Ciência Animal, 12(1):35-45, 2002 RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM NEMATÓIDES DE PEQUENOS RUMINANTES: UMA REVISÃO (Anthelmintic resistance in nematodes of small ruminants: a review) Ana Carolina Fonseca Lindoso MELO* & Claudia Maria Leal BEVILAQUA LABODOPAR/Faculdade de Veterinária/Universidade Estadual do Ceará RESUMO Uma revisão é apresentada sobre resistência anti-helmíntica em nematóides de ovinos e caprinos. Particular atenção é dada às drogas anti-helmínticas, desenvolvimento de resistência anti-helmíntica, métodos de detecção e prevenção da resistência anti-helmíntica incluindo esquemas de controle. PALAVRAS-CHAVE: ruminantes, ovino, caprino, resistência, anti-helmíntico. ABSTRACT A review is presented on anthelmintic resistance in nematodes of sheep and goats. Particular focus is given to anthelmintic drugs, anthelmintic resistance development, mechanisms of resistance, methods of detection, and prevention of anthelmintic resistance and including control schemes. KEY-WORDS: ruminants, sheep, goat, resistance, anthelmintic. INTRODUÇÃO O rebanho ovino brasileiro encontra-se distribuído principalmente na região nordeste que engloba 93% dos ovinos deslanados e na região sul que detém 95% dos ovinos lanados. Enquanto o rebanho caprino está concentrado na região nordeste. O parasitismo por nematóides gastrintestinais é um dos fatores limitantes da ovinocaprinocultura pois causa diminuição na produção de carne, leite, além de elevada mortalidade do rebanho no período chuvoso (PINHEIRO et al., 2000). O controle de nematóides gastrintestinais é baseado quase exclusivamente na utilização de anti-helmínticos (CHARLES, 1989). Falhas no controle são o primeiro sinal do aparecimento de resistência anti-helmíntica (SANGSTER, 2001). Define-se como resistência anti-helmíntica o aumento do número de indivíduos em uma população, capazes de suportar doses de um composto químico que tenha comprovado ser letal à maioria de uma população normalmente sensível, da mesma espécie. O aumento do número de indivíduos resistentes numa população é o resultado de trocas na frequência gênica causada pelo cruzamento daqueles indivíduos que tenham sobrevivido à exposições da droga. A mais importante característica da resistência é hereditariedade (ECHEVARRIA, 1996a). Para melhor entendimento do assunto, são apresentados, a seguir, tópicos a respeito das classes, modo e espectro de ação de antihelmínticos afetados por este problema, ocorrência e os fatores que levam ao seu * Autor para correspondência Favet/UECE Av. Paranjana,1700 60740-000 Fortaleza e-mail: [email protected] 35 desenvolvimento, mecanismos de resistência, métodos de detecção, esquemas de tratamento e prevenção da resistência anti-helmíntica em nematódeos de ovinos e caprinos. Anti-helmínticos e seus mecanismos de ação Os anti-helmínticos utilizados em ovinos e caprinos classificam-se nos seguintes grupos: benzimidazóis e pró-benzimidazóis; imidotiazóis; tetrahidropirimidinas; salicilanilidas; avermectinas e milbemicinas, e organofosforados (LANUSSE, 1996; AYRES & ALMEIDA, 1996). Benzimidazóis e Pró-Benzimidazóis Os benzimidazóis (tiabendazol, albendazol, febendazol, mebendazol, oxfendazol, oxibendazol) e pró-benzimidazóis (febantel, tiofanato, netobimim) pertencem a mesma classe pois os pró-benzimidazóis sofrem transformação para benzimidazóis através do rúmen e do metabolismo hepático (BOGAN & ARMOUR, 1987). Essas drogas têm ação contra helmintos (HENNON, 1993), tendo como mecanismo de ação principal uma potente inibição da formação de microtúbulos do parasito (MARTIN, 1997), causando alterações ultraestruturais nas células intestinais de nematóides, em particular na redistribuição de vesículas que é interrompida causando mudanças celulares (JASMER et al, 2000; BRUCE, 1987). Devido ao papel crucial desempenhado pelos microtúbulos