ARTIGO DE REVISÃO 2 % 6 ) 3 4 ! 0 / 2 4 5 ' 5 % 3 ! $% #).#)!36%4%2).¸2)!3 Abordagem genética da resistência anti-helmíntica em Haemonchus contortus Genetic approach of anthelmintic resistance in Haemonchus contortus Ana Carolina Fonseca Lindoso Melo* e Claudia Maria Leal Bevilaqua Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias-Universidade Estadual do Ceará, Av. Paranjana, 1700 Itaperi CEP 60740-000, Fortaleza, Ceará, Brasil Resumo: A resistência a anti-helmínticos é relatada em várias partes do mundo. Haemonchus contortus é o mais prevalente nematóide nos diversos relatos de resistência. Assim sendo, uma revisão é apresentada sobre resistência anti-helmíntica principalmente em H. contortus. Atenção particular é dada ao desenvolvimento genético da resistência, diferenças fisiológicas entre parasitos resistentes e sensíveis, diversidade genética em H. contortus, mecanismos de resistência às drogas, e o diagnóstico da resistência utilizando técnicas de biologia molecular. Palavras-chave: Haemonchus contortus, ovino, caprino, resistência, anti-helmíntico. Summary: Anthelmintic resistance is reported in many parts of the world. Haemonchus contortus is the most prevailing nematode recorded in several reports about resistance. Therefore, a review is presented on anthelminthic resistance concerning in H. contortus. Particular attention is given to genetic development resistance, physiological differences among resistant and sensible parasites, genetic diversity in H. contortus, resistance mechanisms drugs, and the diagnosis by using of molecular biology techniques. Key-words: Haemonchus contortus, sheep, goat, resistance, anthelmintic. Introdução O parasitismo por nematóides gastrintestinais causa menor eficiência na cadeia produtiva de pequenos ruminantes (Coop e Kyriazakis, 2001) pois provoca diminuição na produção de carne, leite, além de elevada mortalidade do rebanho no período chuvoso (Pinheiro et al., 2000). O controle de nematóides gastrintestinais é largamente baseado no uso supressivo e terapêutico de anti-helmínticos (Charles et al., 1989). Falhas neste tipo de controle são o primeiro sinal do aparecimento de resistência anti-helmíntica (Sangster, 2001). *Correspondência: Av. Visconde do Rio Branco, 3350 CEP: 60055-172, Fortaleza-CE. Telefone: 51 85 3101.9853; FAX: 51 85 3101.9840; e-mail: [email protected] Dentre os ruminantes, a resistência anti-helmíntica tem maior prevalência entre os nematóides de ovinos e caprinos. Este fato pode ser explicado em parte pela maior freqüência de tratamentos e ainda por diferenças fisiológicas entre pequenos e grandes ruminantes (Geary et al., 1999). O primeiro relato de resistência a anti-helmínticos utilizados contra nematóides gastrintestinais de ovinos foi com o tiabendazol (Drudge et al., 1964). Este problema disseminou-se pelo mundo inteiro (Waller et al. 1995; Waller et al., 1996; Chartier et al., 1998). Contudo, ocorre geralmente em áreas com verões chuvosos e onde o parasito H. contortus é endêmico, principalmente Austrália, África do Sul e América do Sul (Waller et al., 1995). A primeira manifestação da resistência em uma população de nematóides é o aumento de indivíduos capazes de sobreviver a uma dose de anti-helmíntico que seria letal para a maioria dos nematóides de uma população sensível da mesma espécie. O aumento de resistência é o resultado de trocas gênicas causadas pelo cruzamento daqueles que sobreviveram a exposição à droga (Echevarria, 1996). Os organismos resistentes passam os seus alelos para os seus descendentes. A freqüência e intensidade do tratamento, aliada a maior ou menor disseminação dos alelos para resistência na população de parasitos, determinam a taxa de seleção da resistência (Prichard, 2001). Os nematóides ditos resistentes apresentam diferenças quando comparados com os sensíveis. Algumas características relacionadas com a patogenicidade são mais pronunciadas (Hennon, 1993). Essas disfunções podem ser letais em alguns parasitos (Prichard, 2001). O parasito abomasal, H. contortus, é o maior responsável pelo rápido desenvolvimento da resistência em nematóides de pequenos ruminantes (Sangster, 2001), provavelmente, devido ao seu alto potencial biótico (Echevarria e Trindade, 1989), grande variabilidade genética e por albergar o alelo que causa a diminuição da susceptibilidade a uma droga (Blackhall et al., 1998). 