânicos da amônia,com um hidrogênio pentavalente em sua fórmula ligado a quatro radicais orgânicos com oito a 18 átomos de carbono.São ativos particularmente contra bactérias Gram-positivas,mas falham contra Gram-negativas,sendo a P. aeroginosa,E. coli e Salmonella typhimurium resistentes a sua ação.Suas soluções podem ser contaminadas pelas bactérias Gram-negativas.Também não atuam contra micobactérias.Os vírus são mais resistentes que os fungos,atuando principalmente sobre os vírus lipofílicos,como o HVI e HBV. São considerados germicidas de baixo nível,mas de baixa toxicidade,podendo ser empregados em alimentos e áreas que entram em contato com sua produção.O uso como anti-séptico(0,1% a 0,5%) tem sido questionado devido ao risco de contaminação das soluções,mas são comercializadas soluções para anti-sepsia da orofaringe com cloreto de cetilpiridium.Podem ser empregados como preservativo em colírios e utilizados como xampus anticaspa,creme rinse e agentes amaciantes de roupa.Também são empregados na desinfecção ambiental,embora atualmente tem sido questionada a importância do emprego de germicidas em superfícies fixas com o propósito de controlar a infecção hospitalar(RUTALA 1970). Os compostos quaternários amônio são agentes em que o átomo de nitrogênio do grupo amônio possui uma valência de cinco,sendo quatro dos substituintes radicais alquila ou arila e o quinto um haleto ( cloreto),sulfato ou similar.Cada composto possui características antimicrobianas próprias que dependem da distribuição e do tamanho da cadeia dos radicais.Alguns compostos frequentemente utilizados são:cloretos de alquildimetilbenzilamônio e cloretos de dialquildimetilamônio. 5.5.1 Atividade Antimicrobiana De uma maneira geral,os compostos quaternários de amônio são muito efetivos contra bactérias Gram-positivas e efeito menor para as Gram-negativas.São ativos alguns fungos e para vírus não lipídicos.Não apresentam ação letal para esporos bacterianos e para micobactérias. 5.5.2 Mecanismo de Ação A ação bactericida é atribuída a inativação de enzimas responsáveis pelos processos de produção de energia,desnaturação de proteínas celulares essenciais e ruptura da membrana celular. 5.5.3 Características Importantes Os quaternários de amônio são fortemente inativados por proteínas através do processo de adsorção,por uma variedade de materiais naturais e sintéticos e por detergentes não-iônicos e sabões.São influenciados negativamente pela presença dos íons cálcio e magnésio presentes na água dura.Podem danificar borrachas sintéticas e alumínio.O pH ideal é o alcalino(9-10);valores de pH abaixo de 7,0 são desfavoráveis.Possuem efeito residual. 5.5.4 Aplicação São recomendados para desinfecção de superfícies não críticas,como pisos,mobiliário e paredes. Apropriados para desinfecção de superfícies e equipamentos em todas as áreas relacionadas com alimentos. 5.5.5 Formulações São apresentados em formulações complexas e concentradas,contendo um ou mais princípios ativos,que devem ser diluídos de acordo com a recomendação do fabricante. 5.5.6 Efeitos Adversos Os compostos quaternários de amônio apresentam baixa toxicidade,porém podem causar irritação e sensibilização da pele.Inativados por tensos ativos,resíduos aniônicos e proteínas.Algumas formulações são inativadas por água dura.Baixo nível de toxicidade direta,mas poluente ambiental. 5.6 ÁLCOOL IODADO 5.6.1 Atividade Antimicrobiana É um potente agente bactericida,considerado de nível médio,comumente utilizado como anti-séptico.No entanto,também tem aplicação como desinfetante de materiais,virucida e fungicida.As soluções de iodo são rapidamente inativadas por proteínas,por substâncias plásticas e por substâncias naturais em menor grau.São inativados por detergentes não-iônicos. 5.6.2 Mecanismo de Ação O iodo é altamente reativo e sua ação microbicida se dá pela combinação com proteínas com ação química e adsorção. 5.6.3 Aplicações Anti-sepsia complementar da pele após a lavagem das mãos e antes de procedimentos invasivos sem efeito residual.Bacias com soluções são contraindicadas por facilitarem a deterioração,evaporação e contaminação. Em curativos,as soluções aquosas de iodo são indicadas nas concentrações de 0,5% a 1% de iodo.Essas diluições devem ser preparadas a partir de soluções oficiais. 