ANÁLISE DE NECESSIDADES PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NA ESCOLA PÚBLICA Iranilde dos Santos Rocha Souza¹ RESUMO Este artigo tem o objetivo de analisar necessidade para a disciplina Língua Inglesa no Ensino Fundamental da escola pública. Partindo da descrição das dificuldades mencionadas pelos próprios alunos relacionadas à aprendizagem de inglês. Fundamentando-se de Hutchinson e Waters (1987), Long (1990) e Dudley Evans e St. John (1998). Na metodologia da pesquisa qualitativa de campo, são levantadas informações sobre os aprendizes através de questionários. Dessa forma, a pesquisa mostra que a principal necessidade do aluno está relacionada à metodologia adotada pelo professor que não prioriza as habilidades mais necessárias, já que a escola não dar suporte para a efetivação de todas. Palavras-chave: Análise de necessidades. Escola pública. Língua inglesa. ABSTRACT This article aims to analyze the need for discipline in elementary school English language public school. From the description of the difficulties mentioned by the students related to learning English. Grounding is Hutchinson and Waters (1987), Long (1990) and St. John Evans, Dudley (1998). In the methodology of qualitative field research, are raised about the learners through questionnaires. Thus, the research shows that the main need of the student is related to the methodology adopted by the teacher that does not prioritize the skills most needed, since the school does not provide support for the realization of all. Keywords: Needs Analysis. Public school. English Language. 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem como objetivo analisar as necessidades presentes no ensino de Língua Inglesa, no Ensino Fundamental da Escola Pública. Os problemas do ensino de Inglês, na rede pública, são muito discutidos por que não é completo nas quatro _______________________ ¹ Professora de Língua Portuguesa do 8º e 9º ano e Língua Inglesa do 5º ao 9º ano do Centro Educacional Modelo, Salgado – SE; Intérprete e Tradutora de Língua Brasileira de Sinais – Libras do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Cleonice Soares da Fonseca, Boquim – SE; Pós-Graduanda em Libras – Língua Brasileira de Sinais: educação especial - Faculdade São Luís de França, Aracaju – SE. E-mail: [email protected] habilidades: falar, entender (ouvir), ler e escrever. Na verdade, os alunos, cada vez mais, sentem dificuldades no aprendizado dessa disciplina que também está eliminando vários alunos do sonho de passar no vestibular sendo a justificativa: a falta de suporte escolar e a carga horária insuficiente. Segundo Bottos (2008), a escola pública brasileira tem como grandes problemas o baixo desempenho de alunos da Educação Básica nas avaliações nacionais e internacionais; deficiências e inoperâncias das políticas públicas, particularmente, relacionadas a financiamentos; falta de qualificação dos professores e quase inexistente formação continuada. Para essa pesquisa, fez-se necessário à leitura de teóricos como Bottos (2008), Carvalho (2008), Dudley Evans (1998), Hutchinson; Waters (1997), Laville & Dionne (1999), Masin (2009), Nicholls (2001), Paiva (2009), Vermersch (1994) entre outros para dar suporte ao desenvolvimento deste trabalho. Percebe-se que as necessidades se encontram em todas as habilidades e a justificativa está na falta de recursos e estrutura da escola, mas se os professores parassem para analisar, pelo menos, as habilidades como leitura e escrita seriam as mais desenvolvidas, uma vez que a escola não dá suporte para o desenvolvimento das outras, como ouvir e falar. Esta pesquisa justifica-se pela urgência em investigar as necessidades de aprendizagem de inglês na rede pública de Boquim. Com isso, pode-se compreender como essa disciplina é ensinada nas escolas, as expectativas dos alunos em relação à própria aprendizagem e às práticas dos professores suprindo e/ou direcionando essas necessidades. Os resultados desta pesquisa poderão, assim, direcionar para a criação de materiais didáticos e planejamentos de ensino