141 Melo, A.C. e Bevilaqua, C.M. Mecanismos de resistência às drogas Os mecanismos de resistência podem ser específicos ou sem especificidade. Os mecanismos específicos estão associados à ação da droga anti-helmíntica, enquanto os outros se referem a alterações no receptor da droga ou na modulação da concentração do fármaco (Wolstenholme et al., 2004). Os anti-helmínticos benzimidazóis (BZ) ligam-se a tubulina alterando o equilíbrio tubulina/microtúbulo (Lacey, 1988). Microtúbulos são organelas citoplasmáticas que movimentam o cromossomo durante a divisão celular e partículas celulares, formam o citoesqueleto da célula (Martin, 1997). Acredita-se ainda que a modulação da concentração da droga mediada pelas p-glicoproteínas no receptor alvo pode ser um outro potencial mecanismo de resistência (Kerboeuf et al., 2003), assim como acontece para as lactonas macrocíclicas. As p-glicoproteínas são proteínas transmembranárias que têm um papel protetor contra xenobióticos potencialmente tóxicos ingeridos na dieta (Schwab et al., 2003). Estas proteínas que são produtos do gene MDR1, aparentemente removem seus substratos da dupla camada de lipídeos da membrana para o espaço extracelular, agindo como bombas de efluxo de xenobióticos (Molento e Prichard, 1999). Estudos de populações de H. contortus resistente e sensível aos benzimidazóis indicaram a existência de diferenças específicas do DNA genômico destas populações (Roos et al., 1990). Kwa et al. (1994) demonstraram que a resistência aos benzimidazóis envolve uma mutação no aminoácido 200 e 167 (Silvestre & Cabaret, 2002) (Fenilalanina/Tirosina) do gene isotipo 1 ß-tubulina, que parece ser o maior implicado no mecanismo da resistência anti-helmíntica aos benzimidazóis. As lactonas macrocíclicas, avermectinas e milbemicinas, interagem seletivamente e com alta afinidade com os canais cloreto com portão glutamato (Arena et al., 1991; Arena et al., 1992). O fluxo de íons cloreto nos neurônios presumivelmente causa a paralisia e morte de nematóides e artrópodes. Os íons cloreto carregados negativamente hiperpolarizam o potencial de repouso do neurônio resultando em inibição e paralisia do organismo (Shoop et al., 1995). Todas as informações disponíveis até o presente momento indicam que as milbemicinas têm o mesmo modo de ação que as avermectinas (Shoop et al., 1993; Arena et al., 1995). Determinados genes que codificam proteínas envolvidas no transporte ou metabolismo podem ser causa da resistência apesar de não desempenharem qualquer papel no mecanismo de ação da droga (Prichard e Tait, 2001). O primeiro gene associado com a resistência as lactonas macrocíclicas em H. contortus codificava a P-glicoproteína-A (Blackhall et al., 1998). A eficácia da ivermectina e moxidectina contra parasitos selecionados resistentes a essas drogas foi substancialmente aumentada, em animais experimentalmente infectados, 142 RPCV (2005) 100 (555-556) 141-146 após utilização de anti-helmínticos associados com agentes reversores de resistência múltipla (Molento e Prichard, 1999). O levamisol atua sobre receptores musculares nicotínicos da acetilcolina nos nematóides causando paralisia espástica, ou seja, excitatória (Levandoski et al., 2003). Estudos in vitro com levamisol sobre H. contortus e T. colubriformis concluíram que a resistência aos imidotiazóis ocorre devido a alteração farmacológica dos receptores de acetilcolina (Sangster, 1999). A extensão de sítios de ligação de alta afinidade do receptor da droga é similar entre isolados de H. contortus resistentes e sensíveis, mas existem diferenças entre os sítios de baixa-afinidade (Sangster et al., 1998). Nesses sítios, os parasitos resistentes têm menor afinidade com a droga e mais sítios ligantes, o que possivelmente reflete um aumento na propensão para a dessensibilização do receptor para o levamisol. Desenvolvimento genético da resistência anti-helmíntica A resistência apresenta três componentes: estabelecimento, desenvolvimento e dispersão. O estabelecimento da resistência é amplamente influenciado pelo tamanho e diversidade da população e taxa de mutação do gene envolvido (Sutherst & Comins, 1979). Quanto mais elevados estes fatores, maior será a probabilidade da existência do alelo para a resistência (Geary et al., 1999). O desenvolvimento da resistência deve-se ao uso do agente seletivo, neste caso, o