5.6.4 Formulação Na concentração de 1:20.000 exerce a ação bactericida em um minuto de exposição e destrói esporos bacterianos em cerca de 15 minutos.A eficácia da solução não é prejudicada pela presença de matéria orgânica desde que a concentração do iodo não seja baixa(<0,1%). 5.6.5 Toxicidade A toxicidade local do iodo é baixa,entretanto,provoca ressecamento e irritação da pele e ocasionalmente pode levar a reações de hipersensibilidade caracterizadas por febre e erupção cutânea de tipos variados. 5.7 PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO 5.7.1 Atividade Antimicrobiana Desinfetante de alto nível,principalmente para materiais termossensíveis.Possui ampla e rápida eficácia sobre bactérias Gram-negativas e Gram-positivas;a inativação de microrganismos é dependente do tempo,temperatura e concentrações;existem inúmeros estudos na literatura nos quais foram demonstradas atividades de 10 a 60 minutos em concentrações variáveis de 0,6% a 7,5%.Ainda não está disponível no mercado brasileiro uma solução com as características específicas para uso como desinfetante.Nos EUA e Europa,a solução é comercializada de 6% a 7,5% para uso em materiais.Por causa da sua sensibilidade à luz e ao calor,não é eficaz se for mantido durante muito tempo incubado a temperaturas maiores que a ambiente. 5.7.2 Mecanismo de Ação Há estudos recentes sobre a ação do peróxido de hidrogênio sugerindo que o processo de morte celular envolve a produção de radicais hidroxilas,no meio intracelular. 5.7.3 Características Importantes Os peróxidos são alguns dos mais fortes oxidantes conhecidos,sendo comprovadamente mais eficazes que permanganato de potássio e compostos clorados.Apresenta níveis de segurança elevados,já que é um metabólito natural do organismo,e como é extremamente miscível com a água,as diluições possuem uma margem de erro desprezível.É muito versátil,pois dependendo da concentração,pode inibir o crescimento bacteriano ou mesmo estimulá-lo,desde que em ensaios específicos.Outra característica importante é a seletividade,já que pode ser usado de diversas maneiras nas quais seu poder de ação pode ser direcionado simplesmente por ajuste das condições de reação (pH,temperatura,tempo de reação,catalisador,etc.). 5.7.4 Aplicações Pode ser aplicado em ambientes,ar,água,material de descarte,meios de cultura,superfícies como anti-séptico e desinfetante. 5.7.5 Concentração A concentração varia de acordo com a utilização.Em razão da característica oxidante,as menores concentrações apresentam resultados mais confiáveis. O peróxido de hidrogênio apresenta-se na forma líquida,gasosa e de plasma.A concentração deve ser 3% a 25%;são considerados esterilizantes químicos ou desinfetantes de alto nível,inativando vírus,bacilos da tuberculose e fungos,com resultados variáveis com esporos.É altamente oxidante,podendo ser ativo em presença de matéria orgânica,sendo tóxico,irritante da pele e dos olhos. O mecanismo de ação é a produção do radical hidroxila livres,que atacam as membranas lipídicas de DNA e outros elementos da célula microbiana.Esse mecanismo pode ser inativado pela catálise produzida nos sistemas citocrômicos de microrganismos aeróbios e anaeróbios,o que resulta na degradação do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio.A utilização está sendo difundida como substituto do glutaraldeído,na desinfecção de alto nível dos endoscópios com concentração de 3% por seis a oito minutos.De acordo com as recomendações em seu rótulo,ele promove desinfecção de alto nível após exposição de 30 minutos e esterilização quando o tempo é de 6 horas. Concentrações menores tem sido utilizadas para ambiente e auxílio na remoção de matéria orgânica aderida a materiais.Como outras soluções químicas,a perda da atividade pode ocorrer por diluição,por secagem incompleta e deve ser monitorada regularmente.Quando a concentração estiver abaixo de 6% deve ser desprezada. 5.7.6 Efeitos Adversos Sintomas de superexposição são irritação nos olhos,nariz e garganta,processos de inflamação das córneas,eritemas,erupções dérmicas e manchas na pele(ação alvejante). 