mais contextualizados e efetivos. Desse modo, a pesquisa procura descobrir quais as reais necessidades através da visão dos alunos e o que consideram mais importante para o ensino de Inglês e a partir dessa análise tenta encontrar meios para amenizar tais necessidades. Nesse sentido, analisar as necessidades dos alunos, relacionando-as às práticas dos professores representa uma possibilidade de entender uma das possíveis causas para tantos problemas enfrentados por professores e alunos envolvidos nesse processo de ensino aprendizagem. Portanto, foi possível analisar que as principais necessidades dos alunos estão relacionadas às práticas de ensino utilizadas pelo professor. 2 PROBLEMAS DO ENSINO DE INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA Desde o início da inclusão do ensino de Língua Inglesa nas escolas públicas, havia uma ideologia do falso nacionalismo, ou seja, achava-se que era uma forma dos norte-americanos dominarem o país, e a partir desse princípio, iniciou-se uma falsa concepção da língua que também é refletida na formação dos professores de Inglês, e assim, o problema do ensino nas escolas. A falta de qualificação profissional dos professores gera um ensino sem qualidade que transforma o ensino dessa disciplina num verdadeiro círculo vicioso. No passado a lei 5.692 /71 das Diretrizes e Bases da Educação desobrigava a inclusão de línguas estrangeiras no currículo de 1º e 2º graus, sob a égide de um falso nacionalismo que alegava que a escola não deveria se prestar a ser a porta de entrada de mecanismos de impregnação cultural estrangeira, e, através dessa influência, contribuir para o aumento da dominação ideológica de sociedades estranhas à brasileira, consagrando, com isso, um colonialismo cultural a serviço de interesses estrangeiros (NICHOLLS, 2001, p. 16). Percebe-se que, há um pensamento gerador de um discurso baseado na dominação do país pelos estrangeiros, além disso, também se pode dizer que os alunos estão acostumados a saber que só aprende inglês nas escolas particulares, sendo assim, o ensino de inglês passa a ser um privilégio da classe dominante, uma vez que esta classe social pode pagar as altas mensalidades. Predominante na década de 70, esse pensamento tomava o ensino de línguas estrangeiras como instrumento das classes favorecidas para manter privilégios, impondo um domínio social, cultural, político e econômico. [...] a ideologia que permeia o pensamento de professores e outros profissionais envolvidos com o ensino da língua estrangeira continua presa aos efeitos da lei anterior, vendo a sua aquisição como um artigo de luxo, privilégios de uma pequena elite que pode arcar com as altas mensalidades de escolas especializadas (NICHOLLS, 2001, p. 17). Nicholls também enfatiza que há outra ideologia por traz desta, aquela que não se aprende uma língua estrangeira na escola, esse é um grande problema da escola pública, afinal de contas, o aluno passa 7anos estudando inglês, termina o Ensino Fundamental entra no Ensino Médio e conclui os estudos sem entender e sem ler, e para completar a catástrofe ainda fracassa no vestibular. Por quê? Esta é a grande pergunta. Segundo Nicholls (2001), a língua estrangeira não é importante só para o vestibular. Observe o depoimento de um aluno de 14 anos, de uma escola pública do município Boquim – SE, ao responder o que ele esperava da disciplina de inglês na escola: “Quase nada, pois aprendi mais inglês ouvindo música na internet do que na escola” (aluno de 14 anos, 8ª série 2011). O depoimento deste aluno deixa bem claro que ainda existe a ideologia de que a escola pública não é capaz de ensinar a Língua Inglesa, ou qualquer outra língua estrangeira. Nicholls (2001) discorda dizendo que hoje a escola pública já tem competência para ensinar a língua estrangeira, não é mais uma tarefa somente das escolas especializadas. O problema parte dos professores ao ensinar gramática achando ser o suficiente para aprender a Língua Inglesa, como diz Nicholls (2001). Assim como, o outro problema parte dos alunos ao achar que os ensinamentos