XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 A produção científica sobre a metodologia seis sigma Carlos David Cequeira Feitor (UFRN) [email protected] Carla AlmeidaVivacqua (UFRN) [email protected] André Luís Santos de Pinho (UFRN) [email protected] Resumo A metodologia Seis Sigma encontra-se disseminada pelas corporações mais respeitadas no mundo empresarial, gerando resultados extremamente significativos. Por conseqüência, acaba por impulsionar pesquisas acadêmicas e publicações relevantes. O presente artigo analisa o perfil da produção científica nacional e internacional na área. Através de sistemas de busca de dados reconhecidos, foram identificados 173 artigos científicos. As variáveis analisadas foram: quantidade de artigos por ano, países onde o trabalho foi desenvolvido, temática da publicação, área de aplicação da metodologia, porte das empresas e setor de aplicação. Observa-se que os artigos nessa área começam a ser encontrados nas publicações brasileiras pesquisadas a partir de 2002. Dentre os temas mais discutidos estão: definições e utilização de ferramentas estatísticas. Considerando os artigos com aplicações da metodologia, observa-se que a maioria envolve grandes corporações do setor privado. Além disso, verifica-se uma diferença na distribuição dos artigos aplicados em empresas de serviço e manufatura no Brasil. Entretanto, internacionalmente há um equilíbrio bem maior entre essas duas áreas de aplicação. Assim, este trabalho aponta para a lacuna de estudos sobre a implementação da metodologia em pequenas e médias empresas e no setor governamental. Especificamente no âmbito nacional, nota-se espaço para desenvolvimento de trabalhos na área de serviços. Palavras-chave: Seis sigma, Produção científica, Qualidade. 1. Introdução O programa de qualidade Seis Sigma tornou-se mundialmente respeitado devido à sua enorme capacidade em integrar os processos de negócio, reduzir a variabilidade dos processos, diminuir os defeitos de produtos e serviços, assim como dos custos operacionais, resultando no aumento da satisfação dos clientes e da lucratividade nas organizações. Diante dessa virtuosidade, renomadas empresas, tais como General Eletric (GE) e Motorola investiram consideráveis montantes de capital para implementação da abordagem Seis Sigma, objetivando abater as ineficiências e ineficácias das atividades empresariais e, por conseqüência, impulsionar os resultados financeiros. Os resultados provenientes dessa iniciativa por ambas as empresas mostraram-se bastante positivos, tendo a GE, segundo Pande et al. (2001), obtido um retorno sobre os investimentos de US$ 750 milhões até o final de 1998 e a Motorola economizado US$ 14 bilhões no período 1987-1997 decorrentes do esforço Seis Sigma. Estes impressionantes retornos estimularam o interesse sobre a metodologia, levando os profissionais e pesquisadores a se aprofundarem nos pressupostos, princípios, ferramentas e todos os aspectos concernentes a esta intrigante abordagem para melhoria da qualidade. Sob esta perspectiva este artigo tem como principal objetivo apresentar uma ampla visão sobre o desenvolvimento da pesquisa científica relacionada ao tema Seis Sigma tanto no Brasil, por meio da análise dos artigos publicados nos anais de eventos nacionais, quanto internacionalmente, através da investigação dos artigos referenciados em sistemas de busca, ENEGEP 2005 ABEPRO 1223 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 permitindo traçar o desenvolvimento acadêmico e profissional para implementar e aperfeiçoar o conhecimento sobre a metodologia Seis Sigma. O presente artigo está estruturado em quatro seções. Inicialmente é feita esta introdução para apresentar o contexto para realização deste trabalho. Em seguida apresenta-se a metodologia empreendida durante a pesquisa e, posteriormente, os resultados e discussões, os quais destacarão a quantidade de artigos publicados, os países onde foram desenvolvidas as pesquisas, as áreas temáticas, porte das empresas, área e setores de aplicação. Por fim, descreve-se as conclusões, destacando os principais resultados, análises e considerações sobre os dados pesquisados. 