5.8 ÁCIDO PERACÉTICO Desinfetante de alto nível,sua aplicação mais conhecida é em hemodiálise.Nos EUA é indicado para uso em endoscópios,instrumentos de diagnósticos e outros materiais submersíveis. O ácido peracético atua de forma semelhante ao peróxido de hidrogênio,pois libera moléculas de H2O2.Apresenta valor de pH muito ácido,próximo de 1(um) em sua forma concentrada e a diluição não aumenta consideravelmente o pH,de forma que este deve ser corrigido,para que sua acidez não seja responsável pela inibição do crescimento bacteriano. O ácido peracético é um agente químico que está sendo utilizado como esterilizante para alguns materiais termossensíveis como,por exemplo,os cateteres.A Portaria número 15 de 23 de agosto de 1988 inclui esse princípio ativo para uso com finalidade desinfetante e esterilizante.É conhecido como esporicida em baixas concentrações(0,0001% a 0,2%),e tem como principal vantagem os produtos de sua decomposição,que não são tóxicos,são eles:ácido acético,água,oxigênio e peróxido de hidrogênio. O mecanismo de ação não é completamente esclarecido,entretanto,como agente oxidante atua na desnaturação das proteínas,com perda da permeabilidade celular e oxida os radicais sulfidril e súlfur das proteínas,enzimas e outros metabólitos. Apresenta ação bactericida e fungicida em cinco minutos de exposição,em concentrações até 100 ppm,na ausência de matéria orgânica,ou de 200 a 500 ppm na presença desta.A propriedade viruscida é demonstrada em concentrações de 12 ppm;para inativar vírus hidrofílicos necessita de 15 minutos a 2.500 ppm.Esporos são inativados em até 20 minutos de exposição à concentração de 10.000 ppm. 5.9 ÁCIDO PERACÉTICO + PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO Desinfetante de alto nível,não deve ser utilizado em materiais como cobre e bronze;possui boa compatibilidade com plásticos,um odor menos forte que o glutaraldeído,porém,pode causar irritação nos olhos e no aparelho respiratório,necessitando de equipamento de proteção individual para os eu manuseio.As concentrações recomendadas para o seu uso são de 0,2% a 0,35%,de ácido peracético. 6 NORMATIZAÇÃO DE DESINFETANTES NO BRASIL Os desinfetantes esterilizantes químicos pertencem à classe denominada saneantes com ação antimicrobiana.Tais produtos estão submetidos ao regime de vigilância sanitária conforme as Leis 6360/76 e 6437/77. Para serem comercializados no país devem ser registrados junto ao Ministério da Saúde.Este registro possui uma validade de cinco anos,e ao fim desse prazo,o fabricante deve revalidá-lo. As normas específicas para o registro dos saneantes com ação antimicrobiana são objeto da Portaria DISAD 15/88(Brasil,1988),que contém as definições,classificação e requisitos específicos e de rotulagem.São descritos os microrganismos aos quais os produtos devem apresentar atividade,incluída uma lista de princípios ativos permitidos e tabelas para classificação toxicológica. De acordo com a portaria acima referida,os saneantes com ação antimicrobiana são classificados,no nosso país,da seguinte maneira:desodorizantes;desinfetantes: de uso geral,para a indústria alimentícia,para piscinas,para lactários,hospitalares para superfícies fixas; hospitalares para artigos semicríticos;esterilizantes. Em relação ao controle de qualidade dos produtos aqui abrangidos,o Instituto Nacional de Controle em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz(INCQS/Fiocruz) é o órgão de referência nacional para as questões tecnológicas e normativas referentes aos insumos,produtos,ambiente e serviços vinculados à vigilância sanitária.Na área dos saneantes,o INCQS realiza análises laboratoriais para verificação antimicrobiana,avaliação química e toxicológica,em atendimento às exigências legais vigentes e nos programas sistemáticos de avaliação de avaliação da qualidade de produtos. 7 ESTERILIZAÇÃO Os métodos de esterilização permitem assegurar níveis de esterilidade compatíveis às características exigidas em produtos farmacêuticos,médicos hospitalares e alimentícios.O método escolhido depende da natureza e da carga microbiana inicialmente presente no item considerado.O calor(VESSONI 1997),a filtração,a radiação e o óxido de etileno, podem ser citados como agentes esterilizantes. 