anti-helmíntico (Sutherst e Comins, 1979). A grande freqüência de tratamentos seleciona para resistência diminuindo a vida útil do fármaco (Barnes e Dobson, 1990). Por último, o processo de dispersão dos genes na população é realizado pela migração e fluxo gênico (Humbert et al., 2001). Logo, os processos de desenvolvimento e dispersão são influenciados pela biologia e manejo dos parasitos responsáveis pela resistência. O aparecimento de cepas de nematóides resistentes a anti-helmínticos pode ser explicado pela teoria da evolução, que tem como ponto básico a seleção natural, ou seja, os indivíduos mais adaptados sobrevivem para se reproduzir (Griffiths et al., 1998). A população susceptível de nematóides contém uma subpopulação de indivíduos com capacidade genética para sobreviver ao tratamento que originará a próxima geração de nematóides desta população. O desenvolvimento da resistência a uma droga geralmente acontece dentro de cinco a oito gerações após a introdução da nova classe de composto (Grant, 2001). Sendo aproximadamente um ano o intervalo máximo de uma geração de nematódeos gastrintestinais em ruminantes (Prichard et al., 1980). Em nematóides gastrintestinais, existem três hipóteses que explicam o aparecimento de alelos para resistência aos benzimidazóis. A primeira hipótese ba- Melo, A.C. e Bevilaqua, C.M. seia-se nas migrações e fluxo gênico. As migrações introduzem diferentes freqüências gênicas provenientes da população de origem e através do fluxo gênico esses genes são incorporados ao conjunto gênico da nova população. Esse mecanismo provoca a dispersão de alelos de uma população para outra (Silvestre e Humbert, 2002). Na segunda hipótese, os alelos para resistência estão presentes na população por um longo período como um alelo raro (Roos et al., 1990), essa é uma das explicações para a grande prevalência da resistência aos benzimidazóis. A última hipótese seria a de mutações espontâneas (Humbert et al., 2001) que podem ser oriundas de uma variedade de fontes sendo os erros na replicação do DNA e lesões espontâneas os mais freqüentes (Griffiths et al., 1998), contudo todos os tipos de mutação espontânea causam uma mudança abrupta e hereditária do caráter. Os fatores que determinam a taxa de seleção são: dominância dos alelos para resistência, o número e freqüência inicial dos genes envolvidos, a diversidade genética da população, a relativa adaptabilidade dos organismos resistentes e a oportunidade para recombinação genética (Sangster, 2001; Coles, 2005). Em estudos realizados com Teladorsagia circumcincta, determinou-se que a resistência aos benzimidazóis é controlada por um ponto de mutação no gene da ß-tubulina (Elard et al., 1996). Em H. contortus, observou-se que para o levamisol e ivermectina parece ser controlada poligenicamente. A hereditariedade destes genes é autossômica e recessiva. Nos benzimidazóis, acredita-se que seja incompletamente recessiva, com apenas uma mutação pontual no gene da ß-tubulina (Dobson et al., 1996; Sangster et al., 1998; Prichard, 2001). Contudo, Le Jambre et al. (2000) afirmam que em H. contortus os espécimes resistentes a ivermectina, apresentam um gene dominante, altamente controlado por apenas um gene, também autossômico. Neste caso o desenvolvimento da resistência é mais rápido (Barnes et al., 1995). Em populações onde ainda não existam alelos da resistência ou estes apresentem baixa prevalência, o conhecimento dos fatores que determinam a sua maior seleção pode possibilitar o controle do desenvolvimento da resistência, bem como a disseminação destes alelos. Diversidade genética em H. contortus Os nematóides não são igualmente susceptíveis ao desenvolvimento da resistência. Alguns fatores, obrigatoriamente, devem estar atuando em conjunto para que uma população de organismos resistentes possa ser selecionada pela pressão da droga. Dentre estes, o mais importante é a diversidade genética da população tratada, pois a droga não cria organismos resistentes, apenas seleciona os indivíduos que carreiam um alelo do gene ou genes que reduz a susceptibilidade a uma droga. A resistência só pode surgir se o alelo para a RPCV (2005) 100 (555-556) 141-146 resistência estiver presente na população tratada. Logo, quanto mais elevada for a diversidade genética de uma espécie, maior será a probabilidade da existência deste alelo (Geary et al., 