2. Metodologia Primeiramente, os artigos referentes às publicações no Brasil foram obtidos nos bancos de dados do Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP) através do sítio de busca do Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PEP/UFRN) e nos sistema de busca nos sítios da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD) e do Simpósio de Engenharia de Produção (SIMPEP). Para a pesquisa foram considerados os anos de 1998 a 2004. Já em relação aos artigos internacionais, estes foram levantados no sistema de busca da UMI Proquest, ISI Web of Science e Emerald, durante o período de 1998 a 2005. Em seguida, devido à diversidade de enfoque dos artigos levantados tanto internacionalmente quanto nos sistemas de busca nacional, foi necessário realizar uma minuciosa análise dos resumos dos estudos, com a finalidade de verificar a congruência entre as pesquisas e as metas deste trabalho. Ao todo foram levantados 227 artigos, sendo que após esta etapa de averiguação 173 pesquisas foram consideradas como trabalhos científicos e pertinentes em relação ao objetivo proposto. Essa pesquisa, do ponto de vista da natureza, pode ser classificada como básica, uma vez que contribui para geração de novos conhecimentos extremamente úteis para o avanço da ciência. Em relação à abordagem do problema, considera-se como uma pesquisa qualitativa para a análise dos temas e quantitativa para a tabulação numérica, classificação e análises dos dados. Do ponto de vista dos objetivos, este estudo classifica-se como exploratório e em relação aos seus procedimentos técnicos como bibliográfico, visto que, segundo Gil (1999), visa “proporcionar uma visão geral, do tipo aproximativo, acerca de determinado fato”, não fornecendo, assim, explicações para o fenômeno em observação. Na coleta de dados, determinou-se um sistema de protocolos de avaliação para permitir angariar as seguintes variáveis: o número de artigos publicados, os países sedes das pesquisas, a abordagem temática, o porte da empresa (pequena/média ou grande), área de aplicação (manufatura ou serviços) e o setor de aplicação (governamental ou não-governamental). Diante dessas informações foi possível verificar a situação atual da abordagem ao Programa Seis Sigma para melhoria da qualidade, assim como tirar as principais considerações e conclusões significativas ao escopo do estudo. 3. Resultados e discussões 3.1. Quantidade de artigos A partir da estruturação dos dados relativos ao número de artigos, apresentado na Tabela 1, observa-se um total de 150 artigos internacionais e 23 desenvolvidos no Brasil na área de Seis Sigma. Constata-se que os artigos nacionais emergem somente a partir de 2002. Internacionalmente, nos meios pesquisados, verifica-se um crescimento de estudos na área de Seis Sigma. Além disso, há uma concentração substancial de publicações entre 2002 e 2004, ENEGEP 2005 ABEPRO 1224 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 representando um aumento de 307% no exterior, e de 83% no Brasil. A quantidade de artigos internacionais publicados mostra-se superior comparada ao Brasil, e as publicações nacionais nesta área surgiram com uma defasagem, de acordo com os dados levantados, de pelo menos quatro anos. Ano 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total Número de artigos Internacional Brasil 3 0 6 0 13 0 14 0 14 6 29 6 57 11 14 0 150 23 Total Percentual 3 6 13 14 20 35 68 14 173 1,73% 3,47% 7,51% 8,09% 11,56% 20,23% 39,31% 8,09% 100% Tabela 1 – Quantidade de artigos sobre seis sigma 3.2. Países sede Os dados a seguir, devidamente estruturados na Tabela 2, apresentam as quantidades de artigos referentes ao Programa de Qualidade Seis Sigma de acordo com os países onde foram elaborados. Para a construção da tabela, dividiram-se os estudos por continentes e os países que os compõe, alocando cada trabalho ao seu respectivo domínio