7.1 ESTERILIZAÇÃO POR CALOR ÚMIDO De todos os métodos avaliados para a esterilização,o calor úmido na forma de vapor saturado sob pressão é o mais frequentemente utilizado e o mais confiável.Este método não é tóxico,não custoso e esporicida.O vapor aquece rapidamente o material e penetra em sua estrutura.Considerando esses fatos,a esterilização a vapor poderia ser utilizada sempre que possível para todos os itens que não são sensíveis ao calor e à umidade (equipamento para anestesia e terapia respiratória),mesmo quando não é essencial para prevenir a transmissão de doenças.O princípio básico da esterilização a vapor,quando feito em uma autoclave,é o tratamento de cada item com vapor a uma temperatura e pressão adequadas,por um tempo específico,com a finalidade de destruir um microrganismo por meio de coagulação irreversível e desnaturação das enzimas e estruturas protéicas.Consequentemente,são quatro os parâmetros para esterilização a vapor:temperatura,pressão,tempo e concentração de vapor.O vapor ideal para esterilização é 100% saturado,com água não saturada na forma de uma fina névoa.A produção de pressão e temperaturas altas é fundamental para matar os microrganismos rapidamente.A temperatura específica deve ser obtida para garantir a atividade microbicida.As duas temperaturas mais utilizadas 121 e 132 graus célcius.Esporos de Bacillus stearothermophilus são utilizadas para monitorar a eficiência da esterilização.Geralmente o tempo de exposição requerido para esterilizar suprimentos empacotados de hospitais é de 30 minutos a 121 graus célcius em autoclave convencional ou quatro minutos a 132 graus célcius em autoclave com pulsos de vácuo. 7.2 ESTERILIZAÇÃO POR ÓXIDO DE ETILENO O óxido de etileno é um gás inflamável,explosivo,carcinogênico e,quando misturado com gás inerte,sob determinadas condições tem sido uma das principais opções para esterilização de material termossensíveis.Na legislação brasileira há vários documentos que tratam das instalações para óxido de etileno e do controle de saúde dos funcionários que nelas trabalham.O seu mecanismo de ação é a alquilação das cadeias protéicas microbianas,impedindo a multiplicação celular.O seu uso é indicado para materiais termossensíveis,desde que obedecidos alguns parâmetros relacionados com concentração de gás,temperatura,umidade e tempo de exposição. A concentração mínima recomendada é de 450 mg/L,a umidade relativa é de 20% a 40%,a temperatura entre 49 e 60 graus célcius.No entanto,os parâmetros devem ser controlados levando em consideração a calibragem do equipamento e a validação do processo.O cuidado imprescindível a ser tomado é a aeração do material.Esta fase consiste na remoção do óxido de etileno absorvido pelos materiais. O óxido de etileno é utilizado frequentemente para esterilizar produtos médicos e odontológicos que não podem ser esterilizados a vapor.O óxido de etileno é incolor,inflamável e explosivo.Misturando ETO(10% A 12%) com dióxido de carbono ou clorofluorcarbono(CFC) reduz-se o risco de explosão ou incêndio.Por causa dos danos do CFC à camada de ozônio,em 31 de dezembro de 1995,CFC não é mais produzido para uso geral.Os hospitais tem três alternativas para ETOCFC:8,5% ETO e 91,5% de dióxido de carbono,ETO misturado com hidrofluorcarbonos e 100% ETO.A atividade microbicida do ETO é considerada ser resultante da alquilação das proteínas,DNA e RNA.Alquilação ou substituição de um átomo de hidrogênio com um grupo alquil previne o metabolismo e a replicação normal da célula.A eficácia da esterilização por ETO depende de quatro fatores essenciais:a concentração de gás,temperatura,umidade e tempo de exposição.A operação varia de acordo com esses quatro parâmetros:450 para 1,200 mg/L,29 graus célcius para 65 graus célcius,45% para 85% e de duas a cinco horas,respectivamente.Dentro de certas limitações,um aumento na concentração do gás e da temperatura pode encurtar o tempo necessário para esterilizar o material.