em alguns processos celulares, essa destruição induzida pela droga levará à morte desse organismo (KÖHLER, 2001). Secundariamente pode inibir a enzima fumarato redutase no transporte de glicose, alterando os mecanismos energéticos do parasito (LANUSSE, 1996). Foi observado ainda que ocorre interrupção e/ou diminuição da produção de ovos dos nematóides (MARTIN et al., 1997). Imidotiazóis e Tetrahidropirimidinas Os imidotiazóis, tetramisol e levamisol, provocam uma paralisia espástica nos nematóides, determinando uma contração muscular estável, o que facilita a eliminação do 36 parasito (LANUSSE, 1996; MARTIN, 1997; KÖHLER, 2001). O levamisol é a forma levógera do tetramisol que é uma mistura racêmica. O índice terapêutico desses compostos é relativamente baixo. Esses anti-helmínticos têm ação somente contra nematóides sendo que o levamisol tem boa atividade contra adultos e estádios larvares em desenvolvimento, mas não contra larvas em hipobiose. Contrastando com os benzimidazóis, não são ovicidas. (BOGAN & ARMOUR, 1987). Assim como os imidotiazóis, as tetrahidropirimidinas, pirantel e morantel, também atuam como agonistas colinérgicos e têm o mesmo mecanismo de ação (LANUSSE, 1996; MARTIN, 1997; KÖHLER, 2001). O pirantel é um metil análogo ao morantel sendo que o morantel é mais potente requerendo uma menor dose. Estes fármacos têm alta eficácia sobre estádios adultos, menor atividade contra estádios larvares, mínima atividade contra larvas em hipobiose de nematóides e não são ovicidas (BOGAN & ARMOUR, 1987). Salicilanilidas A maioria das salicilanilidas, rafoxanida, oxiclozamida e closantel, são trematodicidas e atuam desacoplando a fosforilação oxidativa, influenciando no mecanismo de geração de energia dos parasitos (MARTIN, 1997). Contudo o closantel tem alta eficácia contra cepas de Haemonchus contortus resistentes aos benzimidazóis e ao levamisol (PRICHARD, 1987; ROTHWELL & SANGSTER, 1996; DORNY et al., 1994) sendo utilizado como uma alternativa de controle desses parasitos. A sua ação estende-se por quatro a seis semanas após tratamento (HALL, et al., 1981) devido a sua longa meia-vida (PRICHARD, 1987; KÖHLER, 2001) Lactonas macrocíclicas Os fármacos classificados como endectocidas pertencem a família das avermectinas, composta pela abamectina, ivermectina e doramectina, e milbemicinas, da qual fazem parte a nemadectina e moxidectina (LANUSSE & PRICHARD, 1993). Estes compostos são fármacos anti-parasitários de amplo espectro com alta eficácia contra nematóides (MCKELLAR, 1994). São ativos contra adultos, estádios imaturos e larvas hipobióticas (BOGAN & ARMOUR, 1987). Os anti-helmínticos desse grupo possuem o mesmo modo de ação e causam uma paralisia deletéria ao abrir os canais de cloro com portão glutamato (MARTIN, 1997; MARTIN et al., 1997; SANGSTER, 1999a). Outro efeito observado é a supressão dos processos reprodutivos (CAMPBELL et al., 1983). No entanto, sugerese que a interrupção da ingestão de alimentos e morte do nematóide é a real ação nematodicida desses compostos (SANGSTER & GILL, 1999). Organofosforados Essas drogas foram introduzidas como ectoparasiticidas e posteriormente empregados como anti-helmínticos. Dentre os organofosforados, o triclorfon e haloxon, são utilizados no controle de nematóideos gastrintestinais de ovinos (AYRES & ALMEIDA, 1996). Seu modo de ação é a inibição da acetilcolinesterase do parasito, evitando a hidrólise da acetilcolina. Isso resulta em paralisia espástica e eliminação do nematóide do trato gastrintestinal do hospedeiro. Com o surgimento de drogas mais seletivas e seguras, os organofosforados têm sido usados com menor frequência (MARTIN, 1997). Resistência anti-helmíntica Histórico A resistência a anti-helmínticos ocorre em todas as classes de drogas utilizadas no controle dos nematóides de ovinos e caprinos (CRAIG, 1993). O primeiro relato de