territorial. Continente Americano Europeu Asiático Não Identificado Total País E.U.A Brasil Reino Unido Eslovênia Holanda Suécia Alemanha Finlândia Índia Cingapura Coréia Taiwan China 13 Número de artigos 94 23 18 3 3 3 2 1 5 2 2 2 1 14 173 Percentual 54,34% 13,29% 10,40% 1,73% 1,73% 1,73% 1,16% 0,58% 2,89% 1,16% 1,16% 1,16% 0,58% 8,09% 100% Tabela 2 – Quantidade de artigos publicados por continente e país Analisando os dados dispostos na Tabela 2, verifica-se uma forte concentração de artigos no continente americano, destacando-se com o total de 67,63% dos estudos publicados, enquanto a Europa produziu 17,33%, seguida pela Ásia com um montante de 6,95%. É importante ressaltar que não foi possível identificar 8,09% dos artigos por não constarem com clareza sua origem. Os outros continentes que compõem o globo terrestre não apresentaram nenhuma divulgação referente ao tema em estudo. Os países que contribuíram de maneira significativa para disseminação da metodologia Seis Sigma foram os Estados Unidos com 94 artigos, perfazendo 54,34% do total, seguido pelo Brasil com uma quantidade de 23 trabalhos publicados, correspondendo a 13,29% do total, e o Reino Unido atestando seu empenho com 18 investigações verificadas, inteirando 10,40% do montante analisado. ENEGEP 2005 ABEPRO 1225 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Os Estados Unidos se destacam na produção e divulgação de seus artigos, apresentando 309% a mais de trabalhos publicados que o segundo colocado o Brasil e 422% de estudos a mais que o terceiro colocado o Reino Unido. Vale ressaltar o desempenho da Índia no continente Asiático, pois esta apresentou a divulgação de 5 trabalhos, ou seja 42% de todos os estudos referentes ao seu continente. Os países com menor desempenho em termos de artigos publicados nas bases pesquisadas são Finlândia e China, apresentando somente um artigo cada uma, perfazendo cada somente 0,58% do total. 3.3. Temática das publicações em seis sigma As principais áreas de concentração e abordagens desenvolvidas nos artigos estão de maneira concisa apresentadas na Tabela 3, disposta a seguir. Para melhor observação e análise dos dados realizou-se uma divisão dos temas em dois grandes grupos: o primeiro refere-se ao Seis Sigma agregado a outras grandes áreas de conhecimento; e a segunda, relaciona-se aos conteúdos diretamente atrelados ao Programa Seis Sigma. Temas Variados + Seis Sigma Estatística Qualidade Produção Enxuta (Lean) e Gerenciamento da Cadeia Produtiva (Supply Chain Management – SCM) Gestão da Tecnologia da Informação Finanças Temas Seis Sigma Seis Sigma Definições Implementação Planejamento para Seis Sigma (Design for Six Sigma – DFSS) Faixas-Pretas (Black Belts) DMAIC Seleção de Projetos Total Número de Artigos Internacional Brasil 19 4 11 6 14 2 5 0 4 0 Número de Artigos Internacional Brasil 62 2 15 3 Total Percentual 24 17 13,87% 9,83% 16 9,25% 5 4 2,89% 2,31% Total Percentual 64 18 36,99% 10,40% 10 1 11 6,36% 4 3 3 150 1 2 2 23 5 5 5 173 2,89% 2,89% 2,89% 100% Tabela 3 – Número de artigos publicados em relação ao tema seis sigma Essa divisão torna-se pertinente, haja vista que muitos trabalhos mostram a simbiose da metodologia Seis Sigma com outras amplas áreas de conhecimento, enquanto que os outros artigos destacam exclusivamente o tema pesquisado. Além dessa categorização, esta tabela também apresenta a quantidade de artigos em relação a cada um dos temas, tanto no Brasil quanto no exterior. O conteúdo que apresenta maior freqüência de publicação em relação ao todo, com 64 artigos, perfazendo 36,99% das pesquisas analisadas, é denominada de “Seis Sigma Definições”. Este tema refere-se a todos aqueles trabalhos que destacam os aspectos conceituais que envolvem a metodologia Seis Sigma (como, por exemplo características, pressupostos, filosofia, cultura e ferramentas), sem se aprofundar em um tema específico. O campo de conhecimento referente à “Estatística”, coloca-se na segunda posição no número de artigos divulgados em relação ao todo, com 24 