da escola, gramática, tradução e vocabulário são suficientes para aprender uma segunda língua e não aprofundar os estudos fora do âmbito escolar, como ler textos em inglês, ouvir músicas inglesas acompanhando a letra, entre outros métodos. Segundo Paiva (2009), o ensino de gramática pode ser muito significativo que a memorização e o uso de regras descontextualizadas. Para isso, basta utilizar a criatividade para torná-la mais lúdica e significativa para os alunos, que quando dizem querer aprender gramática, na verdade querem aprender falar e escrever de acordo com as normas. Isso implica que o ensino de gramática, descontextualizada, não ajuda aos aprendizes atingirem seus objetivos, porque o ensino não tem nenhuma ligação com o sentido. Outra falha do professor, não procura incorporar à sua prática de ensino novas abordagens e métodos, experimentar outras ideias e tentar um processo dinâmico e de constantes renovações. Observe o depoimento desta aluna, da escola pública do município Boquim-SE, ao falar sobre o que ele esperava de disciplina de inglês na escola: “Uma coisa mais avançada, coisas novas algo do tipo” (aluna de 15 anos, 8ª série). Mas, os problemas continuam desta vez pelo fato de que as escolas não ofereciam o livro didático de língua inglesa e isso era usado como discurso governamental, mas agora o livro didático foi introduzido nas escolas estaduais e o ensino continua com as mesmas deficiências anteriores. Primeiro, porque o livro não estar de acordo com a realidade do aluno, se bem que o professor é responsável por adaptá-lo; mas, isso não acontece e em vez de aulas de gramatica, têm aulas de tradução não por dedução, mas pelo dicionário. Traduções essas que não são significativas para o aluno, pois não tem um exemplo-situação para eles. E segundo, porque o professor ainda não sabe utilizar o livro didático, e muitas vezes, também não sabe o que o livro propõe, ou simplesmente, usa-o como uma fórmula, ou seja, o livro é o único caminho para o ensino. Pereira (2006, p.27), explica que o livro didático parece moldar o professor e também suas aulas deixando de ser uma ajuda e passando a ser um modelo padrão. Quando os professores encontram “teoria e exercícios devidamente calculados para lhe ocupar todo o tempo que dispõem apresentados segundo metodologia própria, cuja adequação ao seu trabalho o professor avalia no momento da adoção”. Os docentes não avaliam o livro didático para ver se está de acordo com a realidade dos alunos (pequenos textos que tragam experiências parecidas com as do alunado), eles apenas querem algo que facilite o seu trabalho. Por falar em pequenos textos, ao observar o livro didático oferecido pelo governo estadual, percebe-se que os textos são extensos e cansativos, porém sempre tem uma boa história, engraçada e que fala de pegadinhas e assuntos que interessam aos jovens como namoro, amor, entre outros. Mas, como o livro foi incorporado pela primeira vez, deveria trazer textos menores que ajudassem na interpretação. Nesse ponto, é importante ressaltar a discussão sobre o fracasso do ensino ao apresentar o vocabulário através do dicionário, quando na verdade, deveria ser por dedução ou mímicas, teatros, filmes com legenda, ou seja, de forma dinâmica e os alunos aproveitassem isso como uma forma de usar a língua. Os alunos comprovam que a falta de dinamismo é um problema no ensino. Segundo Carvalho (2008), as atividades de leitura de textos curtos e análise de músicas são mais apreciadas pelos alunos, ou seja, os métodos para trabalhar a leitura precisam ser dinâmicos. E o professor também não estar qualificado o bastante para tirar as dúvidas dos alunos e ensinar algo mais avançado ou uma explicação mais coerente com a realidade deles. Observe estes fragmentos: “Espero que os professores expliquem e ensinem o máximo que puderem” (Aluna de 14 anos, 8ª série). “De ensinar língua inglesa e tirar dúvidas” (Aluna de 15 anos, 8ª série). Esses fragmentos pressupõem que os professores deixam a desejar ao ensinar língua inglesa. Segundo os alunos, eles poderiam explicar