resistência a antihelmínticos utilizados atualmente em nematóides gastrintestinais de ovinos no mundo foi com o tiabendazol (DRUDGE et al., 1964). Este problema disseminou-se pelo mundo inteiro. Contudo, ocorre geralmente em áreas com verões chuvosos e onde o parasito do abomaso H. contortus é endêmico, principalmente, a Austrália, África do Sul e América do Sul (WALLER et al.,1995). No Brasil, o primeiro relato de resistência a anti-helmínticos benzimidazóis foi no Rio Grande do Sul (DOS SANTOS & GONÇALVES, 1967). Nesta região também foi feito o primeiro relato de nematóides resistentes à ivermectina (ECHEVARRIA & TRINDADE, 1989). Esse estado necessita de estratégias urgentes no sentido de reestruturações no controle dos parasitos, devido a baixa eficácia dos antihelmínticos de largo espectro utilizados. Cerca de 97% das propriedades dessa região apresentam resistência anti-helmíntica (ECHEVARRIA et al., 1996). No nordeste brasileiro, a resistência em nematóides de caprinos foi relatada no semi-árido pernambucano aos anti-helmínticos levamisol, albendazol e parbendazol (CHARLES et al., 1989), no estado da Bahia aos anti-helmínticos albendazol e ivermectina (BARRETO & SILVA, 1999). No Ceará, a literatura cita relatos de resistência em caprinos utilizando o oxfendazol e levamisol (VIEIRA & CAVALCANTE, 1999), no município de Pentecoste, em ovinos e caprinos ao closantel, oxfendazol e ivermectina (MELO et al., 1998), e nos municípios de Maranguape e Pecém, relatou-se nematóides gastrintestinais de ovinos resistentes ao oxfendazol (BEVILAQUA & MELO, 1999). Desenvolvimento O aparecimento de cepas de parasitos resistentes a anti-helmínticos pode ser explicado pela teoria da evolução onde a população original de parasitos continha alguns indivíduos com capacidade genética de sobreviver ao tratamento. Os genes envolvidos não conferem vantagem biológica, caso contrário, eles teriam se propagado através da população e uma nova droga não teria sido eficaz na primeira exposição. Como a droga elimina todos os indivíduos sensíveis, a próxima geração consistirá da progênie daqueles poucos parasitos que sobreviveram ao tratamento e muitos destes terão herdado a capacidade de sobreviver à exposição anti-helmíntica (ECHEVARRIA, 1996a). 37 O efeito da seleção na frequência dos alelos resistentes na população é influenciada por alguns fatores (MARTIN, 1987), causando uma maior pressão de seleção que é determinada pela dosagem do anti-helmíntico e pela proporção da população exposta à droga (WALLER, 1986). Os principais fatores que levam a uma maior ou menor disseminação da resistência são operacionais, genéticos, biológicos e ecológicos (HENNON, 1993; MARTIN, 1987). Subdosagem, frequência de tratamentos e rotação rápida de princípio ativo, são alguns exemplos de fatores operacionais que levam a uma maior disseminação da resistência (HENNON, 1993; CRAIG, 1993, MARTIN, 1987; ECHEVARRIA, 1996a). A subdosagem ocorre quando os animais são tratados com dose inferior àquela recomendada. A droga atingirá somente os indivíduos sensíveis da população parasitária e os indivíduos resistentes sobrevivem dando origem a novas gerações (CRAIG, 1993). A extrapolação de uma espécie animal para outra, exemplifica outra forma de subdosagem e assim ocorre desenvolvimento de resistência antihelmíntica principalmente em rebanhos mistos de ovinos e caprinos. Em geral, as indicações de posologia do fabricante dirigem-se aos ovinos e é realizada a extrapolação para os caprinos. Vários experimentos demonstram diferenças na farmacocinética de certas drogas utilizadas em ovinos e caprinos (GILHAM & OBENDORF, 1985; BOGAN & ARMOUR, 1987). Os pequenos ruminantes diferem na absorção e tempo de eliminação das drogas (MCKENNA, 1984; LANUSSE & PRICHARD, 1993), consequentemente os resultados terapêuticos são diferentes. A grande frequência de tratamentos