Óxido de etileno inativa todos os microrganismos,embora esporos bacterianos,especialmente de Bacillus atrophaeus,são mais resistentes que outros microrganismos.Consequentemente,o Bacillus atrophaeus é usado como indicador biológico.A vantagem primária do ETO é que ele pode esterilizar equipamentos sensíveis ao calor ou à umidade,sem deterioração física do material,sendo sua principal desvantagem a lentidão do ciclo de tempo,o alto custo e o potencial perigo para pacientes e profissionais.O ciclo básico de esterilização por ETO consiste em cinco estágios(pré-vácuo e umidificação,introdução de gás,exposição,evacuação e esgotamento do gás com ar),sendo o período total de esterilização e aeração de 48h.A aeração mecânica de oito a 12 horas de 50 a 60 graus célcius remove o resíduo tóxico contido em materiais absorventes expostos.A aeração à temperatura ambiente desprende a toxicidade do ETO,mas requer sete dias a 20 graus célcius. 7.3 GÁS PLASMA DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO O processo à baixa temperatura associado ao plasma de peróxido de hidrogênio,tem sido aplicado aos artigos médicos em substituição ao óxido de etileno,em hospitais do território brasileiro que realizam de 300 a 1.200 procedimentos cirúrgicos mensais. No dia-a-dia dos hospitais(KESSLER 1998),verificam-se vários motivos para a adoção do gás plasma de peróxido de hidrogênio para a esterilização,dentre eles,citam-se:prevenir desgaste de corte(afiação) de itens metálicos delicado,garantindo maior durabilidade e menor freqüência de consertos e reparos;prevenir oxidação de determinadas ligas metálicas de baixa qualidade,as quais não tem substituição no mercado(materiais não médicos);reduzir o tempo do processo de esterilização para 75 minutos,garantir ausência de umidade e segurança(ausência de resíduos) para o paciente e para a equipe médica;reduzir o inventário dos artigos médico-hospitalares,principalmente dos itens de custo elevado;aumentar a disponibilidade e rotatividade dos artigos,principalmente dos itens de custo elevado;aumentar o tempo de vida útil de prateleira,principalmente de artigos metálicos de uso restrito pelo acondicionamento em embalagens e de manta de polipropileno,assegurando esterilidade prolongada e assim evitar desgaste desnecessário do material. 7.4 COMPARAÇÃO ENTRE OS AGENTES QUÍMICOS DE ESTERILIZAÇÃO À BAIXA TEMPERATURA:ÓXIDO DE ETILENO E GÁS PLASMA DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO A tecnologia desenvolvida de esterilização de artigos médico-hospitalares à baixa temperatura por plasma de peróxido de hidrogênio como agente esterilizante alternativo ao óxido de etileno e ao vapor úmido tem mostrado nítida eficiência e vantagens. A introdução do plasma de peróxido de hidrogênio surgiu da busca de agentes esterilizantes alternativos à baixa temperatura,principalmente ao óxido de etileno na esterilização de materiais médico-hospitalares. O plasma de peróxido de hidrogênio não é retido na forma de resíduos ao material aplicado,porém o óxido de etileno libera resíduos de acordo com a natureza química do artigo esterilizado,exigindo período pós-esterilização de aeração. O processo à baixa temperatura por plasma de peróxido de hidrogênio mostrou mais vantagens econômicas se comparado aquele por óxido de etileno,devido principalmente à rapidez do ciclo de esterilização,fácil instalação e procedimento,e nenhuma toxicidade ambiente. No processo de esterilização com plasma à baixa temperatura,vapor de peróxido d hidrogênio é empregado como precursor do mesmo.O plasma é formado através do campo eletromagnético induzido por ondas de radiofreqüência de 13,56 MHz.O vapor de peróxido de hidrogênio sob o impacto desta energia se decompõe em radicais livres reativos,incluindo hidroperóxidos e hidroxilas.Esses radicais interagem com a membrana celular,incapacitando a multiplicação microbiana.Quando a energia de radiofreqüência é desligada,os radicais se convertem em moléculas de água e oxigênio,produtos que compõem o ar atmosférico. Ao final do ciclo,os itens esterilizados por plasma de peróxido de hidrogênio podem ser imediatamente empregados na rotina cirúrgica ou hospitalar,pois o plasma de peróxido de hidrogênio não deixa resíduos tóxicos,em contraste aos agentes esterilizantes óxido de etileno e formaldeído. A esterilização de artigos médico-hospitalares por gás plasma peróxido de hidrogênio apresenta como principais características:o equipamento