melhor e o mais importante tirar as dúvidas, esse pode ser o ponto chave desta pesquisa, pois todos são sabedores que uma dúvida e outra provocam o fracasso escolar. Segundo Carvalho (2008), os professores da escola pública ainda estão despreparados para receber a demanda de dificuldades dos alunos, ou seja, um público heterogêneo. Todos os alunos querem entender inglês por que tem noção da necessidade de uma língua estrangeira. Veja os depoimentos: “Espero entender para ler, falar e etc., todas as falas da língua inglesa” (aluna de 15 anos 8ª série). “Espero que seja uma aula de entendimento” (aluna de 14 anos 8ª série). “Melhor entendimento em inglês e aprender falar em inglês” (aluno de 15 anos 8ª série). Percebe-se que em todos os depoimentos os alunos afirmam não entender o inglês, uma explicação para isso é a falta de vocabulário, não conseguem interpretar. Segundo Carvalho (2008), o estudo do vocabulário também é importante por que possibilita o conhecimento de palavras específicas utilizadas em diversas comunicações e diferentes contextos. Na verdade, a pesquisa comprova que eles leem de forma aportuguesadas a Língua Inglesa, por isso não conseguem entendê-la e muito menos interpretar. Nesse caso, o correto seria usar as práticas de skimming e scanning (práticas de leitura) para começar a interpretar a princípio pequenos textos e depois avançar, mas para isso é preciso um ritmo que esteja de acordo com a realidade do aluno. Quando se perguntou o que eles esperavam do inglês, muitos responderam a mesma coisa. Veja os fragmentos: “Espero que algum dia as escolas ensinem a falar inglês” (aluno da 8ª série, 2011). “Eu espero entender inglês” (aluno da 8ª série, 2011). Esses testemunhos também quer dizer que quando os alunos querem aprender gramática, na verdade, estão querendo aprender a falar inglês, segundo Paiva (2009). Portanto, faz-se necessário uma reflexão detalhada de todos os problemas e procurar amenizá-los de forma prática e dinâmica. O que está faltando nas aulas de Inglês é a parte prática, mais diálogo entre professores e alunos, entre os próprios discentes, ou seja, interação, conversação, usar a língua, sem achar ou ter medo do que vai errar, é errando que se aprende e segundo Brown (2001) o aluno precisa se arriscar. Dessa forma, percebe-se que as necessidades estão relacionadas a vários fatores reais, e também, a muitos mitos, o importante é ter noção das dificuldades dos alunos e tentar trabalha-las de forma mais enriquecedora possível, tornando o ensino, cada vez mais, significativo. 3 ANÁLISE DE NECESSIDADES Levando em consideração que o objetivo geral do ensino da disciplina nas escolas é tornar o aluno apto ao uso da língua em qualquer situação e circunstância, então analisar necessidades a partir desse princípio é descobrir as possíveis ou maiores dificuldades dos alunos segundo eles próprios e tentar encontrar meios para analisar as causas e chegar ao ponto central dessa problemática a fim de tornar o ensino de inglês mais significativo. Allen e Widdowson (1974), apud Hutchinson e Waters (1987) defendem a ideia de que [...] Nós consideramos que as dificuldades que os alunos encontram, brotam não só do pouco conhecimento da estrutura gramatical da língua inglesa, mas também com a não familiaridade com o uso da língua, e desse modo suas necessidades não podem ser alcançadas por um curso que proporcione simplesmente prática na composição da sentença, mas por um curso que desenvolva um conhecimento de como as sentenças são usadas para desempenho de diferentes atos comunicativos (MASIN, 2009, p. 27). Analisar necessidades é pesquisar o ensino de inglês observando suas falhas com o objetivo de achar a razão do problema, ou ainda, colher material dos próprios alunos para tentar descobrir o que está faltando ao ensino e o que se pode fazer para que o inglês seja significativo. As necessidades dos alunos encontradas nesta pesquisa contribuem para a prática do ensino do professor de língua inglesa, na adaptação de novos métodos, no uso da criatividade e na percepção do que os alunos