seleciona para resistência diminuindo a vida útil do fármaco. Tratamentos supressivos produzem altos níveis de resistência em um curto período de tempo. A rápida rotação de princípio ativo seleciona nematóides resistentes a todas as drogas utilizadas nessa rotação (BARNES & DOBSON, 1990). Em isolados de H. contortus, observouse que a resistência à ivermectina nesse parasito 38 é largamente controlada por apenas um gene (LE JAMBRE et al., 2000), enquanto que em Trichostrongylus colubriformis parece ser determinada poligenicamente (GILL & LACEY, 1998). O número de alelos resistentes, a frequência, a dominância e o grau de integração com o genoma, influenciam na rapidez do desenvolvimento da resistência (LE JAMBRE et al., 1979). A resistência tem distribuição mais ampla entre os benzimidazóis e próbenzimidazóis, onde os genes para resistência estavam presentes antes de serem lançados no mercado (ROOS et al., 1990). O fator bioecológico que influencia no desenvolvimento da resistência é a quantidade de população de nematóides em refúgio, isto é, os estágios de vida livre na pastagem, escapando à exposição do anti-helmíntico e em algumas circunstâncias a pressão de seleção pode ser menor (PRICHARD, 1990; JACKSON, 1993). Quando 10% da população estava em refúgio, a resistência desenvolvia-se muito rapidamente, mas quando 30 a 75% estava em refúgio, o desenvolvimento da resistência era significativamente retardado (MARTIN et al., 1981). Mecanismos de resistência Benzimidazóis A resistência aos anti-helmínticos benzimidazóis tem sido associada com modificações relacionadas à tubulina (GUTTERIDGE, 1993). Os parasitos resistentes caracterizam-se pela diminuição dos sítios de alta afinidade à droga nas subunidades protéicas dos microtúbulos (LACEY, 1988). Microtúbulos são organelas citoplasmáticas que movimentam o cromossomo durante a divisão celular, formam o citoesqueleto da célula, e fazem a movimentação de partículas celulares (MARTIN, 1997). Estudos genéticos moleculares têm mostrado que a resistência aos benzimidazóis em helmintos está associada com a seleção de alelos específicos de um ou dois isótipos diferentes da ß-tubulina (KWA et al., 1993). Ocorre uma mutação que causa a troca do aminoácido fenilanina pela tirosina na posição 200 do gene da ß-tubulina em vários isolados de H. contortus (KWA et al., 1994; GEARY et al., 1999). Os parasitos Teladorsagia circumcincta e Trichostrongylus colubriformis desenvolvem o mesmo mecanismo de resistência descrito para H. contortus (ELARD et al., 1996). Imidotiazóis Estudos in vitro com levamisol e com os nematóides H. contortus e T. colubriformis concluíram que a resistência aos imidotiazóis ocorre devido à alteração farmacológica dos receptores de acetilcolina (SANGSTER, 1999b). A extensão de sítios de ligação de alta afinidade do receptor da droga é similar entre isolados de H. contortus resistentes e sensíveis, mas existem diferenças entre os sítios de baixa-afinidade (SANGSTER et al., 1998). Nesses sítios, os parasitos resistentes têm menor afinidade à droga e mais sítios ligantes, o que possivelmente reflete um aumento na propensão para a dessensibilização do receptor para o levamisol. O tempo que o canal encontra-se aberto e a probabilidade que este canal esteja aberto está reduzida em isolados resistentes, indicando que a resposta contrátil produzida pelos receptores do levamisol em cepas resistentes é menor que em sensíveis (KÖHLER, 2001). Existem evidências que sugerem que a base bioquímica da resistência a outros agonistas nicotínicos em nematóides é similar à observada para o levamisol (ROBERTSON et al., 2000). Lactonas macrocíclicas Existem associações entre alelos que codificam o canal cloro com portão glutamato e resistência às lactonas macrocíclicas em H. contortus (BLACKHALL et al., 1998). Um dos modos de ação da ivermectina é a inibição