trabalhos, totalizando 13,87% dos estudos analisados. Os conteúdos em torno deste tema enfatizam os seguintes aspectos: estatística descritiva, controle estatístico de processos, planejamento de experimentos, capacidade de processos, diagramas de dispersão, análise de variância, testes de hipótese e análise dos sistemas de medição. ENEGEP 2005 ABEPRO 1226 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 No Brasil o tema que se destaca, com 6 trabalhos publicados, inteirando 26% dos estudos realizados nacionalmente, refere-se à “Qualidade”. Verificou-se que o interesse dos autores neste tópico circundava em comparar abordagens de melhoria da qualidade, bem como fundir os programas de aperfeiçoamento contínuo e apontar os modelos mais utilizados para o progresso da qualidade. Também, pode-se destacar o tema “Estatística”, visto que representa 17,39% dos artigos brasileiros publicados. Quanto aos artigos publicados internacionalmente, o tema mais cogitado remete-se ao “Seis Sigma Definições”, com 41% dos estudos avaliados, contabilizando 62 trabalhos. Em seguida pela “Estatística”, que gerou 12,66%, ou seja, 19 artigos. Pode-se destacar também o tema “Produção Enxuta (Lean) e Gerenciamento da Cadeia Produtiva (Supply Chain Management SCM)”, que obtiveram 14 artigos endereçados ao seu campo de conhecimento, abrangendo 12,66% do conjunto de trabalhos internacionais. Este último campo de conhecimento apresenta muitos estudos teóricos e ferramentas, discutindo a importância de se implementar métodos enxutos para redução do tempo de ciclo e diminuição dos estoques como meio para conquistar vantagem competitiva no mercado. 3.4. Perfil organizacional Um conjunto amplo de artigos foram realizados em organizações, buscando implementar a melhoria de processos através do Programa Seis Sigma. Por isso, torna-se pertinente traçar o perfil dessas empresas em termos de sua área e setor de aplicação, assim como de seu porte, permitindo observar em que tipo de organizações a metodologia estudada encontra-se fortemente disseminada e, em contrapartida, quais os tipos de empresas ou setores que ainda não introduziram essa abordagem, direcionando a importantes oportunidades para realização de pesquisas nessas lacunas não atendidas. 3.4.1. Área de aplicação A Tabela 4 apresenta a quantidade de artigos internacionais e nacionais em que a abordagem Seis Sigma foi implementada de acordo com a área de aplicação (manufatura ou serviço). Diante desses dados, observa-se em termos de quantidade total de trabalhos, uma porcentagem maior de publicações na área de manufatura, com 38% a mais de estudos realizados do que nas empresas de serviço. Área de Aplicação Manufatura Serviço Não Identificada Total Número de Artigos Internacional Brasil 32 8 26 3 4 0 62 11 Total Percentual 40 29 4 73 54,80% 39,73% 5,47% 100% Tabela 4 – Quantidade de trabalhos publicados nas áreas de manufatura e serviço No Brasil, nota-se que as organizações manufatureiras empenham maiores esforços na introdução da metodologia Seis Sigma, uma vez que foram elaboradas oito pesquisas nesta área de aplicação, perfazendo 72,72% em relação a todos os artigos produzidos nacionalmente, e anotando 166,66% a mais que na área de serviços. Observando a produção de trabalhos internacionais, pode-se constatar um equilíbrio maior na quantidade de estudos realizados nas áreas de manufatura e serviços. Mesmo assim, o setor de manufatura mostra-se superior, pois esta representa 51,61% das pesquisas realizadas internacionalmente, enquanto que a área de serviço concebe 41,93% da mesma população. ENEGEP 2005 ABEPRO 1227 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 3.4.2. Portes das empresas Na Tabela 5 estão listadas as quantidades de pesquisas internacionais e nacionais de acordo com o porte das organizações, ou seja se elas se enquadram em pequenas/médias ou grandes empresas. Para determinar os critérios de elegibilidade em relação aos portes, utilizaram-se os seguintes critérios: número de funcionários (pequenas/médias