sabem; o que gostariam de aprender e o que realmente eles precisam apender em relação à Língua Inglesa. Hutchinson e Waters (1987, p.60) fazem uma analogia da abordagem instrumental como a jornada, cujo ponto de partida são lacunas (lacks) na aprendizagem que precisam ser contemplados pelo curso. Já o destino é representado por suas necessidades (necessities), bem como pelos desejos (wants) dos alunos em relação ao que será estudado. Nessa analogia, o percurso também é mencionado, sendo representado pelas necessidades de aprendizagem, ilustrando o meio pelo qual o aprendiz sairá do ponto de partida em direção ao destino, ou seja, como chegará ao destino. Nesse sentido as necessidades de aprendizagem envolvem, segundo apontam os autores, as condições da situação de aprendizagem, o conhecimento dos alunos, as habilidades em sala de aula, bem como a motivação dos alunos para aprender a segunda língua (CARVALHO, 2008, p. 32-33). É importante deixar claro que analisar necessidades é procurar as dificuldades dos alunos, e como o ensino de inglês nas escolas públicas tem sido um dos piores comparados aos de outras disciplinas, faz-se necessário encontrar as razões da existência dessa defasagem, e ninguém mais apropriado para falar disso do que os próprios alunos. 4 METODOLOGIA DA PESQUISA Para analisar a necessidade dos alunos na disciplina de Língua Inglesa na escola pública, a investigação dividiu-se em três partes: a primeira foi uma revisão literária com o objetivo de apresentar a teoria sobre o problema do ensino de inglês na escola pública e a analise de necessidades. Em seguida, aportou-se da pesquisa descritiva, segundo Richardson (2006), é descrever as características de determinado fenômeno. Já como procedimento da coleta de dados foi utilizado a pesquisa de campo, baseado em apenas um tipo de questionário com perguntas abertas e fechadas, com a finalidade de recolher informações novas sobre o tema em discussão. O caráter representativo de uma amostra depende da maneira pela qual ela é estabelecida. Por isso, através da tabulação dos questionários, serão elaborados gráficos que permitirão identificar as características gerais da população alvo e verificar os dados mais significativos, decisivos para gerar as categorias de análise e definir o segundo momento da pesquisa (LAVILLE e DIONNE, 1999, p. 169). Os dados foram coletados numa Escola Pública Estadual, localizada na Avenida Paulo Barreto de Meneses, no centro do munícipio de Boquim- SE, distante da capital Sergipana 29 quilômetros. Houve o comprometimento de manter sigilo quanto à identificação da escola e dos alunos. Os sujeitos que se submeteram a responder o questionário foram 40 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e estão numa faixa etária entre 13 a 22 anos e residem uns na zona urbana e outros na zona rural. Dos discentes procurou-se saber sobre as dificuldades encontradas na disciplina de Língua Inglesa a respeito da leitura, escrita, fala, compreensão e vocabulário. A escola oferece a educação regular composta pelo Ensino Fundamental e Médio e também a Educação de Jovens e adultos. Conta com o apoio do projeto Mais Educação para os alunos que apresentam pouco rendimento escolar. E possui uma clientela de 1.028 alunos matriculados e apenas uma aluna de 22 anos com deficiência auditiva, a instituição oferece rampas para cadeirantes, mas não atende nenhum aluno com tal deficiência. 5 O CASO DE UMA ESCOLA PÚBLICA EM BOQUIM-SE: uma análise de necessidades Este capítulo tem o objetivo de mostrar e discutir os dados dos questionários e analisá-los como: leitura, escrita, fala, entendimento, necessidade e importância da língua na visão dos alunos. 