da bomba faringeal (KÖHLER, 2001). Existem diferenças entre cepas de H. contortus resistentes e sensíveis à ivermectina, indicando que a resistência pode estar associada à mudanças fisiológicas no sítio de ligação desta droga no músculo faringeal (SANGSTER & GILL, 1999). Outros estudos moleculares evidenciam o envolvimento de outro alvo bioquímico ligado à resistência às lactonas macrocíclicas, as Pglicoproteínas. Essas moléculas são proteínas transmembranárias que têm um papel no transporte de compostos, incluindo drogas, através das membranas celulares (BLACKHALL et al., 1998; SANGSTER et al., 1999; LE JAMBRE et al., 2000). A eficácia da ivermectina e moxidectina contra parasitos selecionados resistentes à essas duas drogas foi substancialmente aumentada, em animais experimentalmente infectados, após utilização de anti-helmínticos associados com agentes reversores de resistência múltipla, assim sendo o efluxo da droga mediada pela P-glicoprotéina pode ter um papel na resistência às lactonas macrocíclicas (MOLENTO & PRICHARD, 1999). A natureza dos genes e a importância dos mesmos para o estabelecimento da resistência, não está clara, mas esses genes parecem codificar subunidades específicas faringeais e nãofaringeais dos canais cloro com portão glutamato, P-glicoproteínas e outros produtos. Esta situação pode explicar porque somente casos isolados de resistência à ivermectina tem sido reportado em rebanhos, possivelmente porque os helmintos podem ter adquirido mutações múltiplas para desenvolver altos níveis de resistência (KÖHLER, 2001). Ensaios in vitro têm mostrado que parasitos resistentes às avermectinas são também resistentes às milbemicinas sugerindo modo de ação comum (SANGSTER & GILL, 1999). Contudo foi relatado que a moxidectina foi efetiva contra H. contortus resistente à ivermectina (COLES et al., 1994). Testes para avaliação de resistência Devido ao aumento do desenvolvimento de resistência anti-helmíntica, foram desenvolvidos testes in vivo e in vitro para sua detecção (CRAVEN et al., 1999). Afim de escolher o melhor, deve-se observar o custo, aplicabilidade e interpretação dos achados (VÁRADY & CORBA, 1999). Os testes in vivo são largamente 39 utilizados para monitorar resistência em nematóides. Porém esses testes são onerosos e geralmente se caracterizam por baixa qualidade devido à variação interanimal e a farmacodinâmica da droga (CRAVEN et al., 1999). O teste in vivo mais utilizado é o de redução na contagem de ovos nas fezes (TRCOF). Esse teste consiste em comparar a redução do número de ovos nas fezes num grupo tratado com anti-helmíntico, com a de um grupo não tratado, controle. Sendo necessário, no mínimo, dez animais para cada grupo, para permitir interpretação confiável dos resultados (COLES et al., 1992). Dentre os testes in vitro, os mais utilizados são os de eclosão de ovos (TEO) e de desenvolvimento larvar (TDL) (CRAVEN et al., 1999). Esses testes tornaram-se uma alternativa para detecção de resistência devido à possibilidade de mensuração dos efeitos dos antihelmínticos nos processos fisiológicos dos nematóides (VÁRADY & CORBA, 1999). O TEO baseia-se na atividade ovicida dos benzimidazóis servindo de modelo para o desenvolvimento dos outros testes in vitro. O tiabendazol é o composto padrão classicamente utilizado por ser mais solúvel que os demais compostos benzimidazóis (COLES et al., 1992). O TDL apresenta como vantagem sobre o TEO a possibilidade de testar várias drogas principalmente as classes de anti-helmínticos de amplo espectro (HUBERT & KERBOEUF, 1992). Novas técnicas vêm sendo desenvolvidas utilizando a reação em cadeia de polimerase (PCR) para o diagnóstico da resistência aos benzimidazóis (ELARD et al, 1999; SILVESTRE & HUMBERT, 2000). Estas técnicas apresentam uma série de vantagens em relação aos métodos clássicos in vivo e in vitro. É citada a