entre 10 a 499 funcionários, grandes acima de 500 funcionários) e renda bruta anual (pequenas/médias entre 1,2 a 60 milhões de reais, grandes acima de 60 milhões de reais). Estes valores foram obtidos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É importante destacar ao observar a tabela, que não foi possível verificar o porte das entidades em 27,40% dos casos, visto que os autores não fizeram referência aos critérios analisados, assim como não realizaram nenhum tipo de indicação. Diante dos dados devidamente compilados, verifica-se, em termos gerais, que as grandes corporações demonstram uma quantidade maior de aplicações da metodologia Seis Sigma em relação às pequenas e médias empresas, representando 65,75% dos estudos, ou seja 859,59% a mais de publicações. Porte da Empresa Grande Pequena e Média Não Identificado Total Número de Artigos Internacional Brasil 39 9 4 1 19 1 62 11 Total Percentual 48 5 20 73 65,75% 6,85% 27,40% 100% Tabela 5 – Número de artigos publicados referente ao tamanho das empresas De acordo com a base de dados pesquisada no Brasil, nota-se também o grande interesse por parte das empresas e dos pesquisadores para realizar as investigações nas grandes organizações, totalizando nove artigos dos onze produzidos no Brasil, preenchendo 81,81% dos trabalhos realizados. Apenas um trabalho entre um total de onze aplicados a organizações nacionais referem-se às pequenas e médias empresas, apresentando forte lacuna de estudos relativos à implementação da metodologia Seis Sigma neste segmento de mercado. As pesquisas internacionais demonstram da mesma forma aplicações do programa de qualidade Seis Sigma em grandes corporações, representando 62,90% dos estudos realizados internacionalmente, e apresentando uma superioridade de 875% em relação às publicações de trabalhos em pequenas e médias empresas. 3.4.3. Setor de aplicação A Tabela 6 apresenta a quantidade de trabalhos realizados internacionalmente e no Brasil, indicando em quais setores de aplicação (governamental ou não-governamental) a metodologia Seis Sigma surge com maior presença. Observando estes dados estruturados, nota-se o enorme interesse por parte das entidades privadas e dos investigadores em examinar o programa Seis Sigma, contabilizando 84,94% dos artigos totais publicados, superando em 786,63% os estudos realizados em organizações governamentais. Setor de Aplicação Governamental Não-Governamental Não Identificado Total Número de Artigos Internacional Brasil 7 0 51 11 4 0 62 11 Total Percentual 7 62 4 73 9,58% 84,94% 5,48% 100% Tabela 6 – Quantidade de setores organizacionais com aplicação da abordagem seis sigma ENEGEP 2005 ABEPRO 1228 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Os trabalhos realizados no Brasil indicam total vinculação às entidades não-governamentais, totalizando 100% dos estudos, ou seja onze artigos publicados. Essa falta de estudos nas organizações governamentais mostra-se como grande proponente para realização de programas de melhoria Seis Sigma. Apontando para mesma direção, os artigos internacionais demonstram também grande interesse de pesquisa no setor não-governamental, perfazendo 82,26% dos estudos realizados, enquanto que o outro grupo em análise apenas contribui com 11,29% de trabalhos, ou seja, com apenas sete divulgações. 4. Conclusões e considerações finais A partir da análise realizada das publicações internacionais e aquelas produzidas no Brasil referentes ao tema Seis Sigma, tomando por base respeitadas fontes de publicação, pode-se concluir que existe forte interesse no tema em estudo, visto que as publicações tanto no Brasil quanto no exterior crescem de maneira substancial, apresentando, em relação ao todo incrementos de 240% entre o período de 2002 a 2004. Considerando os dados relativos aos países onde os temas foram desenvolvidos, pode-se destacar a contribuição do continente americano, com um total de 67,63% de todos os estudos pesquisados, com uma predominância dos Estados Unidos, que sozinho publicou 94 artigos, perfazendo 