5.1 Leitura A maior parte dos alunos demostraram não saber ler Inglês, percebe-se que, na realidade, a dificuldade de leitura é uma constante. A falta de vocabulário gera a dificuldade de entender os textos em inglês, tornando o aluno dependente do professor para realizar as atividades simples de gramática ou interpretação de textos em língua estrangeira. Observe que no gráfico abaixo sobre leitura, a maioria dos alunos disseram não saber ler inglês, foram verdadeiros nas respostas, isso leva a acreditar que eles desejam mudanças, melhoras no ensino. Ler Inglês Sim 45% Não 55% Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. Os 55% dos alunos que alegaram não saber ler inglês estão em desvantagem aos demais, pois suas necessidades são oprimidas em função do desenvolvimento dos outros alunos. Segundo Carvalho (2008), as necessidades de aprendizagem envolvem as condições da situação de aprendizagem, ou seja, os professores precisam criar um ambiente adequado para os alunos realizarem a leitura havendo compreensão. No geral, os alunos apresentam uma grande necessidade na leitura, verifique o gráfico a seguir: Leitura 2% Insuficiente 8% 27% 18% Regular Bom Muito bom 45% Excelente Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. Segundo o gráfico, a leitura também está numa escala entre insuficiente e regular. Sobre isso, é importante trazer, também, o que eles disseram sobre o uso da leitura, devido à falta de prática do professor em ensinar a pronúncia adequada, os alunos também não se arriscam. O uso da leitura em Inglês 7% 3% Insuficiente 30% 25% Regular Bom Muito bom 35% Excelente Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. Na leitura, quase 70% dos discentes estão numa faixa entre insuficiente e regular. Isso é preocupante, porque os alunos estudam, desde o 6º ano, e em três anos, eles não conseguem ler. Segundo Carvalho (2008), os alunos precisam de motivação. 5.2 Escrita A escrita também é uma habilidade importante no ensino de língua estrangeira, uma vez que, seu uso é uma modalidade social e exige domínio em diversas situações, por exemplo, formal e informal. A pergunta seguinte foi como eles classificam as suas habilidades com relação ao uso de inglês quando utilizados nas aulas deles? Ou seja, nas aulas de inglês eles admitem que para escrever, ler, falar e entender eram insuficiente, regular, bom, muito bom ou excelente. Escrita 10% 1% Insuficiente 30% Regular Bom 27% Muito bom 32% Excelente Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. O gráfico mostra que, os alunos consideram-se numa escala entre insuficiente e regular no que se diz respeito à escrita. Isso se explica pelo fato deles usarem a escrita do inglês somente para responder exercícios, e também as perguntas serem mais de cunho objetivo. Segundo Carvalho (2008), os alunos dão preferência na escrita à produção de atividades gramaticais e principalmente de completar. O Uso da Escrita em Inglês 6% Sim 15% 25% Não Bom 27% 27% Muito bom Excelente Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. A escrita de 50% dos alunos está numa escola entre regular e boa, isso significa que eles não têm dificuldade na escrita. Mas ¼ dos alunos afirmam ter muita dificuldade, é um indício de que essa habilidade também precisa ser revista. Mostrando, também que, a escrita é uma falta de leitura. Uma habilidade acaba influenciando no sucesso ou insucesso da outra. 5.3 Fala Geralmente, os professores gostam de trabalhar a fala dos alunos através de diálogos, repetição de pronúncia e músicas e os alunos gostam por que é uma forma dinâmica de entrar em contato com o uso da língua. “As atividades de produção mais apreciadas em sala de aula são práticas de pronúncia, práticas de diálogos e músicas” (Carvalho, 2008, p. 118). Mas apesar da existência de vários métodos e práticas para ser trabalhada, a fala dos alunos no gráfico mostra que os discentes não falam inglês nas aulas, a explicação pode ser o incentivo ou mesmo como eles mesmos disseram falta a priorização por parte do professor. 