Uma escola comunitária: entre línguas e alfabetos Olga Solovova [email protected] Faculdade de Letras/Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra Bolsa da FCT: SFRH/BD/41514/2007 Uma escola entre... ● ● … a escola formal e a família ...o sistema educativo português e dos países de origem ● ● ...línguas e alfabetos: uma decisão forçada pelo contexto uma opção de participação Entre ou no meio de...? Uma escola multilingue: Ucraniano, Russo, Bielorrusso, Romeno, Português, Inglês O que é que a línguagem e a língua? ● Um sistema de regras adquiridas? Um artefato simbólico mediador de experiências (Vygotsky, Engestrom, Wertsch) ●Um resultado de conjunto de práticas culturais (Barton, Rogoff) ● Uma ferramenta de socialização (Shieffelin) ● Como se situa entre outras línguas: sendo minoritária.... ●Será um problema? Será um direito? ●Será um recurso? Uma língua numa ecologia multilingue ● ● ● ● Quem são os falantes da língua? Quais são os domínios de uso da língua? Que tipo de apoio institucional tem a língua? Quais são as atitudes dos falantes em relação ao estatuto e papel da língua na auto-identificação? (Haugen 1972; Hornberger 2002; Creese 2003) Que espaços para outras línguas? Desenvolvimento nacional: • • • • • • 1999 --“a inexistência de uma política de línguas em Portugal” (Mateus, 2002) 1991-Entreculturas, projectos orientados para comunidades específicas (ciganos, timorenses, caboverdianos); 1996--criação de CPLP e TEIP; 1998 --projectos de PortuguêsL2; 1999- mirandês-língua minoritária; 2001- mediadores culturais (ciganos) Portugal - membro da UE (desde 1986): Promoção de multilinguismo na UE – “língua materna +2 línguas estrangeiras” (Barcelona, 2002) “from languages of the new EU country members to “regional, minority and migrant languages” (Brussels, 2003) política explícita de multilinguismo (Brussels, 2005) Lei da Nacionalidade (Abril de 2006): “O Governo concede a nacionalidade portuguesa, por naturalização, aos estrangeiros que [...] conhecerem suficientemente a língua portuguesa” (artº6, c) Nova Lei da Imigração (Julho de 2007): “...beneficiam de uma autorização de residência permanente os cidadãos estrangeiros que comprovem ter conhecimento do Português básico” (artº80, e) Que espaços para as línguas? Ensino de Português a estrangeiros: De voluntariado nas igrejas à centralização – Programas governamentais “Português para Todos”; Português empresarial 2009 Línguas e culturas maternas? PII, 2007: • “Estabelecer um diálogo inter-institucional, com associações de imigrantes e outros parceiros, no sentido da melhoria das condições específicas de suporte a aprendizagem das diferentes línguas maternas dos alunos. • Identificar, em colaboração com aquelas organizações, bolsas de especialistas, nas diferentes línguas, de apoio ao reconhecimento das interferências nos processos de ensino/aprendizagem de português.” • “Promover e encorajar acções que dêem visibilidade e expressão públicas às manifestações culturais desenvolvidas pelas comunidades migrantes. • Promover co-produções e outras formas de colaboração entre criadores ou outros agentes culturais, designadamente nas areas das artes do espectáculo e artes plásticas.” PII 2010: o conhecimento da língua portuguesa como factor de integração.” ●iniciativa «Ler + em vários sotaques», a desenvolver pelas escolas ●Reforço de expressão de diversidade cultural, com incidência na cultura Que espaços para línguas? Português Língua Não Materna no Currículo Nacional, Documento orientador Ministério da Educação, DGIDC, Julho de 2005: A escola é o espaço privilegiado para desenvolvimento da integraçao social, cultural e profissional das crianças e jovens recem-chegados. O seu sucesso escolar, intrinsecamente ligado ao domínio da língua portuguesa, é o factor essencial desta integração. Assegurar uma integração eficaz e de qualidade é um dever do Estado e da Escola. [...] avançar com medidas que possibilitem a eficaz integração dos alunos no sistema educativo nacional, garantindo o domínio suficiente da língua portuguesa como veículo de todos os saberes escolares. Esta é a língua em que os alunos vão seguir os seus estudos, mas é também a língua que lhes vai permitir orientarem-se num novo espaço que não pode ser conquistado sem a sua consolidação. Abordagem crítica às políticas da língua Contestar a ofuscação de agência e perpetuação da política como algo necessariamente monolítico, intencional e fascista (Johnson, 2009:155) Professores da escola portuguesa: “Na escola ela não fala ucraniano. Até há crianças ucranianas na escola mas ela não sabe disso e fala português com elas, porque os professores não lhes deixam falar ucraniano, dizem “nós não percebemos o que vocês estão a dizer” (E1) “A professora disse-me para deixar ensinarlhe russo, pois já apareceu o sotaque [no português]” (C1-1) “A professora não faz diferença, não lhe dá nenhumas indulgências pois quer que ela saiba tanto português como os alunos portugueses da sala. Diz que nós temos que falar mais português com ela em casa” (E1) ““No início havia aulas de apoio. A professora ficou interessada...Ela testava a si própria à procura de abordagens para com ele” (I1-2) Professores da escola comunitária: “Preservar aquilo que eles nunca receberão na escola portuguesa: conhecimento de história e da língua russa” (D1) “Na Rússia também não gostámos quando ouvíamos arménios, georgianos a falarem [as suas línguas] (.)....Bem, temos que aprender não pensar assim. (.) Temos que distribuir a ideia para não reagirmos desta forma quando as pessoas falam as suas línguas maternas. Trazer para as massas – o direito de falar a sua língua materna” (B1-1) Micro-políticas de língua “As outras crianças? Ficam tão curiosas, pedem-nos para ensinarmo-los as palavras em russo” (D1) Rosa Tânia Espaço de linguajar multilingue Co-construção de significados Explicar a palatalização em russo através de meios portugueses Escola comunitária: que espaço? Espaço de educação ● bilingue Espaço “seguro” ● Espaço de ● translinguajar Repensar o bilinguismo Bilinguismo de fim-de-semana (Wei, 2010) Soma de monolingusimos (Heller,2007) Multilinguismo flexível (Blackledge e Creese,2010) Obrigada! Thank you! Спасибо! Спасибі! Дзякуй! Mulţumesc! [email protected]