1999). H. contortus tem uma taxa de mutação do DNA mitocondrial dez vezes maior que nos vertebrados e o DNA nuclear extremamente diverso. Este parasito mostra grande variabilidade genética, tanto em uma população quanto entre populações geograficamente separadas, sendo encontrado em diferentes espécies de ruminantes desde os trópicos úmidos até as áreas de clima com temperaturas mais frias. Além disso, apresenta uma alta prolificidade, sua fêmea pode eliminar mais que 10.000 ovos por dia. O tamanho da sua população efetiva é enorme, sendo mais encontrada no meio do que nos seus hospedeiros (Prichard, 2001). A alta diversidade genética associada ao elevado tamanho da população efetiva é uma condição ideal para a disseminação da resistência (Geary et al., 1999). Alguns destes aspectos foram evidenciados. Cepas de H. contortus isoladas em áreas geográficas diferentes com condições climáticas diversas apresentaram diferenças no que diz respeito a morfometria dos machos, proporções entre a morfologia das fêmeas e freqüências aloenzimáticas (Saulai et al., 2000). Diferenças fisiológicas entre os parasitos resistentes e sensíveis Alguns estudos têm sido realizados a fim de comparar esta característica entre indivíduos resistentes e sensíveis. O nematóide de vida livre Caenorhabditis elegans vem sendo utilizado como modelo para estudos de desenvolvimento e mecanismos da resistência (Geary e Thompson, 2001; Hashmi et al., 2001). Neste parasito, observa-se que os indivíduos resistentes apresentam disfunções na mobilidade, ovoposição, músculo da faringe, entre outras características, que chegam a ser letal para esse parasito, mas parecem ser irrelevantes em outras espécies (Prichard, 2001). Em contraste a estas observações, o parasito H. contortus selecionado para resistência, apresenta, simultaneamente, genes que influenciam em outras características fisiológicas como a patogenicidade, poder infectante e sobrevivência dos estágios de vida livre (Hennon, 1993). Este fato foi evidenciado em cepa resistente ao tiabendazol. Esta cepa mostrou-se superior na capacidade de estabelecer-se no animal, foi mais patogênica e produziu uma maior quantidade de ovos. Estas características elevam-se com o aumento da resistência. Neste estudo, os fatores relacionados aos estágios de vida livre não foram afetados pelo grau de resistência (Maingi et al., 1990). Resultados semelhantes foram observados na 1ª geração de uma população de H. contortus resistente a benzimidazóis, a qual apresentou maior hematofagismo e capacidade de estabelecimento nos animais (Melo, dados não publicados). 143 Melo, A.C. e Bevilaqua, C.M. RPCV (2005) 100 (555-556) 141-146 Nesta mesma população, observaram-se diferenças no que se refere ao sucesso de seus ovos em produzir larvas infectantes, tendo maior porcentagem de desenvolvimento a 23°C e 65% de umidade ponderal. No entanto, a população sensível obteve maior sucesso no desenvolvimento a 32°C e 35% de umidade ponderal, quando comparada a resistente (Melo, dados não publicados). Essas características podem ser uma saída para a manutenção dos alelos de resistência na população. Por fim, H. contortus resistente a ivermectina apresenta a estrutura do anfídio anormal e de difícil identificação individual dos neurônios desta estrutura (Freeman et al., 2003). Contudo, são necessários mais trabalhos para determinar a influência deste fato no processo de resistência às lactonas macrocíclicas. Simultaneamente à seleção artificial através dos antihelmínticos, existe a seleção natural que permite que os mais adaptados sobrevivam. Estes dois processos podem ser os responsáveis pela manutenção dos alelos do tipo selvagem, que caracteriza a susceptibilidade à droga, e do alelo mutante que dá ao parasito a possibilidade de sobreviver ao tratamento anti-helmíntico, neste caso de populações trichostrongilídeas, mas que em outras populações é deletério em outras características. Observando os resultados citados, pode-se sugerir que os resistentes tenham um tipo de comportamento mais agressivo que possivelmente diminui a freqüência alélica do mutante devido a uma morte prematura do hospedeiro, e através de mecanismos como a capacidade de sobreviver e maior manutenção dos estágios de vida livre, disseminar seus alelos na população. Ao contrário destas características, os sensíveis mantém da mesma maneira os seus