2% Fala 2% Insuficiente 24% 38% Regular Bom Muito bom 34% Excelente Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. O gráfico passa a mensagem que se os alunos não conseguem escrever e ler, claro, não conseguirá falar, mas isso não justifica o não falar, porque muitas pessoas não conhecem a estrutura gramatical, não sabem ler nem escrever, porém, sabem falar. Portanto, foi possível verificar que falta contato com a língua, isso impossibilita o desenvolvimento das quatro habilidades. Segundo Masin (2009), as dificuldades dos alunos estão relacionadas, não só, ao pouco conhecimento da estrutura gramatical, mas também, a não familiaridade com o uso da língua. De forma geral, como os alunos classificam suas habilidades com relação ao uso do inglês? Eles admitiram, não usam a fala. O Uso da Fala em Inglês 2% 2% Insuficiente 19% 35% Regular Bom 37% Muito bom Excelente Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. Já pra falar inglês, a maior parte dos alunos desta pesquisa admite está numa escala entre insuficiente e regular. Isso também é preocupante e prova que um dos problemas da língua é ensinar gramática, como já foi dito nesta pesquisa, achando que o ensino está completo e o aluno vai aprender a falar, já que sabe a estrutura da língua (mito). Foi verificado na pesquisa que isso não é verdade. Como diz Nicholls (2001, p. 19), é preciso acabar com o mito de que saber uma língua estrangeira é conhecer seu vocabulário e sua gramática. 5.4 Entendimento O entendimento dessa língua para mais da metade dos alunos está numa escala entre bom e muito bom. Observa-se que esse entendimento está baseado em palavras cognatas, figuras e algumas palavras simples, ou seja, os alunos confundem as palavras inglesas com a forma aportuguesada. O entender em Inglês 3% insuficiente 17% 25% Regular Bom 30% 25% Muito bom Excelente Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. O fator analisado consiste no caso da leitura e do ouvir, o aluno é capaz de entender, compreender a língua em suas várias possibilidades de uso. O gráfico abaixo mostra um resultado precário. Entendimento 2% Insuficiente 15% 30% Regular Bom 23% 30% Muito bom Excelente Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. Numa escala, na qual o entendimento está entre insuficiente e regular, demonstra que os alunos não conseguem entender o inglês apresentado em sala de aula e grande parte das necessidades parte dessa falta na aprendizagem. Segundo Nicholls (2001), o professor precisa ficar atento às novidades e não se deixar dominar por métodos ultrapassados. Em relação às quatro habilidades, o entendimento também deixa a desejar, por que uma habilidade depende da outra, por isso, elas precisam ser trabalhadas juntas. A falta de vocabulário reflete no entendimento que diminui a cada erro, fazendo o aprendiz perder o interesse e achar que nunca aprenderá inglês. Segundo Brown (2001), o ego do aluno é ferido pelos erros, ou seja, desmotiva-o. Eles consideram entre insuficiente e regular as quatro habilidades: escrever, ler, falar e entender. Isso demonstra que os métodos de ensino precisam ser mudados, ou seja, melhorados. 5.5 Necessidades da Língua Inglesa Diante do processo pesquisado até agora, foi possível verificar que os alunos da escola pública têm necessidades em todas as habilidades, como pode ser vista no gráfico a seguir: Precisa-se de Inglês 2% Escrever 18% 30% Falar Ler 30% 20% Entender Outros Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. Os alunos foram questionados sobre: para que eles precisavam do inglês? A maioria disse para falar, numa análise mais aprofundada, esses dados levam a acreditar numa necessidade, um grande desejo dos alunos da escola pública é falar Inglês. Essa necessidade de comunicar-se em inglês vem acompanhada de outra leitura. Masin (2009) acredita que as necessidades dos alunos serão amenizadas quando as sentenças gramaticais forem usadas para desempenho de diferentes atos comunicativos. Percebe-se que, eles têm muitas necessidades. Isso é uma preocupação para os profissionais que estão ingressando agora. Torna-se uma missão muito árdua para os jovens na área. 5.6 Importâncias da Língua Inglesa Hoje, aprender uma língua estrangeira é muito importante para o progresso na vida estudantil e profissional, por que a maior parte dos avanços em pesquisas se encontra numa determinada língua estrangeira. [...] o desenvolvimento de uma língua estrangeira constitui, muitas vezes, um entrave que fecha o acesso ao