54,34% dos trabalhos divulgados. Este resultado não é surpreendente visto que a metodologia foi desenvolvida neste país. Vale ressaltar a atuação do Brasil, que mesmo tendo um número reduzido de publicações em relação aos EUA tem se destacado em relação aos demais países. Segundo a base de dados pesquisada a contribuição brasileira corresponde a 13,29% do total de estudos analisados. Os países que menos colaboraram estão localizados no continente asiático, que contribuíram com apenas 7,95% do total. Com relação à temática pesquisada nos 173 artigos analisados, verificou-se no campo internacional uma fortíssima concentração de artigos referentes ao tópico “Seis Sigma Definições”, ilustrando uma grande preocupação dos pesquisadores em esclarecer os principais conceitos, pressupostos, ferramentas e metodologias da abordagem Seis Sigma. No Brasil, o tema que aparece com maior freqüência, denotando interesse relevante por parte dos investigadores nacionais, classifica-se como “Qualidade”, sendo este assunto caracterizado pela fusão do programa Seis Sigma com outras abordagens para melhoria contínua da qualidade. Tanto no Brasil quanto internacionalmente, outro tema que se manifesta relevante é a “Estatística”, uma vez que é o segundo assunto mais explorado pelos pesquisadores. Os conteúdos estudados mais presentes referentes ao campo “Estatística” são: planejamento de experimentos, controle estatístico da qualidade e capacidade de processos. Quanto às áreas de aplicações (manufatura ou serviço), verificou-se uma concentração considerável das entidades manufatureiras com um total de 54,80% das pesquisas examinadas. No Brasil, assim como internacionalmente, a manufatura também se apresentou superior, indicando que as indústrias estão sendo alvo de investigações acerca do tema Seis Sigma para o aperfeiçoamento dos processos organizacionais. As empresas de serviço, apesar de não serem as mais pesquisadas, constituem um campo de aplicação fértil, por proporcionarem maior margem de melhoria devido à falta de experiência e aplicações no setor, diferentemente do que ocorre nas atividades de produção que possuem longa história de abordagens para a qualidade. Diante dos dados analisados, notou-se tanto no exterior quanto no Brasil alta concentração de investigações realizadas em grandes organizações, enquanto que as pequenas e médias empresas correspondem a apenas 6,85% dos trabalhos considerados nesta pesquisa. Em ENEGEP 2005 ABEPRO 1229 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 perspectiva dessa constatação, infere-se que ainda não existem dados e informações suficientes para desenvolver métodos de implementação da abordagem Seis Sigma em organizações de porte inferior, abrindo espaço para as universidades e empresas atuarem de maneira conjunta para preencherem esta importante lacuna. Por fim, constatou-se que as entidades privadas monopolizam as investigações para o aperfeiçoamentos dos processos organizacionais, tanto no exterior quanto no Brasil, sendo que este último não apresentou nenhuma pesquisa no setor governamental. Em vista disso emerge outra possibilidade de pesquisa para implementação do programa Seis Sigma, podendo esta ser realizada através de parcerias e convênios entre a comunidade acadêmica e o setor governamental. Referências GIL, A. C. (1999) - Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. Atlas. São Paulo. PANDE, P.S.; NEUMAN, R.P. & CAVANAGH, R.R. (2001) - Estratégia Seis Sigma – Como a GE, a Motorola e outras grandes empresas estão aguçando seu desempenho. Qualitymark. Rio de Janeiro. ANPAD – Disponível em: <http://www.anpad.org.br/busca> CAPES – Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br> Emerald – Disponível em: <http://www.emeraldinsight.com> ISI Web of Science – Disponível em: <http://isiknowledge.com> PEP/UFRN – Disponível em: <http://www.pep.ufrn.br/busca> SIMPEP – Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br> UMI Proquest – Disponível em: <http://proquest.umi.com> ENEGEP 2005 ABEPRO 1230