alelos. Assim sendo, um novo equilíbrio gênico é obtido, que é uma característica da relação entre os alelos do tipo selvagem e mutante. contortus (Silvestre & Humbert, 2000). Esta ferramenta molecular pode estimar cada genótipo (rr: resistente; rS e SS: ambos sensíveis). Desta forma o nível de resistência aos BZ numa população de nematóides pode ser definido pela proporção de homozigotos mutantes (rr: Tir/Tir) (Humbert et al., 2001). A presença do aminoácido fenilalanina ou tirosina nesta posição, caracteriza a cepa sensível e resistente aos BZ, respectivamente (Elard et al., 1999). Esse método é baseado no uso da reação em cadeia pela polimerase (PCR) a qual amplifica os alelos específicos. Esse sistema gera três fragmentos: um alelo não específico e dois alelos específicos para sensibilidade e resistência aos benzimidazóis que são separados em eletroforese em gel agarose. Essa caracterização possibilitará estimar a proporção de cada genótipo (rr, rS e SS) na população de nematóides (Humbert et al., 2001). E assim, quantificar ao número de indivíduos resistente numa população. A real vantagem deste método de diagnóstico é a possibilidade de detecção do primeiro indivíduo resistente, por isso essa técnica pode ser uma boa alternativa de diagnóstico (Elard et al., 1999) e monitoramento da resistência (Sangster, 1999). Contudo, o número de parasitos necessários para serem testados é uma grande limitação. Para a detecção de nematóides resistentes, quando a sua prevalência é menor que 1% numa população de organismos diplóides, é necessário a genotipagem de no mínimo 150 indivíduos (Sangster et al., 2002). Esta técnica é um grande avanço para a detecção e monitoramento da resistência, no entanto os seus altos custos impedem que seja utilizada como rotina laboratorial no lugar dos métodos clássicos, que são os testes in vitro de eclosão de ovos e desenvolvimento larvar e, in vivo, de redução na contagem de ovos nas fezes. Diagnóstico genético da resistência anti-helmíntica Considerações finais As técnicas moleculares oferecem algumas vantagens no diagnóstico, são altamente específicas, sensíveis, mesmo em pequenas quantidades de DNA, e têm um potencial para identificação das espécies dos parasitos (Sangster et al., 2002). A utilização dessas técnicas está restrita aos benzimidazóis (Taylor et al., 2002). A resistência a esses fármacos é diagnosticada utilizando-se a amplificação do fragmento do isotipo 1 da ß-tubulina. Emprega-se a Reação em Cadeia pela Polimerase alelo específica (AS-PCR) para detectar esta mutação em parasitos adultos de H. contortus (Kwa et al., 1994) e para larvas e adultos de Teladorsagia circumcincta (Elard et al., 1999). No entanto, este método de genotipagem só poderia ser realizado em vermes adultos após necropsia dos animais ou em larvas, caso a infecção fosse monoespecífica. Posteriormente este método foi modificado permitindo a identificação das três espécies de nematóides mais prevalentes em ovinos e caprinos, T. circumcincta, Trichostrongylus colubriformis e H. 144 A resistência em nematóides de pequenos ruminantes encontra-se disseminada no mundo inteiro. O controle destes parasitos e o diagnóstico precoce da RA, especialmente em H. contortus, devem ser preconizados a fim de viabilizar economicamente a criação de ovinos e caprinos. O conhecimento dos vários aspectos genéticos deste fenômeno, poderá aumentar a vida útil dos fármacos atualmente utilizados, e consequentemente tentar preservar a susceptibilidade dos parasitos, principalmente nas populações onde os alelos para resistência apresentam baixa prevalência. Bibliografia Arena, J. P., Liu, K. K., Paress, P. S., Frazier, E. G., Cully, D. F., Mrozik, H., Schaeffer, J. M. (1995). The mechanism of action of avermectins in Caenorhabditis elegans: correlation between activation of glutamase-sensitive chloride current, membrane binding, and biological activity. Journal of Parasitology, 81, 286-294. Arena, J. P., Liu, K. K., Paress, P. S., Schaeffer, J. M., Cully, D. F. Melo, A.C. e Bevilaqua, C.M. (1992). Expression of glutamate-activated chloride current in Xenopus oocytes injected with Caenorhabditis elegans RNA: evidence for modulation by avermectin. Brain Research Molecular Brain Research, 15, 339-348. Arena, J. P., Liu, K. K., Paress, P. S., Cully, D. F. 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