mundo moderno, que impede o consumo de conhecimentos produzidos no estrangeiro, além de cercear a contribuição ativa e eficiente na produção e no desenvolvimento científico e tecnológico internacional (CELANI,1996, apud NICHOLLS, 2001, p. 15). Percebe-se que, o domínio de uma língua estrangeira amplia a conhecimento em várias áreas, nessa visão, perguntou-se: na opinião do aluno o que é mais importante nas aulas de inglês? O gráfico a seguir, fornece essa informação. Importante nas aulas de Inglês 2% Vocabulário 25% 35% Leitura e Interpretação Revisão Geral da gramática 15% 15% 8% Conversação Tradução Outros Fonte: Iranilde dos Santos Rocha Souza, dezembro de 2011. Segundo interpretação do gráfico, os alunos consideram como mais importante nas aulas de inglês a tradução, seguida de vocabulário. É interessante afirmar que, o ensino através da tradução pode ajudar o aluno tanto na escrita como na fala, se for ensinado com o objetivo de ampliar o vocabulário e ensinar a gramática da língua no texto, consequentimente isso será notado na fala. É isso que eles almejam. Segundo Paiva (2009), quando os alunos dizem aprender a gramática da língua eles querem na verdade aprender a falar e escrever em inglês. Inclusive, quando finalizou com a pergunta o que espera da disciplina nas escolas, as respostas se assemelharam e chegaram ao denominador comum: “aprender inglês”. Dessa forma, é perceptível que a maioria dos alunos gosta da língua quer aprender a falar, porém o ensino na rede publica ainda não é suficiente para tal progresso. E o emblema desse ensino nas escolas públicas continua sendo: não se aprende língua estrangeira na escola, como frisa Nicholls (2001), o aprendizado do Inglês é um privilégio da classe dominante. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS As necessidades de Língua Inglesa nas escolas públicas são um desfio para a inovação das práticas pedagógicas. A falta de profissional na área também é um reflexo do ensino de má qualidade. Os alunos acham as aulas cansativas por que na maioria das vezes o ensino é baseado em traduções longas e gramática, ou seja, não têm aulas contextualizadas. A pesquisa demonstrou que ainda há uma resistência por parte dos alunos para aprender inglês nas escolas, eles estudam apenas para cumprir a disciplina e caso desejem falar essa língua, precisam fazer um curso para aperfeiçoarem o aprendizado. Observou-se que a escrita é a menos prejudicada, mas as outras habilidades como leitura, entendimento (ouvir) e a fala estão numa escala precária e requer algo mais completo, ou seja, os professores precisam exercitá-las, pois também foi demonstrado na pesquisa, todas apresentam alguma deficiência. Uma forma de amenizar o problema das necessidades dos alunos verificadas no ensino aprendizagem de inglês consiste aos professores “[...] incorporar à sua prática didática novas abordagens e métodos e, sobretudo, a dedicação à pesquisa, visando à experimentação, ao julgamento, à aplicação de novas ideias, de forma a assegurar um processo dinâmico de renovação constante” (NICHOLLS, 2001, p. 19). Desse modo, foi possível verificar que o ensino somente através da gramática e tradução não é um ensino completo, pois o vocabulário principalmente, não é compreendido pelo aluno. O livro didático também seria uma ajuda, mas os professores usam como única alternativa de ensino por que facilita seu trabalho. Assim, os alunos perdem o interesse pela segunda língua dificultando ainda mais o processo de ensino aprendizagem. Portanto, para amenizar o problema do desinteresse, os professores não procuram novas prática e métodos, ou seja, um processo mais dinâmico e de constantes renovações para inserir no ensino. Tudo isso é reflexo da falta de qualificação profissional e quase inexistente formação continuada dos profissionais. REFERÊNCIAS BOTTOS, Juliana. O professor da escola pública sob o estigma da incompetência. 2008. 132 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Maringá – UEM. Maringá/PR, 2008. BROWN, H. Douglas. 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