possibilidade de imediata estimativa da resistência aos benzimidazóis, além de verificar a frequência dos alelos para resistência nas espécies T. colubriformis, T. circumcincta e H. contortus (SILVESTRE & HUMBERT, 2000). Os métodos clássicos são eficientes mas só podem detectar nematóides resistentes quando 40 representam mais do que 25% da população de parasitos (ROOS et al., 1995), ou seja, quando a resistência aos benzimidazóis encontra-se bem estabelecida e consequentemente os alelos de resistência na população dos nematóides estão altamente prevalentes. A real vantagem dos métodos de diagnóstico com técnicas moleculares é a possibilidade de detecção do primeiro indivíduo resistente, por isso essas técnicas podem ser uma boa alternativa de diagnóstico (ELARD et al, 1999) e monitoramento da resistência (SANGSTER, 1999b). Apesar do alto custo impedir sua utilização como rotina laboratorial, os métodos moleculares são ideais para detecção precoce da resistência a anti-helmínticos benzimidazóis (SILVESTRE & HUMBERT, 2000). Esquemas de tratamento anti-helmíntico versus resistência anti-helmíntica Os diferentes esquemas de tratamentos são utilizados afim de reduzir ou eliminar os efeitos adversos do parasitismo. No controle curativo, os animais são tratados somente quando ocorrem os sintomas clínicos evidentes ou mesmo morte pelo parasitismo. O controle tático é utilizado sempre que as condições ambientais favoreçam o surgimento de verminose (PINHEIRO, 1983). Neste caso o desenvolvimento de resistência é retardado, mas existe uma importante perda de produção além de alta contaminação do meio ambiente. O tratamento supressivo consta de vermifugar os animais a cada 2 ou 4 semanas. É empregado em animais jovens de grande valor genético ou econômico (PINHEIRO, 1983). Embora seja eficiente no controle do parasitismo, precipita o rápido aparecimento da resistência anti-helmíntica (ECHEVARRIA, 1996b). Dos esquemas de controle, o estratégico é o mais utilizado. São aplicados tratamentos estratégicos antes que ocorra um aumento significativo da população de parasitos em épocas do ano predeterminadas (PINHEIRO, 1983). Os tratamentos estratégicos devem ser realizados com um anti-helmíntico de alta eficácia (EMBRAPA, 1994). Um dos grandes riscos deste controle refere-se à uma pequena ou nenhuma população de nematóides em refúgio durante a época seca. Este fato aliado a utilização de tratamentos anti-helmínticos nestes períodos possibilita que a resistência anti-helmíntica desenvolva-se rapidamente (SANGSTER, 2001). O nordeste brasileiro caracteriza-se por apresentar duas estações bem distintas, seca e chuvosa (IBGE, 1993). Assim são indicados quatro tratamentos anuais, dos quais três são realizados no período seco e um no chuvoso assim distribuídos: início da estação seca (junho/ julho); dois meses após o primeiro tratamento (agosto/setembro); final do período seco (novembro); e meados do período chuvoso (março) (EMBRAPA, 1994). No período seco existe pouca ou nenhuma larva na pastagem (AROSEMENA et al., 1999), por isso, os tratamentos realizados durante esta época visam interromper o ciclo de desenvolvimento das nematodioses gastrintestinais e, consequentemente, reduzir a contaminação da pastagem durante o período chuvoso (BERNE et al.,1989). No sul do Brasil, onde as chuvas são mais bem distribuídas durante o ano, adota-se um controle diferenciado de acordo com o sexo e fase de desenvolvimento do animal. Para ovinos lanados desmamados, recomenda-se a utilização de tratamentos estratégicos com drogas de poder residual contra H. contortus, como o closantel, no final do verão e novamente oito semanas depois, geralmente março. Integrado à estes tratamentos, deve-se utilizar pastagens com baixo risco de contaminação, ou seja, aquelas pastejadas por bovinos adultos por no mínimo três meses antes da época de