é compacto e de fácil locomoção,podendo ser locado próximo às áreas de utilização de itens esterilizados;necessita apenas de uma fonte de energia elétrica para a instalação;não exige operador técnico especializado para conduzir o ciclo,que é automático,com emissão de gazes;os resíduos finais do gás plasma são água e oxigênio;o ciclo operacional é curto(75 a 85 minutos),silencioso e não interfere no ambiente,permitindo igualmente a racionalização do inventário médico-hospitalar;a faixa de temperatura do ciclo permanece entre 45 e 50 graus célcius;praticamente todos os tipos de artigos médicos são compatíveis ao processo,sendo liberados sem umidade e sem danos das propriedades operacionais. O processo de esterilização de artigos médico-hospitalares por gás plasma de peróxido de hidrogênio apresenta incompatibilidades com:substâncias que absorvem o valor de peróxido de hidrogênio e interrompem o ciclo:materiais de natureza celulósica,água e líquidos em geral;metais à base de cobre e prata(catalisam a degradação do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio);artigos com lume de fundo cego;artigos com lume de diâmetro interno estreito e comprimento longo necessitam de dispositivo acelerador de difusão ou ampliador(booster) de vapor de peróxido de hidrogênio recomendados para:lumes metálicos com diâmetro interno maior ou igual a 1mm e/ou comprimento entre 40cm e 50cm;lumes não-metálicos de diâmetro maior ou igual a 1mm e/ou comprimento entre 100 e 200 cm. Todo o processo de esterilização,para assegurar o nível de esterilidade esperado,exige o material em questão não apresente qualquer tipo de resíduo que dificulte à difusão e acesso ao agente esterilizante.Daí advir à necessidade de programa de limpeza e desinfecção prévia dos itens médico-hospitalares e odontológicos. 8 CONCLUSÃO O sucesso nos processos de desinfecção e esterilização depende da correta e criteriosa escolha,aplicação e observação das características peculiares de cada agente químico e dos fatores interferentes.Entretanto,cabe salientar que,além disso,é imprescindível que tanto os reagentes químicos empregados nos preparos das soluções quanto os produtos comerciais utilizados preencham os requisitos de qualidade estabelecidos.Desinfetantes ineficazes implicam em não se alcançar o objetivo primeiro dos processos em questão,que é a destruição dos microrganismos indesejáveis,o que significa risco para o profissional,para os experimentos e para os pacientes,no caso de uso hospitalar.O desinfetante pode ainda tornar-se um veiculador de microrganismos em vez de um agente biocida.Este fato ressalta a importância e necessidade do desenvolvimento periódico de programas de avaliação da qualidade dos produtos dispostos à comercialização. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRASILIAN PHARMACY COUNCIL .Maternity hospital infection.Pharmacia Brasileira 2000,3:37. DIAZ RB et al.Centralização do processo de desinfecção de materiais semicríticos e não-críticos no Hospital Santa Cruz:melhoria da qualidade e redução dos custos.Laes & Haes,128 (6):68-78.2000. MAZZOLA PG.Eficácia dos agentes físicos e químicos no programa de limpeza,desinfecção e esterilização.Saúde da população.Controle da infecção hospitalar.CNPq.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.Prêmio jovem cientista.16(139-181),2000. RUTALA WA.Desinfection,Sterilization and Antiseptics in Health Care.New York.Polysciense Publishers,1998.292p. RUTALA WA.Principles items.In:Disinfection,Sterilization of and disinfecting Antiseptics in patient-care Health Care.New de Artigos York,Polyscience Publishers,1998.133-149. SCARPITA CRM.Limpeza e Desinfecção Hospitalares:prevenção e controle.São Paulo,Sarvier,1997.p 411-417. SPAULDING,EH.Chemical materials.In:Lawrence disinfection CA,Block of medical SS.Disisnfection and surgical sterilization and preservation.Philadelphia,Lea & Febiger,32:517-31,1968. VESSONI,Penna .Esterilização térmica.Conceitos Básicos da Cinética de Morte Microbiana.Revista Farmácia Bioquímica.Universidade de São Paulo.(Supl.1):1-5,1997. KESSLER,M.Huu.Hemodialysis associated complications due to sterilizing agents ethylene oxide and formaldehyde.Control Nephrol 1988,62:1323.