desmame. Após a dosificação, deve-se acompanhar o rebanho com exames de contagens de ovos na fezes (OPG) de 8 a 10% dos animais e cultura de larvas. Quando as contagens ultrapassarem 500 OPG o tratamento é recomendado (ECHEVARRIA et al., 1988) Em ovelhas de cria, recomenda-se o uso de três tratamentos anti-helmínticos assim distribuídos: desmame dos animais; pré- acasalamento e pré-parto. Este último tratamento deve ser associado com troca de piquete para área de baixo risco de contaminação afim de eliminar a necessidade da dosificação no momento da assinalação (ECHEVARRIA et al., 1985). Existem ainda métodos alternativos de controle, como o método FAMACHA, idealizado para identificar, através da coloração da membrana conjuntiva, animais capazes de suportar uma infecção por H. contortus. Logo, torna-se possível tratar somente os animais que sofrem de parasitismo severo, deixando sem tratamento aqueles que não apresentam anemia clínica. Desta forma a pressão de seleção para a resistência aos anti-helmínticos será menos intensa (VAN WYK et al. 1997; VATTA et al. 2001). Prevenção da resistência anti-helmíntica A necessidade de diminuição de custos sem que haja perdas na produtividade e a exigência de redução de resíduos químicos tem levado a busca de uso racional dos produtos existentes, desenvolvimento de vacinas e/ou produtos biológicos além da adoção de normas de manejo que reduzam a frequência de tratamentos anti-helmínticos (ECHEVARRIA, 1996b). Portanto, indicam-se alguns procedimentos que devem ser utilizados afim de aumentar a vida útil do fármaco e controlar o desenvolvimento da resistência anti-helmíntica. Métodos Operacionais As subdosagens devem ser evitadas através do cálculo da dose de um grupo, de acordo com o animal mais pesado; verificando se a pistola dosificadora está devidamente calibrada; no caso de dosificação por via oral, depositando o anti-helmíntico sobre a parte posterior da língua do animal e assim evita-se o fechamento da goteira esofagiana, o que reduz a biodisponibilidade do fármaco (WALLER, 1997). Dosificação dos animais que serão introduzidos no rebanho e restrição de áreas de 41 pastejo até que seja confirmada a eliminação total dos parasitos (WALLER, 1993) é uma medida indicada para evitar a importação de nematóides resistentes. Manejo de pastagens e dos animais Com o intuito de reduzir o número de tratamentos anti-helmínticos, deve-se adotar a rotação de pastagens (WALLER, 1997); utilização de pastejo alternado entre bovinos e ovinos (ECHEVARRIA, 1996b); exploração de raças naturalmente resistentes aos nematóides gastrintestinais (WALLER, 1997) e, utilização de áreas de restevas, que tem baixo risco parasitário, para a alimentação dos ruminantes, principalmente animais jovens e sensíveis ao parasitismo (ECHEVARRIA, 1996b). Utilização racional dos anti-helmínticos Afim de aumentar a vida útil dos fármacos disponíveis, indica-se a utilização de antihelmínticos mais eficazes contra H. contortus, principalmente quando esse parasito está causando perdas no rebanho (COLES & ROUSH, 1992); rotação anual de antihelmínticos com princípios ativos diferentes (WALLER, 1993) e, principalmente, verificar regularmente a eficácia das drogas utilizadas no controle do parasitismo através de testes de detecção de resistência anti-helmíntica (COLES & ROUSH, 1992). CONCLUSÃO O desenvolvimento e a ocorrência da resistência anti-helmíntica pode ser a causa de grandes perdas econômicas no setor da ovinocaprinocultura. A disseminação desse problema poderá inviabilizar esta atividade, portanto deve-se adotar o monitoramento rotineiro da eficácia dos fármacos utilizados como medida básica de prevenção da resistência anti-helmíntica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AROSEMENA, N. A. E.; BEVILAQUA, C. M. L.; 42 MELO, A. C. F. 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